• Nenhum resultado encontrado

PAUL SETÚBAL. BRONZE, COURO, OURO, SANGUE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PAUL SETÚBAL. BRONZE, COURO, OURO, SANGUE"

Copied!
27
0
0

Texto

(1)

PAUL SETÚBAL . BRONZE, COURO, OURO, SANGUE

02.03.2021 - 03.04.2021

(2)

Paul Setúbal: Bronze, Couro, Ouro, sangue

por Priscyla Gomes

"(…) seremos sempre servos da malignidade destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor [...], quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, mulheres, crianças convertidos em pasto de nossa fúria. A mais terrível de nossas heranças é levar conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista. É ela que incandesce, ainda hoje, em tanta autoridade brasileira" — Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro[1]

A imagem do sertanejo, com sua cultura e tradição, há muito é difundida pelos mais

diversos gêneros discursivos. Com costumes e especificidades distintos em cada região

do país, a vida do pastoreio, suas vestimentas, conferiram a essa figura alguns traços

tão marcantes quanto a sina de ver-se associados a uma massa de trabalhadores

exilados da própria terra e de sua subsistência. Isolados ou fora do alcance do poder do

Estado, muitas vezes vítimas de seu aparato policial, o sertanejo foi repetidamente

narrado como um andarilho ansiando por transformação, oportunidade e justiça. A

gênese do sertanejo confunde-se assim com a formação histórica da sociedade

brasileira, marcada, entre outros aspectos, por conflitos violentos vinculados à posse da

terra e à expansão e integração do território nacional.

A cultura da criação do gado, intrinsecamente vinculada à figura do sertanejo, nasceu

de um avanço gradativo das pastagens no interior do continente. A bovinocultura, que

originalmente funcionava como provedora de carne e couro aos canaviais, foi se

afastando dos engenhos e encontrou a vastidão dos pastos naturais no interior do

Brasil. O Centro-Oeste foi um de seus destinos. Majoritariamente formada pela

migração, a região teve na miscigenação com os indígenas locais a síntese de seu

sertanejo. O artista goiano Paul Setúbal, em “Bronze, Couro, Ouro, sangue”, remonta a

essa síntese marcada pela violência e pela dominação como um traço mordaz da

sociedade brasileira.

A enumeração que dá corpo ao título não é nada fortuita. Há na escolha explícita desses

materiais as pistas não só de processos elaborados de fundição, modelagem, desenho,

costura e confecção das peças, mas também de índices da formação histórica de uma

região que mescla curtas promessas de um desenvolvimentismo a um abandono

continuado de uma expressiva camada de sua população. Setúbal, por intermédio da

história da violência que acomete o sertanejo e traços de sua cultura, remonta parte de

uma contra-história do progresso do Centro-Oeste brasileiro. Recorrentemente lido

como um território de passagem, seu presente ainda pouco reflete as ambições de

crescimento e interiorização expressas na construção de Brasília e diluídas pela

pecuária extensiva e o modelo latifundiário de produção de commodities.

[1]RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

Paul Setúbal: Bronze, Leather, Gold, blood

by Priscyla Gomes

"(…) We will always be slave to the distilled malignity installed within us, both by

the feeling of pain […], as well as by the exercise of the brutality on men, women and children converted into the fodder of our fury. The most terrible of our heritages is to bear the scar of the torturer printed on our soul and ready to explode in racist and classist brutality. It is what glows incandescent, even today, in so much Brazilian authority”

— Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro[1]

The image of the backcountry dwellers, with their culture and tradition, is very

widespread in Brazilian literature, film and other expressive genres. Isolated from or

outside the scope of governmental power, and often a victim of its police system,

the country person has repeatedly entered narrations as a wanderer anxious for

transformation, opportunity and justice. The genesis of the country person is thus

blended with the historical formation of Brazilian society, marked, among other

aspects, by violent conflicts linked to the possession of the land and to the

expansion and integration of the national territory.

The cattle-raising culture, intrinsically linked to the figure of the country person, was

born from a gradual advance of the grazing lands toward the continent’s interior.

The Center-West became one of its homes. Recurrently read as a territory of

passage and marked by migration, its current population resulted from the

miscegenation of these migrants with the local indigenous people, giving rise to the

typical country person of those parts. In the exhibition Bronze, Couro, Ouro, sangue

[Bronze, Leather, Gold, blood], artist Paul Setúbal, from that region’s state of Goiás,

refers to this synthesis marked by violence and by domination as a mordant feature

of Brazilian society.

The list that composes the title did not arise by chance. There is an explicit choice of

these materials as clues not only of the elaborate processes of the casting,

modeling, design, sewing and making of the pieces, but also as signs of the

historical formation of a region that blends scant promises of a developmentalism

with a continued abandonment of a large segment of its population.

Setúbal denounces the regional contradictions in Conto da Roça [Farm Tale]

[2020], discussing an invasion of lands in Goiás after their illegal expropriation. The

video evidences the dispute between the common people striving to possess land,

involving weapons and a constant apology for bravery, for honor and for the idea

that the death of another person can be a way of assuaging a history of social

injustices.

(3)

Setúbal denuncia as contradições regionais em o Conto da Roça (2020), discutindo

uma invasão de terras no interior de Goiás após sua desapropriação ilegal. O

episódio é narrado por um pistoleiro que, auxiliado por um grupo armado, planejou

expulsar trabalhadores que viviam pacificamente no local, mas foi surpreendido por

uma tocaia que terminou em perseguição e troca de tiros. O vídeo evidencia a

disputa entre camadas populares pela posse de terras, com planos sucessivos de

armas e uma constante apologia à bravura, à honra e à ideia de que a morte do

outro possa ser uma forma de atenuar um histórico de injustiças sociais. Trata-se da

imagem do sertanejo que encontrou no banditismo uma resposta: a virilidade

amparada pela arma e a defesa da propriedade adquirida por meios ilegais como

um falso restabelecimento da ordem.

Há nesse quadro da psique do sertanejo, que encontrou no banditismo uma

saída, uma ilogicidade inerente, certa inversão de valores, que não se resume às

ideias de brutalidade e selvageria consagradas na literatura e cinema

nacionais. A arma empunhada como um trunfo permeia muito da noção de força

física e masculinidade atrelada ao sertanejo. Esse senso de honra e bravura será a

justificativa recorrente que lavará de sangue àquele que se contrapor. Em

Sinapses [2015 - 2020], Setúbal mescla, numa alegoria do pensamento,

referências usualmente encontradas em manuais de armas de fogo, relógios e

traquitanas, como se fosse possível extrair da representação isométrica, a lógica

dos aparelhos ideológicos e repressivos. A referência clara aos consagrados

estudos davincianos do Renascimento parece nos furtar brevemente da natureza

dos materiais e do gotejamento inconfundível das marcas que pontuam toda a

tela. Setúbal nos faz, momentaneamente, ver beleza nessa ideologia do

extermínio.

Nos

prega

essa

peça,

para

logo

desconstruí-la.

Em um ensaio dedicado à gênese dos jagunços na literatura, o sociólogo e

crítico Antonio Candido afirma que o “valentão armado atuando isoladamente

ou em bando é um fenômeno geral em todas as áreas onde a pressão da lei

não se faz sentir, e onde a ordem privada desempenha funções que, em princípio,

caberiam ao poder público”[2]. Essa justiça feita com as próprias mãos é parte

fundamental dos questionamentos expressos nos diversos trabalhos em que

Setúbal articula aparatos policiais a marcas indeléveis da força impressa no

bronze fundido. As faces da violência sistêmica e, muitas vezes

institucionalizada, são exploradas pelo artista numa égide de signos apropriados

pelas mais diferentes corporações, das milícias à cavalaria imperial. A grande peleja

[2019] é uma síntese de temporalidades distintas na formação da força militar no

país.

[2] CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 3a ed. São Paulo: Duas Cidades, 1995. p. 146

The weapon brandished as a trump card pervades much of the notion of physical

power and masculinity linked to the country person. This sense of honor and

bravery became the recurrent justification for washing the opposer in blood. In

Sinapses [2015– 2020], Setúbal mixes, in an allegory of thought, references

usually found in instruction manuals of firearms, clocks and apparatuses, as

though it were possible to extract from these manuals an isometric

representation of the logic of ideological and repressive apparatuses. The clear

reference to the renowned studies by Da Vinci during the Renaissance seems to

bring us briefly away from the nature of the materials and the clear dripping of

the marks that pepper the entire canvas. Setúbal gives us a momentary glimpse

of the beauty of this ideology of extermination. He gives us this piece to quickly

deconstruct it.

The faces of the systemic and often institutionalized violence are explored by the

artist in a constellation of signs appropriated from a wide range of corporations,

spanning from militias to the imperial calvary. A grande peleja [The Great Fight]

[2019] is a synthesis of different temporalities in the formation of the country’s

military power. Setúbal makes a replica of the helmet of the Imperial Honor Guard

[1822], created by King Pedro I and later re-created to be responsible for the

safety of the president of the Republic. This piece substitutes the original dragon

by the figure of a St. George wielding his lance to annihilate the colonial beast

responsible for one of the founding violences, which continues to haunt our daily

life.

Moreover, the way in which Setúbal articulates elements from a wide range of

sources in order to construct his iconography of the country person is surprising

for its historical transversality. For the unaware, the series Pesares [Sorrows]

[2020] refers to the image of a squad that guards fake relics at the center of the

exhibition space. The leather garments, exquisitely cut by the artist based on

clothesmaker’s patterns, appear together with military caps, berets and some

items appropriated from carnival costumes. Setúbal transits between refined

culture and popular folklore, militarism and sexual articles, while including

Christian myths, excerpts from paintings by Johann Moritz Rugendas and popular

tales.

(4)

Setúbal realiza uma réplica do capacete da Imperial Guarda de Honra [1822], criada

por Dom Pedro I e recriada posteriormente com a alcunha de Dragões da

Independência [1946], ainda hoje responsáveis pela segurança do Presidente da

República. A peça substitui o dragão original pela figura de um São Jorge

aniquilando com sua lança a besta colonial responsável por uma das violências

fundadoras,

que

continua

a

assombrar

nossos

cotidianos.

Ademais, a maneira com que Setúbal articula elementos de proveniências mais

distintas na construção da sua iconografia sertaneja surpreende pela

transversalidade histórica. Ao desavisados, a série Pesares [2020] remete à imagem

de um pelotão que guarda falsas relíquias no centro da sala expositiva. Os

paramentos de couro de boi, primorosamente cortados pelo artista a partir de

moldes de alfaiataria, somam-se a boinas, quepes militares e a alguns itens

apropriados de fantasias de carnaval. Setúbal transita entre a alta cultura e o folclore

popular, o militarismo e artigos sexuais, com passagem por mitos cristãos, excertos

de pinturas de Johann Moritz Rugendas e contos populares.

Para quem adentra à sala, esses corpos que testam os limites da gravidade e dos

materiais, com um misto de insustentável leveza, parecem aguardar o instante do

aboio, o canto dolente do berrante que promove o lento deslocamento da boiada. A

configuração dos corpos e, mais ainda, a ausência deles é uma clara metáfora de

uma andança histórica que parece estar dubiamente em trânsito, mas inerte. Uma

inércia que ainda no presente admite a violência e o extermínio como forças

estruturantes na formação de uma sociedade e que se enraizaram com equívoca e

incontestável naturalidade.

For anyone who enters the room, these bodies that test the limits of gravity and

materials, with a mix of unsustainable lightness seem to be waiting for the song of

the cattle herders, the sad strains that prod the animals along their way. The

configuration of the bodies and, moreover, their absence, is a clear metaphor of a

historical journey that seems to be doubtfully in transit, but inactive. An inaction

that yet today admits violence and extermination as structuring forces in the

formation of a society – forces which have taken root with mistaken and

incontestable naturality.

(5)
(6)

"É um comentário sobre a independência do Brasil, uma réplica do capacete imperial do exército no qual o dragão era o símbolo de poder. O capacete aparece na pintura “Independência ou morte”, de Pedro Américo, e réplicas do capacete são usadas ainda hoje pela cavalaria do exército que faz a segurança presidencial nos palácios de Brasília. A escultura substitui o dragão original pela figura de São Jorge aniquilando o dragão, a besta de herança colonial, responsável por massacrar o povo. O dragão como símbolo do poder nos apresenta uma dualidade: o símbolo mitológico cuja força deveria proteger a nação é também a besta que massacra o povo. Próximo das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, o trabalho questiona o papel do Estado que seria de proteger a população, mas também é quem, às vezes, a destrói. O trabalho é também uma ironia: o santo guerreiro, padroeiro justamente da cavalaria, deus da guerra e protetor do povo, dessa vez, destrói o símbolo do poder e da cavalaria. O capacete se apresenta com buracos de perfuração, como se tivesse sido atingido pela lança do santo guerreiro. Na escultura, é possível notar que o próprio santo usa a réplica do capacete, como se fosse possível replicar ao infinito o impasse entre proteção e aniquilação."

[It is a commentary on Brazil's independence, a replica of the imperial army helmet in which the dragon was the symbol of power. The helmet appears in the painting “Independence ou death”, by Pedro Américo, and replicas of the helmet are still used today by the army cavalry that provides presidential security in the palaces of Brasília. The sculpture replaces the original dragon with the figure of São Jorge annihilating the dragon, the beast of colonial heritage, responsible for massacring the people. The dragon as a symbol of power presents us with a duality: the mythological symbol whose strength should protect the nation is also the beast that slaughters the people. Close to the celebrations of the bicentenary of Brazil's independence, the work questions the role of the State that would protect the population, but it is also the one who sometimes destroys it. Work is also an irony: the holy warrior, the patron saint of chivalry, the god of war and the protector of the people, this time destroys the symbol of power and chivalry. The helmet has piercing holes, as if it had been hit by the spear of the holy warrior. In the sculpture, it is possible to notice that the saint himself uses the replica of the helmet, as if it were possible to replicate to infinity the impasse between protection and annihilation.]

(7)

Sinapses [Synapsis], 2015 - 2020 . sangue do artista, folha de ouro e terra vermelha sobre tela [artist blood, gold leaf and red sand on canvas] . ed: única [unique] . 150 x 600 cm [3 telas de 150 x 200 cm cada [3

(8)

"A pintura funciona como uma ampliação dos processos de conexão cerebral - as sinapses - ou como um grande manual que busca lidar com a formação do pensamento, na qual habitam constelações de fragmentos de imagens retiradas de manuais de armas de fogo, mecanismos movidos por engrenagens, imagens da história da arte e medicina, uma alusão ao pensamento formado por múltiplas conexões. A referência clara aos consagrados estudos davincianos do Renascimento, com seus esquemas e páginas amareladas pelo tempo, sugere uma espécie de construção da subjetividade onde habitam muito das relações autoritárias da contemporaneidade".

["The painting works as an extension of the processes of brain connection - the synapses - or as a great manual that tries to deal with the formation of thought, in which inhabit constellations of fragments of images taken from firearms manuals, mechanisms driven by gears, images of the history of art and medicine, an allusion to the thought formed by multiple connections. The clear reference to the consecrated davincian studies of the Renaissance, with its diagrams and pages yellowed by time, suggests a kind of construction of subjectivity where much of the authoritarian relations of contemporary times inhabit".]

Sinapses [Synapsis], 2015 - 2020 . sangue do artista, folha de ouro e terra vermelha sobre tela [artist blood, gold leaf and red sand on canvas] . ed: única [unique] . 150 x 600 cm [3 telas de 150 x 200 cm cada [3

(9)

O grande dragão I, 2020

bronze e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 14 x 40 x 26 cm

O grande dragão II, 2020

bronze e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 15 x 40 x 23 cm "Sobre uma plataforma de aço, o artista apresenta esculturas dilaceradas a partir da cópia em bronze de paramentos de autodefesa e militares: colete, coturnos, coldre de arma de fogo e luvas táticas. Os paramentos, por sua vez, encontram-se rasgados e amassados como se tivessem sido atravessados pela lança dourada que atravessa uma das peças. Das esculturas, brotam cópias em bronze de dentes de cavalo, criando a partir dos rasgos uma espécie de boca ou cavidade, como se o mitológico dragão fosse parte das esculturas. As peças se encontram perfuradas por dentes de ouro (cópia de dentes humanos), como se a gananciosa busca pelo ouro, geradora de tantos conflitos territoriais, agora atacassem as esculturas como se fossem projéteis de armas de fogo".

["On a steel platform, the artist presents lacerated sculptures from the bronze copy of self-defense and military vestments: vest, boots, firearm holster and tactical gloves. The vestments, in turn, are torn and crushed as if they had been crossed by the golden spear that crosses one of the pieces. Bronze sculptures of horse teeth sprout from the sculptures, creating a kind of mouth or cavity from the tears, as if the mythological dragon were part of the sculptures. The pieces are perforated by gold teeth (copy of human teeth), as if the greedy search for gold, generating so many territorial conflicts, now attacked the sculptures as if they were projectiles of firearms".]

(10)

O grande dragão IV, 2020

bronze e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 10 x 23 x 17 cm

O grande dragão VI, 2020 bronze

e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 11 x 20 x 15 cm

(11)

O grande dragão III, 2020

bronze e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 10 x 23 x 17 cm

(12)

O grande dragão V, 2020 bronze e ouro

[bronze and gold] ed: única [unique] 25 x 50 x 45 cm

(13)

Pesares I [Sorrows I], 2020

couro, bronze e pirita [leather, bronze and pyrite] ed: única [unique] . 193 x 82 x 29 cm "As esculturas são construídas a partir de moldes e modelos de objetos de dominação, coerção, alfaiataria e referências históricas. O título Pesares é uma referência ao peso e consequência das experiências que vamos acumulando ao longo da vida. As formas recortadas em couro bovino, vão recriando referências da nossa formação como país e povo, a partir de moldes de costura que trazem à memória a cultura interiorana ou os alforjes e coldres usados para carregar armas de fogo, como uma história incessante de dominação que paira na sociedade. Os paramentos de couro de boi, primorosamente cortados a partir de moldes de alfaiataria, somam-se a boinas, quepes militares e a alguns itens apropriados de fantasias de carnaval. O trabalho transita entre a alta cultura e o folclore popular, o militarismo e artigos sexuais, com passagem por mitos cristãos, história da arte e contos populares. As esculturas carregam uma forte relação humano-animal, no mesmo sentido em que replicamos em nós mesmos, a dominação que exercemos na natureza".

["The sculptures are built from molds and models of objects of domination, coercion, tailoring and historical references. The title Pesares is a reference to the weight and consequence of the experiences that we accumulate throughout life. The shapes cut out of bovine leather, recreating references of our formation as a country and people, from sewing patterns that bring to memory the interior culture or the saddlebags and holsters used to carry firearms, as an incessant history of domination that hangs in society. The ox leather vestments, exquisitely cut from tailoring patterns, are added to berets, military caps and some appropriate items of carnival costumes. The work moves between high culture and popular folklore, militarism and sexual articles, with passage through Christian myths, art history and folk tales. The sculptures carry a strong human-animal relationship, in the same sense that we replicate in ourselves, the domination we exercise in nature".]

(14)

Pesares IV [Sorrows IV], 2020 couro, bronze e pirita [leather, bronze and pyrite]

(15)

Pesares VII [Sorrows VII], 2020

couro e bronze [leather and bronze] ed: única [unique] . 135 x 84 x 22 cm

(16)

Pesares II [Sorrows II], 2020

couro e bronze [leather and bronze] ed: única [unique] . 211 x 81 x 48 cm

(17)

Pesares III [Sorrows III], 2020

couro e bronze [leather and bronze] ed: única [unique] . 208 x 63 x 36 cm

(18)

Pesares V [Sorrows V], 2020 couro, bronze e pirita [leather, bronze and pyrite]

(19)

Pesares VI [Sorrows VI], 2020 couro, bronze e pirita [leather, bronze and pyrite]

(20)

Duplo I, 2020 . bronze [bronze] . ed: única [unique] . 60 x 40 x 4 cm

"O artista recorta chapas de bronze usando silhuetas de alvo de tiro e moldes de alfaiataria, criando formas que se assemelham ao corpo humano. Essas formas apresentam fragmentos de objetos de dominação, de maneira a parecerem aprisionadas ao objeto ou terem ferido, rasgado ou amassado as chapas. Duplo faz alusão ao nosso reflexo, pois a silhueta do alvo onde se atira, é ao mesmo tempo o outro e eu".

["The artist cuts bronze plates using shooting target silhouettes and tailoring patterns, creating shapes that resemble the human body. These forms present fragments of objects of domination, in such a way as to appear imprisoned in the object or to have hurt, torn or crushed the plates. Duplo makes reference to our reflection, because the silhouette of the target where it is shot, is at the same time the other and me".]

(21)
(22)
(23)

Tropeiros I [Drovers I], 2019 . bronze [bronze] . ed: 2/3 . 31 x 46 cm + 30 x 42 cm + 34 x 46 cm

"Reconstrução em bronze de antigas chapas de selas usadas em mulas e cavalos que narram o cotidiano social no Brasil: a dificuldade da vida rural, a migração, nomes de antigas fazendas ou as figuras que ainda hoje habitam esse contexto como os muladeiros, boiadeiros, tropeiros ou o Jeca Tatu. No trabalho, o artista recria os modelos das chapas atualizando as narrativas a partir de experiências do interior do Brasil como o narcotráfico, a extração ilegal e destruição de recursos naturais".

["Bronze reconstruction of old saddle plates used on mules and horses that narrate the social daily life in Brazil: the difficulty of rural life, migration, names of old farms or the figures that still inhabit this context today, such as muladeiros, cowboys, tropeiros or Jeca Tatu. In the work, the artist recreates the plate models, updating the narratives based on experiences in the interior of Brazil, such as drug trafficking, illegal extraction and destruction of natural resources".]

(24)
(25)

Conto da Roça, 2020 . vídeo [vídeo] . 6'00 " . ed: 5 + PA

Clique na imagem para acessar o vídeo completo "Como se nos contasse uma história, o berimbau tocado por um mestre de capoeira apresenta uma narrativa sobre a luta e conflitos pelo domínio de terras no interior do país. A legenda do filme em formato de conto, história, evidencia uma mentalidade fundada pela violência, com planos sucessivos de armas e uma constante apologia à bravura, à honra e à ideia de que a morte do outro possa ser uma forma de atenuar um histórico de injustiças sociais".

["As if telling a story, the berimbau played by a capoeira master presents a narrative about the struggle and conflicts for land control in the interior of the country. The subtitles of the film in the form of a short story, history, show a mentality founded by violence, with successive plans of arms and a constant apology for bravery, honor and the idea that the death of the other may be a way of attenuating a history of social injustices".]

(26)

EDUCAÇÃO [EDUCATION] 2018

Doutor em [Doctor in] Arte e Cultura Visual [Visual Art and Culture], Universidade Federal de Goiás

2014

Mestre em [Master in] Arte e Cultura Visual [Visual Art and Culture], Universidade Federal de Goiás

2013

Licenciatura em [Bachelor in] Artes Visuais [Visual Arts], Universidade Federal de Goiás EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS

[SOLO EXHIBITIONS] 2021

Bronze, Couro, Ouro, sangue, Casa Triângulo, São Paulo, Brasil

2018

Corpo Fechado, C Galeria, Rio de Janeiro, Brasil 2016

Dano e Excesso, Andrea Rehder Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil

2015

Aviso de Incêndio, Elefante Centro Cultural, Brasília, Brasil

EXPOSIÇÕES COLETIVAS [GROUP EXHIBITIONS] 2020

No presente, a vida (é) política, Central Galeria, São Paulo, Brasil

2019

Triangular: Arte deste século, Casa Niemeyer, Brasília, Brasil Aparelho, Maus Hábitos, Porto, Portugal

36° Panorama da Arte Brasileira: Sertão, Museu de Arte Moderna, São Paulo, Brasil 29ª Edição do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil Imagética Hot, Galeria DMAE, Porto Alegre, Brasil

2018

Coletiva, Auroras, São Paulo, Brasil

Tensões Contidas, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, Brasil Brasília Contemporânea, Casa Niemeyer, Brasília, Brasil

A você mostrarei, Elefante Centro Cultural, Brasília, Brasil

Demonstração por Absurdo, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil

Antes da Queda, Andrea Rehder Arte Contemporânea, SP-Arte, São Paulo, Brasil Compensação por Excesso, SP-Arte - Setor Performance, São Paulo, Brasil Entre Acervos, Centro Cultural Rector Ricardo Rojas, Buenos Aires, Argentina Arte, democracia, utopia: Quem não luta tá morto!, Museu de Arte do Rio, Rio de

Janeiro, Brasil 2017

13° Verbo, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil Osso, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil Não Matarás, Museu Nacional, Brasília, Brasil

Negativo (Instauração), Sesc Belenzinho, São Paulo, Brasil

Quando as formas se tornam relatos, Casa da Cultura da América Latina, Brasília, Brasil Videografias Performativas, Dragão do Mar, Fortaleza, Brasil

As Bandeiras da Revolução, Museu do Homem do Nordeste, Recife, Brasil

2016

A Cor do Brasil, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil Diagrama #1, Galeria Elétrica, Belém do Pará, Brasil

Transborda Brasília, Caixa Cultural, Brasília, Brasil Ondeandaaonda, Museu Nacional, Brasília, Brasil

Behind the sun (Grupo EmpreZa), HOME, Londres, Inglaterra Não existo sem meu corpo, R3 Gabinete de Arte, Goiânia, Brasil Sobre o que agora se pode ver, R3 Gabinete de Arte, Goiânia, Brasil Novos Artistas, Andrea Rehder Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil I Salão Mestre D'Armas, Museu Histórico de Planaltina, Brasília, Brasil 1° Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea, Brasília, Brasil

Dark Mofo (Grupo EmpreZa), Museum of Old and New Art, Tasmânia, Austrália V Bienal Internacional de Performance, Nest Art Center, Bogotá, Colômbia Quero que você me aqueça neste inverno, Elefante Centro Cultural, Brasília, Brasil

2015

Ondeandaaonda, Museu Nacional, Brasília, Brasil

Terra Comunal: Marina Abramovic + MAI (Grupo EmpreZa), Sesc Pompéia, São

Paulo, Brasil

Triangulações, Centro Cultural UFG, Goiânia, Brasil

Triangulações, Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza, Brasil Triângulações, Museu de Arte Moderna, Salvador, Brasil

Anotações Singularidades (Grupo EmpreZa), Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil 2014

III Salão Xumucuis de Arte Digital, Casa das Onze Janelas, Belém do Pará, Brasil Grupo EmpreZa: Eu como você, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil ENTRECOPAS: Arte Brasileira 1950 - 2014, Museu Nacional, Brasília, Brasil

PAUL SETÚBAL

NASCEU EM [BORN IN] APARECIDA DE GOIÂNIA, BRASIL, 1987

(27)

Anotações Singularidades (Grupo EmpreZa), Itaú Cultural, São Paulo, Brasil 6x Simultânea, Museu de Arte Contemporânea, Goiânia, Brasil

2013

Novos Artistas, Galeria Coleção de Arte, Rio de Janeiro, Brasil Diálogo Desenho, Museu Universitário de Arte, Uberlândia, Brasil Acervo MAC, Museu de Arte Contemporânea, Jataí, Brasil SeuMuseu, Museu Nacional, Brasília, Brasil

32° Arte Pará, Museu do Estado, Belém do Pará, Brasil

19° Salão Unama de Pequenos Formatos, Universidade da Amazônia, Belém do Pará,

Brasil 2012

MAB Diálogos de Resistência, Museu Nacional, Brasília, Brasil 9° Salão de Artes, Sesc Amapá, Macapá, Brasil.

11° Salão Nacional de Arte, Mudeu de Arte Contemporânea, Jataí, Brasil 63° Salão de Abril, Galeria Antônio Bandeira, Fortaleza, Brasil

Novíssimos 2012, Galeria Ibeu, Rio de Janeiro, Brasil

2011

Caos e Efeito (Grupo Empreza), Itaú Cultural, São Paulo, Brasil

1° Bienal Internacional de Gravura de Santos, Pinacoteca Benedicto Calixto, Santos, Brasil 5° Salão de Artes de Ponta Grossa, Centro de Cultura, Galeria João Pilarski, Ponta

Grossa, Brasil

Fora do Eixo, Galeria Rubem Valentim, Espaço Cultural 508 Sul, Brasília, Brasil Eu e Outros Eus Possíveis, Galeria Ido Finotti, Uberlândia, Brasil

FAV Nova Inacabada, Galeria da FAV, Goiânia, Brasil

RESIDÊNCIAS [RESIDENCIES] 2020

Delfina Foundation, Londres, Reino Unido [London, UK] 2019

Despina, Rio de Janeiro, Brasil 2018

Pivô Arte Pesquisa, São Paulo, Brasil 2015

Elefante Centro Cultural, Brasília, Brasil 2012

1° Bienal Universitária de Arte, Belo Horizonte, Brasil 2011

Projeto Fora do Eixo vl.3, Salão/Residência, Brasília, Brasil

PRÊMIOS [AWARDS] 2019

Prêmio de Residência SP-Arte Delfina Foundation, Londres, Inglaterra 2018

Prêmio Foco, ArtRio, Rio de Janeiro, Brasil 2017

45° Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, prêmio aquisição, São Paulo, Brasil 2015 Prêmio Marcantônio Vilaça de Artes Plásticas (Grupo EmpreZa)

2014

20° Salão Anapolino de Arte, prêmio aquisição, Anápolis, Brasil 33° Arte Pará, prêmio aquisição, Belém do Pará, Brasil

2012

I Prêmio Jovem Arte-matogrossense (Grupo EmpreZa), prêmio aquisição, Cuiabá, Brasil 31° Arte Pará (Grupo EmpreZa), grande prêmio, Belém do Pará, Brasil

2011

20° Concurso SESI Arte, prêmio aquisição, Goiânia, Brasil

10° Salão Nacional de Arte de Jataí, prêmio aquisição, Goiânia, Brasil 7° Salão de Artes Visuais de Suzano, prêmio aquisição, Suzano, Brasil 30° Arte Pará, prêmio aquisição, Belém do Pará, Brasil

2010

3° Salão de Artes Plásticas, menção honrosa, São José do Rio Preto, Brasil 2009

19° Concurso SESI Arte, prêmio aquisição, Goiânia, Brasil 2008

18° Concurso SESI Arte, prêmio aquisição, Goiânia, Brasil COLEÇŌES PÚBLICAS

[PUBLIC COLLETIONS]

Casa do Olhar Luiz Sacilotto, Santo André, Brasil Casarão das Artes de Suzano, Suzano, Brasil Centro Cultural UFG, Goiânia, Brasil

Fundação Romulo Maiorana, Belém do Pará, Brasil Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis, Brasil

Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil Museu de Arte de Brasília, Brasília, Brasil Museu de Arte Contemporânea, Goiânia, Brasil Museu de Arte Contemporânea de Jataí, Jataí, Brasil

Referências

Documentos relacionados

O poder do pessoal é claramente demonstrado em todos os três podcasts analisa- dos neste artigo. A abordagem da narrativa pessoal em áudio está se mostrando popular entre o

Condições de pagamento: O bem poderá adquirido à vista, em única parcela, através de depósito judicial ou por meio de parcelamento, nos termos do artigo 895 do NCPC,

Grupo responsável pela coordenação das coletas das amostras no estado de São Paulo número de amostras -13.  SINDUSTRIGO/SP – Nelson

1) DESTINAÇÃO/FINALIDADE DO IMÓVEL: RESIDENCIAL, IMÓVEL HABITADO, IDADE APARENTE 8 ANOS, ESTADO DE CONSERVAÇÃO REGULAR;2) NÃO FOI REALIZADA ANÁLISE QUANTO À LEGITIMIDADE

Fonologia/I Congresso Internacional de Fonética e Fonologia: (i) Algumas Observações sobre a Formação de Sintagmas Fonológicos em Português Brasileiro: um estudo com base em

A aprovação de todas as operações que envolvem Risco de Crédito e de Mercado, bem como os limites para todas as medidas de risco de cada unidade de negócio do Banco Espírito Santo

The study of trace elements in marine mammals is in its infancy in Brazil where few studies documented their concentrations in the tissues of cetaceans species with coastal

Com evidências cada vez mais claras de que os consumidores buscam produtos de valor, gerir a cadeia de suprimentos de forma eficaz, sustentável e transparente está rapidamente