• Nenhum resultado encontrado

Benefícios da talassoterapia na costa portuguesa

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Benefícios da talassoterapia na costa portuguesa"

Copied!
104
0
0

Texto

(1)

“Benefícios da Talassoterapia na Costa Portuguesa”

Dissertação de Mestrado em Biotecnologia para as Ciências da Saúde

Nuno Tiago Fernandes Valente

Orientadora: Professora Doutora Isabel O ' Neill de Mascarenhas Gaivão

Coorientador: Dr. António Lúcio Baptista

(2)

I

“Benefícios da Talassoterapia na Costa Portuguesa”

Dissertação de Mestrado em Biotecnologia para as Ciências da Saúde

Nuno Tiago Fernandes Valente

Dissertação de Mestrado em Biotecnologia para as Ciências da Saúde, submetida à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, para cumprimento dos requisitos necessários à atribuição do grau de Mestre, elaborada sob a orientação da

Professora Doutora Isabel

O’Neill De Mascarenhas Gaivão e Dr. António Lúcio Baptista.

(3)

II

“A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação ” (Bernardo Soares)

(4)

III

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em nome do Professor Doutor António Augusto Fontaínhas Fernandes, Reitor da UTAD, pelas facilidades concedidas na realização deste trabalho.

À Coordenadora do Mestrado em Biotecnologia para as Ciências da Saúde, Professora Doutora Paula Filomena Martins Lopes, agradeço a oportunidade que tive em frequentar este Mestrado.

Aos Docentes 2º ciclo, que ao longo do Mestrado me transmitiram os seus conhecimentos e contribuíram assim para o enriquecimento da minha formação académica e científica.

Uma palavra muito especial de agradecimento para a supervisora desta dissertação, a Professora Doutora Isabel Gaivão, que me propôs o presente trabalho. Da qual recebi amizade, sugestões e disponibilidade, que tornam menos árida e mais aliciente a sua elaboração. Sabendo também ilustrar o conceito que tenho de Orientador.

Agradeço ao Dr. António Lúcio Baptista, presidente da Ibéria Advanced Healthcare e meu Coorientador, pela ajuda e ponte de ligação entre o laboratório e o SPA Vila Lara. Bem como os produtos que foram testados, pelas orientações no turismo de saúde e abertura de novos horizontes.

À Doutora Maria do Rosário Pinto Leite e aos seus colaboradores, Dr. Pedro, Dr.ª Marta e Dr.ª Regina, do Laboratório de Citogenética do Serviço de Genética/CDPN do Centro Hospitalar de Vila Real-Peso da Régua, que me ajudaram, ensinaram e apoiaram na cultura de células. Agradeço também a compreensão e a disponibilidade para me ensinarem novas técnicas e de me mostrarem o mundo da citogenética.

Agradeço ao Professor Doutor José Eduardo Brito, pela disponibilidade do Laboratório de Genética sem qualquer reticência, sem o qual não poderia concluir o trabalho.

À Professora Doutora Ana Maria Nazaré Pereira, pela disponibilidade do leitor de Placas de Elisa.

Agradeço ao meu colega e amigo João Borges, companheiro de aventuras no laboratório, pela sua amizade, pelos bons momentos que partilhámos, pelos preciosos ensinamentos e pela forma como contribuiu para a redução do número de horas de trabalho que dediquei a esta tese.

(5)

IV

Santos, pelo seu exemplo de empenho, competência e ajuda, à qual gostaria de agradecer de assinalar e agradecer de modo muito especial.

Aos meus colegas de Mestrado, Joana, Ana Inês, Pedro, Sofia e Carla pelas conversas, ideias e ajuda na elaboração deste trabalho.

Gostaria de agradecer também à minha família e aos que me são mais próximos, que foram sem dúvida os que mais sentiram a evolução deste trabalho e pela companhia que não lhes fiz. Contudo recebi a sua compreensão, incentivo e dedicação. Muito Obrigado.

À Ana Sofia Jordão, pela correção e dedicação nas orientações na escrita deste trabalho.

À minha namorada, Susana, pela força transmitida, pela paciência, e pelo amor e dedicação demonstrados ao longo deste caminho de nove anos. Agradecer tudo aquilo que já me fizeste viver e sentir não é um gesto que se escreva em papel, mas sim algo que se compartilha ao longo da vida. No entanto Muito Obrigado por tudo.

(6)

V Palavras-chave:; Talassoterapia; Turismo de Saúde; Antienvelhecimento; Genotoxicidade; SMART; SCGE.

O turismo de saúde é uma terapêutica de bem-estar físico e mental, que complementa o descanso e o lazer com terapêuticas adequadas, como a talassoterapia, que visam ampliar os efeitos do bem-estar induzido pelo turismo.

A talassoterapia constitui uma estratégia terapêutica que combina o recurso a banhos com Água do Mar (balneoterapia), um clima marinho e a exposição moderada à radiação solar (climoterapia), com tratamentos com lamas e soluções à base de algas (algoterapia). De facto, trata-se de uma estratégia terapêutica comummente utilizada em inúmeros países, Portugal inclusive, não só para a prevenção, como também para o tratamento de várias doenças.

As propriedades biofísicas da Água do Mar, as propriedades mineralógicas e as características microbianas são fatores que contribuem para o tratamento e para a melhoria de diversas doenças. De resto, para além dos benefícios do ponto de vista medicinal, o recurso à talassoterapia apresenta, também, resultados a nível estético, nomeadamente a melhoria da permeabilidade e das funções da barreira epitelial.

Tais terapias poderão, assim, ter uma função antienvelhecimento, bem como um importante papel na longevidade celular epitelial.

Nesse sentido, os efeitos tóxicos e genotóxicos foram testados, recorrendo ao modelo de estudo Drosophila melanogaster, a técnicas de biologia molecular, como Somatic Mutation and Recombination Test (SMART), ao Single Cell Gel Electrophoresis assay (SCGE), mais conhecido como ensaio do cometa, e a testes com a linha celular de osteossarcoma MG-63. Na análise dos resultados, verificou-se a ausência de qualquer consequência prejudicial tóxica e genotóxica dos compostos testados. Os resultados mostraram, um aumento da longevidade das D. melanogaster, um aumento da prolificidade celular, como também, uma capacidade reparadora de danos dos produtos “3 Algas”, “Thalion” e “Banho Aromático”.

Com efeito, esses estudos abrem novas portas para a criação de novos produtos com um suporte experimental científico e com uma maior eficiência antienvelhecimento e reparação de mutação, assegurando um potencial preventivo em doenças de pele como o cancro.

(7)

VI Keywords:; Thalassotherapy; Health Tourism; Anti-Aging; genotoxicity; SMART; SCGE.

Health tourism is a therapeutic physical and mental well-being, which contemplates the rest and recreation with appropriate therapies such as thalassotherapy, which increase the effects of welfare-induced tourism.

The Thalassotherapy is a therapeutic strategy that combines the use of baths with sea water (Balneotherapy), a marine climate, moderate exposure to sunlight (Climotherapy), treatments with sludge and algae-based solutions (Algotherapy). In fact, it is a therapeutic strategy commonly used in many countries, including Portugal, not only for the prevention and also for the treatment of various diseases.

The biophysical properties of sea water, the mineralogical properties and microbial factors contributing to the treatment and amelioration of various diseases. Moreover, beyond the benefits of medicinal point of view, the use of Thalassotherapy presents results on an aesthetic level, including improving permeability and function of the epithelial barrier.

These therapies can thus have an anti-aging function as well as a role in epithelial cell longevity.

In this sense, the genotoxic effects were tested, using the study of Drosophila

melanogaster model, molecular biology techniques, such as Somatic Mutation and

Recombination Test (SMART) and the Single Cell Gel Electrophoresis assay (SCGE), better known as comet assay and tests with the osteosarcoma cell line MG-63. In analyzing the results, we verified the absence of any genotoxic detrimental effect of the tested compounds. The results also demonstrated reparative ability to damage some products tested.

Indeed, these studies open new doors for the creation of new products with a scientific experimental support and greater efficiency and anti-aging repair mutation, ensuring preventive potential in skin diseases such as cancer.

(8)

VII Página

Agradecimentos ………...III Resumo ………...…V Abstract ………....VI Índice Geral ………..…..VII Índice de Figuras ………..XI Índice de Gráficos ……….…....XIII Índice de Tabelas ……….………...XV Lista de Abreviaturas ………...XVI

1. Introdução Teórica ………... 1

1.1. Turismo de saúde e turismo médico ……… 2

1.1.1. Novos conceitos integrantes do turismo de saúde e bem-estar ………. 4

1.1.2. Problemática da talassoterapia, da balneoterapia, da hidroterapia e dos “Health Resort Medicine” ……….. 5

1.1.3. “Health Resort Medicine” ………. 7

1.1.4. Balneoterapia, hidroterapia e climoterapia ………...…. 7

1.1.5. Talassoterapia ……… 7

1.1.5.1. Talassoterapia: Principais Métodos ………... 9

1.1.5.1.1. Climoterapia ………..…10

1.1.5.1.2. Balneoterapia Marinha ………. 11

1.1.5.1.3. Peloidoterapia ……….. 11

1.1.5.1.4. Psamoterapia ……… 12

1.1.5.1.5. Algoterapia ………12

1.1.5.2. Evidências científicas na Talassoterapia ………..……13

1.2. Drosophila melanogaster como modelo de estudo científico ………15

(9)

VIII

1.3.1. Versatilidade do ensaio do cometa ………...22

1.3.2. Metodologia ………..24

1.3.3. Análise dos cometas ……….25

1.4. Somatic Mutation and Recombination Test (SMART) ………..26

2. Objetivo ……….28

3. Materiais e Métodos ……….29

3.1. Modelo experimental ………..29

3.1.1. Separação das fêmeas ………...30

3.1.2. Distinção sexual ………30 3.1.3. Método Anestésico ………...31 3.1.4. Meios de Cultura ………..31 3.1.5. Pré-Cruzamento ………31 3.2. Produtos Testados ………...32 3.3. Ensaios de longevidade ………..……….32 3.4. Ensaios de genotoxicidade ………..33 3.4.1. Ensaio do cometa ………..34 3.4.1.1. Reagentes e Soluções ………..………..34

3.4.1.2. Preparação das lâminas (pré-cobertura)...………..35

3.4.1.3. Obtenção de células individualizas – neuroblastos...………35

3.4.1.4. Tratamento das amostras ………..……36

3.4.1.5. Preparação das amostras para a atuação da enzima FPG ……….36

3.4.1.6. Tratamento alcalino ………..………36

3.4.1.7. Eletroforese ………...……37

3.4.1.8. Neutralização (lavagem das lâminas) ………...………37

3.4.1.9. Coloração ……….….37

3.4.1.10. Visualização ao microscópio de fluorescência ………...……..37

(10)

IX

3.4.2.2. Análise dos olhos ………..38

3.4.2.3. Análise estatística ……….………39

3.5. Ensaios em linhas celulares ………...……….40

3.5.1. Ensaio MTT ………..40

3.5.1.1. Preparação das soluções dos produtos ……….………….40

3.5.1.2. Descongelação de células ……….42

3.5.1.2.1. Reagentes e soluções ………..………..42

3.5.1.2.2. Procedimento ………....42

3.5.1.3. Determinação da viabilidade celular ………...….42

3.5.1.3.1. Crescimento e adesão celular às placas ………...….42

3.5.1.3.2. Teste com o tratamento pretendido ………...43

3.5.1.3.3. Tratamento com MTT e leitura da absorvência ………43

3.5.2. Ensaio do cometa em culturas celulares ………...…………43

3.5.2.1. Crescimento e adesão celular às placas ………...………….44

3.5.2.2. Teste com o tratamento pretendido ………..………….44

4. Resultados e Discussão ……….………45

4.1. Número de Descendentes ………...………….……44

4.1.1. Número de descendentes nos produtos isolados …………...…….…………..44

4.1.2. Número de descendentes nos produtos conjugados …………...………49

4.2. Ensaios de longevidade ………...………..…..51

4.2.1. Longevidade dos progenitores nos produtos isolados ………..52

4.2.2. Longevidade dos descendentes nos produtos isolados ……….54

4.2.3. Longevidade dos progenitores nos produtos conjugados ……….58

4.2.4. Longevidade dos descendentes nos produtos conjugados ………...….59

4.3. Ensaios de genotóxicidade em D. melanogaster ………..…..………60

4.3.1. Ensaio do cometa ………..60

4.3.2. Ensaio SMART w/w+ ………...………62

(11)

X

4.4.1.2. MTT dos produtos conjugados ……….68 4.4.2. Ensaio do cometa em linhas celulares ………..70 4.4.2.1. Ensaio do cometa em linha celular com produtos isolados …..………70 4.4.2.2. Ensaio do cometa em linha celular com produtos conjugados …….…72

5. Conclusão e Perspetivas Futuras ………..……..75

6. Bibliografia ……….…..76

(12)

XI Página

Figura 1: Configuração da plataforma continental portuguesa após aprovação do projeto

pelas Nações Unidas………...1

Figura 2: Diagrama de Ogden–Richard’s adaptado com os três fatores que permitem

distinguir o turismo de saúde e bem-estar do turismo médico………3

Figura 3: Imagem esquemática adaptada dos diferentes agentes, modalidades e elementos

que integram e caracterizam os “Health Resort Medicine”………6

Figura 4: A: Pintura em tela do retrato do Richard Russell (1687- 1759). B: Imagem da capa

da dissertação “the use of sea water in the diseases of the glands”………8

Figura 5: Esquema representativo das diferentes modalidades e aplicabilidades da

talassoterapia……….10

Figura 6: Imagens representativas das diferentes modalidades que formam a talassoterapia.

A: Climoterapia. B: Balneoterapia. C: Peloidoterapia. D: Psamoterapia. E: Algoterapia...13

Figura 7: Ciclo de vida de Drosophila melanogaster………..18 Figura 8: Representação dos discos imaginais………19 Figura 9: Figura de “cometas” mostrando células com diferentes níveis de dano no DNA, os

quais estão evidenciados na cauda………21

Figura 10: Figura representativa das diferentes etapas do ensaio do “cometa”. Adaptação de

wordpress.mercyhurst.edu/aparente/research/………..………24

Figura 11: Resultados da análise da técnica de cometa em condições alcalinas……….26 Figura 12: Esquema genético ilustrativo dos diferentes acontecimentos que podem ocorrer no

teste SMART white/white+………...28

Figura 13: Representação da D. melanogaster macho e fémea………...32 Figura 14: Cérebro de uma D. melanogaster no 3º estádio larvar………...37 Figura 15: Fotografia à lupa de um olho de D. melanogaster, em que está afetado um grande

número de omatídeos………41

Figura 16: Quantidades dos produtos utilizados e respetivas diluições a serem testadas em

(13)

XII Figura A-3: Ficha técnica do produto Lamas Marinhas...……….84 Figura A-4: Ficha técnica do produto Thalion………..85

(14)

XIII Página

Gráfico 1: Número de descendentes provenientes do ensaio com diferentes quantidades de

produto “3 Algas”……….47

Gráfico 2: Número de descendentes provenientes do ensaio com diferentes quantidades de

produto “Banho Aromático”……….48

Gráfico 3: Número de descendentes provenientes do ensaio com diferentes quantidades de

“Água do Mar”………..49

Gráfico 4: Número de descendentes provenientes dos ensaios com o produto “3 Algas” com

os produtos, “Banho Aromático”, “Água do Mar”, Lamas e Thalion. Bem como o “Banho Aromático” com a “Água do Mar”.………50 Gráfico 5: Ensaio de longevidade referente aos progenitores testados com o produto “3

Algas”………..………….51

Gráfico 6: Ensaio de longevidade referente aos progenitores testados com o produto “Banho

Aromático”………..…………..52

Gráfico 7: Ensaio de longevidade referente aos progenitores testados com o produto “Água

do Mar”...52

Gráfico 8: Ensaio de longevidade referente aos descendentes testados com o produto “3

Algas”………...……….53

Gráfico 9: Ensaio de longevidade referente aos descendentes testados com o produto “Banho

Aromático”………...………..…..53

Gráfico 10: Ensaio de longevidade referente aos descendentes testados com o produto “Água

do Mar”……….…...54

Gráfico 11: Ensaio de longevidade referente aos progenitores nos ensaios com o produto “3

Algas” e os produtos, “Banho Aromático”, “Água do Mar”, Lamas e Thalion. Bem como o “Banho Aromático” com a “Água do Mar”………..……….54

(15)

XIV

“Banho Aromático” com a “Água do Mar”...………...……….55

Gráfico 12: Média em Unidades Arbitrarias dos danos ocorridos no DNA dos neuroblastos

nos diferentes produtos……….56

Gráfico 14: Percentagem de mosaicos nos omatídios dos olhos de D. melanogaster, nos

produtos “3 Algas” e “Banho Aromático”. Ensaio sem streptonigrina……….…...57

Gráfico 15: Percentagem de mosaicos nos omatídios dos olhos de D. melanogaster, nos

produtos “3 Algas” e “Banho Aromático”. Ensaio com streptonigrina………….…………...57

Gráfico 16: Proliferação celular no tratamento com diferentes concentrações do produto

3Algas………...58

Gráfico 17: Proliferação celular no tratamento com diferentes concentrações do produto

“Banho Aromático”……….………..59

Gráfico 18: Proliferação celular no tratamento com diferentes concentrações do produto

“Água do Mar”……….59

Gráfico 19: Proliferação celular nos tratamentos com concentrações intermédia dos produtos

conjugados………60

Gráfico 20: Proliferação celular nos tratamentos com concentrações mais elevadas dos

produtos conjugados……….60

Gráfico 21: Média em Unidades Arbitrarias dos danos ocorridos no DNA das células MG-63

nos diferentes produtos, sem incubação com FPG...61

Gráfico 22: Média em Unidades Arbitrarias dos danos ocorridos no DNA das células MG-63

nos diferentes produtos, incubados com FPG………...62

Gráfico 23: Média em Unidades Arbitrarias dos danos ocorridos no DNA das células MG-63

na conjugação dos diferentes produtos sem incubação com FPG………62

Gráfico 24: Média em Unidades Arbitrarias dos danos ocorridos no DNA das células MG63

(16)

XV Página

Tabela 1: Produtos e quantidades testados de forma isolada nos ensaios de longevidade…..35

Tabela 2: Produtos e quantidades testados de forma conjugada nos ensaios de longevidade………...35

Tabela 3: Produtos e quantidades testados no ensaio do cometa……….36

Tabela 4: Produtos e quantidades testadas no ensaio SMART………40

Tabela 5: Tabela referente aos produtos e as quantidades testadas …………...……….46

Tabela 6: Índice de fecundidade relativo ao número de nascimentos ocorridos no ensaio com o produto “3 Algas”, representado no Gráfico 1………..48

Tabela 7: Índice de fecundidade relativo ao número de nascimentos ocorridos no ensaio com o produto “Banho Aromático”, representado no Gráfico 2………..48

Tabela 8: Índice de fecundidade relativo ao número de nascimentos ocorridos no ensaio com o produto “Banho Aromático”, representado no Gráfico 3………..49

Tabela 9: Índice de fecundidade relativo ao número de nascimentos ocorridos nos ensaios com o produto “3 Algas” + “Banho Aromático”, “3 Algas” + “Água do Mar”, “3 Algas” + Lamas, 3Algas + Thalion e “Banho Aromático” + “Água do Mar”, representados no Gráfico 4………...……….……….50

(17)

XVI ACTH - Hormona Pituitária Adrenocorticotrópica (Adrenocorticotropic hormone).

CaCl2 - Cloreto de Cálcio.

CD3 – glicoproteína 3. CD68 - glicoproteína 68.

DAPI - 4,6- diamino-2-fenilindol. dH2O – água destilada.

DMSO - Dimetilsulfóxido.

DNA – Ácido desoxirribonucleico (Deoxyribonucleic acid). DP - Disc Proper.

EFSA - Autoridade de Segurança Alimentar Europeia. ELISA - Enzyme-Linked Immunosorbent Assay.

EMEPC - Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental. ENU - N-etil-N-nitrosureia.

FPG - Formamidopirimidina-DNA-glicosilase. HOX - Genes Homeóticos.

ISMH - International Society of Medical Hydrology and Climatology (Sociedade

Internacional de Hidroterapia e Climoterapia Médica).

LMP - Low Melting Point (Baixo Ponto de Fusão). MG-63 - Linha Celular Humana de Osteossarcoma.

MTT - 3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide. NADH – Dinucleótido de Adenina e Nicotinamida (Forma reduzida). NMP - Ponto de Fusão Normal (Normal Melting Point).

OK-y - Oregon K-y.

PBS - Tampão fosfato-salino.

PE - Epitélio peripodial (Peripodial Epithelium). pH - Potencial Hidrogeniónico.

RCF - Força Centrifuga Relativa (Relative Centrifugal Force). ROS - Espécies Reativas de Oxigénio.

(18)

XVII SMART - Teste de Mutação e de Recombinação Somática (Somatic mutation and

recombination assay).

SNC - Sistema Nervoso Central.

SPA - "salus per aquam" (saúde pela água). SVF - Soro Vitelo-Fetal.

Tris - Tris(hidroximetil)aminometano.

TUNEL - Terminal deoxynucleotidyl transferase dUTP nick end labeling. UEMS - União Europeia dos Médicos Especialistas.

UV - Radiação Ultravioleta. WT - Wild type.

(19)

1

1. Introdução Teórica

Desde sempre que Portugal possui uma ligação íntima ao mar, apresentando uma simbiose e harmonia perfeitas. A costa portuguesa totaliza, aproximadamente, 2830 quilómetros de costa, sendo a costa continental a mais extensa com 942 quilómetros, seguindo-se o arquipélago dos Açores com uma extensão de 667 quilómetros e a Madeira com aproximadamente 250 km.[1]

Portugal detém a maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia e a décima primeira maior do mundo, com um total de 1600000 km2. Ademais, esta zona exclusiva ainda está em aberto, uma vez que Portugal tem em marcha, desde o ano de 2005, um projeto de expansão da plataforma continental desenvolvido pela Estrutura de Missão para a Extensão

da Plataforma Continental (EMEPC). [2]

Com efeito, após a aprovação do projeto pelas Nações Unidas e pela União Europeia, a área total da plataforma continental portuguesa passará dos atuais 2015000 km2 para os 3800000 km2 (Figura 1). Destes 3800000 km2, 1600000 correspondem à zona económica exclusiva e 2150000 km2 à plataforma continental para lá das 200 milhas. [2]

Esta plataforma continental é uma das mais ricas não só na quantidade como também na variedade de fauna e de flora marinhas, potencial que poderá ser aumentado pela extensão jurídica da plataforma. Esta abundância de vida marinha deve-se a uma conjugação de fatores, que vão desde a pouca profundidade e consequente maior penetração da luz solar, passando pela elevada oxigenação das águas marinhas devido à agitação das águas, culminando na baixa salinidade e elevada quantidade de nutrientes e de sedimentos.

Figura 1: Configuração da plataforma continental portuguesa após aprovação do projeto pelas Nações Unidas. A

verde está delineado o limite externo da plataforma continental portuguesa que se pretende anexar. As delimitações com traço de cor azul figuram os atuais limites marinhos de Portugal. A vermelho, estão designadas áreas marinhas protegidas. [2]

(20)

2

Portugal tem de olhar para o mar com outros olhos e com a visão que outrora nos deu a conhecer ao mundo. É essencial explorar este recurso tão valioso e descobrir novas espécies de fauna e de flora com importância científica e farmacêutica. Urge aliar o mar e os seus constituintes ao que temos de melhor, como o turismo, principalmente o turismo de saúde, que, atualmente, tem cada vez mais expressão e aceitação internacionais.

1.1. Turismo de saúde e turismo médico

É uma trivialidade dizer que o turismo é sinónimo de relaxamento, de prazer, de aumento de bem-estar e até mesmo de saúde. Com o aumento do turismo cultural, os turistas cada vez mais tentam aliar o turismo convencional ao bem-estar físico e mental. Com efeito, não sendo necessariamente hedonistas, mantêm sempre como finalidade do turismo um resultado benéfico. Nas últimas décadas, com o aumento do poder económico e uma maior e melhor divulgação, os turistas tentam alcançar uma melhoria na saúde durante as férias, recorrendo ao exercício, ao relaxamento ou até a visitas a “SPA’s”. Esta nova mentalidade levou a um elevar da fasquia, com o surgimento de um novo e distinto nicho na indústria do turismo, o turismo de saúde. [3]

O turismo de saúde é definido como uma " viagem organizada fora de um ambiente local para a manutenção, melhoria ou recuperação do bem-estar físico e mental do indivíduo".[4] Uma ramificação do turismo de saúde é o turismo médico, que é definido como uma " viagem organizada fora da jurisdição de saúde do seu país, com o objetivo de obter uma melhoria ou recuperação da saúde do indivíduo através da intervenção médica". [4]

Estes conceitos de turismo não são semelhantes, mas estabelecem antes uma relação de conceções. Existem três fatores que permitem distinguir o turismo de saúde e bem-estar do turismo médico, nomeadamente a configuração geográfica, a infraestrutura na qual a intervenção é executada e o consumo relacionado com a intervenção de saúde. Por outras palavras, se um indivíduo cruzar a fronteira para adquirir medicamentos mais baratos, este comportamento inclui-se no turismo de saúde e bem-estar. Contudo, se o comportamento descrito tiver como finalidade adquirir produtos farmacêuticos, mas como consequência de uma intervenção cirúrgica, este encaixa-se no turismo médico. A confluência de qualquer um dos fatores determina o turismo de saúde, sendo por isso que comummente se designe o turismo médico como uma ramificação do primeiro (Figura 2). [5]

(21)

3 Figura 2: Diagrama de Ogden–Richard’s adaptado com os três fatores que permitem distinguir o turismo de

saúde e bem-estar do turismo médico. O diagrama compreende três fatores, o tipo de intervenção, a estrutura clínica com ou sem suporte médico e o local onde se efetua o tratamento. A cor amarela clara descreve as características identificativas do turismo de saúde. A cor amarela escura representa os fatores identificativos do turismo médico. [5]

A modalidade de turismo de saúde pode considerar-se um subproduto da globalização, muito devido à crescente integração económica e interdependência das regiões e dos países, ao crescente mercado internacional de serviços de saúde, produtos e consumidores e ao reforço das relações e interconexões das diferentes nações. Estes fatores têm, de facto, facilitado o livre-trânsito de pessoas e de produtos, sendo exemplo disso o acordo de Schengen, assinado pelos países europeus, que impõe o fim das restrições à livre circulação de pessoas e de bens. Contudo, por outro lado, o aumento da circulação transfronteiriça apresenta novos desafios legais e legislativos no atendimento e tratamento dos pacientes. [7]

Os primeiros métodos de praticar e de fazer turismo foram quase todos eles orientados para o aumento da saúde e do bem-estar. Com efeito, a mentalidade de "tomar as águas", que se tornou comum no século XVIII, refletiu-se na implementação de inúmeros “SPA’s” que ainda hoje permanecem em muitas partes da Europa. De resto, por volta do século XIX, com

(22)

4

o aumento do número de estâncias, enfatizaram-se as aparentes propriedades curativas presentes no turismo de saúde. [7]

Nas últimas duas décadas, assistiu-se a uma democratização do turismo, fazendo com que se estendesse das elites sociais para as classes trabalhadoras. Esta recreação do turismo, como as idas à praia, a prática de desportos, como o golfe, o ciclismo, as caminhadas e o montanhismo, tornou-se uma forma saudável de lazer e constitui uma parte integrante de uma experiência turística prazerosa de combinar turismo e bem-estar. Mais recentemente, tem aumentado o recurso a novas especialidades terapêuticas alternativas, como a balneoterapia, a talassoterapia, a hidroterapia e a climoterapia. Trata-se de modalidades que se inserem no conceito de turismo de saúde e de bem-estar, enriquecendo ainda mais este tipo de turismo e aumentando a sua procura. [3]

1.1.1. Novos conceitos integrantes do turismo de saúde e bem-estar

Atualmente, e nos moldes como se definem, a talassoterapia, a balneoterapia e a hidroterapia não são reconhecidas como especialidades médicas. Os modelos e a estruturação destas unidades terapêuticas não são aceites pela União Europeia dos Médicos Especialistas (UEMS), nem pelas organizações internacionais de referência. Contudo, apesar de a formação de um subgrupo na medicina de reabilitação ter sido recusada pela União Europeia dos Médicos Especialistas, a verdade é que a balneoterapia está muito presente nas técnicas de reabilitação psicomotora. [3; 8]

Apesar de as instituições recusarem a integração destas terapêuticas, em alguns países europeus como a Turquia, a Espanha e a Itália, estas modalidades são consideradas especialidades independentes, com estatuto próprio. Noutros países, como a Alemanha, a Áustria, a República Checa, a Hungria, França e Portugal, são consideradas como uma competência e uma terapêutica alternativa. Países como o Reino Unido, a Holanda, a Suécia e a Dinamarca não reconhecem de todo a sua integração em especialidades médicas ou a sua integração em áreas como a reabilitação ou a fisiatria. Por outro lado, em países como França, a Alemanha, a Polónia, a Hungria, entre outros, a talassoterapia, a balneoterapia, a hidroterapia e os “Health Resort Medicine” não só são uma parte integrando dos sistemas nacionais de saúde desses países, bem como são comparticipadas pelos subsistemas de saúde e pelos seguros. [8]

(23)

5

Importa referir que uma análise às diferentes posições das autoridades competentes e à legislação dos países mencionados permitiu-nos verificar que aqueles que têm mais tradição e retorno económico nestas modalidades são aqueles que mais se esforçam para regular este tipo de turismo.

1.1.2. Problemática da talassoterapia, da balneoterapia, da hidroterapia e dos “Health Resort Medicine”

A talassoterapia, a balneoterapia, a hidroterapia e os “Health Resort Medicine” ainda não foram reconhecidos ou integrados numa especialidade médica, devido a uma ambiguidade na definição dos conceitos. Para além desta ambiguidade, existem também argumentos preponderantes que contrapõem e atrasam a aceitação destas modalidades. De entre os argumentos apresentados destacam-se: a falta de normas e de modelos internacionais, a restrição destas práticas a locais específicos, o uso destas terapêuticas quase exclusivamente para o bem-estar, a incapacidade de poderem ser usadas em todos os países, a falta de um forte argumento subjacente e a existência de técnicas menos consensuais e menos elaboradas, ao invés de métodos simples e de fácil aplicação. De qualquer modo, o fundamento mais importante reside na falta de evidências científicas que validem e credibilizem estas terapêuticas, fundamento que a presente dissertação, juntamente com outras publicações já existentes, pretende desvanecer. [8]

No que concerne à falta de normas e de modelos internacionais, essa situação deve-se em grande parte à inconsistência dos termos utilizados nos diferentes países para qualificar uma determinada terapêutica. Por exemplo, enquanto no Reino Unido o termo “hidroterapia” serve para designar a prática de hidroginástica, em Portugal refere-se ao recurso a jatos de água e à estimulação térmica em termas e em “SPA’s”. Assim, como a língua oficial da ciência é a língua inglesa, torna-se difícil uma uniformização dos conceitos. [8]

Outro forte entrave à universalização diz respeito à restrição dessas terapêuticas a locais específicos, uma vez que os tratamentos e os remédios têm que ser efetuados no local de origem e nem todos os países possuem as condições geológicas e climáticas necessárias a estas práticas. [8]

De resto, o argumento mais utilizado tem a ver com a falta de evidências e de comprovação científica e esse constitui, de facto, o principal entrave ao seu reconhecimento.

(24)

6

Esta consideração relega o uso destas terapêuticas para outro argumento, o uso quase exclusivo para o bem-estar, discriminando o seu uso terapêutico. [8]

No sentido de ultrapassar essas barreiras, foi iniciado, pela Sociedade Internacional de Hidroterapia e Climoterapia Médica (ISMH), um processo no sentido de angariar um consenso e criar normas e conceitos universais. [9; 10]

Assim, umas das propostas mais consensuais, tem como elemento central os “Health Resort Medicine”, que engloba todos os métodos de diagnóstico e tratamento, bem como todos os elementos e produtos que possam ser usados, como extrato de algas e seus derivados, todos os tipos de água e o clima. Outra parte integrante é a inclusão das diferentes modalidades, nomeadamente os banhos de água e de sol, as lamas ou as algas e a ingestão de líquidos (Figura 3). [8; 11]

Figura 3: Imagem esquemática adaptada dos diferentes agentes, modalidades e elementos que integram e

caracterizam os “Health Resort Medicine”. Os centros de “Health Resort Medicine” promovem um estado saudável bem como a prevenção de doenças e aplicação de terapêuticas. Estas terapêuticas são efetuadas recorrendo a vários elementos (águas minerais, pelóides, águas esterilizadas, fatores climáticos, terapêuticos e ambientais), modalidades de tratamento (banhos, ingestão, inalação aplicação em partes do corpo, entre outras) e agentes químicos e físicos (minerais constituintes da água, temperatura, hidroginástica, entre outros). [8]

(25)

7 1.1.3. “Health Resort Medicine”

Os “Health Resort Medicine” têm como definição o tratamento aplicado a um número variado de pessoas, quer estas padeçam de condições de saúde menos abonatórias, quer sejam saudáveis. Os tratamentos, como quaisquer outros, têm como principal objetivo a melhoria do estado de saúde e do bem-estar, por um lado, e a diminuição dos fatores de risco, por outro. Assumem uma função preventiva, através de uma prevenção primária, visando a redução da doença sintomática, de uma prevenção secundária, que aponta para um diagnóstico e um tratamento precoces, e uma prevenção terciária, na qual existe uma providência das recaídas. As terapêuticas objetivam uma reabilitação e uma melhoria da qualidade de vida. [12;13;14]

1.1.4. Balneoterapia, hidroterapia e climoterapia

A balneoterapia recorre ao uso de águas naturais minerais, gases e lamas, quer por ingestão das águas, quer por banhos, quer por inalação de gases ou por irrigação. A aplicação desta técnica revela-se eficaz não só na prevenção e/ou tratamento da patologia, como também na reabilitação. Os efeitos benéficos advêm não apenas das propriedades físico-químicas da água, mas também dos agentes que a suplementam. [14]

O recurso à hidroterapia define-se como o uso de água pura, como a água da torneira. Com efeito, esta terapêutica, que recorre a uma aplicação externa da água, tira partido das propriedades físicas da água, da temperatura, da pressão hidrostática, da hidrodinâmica, da flutuabilidade, da viscosidade e da condutividade elétrica. [15]

A utilização da climoterapia como terapêutica inclui a aplicação médica planeada dos fatores climáticos. Assim, fatores como a radiação ultravioleta, a radiação infravermelha, a temperatura, o vento, a humidade e a pressão de oxigénio têm uma enorme relevância terapêutica. Nesse sentido, é realizada em climas específicos, como climas de grande altitude ou em climas costeiros e marinhos. [16]

1.1.5. Talassoterapia

A talassoterapia constitui um método terapêutico com origens muito antigas e é definida pela Federação Internacional de Talassoterapia como "o uso simultâneo sob

(26)

8

supervisão médica, dos benefícios do ambiente marinho, que inclui o clima marinho, “Água do Mar”, lama marinha, algas, areia e todos as outras substâncias presentes no mar, num local da zona costeira, com uma finalidade preventiva e curativa". [17]

No extenso mar está um dos mais importantes e principais meios de tratamento e de cuidados da Humanidade. De facto, há muito que eram conhecidas, pelos antigos egípcios, fenícios, gregos e romanos, as potencialidades do mar e dos seus constituintes. Efetivamente, estas civilizações tinham o conhecimento e a arte de manipular as propriedades terapêuticas dos vários elementos do ambiente marinho. [18]

A talassoterapia moderna teve os seus inícios, por volta de 1700, em Inglaterra, pela mão de Richard Russell (1687- 1759). Russell escreveu várias obras sobre a utilização da “Água do Mar”, das quais se destaca uma dissertação intitulada “A dissertation on the use of sea water in the diseases of the glands”, que lhe valeu a alcunha “Le inventeur de la mer”, o inventor do mar (Figura 4). [19]

Figura 4: A: Pintura em tela do retrato do Richard Russell (1687- 1759). [18] B: Imagem da capa da dissertação “The use of sea water in the diseases of the glands”. [20]

Utilizando o ambiente marinho para fins terapêuticos, Richard Russell descreveu os benefícios medicinais dos agentes naturais do mar, do sol e da areia. Ademais, não só aconselhava banhos no mar, como também sugeriu a ingestão de todas as coisas marinhas. [21]

Em 1769, experiências protagonizadas por Lazzaro Spallanzani demostraram a ação bactericida do sol, ao mesmo tempo que o desenvolvimento da ciência médica, física, química

(27)

9

e, especialmente, o espírito de investigação naqueles anos culminaram na observação da eficácia da talassoterapia em dermatites, úlceras, feridas, fraturas, tuberculose e no raquitismo. [21] Decorria o ano de 1867, quando, pela primeira vez, foi utilizado o termo “talassoterapia”. O presente termo, que etimologicamente deriva da combinação das palavras gregas thalassa (mar) e theropia (tratamento), foi descrito pelo médico francês La Bonardiére.[22]

No século XIX, a talassoterapia tornou-se um atrativo científico, fazendo com que alguns investigadores, ainda que em pequeno número, olhassem e descortinassem as terapêuticas incluídas na talassoterapia. Investigadores como Claude Bernard e René Quinton, por exemplo, provaram a existência de similaridade do pH do líquido extracelular dos tecidos, com a água do mar. Nesses estudos, é dado um ênfase à origem aquática do ser humano, na medida em que todos os organismos vivos são compostos por uma ou mais células, células essas que tiveram a sua origem no mar. Após o aparecimento do primeiro Thalasso-SPA, em 1899, muitos outros se edificaram nas margens do oceano Atlântico, do mar Báltico e do mar Mediterrânio. Estes estabelecimentos experimentaram, naquela época, um aumento da procura, mas, com o passar dos anos, essa procura foi-se desvanecendo. [23]

Atualmente existe um aumento da procura deste tipo de terapêuticas, alimentada não só pela necessidade de bem-estar, como também pelo desenvolvimento e pesquisa científica mais isenta e rigorosa. Apesar de existir um número crescente de estudos científicos, a verdade é que se trata de uma temática pautada por alguma escassez de estudos e por muitos resultados inconclusivos. Daí ser fundamental uma maior e melhor investigação para credibilizar e democratizar a talassoterapia. [21]

1.1.5.1. Talassoterapia: Principais Métodos

A talassoterapia aproveita os benefícios do ambiente marinho, como o clima e a água do mar, retirando deste o maior partido terapêutico. Esta terapia engloba diferentes métodos, como a climoterapia, a balneoterapia marinha, a psamoterapia, a peloterapia e a algoterapia (Figura 5). [21]

(28)

10 Figura 5: Esquema representativo, adaptado das diferentes modalidades e aplicabilidades da talassoterapia. [21]

1.1.5.1.1. Climoterapia

A exposição à luz do sol, e consequente exposição aos raios ultravioletas, é uma das técnicas mais utilizadas da climoterapia (Figura 6A), também apelidada de helioterapia. Nas idas à praia e com o objetivo primordial de adquirir um bronzeado bonito e duradouro, estamos, na verdade, a praticar, de uma forma simplista, climoterapia. Aplicada por entidades competentes e supervisionada por profissionais, a climoterapia acarreta benefícios para a saúde que não passam, apenas, pelo tom de pele. Esta forma de terapia, usando a luz solar, tem como ponto de partida regras rigorosas que asseguram a qualidade da técnica e o bem-estar do paciente. A helioterapia tem efeitos terapêuticos ao nível imunológico, bem como no aumento da síntese de vitamina D, que promove um desenvolvimento saudável da estrutura óssea das crianças e a manutenção do esqueleto dos adultos. Com efeito, esta ação terapêutica deve-se, em parte, ao auxílio da vitamina D na manutenção da hemostasia do cálcio. Ademais, esta modalidade revela também um efeito tonificador do corpo, uma vez que promove um

Talassoterapia Climoterapia Banho de areia Cura de repouso Helioterapia Viagens marinhas Balneoterapia marinha Banhos quentes Banhos Frios Banho "ativado" Irrigação Inalação

(29)

11

aumento da taxa metabólica, bem como melhorias dos sintomas em doenças como a fibromialgia, osteoartrites, acne e dermatites seborreicas. [24;25]

1.1.5.1.2. Balneoterapia Marinha

A balneoterapia marinha (Figura 6B) é, em tudo, idêntica à balneoterapia convencional, com a exceção de a água e de os produtos que a suplementam serem de origem marinha. A presente modalidade utiliza quer banhos de água quente (37-38˚C), em piscinas ou balneários, quer banhos frios (20˚C), em piscinas marítimas, banhadas pelo mar, ou no próprio mar. Note-se que o recurso a banhos de água fria exerce uma estimulação térmica e hidrostática. Para além destes benefícios, exerce também efeitos específicos na hidratação e manutenção da barreira epitelial, devido à sua composição química inorgânica (cloreto de sódio, magnésio, cálcio, potássio, iodo, etc.) e orgânica (produtos de algas e seus derivados). O movimento das ondas exerce um estímulo mecânico que promove uma massagem natural do corpo. Nos banhos quentes, também é possível recorrer a “Água do Mar” na sua composição natural ou num estado mais concentrado. De resto, podem utilizar-se também os chamados banhos ativados, nos quais se adiciona à “Água do Mar” quente agentes como ozono, dióxido de carbono e algas. Uma das razões apontadas para a introdução de algas ou extratos de algas na água é a capacidade que estas têm de fixar seletivamente alguns dos componentes iónicos da água. Resumindo, a balneoterapia marinha apresenta várias indicações terapêuticas, nomeadamente: a melhoria da compleição física; a promoção da limpeza de pele; o aumento da taxa metabólica basal e do consumo de oxigénio, principalmente nos banhos quentes; e diminuição dos sintomas expressos em doenças reumáticas.[21]

1.1.5.1.3. Peloterapia

A peloterapia (Figura 6C) recorre ao uso de pelóides, uma espécie de lamas, mas que diferem destas na solução aquosa. Assim, os pelóides estão dissolvidos numa solução de água marinha, enquanto as lamas são compostas por uma solução de água mineral. Os pelóides usados nesta terapêutica são de formação e de constituição específica. A formação destes agentes é efetuada de forma natural nos leitos marinhos, através da sedimentação de matéria

(30)

12

inorgânica e orgânica, provenientes da fauna e da flora. Deste modo, a especificidade dos pelóides é originada pelo tipo de matéria orgânica e inorgânica que compõem o leito marinho da região de onde provêm. De resto, é essencial e vantajoso o uso de pelóides característicos da região onde se encontra o centro de tratamento. [21]

As técnicas de peloterapia têm efeitos terapêuticos assinaláveis do ponto de vista estético e da própria saúde do indivíduo. De facto, a composição ímpar dos pelóides funciona como esfoliante e hidratante para a pele, bem como diminui sintomas de doenças reumáticas e de doenças epiteliais, como a psoríase. [21;26]

1.1.5.1.4. Psamoterapia

Um método talassoterapêutico com características especiais é a psamoterapia (Figura 6D), que recorre ao uso de areia marinha aquecida. À exceção da cabeça, o corpo do indivíduo é parcial ou totalmente coberto de areia. A areia é aplicada a uma temperatura elevada, entre os 45 e os 60 ˚C, mas, apesar de elevada, não cria queimaduras no corpo, uma vez que a areia é muito porosa e tem muito pouca condutividade térmica. A praia deve ter condições climáticas adequadas para o exercício desta prática, como a possibilidade de exposição ao sol ao meio dia, pouco vento e humidade relativa contante. Após a aplicação deste método, o paciente é conduzido a um banho com “Água do Mar” quente. [21]

No que se refere às ações biológicas e terapêuticas, esta técnica promove uma estimulação da produção de ACTH pelo complexo hipotálamo-hipófise, que vai atuar nas glândulas suprarrenais, induzindo, consequentemente, a produção de corticosteroides. Ademais, estabelece também um pequeno aumento de glicose no sangue, promove melhorias em situações de fraturas e entorses e ajuda o indivíduo em situações de reumatismo inflamatório crónico. [27]

1.1.5.1.5. Algoterapia

As algas constituem uma grande parte da flora marinha e são formadas por vitaminas, proteínas e por uma enorme quantidade de minerais. A algoterapia (Figura 6E), como o nome indica, recorre a este tipo de vegetação marinha para os seus tratamentos. A terapia com algas pode ser efetuada de dois modos distintos: pela aplicação total ou parcial no corpo de algas

(31)

13

“frescas”; ou pela aplicação de uma solução num banho quente com uma mistura de algas, fermentada com algas “frescas”. Esta terapêutica, em geral, mas principalmente a última aplicação mencionada, ainda está em estudo, mas já existe algumas evidências científicas da sua ação biológica. A sua ação terapêutica, devido à presença de oligoelementos, faz-se sentir no que toca a doenças inflamatórias crónicas, atenuando os sintomas associados, bem como no que diz respeito à hidratação da pele. Para além destes efeitos, destaca-se um efeito tonificador da pele, diminuindo a celulite, e uma ação anti idade, diminuindo visivelmente as rugas. [21]

Figura 6: Imagens representativas das diferentes modalidades que formam a talassoterapia. A: Climoterapia.[28]

B: Balneoterapia.[29] C: Peloterapia.[20] D: Psamoterapia.[31] E: Algoterapia.[32]

1.1.5.2. Evidências científicas na Talassoterapia

Os estudos científicos na área da talassoterapia, ainda que escassos, já deslumbram alguns fundamentos científicos sobre estas terapêuticas. Ao longo dos anos, os estudos recaíram, em grande parte, sobre as alterações hormonais, os níveis de eletrólitos e o metabolismo de lípidos, proteínas e glicosídeos. Para além dos efeitos terapêuticos já descritos anteriormente, um estudo demonstra o comportamento dos péptidos opioides

(32)

14

endógenos, que modulam as respostas inflamatórias e a proliferação e diferenciação de queratinócitos. [33] Este estudo recai especificamente sobre o estudo da ação da metionina-encefalina na pele psoríaca, que em elevadas quantidades promove danos na pele. Indivíduos com psoríase foram, então, tratados com banhos de água salgada no Mar Morto e com a exposição solar. Este tratamento resultou na diminuição dos sintomas da psoríase, e a análise de colorações imuno-histoquímica da pele lesionada mostrou que o tratamento reduziu quer a espessura da epiderme, quer a infiltração dérmica de células CD3 e CD68 positivas. Foi também verificada, uma ligeira diminuição dos valores de metionina-encefalina. Além disso, os níveis de metionina-encefalina não lesionais aumentaram. Com efeito, estes resultados podem ser consequência de um efeito estimulador promovido pela irradiação UV na formação de metionina-encefalina não lesional na pele. Assim, é possível que os níveis circulantes aumentados de metionina-encefalina não lesionais, após exposição à radiação UV, possam contribuir para os efeitos benéficos de irradiação UV. [33]

Outros estudos sobre os efeitos da climoterapia nos pacientes com psoríase foram efetuados. Um dos estudos teve como objetivo estudar a resposta das células imunológicas e dos queratinócitos nas lesões de psoríase em pacientes sujeitos ao tratamento por climotarapia. Para a realização do estudo, foram recrutados 27 pacientes com psoríase em placa, que foram sujeitos a um tratamento com climoterapia durante 28 dias. Após o período de tratamento, foi avaliada a área da lesão provocada pela doença, bem como o índice de gravidade. Os dados revelam que a área da lesão e o índice de severidade diminuíram 81,5% e que 48% dos pacientes apresentaram uma eliminação completa da lesão. Os linfócitos T foram quase totalmente eliminados da epiderme, restando apenas um número reduzido na derme. Conclui-se, portanto, que a climoterapia se revela eficaz no tratamento deste tipo de psoríase. [34]

Foram também realizados estudos sobre o efeito da balneoterapia na fibromialgia. [35] O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia da balneoterapia na região do Mar Morto no tratamento da fibromialgia. Nesse sentido, 28 pacientes com fibromialgia foram tratados, através da balneoterapia, na área do Mar Morto. Foram vários os índices clínicos avaliados, a saber: a duração da rigidez matinal, um sintoma grave nestes doentes; o número de articulações ativas, com uma contagem de ponto de 18 pontos dolorosos, uma vez que esta doença tem como principal característica a dor em várias articulações; e a determinação do limiar de sensibilidade em quatro pontos dolorosos, utilizando um dolorímetro. Os resultados demostram que o número de pontos dolorosos foi reduzido e que houve uma melhoria

(33)

15

significativa nas leituras do dolorímetro. Determina-se, assim, que a balneoterapia na área do Mar Morto parece produzir uma substancial melhoria no número de articulações ativas e dos pontos de dor sensíveis em pacientes com fibromialgia. [35]

Outro estudo recorre à talassoterapia para apontar que estas terapêuticas são benéficas para o paciente que padece de fibromialgia. Esse estudo analisou o efeito de uma combinação de talassoterapia, exercício e educação dos pacientes com fibromialgia. Nesse sentido, foram sujeitos a um programa que incluía a talassoterapia, exercícios com supervisão e educação de hábitos de vida saudáveis. Estes parâmetros foram avaliados a partir de vários questionários sobre diversas temáticas, nomeadamente: qualidade de vida (RAND-36), impacto da fibromialgia (questionário de dor McGill), e estado mental do paciente (questionário de depressão Beck). Foi ainda realizada uma prova de esforço com uma caminhada de seis minutos. Após os tratamentos, todos os parâmetros avaliados melhoraram, aumentando a qualidade de vida dos pacientes. Em jeito de conclusão, pode afirmar-se que uma combinação de talassoterapia, exercício e educação pode melhorar temporariamente os sintomas da fibromialgia, bem como a qualidade de vida dos pacientes. [36]

Estudos com o objetivo de analisar as potencialidades dermocosméticas da talassoterapia revelam uma melhoria na hidratação da pele. Neste estudo, os indivíduos com pele atópica colocaram um braço em água da torneira, como medida de controlo, e o outro braço na “Água do Mar” Morto. Os resultados demonstraram que tomar banho na solução aquosa do mar Morto melhorou significativamente a função barreira epitelial e reforçou a hidratação do braço, em comparação com o braço tratado com a água mineral. Além disso, a rugosidade da pele e a vermelhidão, como um marcador de inflamação, também sofreram uma redução significativa. [37]

1.2. Drosophila melanogaster como modelo de estudo científico

Todos os estudos suprarreferidos têm uma aplicação prática e demostrativa das qualidades e das potencialidades das diferentes terapêuticas que compõem a talassoterapia. Apontam também o grande número de patologias que podem atenuar e até tratar, bem como a existência de melhorias no aspeto estético. Contudo, estes estudos não frisam se as quantidades de produtos usados nestas terapias, quando empregues durante longos períodos de tempo, poderão ter efeitos tóxicos e até genotóxicos. De facto, muitos dos compostos que

(34)

16

compõem os sedimentos e as algas poderão ter substâncias com potenciais terapêuticos ainda desconhecidos, que poderiam auxiliar no tratar doenças mais graves, tais como o cancro. É, por isso, essencial expandir o nível de investigação e testar os efeitos tóxicos e genotóxicos, bem como recorrer a modelos animais, como por exemplo a Drosophila melanogaster. Uma vez que o uso de modelos animais não está sujeito a normas éticas tão restritivas como as que regem a investigação em humanos, torna-se possível testar os produtos noutros moldes, agilizando, assim, a investigação científica. Com efeito, para que a talassoterapia seja olhada com mais confiança e maior credibilidade, é indispensável um maior peso e uma maior sustentabilidade científicos nesta área.

No início do século vinte, nasceu para a genética um dos melhores modelos de estudo da história, a D. melanogaster ou, simplesmente, mosca da fruta. Nesta época, a Drosophila já era utilizada em alguns laboratórios, por ser fácil de manipular e ter baixos custos de manutenção. O potencial deste modelo só foi descoberto em 1910 por Thomas Hunt Morgan, que tentava desvendar os segredos subjacentes à hereditariedade.[38] Nesses tempos, ainda se discutia a formulação das considerações darwinistas, sendo portanto lógico e compreensível o recurso a este tipo de estudo. Thomas Morgan, no decorrer dos seus estudos com D.

melanogaster, reparou que algumas moscas que haviam nascido tinham olhos de cor branca,

contrariando os progenitores que tinham os olhos de cor vermelha. Assim, Morgan detetou pela primeira vez uma mutação espontânea em D. melanogaster. À luz das teorias de Mendel, Morgan percebeu que esta alteração tinha sido transmitida pelos progenitores. Observou ainda que este fenómeno tinha mais incidência nas moscas fêmeas. Morgan concluiu, assim, que a informação e as alterações que estavam presentes na descendência eram transmitidas pelo cromossoma X da progenitora. Apesar de passados todos estes anos, a D. melanogaster contribui, e continuará a contribuir, para o desenvolvimento de algumas ciências, como a genética, a embriologia e a biologia do desenvolvimento. Este modelo experimental marcou grandes viragens na ciência, como foi o caso da descoberta levada a cabo por Edward Lewis, que descreveu um conjunto de genes que, juntamente com outros genes homeóticos, são capazes de atribuir diferentes identidades às células durante o desenvolvimento larvar. Trata-se dos genes constituintes do complexo homeótico, homólogos aos genes HOX, nos vertebrados. [38; 39]

Com todos esses frutíferos avançosna década de 70, iniciaram-se e apareceram os primeiros estudos sobre o olho da D. melanogaster. De qualquer modo, é surpreendente o início tardio destes estudos, uma vez que o olho é de cor vermelha e com uma visível

(35)

17

estrutura enleada, formando assim um olho composto. O olho da D. melanogaster é composto por vários omatídios, cada um formado por lentes, fotorrecetores e células pigmentosas, constituindo assim uma unidade funcional de visão. [39]

Mais recentemente, alguns estudos revelaram os genes responsáveis pela especificação do olho, os genes eyeless (ey) e os genes twin of eyeless (toy), que, em conjunto, apresentam homólogos nos vertebrados, estando a sua função conservada nas moscas e nos humanos. Assim, pode-se colocar a seguinte pergunta: por que razão se deve estudar a D. melanogaster? Pelas evidências cientificas aqui citadas, é de extrema importância estudar a função e a interação genética neste modelo, uma vez que apresenta uma homologia elevada, apesar de ser um organismo pequeno e filogeneticamente “distante”. [39]

A D. melanogaster é um excelente modelo científico, por diversas razões, de entre as quais se destacam as seguintes:

(i) O ciclo de vida é curto, uma vez que a 25˚C demora cerca de 10 dias a desenvolver-se de um embrião fertilizado até um adulto fértil; [40]

(ii) Um único casal pode produzir cerca de 200 descendentes. Esta elevada descendência é extremamente útil para validação estatística de resultados; [41]

(iii) Devido ao seu reduzido tamanho, não necessitam de uma grande logística. Apenas necessitam de uma câmara a 25˚C e de condições para a administração de um ciclo de luz; [40]

(iv) O seu genoma encontra-se todo sequenciado, possuindo também uma caracterização bastante elevada; [42; 43]

(v) Os machos não sofrem recombinação meiótica, o que apresenta uma vantagem para os estudos genéticos; [40]

(vi) É relativamente fácil o seu manuseamento e os utensílios necessários para tal são baratos e fáceis de manipular; [41]

(vii) Os meios de cultura para a sua manutenção e crescimento são relativamente baratos;[40]

(viii) Existe uma semelhança entre os sistemas metabólicos enzimáticos de xenobióticos. Estes sistemas são homólogos aos presentes no fígado dos vertebrados. [40]

(36)

18 1.2.1. Ciclo de Vida

O desenvolvimento da D. melanogaster está dividido em três estágios principais: estágio embrionário, larvar e de pupa (Figura 7).

Figura 7: Ciclo de vida de Drosophila melanogaster. [44]

É durante a fase embrionária, que dura cerca de 24 horas, que todas as estruturas da larva são formadas. A larva cresce principalmente por poliploidização, logo as células crescem em tamanho, levando a duas mudanças, que caracterizam os estádios larvais (L1-3). No final do terceiro estádio (L3), a larva inicia o estádio de pupa. Durante a fase de pupa, a D.

melanogaster sofre a metamorfose, em que a maioria dos tecidos sofre um aumento no

número de histonas, enquanto os discos imaginais experimentam uma morfogénese, dando origem a um organismo adulto. Existem diferentes tipos de discos imaginais, dependendo da estrutura a que irão dar origem (Figura 8), e, à exceção do disco genital, para cada tipo de estrutura existe um par de discos imaginais no embrião. Cada disco imaginal dá origem a metade de um órgão, daí a necessidade de existirem dois discos. [40; 45; 46]

(37)

19 Figura 8: Representação dos discos imaginais. Esta figura ilustra alguns dos discos imaginais, no terceiro

estádio larvar e as estruturas que irão formar no indivíduo adulto. Estão representados os discos das patas, a vermelho, olho-antena, a azul, e das asas, a verde. [47]

Tal como referido anteriormente, a larva passa por três estádios, os estádios L1, L2 e L3. Durante estes três estádios, as células dos discos imaginais vão proliferar e diferenciar-se em células com características dos órgãos adultos que irão originar. No início do estádio larvar, os discos imaginais são estruturas achatadas compostas por células com uma estrutura cúbica uniforme. Com o avançar do estádio, as células vão diferenciar-se, adotando uma de duas morfologias: colunar ou escamosa. O lado colunar dará origem a estruturas cuticulares adultas, designadas por Disc Proper (DP). Já o lado escamoso é apelidado de Peripodial

Epithelium (PE). [45]

No final do estádio L3, todos os discos imaginais têm as células e a informação necessárias para se diferenciarem e darem origem aos diferentes órgãos. Por fim, a última etapa, que dura seis dias, é denominada como fase de pupa e é aquela em que os discos imaginais se fundem, dando origem aos órgãos. Durante a fase de pupa, a apoptose desempenha um papel importante, pois, ao ser induzida de forma controlada, vai ajustar o número total de células no adulto. [45; 48]

(38)

20 1.2.2. D. melanogaster e a homologia genética em humanos

O genoma da D. melanogaster foi completamente sequenciado e anotado, estimando-se mais de 14000 genes nos quatro cromossomas que possui. Com a revelação do genoma, verificou-se que 75% dos genes presentes neste modelo têm genes ortólogos funcionais em humanos. Apesar de a similaridade nucleotídica ou proteica entre os humanos e a D.

melanogaster ser aproximadamente de 40%, a percentagem de similaridade nos domínios

funcionais conservados pode ser de 80 a 90%. [49]

A D. melanogaster adulta é um organismo muito sofisticado e complexo. Na verdade, este organismo é composto por estruturas que executam funções equivalentes ao coração, ao pulmão, ao rim, ao intestino e ao aparelho reprodutivo dos mamíferos. De resto, o cérebro da mosca é notável, já que é composto por mais de 100000 neurónios que desempenham funções e comportamentos complexos, incluindo os ritmos circadianos, sono, aprendizagem, memória, reprodução, alimentação, agressão, preparação e navegação de voo. Aliás, a D. melanogaster revela que a resposta do seu sistema nervoso central (SNC) a um fármaco é idêntica àquela que é observada no SNC dos mamíferos. [50]

Outro exemplo de um sistema semelhante ao dos mamíferos é o sistema visual da D.

melanogaster, que constitui um dos aparelhos mais estudados deste organismo. Estes estudos

prendem-se pela compreensão do sistema visual, bem como das vias de transdução de sinal. Embora existam muitas diferenças entre as D. melanogaster e os seres humanos, o grau de conservação biológica leva a que este modelo seja amplamente usado em diversas áreas, entre as quais a genotoxicidade, já referenciada no decorrer deste capítulo. Todavia, face a estas convergências deste modelo ao Homem, é importante referir que a D. melanogaster não é, de todo, um ser humano em ponto pequeno. [51]

A D. melanogaster protagonizou, como organismo modelo, um enorme desenvolvimento de ferramentas genéticas, bem como na diversidade e complexidade das técnicas utilizadas. Portanto, uma vez que a maioria destes procedimentos não são simples, é meu objetivo apresentar uma breve introdução sobre as técnicas que foram utilizadas no decorrer deste projeto.

(39)

21 1.3. Ensaio do cometa - Single Cell Gel Electrophoresis (SCGE)

O método de ensaio do cometa é o recurso mais utilizado para medir os danos no DNA em células eucariotas ou em tecidos com uma taxa de degradação. Trata-se de um recurso simples, sensível, versátil e que produz imagens semelhantes a cometas, razões mais do que suficientes para a sua grande utilização (Figura 9). O ensaio vai depender do relaxamento da cadeia “superenrolada” de DNA, proporcionada pelas quebras na estrutura de ligação. Ao acontecerem estas quebras e quando sujeito a um gradiente elétrico, recorrendo a uma eletroforese, promove a migração das cadeias DNA com quebras e danificadas para o ânodo, formando a cauda. No caso de as cadeias não sofrerem quaisquer danos ou de terem sido reparadas, estas concentram-se na cabeça do cometa, não sofrendo uma migração. Assim, uma suspensão de células é misturada com uma fina camada de agarose numa lâmina de microscópio. As células sofrem uma etapa de lise, na qual são tratadas com um detergente (TRITON X- 100), que remove membranas celulares, bem como todos os componentes solúveis. A solução de lise contém também cloreto de sódio, essencial para remover as histonas no DNA. Os corpos incorporados no gel assemelham-se a núcleos, quer em tamanho, quer em forma, e são conhecidos por nucleoides. A organização nucleossomal do DNA é interrompida pela extração da histonas pelo NaCl, mas o superenrolamento negativo do DNA sobrevive, enquanto este se mantiver intacto. [52]

Figura 9: Figura de “cometas” mostrando células com diferentes níveis de dano no DNA, os quais estão

evidenciados na cauda.

O modelo da estrutura do DNA, desenvolvido por Cook em 1976, propõe que cada molécula de DNA está ligada a uma matriz nuclear, ou a uma “scaffold”, em intervalos mais ou menos regulares. Esta singularidade permite observar a molécula de DNA, numa série de

Imagem

Figura  3:  Imagem  esquemática  adaptada  dos  diferentes  agentes,  modalidades  e  elementos  que  integram  e  caracterizam  os  “Health  Resort  Medicine”
Figura 4: A: Pintura em tela do retrato do Richard Russell (1687- 1759).  [18]  B: Imagem da capa da dissertação
Figura 6: Imagens representativas das diferentes modalidades que formam a talassoterapia
Figura 7: Ciclo de vida de Drosophila melanogaster.  [44]
+7

Referências

Documentos relacionados

Para essa discussão, selecionamos o programa musical televisivo O fino da bossa, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, na TV Record de São Paulo, entre os anos de 1965 e

Nota: Visto que o atraso de enfileiramento e o componente variável do atraso de rede já são incluídos nos cálculos do buffer de controle de variação de sinal, o atraso total é,

Este trabalho apresenta uma formula¸c˜ao de Elementos Fini- tos Generalizados para flex˜ao de placas lami- nadas em que os graus de liberdade mecˆanicos s˜ao aproximados no dom´ınio

O petróleo existe na Terra há milhões de anos e, sob diferentes formas físicas, tem sido utilizado em diferentes aplicações desde que o homem existe. Pela sua importância, este

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

este volume contém os contos escritos por sir Arthur Conan doyle que guardam algumas de suas histórias mais famosas e queridas: As aventuras de Sherlock Holmes, Memórias de Sherlock