• Nenhum resultado encontrado

Trabalho e comércio nos seringais amazônicos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Trabalho e comércio nos seringais amazônicos"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

T R A B A L H O E COMÉRCIO NOS SERINGAIS

AMAZÔNICOS*

M a u r o C H E R O B I M * *

RESUMO: O trabalho tece algumas considerações acerca das relações seringueiro-seringalista e do sistema de aviamento na estrutura econômica da Amazônia.

UNITERMOS: Amazonas, seringais; sistema de aviamento.

O S E R I N G A L O seringal c o m p õ e - s e , b a s i c a m e n t e , do barracão, l o c a l d e r e s i d ê n c i a d o s e r i n galista, d o a r m a z é m q u e a v i a , i s t o é , f o r -nece m e r c a d o r i a s a o s e r i n g u e i r o e d o de-p ó s i t o de b o r r a c h a , c a s t a n h a , etc. O barracão é o n ú c l e o s o c i a l e e c o n ô m i c o d o seringal. E m c o n t r a p o s i ç ã o a ele e s t á o centro, o n d e se c o n c e n t r a m as a t i v i d a d e s de e x t r a ç ã o g u m í f e r a , o u de c o l e t a de cas-tanha; o n d e e s t ã o os tapiri p a r a a m o r a d i a e o tapiri p a r a d e f u m a ç ã o , e as bocas, o u início, das estradas de seringa, u m a " p i -c a d a " ( -c a m i n h o ) q u e l i g a as seringueiras de onde se e x t r a i o l á t e x .

N ã o e x i s t e m v í n c u l o s e m p r e g a t í c i o s entre seringueiros e seringalistas, d e s i g n a -dos freguês e patrão, r e s p e c t i v a m e n t e . O s v í n c u l o s s ã o , lato sensu, de l o c a t á r i o e l o -cador.

Q u a n d o se p r e t e n d e l o c a l i z a r o s e r i n galista q u a n t o à s suas a t i v i d a d e s e c o n ô m i cas, surge a d i s c u s s ã o se ele deve ser c l a s sificado c o m o p r o d u t o r o u c o m o c o m e r -ciante. Se de u m l a d o é o p r o p r i e t á r i o de uma empresa d e d i c a d a a o e x t r a t i v i s m o vegetal é, p o r o u t r o l a d o , u m d o s n e x o s do sistema de a v i a m e n t o , este essencial-mente c o m e r c i a l ; c o m o l o c a d o r , p o r t a n t o b e n e f i c i á r i o d a p r o d u ç ã o d o s e r i n g u e i r o , age c o m o i n t e r m e d i á r i o n a c o m e r c i a l i z a -ç ã o dos p r o d u t o s de e x t r a -ç ã o v e g e t a l . A o seu p a p e l de l o c a d o r d e v e r - s e - á acrescentar o de f i n a n c i a d o r das c o n d i ç õ e s de t r a -b a l h o d o s e r i n g u e i r o , p o i s este, q u a n d o assume u m a colocação, a s s u m e a e m c o n -d i ç õ e s p a r a a l i f i x a r - s e e t r a b a l h a r . O s e r i n g a l é u m a á r e a de a p r e c i á v e l e x t e n s ã o , p a r t e p r o p r i e d a d e e p a r t e posse de u m i n d i v í d u o , o u de u m a f a m í l i a , o u de u m a e m p r e s a . H á , e m seus q u a d r o s de trabalhadores, pessoas d e d i c a d a s à p r o c u r a de seringueiras e / o u c a s t a n h e i r a s , o u -tras o c u p a d a s c o m a a b e r t u r a das estradas de seringa, c o n s t r u ç ã o d o s tapiri, i s t o é, d a p r e p a r a ç ã o d a colocação p a r a a f i x a -ç ã o d o s e r i n g u e i r o .

O custo d o p r e p a r o d a colocação, as-sim c o m o o f o r n e c i m e n t o d o s u t e n s í l i o s p a r a a e x t r a ç ã o d o l á t e x e as m e r c a d o r i a s p a r a o seu sustento p o r u m d e t e r m i n a d o p e r í o d o , s ã o d e b i t a d o s n a conta corrente d o seringueiro, q u e i n i c i a suas a t i v i d a d e s c o m u m a p r e c i á v e l d é b i t o p a r a c o m o barracão. O s e r i n g u e i r o q u a n d o se refere e m " s a l d a r a d í v i d a " , o u " c o n s e g u i r s a l d o " em sua conta corrente, refere-se a u m a ex-* Este trabalho é resultado de uma experiência pessoal, baseada em observações, e os dados obtidos in loco durante o ano de 1973 e no primeiro trimestre de 1976. Envolve algumas considerações acerca de uma comunidade amazonense que se vê na contingência de enfrentar uma nova realidade social e econômica, com os seus recursos tradicionais.

** Departamento de Sociologia e Antropologia — Faculdade de Educação, Filosofia, Ciências Sociais e da Documentação - UNESP — 17.500 — Marília — SP.

(2)

pectativa que excede as suas c o n d i ç õ e s de r e a l i z a ç ã o . A d í v i d a s e m p r e teve, h i s t o r i camente, u m p a p e l i m p o r t a n t e nas r e l a ç õ e s patrãofreguês: n ã o h a v e n d o q u a l -quer c o m p r o m i s s o f o r m a l nestas r e l a ç õ e s , p a r a o freguês ( s e r i n g u e i r o ) a d í v i d a re-presenta a necessidade de s a l d á - l a ; p a r a o patrão (seringalista), o d i r e i t o de usar m é todos de p e r s u a s ã o p a r a m a n t e r o s e r i n -gueiro a seu s e r v i ç o . E n q u a n t o o patrão necessita de m ã o - d e - o b r a p a r a suas estradas de seringa, o freguês d e p e n d e dos aviamentos d o patrão p a r a a s u a s o b r e v i v ê n c i a . I d e a l m e n t e , esta r e l a ç ã o de d e p e n -d ê n c i a t e r i a l u g a r e n q u a n t o permanecesse esta s i t u a ç ã o ; n o e n t a n t o , a d í v i d a d á u m c a r á t e r de p e r e n i d a d e , u m a v e z q u e a p r o d u ç ã o d o s e r i n g u e i r o e s t á a q u é m das p o s -sibilidades de s a l d á - l a s . O d é b i t o cresce n u m a p r o p o r ç ã o m a i o r q u e a p r o d u ç ã o , pois o a v i a m e n t o de m e r c a d o r i a s é c o n t i -n u a d o e c o m p r e ç o s a v i l t a d o s . P a r a se ter u m a i d é i a de c o m o as m e r c a d o r i a s s ã o g r a v a d a s , r e p r o d u z i m o s u m a t a b e l a de 1943, a c e i t a pelas A s s o c i a -ç õ e s C o m e r c i a i s d o A m a z o n a s e d o P a r á e pela A s s o c i a ç ã o d o s S e r i n g a l i s t a s d o A m a z o n a s . E s t a t a b e l a , apesar de a n t i g a , a i n d a reflete a s i t u a ç ã o a t u a l . F o i e l a b o r a d a p a r a u m a p r o p o s t a de r e v i s ã o das c o n -d i ç õ e s -de p r o -d u ç ã o -de b o r r a c h a n a q u e l e a n o e a s u a r e l a ç ã o de g r a v a m e s e r a a p l i -c a d a nas z o n a s e n -c a -c h o e i r a d a s (5: v o l . 2 , p . 182-183). C u s t o i n i c i a l d a m e r c a d o r i a 100 P e q u e n a s a v a r i a s d a v i a g e m 8 P e r d a s m é d i a s de r e t a l h o 10 R i s c o s de e x p l o r a ç õ e s e m c o n t a s p e r d i d a s 10 Despesas de M a n a u s a o d e s t i n o 60 J u r o s de estoque m a n t i d o n o a n o 5 L u c r o de r e v e n d a _30 T o t a l 223 O A u t o r que n o s f o r n e c e esta i n f o r -m a ç ã o acrescenta q u e " s o b r e os p r e ç o s de fatura, a casa f i l i a l c o l o c a 2 0 % . O gerente, a r r e n d a t á r i o , patrão v u l g a r m e n t e c h a -m a d o , s o b r e p õ e u -m a -m a j o r a ç ã o de 6 0 % . E o aviado, que f o r n e c e a m e r c a d o r i a a o seringueiro, t e m u m a m a r g e m de m a i s 4 0 % . E m a l g u m s e r i n g a l existe a i n d a . . . u m a t a x a de expediente: 2 0 % " (5:183, nota 87). U m q u a d r o m a i s recente m o s t r a as d i f e r e n ç a s de p r e ç o s entre a p r a ç a de o r i -gem d a m e r c a d o r i a , p o s s i v e l m e n t e u m a das capitais d a A m a z ô n i a e o s e r i n g a l (3:158). *

Artigos unidade Variação de preço

entre a praça de origem e o seringal Açúcar kg 233% Arroz kg 50% Sal kg 300% Carne verde kg 33%

Leite condensado lta 173%

Charque kg 17% Farinha de man-dioca kg 63% Feijão kg 50% Manteiga kg 177% Pirarucu kg 20% Banha kg 43% Café em grão kg 127% A d í v i d a t o r n a e f e t i v a a d e p e n d ê n c i a do seringueiro a o s e r i n g a l i s t a . S e r i n g u e i r o s e n t r e v i s t a d o s i n f o r m a -r a m e as contas co-r-rentes e x a m i n a d a s c o m p r o v a r a m u m d e s c o n t o de u m a c o -m i s s ã o de 2 0 % a q u a l q u e r a d i a n t a -m e n t o em d i n h e i r o , h a j a o u n ã o s a l d o . H á u m d e s c o m p a s s o e n t r e r e m u n e r a ç ã o e p r o d u ç ã o d o s e r i n g u e i r o ; a r e m u n e -r a ç ã o e s t á c o n d i c i o n a d a a o p o t e n c i a l d a estrada e à p r o d u t i v i d a d e d o s e r i n g u e i r o . N o A c r e , p o r e x e m p l o , a p r o d u ç ã o m é d i a por safra v a r i a entre 400 e 800 q u i l o s p o r seringueiro (3:157). V a l v e r d e (11:44) c a l -cula que, se u m a s e r i n g u e i r a p r o d u z PXV m é d i a 3 q u i l o s de l á t e x a o a n o * * e se u m

* O Autor informa os preços das mercadorias em números absolutos na praça de origem e no seringal. Transformamos as diferenças de preços em números relativos.

•* Parece haver nesta i n f o r m a ç ã o um engano. A safra da borracha é de aproximadamente 6 meses. A nosso pedido, um téc-nico da A C A R - A m informou, num cálculo otimista, que uma seringueira nativa poderá alcançar uma produção média de 1,75 quilogramas durante a safra.

(3)

seringueiro c u i d a e m m é d i a 50 a 100 p é s na sua estrada, c o l h e r á p o r s a f r a entre 150 e 300 q u i l o s de b o r r a c h a p o r a n o . A l g u -mas estradas c h e g a m a ter a t é 2 0 0 á r v o r e s , a u m e n t a n d o , desta f o r m a , a p r o d u ç ã o anual (9:119). N o B a i x o A m a z o n a s as estradas t ê m c e r c a de 100 á r v o r e s .

C a d a colocação d i s p õ e , e m r e g r a , de no m í n i m o d u a s estradas e x p l o r a d a s e m dias alternados p a r a descansar as á r v o r e s . G a l v ã o (3:157), c o m base n a p r o d u ç ã o m é d i a de u m s e r i n g u e i r o , e a p r e ç o s d e 1952, r e a l i z o u os seguintes c á l c u l o s : se u m seringueiro d o A c r e p r o d u z i u 6 0 0 q u i l o s de b o r r a c h a e v e n d e u a seu patrão a C r $ 17,00 o q u i l o , teve u m g a n h o de C r f 10.200,00 n a s a f r a . D e s t e v a l o r teve desc o n t a d o o desc u s t o d a i n s t a l a ç ã o d a desc o l o desc a -ç ã o , que v a r i a v a entre C r $ 1.500,00 e C r $ 3.000,00, c h e g a n d o a l g u m a s vezes a C r $ 5.000,00, p o d e n d o a l c a n ç a r , a l g u m a s ve-zes, valores i g u a i s a C r $ 8 . 0 0 0 , 0 0 e C r $ 10.000,00. C o m o este c u s t o é p a g o p e l o seringueiro e s e n d o l h e a d i a n t a d o os a v i a -mentos n e c e s s á r i o s p a r a u m d e t e r m i n a d o p e r í o d o , s u a p r o d u ç ã o d i f i c i l m e n t e c o b r i r á estas despesas ( c o l o c a ç ã o + a v i a m e n -tos), p r o v o c a n d o u m a u m e n t o crescente à sua d í v i d a , s e m p r e a g r a v a d a c o m n o v o s a v i a m e n t o s .

O s centros d o s seringais t ê m os seus altos e os seus baixos, c o r r e s p o n d e n d o à s á r e a s que as á g u a s n ã o a l c a n ç a m e à s q u e ficam cobertas pelas á g u a s d u r a n t e a m e tade d o a n o , r e s p e c t i v a m e n t e . A s s e r i n -gueiras situam-se e m terras baixas, res-t r i n g i n d o a s a f r a d a e x res-t r a ç ã o d o l á res-t e x e m meio a n o . N a r e g i ã o d o M a d e i r a os s e r i n -gueiros t o r n a m - s e c a s t a n h e i r o s q u a n d o as á g u a s s o b e m ; as c a s t a n h e i r a s s ã o á r v o r e s

de terras altas. S e j a ele s e r i n g u e i r o o u cas-tanheiro, é freguês d e u m m e s m o patrão.

O a u m e n t o d e s u a p r o d u ç ã o ( b o r r a -c h a + -c a s t a n h a ) n ã o s i g n i f i -c a t r a n s f o r m á - l o e m saldista, i s t o é , c o m sal-do n a conta corrente. P o r p a r a d o x a l q u e possa parecer, a s u a d e p e n d ê n c i a a u m e n -ta. V e m o s a t é p e i x e c o m o m e r c a d o r i a aviada e m suas contas correntes. H á a a f i r m a ç ã o u n â n i m e q u e n a A m a z ô n i a n ã o existe u m a t r a d i ç ã o a g r í c o l a , o u , s e g u n d o S a m u e l B e n c h i m o l , " a g r i c u l t u r a n ã o r i m a bem c o m s e r i n g a " ( c i t a d o p o r 5:133). P o -d e r í a m o s a f i r m a r q u e o t e m p o e o r i o n ã o p e r m i t e m a f o r m a ç ã o d e r o ç a s d e subsis-t ê n c i a q u e os l i v r e d e consubsis-ta corrensubsis-te. Q u a n d o as á g u a s d e s c e m e suas v á r z e a s p o d e r i a m ser a p r o v e i t a d a s p a r a a g r i c u l t u ra, f é r t e i s p e l o h ú m u s d a s c h e i a s , o s e r i n -gueiro t e m o seu d i a t o t a l m e n t e o c u p a d o n o e x t r a t i v i s m o d o l á t e x : d a m a d r u g a d a a t é a metade d o d i a r e a l i z a d u a s v i a g e n s na estrada de seringa. A p r i m e i r a p a r a o corte de madeira e i n s t a l a ç ã o d a tigelinha e a segunda p a r a r e c o l h ê - l a c o m o l á t e x . A segunda m e t a d e d o d i a p a s s a a o l a d o d o b u i ã o * , d e f u m a n d o o l á t e x . O f a b r i c o term i n a q u a n d o as á g u a s s o b e term e o s s e r i n -gueiros t r a n s f o r m a m - s e e m c a s t a n h e i r o s . A s colocações f i c a m s e m p r e à s m a r -gens d o s r i o s , n a m a i o r i a d a s vezes e m afluentes, s e m p r e e m terras baixas. O s e r i n g u e i r o - c a s t a n h e i r o t e r á , e n t ã o , q u e se deslocar a u m a a p r e c i á v e l d i s t â n c i a , onde e s t ã o l o c a l i z a d o s os c a s t a n h a i s . A l i permanece a m a i o r p a r t e d a s a f r a a b r i n d o os ouriços ( i n v ó l u c r o d a c a s t a n h a ) ; a c a d a paneiro (cesto) c h e i o d e c a s t a n h a , transportao n a s costas a t é o igarapé p r ó -x i m o , o n d e d e i -x o u s u a c a n o a . Q u a n d o

* Buião é uma espécie de forno, de forma arredondada, fechado nos lados e aberto na parte superior. Empregando "cava-cos" de madeira resinosa, como babaçu (Orbygnia martiana), massaranduba (Mimosops Sp), uricuri (Cocos coronata), e outras, para provocar fumaça necessária e apropriada à coagulação, acende-se fogo no seu interior.

A coagulação do látex é possível pela ação do ácido carbônico na fumaça.

Para realizar a defumação, o seringueiro se utiliza de um pau, sobre o qual derrama o látex e vai girando vagarosamente na fumaça. Este pau fica suspenso sobre o buião.

Sempre girando o pau e derramando o látex, vai-se formando uma bola de borracha, ou pela, chegando a pesar entre 30 e 50 quilos (ou 500 e 100 libras).

O látex que derrama em volta do buião é enrolado em forma de plancha e é classificado como sernamby rama. O látex que derrama em volta da seringueira é preparado em forma de queijo e é classificado como sernamby virgem.

(4)

c o m p l e t a s u a c a r g a t r a n s p o r t a a c a s t a n h a a t é o b a r r a c ã o o u l o c a l p r e v i a m e n t e esta-belecimento p a r a e n c o n t r a r o motor (bar-co m o t o r i z a d o ) q u e r e c o l h e as c a s t a n h a s e a v i a m e r c a d o r i a s a o freguês.

O s e r i n g u e i r o q u e t r a t a m o s a t é a q u i é o que t r a b a l h a p a r a u m s e r i n g a l i s t a , e é c h a m a d o de seringueiro do toco. T o d a a sua p r o d u ç ã o é entregue a o patrão, t a m b é m o seu aviador, sem q u e h a j a c i r c u l a -ç ã o de d i n h e i r o . A i d é i a , a priori, seria d a desnecessidade de d i n h e i r o n o s centros. A r e s t r i ç ã o à c i r c u l a ç ã o de m o e d a s d e c o r r e d o t e m o r dos seringalistas de q u e os s e r i n -gueiros d e s v i e m a s u a p r o d u ç ã o a o u t r o s aviadores, c o m o t a m b é m d a e v e n t u a l p r e -s e n ç a de r e g a t õ e -s na-s p r o x i m i d a d e -s do-s centros, p r o v o c a n d o u m a r u p t u r a n o sis-tema de d e p e n d ê n c i a pelas d í v i d a s . O s re-gateiros s ã o a l v o de f é r r e a p e r s e g u i ç ã o dos seringalistas (ver a r e s p e i t o , 4:121-122 e 10:124-126). R e c e b e m o s i n f o r m a ç õ e s de u m a n t i g o f u n c i o n á r i o d a S e c r e t a r i a d a F a z e n d a d o A m a z o n a s q u e e m seringais d o S o l i m õ e s h a v i a a p r á t i c a de " d i n h e i r o de c i r c u l a ç ã o i n t e r n a " e u m a c o r d o " d e c a v a l h e i r o s " c o m os r e g a t õ e s : os m a s c a tes, antes de i n i c i a r suas v e n d a s , c o m p r a -v a m esta " m o e d a " p a r t i c u l a r p a r a u s o n a á r e a d o s e r i n g a l . O s s e r i n g u e i r o s t a m b é m p o s s u í a m estas " m o e d a s " . A t r a v é s deste m e c a n i s m o de e m i s s ã o de d i n h e i r o o se-r i n g a l i s t a c o n t se-r o l a v a o se-r e g a t e i se-r o e os fse-re- fre-gueses. U m o u t r o t i p o de s e r i n g u e i r o é o seringueiro por conta. É u m f r e g u ê s c u j o p a t r ã o é o q u e l h e f a z m e l h o r p r e ç o . A l i -teratura m a i s a n t i g a n ã o f a z r e f e r ê n c i a a este t i p o de s e r i n g u e i r o , s o m e n t e a m a i s recente. P r o v a v e l m e n t e seja r e s u l t a d o d o m a l o g r o d a e c o n o m i a e x t r a t i v i s t a d a b o r r a c h a e f a l ê n c i a de m u i t o s s e r i n g a i s . C o -m e r c i a l i z a sua b o r r a c h a o u c a s t a n h a c o -m base nas ú l t i m a s c o t a ç õ e s t r a z i d a s das p r a ç a s de M a n a u s e de B e l é m . A n t e s d o advento das c o m u n i c a ç õ e s e r a u m j o g o c o m a l g u m g r a u de r i s c o , p o r q u e as i n f o r m a ç õ e s sempre e r a m a n t i g a s . C o m o a d -vento d o r á d i o de p i l h a s e as f a c i l i d a d e s d a Z o n a F r a n c a de M a n a u s estes s e r i n gueiros e s t ã o sempre s i n t o n i z a d o s n a R á dio R i o m a r de M a n a u s n o h o r á r i o que i r -r a d i a as c o t a ç õ e s d a b o -r -r a c h a e d a casta-n h a . E n c o n t r a m o s estes s e r i n g u e i r o s " n o s lados d o I p i x u n a " , u m a f l u e n t e d o P u r u s , mas p r ó x i m o d o R i o M a d e i r a . N e s t a re-g i ã o n ã o h a v i a a d i f i c u l d a d e , o u h a v i a e m menor g r a u , de se e n c o n t r a r t e r r a q u e n ã o seja r e c o n h e c i d a c o m o p r o p r i e d a d e de a l -g u m s e r i n -g a l . S E R I N G A L I S T A N ã o se p o d e f a l a r d o s e r i n g u e i r o s e m s e f a l a r d o s e r i n g a l i s t a , o coroneldebarranco, a l g o z d o s s e r i n g u e i -ros, ostentador de r i q u e z a s , f r e q ü e n t a d o r de M a n a u s , a " r a i n h a d a f l o r e s t a , c o m avenidas l a r g a s , b o r d a d a s de á r v o r e s , tea-tro s u n t u o s o , bares c h e i o s de m u l h e r e s , onde os n o v o s r i c o s v i n h a m gastar f o r t u nas, l e v a n d o t a l v i d a de o r g i a e de e s c â n -dalos que a r i q u e z a n ã o e r a m a i s c o n t a d a segundo o d i n h e i r o p o s s u í d o , m a s segun-do as d í v i d a s : ' X . . . é m u i t o r i c o , t e m m a i s de dois m i l c o n t o s de d í v i d a s " (1:49) " ( . . . ) era, quase i n v a r i a v e l m e n t e , u m a f i gura grotesca, t r a j a n d o r o u p a s m a l ajustadas, de p a d r õ e s e s p a v e n t o s o s e c o -res berrantes, c a r r e g a n d o p e s a d o r e l ó g i o em grossa c o r r e n t e de o u r o e n ã o se des-p o j a n d o j a m a i s d o e s c a n d a l o s o a n e l de enorme b r i l h a n t e , o a n e l - h o l o f o t e " . U m subtipo de s e r i n g u e i r o — o o u t r o e r a o extrator, d o q u a l se d i f e r e n c i a v a " a p e n a s pelo m é r i t o e x c l u s i v o de c o n q u i s t a d a ter-r a " (6:89-90). E s t e q u a d r o * d e i x a v a de l a d o , o u c o -l o c a v a e m s e g u n d o p -l a n o , o s e r i n g a -l i s t a c o m o " s o c i u s " de u m a r e a l i d a d e s ó c i o

-* Esta caracterização é um estereótipo pejorativo do seringalista. Como havia os "caboclos rudes" que enricavam rapida-mente transformando-se em nouveaux riches, havia os seringalistas refinados, apreciadores das belas artes, dos espetáculos teatrais, trajando casacas no bom estilo europeu, etc.

(5)

e c o n ô m i c a m a i s a m p l a , c u j o p a n o de f u n do era o sistema de a v i a m e n t o , q u e A r a ú jo L i m a d e n u n c i a c o m o c a u s a d o r d o m a -logro e m face de s u a c o m p l i c a d a e encare-cida engrenagem (6:86). O s e r i n g a l i s t a , d a mesma m a n e i r a q u e " a p r i s i o n a v a " os se-ringueiros a t r a v é s de s u a conta corrente, era " a p r i s i o n a d o " n a conta corrente d a casa a v i a d o r a . O S I S T E M A D E A V I A M E N T O O e x t r a t i v i s m o g u m í f e r o a m a z ô n i c o c o n s t i t u í a s e e m u m continuum, cujas f i -guras p r i n c i p a i s e r a m o s e r i n g u e i r o , o seringalista, a c a s a a v i a d o r a , a c a s a e x p o r -tadora e, f i n a l m e n t e , a c a s a i m p o r t a d o r a , os nexos n a c i o n a l e i n t e r n a c i o n a l d o c o m é r c i o d a b o r r a c h a . C o m o f i g u r a s s e c u n d á r i a s , o r e g a t ã o e os a v i a d o r e s q u e i n t e r -m e d i a v a -m , o r a entre o s e r i n g a l i s t a e o se-ringueiro, o r a entre o s e r i n g a l i s t a e a c a s a a v i a d o r a . O sistema de a v i a m e n t o sustentou-se na a u d á c i a e n o c r é d i t o , e s t i m u l a n d o " a o s excessos, a t é o d e s v a r i o . O s a v i a m e n t o s de m e r c a d o r i a s p a r a os seringais e r a m p r ó d i g o s , excessivos, a b s u r d o s " (6:85); uma a t i v i d a d e c o m e r c i a l à s avessas, c u j a prosperidade n ã o se m e d i a p e l o l u c r o , mas pelo e n d i v i d a m e n t o . A e s t r u t u r a e c o n ô m i c a d a A m a z ô n i a caracteriza-se p e l o s i s t e m a de a v i a m e n t o : está l i g a d a a q u a s e t o d a s as a t i v i d a d e s de p r o d u ç ã o . N e s t e s i s t e m a , o aviador é a pessoa que efetua o aviamento, i s t o é, f o r -nece os bens de c o n s u m o e de p r o d u ç ã o ; o aviado é o q u e recebe. N a p r o d u ç ã o e c i r c u l a ç ã o d a b o r r a c h a , de q u e n o s o c u p a -mos a q u i , o s e r i n g u e i r o e x t r a t o r é s e m p r e o aviado, p o i s as suas r e l a ç õ e s e c o n ô m i -cas restringem-se a o f o r n e c i m e n t o d o s produtos e x t r a í d o s d a f l o r e s t a c o m o p a -gamento das m e r c a d o r i a s q u e l h e f o r a m aviadas; o aviador, p o r o u t r o l a d o , é aviado d o c o m e r c i a n t e q u e l h e f o r n e c e as mercadorias e aviador p a r a aqueles q u e adquirem suas m e r c a d o r i a s ; h á os g r a n d e s

* Ver, a respeito, 8:17-24 e 251.

aviadores, e m p e q u e n o n ú m e r o e estabele-cidos nas grandes c i d a d e s , e os p e q u e n o s aviadores que i n t e r m e d i a m as m e r c a d o -rias a t é chegar nas m ã o s d o p r o d u t o r e / o u extrator. C o m o v i m o s a n t e r i o r m e n t e , o sistem a de a v i a sistem e n t o c a r a c t e r i z a s e p e l o s g r a vames acrescentados à s m e r c a d o r i a s f o r -necidas, altos j u r o s e c o m p u t a ç ã o de eventuais riscos q u e os p r o d u t o s p r o m e t i -dos sejam d e s v i a d o s . O a v i a d o r j á f o i def i n i d o c o m o u m c a p i t a l i s t a a g i o t a m e r -c a n t i l p r é - m o d e r n o (7:369). O a l t o -c u s t o das m e r c a d o r i a s f o r n e c i d a s e o b a i x o c u s -to dos p r o d u t o s entregues, de u m l a d o ; os gastos excessivos e s u p é r f l u o s , de o u t r o , o o r ç a m e n t o d o s e r i n g a l i s t a e s t a v a e m c o n t í n u o d e s e q u i l í b r i o ; " ( . . . ) c o m o esfor-ç o c o m p e n s a t ó r i o d a c o n t a b i l i d a d e d o s seringais, p a r a c o b r i r as p e r d a s e os des-falques a c a r r e t a d o s p e l a e v a s ã o d o freguês" (6:87), o c u s t o de u m h i p o t é t i c o r e e q u i l í b r i o e r a d e s c a r r e g a d o n a conta corrente de seus a v i a d o s . E s t e e x p e d i e n t e n ã o era s o m e n t e u s a d o p e l o s e r i n g a l i s t a p a r a c o m os seus fregueses, m a s t a m b é m pelas casas aviadoras p a r a c o m os s e r i n g a -listas. É neste s e n t i d o q u e o s i s t e m a de a v i a m e n t o , c o m o c o l o c a m o s a c i m a , t e m sido a p o n t a d o c o m o u m a d a s c a u s a s d o m a l o g r o a m a z ô n i c o , e n ã o , e e x c l u s i v a -mente, a t ã o c r i t i c a d a e x p o r t a ç ã o de se-mentes d a hevea p a r a o O r i e n t e ; esta ex-p o r t a ç ã o t e m s i d o u s a d a ex-p a r a d e s c u l ex-p a r a i n v i á v e l e c o n o m i a d a b o r r a c h a . * A A T U A L I D A D E P a s s a d o o p r i m e i r o c i c l o d a b o r r a -cha, h o u v e a t e n t a t i v a de se i n c e n t i v a r u m n o v o c i c l o p o r necessidades d a II G r a n d e G u e r r a , mas q u e c o m e l a f i n c o u . A p a r t i r d a segunda m e t a d e d a d é c a d a de sessenta, em d e c o r r ê n c i a de u m a s é r i e de f a t o s , estrategistas e g e o p o l í t i c o s b r a s i l e i r o s v o l t a -r a m a sua a t e n ç ã o à á -r e a a m a z ô n i c a . N o início d a d é c a d a de s e t e n t a , j u n t o a o c h a

-105

(6)

m a d o " m i l a g r e b r a s i l e i r o " , f o r a m e l a b o -rados p l a n o s de d e s e n v o l v i m e n t o p a r a a A m a z ô n i a q u e r e s u l t a r a m n a c o n s t r u ç ã o d a r o d o v i a T r a n s a m a z ô n i c a , n o s d i s -c u t í v e i s p l a n o s de -c o l o n i z a ç ã o , n o s p l a n o s de a p r o v e i t a m e n t o d o p o t e n c i a l m i n e r a l , e t c , a l é m de u m a n o v a t e n t a t i v a de a t i v a r a p r o d u ç ã o d o s s e r i n g a i s . N o s seringais, os m é t o d o s de c o l e t a de l á t e x c o n t i n u a v a m os m a i s r u d i m e n t a res, p o r t a n t o , a n t i e c o n ô m i c o s . N a d a v a l e r a m os e s f o r ç o s p a r a m o d i f i c a r a t e c n o l o gia d a b o r r a c h a , a l g u n s d o s q u a i s r e s u l t a -do de e x p e r i ê n c i a s b e m s u c e d i d a s nas p l a n t a ç õ e s d a M a l á s i a , c o m o u m n o v o t i -p o de faca e u m n o v o t i -p o de corte. E s t a s m e l h o r i a s f o r a m p o s t e r i o r e s a o c i c l o d a b o r r a c h a . F o r a m e s t u d a d a s , t a m b é m , n o vas t é c n i c a s , c o m p r o c e s s o s q u í m i c o s , p a -r a a b -r e v i a -r o t -r a b a l h o d o s e -r i n g u e i -r o e c o n s e q ü e n t e i n c r e m e n t o d a p r o d u ç ã o . P o r e x i g ê n c i a de i n d ú s t r i a s p a u l i s t a s f a -bricantes de l u v a s c i r ú r g i c a s e o u t r o s arte-fatos de b o r r a c h a , n a d é c a d a de t r i n t a , houve a p r e c i á v e l m o d i f i c a ç ã o n o p r o c e s -samento d a b o r r a c h a , c o m o m o n t a g e m de usinas e o u t r a s t é c n i c a s de b e n e f i c i a m e n t o (2:136). Q u a n t o à e x t r a ç ã o , p r o p r i a m e n t e d i t a , e a o seu p r o c e s s a m e n t o nas colocações, n ã o h o u v e g r a n d e m o d i f i c a -ç ã o ; hoje q u a n d o c h e g a m o s a u m a estrada de seringa n ã o v e m o s o u t r a c o i s a s e n ã o u m a r e p e t i ç ã o d o q u e os c r o n i s t a s d o p r i m e i r o c i c l o d a b o r r a c h a n o t i c i a r a m . E m face d i s t o , a S u p e r i n t e n d ê n c i a d a B o r r a c h a ( S U D H E V E A ) e l a b o r o u seus P R O B O R ( P l a n o N a c i o n a l d a B o r r a c h a ) e, n o caso d o A m a z o n a s , f i r m o u c o n v ê n i o c o m a A C A R - A m ( A s s o c i a ç ã o de C r é d i t o e A s s i s t ê n c i a R u r a l d o A m a z o n a s ) p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o de t é c n i c a s p a r a o i n c e n -tivo à p r o d u ç ã o g u m í f e r a , e c o m o B A S A ( B a n c o d a A m a z ô n i a ) p a r a f i n a n c i a m e n -to. N a á r e a d o m é d i o r i o M a d e i r a f o r a m i m p l e m e n t a d o s d o i s p l a n o s : 1) r e c u p e r a -ç ã o de seringais n a t i v o s e 2) f o r m a -ç ã o de seringais de c u l t i v o . A C O B A L e l a b o r o u u m p l a n o p a r a f o r n e c i m e n t o de a l i m e n t o s aos seringueiros, a p r e ç o s de c u s t o , atra-vés de a r m a z é n s m o n t a d o s e m motores, u m a r e e d i ç ã o m o d e r n a e estatal dos rega-t õ e s . A r e c u p e r a ç ã o d o s seringais n a t i v o s e o p l a n t i o de seringais de c u l t i v o seriam realizados a t r a v é s de f i n a n c i a m e n t o s b a n -c á r i o s d o B A S A e -c o m a -c o m p a n h a m e n t o t é c n i c o d a A C A R . O s r e g a t õ e s d a C O B A L a v i a r i a m as m e r c a d o r i a s , a g u a r d a n -do p a g a m e n t o n o f i n a l d o f a b r i c o . A i d é i a dos p l a n e j a d o r e s e r a a de " q u e b r a r " o s i s t e m a t r a d i c i o n a l p a r a t r a n s f o r m á - l o e m u m s i s t e m a p r o d u t i v o . E m nossa ú l t i m a v i a g e m à r e g i ã o , os p l a -nos d a C O B A L a i n d a n ã o h a v i a m s i d o executados; os p l a n o s d a S U D H E V E A es-b a r r a r a m e m a l g u m a s d i f i c u l d a d e s , c o m o a i n e x i s t ê n c i a de s i s t e m a c o n t á b i l n a m a i o r i a dos seringais n o s m o l d e s d e s e j á -veis à i n s t i t u i ç ã o b a n c á r i a , e a á r e a de p r o p r i e d a d e c o m p r o v á v e l d o s seringais, e o seu v a l o r i m o b i l i á r i o , e s t a v a m a q u é m d o v a l o r m í n i m o n e c e s s á r i o p a r a g a r a n t i r os f i n a n c i a m e n t o s . Estes p l a n o s , m a i s as r o d o v i a s c o n s -t r u í d a s a -t r a v é s d o s cen-tros d o s seringais, i n t e r f e r i r a m nas r e l a ç õ e s t r a d i c i o n a i s patrão-freguês, sem a i n d a r o m p ê - l a s , e m face de u m a s é r i e de r e l a ç õ e s e x t r a -e c o n ô m i c a s d -e t -e r m i n a n t -e s d-e u m p -e r f i l c u l t u r a l , e m c u j o p a n o d e f u n d o e s t ã o os seringais. N a s c o m u n i d a d e s d o i n t e r i o r amazonense é m u i t o v a l o r i z a d a a l i g a ç ã o entre o ser a m a z o n e n s e e ter t i d o l i g a ç õ e s c o m o s e r i n g a l . E s t e n e x o é c l a r a m e n t e n o t a d o q u a n d o os t r a b a l h a d o r e s d a b o r -racha m i g r a m p a r a as z o n a s u r b a n a s e p r o c u r a m d e s e n v o l v e r r e l a ç õ e s v i c i n a i s c o m aqueles que t ê m a m e s m a o r i g e m . Nota-se, nas entrevistas, u m a d i s t i n ç ã o entre os n a t i v o s q u e d i z e m , " t e n h o seringa nas v e i a s " , e os a l i e n í g e n a s , d e s i g -nados c o m o " d e f o r a " .

Ser patrão, o u ser freguês, é u m status, que as pessoas c o n s e r v a m , m e s m o a p ó s d e i x a r e m de ser patrão o u freguês.

(7)

C O N C L U S Ã O N a s c o n s i d e r a ç õ e s a c e r c a d a s r e l a ç õ e s de t r a b a l h o e c o m e r c i a i s s e r i n g u e i r o -seringalista, v e r i f i c o u - s e q u e h á u m a es-treita i n t e r d e p e n d ê n c i a e n t r e os a s p e c t o s e c o n ô m i c o s e os s o c i a i s . O G o v e r n o F e d e r a l , c o m o a g e n t e d e m u d a n ç a de a l t o p o d e r d e c i s ó r i o , t e m seus p l a n o s p r e j u d i c a d o s p e l o s n ã o p r o g r a m a d o s — o u n ã o c o n s i d e r a d o s — p a d r õ e s de c o n d u t a h i s t o r i c a m e n t e d e s e n -v o l -v i d o s . D e s t a f o r m a , as r e l a ç õ e s s e r i n g u e i r o s e r i n g a l i s t a i n i c i a d a s n a a t i v i dade e x t r a t i v i s t a p e r m a n e c e m c o m o r e l a ç õ e s s o c i a i s , m e s m o d i s t a n c i a d a s d o c e n á rio i n i c i a l , e m face d e o s i s t e m a d e a v i a -m e n t o ter c o n d i c i o n a d o as -m a n e i r a s d e pensar, de sentir e a g i r d a p o p u l a ç ã o e n v o l v i d a , d i r e t a o u i n d i r e t a m e n t e , p e l a a t i -v i d a d e d o l á t e x .

CHEROBIM, M . — Work and trade in the Amazon rubber plantations. Perspectivas, S ã o Paulo, 6:102-107, 1983.

ABSTRACT: Some considerations about the "seringueiro-seringalista" relationship and the "sis-tema de aviamento" in the Amazon economic structure.

KEY-WORDS: Amazon; rubber plantations; Amazon economic structure.

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S 1. BASTIDE, R. — Brasil terra de contrastes.

4. ed. São Paulo, Difusão Européia do L i -vro, 1971.

2. BATISTA, D . — O complexo da Amazônia: análise do processo de desenvolvimento. Rio de Janeiro, Conquista, 1976.

3. G A L V Ã O , R. — Aspectos da economia da borracha no Território do Acre. Rev. Bras. Geog., 17:153-173, 1955.

4. G O U L A R T , J . A . — O regatão: mascate flu-vial da Amazônia. Rio de Janeiro, Con-quista, 1968.

5. H U G O , V . — Desbravadores. Humaitá, Mis-são Salesiana, 1958.

6. L I M A , A . — Amazônia, a terra e o homem. 4. ed. São Paulo, E d . Nacional, 1975.

7. M I Y A Z A K I , N . & O N O , M . — O aviamento na Amazônia: estudo s ó c i o - e c o n ô m i c o so-bre a produção de juta. Sociologia, 20(3):366-396, 1958; 20(4):530-563, 1958. 8. M O O G , C . V . — Bandeirantes e pioneiros:

pa-ralelo entre duas culturas. 10. ed. Porto Alegre, Globo, 1973.

9. P E T E Y , B. C . C . de M . — Aspecto da econo-mia amazônica à época da depressão: 1920-1940. Boletim Geográfico, 31:112-131, 1972.

10. REIS, A . C F . — O seringal e o seringueiro. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura, Serviço de Informação Agrícola, 1953. 11. V A L V E R D E , O . — A A m a z ô n i a brasileira:

al-guns aspectos s ó c i o - e c o n ô m i c o s . Boletim Geográfico, 2«:43-50, 1969.

Referências

Documentos relacionados

INSTANTA (Fotografia); Lourenço Silveira – GCT (Alimentar); Maria João Bahia – MARIA JOÃO BAHIA (Design de Jóias); Pedro Miguel Costa – LOJA DAS MEIAS (Vestuário); Rui

A grande vantagem dos serviços de consultoria para as empresas, neste caso, é que não há necessidade de contratação de um profissional a mais para o quadro permanente

Fazendo reportagens sobre esses problemas, como quem vê de fora (com olhar de repórter) o grupo poderá tomar a distância crítica necessária para uma compreensão mais aguda de

• Lei 9.142/95 - Artigo 1º - Os recursos existentes no Fundo de Financiamento e Investimento para o Desenvolvimento Habitacional e Urbano, deverão ser utilizados exclusivamente

Por se tratar de uma cirurgia infectada (já existe infecção dentro do abdome, proveniente do apêndice), pode ocorrer como complicação natural do problema infecção na ferida

Nos olhos, mais precisamente na mácula, a luteína e zeaxantina formam o Pigmento Macular (PM) que atua como um filtro de luz (solar e artificial), com pico de absorção de 460nm

Coevolução é o processo evolutivo resultante da adaptação recíproca entre duas espécies; cada espécie exerce uma pressão seletiva sobre a outra espécie e evolui em resposta

De acordo com o Instituto Ethos (2013), a GRI foi criada com o objetivo de aumentar o nível de qualidade dos relatórios de sustentabilidade. O conjunto de diretrizes e indicadores da