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Mecânica e Ondas fascículo 14

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Academic year: 2021

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Mecˆanica e Ondas

fasc´ıculo 14

Copyright c

° 2008 Mario J. Pinheiro

All rights reserved

April 14, 2011

Contents

15 Cinem´atica do corpo r´ıgido 321

15.1 Rota¸c˜ao em torno de um eixo fixo . . . 321

15.2 Movimento rotacional com acelera¸c˜ao angular constante . . . 325

15.3 Rela¸c˜ao entre a velocidade e acelera¸c˜ao angular e linear . . . 327

15.4 Energia cin´etica rotacional . . . 328 Mario J. Pinheiro

Departamento de F´ısica e Instituto de Plasma e Fus˜ao Nuclear Instituto Superior T´ecnico

(2)

“People say to me, ”Are you looking for the ultimate laws of physics?” No, I’m not... If it turns out there is a simple ultimate law which explains everything, so be it that would be very nice to discover. If it turns out it’s like an onion with millions of layers... then that’s the way it is”.

- Richard Feynman.

15

Cinem´

atica do corpo r´ıgido

Na vida real os objectos n˜ao s˜ao pontuais mas apresentam uma distribui¸c˜ao de massa, al´em de terem dimens˜oes e forma.

Como j´a vimos, no movimento dos objectos reais podemos distinguir: • o movimento de transla¸c˜ao do CM;

• o movimento rotacional em torno de um eixo, que frequentemente passa pelo CM, ou algum outro eixo fixo.

Neste cap´ıtulo discutiremos o movimento do corpo r´ıgido.

Corpo r´ıgido: Entende-se por corpo r´ıgido um objecto no qual as coordenadas relativas que ligam todas as part´ıculas constituintes permanecem constantes. Trata-se de uma idealiza¸c˜ao, como ´e evidente, mas que permite aceder aos as-pectos fenomenol´ogicos fundamentais do problema. Iremos tratar em geral ob-jectos familiares tais como: a roda volteando em torno do eixo principal; o eixo cilindrico; a m´o; o pˆendulo.

15.1

Rota¸c˜

ao em torno de um eixo fixo

Come¸caremos este estudo com o movimento de um corpo r´ıgido em torno de um eixo fixo num referencial de in´ercia.

Consideremos o movimento em torno do eixo Oz. O ponto de referˆencia P que se encontra fora do eixo (tal como o mostra a Fig. 1) representa o movimento rotacional do corpo e a sua posi¸c˜ao angular.

Dado um determinado ponto P sobre o s´olido, a sua velocidade angular ´e medido pelo ˆangulo φ varrido na unidade de tempo pelo vector posi¸c˜ao −→r e o eixo Ox. A velocidade angular ´e o n´umero de radianos descritos por segundo e representa-se pela letra Grega ω (lˆe-se omega).

A part´ıcula move-se num c´ırculo desde o eixo positivo Ox (φ = 0) at´e ao ponto P , ao longo do arco de comprimento

(3)

Figure 1: Rota¸c˜ao de um corpo r´ıgido em torno de um eixo fixo (eixo Oz). Recordamos aqui que faz-se a convers˜ao de ˆangulos de graus para radianos 1

atrav´es da regra

φ(rad) = π

180φ(graus). (15.2)

Convenc¸˜ao: Por conven¸c˜ao, φ ´e positivo quando roda no sentido anti-hor´ario e φ = 0 sobre o eixo positivo do Ox, e φ = 2π quando se d´a uma volta completa at´e ao eixo Ox de novo. φ n˜ao ´e um vector (a opera¸c˜ao de rota¸c˜ao n˜ao ´e comutativa), mas d−→φ = dφ−→k que representa uma rota¸c˜ao infinitesimal, ´e um vector.

O movimento rotacional de um corpo ´e descrito pela taxa de varia¸c˜ao de φ. Em geral, a posi¸c˜ao ´e uma fun¸c˜ao do tempo:

φ = φ(t). (15.3)

Suponha que a part´ıcula move-se de P para Q. A linha de referˆencia OP faz um ˆangulo φ1 no instante de tempo t1 e um ˆangulo φ2 no instante de tempo

t2. Define-se a velocidade m´edia angular do corpo, ω, no intervalo de tempo

∆t = t2− t1, pelo r´acio do deslocamento angular ∆φ = φ2− φ1por ∆t:

ω =φ2− φ1 t2− t1

= ∆φ

∆t, (15.4)

que se expressa em unidades de rad/s, ou s−1 (vd. Fig. 3).

1Um radiano ´e igual a 57.296o, e ´e o ˆangulo subtendido no centro de um arco de circun-ferˆencia cujo comprimento ´e igual ao raio. A circuncircun-ferˆencia de um c´ırculo de raio r ´e 2πr. A rapidez de rota¸c˜ao ´e medido com frequˆencia em revolu¸c˜oes por minuto.

(4)

Figure 2: Ponto de referˆencia P descrevendo um arco de circunferˆencia s = Rφ. Denotemos por−→k o vector unit´ario orientado ao longo do eixo de rota¸c˜ao (eixo Oz). −→ω orienta-se ao longo do eixo de rota¸c˜ao, aplicando-se a conven¸c˜ao da regra-da-m˜ao-direita.

Tal como fizemos para a velocidade angular, podemos aqui igualmente definir a velocidade angular instantˆanea, definida como o limite para que tende o r´acio ∆φ/∆t quando ∆t → 0: ω = lim ∆t→0 ∆φ ∆t = dt k (rad.s−1). (15.5)

Se a velocidade angular ω for constante, p˜oem-se:

ω = ωo. (15.6)

Recordamos que a taxa de rota¸c˜ao ´e dada em n´umero de rota¸c˜oes2por unidade

de tempo.

O tempo de uma revolu¸c˜ao, ou per´ıodo, define-se como T =2π

ωo(s), (15.7)

e a frequˆencia de revolu¸c˜ao define-se como ν = 1

T = ωo

2π(Hz). (15.8)

(5)

Figure 3: Uma part´ıcula num objecto r´ıgido move-se de P para Q ao longo de um arco de c´ırculo. No intervalo de tempo ∆t = t2− t1, o vector posi¸c˜ao varre

(6)

Quando a velocidade angular do corpo varia com o tempo, diz-se que ele possui uma acelera¸c˜ao angular. Se as velocidades angulares do corpo s˜ao ω1 e ω2 em

instantes sucessivos t1 e t2, a acelera¸c˜ao angular m´edia ´e:

α = ω2− ω1 t2− t1

= ∆ω

∆t. (15.9)

A acelera¸c˜ao instantˆanea define-se como o limite do r´acio quando ∆t → 0: α = lim ∆t→0 ∆ω ∆t = d−→ω dt (s −2). (15.10)

Visto que ω = dφ/dt, ´e v´alida a seguinte rela¸c˜ao:

α = d2−→φ

dt2 . (15.11)

Na rota¸c˜ao em torno de um eixo fixo cada part´ıcula do corpo r´ıgido possui a mesma velocidade angular e a mesma acelera¸c˜ao angular.

A dire¸c˜ao de −→α ´e ao longo do mesmo eixo que −→ω . Se o eixo de rota¸c˜ao varia ent˜ao −→α n˜ao coincide com −→ω .

Regra da m˜ao direita: A regra da m˜ao direita permite conhecer a orienta¸c˜ao de ambos os vectores. Quando os dedos da m˜ao direita enrolam-se ao longo da dire¸c˜ao de rota¸c˜ao, ent˜ao −→ω aponta ao longo do polegar (Vd. Fig. 4-(a)). A dire¸c˜ao de −→α est´a relacionada com d−→ω /dt:

d−→ω

dt > 0: −→α tem o mesmo sentido que −→ω .

d−→ω

dt < 0: −→α tem o sentido oposto a −→ω .

15.2

Movimento rotacional com acelera¸c˜

ao angular

con-stante

Vamos assumir que o movimento faz-se em torno de um eixo. Iremos ignorar por agora a nota¸c˜ao vectorial na medida em que nos basta os sinais das grandezas f´ısicas para determinarmos a direc¸c˜ao. As conclus˜oes que iremos alcan¸car s˜ao v´alidas mesmo se o eixo se encontra em movimento de transla¸c˜ao. Da acelera¸c˜ao angular: dt = α, (15.12) intgrando, obt´em-se: R dω =Rαdt, ω = αt + C. (15.13)

(7)
(8)

A constante de integra¸c˜ao C ´e determinada a partir das condi¸c˜oes iniciais, ω = ωo(t = 0) ⇒ C = ωo. Ou seja:

ω = ωo+ αt, (15.14)

ou ainda:

QuadroNegro 1

15.3

Rela¸c˜

ao entre a velocidade e acelera¸c˜

ao angular e

linear

Quando um corpo r´ıgido roda em torno de um eixo fixo, cada part´ıcula do corpo move-se num c´ırculo em torno do eixo de rota¸c˜ao.

(9)

Table 1: Compara¸c˜ao entre o movimento com acelera¸c˜ao linear constante e com acelera¸c˜ao angular constante.

movimento com acelera¸c˜ao linear constante movimento com acelera¸c˜ao angular constante

a = constante α = constante

v = vo+ at ω = ωo+ αt

x = xo+ vot +12at2 φ = φo+ ωot +12αt2

v2= v2

o+ 2a(x − xo) ω2= ωo2+ 2α(φ − φo)

Considere um ponto P em movimento circular. O vector velocidade linear ´e tangente ao c´ırculo. O m´odulo ´e ds/dt, onde s ´e a distˆancia percorrida ao longo do percurso circular: s = rφ v =ds dt = r dt v = rω (15.15) A rapidez da part´ıcula ´e directamente proporcional `a distˆancia do eixo de rota¸c˜ao; quanto mais distante do eixo maior ´e a sua velocidade.

Podemos relacionar a acelera¸c˜ao do ponto P com a acelera¸c˜ao angular do corpo r´ıgido em torno de um eixo fixo. Toma-se a derivada de v em ordem ao tempo:

at= ak= dv

dt = r

dt = rα. (15.16)

Esta ´e a componente tangencial (paralela) da acelera¸c˜ao linear de um ponto `a distˆancia r do eixo de rota¸c˜ao. Mede a taxa de varia¸c˜ao da rapidez da part´ıcula. Atendendo a que a part´ıcula move-se num c´ırculo, j´a vimos que ela deve ter uma componente centr´ıpeta (ou radial) da acelera¸c˜ao que resulta da sua mudan¸ca de direc¸c˜ao:

ar= a⊥=

v2

r = rω

2. (15.17)

A acelera¸c˜ao linear total da part´ıcula ´e −→a : a = −a t+ −→ar a =pa2 t+ a2r= r α2+ ω4(m/s2). (15.18)

15.4

Energia cin´

etica rotacional

Consideremos um corpo r´ıgido composto por uma colec¸c˜ao de N part´ıculas. A energia cin´etica do conjunto ´e a soma das energias cin´eticas individuais de cada uma das part´ıculas:

K = N X i=1 1 2miv 2 i. (15.19)

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Cada i-´esima part´ıcula descreve um movimento circular em torno do eixo de rota¸c˜ao Oz tendo como velocidade linear vi= riω. No total, temos:

K =PNi=11

2mir22,

K =1 22.

(15.20) onde I ´e dado por:

I =X

i

miri2. (15.21)

I define o momento de in´ercia do conjunto completo de part´ıculas em rela¸c˜ao a um dado eixo de rota¸c˜ao (ou eixo de simetria). No sistema SI a unidade f´ısica de I ´e o kg.m2.

A palavra momento ´e usada no sentido de “importˆancia” ou “consequˆencia”. Chamamos a aten¸c˜ao para o significado da palavra “momento” para que ela represente uma ideia e n˜ao t˜ao s´o uma mera quantidade f´ısica. Assim, quando se diz “o momento da for¸ca em torno de um eixo”, quer-se dizer qual ´e a im-portˆancia da for¸ca no que diz respeito `a capacidade dessa for¸ca em pˆor o corpo em rota¸c˜ao. O momento de in´ercia de um corpo em rela¸c˜ao a um eixo significa a importˆancia da in´ercia desse corpo quando se procura rod´a-lo em torno desse eixo.

Chamamos agora a aten¸c˜ao para os seguintes dois conceitos diferentes, por´em an´alogos:

ω, I resistˆencia-ao-movimento-rotacional

v, m resistˆencia-ao-movimento-linear (15.22) Exemplo 1: Um gira-discos roda `a velocidade de 33 rev/mn e leva 20 s para parar. a) Assumindo que a velocidade angular ´e uniforme, determine o seu valor? ωo= (33rev/min)(2πrad/rev)(1min/60s) = 3.46rad/s ω = ωoαt ω(t = 20s) = 0 ∴ α =ω−ωo t =0−3.4620 = −0.173rad/s2. (15.23) O sinal negativo significa que o disco est´a em desacelera¸c˜ao.

Repare no procedimento da convers˜ao em cadeia de modo a expressar a grandeza f´ısica na unidade que nos interessa. Na convers˜ao em cadeia multiplica-se a medida original por um factor de convers˜ao. Por exemplo, 1 min/60 s=1. Assim, se multiplicarmos a grandeza pela unidade n˜ao modificamos n˜ao modi-ficamos o valor da grandeza.

b) Quantas rota¸c˜oes s˜ao dadas at´e o disco ficar em repouso? ∆φ = φ − φo= ωot +12αt2 = 3.46(20) −1 2(0.173)202 = 34.6rad =34.6 = 5.51rev. (15.24)

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c) Determine a acelera¸c˜ao de um ponto `a distˆancia de r = 14 cm do centro no instante t = 0. at= rα = 14cm(0.173rad/s2) = 2.42cm/s2 ac= rωo2= 14cm(3.46rad/s)2= 168cm/s2 a =√2.422+ 1682= 168.0cm/s2. (15.25) Velocidade desse ponto no instante t = 0 ´e:

v = rωo= 14cm × 3.46rad/s

= 48.4cm/s. (15.26)

Exemplo 2: Calcule a energia cin´etica duma roda cil´ındrica de massa M que rola sem deslizar. Sabe-se que o momento de in´ercia do cilindro em rela¸c˜ao ao eixo que passa pelo CM ´e Iz= M R2/2.

QuadroNegro 2

Exemplo 3: Conjunto de quatro part´ıculas em rota¸c˜ao.

Considere 4 part´ıculas ligadas a uma estrutura muito leve e assente no plano OXY, tal como est´a ilustrado na Fig. 5.

a) Determine o momento de in´ercia em torno do eixo Oy e a sua energia cin´etica, supondo que a velocidade angular do conjunto ´e ω.

b) Determine o momento de in´ercia e a energia cin´etica de rota¸c˜ao em torno do eixo Oz, perpendicular ao plano XY.

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