JOÃOVIERALOPES
António Costa é uma pessoa complicada a gente fala com ele e fica
sem perceber o que pensa JoãoVieiraLopes presidentedaConfederaçãodo
ComércioeServiçosdePortugal CCP temocanudodeengenheiroelectrotécnico mas
nunca exerceu a profissão Descobriu a vocação para gestor na Associação de Estudantes
do Técnico da qual foi presidente em 1970 Lutou contra o regime nos movimentos
estudantis e depois do 25 de Abril foi um dos fundadores da UDP Quando descalçou as
sapatilhas da política entrou no mundo das empresas Agora prepara se para concorrer a
um terceiro mandato à frente da CCP Nos tempos livres é o jazz que lhe enche a alma
FILIPA LINO MIGUEL BALTAZAR
Jornal Negócios
1/4 a 9 S/Cor 8604 cm2 18239 Nacional Economia/Negócios DiárioWeekend
Tiragem: Âmbito: Classe: Periodicidade: Temática: Dimensão: Imagem: Página (s):02022018
SociedadeÉ um engenheiro electrotécnico que se dá
mal com as novas tecnologias Verdade Costumo dizer que o curso foi ura erro de casting familiar O meu pai era enge nheiro geógrafo Quando chegávamos ao 5
°
anodo liceu tínhamos deescolher umaárea
Não sabia muitobem para onde havia de ir eopteipelachamada linhaF quedavapara engenharia medicina veterinária enfim
para tudo O Técnico era uma escola com
prestígio mas assim que lá cheguei vi logo quenãotinhavocação Só que haviaum pro blema Se tentasse mudar para outra esco
la tinha de voltar a fazer outra alínea no li
ceu eperdia o adiamento do serviço militar
Era certo que ia paraAfrica Como necessi
tavam demédicos e engenheiros nas Forças
Armadas davam nos até aos 27 anos para
acabarmos o curso
Deve ter sido um martírio tirar um curso
de que não gostava
Foi complicado Afamília não aceitou muito bem o facto de eu ir gerindo as cadei ras que iafazendo Arranjei alguns ganchos
de remuneração como rever provas para o
Círculo de Leitores oufazerinquéritos para o INE Neste processo interessei me pelo
movimento associativo Estive no Cineclu be Universitário e depois na Associação de
Estudantes do Técnico que em 1969 1970 facturavacercade 20 mil contos hoje seriam
uns milhões deeuros Aassociaçãotinha 85
empregados porque geria a cantina a cha
mada secção de folhas onde fazíamos os
livros para as diversas cadeiras e tínhamos um departamento de turismo que a seguir ao 25 deAbril deu origem à agência de via gens Tagus
0 facto de ter estado na associação de es tudantes deu lhe treino como gestor Achoquefoiláquedescobriaminhavo cação Foi uma alturadebastante activismo político anti regime O Técnico passou por uma situação peculiar Em 1968 as alunas que pertenciam à Juventude Universitária Católica e as que estavam na associação re
solveram acabai comasaladas alunas onde só podiam entrarmulheres Puseramláuma
máquina de café e aquele espaço foi trans
¦ formado numa sala de convívio O
director
do Técnico perdeu a cabeça fez queixa ao
Ministério da Educação cujo ministro era
o professorJosé Hermano Saraiva e ao Mi nistério do Interior Dizia se que vinha aí a revolução sexual O Técnico foi ocupado pela polícia fecharam a associação durante um ano e a direcção foi expulsaAmaiorpar te deles emigrou para a Alemanha Depois mudou oministroda Educação ficou com a pasta Veiga Simão e o director do Técnico também mudou e passou a ser o professor Fraústo da Silva que chegou a ser ministro da Educação depois do 25 de Abril Eram pessoasmais abertas e negociou se areaber
tura da associação Naquele tempo os no mes dos dirigentes associativos tinhamde ir à PIDE para ver se não eram politicamen te suspeitos Então o presidente dessa pri meira direcção da associação foi o Mariano Gago que era o melhor aluno do Técnico e portanto uma pessoa insuspeita E um dos vice presidentes fui eu porque como estava ligado ao Cineclube Universitário sabia como funcionava uma associação
Como foi ser vice de Mariano Gago
Éramostodosjovensdevinteanos Não
tínhamos experiência nenhuma Aprende mos várias coisas desde questões laborais de gestão aos problemas financeiros Foi bastante interessante Tínhamos longas dis cussões reflectíamos Depois houve a crise estudantil de Coimbra fizemos movimen tos desolidariedade emanifestações emLis boa Na célebre final da Taçade Portugal en tre o Benfica e a Académica que decorreu em 1969 no Estádio Nacional pusemosfai
xas contra o regime
Alguma vez foi preso pela PIDE Não Mas a direcção foi chamada algu mas vezes para ser interrogada Havia vigi
lâncias tínhamos de ter cuidado com os te
lefonemas
António Guterres também foi seu colega no
Técnico
Eletem menos dois anosdoqueeue com estatal gestãodecadeiras acabeiporapanhá
lo na parte final do curso Era uma pessoa sempre conciliadora Tentava sentar toda a genteàmesaafalar Naquelaaltura cadaum achava que era mais radical do que o outro Havia guerras políticas pronunciadas entre pessoaspróximas do Partido Comunistapes soas próximasdosmovimentos marxisfas le
niilistas os católicosde esquerda E oAntó nio Guterres sempre teve um papel concilia
dor
Quando é que entrou na vida política acti
va
Foi mais oumenos na parte final daAs
sociação de Estudantes do Técnico Eu o
Mariano Gago e outras pessoas andámos metidos em movimentos contra o regime Toda a gente criava grupos
Em 1972 foi para Paris Porquê Foi um misto deduascoisas Porum lado
comojá estava na ponta final do curso tinha de decidir se iria fazer a tropa ou não E por outro lado tinha receio de ser preso Estava defériasem Paris quandomuitagente quees
tava envolvida nestes movimentos estudan
tis foi presa E eutomei a decisão de ficarlá
0 que é que fez em Paris
Muitacoisa Fiztrabalhos para o Centro de Cultura Portuguesa O meu pai era ami go do Professor Vitorino Magalhães Godi
nho que foi ministro da Educação a seguir
ao 25 deAbril Ele arranjou meuns contac tos Na altura nãohavia computadores eha via um trabalho que dava até ao fim das ge rações queerafazero índiceonomásticodos livros que lá estavam
Devia ser um trabalho chato
Era mas ajudava a ganhardinheiro
Voltou já depois do 25 de Abril Não voltei um bocadinho antes Vim
com documentos falsos Depois deu se o 25
deAbril e como costumo dizer fiz o circui
to político da minha geração Chegou a acabar o curso
Sim Mais tarde fui parao Técnicoestu dar à noite Havia uma questão Se tivésse mos ocurso completo não nos davam o pas saporte foitambém porisso quedeixei duas cadeiras por fazer para podertirar o passa porte Passados uns anos voltei e acabei Mas não serviu para nada
Sente se engenheiro
Não risos Aliás quando telefonavam para minhacasaachamar me engenheiro Paramim o engenheiro erao meupai E de pois estive muitos anos em multinacionais onde essas questões dos títulos académicos
não se levantam Lá os doutores eram os doutorados Trabalhei numa empresa ale
mãde detergentes onde os doutores eramos homens do laboratório que eram doutora dos em Química Ninguém se tratava por
doutor
Porque é que acha que os portugueses dão
tanto valor a isso
NãoseiÉumacoisaumbocadoprovin
ciana Que eu saiba os países onde isso su cede é em Portugal eem Itália Em Espanha não ligam nenhuma Talvez sejaporque du
rante várias gerações a grande ambição era
que o filho fosse licenciado era uma prova
de ascensão social Isso foi se diluindo até
porquehouveumamassificação As pessoas
às vezes não têm noção mas antes do 25 de
Abril havia em Portugal 30 liceus Hoje há
600 escolas secundárias O número de pes
soas que tinhaacesso ao ensino superiorera
limitadoe davaemprego eestatutoquaseau
tomaticamente
Depois do 25 de Abril esteve ligado à fun dação da União Democrática Popular
UDP
O núcleobasedaUDPeracompostopor
pessoasquevinhamdomeioestudantil Hou ve dois núcleos de pessoas que se moviam nesses movimentos políticos mais à esquer
Jornal Negócios
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Sociedadeda Um fundou o Movimento de Esquerda So
cialista MES e outro fundou a UDP As pes soas não se reviam no modelo da União Sovié
tica e tinham expectativas de encontrar mode
los de desenvolvimento económico e social di
ferentes Olhavam para aChina parao Vietna
me para a Jugoslávia para Cuba para aAlbâ nia paraesses países todos Foram essasdrcuns tânciasque levaramtantas pessoas aquerercriar
alternativas políticas Eu estava mais ligado à
organização e ao trabalho parlamentar O de
putado daUDPera o Carlos SilvaReis que era
da minha turma no Técnico Estavajunto do Parlamento e dos sectores dos advogados dos médicosedosfuncionáriospúblicos Apartirde
certa altura houve uma radicalização muito
grande enão me identificava com isso Não sòu muito disciplinado Sou cioso da minha inde
pendência e autonomia A militância obrigava a engolirmuitos sapos adefendercoisas em que
não acreditava e portanto em 1977 78 como
costumo dizer descalcei as sapatilhas e saí Nunca mais tive filiação política
Ficou traumatizado com o PREC
Não é traumatizado Achei que não tinha
perfil Ao longo da vida tive comités para ser deputadodo PS edo PSDeparaoutros cargos
públicos Nunca aceitei Considera se apolftico
Apolíticonão sou Alguns dos meus amigos antigos acham que devo ser de direita Prova velmente para muitos colegas das lides asso ciativas empresariais devo ser de esquerda
Houve pessoas que se aborreceram consigo quando passou para o lado dos patrões Não Fazem seuns almoçosdos antigos di rigentes daAssociação de Estudantes do Téc
nicoe aparecem aspessoas mais diversas Nun
cahouvequalquerhostilidade Nãomearrepen
do do percurso que fiz Há coisas com as quais
hoje não concordo defendi pessoas que hoje não concordo mas acho que isso faz parte da evoluçãonatural Todaestaexperiência acumu lada foi muito importante para mim para gerir empresas nas relações humanas para repen sar as coisas dozero quando é preciso
Como é que foi parar ao sector do comércio e serviços
Quando em 1977 78 abandonei a activida de política fui tratarda minhavidaprofissional Respondi a um anúncio para a maior empresa de estudos de mercado do mundo que era a
Nielsen Mandaram mefazerformaçãopara a
Suíça O background do Técnico ajudou me bastante na estatística e outras coisas do géne
ro Estive quatroanos atrabalharemestudosde
mercado Depois fui convidado para director comercial da Compal e a seguir fui para multi
nacionaisnaáreadosprodutosdegrandeconsum
europeusea certaaltura cansei medeandar
de avião Fazia50ou 60deslocações porano
Já não podiacom aeroportos Um dia umas pessoasconhecidasqueestavamligadasaesta área dos cash and carry convidaram me para trabalharcom eles
Está satisfeito com o facto de os portugue
ses neste momento terem mais poder de compra
Aminha sensibilidade em relação a esta
situaçãoéumbocadocontraditóriaPorum lado é evidente que é positiva alguma recu peração do poder de compra Portugal tem uma característica quando há quebra na economia o consumo cai mais do que aeco nomia Foi oque sucedeu durante acrise As
sim como neste momento está a subir mais
do que a economia É um país um bocado
contraditório neste tipo de reacções Isso
também tem a ver com a gestão das expec
tativas E nessecontexto este Governo tem
conseguido fazer gestão de expectativas Agora do ponto de vista de alguns proble mas estruturais daeconomiaportuguesa os desequilíbrios estão muito longedeestai re
solvidos Evidentemente tivemos um
boom turísticoqueajudou masessaéuma área com alguma volatilidade
Como encara a vinda da Amazon para Por
tugal
Acho que àsvezessomos umbocadinho provincianos Isso é positivo dentro deste
movimento todo E importante que Portu
galseestejaatransformarnumcentrodeser
viços partilhados das grandes empresas
Aliás nós aqui na CCP fizemos um estudo com a Ernst Younge chegámos a conclu sõesbastante interessantes Portugaltempo tencial porvários aspectos Primeiro a loca lização geográfica que sendo periférica em
termos físicos na Europa com as novas tec
nologiasnãoé Temosumaqualidadedevida atractiva emtermos de clima de segurança na capacidade relacional Os portugueses são pessoas que se relacionam bem têmfle xibilidade para línguas E acima de tudo te
mos o desenrascanço português É uma
característica muito interessante Tem é de
sermais organizada Somosbastante bons a improvisarface asituações novas
Falando agora no comércio tradicional como é que as empresas se estão a rein ventar tendo em conta que as gerações
mais jovens de consumidores têm carac
terísticas diferentes
Está a haver uma revalorização do co mércio deproximidade Aspessoas nãotêm
noção mas em Portugal há mais de 4 mi
lhões de metros quadrados de grandes su perfícies Portugal foi um país que esteve
muitos anos asfixiado em termos de consu
mo até à adesão à Comunidade Europeia
Havia aspirações de todos os segmentos da sociedade mesmo nos de menor poder de compra Seformosver as pessoas passarem o fim de semana a passear com a família num hipermercado para comprar arroz massa e feijão é um sintomade atraso cultu
ral Não é um sintoma de modernidade E
hoje em dia as gerações mais novastêm ou tro tipo de aspirações para os tempos livres
Mas isso explica a tal revitalização do co
mércio de proximidade
Háváriassituaçõesqueoriginaramisso Uma é a mudança de geração outra é o en velhecimento da população Osmais velhos têm problemas de mobilidade E a terceira é a quebra de poder de compra As pessoas quando vão a uma loja grande enchem o porta bagagem de coisas e não há dinheiro Com a crise aumentou a frequênciadecom praebaixou ovalordacompramédia
Ficámos viciados em promoções Completamente Portugal éopaísdaEu ropa onde 52 das compras são feitas em
promoção E único Em Espanha são 39
Oqueacabaporserartificial Éevidenteque
para darpromoções tão grandes apartirde
certa altura os industriais para se defende rem subiram as tabelas de preços Compra
mos ao preço normalpensando queestamos
a fazer umgrande negócio
Isso significa que estamos a ser engana
dos
Já foi ao Grande Bazar de Istambul Já
sabemosqueseostiposdisseremque aqui lo é 100 vamos levarpor30 Senão regatear mos somos enganados Acho que ninguém
é enganado Faz parte da idiossincrasia As
pessoas gostam de comprar em promoção
Pensam que estão a fazer um bom negócio
Estive muitos anos na indústria e sei quais
sãoas margenscomquesetrabalha Écom
pletamente impossíveldarestesdescontos em alguns casos se não seempolarem asta
belas Senão a indústria fechava as portas
Criou se este ambiente Por isso é que faço
sempre acomparação com o Grande Bazar
deIstambul
Como tem sido a sua relação com a cha mada geringonça
Há questões em que é mais fácil eháou tras em que é mais difícil Neste formato de governo há uma pressão muito maior para
a revisãode legislação laborai no sentido que
os sindicatos interpretam como a garantia
de direitos No governo anterior não tínha
mos isso mas em contrapartida houveuma
recessão claramente acima daquilo que se
ria necessário Parahaver mercado é preci so haverequilíbrio Este Governo dessepon to de vista facilitou nos mais avida porque
alguma recuperação dopoderdecompraali
mentou o mercado interno Mas tudo o que
tenha que ver com legislação laborai e ou tras questões fiscais burocracia ete este
Governo é contraditório Por um lado tem
o Simplex que é positivo mas poroutrocada
vez há mais burocracia fiscal O número de
horas que uma empresa tem de dedicar a
cunprirformalismosdificultaetem custos Pela primeira vez em 10 anos não houve
um acordo na concertação social Não houveporqueovalordo salário mí
nimo está predeterminado É sempre mui
todesagradáveldiscutirsaláriosdestaordem de grandeza Mas tem de ser discutido por que é uma variável na economia Na CCP sempre defendemos o aumento do salário mínimo achamos é que deveterumconjun to de indexantes económicos e uma compo nente social e não fazer um acordo político prévio em que se estabelece um valor inde pendentemente da evolução daeconomia Os salários representam x nos custos de uma empresa Se eu não puderrepercutirto talmente nos preços dos produtos que ven do e a produtividade também estiver baixa o que é que eu faço Se me empurram mui to de baixo eu subo menos os salários mé
dios e os de cima
0 que pode criar situações de injustiça O problema aqui é que independente mente da componente social o salário mí nimo é umavariável económica porque de pois éum indexanteparaum conjuntodeou
tras coisas Mas isto não é dramático O Go verno fez o acordo os valores são o que são Eu discordo édo método de decidiro salá
rio mínimo num acordo político que é feito independentemente da economia E quan do foi feito nem sequer era previsível este crescimento económico O que nós propo mos équeseenquadre isso num conjunto de medidas paraasempresase o Governo des tavez apresentou nos umapropostaquenão
considerámos aceitável
Como é habitualmente o ambiente na con
certação social
E bastante informal A concertação so cial apesarde tudo consolidou se comoum canal de comunicação entre nós parceiros e dos parceiros com o Governo Isto é muito mais importante doque àsvezes asconclu sões que saem de lá Criou se um conjunto
de mecanismos de interlocução e de comu nicação entre nós Houve um dos elementos datroikaque umavez disseque nuncatinha
estado num país onde sindicatos e patrões
estivessem deacordo Na altura tantoas con
federações sindicais como patronais esta
vam contraasmedidas datroika queprovo caram a recessão e o encerramento de em
presas Houve dois anos em que fechavam
100 lojas por dia Atroika tinha uma visão darwinista achava que a crise ia seleccio nar os melhores Por isso é que eu digo cia
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Sociedaderoquehávisõesdiferentes háposições diferen
tes há interesses diferentes mas há uma rela
ção cordial na concertação social E tratamo nos pelo primeiro nome Não há formalida
des É oAntónio oArménio o Carlos o João
É tão descontraído a ponto de contarem ane
dotas para desanuviar o ambienteSim Toda a gente manda umas piadas fu tebolísticas AquiIo agora está mais equilibra do mas durante muito tempo éramos todos
sportinguistas exceptooAntónio Saraiva pre
sidente da CIP que é do Benfíca Agora é en
graçado Eu eo Francisco Calheiros presiden
te da Confederação do Turismo somos spor
tinguistas Ele mais doentedo que eu risos O presidente da CAP Eduardo Oliveirae Sousa
e oArménio Carlos da CGTP são do Belenen ses O Carlos Silva da UGT e oAntónio Sarai
va são do Benfica
Em relação à troika qual foi a situação mais
estranha que teve com os representantes das
instituições credoras
Com atroika tínhamos a ideiade queestá vamos a falar para um muro Tinham um con junto de ideias preconcebidas sobre o modelo que estavam a aplicarnaGréciae aqui em Por tugal Era uma visão dogmática daquele mo delo Portanto praticamente não havia diálo go Só com a delegação do FMI é que tivemos diálogo com bastante profundidade de análi sedas consequências das medidas O FMI sem
pre foimuitomaisflexível pelomenos nos con tactos bilaterais O homem do BCE Rasmus Riifferque esteve cá a maior parte do tempo não abria a boca Quando falou na última reu nião para nós até foi um espanto
Nessa altura era impensável ter o ministro português das Finanças como presidente do
Eurogrupo Éramos o mau aluno da Europa
Isto em política um ano antes deste for
mato de Governo se me perguntasse se ele era viável eu dizia que não Nessas coisas acaba mos por ter de assumir umgrande pragmatis
mo
Como foi a reunião com Cavaco Silva quando ele ouviu os parceiros sociais sobre a forma
ção deste Governo
Ele tinha a expectativa de quenós criticás semos aquele modelo governativo Aliás a maiorparte das confederações criticaram Foi aí que eu lhe disse Nós nascemos no PREC negociamos com todos os governos O Gover no é um problema que o senhor tem de resol vercom os partidos e comaAssembleia da Re pública Não me meto nessa guerra Não gos tou Sabe terfeito assembleias geraiscom mi lhares de estudantes rodeado por polícia de choque e outras coisas do género depois des sa experiência terum Presidente da Repúbli caouum primeiro ministroa levantaravoz não é propriamente uma coisaque assuste
Isso aconteceu consigo
Sim com o Sócrates numa reunião bilate
ral quando era vice presidente da CCP Era agressivo quando não se concordava com ele
Foi o primeiro ministro mais agressivo com
quem teve de lidar
QuandovimparaaCCP eraoAntónioGu terres Mas na altura eu não tinha funções exe
cutivas Falei com ele uma ou duas vezes De
pois o Durão Barroso e o Santana Lopes aqui lo foi tudo muito rápido O Sócrates era mais
agressivo quando se estava em desacordo O
Passos Coelho não era uma pessoa agressiva
era debom relacionamento Um bocado fecha
do para mudar de ideias mas não era agressi vo OAntónio Costaé uma pessoa complicada porque agente falacom ele e fica sem perceber o que é que ele pensa risos
De onde vem a sua paixão pelo jazz Fui aoprimeiro Festival de Jazzde Cascais
em Novembro de 1971 Na altura aquilo era subversivo E depois tinha um amigo com a pancada dojazz que foi meu colega de liceu
einfluenciou meumbocado Ele foi crítico de
jazz muitos anos oAntónio Curvelo Não vou
a uma cidade sem ir pelo menos a um ou dois clubes dejazz Eu tenho uma tese e que é en quanto puder mexer me bem quero ir o mais longe possível Há dois ou três anos fui ao Ja
pão já fizvários circuitos nos EUA evousem