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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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Acórdão 1a Turma

DANO MORAL - REPARAÇÃO PECUNIÁRIA. A

indenização por dano moral proveniente de acidente de trabalho tem duplo efeito: compensar o sofrimento do empregado pelos danos causados à sua saúde e evitar que o empregador reincida na culpa, repetindo as mesmas falhas que causaram o acidente de trabalho.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso

Ordinário, onde figura como recorrente, JOÃO BATISTA PEREIRA, e como

recorridos, I) USIMINAS MECÂNICA S/A, II) VALE S/A.

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante às fls. 302/305, objetivando a reforma da sentença de fls. 299/300, verso, proferida pela MM. 2 Vara do Trabalho de Volta Redonda, da lavra do ilustre Juiz THIAGO

RABELO DA COSTA, que julgou improcedente o pedido.

Sustenta em síntese que o acidente de trabalho do qual foi vítima ocorreu por culpa exclusiva da reclamada que não tomou as medidas adequadas de segurança.

Requer a condenação das reclamadas ao pagamento de indenização por dano moral e honorários advocatícios.

Contrarrazões da Usiminas às fls. 308/313, com preliminar de não conhecimento por falta de fundamentação e, se ultrapassada, no mérito, protestando pela manutenção da sentença.

Contrarrazões da Vale às fls. 315/318, verso, com preliminar de não conhecimento por falta de fundamentação e, se ultrapassada, no mérito, protestando pela manutenção da sentença

É o relatório.

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DA PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO DO RECLAMANTE POR FALTA DE DIALETICIDADE, ARGUIDA EM CONTRARRAZÕES

As reclamadas arguem a preliminar de não conhecimento do recurso da reclamante alegando que não foram atacados os fundamentos da sentença no tocante à nulidade da dispensa.

Sem razão a reclamada.

Ao contrário do alegado pelos réus, o reclamante em suas razões aprofundou-se na questão pelas quais entende merecer reforma a sentença, alegando omissão das reclamadas no que se refere à segurança de seus empregados..

Ademais, ainda que assim não fosse, a interposição de recurso ordinário devolve ao Tribunal a apreciação de toda a matéria decidida em primeiro grau, e assim sendo, tenho como suficientes os fundamentos relativos ao conteúdo das razões de decidir da r. sentença de origem.

Por derradeiro, a Súmula nº 422 do Colendo TST é de aplicação exclusiva ao processos de sua competência.

Rejeito a preliminar. DO MÉRITO

DA RESPONSABILIDADE PELO ACIDENTE DE TRABALHO

O reclamante investe contra a decisão recorrida que julgou improcedente o pedido de indenização por danos morais decorrentes de acidente de trabalho.

Alega que o acidente ocorreu por culpa exclusiva do empregador que não tomava as medidas de segurança adequadas para a proteção de seus empregados.

Com razão o reclamante.

O reclamante alegou na inicial que no dia 12.11.2007, quando prestava serviço para a segunda ré, ao passar por um “caminho para pedestre” caiu, sofrendo fratura no maléolo lateral do pé esquerdo e que, apesar da emissão da CAT -

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Comunicação de Acidente do Trabalho, foi dispensado em 12.12.2007.

Aduziu, ainda, que ficou afastado por 25 (vinte e cinco) dias, com o seu ponto registrado pelos prepostos da primeira ré.

A segunda ré alegou que não era a empregadora do autor e por esta razão não poderia contestar os fatos relativos ao acidente de trabalho.

A primeira ré, admite o acidente de trabalho, alegando que o autor, enquanto buscava água, ao retornar ao local de trabalho, pisou em falso, por inteira falta de atenção, ocasionando a sua queda e torção no pé direito.

Fixada a lide, restou incontroverso o acidente de trabalho e as consequências sofridas pelo autor, restando apurar, apenas, a responsabilidade de cada uma das partes no episódio e a extensão dos danos sofridos pela vítima.

Há que se considerar, inicialmente, que empregador é a empresa (pessoa física ou jurídica) que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, dirige e assalaria a prestação pessoal de serviços de ordem não eventual e subordinados de determinada pessoa física.

A expressão "assumindo os riscos da atividade econômica", contida no

caput do artigo 2º. da CLT não se restringe ao aspecto financeiro, abrange, também,

as atividades profissionais do empregado comandadas pela empregadora, que é a detentora dos meios da produção.

Constitui obrigação da empresa não apenas implementar medidas que visem a redução dos riscos de acidentes, mas também ações concretas hábeis a ampliar a segurança do trabalhador no local de trabalho.

O risco da atividade econômica significa também risco de acidente no ambiente de trabalho.

Neste contexto, a culpa da empresa pode ser de natureza omissiva ou comissiva, inclusive no tocante ao dever de vigília, quanto à pessoa do empregado, ao local e forma de trabalho, uma vez que, nos limites do ius variandi, ao dirigir a prestação pessoal de serviços, a empresa enfeixa em sua órbita, ainda que potencialmente, os poderes organizacional, diretivo, fiscalizatório e disciplinar.

Quanto ao acidente do trabalho, ainda que se admita a teoria de que a responsabilidade civil do empregador por danos sofridos por seu empregado decorrentes de acidente do trabalho seja subjetiva, nos termos do art. 7º, XXVIII, da

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Constituição Federal, do artigo 186 do Código Civil e da Súmula nº 229 do STF, exigindo a presença de culpa ou dolo na conduta do empregador, considerada tal responsabilidade, em se tratando de observância das normas de proteção e segurança do trabalho, a incumbência da prova é invertida, acometendo-se à empregadora a demonstração de que, não apenas alcançou ao trabalhador os equipamentos necessários e eficazes à sua proteção/segurança, como igualmente fiscalizou e forneceu as orientações necessários para o exercício da profissão, não exigindo força superior ao limite do empregado.

Ademais, a primeira reclamada, ao alegar fato impeditivo ao direito do autor, atraiu o ônus de provar que a culpa era exclusiva da vítima, a teor dos artigos 818 da CLT e 333, II, do CPC, mister do qual não se desincumbiu, pois nenhuma prova produziu neste sentido.

Logo, por qualquer dos ângulos que se examine a matéria, aplicando-se a teoria objetiva ou subjetiva pelo acidente de trabalho, exsurge a da responsabilidade da primeira ré.

Por outro lado, data venia do entendimento esposado na decisão recorrida, o acidente ocorreu no canteiro de obra da segunda ré, durante a jornada de trabalho e por omissão das reclamadas, pois os empregados tinham que se revezar para buscar água em local distante 300 (trezentos) metros onde eram executados os serviços, tendo que transitar em local que não era de passagem (segundo os termos da sentença).

Competia às reclamadas o fornecimento de água em local próximo à execução dos serviços ou garantir a travessia com segurança, nenhuma das medidas foram adotadas pelas empresas.

Por derradeiro, em se tratando de acidente de trabalho, a responsabilidade dos tomadores de serviços é solidária, máxime se for considerado que a segunda ré era a proprietária do local onde ocorreu o acidente e, por esta razão, responsável por adotar as medidas de segurança e proteção dos trabalhadores.

Entrementes, o pedido é de responsabilidade subsidiária da segunda ré, o que ora se reconhece a fim de que não se configure o julgamento extra petita.

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DO DANO MORAL

O reclamante pretende a condenação da reclamada ao pagamento de indenização a título de dano moral.

O sofrimento do autor que em razão de acidente de trabalho sofreu torção no pé direito enseja a reparação pecuniária.

A indenização além de compensar o sofrimento da vítima pelo mal sofrido, tem efeitos pedagógicos sobre o causador do dano, que à custa do prejuízo monetário, certamente evitará repetir o mau procedimento adotado em relação ao reclamante.

Como já mencionado a sanção tem dupla finalidade, contudo, não deve servir para o enriquecimento da vítima e nem há a possibilidade de se restituir a perda sofrida.

Não se trata, portanto, de substituir a perda sofrida pela indenização, mas sim proporcionar à vítima outros benefícios, possíveis de mensuração pecuniária, que minore o sofrimento.

No caso em exame, a primeira ré não trouxe os cartões de ponto do mês de novembro de 2007, data em que ocorreu o acidente. Por outro lado, causa epécie a informação contida na CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho - fls.83- que o acidente não causou o afastamento do serviço, uma vez que o autor alega fratura e a primeira ré torção do pé direito, não havendo documentos que resolva a controvérsia. De todo modo, fratura ou torção, ambas as lesões são suficientes para o afastamento do empregado e, em consequência, a garantia no emprego por 12 meses após a alta.

Entrementes, o pedido refere-se exclusivamente ao dano moral.

Assim, considerando a dupla finalidade da sanção e a extensão do dano causado à vítima, arbitro em R$ 12.000,00 (doze mil reais), valor que tem sido aplicado em casos similares, a ser atualizado pelos índices de correção dos

débitos trabalhistas do primeiro dia do mês subsequente à data de publicação deste acórdão, conforme o entendimento cristalizado na Súmula nº 362 do Colendo STJ, com juros a partir do ajuizamento da ação.

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contribuição previdenciária e à retenção do imposto de renda.

Dou parcial provimento.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

São devidos os honorários advocatícios, quando preenchidos os pressupostos da Lei nº 5.584/70, conforme preceituam as Súmulas nºs 219 e 329 do Colendo TST, bastando para tanto, no meu entender, estar o reclamante assistido por seu sindicato de classe.

O dispositivo constitucional esposado pelo artigo 133, enquanto não regulamentado, trata-se de norma constitucional de eficácia limitada no âmbito desta Justiça Especializada, pois, a presença do advogado no processo trabalhista não é indispensável, haja visto que ainda vigora nesta o princípio do jus postulandi da parte. Não preenchendo o reclamante os requisitos exigidos pela mencionada lei, não há falar na condenação em honorários advocatícios.

Nego provimento.

A C O R D A M os Desembargadores que compõem a Primeira Turma

do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, rejeitar a

preliminar de não conhecimento do recurso por falta de dialeticidade, arguida pelas reclamadas em contrarrazões, conhecer do recurso, e, no mérito, dar-lhe parcial provimento, para julgar procedente em parte, o pedido, e em consequência, condenar as reclamadas, a segunda subsidiariamente, ao pagamento de R$ 12.000,00 (doze mil reais) a título de indenização por dano moral. Custas de R$ 300,00 (trezentos reais), sobre R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor ora arbitrado à condenação para os efeitos processuais, a ser suportado pelas reclamadas, a segunda subsidiariamente.

Rio de Janeiro, 26 outubro de 2015

Desembargadora Federal do Trabalho Mery Bucker Caminha

Relatora \cm/mbc/rhgl

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