Departamento de Pedagogia e Educação
Programa e Planeamento Didáctico
de
EDUCAÇÃO COMPARADA
Licenciatura em Ciências da Educação
I – INTRODUÇÃO
Foi no ano lectivo de 2007/2008 que a disciplina de Educação Comparada foi leccionada pela primeira vez na Universidade de Évora. Integrando o corpus das Ciências da Educação desde a configuração destas como campo disciplinar, naturalmente que ela integrou também a formação dos licenciados em Ciências da Educação na nossa Universidade desde a primeira hora.
O mais habitual no ensino universitário da Educação Comparada é que seja a disciplina enquanto tal, os problemas epistemológicos que levanta, os problemas gerais e especiais da comparabilidade, a constituírem o centro privilegiado da análise e do trabalho de estudantes e professores. Não é nosso entendimento que assim deva suceder. O objecto da disciplina não deve ser apenas nem prioritariamente a própria disciplina, os seus métodos e problemas específicos. Pelo contrário, o estudante de Ciências da Educação deve ter ocasião de se aproximar aqui da diversidade educativa mundial e,
por essa via, de conhecer os requisitos do trabalho comparativo, aperfeiçoando-se nas
metodologias de abordagem da realidade multímoda da educação nos vários contextos nacionais. Não devemos, pois, proceder como quem insiste exaustiva e caprichosamente em afinar um instrumento musical sem nunca executar nele uma única peça.
A componente “prática” da disciplina de Educação Comparada é, por isso, em nosso entender, tão essencial quanto a mais “teórica”. Nas aulas, como no trabalho individual fora delas, sempre cuidaremos de conciliar as duas dimensões. Essa dinâmica exigirá uma hábil gestão dos tempos de leccionação por parte do professor, mas tem também o seu correlato no facto de o trabalho de investigação pessoal acerca do “sistema da educação” num determinado país ser componente essencial do labor do
aluno. Consequentemente, é um elemento obrigatório no processo de avaliação dos conhecimentos e competências adquiridas, tanto no regime de Avaliação Contínua como no de Avaliação Final .
Chegados à terceira edição deste curso de Educação Comparada, esperamos que agora se eliminem fragilidades várias verificadas no passado e se consiga que esta disciplina continue a dar o seu contributo para a boa formação de especialistas em Educação que terão sempre a ganhar em compreendê-la não apenas no contexto nacional do país em que vivem mas numa perspectiva mundial alargada.
II – OBJECTIVOS
1. Circunscrever o âmbito científico da Educação Comparada. 2. Esclarecer os conceitos básicos da disciplina.
3. Conhecer a história da disciplina e os marcos e protagonistas fundamentais da sua evolução.
4. Identificar os principais problemas metodológicos e epistemológicos da “comparação” em geral e especificamente no domínio da educação.
5. Aprofundar o conhecimento das principais problemáticas educativas actuais a nível mundial.
6. Aprofundar o conhecimento do “sistema da educação” num país em concreto.
III – PROGRAMA
1. Âmbito científico da Educação Comparada no contexto das Ciências da Educação. 2. Conceitos básicos da disciplina: Educação Comparada ou Pedagogia Comparada? 3. História da disciplina e marcos e protagonistas fundamentais da sua evolução. 4. Problemas metodológicos da “comparação”.
5. Problemas específicos da comparação no domínio da educação. 6. Recursos para a investigação em Educação Comparada.
7. Instituições internacionais e nacionais no domínio educativo e dos estudos comparativos.
8. A avaliação e a comparação internacional da quantidade e da qualidade da educação.
IV – PLANEAMENTO DIDÁCTICO
RUBRICAS PROGRAMÁTICAS HORAS
Apresentação 3
Âmbito científico no contexto das Ciências da Educação. 2 Conceitos básicos da disciplina: Educação Comparada ou Pedagogia
Comparada?
2 História da disciplina e marcos e protagonistas fundamentais da sua
evolução. 4
Problemas metodológicos da “comparação”. 2 Problemas específicos da comparação no domínio da educação. 2 Recursos para a investigação em Educação Comparada. 4 Instituições internacionais e nacionais no domínio educativo e dos
estudos comparativos.
4 A avaliação e a comparação internacional da quantidade e da qualidade
da educação.
4 Problemáticas principais da educação actual a nível mundial. 2 APRESENTAÇÃO EDISCUSSÃO DE TRABALHOS INDIVIDUAIS 13
PROVA ESCRITA DE AVALIAÇÃO 3
TOTAL 45
V – AVALIAÇÃO
A. Regime de Avaliação Contínua
Regime de assiduidade – O Regulamento Escolar Interno prevê, no Regime de
Avaliação Contínua, um regime de assiduidade obrigatória de 75% das aulas. Espera-se que a assiduidade seja mais do que uma mera presença física e que, para isso, os alunos vão fazendo o seu trabalho pessoal em articulação com o trabalho realizado nas aulas.
Os materiais que forem considerados essenciais para a disciplina estarão referidos na Página Web do professor (www.casimiroamado.net) e alguns documentos serão distribuídos através de correio electrónico, designadamente o “Manual” que teve no ano anterior a sua primeira versão.
Componentes da Avaliação – A avaliação neste regime de Avaliação Contínua
tem duas componentes:
a) Componente teórica: 2 Provas escritas (1ª e 2ª prova de frequência - 1ªF e 2ªF), a realizar nas datas acordadas para o efeito entre professor e alunos.
b) Componente prática (CP), – centrada no trabalho individual de investigação acerca do “sistema da educação” de um país. A avaliação será realizada nas datas e nos moldes a acordar entre professor e alunos.
c) A fórmula de cálculo da nota final é a seguinte:
Classificação Final = 1ªF + 2ªF + 2CP
4
B. Regime de Avaliação Final
1- A avaliação neste regime de Avaliação Final tem duas componentes:
a) Componente teórica: 1 Prova escrita de exame (E) que pode ser realizada na época Normal e/ou na época de Recurso, nas datas acordadas para o efeito entre professor e alunos.
b) Componente prática (CP) – centrada no trabalho individual de investigação acerca do “sistema da educação” de um país. A avaliação será realizada nas datas e nos moldes a acordar entre professor e alunos.
c) A fórmula de cálculo da nota final no caso do aluno que se apresenta a Exame em qualquer das épocas (mesmo que para melhoria de nota) é a seguinte:
Classificação Final = E + CP 2
Observações: o aluno que obtém nota igual ou superior a 9,5 valores na
Componente Prática em Época Normal pode manter válida a classificação obtida para a época de Recurso onde apenas é obrigado a fazer a Prova escrita de Exame. Da mesma forma, se o aluno obtém na Época Normal nota final igual ou superior a 9,5 valores na(s) provas escritas realizadas em regime de Avaliação Contínua (média das notas das duas provas de frequência desde que em nenhuma delas a nota seja inferior a 7,5 valores) ou em regime de Avaliação Final (prova escrita de Exame) pode manter essa avaliação para a Época de Recurso e apenas realizar a Componente Prática.
VI – BIBLIOGRAFIA
A. Textos para trabalho nas aulas
1. Sadler, M. (1900). “How far can we learn anything of practical value from the study of foreign systems of education?” Address of 20 October. In J.H. Higginson (Ed.),
Selections from Michael Sadler (pp.48-51). Liverpool: Dejall & Meyorre.
2. JULIEN DE PARIS, Marc-Antoine, Esboço de uma obra sobre a Pedagogia
Comparada, Introdução e tradução de Joaquim Ferreira Gomes, Atlântida, Coimbra,
1967. (há uma outra edição mais recente: Lisboa, Instituto de Inovação Educacional, 1998)
3. CRAMER, John Francis, e BROWNE, George Stephenson, “Influencias que afectan el carácter y desarollo de los sistemas nacionales de educación”, in Educación
Contemporánea, Estudio comparativo de sistemas nacionales, UTEHA, Mexico, 1967,
pp. 3-22.
4. BEREDAY, George, Z. F., “A análise comparada em educação”, Perspectivas -
Revista Trimestral de Educação da Unesco, vol. VII, nº4, Livros Horizonte, Lisboa,
1976, pp. 474-490.
5. BEREDAY, George Z. F., Método comparado em educação, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1972, pp. 38-51.
6. BEREDAY, George Z. F., Método comparado em educação, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1972, pp. 51-59.
7. HOLMES, Brian, Comparative Education: Some Considerations of Method, George Allen & Unwin, London, 1981, pp. 89-110.
8. LOURENÇO FILHO, M. B., Educação Comparada, Edições Melhoramentos, S. Paulo, 1961, pp. 43-45.
9. RAIVOLA, Reijo, “Que es la comparación? Consideraciones metodológicas y filosóficas”, In ALTBACH, Philip G., KELLY, Gail (Comps.), Nuevos
enfoques en educación comparada, Mondadori España, Madrid, 1990, pp. 297-311
10. MONS, Nathalie, “L’évaluation quantitative internationale des systèmes éducatifs: apports, limites et renouvellement”
11.
UNESCO, Educação para todos: o compromisso de Dakar; Fórum Mundial de
Educação, Dakar, 26-28 Abril, 2000, CONSED, Ação Educativa, Fundação Ford, 2001
OECD, PISA 2006: Science Competencies for Tomorrow’s World, 2007, 2 vols
EDUCATION POLICY AND DATA CENTER, Window on the future: 2025.
B. Bibliografia Geral
ALTBACH, Philip G., KELLY, Gail (Comps.), Nuevos enfoques en educación
comparada, Mondadori España, Madrid, 1990
ARROTEIA, Jorge, Estudos em Educação Comparada: contributo para a elaboração
de uma tipologia dos sistemas educativos, Universidade de Aveiro, Aveiro, 1993.
BEREDAY, George Z. F., Método comparado em educação, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1972
CRAMER, John Francis, e BROWNE, George Stephenson, Educación
Contemporánea, Estudio comparativo de sistemas nacionales, UTEHA, Mexico, 1967
FERREIRA, António Gomes, “O sentido da Educação Comparada: Uma compreensão sobre a construção de uma identidade”, Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 124-138, Maio/Ago. 2008.
GARCÍA GARRIDO, J.L., Fundamentos de Educación Comparada, Dykinson, Madrid, 1991
GARCÍA GARRIDO, J.L., Sistemas educativos de hoy, Ediasa, Madrid, 2005 GROUX, Dominique, e Louis Porcher, L'éducation comparée, Nathan, Paris, 1997 HANS, Nicholas, Educação comparada, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1961 HOLMES, Brian, Comparative education: some considerations of method, George Allen
& Unwin, Boston, 1981
LOURENÇO FILHO, M. B., Educação comparada, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1961
MADEIRA, Ana Isabel C., “Estudos Comparados e História da Educação Colonial: Reflexões teóricas e metodológicas sobre a comparação no espaço da língua portuguesa”, Educação, Porto Alegre/RS, v. 31, n. 2, p. 103-123, Maio/Ago. 2008 MALLINSON, Vernon. An introduction to the study of comparative Education, Heinemann, London, 1975
NÓVOA, António, “Modèles d’analyse en Éducation Comparée: Le Champ et la Carte”, Les Sciences de l’Éducation pour l’ère nouvelle, n. 2/3, (1995), p. 9-61.
NÓVOA, António, Histoire & Comparaison (Essais sur l’Éducation), Educa, Lisboa, 1997
POSTLETHWAITE, T. NEVILLE e HUSEN, TORSTEN (Eds.), The International
encyclopedia of education : research and studies, Pergamon Press, Oxford, 1985
SCHRIEWER, Jürgen e PEDRÓ, Francesc, (eds.), Manual de Educación comparada, PPU, Barcelona, 1993
THOMAS, R. MURRAY (ed.), International Comparative Education, Practices, Issues
& Prospects, Pergamon Press, Oxford, 1993
VEXLIARD, Alexandre, Pedagogia Comparada: métodos e problemas, Companhia Editora Nacional; Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1970