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Rádio e convergência: um panorama das emissoras de rádio na cidade de Ijuí/RS

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

RÁDIO E CONVERGÊNCIA: UM PANORAMA DAS

EMISSORAS DE RÁDIO NA CIDADE DE IJUÍ/RS

MARIZANDRA RUTILLI

Ijuí – RS 2012

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MARIZANDRA RUTILLI

RÁDIO E CONVERGÊNCIA: UM PANORAMA DAS

EMISSORAS DE RÁDIO NA CIDADE DE IJUÍ/RS

Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social.

Orientador: Felipe Rigon Dorneles

Ijuí – RS 2012

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À Deus, ao meu amor Marino e aos meus pais de coração Emilio e Irene Rospierski.

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“A diferença de ser um filho adotivo é que crescemos não na barriga, mas sim no coração”.

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RESUMO

Com a convergência digital o rádio precisou se reinventar. A internet surgiu inicialmente como uma nova plataforma de difusão, mas aos poucos provocou no rádio profundas mudanças nos modos de produção, distribuição e interação. O que se vivencia hoje é uma verdadeira simbiose entre rádio e internet, que agrega estratégias multimídias e hipertextuais. O Rádio, agora, com seus noventa anos, completados vem se mostrando maduro e aberto às novas tecnologias. Esta pesquisa busca identificar a realidade nas seis rádios ijuienses, quanto o produção de conteúdo multimídia, como a utilização da internet para transmissão da programação. Para tanto, o estudo baseia-se num estudo de caso múltiplo, com abordagem qualitativa, através de questionários, que foram distribuídos para as emissoras de Ijuí. Este estudo analisa a produção do rádio convergente neste município através de estudo bibliográfico que retoma os conceitos sobre o rádio e analisa as produções dos conteúdos para a web nos sites das emissoras ijuienses, além de outras particularidades das emissoras. Como resultado aponta-se que a convergência se dá diretamente nas emissoras do segmento AM, e em emissoras com mais tempo de atuação local e regional. Já as emissoras do segmento FM, não fazem uso, em sua grande maioria, da produção de conteúdo específico para o site das emissoras.

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ABSTRACT

With the convergence digital radio needed to reinvent itself. The Internet first emerged as a new platform for dissemination, but gradually caused profound changes in the radio modes of production, distribution and interaction. What we experience today is a real symbiosis between radio and internet strategies that adds multimedia and hypertext. The Radio now with her nineties, has been completed showing mature and open to new technologies. This research seeks to identify the reality in six radios ijuienses, as the production of multimedia content, such as using the internet to broadcast programming. To do so is based on a field survey with a qualitative approach, using questionnaires, which were distributed to broadcasters Ijuí / RS. This study examines the production of radio in the city of convergent Ijuí through bibliographic study which incorporates the concepts of the radio productions and analyzes the content to the web sites of the broadcasters ijuienses, and other particularities of the broadcasters. As a result indicates that convergence takes place directly in the segment AM stations, and stations with longer acting local and regional. Already FMS stations, do not use the vast majority of the production of specific content for the site of the broadcasters.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

CAPÍTULO1-OCOMEÇO,OSCONCEITOS,OSNOMES ... 12

1.1 O Cenário para as Primeiras Transmissões ... 14

1.1.1 A Primeira Transmissão ... 14

1.1.2 O Rádio e a Publicidade ... 16

1.1.3 A Política e o Rádio ... 16

1.1.3.1 O Rádio em Meio a Censura da Ditadura Militar ... 17

1.1.3.2 Rede da Legalidade ... 17

1.1.3.3 A Reestruturação ... 18

1.1.4 A Preocupação com Roteiro ... 19

1.1.4.1 O Espetáculo das Programações de Entretenimento ... 19

1.1.5 O Marco dos Transistores ... 19

1.2 A Decadência e um Novo Processo de Reestruturação ... 20

1.2.1 As Primeiras Emissoras e sua Contribuição para o RádioJornalismo ... 21

1.2.2 A Segmentação em FM ... 23

1.3 O Rádio no RS ... 24

1.4 Uma Nova Reestruturação – A Segmentação das Emissoras e dos Públicos ... 25

1.5 O Surgimento do Formato All News ... 27

1.5.1 Os Equipamentos e as Substituições ... 28

1.5.2 O Início da Evolução Tecnológica ... 28

CAPÍTULO2OCIBERESPAÇO ... 32

2.1 O Cenário da Convergência ... 33

2.2 O Rádio em Meio a Convergência e a Multimídia ... 37

2.3 A Relação de Rádio e Internet ... 39

2.4 O Rádio na Era da Convergência ... 41

CAPÍTULO3OCENÁRIODACONVERGÊNCIAEMIJUÍ ... 43

3.1 As Emissoras AM ... 43

3.1.1 Rádio Jornal da Manhã ... 44

3.1.2 Rádio Repórter ... 44

3.1.3 Rádio Progresso ... 45

3.2 As Emissoras FM ... 46

3.2.1 Unijuí FM ... 46

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3.2.3 Rádio Iguatemi ... 47

3.3 A Convergência em Categorias de Análise ... 47

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 57

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INTRODUÇÃO

Com o avanço tecnológico, a revolução da microeletrônica, a portabilidade e a sociedade de um modo geral foram afetadas. Tudo o que pensamos sobre as mudanças em meio ao cenário da comunicação. São evidentes estas modificações que atingiram todos os meios de comunicação. Foram alavancadas em grande parte pelo surgimento da internet, com profundas transformações nos modos de produção, distribuição e interação entre o meio e seu receptor. De repente é como se o então modelo de comunicação de massa já não é mais suficiente para explicar as relações entre cenários e meios comunicativos.

O que vivemos hoje é um processo de convergência digital. E o rádio? Sobre esse veículo, há quem diga que já é “sem onda”. Agora é por cabos, por satélites. E por mais incrível que pareça, não há mais como pensar o rádio sem a linguagem multimídia, ou seja, um rádio com transmissão de programação via web, um rádio com fotos, vídeos e hiperlinks. E sem dúvida, algo muito transformador atingiu o Rádio, os seus conceitos, e a sua aplicabilidade. Interessante notar que este não mudou só como veículo, mas também modificou o perfil do receptor, que deixou de ser passivo, já que ambos se comunicavam através de meio tradicional de uma comunicação de um para todos, agora, de todos para todos. Mais do que certo também a convergência é uma transformação cultural, fenômeno tecnológico social e econômico que mudou também o perfil dos profissionais de comunicação, mudou a forma de produzir o radiojornalismo. O cenário é de internet, globalização e convergência. Com tudo recai a pergunta sobre os meios. Afinal, qual é o futuro do rádio?

Desde que o processo da convergência chegou, pesquisadores na área da mídia sonora e estudantes vêm tentando encontrar respostas para esta pergunta. Por outro lado, isto mostra a complexidade de questões que envolvem uma mídia tradicional como o Rádio, em um ambiente convergente. Esta pergunta representa um campo exploratório na busca

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incessante de respostas. Como muitos autores apontam, o Rádio vive hoje numa nova ecologia da mídia, em um novo ecossistema comunicativo. O Rádio ampliou seu campo comunicativo, de ondas hertzianas aliou-se a duas novas plataformas, a internet e telefonia móvel. Com a convergência, o papel dos meios de comunicação foi potencializado. Tornou-se disponível em vários dispositivos. Agora apresentar a informação exige outros meios, um novo fazer radiofônico contemporâneo.

Esta pesquisa monográfica tem entre os objetivos identificar a realidade das emissoras de rádio do município de Ijuí, quanto à produção de conteúdo multimídia tanto em emissoras do segmento AM quanto FM. Busca também observar o impacto do avanço tecnológico nos modos de produção e recepção e identificar o universo de emissoras de rádios do município que praticam a produção multimidiática e ainda entender como acontece a produção do novo radiojornalismo em meio à plataforma internet. Considera também os investimentos em novos formatos e na exploração dos potenciais multimídias online como novas ferramentas de interação com o novo ouvinte, o ciberouvinte ou ouvinte internauta.

Este presente estudo de caso múltiplo, com abordagem qualitativa, aponta inicialmente para a definição do que é o Rádio, qual o conceito sobre esta mídia, o objeto de estudo desta pesquisa. Faz um resgate da história do Rádio, relembrando dois grandes nomes da história do Rádio, Guglielmo Marconi e Roberto Landell de Moura. Em seguida fala da primeira transmissão oficial de rádio no Brasil, 07 de setembro de 1922. Desenvolve e resgata a história do rádio nas décadas de 1920 até a década de 1980; a influência da política do rádio, que envolve a ditadura militar, a rede da legalidade, os anos de ouro, os programas de auditórios; a influência das principais emissoras do país para o radiojornalismo; e a distinção em AM e FM. Ainda o apontamento sobre o registro da história do rádio no Rio Grande do Sul, uma vez que se considera que compreender a história do Rádio no Estado é relevante já que tal pesquisa pretende analisar emissoras locais e gaúchas.

Este estudo monográfico torna-se relevante no momento em que busca compreender na prática como a convergência de fato acontece. Aponta para uma comprovação de que a convergência atinge, de modo geral, toda a sociedade impondo-se ao rádio como uma ruptura aos formatos tradicionais do radiojornalismo, ou seja, mudança de paradigma, um momento de reinvenção.

Compreendendo o primeiro capítulo também está o período histórico em que o rádio brasileiro passa por um momento de reestruturação, datado da década de 1970. Traz o surgimento do formato All News que dá ao rádio uma nova configuração, o do radiojornalismo 24 horas. Outro apontamento importante foram as substituições de antigos

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equipamentos, como fitas de rolos e cartuchos para novos cada vez mais modernos. Também data o início da evolução tecnológica e principalmente com o advento e a migração para a internet. O que representa a passagem do sistema tradicional de transmissão de ondas hertzianas para uma transmissão em caráter mundial, que configura o rádio inserido num novo ecossistema midiático.

O segundo capítulo remete ao estudo e esclarecimentos sobre temáticas e conceitos já típicos do novo cenário em que o rádio se inseriu. Aponta conceitos como o ciberespaço de Lévy (1999), o cenário da convergência das mídias de Jenkins (2009) e a sociedade em rede de Castell (1999). Descreve o atual cenário do rádio convergente e da multimídia. Apresenta o novo rádio em um cenário de narrativa multimídia direcionado a um novo ouvinte: o ouvinte internauta.

A terceira e última parte deste estudo configura a análise qualitativa e comparativa das produções em cenário convergente das seis emissoras de rádio do município de Ijuí, sendo três de amplitude modulada e três em frequência modulada. Os objetivos desta pesquisa são no terceiro capítulo analisados na prática, com o estudo de caso múltiplo, compreendendo as produções das emissoras quanto a produção para a web, produtos multimídias apresentados nos sites, atualização do site e investimentos futuros, entre outras categorias de análise.

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1. O COMEÇO, OS CONCEITOS, OS NOMES

O Rádio em um conceito primórdio pode ser definido como um meio de comunicação que transmite mensagens a diferentes públicos através de ondas eletromagnéticas. A mensagem mescla forma e conteúdo. “Guardadas as proporções, pode-se comparar a comunicação radiofônica a uma palestra realizada em um enorme auditório às escuras” (FERRARETTO, 2001, p. 25).

Para ter significado de existência o rádio e a radiodifusão como um todo precisaram e ainda utilizam de duas questões fundamentais e complementares: uma tecnologia para permitir a transmissão, e que seja em um meio de comunicação massivo, em que a mensagem necessita ser enviada para vários pontos de recepção.

Entre 1830 e o final da primeira década do século XX, surgem as primeiras pesquisas sobre tecnologia a partir da existência de ondas eletromagnéticas, do telégrafo e do telefone. Além de Guglielmo Marconi, vários pesquisadores se envolveram. De acordo com a literatura nacional e estrangeira, desde o início do rádio sua invenção é atribuída ao cientista italiano Guglielmo Marconi. Mas existe a reivindicação de que a invenção seria do padre e cientista brasileiro Roberto Landell de Moura ou simplesmente Landell de Moura, como é conhecido até hoje. O que de fato é incontestável é que cada um deles têm suas peculiaridades quanto ao invento.

Marconi, ainda no início do século XX, conseguiu a importante façanha de transmitir a voz humana. Já o padre brasileiro fez com que a voz humana fosse transmitida por meio de ondas eletromagnéticas. O que os torna comum também é que os dois foram cientistas que não obtiveram apoio das autoridades de seus países para a pesquisa radiofônica. Nomes reconhecidos por suas investigações no campo das transmissões de mensagens a distância, sem fio.

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No Brasil, ainda que os primeiros experimentos para o uso do Rádio como instrumento de comunicação tenham ocorrido no fim do século XIX, o segmento do radiojornalismo veio a se desenvolver como o nascimento das emissoras de rádio, que procuravam atingir um maior número de ouvintes (PRADO, 2012, p. 37).

Tão reconhecidos que, em 1909, Marconi - um dos maiores gênios da eletrônica do século XX como era conhecido - e Karl Ferdinand Braun, ganham o Prêmio Nobel de Física por suas contribuições à comunicação. O que havia na época era uma necessidade de transmissões de mensagens à distância, sem contato pessoal, precisavam-se extinguir alguns sistemas primitivos de comunicação. O cenário também contribuía, pois, era o “top” de tecnologia que interessa ao mundo político e econômico. O industrial italiano Guglielmo Marconi foi o primeiro a conseguir pequenas transmissões, com espaços de mais ou menos um quilômetro, e depois fez a ampliação, foi responsável e obteve a patente sobre o telégrafo sem fio como aponta Prado (2012). Em um primeiro momento em distâncias únicas e depois em vias transoceânicas.

Roberto Landell de Moura, enquanto ocorriam pesquisas na Europa, fazia experimentos no Brasil. Fez experiências com transmissão e recepção de sons por meio de ondas eletromagnéticas entre 1893 e 1894. Em 1901 a 1904 obteve várias patentes do governo americano embora houvesse na época um jogo de interesse entre Grã-Bretanha e EUA. Havia principalmente por parte dos militares ingleses, especulações sobre estratégias acerca dos meios de comunicação. Tudo isso com base na indústria eletroeletrônica que começava a despontar. O maior desafio dos pesquisadores sem dúvida era de como emitir mensagens de sons sem o uso de fios. A primeira transmissão aconteceu em 24 de dezembro de 1906, quando foram reproduzidos sons de violino, trechos da Bíblia e uma gravação fonográfica que puderam ser ouvidos na costa americana, no princípio da amplitude modulada.

Mas mesmo depois de realizada essa transmissão, o Rádio ainda não estava propriamente criado. Em 1916, David Sarnoff antevê na Marconi Company as possibilidades de utilização de tecnologia para criar outro produto. Era preciso conceber o rádio como um veículo de comunicação de massa. Mais tarde surgiu então a primeira emissora de rádio, a KDKA, um novo campo para investimento de capital, com o fim da Primeira Guerra, esforço, investimento bélico. Nomes como do físico inglês James Clerk Maxwell, e depois do alemão Heinrich Rudolf Hertz, também merecem ser citados como parte do princípio do Rádio porque pensaram e comprovaram estudos no campo eletromagnético, na propagação de ondas. Aliás, Hertz é um nome que ficaria para sempre ligado ao Rádio à sua história, e suas

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transmissões, conforme Ferraretto (2001). Cabe citar também Edourard Branly e Oliver Lodge, nomes ligados ao aperfeiçoamento da detecção de ondas eletromagnéticas.

A partir da década de 1920, inicia uma verdadeira corrida para a implementação das comunicações por ondas eletromagnéticas. Disputa sempre acirrada entre americanos, ingleses e italianos, e no final foram os europeus que levaram vantagem. O que existia na época eram três ramos das comunicações que estavam em expansão: a radiotelegrafia, radio telefonia e radio difusão. Um marco da história do Rádio é em 1922, o surgimento da BBC: “desde 1919, a British Marconi fazia emissões regulares na Grã-Bretanha. Com um dos grupos empresariais cria, em 18 de outubro de 1922, a British Broadcasting Company” (FERRARETTO, 2001). Popular BBC que foi dominante até os anos 1970.

1.1 O Cenário para as Primeiras Transmissões

Em 1923 havia transmissões regulares em 19 países europeus, Austrália, Japão, Argentina e Brasil. No mesmo ano cria-se em território brasileiro a primeira emissora radiofônica, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A empresa foi fundada por Edgar Roquette Pinto, com a colaboração do cientista Henrique Morize. Roquette Pinto foi médico, antropólogo e membro da Academia Brasileira de Letras. Estudiosos afirmam que Roquette Pinto objetivava com o rádio aparelho para melhorar a educação e cultura aos brasileiros. Mas no fim favoreceram-se apenas os que tinham o poder de compra, ou seja, escondia características elitistas. Mesmo com pose de elite, a radiodifusão era de fato precária.

Prado (2012) revela que grande parte da população ficou de fora, por isso o rádio ficou restrito, em um primeiro momento, à elite brasileira. Mesmo sendo de altos custos e elitistas as condições das transmissões eram precárias. Havia baixa potência as transmissões de um estado para o outro eram péssimas. O curioso é que os primeiros aparelhos vinham com fone de ouvido, então somente uma pessoa podia ouvir a programação. Em 1926 o governo britânico estatiza a radiodifusão no país. Surge a BBC, no modo diferenciado dos americanos. E foi assim dominante até os anos 1970.

1.1.1 A Primeira Transmissão

As primeiras transmissões de radiodifusão sonoras no país sempre tiveram grande influência norte-americana. Uma vez que com o fim da Primeira Guerra, as indústrias eletroeletrônicas buscaram novos mercados para garantir e ampliar níveis de faturamento. Oficialmente a primeira demonstração pública, foi da empresa de radiodifusão Westinghouse

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em 07 de setembro de 1922, durante a Exposição Internacional sobre o Centenário da Independência no Rio de Janeiro. Foram usados dois transmissores de 500 watts e 80 receptores distribuídos a autoridades civis e militares do Rio de Janeiro. As primeiras transmissões foram discursos do presidente da República, Epitácio Pessoa, trechos da ópera O Guarani de Carlos Gomes.

Essa primeira transmissão foi o discurso do presidente Epitácio Pessoa veiculado para os visitantes de uma grande feira internacional, a exposição do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro. O evento reuniu pessoas ilustres, como o príncipe Alberto, da Bélgica, que ouviram o discurso por meio de alto-falantes espalhados no local (PRADO, 2012, p 50).

Aos poucos o Rádio começa a assumir um caráter de espetáculo massivo, onde a publicidade, a indústria e o comércio ganham um veículo para atingir todas as parcelas da população, incluindo os menos favorecidos. Há uma reestruturação das programações além das chamadas transmissões realizadas diretamente de auditórios construídos para as emissoras, que em seguida foram alavancadas com a chegada da televisão.

No início as rádios se organizavam sob a denominação jurídica de sociedades ou clubes, as quais cobravam mensalidades dos “sócios”, os radioamadores. Aos poucos foi deixando de ser uma programação elitizada para transformar-se em um rádio mais popular. As pessoas passaram a ser o alvo da programação com noticiários e músicas que agradassem a um público que não era atendido e respeitado pela mídia. Como aponta Prado (2012) a década de 1930 foi dessa forma muito importante para a fundamentação do Rádio como um veículo de transmissão da informação. Com a publicidade no Rádio as emissoras ganharam um caráter de empresa, com maior autonomia na gestão de custos e investimentos, no conteúdo dos programas exibidos. As emissoras também foram se especializando na produção de conteúdo para públicos específicos (década de 1940 a 1950).

Em um primeiro momento não havia programação definida, as emissoras eram esporádicas. Com o tempo, surgem sequências de programas com notícias de interesse geral, conferências artísticas e científicas, poesias, música vocal e instrumental. Transmitiam sonoridades de representação da vida, da sociedade da época.

Assim nasce o rádio em um período em que a sociedade brasileira respirava modernização e consumo inspirado e influenciado pelos padrões norte-americanos e pelo capitalismo, conforme Ferraretto (2001). Depois com o processo da imigração surgem influências baseadas na política comunista. Com a indústria nasce o movimento sindical. Na região do Rio de Janeiro e São Paulo, surge o sonho de uma república proletária. Assim,

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Roquete Pinto enxergou no rádio um instrumento de transformação educativa em uma sociedade que começa a se urbanizar. Os ouvintes mantinham a rádio com o pagamento de mensalidades. Assim o veículo era para poucos e não atraiu grandes parcelas da população. No dia 1º de junho de 1924, a Rádio Clube do Brasil transformou-se na primeira do país.

1.1.2 O Rádio e a Publicidade

A publicidade configura uma nova fase do rádio no Brasil como afirma Prado (2012). No decreto 20.047 de 1931, o Governo dá ao rádio um poder concessório e prevê a criação de uma rede nacional com controle do Estado. A visão era educacional e cultural, tinha-se aí o embrião das emissoras educativas. Mas o que vingou mesmo é que a radiodifusão era um empreendimento em busca de lucro.

A década de 1930 deu novo rumo à rádio. Foi quando muitos outras emissoras começaram a espalhar pelo Brasil, fazendo com que o veículo fosse reconhecido, principalmente por umas delas, a Rádio Nacional. Fator bastante importante e que muda radicalmente sua face e que a Rádio ganha (ou perde, dependendo do ponto de vista) o aporte comercial e com isso pode tanto ser profissional como também virar refém de seus anunciantes. As diferentes formas de linguagem, que vão dos diálogos às falas de persuasão dos spots, aos monólogos e narrações de jogos, todas as vozes estão em evidência (PRADO, 2012, p 69).

A década de 1930 marca o rádio como popular através dos sucessos carnavalescos e dos primeiros programas humorísticos que surgiram entre 1934 a 1937. O tema do noticiário radiofônico na época é a preocupação da humanidade com a situação européia, tendo em vista a tensão Pré-Segunda Guerra Mundial.

1.1.3 A Política e o Rádio

O Rádio, segundo Ferraretto (2001) também assumiu instrumento ideológico no que se refere à política e à ditadura. Consolidando-se como principal meio de comunicação de massa no Brasil, em 1930, ele também assume papel decisivo na política, em especial depois do golpe de Estado de 10 de novembro de 1937. O rádio distribui noticiário bem como passou a retransmitir em cadeia nacional, todas as noites, notícias favoráveis ao governo e louvores a ditadura do Estado Novo. Também, transmitiu a partir de 1938, em rede nacional o programa “A Hora do Brasil” de caráter informativo, cultural e cívico, música popular e erudita, peças de radio-teatro e palestras dirigidas aos trabalhadores. Foi através das transmissões do rádio que em 10 de novembro de 1937, o governo Vargas formaliza para todo o país o Golpe de

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Estado, um regime ditatorial que durou até 29 de outubro de 1945. Assim sem poder Legislativo, liberdade de imprensa e eleições livres, o Brasil vive anos de ditadura. Ferraretto (2001) diz que dentro da lógica dos revolucionários de 1930, a radiodifusão serve para consolidar uma unidade nacional necessária à modernização do país e para reforça a conciliação entre as diversas classes sociais.

1.1.3.1 O Rádio em Meio à Censura da Ditadura Militar

A repressão desde o início marcou fortemente as emissoras de rádio. Algumas tiveram transmissões lacradas, alegações de irregularidades em operações de transferência de rádio, funcionários afastados. O rádio, juntamente com a TV é que anuncia em 13 de dezembro de 1968, o decreto do Ato Inconstitucional número 5, AI -5. Com o decreto a censura que já existia, torna-se uma prática comum e ainda amparada por lei, a Lei 898, de 29 de setembro de 1969. O artigo 16, da chamada Lei de Segurança Nacional era direcionado aos jornalistas. Previa punição, de seis meses a dois anos de prisão, a quem divulgasse em qualquer meio de comunicação social notícia falsa, tendenciosa ou fato verdadeiro truncado ou deturpado de modo a indispor ou tentar indispor o povo com autoridades constituídas. Antes mesmo de ter conhecimento e de divulgar um fato, já havia decretos da Polícia Federal, que impediam qualquer veiculação. A proibição chegava antes da notícia. A ordem da censura.

Goulart, no entanto, não via possibilidades de resistência e preferiu evitar uma Guerra Civil. As repercussões da ascensão dos militares ao poder começaram com a cassação de direitos políticos dos derrotados. Na sequência, viriam a perseguição, a censura, a tortura, enfim, o amplo leque de alternativas, repressões dos regimes autoritários. O Setor da radiodifusão não foge à regra. Ocorrem demissões, por vezes seguidas de detenções e gradativamente com o fortalecimento da linha dura do regime, emissoras são fechadas e a censura torna-se prática comum (FERRARETTO, 2001, p. 150).

Dessa forma, abre-se espaço para autocensura, que era influenciada pelo medo da perda da concessão da emissora. Anos de chumbo, da ditadura entre 1969 e 1974. Mas paradoxalmente é a partir deste período que o rádio se redefine e busca o fortalecimento enquanto veículo de comunicação.

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Em 1961 em um cenário extremamente conturbado as Rádios Gaúchas e Farroupilha divulgam o manifesto do Marechal Teixeira Lott, defendendo a legalidade. A Rede da Legalidade foi encabeçada por Leonel Brizola, então governador do Estado do Rio Grande do Sul. Os estúdios da Rádio Guaíba passaram a funcionar no porão do Palácio Piratini. Assim surge a Rede da Legalidade. O objetivo era uma informação livre, com relato sobre a ação brutal da censura, que vinha do centro dos países, os índices da ameaça da ditadura militar. As transmissões da Farroupilha e da Gaúcha ganham adeptos e, começam a ser em espanhol também, a fim de reunir milícias do Uruguai e Argentina para transmissão em diversas línguas, de forma a aproveitar os transmissores em ondas curtas.

Conforme Ferraretto (2001), com o Palácio Piratini transformado em Praça de Guerra, a Rede da Legalidade serve em especial para que Leonel Brizola, com metralhadora a tiracolo, conclame o povo à resistência. E antes as emissoras Guaíba, Farroupilha e Difusora tiveram suas concessões cassadas. A Rede da Legalidade foi um movimento em defesa da posse do vice-presidente da República, João Goulart, o Jango, depois da renúncia mal explicada do então presidente Jânio Quadros. A legalidade defendia o cumprimento da constitucionalidade. De um dia para outro, a rede de emissoras passa de quatro para 14, movimento em prol da posse de Jango.

O estopim, a fagulha que terminaria de levantar a população, transformando a Matriz em praça de guerra com soldados, no alto do Theatro São Pedro, e civis improvisados em pracinhas, com, segundo alguns, farta distribuição de revólveres Taurus e alistamentos no Mata Borrão, o tradicional e meio abandonado edifício de madeira do Pavilhão de exposições, na esquina da Borges de Medeiros com Andrade Neves onde Fernando Almeida comandaria o comitê de Resistência Democrática e se faria o jornal “resistência” chegando a uma tiragem de 200 mil exemplares, a fagulha que consagraria a cadeia da Legalidade, mais de 400 comitês de resistência no Estado e cem mil voluntários dispostos a tudo, a fagulha veio de uma intercepção de radioamador (SILVA, 2011, p 55).

Mas embora com esforço o governo consiga acalmar a situação e a Rede da Legalidade é desfeita à meia noite do dia 05 de setembro de 1961.

1.1.3.3 A Reestruturação

Na década de 1970, em meio ao período mais duro da ditadura, a radiodifusão no Brasil começa a ser alterar com o início das transmissões regulares e comerciais em frequência modulada. Elas ganham público jovem, têm modelos norte-americanos de programação. Rádio FM, qualidade no som ambiente. Acontece a divisão entre emissoras AM – amplitude modulada - e FM – frequência modulada. As rádios em amplitude modulada

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concentram-se no jornalismo, nas coberturas esportivas e na prestação de serviços à população como afirma Prado (2012). Também em casos, caracterizados por programas popularescos, onde o comunicador simula ser um companheiro para o ouvinte, enquanto explora de modo sensacionalista situações do cotidiano. Inicia-se também o processo de divisão de público, que se reestrutura nos anos 1980. O rádio reposiciona-se no mercado.

1.1.4 A Preocupação com Roteiro

Nos anos 1940 o rádio tem outra fase de mudança. O roteiro passa a ser a base de tudo. Tudo precisa estar perfeito e coeso no momento da transmissão ao vivo. Assim surge em 1941, a primeira radio-novela: „Em busca de felicidade‟; e o principal noticiário: “Repórter Esso”, todos na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. O Repórter Esso é a primeira síntese noticiosa do Brasil que foi veiculado de 1941 a 1968, um verdadeiro ícone da Era de Ouro do Rádio Brasileiro. Teve como objetivo implantar no rádio brasileiro uma série de padrões estilísticos do jornalismo de rádio, e assumiu, além disso, um papel político.

1.1.4.1 O Espetáculo das Programações de Entretenimento

O radioespetáculo surge em um período de boas relações entre Brasil e Estados Unidos, no que se refere à concessão de empréstimos para sanar dívidas com países europeus e a injeção de produtos norte-americanos no país. Com esse cenário o Rádio vivencia sua época de ouro, com programação de entretenimento (programas de auditório, rádionovelas, humorísticos e cobertura esportiva). O radiojornalismo ganha ainda mais força com o envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Tem audiência massiva: “...a primeira expressão das indústrias culturais no Brasil. Isso foi muito positivo porque rendeu às emissoras investimentos e possibilidades de obter uma ótima infra-estrutura. (FERRARETTO, 2001, p 113).

O que ocorreu de 1923 a 1945 no rádio brasileiro merece ser lembrado ainda que sucintamente. Apesar de seus problemas e dificuldade, o rádio brasileiro dá ao país uma quantidade de benefícios incrivelmente vista em favor da integração cultural, da informação, da política e da consciência de nação, que se consolida até os anos 1950 (PRADO, 2012, p 166).

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A inovação tecnológica marca a década de 1950, com a chegada dos transistores, que deu ao rádio mobilidade. O Rádio deixou de lado fios e acompanhou o ouvinte onde quer que ele fosse. O ouvinte passou a ser móvel, o que não acontecia anteriormente quando as famílias se reuniam numa sala ao redor do grande aparelho. Assim essa mudança tecnológica deu ao jornalismo radiofônico moderno da época foco e agilidade da informação. Com a invenção dos transistores em 1947 - pelos cientistas Willian Schockler, John Bardeen e Walter Braitain - foi possível substituir as válvulas que ocupavam muito espaço e necessitavam de uma voltagem elevada por simples pilhas como fonte de energia. Segundo Ferraretto (2001) uma vez iniciada a produção de transistores no Brasil, no final dos anos 1950, acabou-se o elitismo do rádio, antes objeto presente na sociedade burguesa. Isso atinge o apogeu, na década de 1960, com as transmissões dos jogos das copas do mundo de futebol em 1962 e 1966.

No período pouquíssimas pessoas possuíam televisão. Os transistores possibilitaram ao rádio tornar-se um meio de comunicação ao alcance de qualquer pessoa, transportado para qualquer lugar. Havia fragilidades como a adaptação de uma nova linguagem que era criada para que o ouvinte pudesse ver o que acontecia em campo até as camisas, que eram sem números, os locutores precisavam decorar a fisionomia de cada jogador, instalações de linhas telefônicas, demoravam até uma semana. Prado (2001) diz que o rádio serviu para levar o futebol a mais pessoas, enquanto o esporte popularizou o veículo de massa que ainda era jovem.

Filhos da elite, futebol e rádio tornaram-se catalisadores de emoções e ídolos do povo. Pegaram carona nas profundas mudanças porque passou o Brasil nas primeiras décadas do século XX, com o eixo econômico deslocando-se do campo para cidade e a consequente urbanização da população brasileira. A alta concentração de trabalhos nas cidades exigia lazer para as massas, principalmente a baixo custo (PRADO, 2012 apud ALMEIDA E MICELI, 2004).

Com muitas emissoras no ar, as rádios temiam que durante o intervalo das partidas, os ouvintes trocassem de estação enquanto as músicas tocavam no intervalo. Assim surgiram os comentários e análises sobre os jogos. Com o rádio, as transmissões de notícias sobre os jogos, contribuíram para que até hoje as partidas sejam espetáculo de massa.

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No período de 1955 a 1970 o rádio vive seu momento de decadência, segundo Ferraretto (2001). A explicação é o surgimento de TV que acabou com a hegemonia do rádio e do posto de principal aparelho para o consumo familiar. Aos poucos foi deixando de ser o centro do eixo familiar como afirma Kochann, Freire, Lopez (2011). Nesse período o rádio ganhou mobilidade e acompanhava o ouvinte onde ele estivesse. Consequentemente a radiodifusão brasileira precisou reinventar-se para superar as dificuldades, a perda de seus profissionais e também da sua audiência que em grande parte havia migrado para a televisão. A saída para as emissoras foi então começar a prestar serviços de utilidade pública como os achados e perdidos, a meteorologia, informações sobre o tráfego, entre outras.

A perda das verbas publicitárias foi acompanhada e também motivada pela transferência de profissionais do Rádio para a televisão. O espetáculo começa a migrar para o novo meio, que ao acrescentar a ele a imagem, obrigará a busca de um caminho diferente sinalizado por itens até então minotários dentro da programação, o jornalismo, as transmissões esportivas, o serviço para a população e a música gravada (FERRARETTO, 2001, 137).

Com a chegada da televisão as emissoras já estavam segmentadas para seus públicos, e o radiojornalismo passou a ser o grande referencial da programação de rádio. “Ao longo dos anos 1950 e 1960 o radiojornalismo foi ganhando novos contornos, pois não era mais um informativo lido por locutores quase sempre masculinos e com pouca flexibilidade para uma linguagem mais coloquial” (PRADO, 2012, p. 43). Neste período destaque o grande ícone do radiojornalismo brasileiro, o programa Repórter Esso, “testemunha ocular da história”. Um programa que teve início na Rádio Nacional e culminou com atuação para a Rádio Globo. Novos públicos começam a ter espaço dentro das programações, como o feminino, jovem e outros. Com a expansão do rádio o Governo Brasileiro entendeu que ele precisava ser mais bem administrado, e, por isso criou em 1976, a RadioBrás, Empresa Brasileira de Radiodifusão. O objetivo era organizar melhor as emissoras, operá-las e explorar serviços de radiodifusão.

1.2.1 As Primeiras Emissoras e sua Contribuição para o RadioJornalismo Emissora Continental

Fundada em 1948, no Rio de Janeiro, a Emissora Continental introduziu no rádio, um novo formato radiofônico. Pela influência de seu fundador locutor esportivo Gagliano Neto, surge o formato música-esporte-notícia. Temos aí o nascimento e o fortalecimento da reportagem. Ela ganha espaço e se desenvolve no radiojornalismo brasileiro. Isso dá ao rádio

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o caráter de prestador de serviços, relacionados à saúde, segurança, controle de meteorologia, hora certa, entre outros. Em resumo, transmitir tudo diretamente dos locais onde os fatos aconteciam, uso constante da reportagem. Outro nome da reportagem no Rádio Brasileiro é Carlos Pallut que trabalhou na emissora Continental e organizava as grandes coberturas jornalísticas, sempre falando do exato local em que os fatos aconteciam.

Jornalismo, Esporte e Prestação de Serviços

O espetáculo já não fazia parte do rádio, ele havia sido transferido para a televisão. Então o lazer, no rádio, passa a ser a música, e o jornalismo, no esporte e a prestação de serviços. Isto se consolida fortemente nos anos de 1960 e 1970. Foram ícones deste formato as emissoras Jornal do Brasil, Jovem Pan, Bandeirantes e Guaíba.

A Rádio Bandeirantes lançou em 1954 o sistema de noticiário, em que a cada 15 minutos de programação, uma era dedicado à transmissão de informações. Já a Rádio Jornal do Brasil, fundada em 1935, foi a primeira emissora a integrar um complexo jornalístico. Atingiam, contemplavam classes A e B. É da Rádio Jornal do Brasil (JB) os tão conhecidos serviços de utilidade pública. Mais especificamente do jornalista Reinaldo Jardim, que tinha o objetivo de restabelecer o diálogo com os ouvintes. O serviço de utilidade pública surgiu nas rádios divulgando notas de achados e perdidos, depois houve ampliação dos temas. A preocupação do radiojornalismo na JB era tanta que até foi criado um manual com as regras básicas a serem seguidas por repórteres e redatores. Sempre com notícia de credibilidade e música de bom gosto.

A Jovem Pan, fundada em 1944, configura um conceito de rádio que aproveitava as atrações da TV Record, numa época de grandes festivais da música popular brasileira e da Jovem Guarda. Artista como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Elis Regina e outros ganham programação específica no rádio, na Jovem Pan. No início da década de 1970, a rádio foi a primeira na transmissão de um informativo em rede para diversos estados do país, o jornal de integração nacional. A Jovem Pan era considerada um canal entre a população e o poder constituído. Explorava a utilidade pública na divulgação de recomendação ao ouvinte, dos problemas da cidade e de informações sobre meteorologia, trânsito, aeroportos, etc.

Já a Rádio Guaíba, fundada em 30 de Abril de 1957, em Porto Alegre, tinha o respaldo de um forte jornal diário, o Correio do Povo, de fazer parte da Companhia Jornalística Caldas Júnior. No primeiro dia de transmissão, a emissora já veiculava o Correspondente Renner, uma síntese noticiosa que pode ser considerada como um dos informativos mais antigos em transmissão no Rádio Brasileiro.

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A Guaíba tinha um perfil onde até os comerciais eram lidos ao vivo, um padrão musical de orquestrações. De um modo geral passava a credibilidade das transmissões de notícias e da cobertura esportiva. É o que chamamos e conhecemos até hoje do Estilo Guaíba. A Guaíba também se destacou pelas coberturas internacionais. Em 1967 narrou os horrores do conflito árabe-israelense, no Oriente Médio, na chamada Guerra dos Seis Dias. No mesmo ano também cobriu a escalada do envolvimento norte-americano na Guerra do Vietnã. Em 1968, cobriram de Paris a Conferência de Paz, entre EUA e Vietcongues.

Por outro lado, as vitórias do Brasil na Copa do Mundo de Futebol em 1958 na Suécia, e em 1962 no Chile contribuíram para a cobertura e as transmissões esportivas. Graças aos transistores os brasileiros puderam através dos populares radinhos, em qualquer lugar ouvir lances das competições do esporte nacional do Brasil. Com o tempo, a reportagem se aproximou da crônica, da opinião. Assim, as coberturas esportivas como setoristas nos principais clubes ganham objetividade e o que era a opinião dá lugar à interpretação dos fatos.

1.2.2 A Segmentação em FM – Frequência Modulada

FM é uma tecnologia anterior à Segunda Guerra Mundial, criada por Edwin Howard Armstrong. É uma característica desde o início, mesmo em menor alcance, pela qualidade sonora superior. No Brasil, a primeira rádio inaugurada foi a rádio Difusora FM fundada em 02 de dezembro de 1970. A FM possibilitou para o Rádio um crescimento do número de canais e consequentemente um número maior de opções para o ouvinte, que só tinham os sinais AM e ondas curtas.

O lema era de uma programação para pessoas ricas e inteligentes incluía música popular brasileira, internacional, erudita e jazz, noticiários e boletim sobre bolsa de valores. Para alguns esse pioneirismo é contestado, estudiosos apontam que a frequência modulada começa a ser utilizada no Brasil já na década de 1950 para interligar o estúdio aos transmissores, que foi proibida em 1968, quando o governo reestrutura as emissões em FM, instituindo-se processo semelhante dos Rádios AMs. A Rádio imprensa, 1955, a Difusora FM é a primeira emissora constituída com programação própria e objetivos comerciais. Até que as emissoras se equipassem com verdadeiros transmissores de FM, os poucos ouvintes que dispunham de receptores de FM, na verdade estavam sintonizando esses transmissores de baixa potência que seriam primeiramente para enviar o sinal de estúdio ao transmissor.

O próprio regime militar torna a expansão das FMs uma prioridade com a Portaria número 333, de 27 de abril de 1973, do Ministério das Comunicações. Há incentivo à indústria eletroeletrônica para que se produzam transmissores e receptores. Era estratégico

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para o governo que as cidades tivessem uma estação de rádio. Assim poderia cobrir em parte as áreas de silêncio não atingidas pelas AMs – Amplitude Modulada. Atendia interesses políticos, integrar e desenvolver o país, resguardar o território nacional e valores culturais, proteção às emissoras nacionais. FM estilo descontraído, jovem.

A Jovem Pan AM, cria em 1972, o Jornal de Integração Nacional. Com o surgimento da Embratec, código Brasileiro de Telecomunicações, contribui-se para que partes do Jornal de Integração pudessem ser geradas ao vivo em diversas cidades do país. A Jovem Pan antecipou-se aos noticiários via satélites que surgiriam nas décadas de 80 e 90.

1.3 O Rádio no RS

Ao longo dos itens anteriores pôde-se lembrar um pouco mais sobre a história do rádio no Brasil e no Mundo. Aqui veremos um pouco mais sobre a história no Rádio no Rio Grande do Sul, que de um modo geral acompanham as transformações da radiodifusão no Brasil.

Caracterizado pela difusão de mensagens sonoras à distância por meio de ondas eletromagnéticas, o rádio de início, não chega a se constituir no estado em um modo de produção de conteúdo cultural massificado. Seguem em linhas gerais, o que acontece em outras regiões do país nos anos 20 e 30 (FERRARETTO, 2007, p 22).

As primeiras transmissões pioneiras de Rádio no RS datam de 1924. Mas foi só em 1934 que a Rádio Difusora Porto-Alegrense fez a primeira transmissão oficial. O início tinha fase artesanal onde uma ou pequenos grupos de pessoas eram donos dos meios e dos seus produtos. A Difusora mudou o sistema no Rádio, de saraus e sem muita publicidade a um mercado para aumentar as vendas de aparelhos comerciais, além da geração de lucro, potencializando a publicidade no rádio, os chamados então de reclames.

Mas como aponta Ferraretto (2007), se de um lado o Rádio começava a se transformar em negócio, de outro faltavam ainda elementos para sua estruturação em nível de indústrias cultural. Até a década de 1940, o mercado publicitário tinha alimentado por verbas no comércio e da indústria local. Mesmo na década de 1950 com o espetáculo das novelas, humorísticos e programas de auditório, os esforços continuam. Em 1º de janeiro daquela década já havia 28 emissoras no RS. Porto Alegre e Pelotas, até o Uruguai, e 13 estações em municípios no centro-norte gaúcho.

De um modo geral o Rádio gaúcho e suas emissoras comerciais, acompanharam as transformações que ocorreram no Brasil e na história do Rádio. Os processos e a intervenção

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de novos padrões tecnológicos se deram a partir da década de 1990. Na década de 1940 a 1950, o rádio reproduz o cenário de Ouro de Rádio, porém uma significativa parcela população gaúcha não conseguiu acompanhar. Grande parte da população era rural e nem todos tinham energia elétrica em seus lares. Apenas um terço de famílias que possuía energia elétrica.

O Rádio também sente abalos na com o surgimento da TV. Tanto a capital quanto o interior, também sofre influências das emissoras em FM que surgiram no período dos anos 1980. Como característica principal das emissoras está o fato que todas são segmentadas. As grandes emissoras concentram-se na região metropolitana, comandadas ou ligadas ao Grupo RBS. No interior isso é mais diversificado, cada emissora leva em consideração questões regionais, socioeconômicas e culturais.

1.4 Uma Nova Reestruturação – A Segmentação das Emissoras e dos Públicos

Passado o período negro e difícil da Ditadura Militar e também da decadência, a radiodifusão no Brasil passa por um novo momento de transição. O período resume-se ao início das transmissões regulares e comerciais em frequência modulada, a popular e conhecida até hoje como FM. Esse sistema baseado em modelo norte-americano, ganha o público jovem (Ferraretto, 2001). Com isso tem-se a divisão da diferença claramente entre o segmento AM do FM.

Seguindo a tendência verificada após o final do rádio espetáculo, as estações de amplitude modulada concentram-se no jornalismo nas coberturas esportivas e na prestação de serviços à população. Este último aspecto, por vezes, materializa-se em programas popularescos centrados na figura de um comunicador que simula um companheiro para o ouvinte,enquanto explora de modo sensacionalista situações do cotidiano. Nas FMs, predomina a música. Inicia um processo de divisão do público que vai se consolidar nos anos 80 (FERRARETTO, 2001, p 155).

A década de 70 já é apontada por KOCHANN, FREIRE, LOPEZ (2011) como o início de uma nova reconfiguração inclusive dos aparelhos receptores de rádio.

Na verdade, no final da década de 70, com a consolidação comercial da frequência modulada começava um processo crescente de divisão entre emissoras musicais que exploravam a qualidade de som da FM e as rádios AM cuja programação girava em torno do jornalismo do esporte e do serviço (FERRARETTO, 2001, p.168).

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Nos anos 80 mais uma vez a história da radiodifusão mistura-se com o cenário político e com uma nova fase. O Regime começa a se abrandar com a anistia que permitia a volta dos exilados, e a liberação de presos políticos. Surgem as greves no país, também o movimento sindical e depois dele o Partido dos Trabalhadores. Quanto às mídias os cenários continuavam a pedir a liberdade da informação (Ferraretto, 2001).

O Rádio, na verdade, sempre esteve inserido no cenário político, e por muito tempo a relação entre rádio e Estado começava pelo poder de determinar as concessões das emissoras. Para consolidar-se no cenário político muitos foram aqueles que se firmaram como políticos usando as concessões como importantes instrumentos de ascensão política.

Um exemplo entre a política e a radiodifusão é o resultado da pesquisa citada por Prado (2012), que foi realizada pela Folha de São Paulo, em 1995. Os dados revelaram que um em cada seis integrantes do Congresso Nacional possuía na época pelo menos uma concessão de rádio ou TV. De acordo com o levantamento, 83 deputados federais, 13 senadores, cinco governadores e dois ministros estavam vinculados diretamente ou tinham ligações através de parentes de emissoras de rádio ou televisão.

Não bastando tudo isso e em meio a esse cenário, a radiodifusão no Brasil teve outro marco histórico, o uso de canais de satélite para a formação de redes de emissoras. Este marco data de março de 1982. A primeira emissora é a Rádio Bandeirantes AM de São Paulo. O primeiro radio-jornal tinha o nome de Primeira Hora. Era disponibilizado pelo canal Intelsate 4. As principais transmissões eram captadas pelas afiliadas em parabólicas e depois retransmitidas pelas demais emissoras como aponta Kochann, Freire, Lopez (2011).

O momento foi um marco porque as transmissões por satélites permitiam a união das grandes emissoras com as pequenas e locais. Era uma combinação perfeita de cobertura nacional a custo baixo e som de melhor qualidade com muito mais informação. A segmentação dos públicos caminhava junto com o processo de auto-identificação de cada emissora seja ela AM ou FM.

Com o movimento Diretas Já em 1984, em que as ideias e os desejos eram os mesmos numa espécie de voz unificadora: “Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos eleger o presidente do Brasil” (Prado, 2012). Nesse período a repressão diminui, mas condiciona-se à forma de outra censura, a autocensura. Por outro lado a informação ganha destaque na programação das rádios, marcada pelo cenário de efervescência política como já vimos antes.

A partir de 1985 o país começa a contar com seus próprios satélites de comunicação. Em 1989 nasce a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT). A década de 1980 marca também a característica da segmentação que surge como uma

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necessidade das emissoras. Ainda uma reformulação na parte administrativa em nível estatal, com a criação da Embratel, Telebrás e RadioBrás. Também a interiorização do Rádio no Brasil e o surgimento dos coronéis da radiodifusão.

No cenário das FMs, mesmo tendo como prioridade a música, isto não a impedia de produzir também noticiários e informações. Já no AM, o cenário é marcado pelos comunicadores popularescos radialistas carismáticos. Nomes como Elli Correia, Gil Gomes, Haroldo de Andrade, Sérgio Zambiasi e outros, conforme (Prado, 2012).

Com todo o cenário político do Brasil embora com a repressão de forma mascarada, o Rádio vai se acentuando como cumpridor de um papel informativo. O rádio relata uma série de momentos históricos e importantes. Estão entre alguns deles a morte de Tancredo Neves, a implantação do Plano Cruzado com José Sarney, a posse de Fernando Collor de Mello, e depois com o próprio impeachment, a criação do Plano Real. Ferraretto (2001) explica que com a instabilidade econômica o interesse pelas mudanças políticas e econômicas nas décadas de 1980 e 1990 reforçam o papel informativo da radiodifusão sonora brasileira.

Esse quadro só se modifica na década de 80, com a abertura política. A informação volta a ganhar força nas emissoras e isso se fortalece nos anos 90, com o incremento das tecnologias de comunicação. O ápice desta retomada é o surgimento, com credibilidade da Rádio CBN, com 24 horas de puro jornalismo (VELHO, 2011, p.03).

1.5 O Surgimento do Formato All News

O cenário da época, na década de 1990 e as transformações decorrentes foram propícias ao desenvolvimento de outro nicho de mercado: o do jornalismo 24 horas. Ferraretto (2001) aponta as emissoras pioneiras que foram: Rádio Jornal do Brasil AM, do Rio de Janeiro, Gaúcha e CBN Band News FM.

Entre os anos 1990 e 2000, o radiojornalismo teve um crescimento substancial com uma preocupação maior dos ouvintes e dos veículos da imprensa.Com o advento do computador e da internet, as pessoas passaram a ter menos tempo de estar grande parte do dia, esperando o noticiário principal para discutir os acontecimentos (PRADO, 2012, p 338).

O futuro da radiodifusão passa necessariamente pela digitalização. A década de 1980 marca o início, também das emissoras essencialmente jornalísticas. Em formato All News destaca-se a emissoras CBN, em substituição à Rádio El Dorado.

Como aponta Prado (2012) as rádios segmentadas passam a surgir com possibilidades de desmembrar públicos. A segmentação permitiu que cada emissora buscasse

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sua própria linguagem de acordo com as classes que desejavam atingir, com a segmentação, cada emissora explora nichos de mercado diferentes.

A década de 1980 é também o fortalecimento das emissoras essencialmente jornalísticas, que já traziam jornais diários, estrutura clássica de dois apresentadores para conduzir os programas, em emissoras FM. Até então, o padrão com notícias era um padrão de AM. O grande momento é também a Rádio Excelsior que se transformou em CBN, Canal Brasileiro de Notícias. Assim a informação até então AM passa a ser FM, para, além disso, em um padrão 24 horas. Um marco, o que depois será entendido com hard news ou all news.

1.5.1 Os Equipamentos e as Substituições

No início da década de 1990, as emissoras ainda eram repletas de máquinas de escrever, fitas de rolo, cartucho, fitas cassetes, DAT, MD, conforme (Prado, 2012). Uma modificação e mudança nos equipamentos agilizaria o processo de escolha e edição de conteúdo. E mais uma vez o rádio vai se adaptando às modernidades que surgem. O público sempre acompanhou o rádio nas novas plataformas que foram surgindo. A década de 1980, também é marcada pela segmentação que acontece tanto em gêneros musicais quanto em classes sociais. A partir de então, a tecnologia foi se incorporando cada vez mais ao rádio inicialmente aperfeiçoando-se com o uso do telefone fixo, e computadores. Para Kochann, Freire, Lopez (2011) o telefone móvel substituiria as unidades móveis. A mudança foi tão rápida que apenas uma década depois já estão disponíveis recursos são celulares, tablets e

smartphones.

Na década de 1990 o rádio já está sólido, após um período de preocupação com a informação, ajustes, testes, começa a misturar as programações locais e em rede. O Rádio se solidifica e se preocupa com a linguagem, conforme Prado (2012), afinal, era preciso igualar uma fala única que pudesse atender a todos os brasileiros. Embora com período de decadência, a década de 1990 ainda se caracteriza pela transmissão das radio-novelas.

A segmentação permitiu que cada emissora buscasse sua própria linguagem de acordo com as classes que desejavam atingir, pois, nela, cada emissora explora nichos de mercado diferentes. Segundo a ABERT o sinal FM é o mais ouvido no Brasil.

1.5.2 O Início da Evolução Tecnológica

Entre os anos 1990 e 2000, o radiojornalismo teve um crescimento substancial com uma preocupação maior dos ouvintes e dos veículos da imprensa. Com o advento do

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computador o noticiário principal torna-se mais objetivo, deixando para outras situações a discussão dos acontecimentos. Dessa forma a linguagem se tornou mais sintética, mais ágil.

Na década de 1980 e início de 1990, as redações ainda estavam repletas de máquinas de escrever, equipamentos analógicos. Em 1983, surge o Sistema Nacional de Rádio Educativo, através do Ministério da Educação, que visava reunir as rádios e as televisões educativas em um só sistema, lembra Prado (2012). As educativas estavam na fase de operação ou mesmo em fase de instalação. Já em 1988, com a nova constituição brasileira, são estabelecidos três sistemas de radiodifusão no Brasil: o privado, o estatal e público.

Com as novas fases da reestruturação do radio, isso dá ao rádio um renascimento, e também a agregação de novos formatos ao rádio. Consequentemente surgem novas demandas como aponta Lopez (2012). O jornalismo radiofônico assume um caráter mais dinâmico e presente no palco dos acontecimentos. E mesmo sendo considerado importante o telefone fixo já não dava mais conta de acompanhar as mudanças e exigências. Os telefones celulares são muito importantes na atualidade, e conforme Lopez (2012), eles são utilizados para transmissão ao vivo, contrapondo-se aos telefones fixos, visando à mobilidade. Depois, com a chegada da internet, aos anos 1990 marcam uma nova configuração, o rádio via internet, como descreve Kischinhevsky (2007). O que era antes uma transmissão em canal mono, estéreo, AM, FM, passa a ser em caráter mundial, como se isso fosse uma nova característica de identificação do rádio e que também muda a audiência.

Livre ou comercial, o mais relevante nessas novas estações é a radical mudança de cultura do ambiente da audiência, que pode passar a programar o que deseja ouvir como no caso da Net Rádio, “emissora exclusivamente virtual a transmitir, pioneiramente 24 horas por dia” (KISCHINIESVKI, 2007, p 155).

Parece estranho falar ora de rádio tradicional com transmissão de ondas eletromagnéticas, ora de webrádio. De repente é como se as fronteiras do sistema de radiodifusão tornaram-se indefinidas. Isso quer dizer que as limitações não são terrestres, mas a partir dessa década por satélite, cabo e internet. Surge o rádio multimídia, conforme Velho (2011) o rádio na internet, que compõe, então, de outros recursos tecnológicos. Existe a possibilidade de os textos verbais (escrito) e visuais se somarem à voz, à oralidade, aos efeitos sonoros e à música. O processo verbo-voco-sonoplástico se amplia para o visual-verbo-voco-sonoplástico.

A década de 1990 surge, como afirma Lopez (2010), como um momento de introdução das emissoras na internet e este foi um processo gradual, em que a televisão e os jornais foram os primeiros veículos a migrar, e a construir conteúdos específicos. A internet

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provoca no rádio, segundo Hererros (2001), novos ecossistemas de meios: “Ahora nos adentramos em un nuevo ecossistema de médios em el que La radio sufre outro choque y, em concuencia, busca su reajuste, su redefinición y desarollo de nuevas estratégias para mantener su competitividad”1.

O rádio usa a rede mundial de computadores com fonte de conteúdo e suporte de transmissão. Com a ida dos profissionais de rádio para a TV, tem-se a segmentação do público ouvinte. Dessa forma, passam a existir diferentes tipos de emissoras como as jornalísticas, populares, musicais e religiosas e também as chamadas jovens e adultas. As rádios web surgiram como extensões das emissoras, AM/FM, e desde então não pararam mais.

E assim era inicialmente rádio e toca-discos, toca- fitas. A incorporação dos sistemas vitrola do Rádio FM nos próprios dispositivos. Os tão conhecidos 3x1. Era possível gravar em fitas cassetes os programas ou músicas do rádio.

Podemos indicar essa como umas das primeiras iniciativas de desenho de conteúdo personalizado pelo ouvinte a partir da programação que ia ao ar, o ouvinte construía uma “programação” própria, que mantinha a identidade da emissora através das vinhetas, mas construía uma proposta do ouvinte para aquele conteúdo. Esta lógica reforça ainda mais a função de jukebox incorporada pelas emissoras FM a partir deste período, o que seria aplicada anos depois com a veiculação online de conteúdos transmitidos em antena (KOCHANN, FREIRE, LOPEZ, 2011, p. 273).

Além da segmentação seguem o consumo dos walkmann que tinha toca-fitas e rádio AM/FM, também boom Box. Há mudanças no consumo que agora é individualizado. Marca também o surgimento de outros eletrônicos, como o rádiorrelógio, e televisões portáteis, o que possibilitou ao rádio integrar e fazer parte da vida das pessoas. A informação de proximidade atua em paralelo à informação nacional e internacional através da integração do rádio às televisões portáteis. Depois disso todos esses episódios fazem do rádio e que se acelera e o processo de digitalização dos arquivos de áudio e de transmissão.

Um rádio que antes era limitado a uma frequência AM ou FM. As possibilidades de escuta de interação foram transferidas para plataformas digitais. Mesmo que o radio continue como meio tradicional, a internet, mp3 e os celulares fizeram com que a proximidade fosse maior com o público.

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Frente ao novo sistema midiático o radio busca de redefinir busca novas estratégias em meio ao cenário de competição.

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O radiojornalismo altera suas rotinas a partir da década de 1990. Há o uso do telefone celular e da internet como fonte e suporte para a informação e esse é o embrião e ao mesmo tempo o início do processo da convergência. A internet foi aliada no processo de geração e difusão da informação. O novo cenário da convergência configura o rádio como software, conforme Kochann, Freire, Lopez (2011, p.276). Como os aplicativos vêm substituindo os web sites, graças ao seu poder de adaptação, eles exploram cada plataforma e potencializam a interatividade e as multimidialidades.

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2. O CIBERESPAÇO

Como vimos anteriormente no final da década de 1990 e início dos anos 2000, com a chegada da internet, o cenário das relações entre meio de comunicação e público altera-se definitivamente e se constitui como um caminho sem volta. Assim, um novo cenário, um novo ciberespaço que é definido por Lévy (1999) como um espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. O ciberespaço propicia novos modos de comunicação e de interação.

Ferrari (2010) diz que por ter plasticidade e ser elástico, o ciberespaço nos permite misturar, articular e incorporar formatos não-textuais em textuais, imagens em sonoras e vice-versa. Vivemos hoje uma mutação tecnológica. O momento é de avanço científico e tecnológico, onde são hibridizados, o telefone, todos os meios de um modo geral e, claro, os computadores. O cenário faz com que o leitor faça sua própria navegação, e toda transição é um processo evolutivo.

A afirmação inclui também a mudança na comunicação eletrônica, onde os conjuntos de redes hertzianas e telefônicas clássicas passaram a transmitir informações de fontes digitais, ou com fins de digitalização. Lévy (1999) cita a possibilidade de acesso a distância aos diversos recursos de um computador, a disponibilidade de acesso a uma informação pública via meio virtual, também a transferência de dados ou upload cada vez mais ligado com as novas tecnologias.

Em resumo o ciberespaço permite a combinação de vários modos de comunicação. Encontramos, em graus de complexidade crescente: o correio eletrônico, as conferências eletrônicas, o hiperdocumento compartilhado, os sistemas avançados de aprendizagem ou de trabalho cooperativo e enfim, os mundos virtuais multiusuários (LÉVY, 1999, p. 104).

Deste modo vem a caracterização de uma nova cultura a cibercultura, que trata-se como algo que não tem centro, nem linha diretriz, que aceita tudo, que não apresenta conteúdo particular. Para Lévy (1999), as implicações culturais e sociais do digital se

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aprofundam e se diferenciam a cada nova interface, a cada aumento de potência ou capacidade, a cada nova ramificação para outros conjuntos de técnicas. Santaella (2003) diz que a cibercultura tanto quanto quaisquer outros tipos de cultura, são criaturas humanas.

A tecnologia digital permite armazenar, reproduzir e conduzir a informação através de um sistema de numeração binária, seja de dados, imagens ou sons, em um reduzido espaço físico para seu armazenamento, mediante à técnica de compreensão.

Para Silva (2011), a antiga estrutura da comunicação foi alterada e continua em desenvolvimento. É notória a influência dos computadores nas relações humanas com a técnica. “O manifesto desenvolvimento tecnológico aliado ao processo comunicativo, veio permitir e sustentar a modificação na forma como as pessoas se relacionam, baseando essa relação na mediação tecnológica, da qual a internet é o mais potente nato. As novas tecnologias impõem novos patamares de difusão” (SILVA, 2011). O ciberespaço está ainda em construção.

Lévy (1999) também previa desde então que cada vez mais os elementos do ciberespaço continuariam progredindo com objetivos claros de integração, interconexão entre sistemas cada vez mais interdependentes, universais e transparentes. Seja qual for o texto, ele é o fragmento talvez ignorado do hipertexto móvel que o envolve, o conecta a outros textos e serve como mediador ou meio para uma comunicação recíproca, interativa, intercomunicativa, E foi assim que uma nova ecologia das mídias foi se organizando ao redor das bordas do ciberespaço, também apresentando um paradoxo central cada vez mais universal (extenso, interconectado, interativo), mas que se caracteriza e se molda sempre como respostas provisórias e grande número de inter-relações, individual de cada agente.

A sociedade atual e proveniente do ciberespaço busca uma informação individualizada. Como aponta Ferrari (2010) o pressuposto da mídia eletrônica prevê uma alteração nas informações dos meios tradicionais que passa a ser unívoca, a era digital está invertendo o cenário da baixa capacidade de acesso. Aos poucos foi surgindo uma unidade global.

As comunidades linguísticas que tinham constrangimento ou controle social no Estado moderno perceberam que a www tornou-se um novo canal de mídia capaz de criar unidade global, em que os membros de qualquer unidade cultural ou linguística podem se organizar e agir nesse ambiente virtual como uma resistência organizada, independentemente da limitação territorial (NOJOSA, 2010, p.70).

Referências

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