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Arq Bras Endocrinol Metab vol.47 número2

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Academic year: 2018

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109 Arq Bras Endocrinol Metab vol 47 nº 2 Abril 2003

A

NEFRO PATIA DIABÉTICAé uma complicação importante do diabetes pois acomete cerca de 30 a 40% dos pacientes, está associada a um aumento da mortalidade e evolui inexoravelmente para a perda progressiva de função renal, necessitando o uso de medidas de reposição da função renal (1).

D iversos fatores de risco tem sido descritos para a nefropatia dia-bética, entre eles, o grau de hiperglicemia, a duração do diabetes, a pre-sença de hipertensão arterial, o fumo e fatores genéticos (1). Marcadores de nefropatia diabética estão sendo enfaticamente procurados e a presença de microalbuminúria, isto é, um aumento da excreção urinária de albumina acima de 20 µg/ min e menor do que 200 µg/ min (2), é um dos fatores predisponentes mais estudados. Além disto é também um fator de risco para a doença cardiovascular (3), a principal causa de morte em pacientes com diabetes do tipo 2 (4). A presença de microalbuminúria está associa-da aos mesmos fatores de risco associa-da nefropatia diabética e também à resistência insulínica e síndrome metabólica (5).

A O rganização Mundial da Saúde considera a presença de micro-albuminúria como um dos componentes necessários para definir a presença de Síndrome Metabólica (6). Especula-se que a resistência insulínica deter-mine disfunção endotelial e, por conseguinte, cause um aumento da per-meabilidade da membrana glomerular. D e fato, níveis séricos de endotelina-1, um marcador da função endotelial, estão mais elevados em pacientes com diabetes do tipo 2 e dislipidêmicos do que em pacientes apenas dislipidêmicos ou indivíduos normais. O s principais determinantes da elevação da endotelina são os níveis mais elevados de excreção urinária de albumina e o índice H O MA de resistência insulínica (7).

O utro possível marcador precoce de nefropatia diabética é a hiper-filtração glomerular, que antecederia ainda o aparecimento da micro-albuminúria. N o entanto, estudos prospectivos de longa duração não con-seguiram estabelecer um papel do aumento da taxa de filtração glomerular como fator de risco, quer seja para a microalbuminúria como para a nefropatia diabética (8).

N este número dos ABE&M, Cruz e colaboradores (9) testaram a hipótese de que alterações precoces da função renal – hiperfiltração glomerular e microalbuminúria – poderiam estar presentes em estágios iniciais da alteração da homeostase glicêmica, como a tolerância a glicose diminuída. O bservaram que pacientes com tolerância a glicose diminuída apresentavam um índice de massa corporal maior, maior proporção de indivíduos com relação cintura quadril alterada, e níveis tensionais mais ele-vados. Alem disto, os índices de resistência insulínica também eram mais elevados neste grupo. Embora a prevalência de microalbuminúria nos pacientes com tolerância a glicose diminuída (21,1%) tenha sido maior do que no grupo controle (3,3%), esta diferença não atingiu a significância estatística convencional (9).

Entretanto, estes resultados poderiam ser analisados de uma outra forma, sem que os pacientes fossem separados em dois grupos distintos.

editorial

Mi croalbumi núri a e a Sí ndrome Metabóli ca

Jorge Lui z Gross

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Microalbum inúria e a Síndrom e Metabólica

Gross

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O emprego de uma análise de regressão múltipla utilizando todos os pacientes e com a excreção urinária de albumina como variável dependente e índices de resistência insulínica, valores de glicose de 2h após a sobrecarga de glicose, índice de massa cor-poral e razão cintura quadril como variáveis indepen-dentes, poderia mostrar uma associação estatística-mente significante.

D e qualquer maneira, estes dados são forte-mente sugestivos de que os pacientes com tolerância a glicose diminuída (e com Síndrome Metabólica) apre-sentem um aumento da excreção urinária de albumina. Esta hipótese deve continuar sendo pesquisada em um número maior de pacientes, pois é um assunto rele-vante na medida em que a presença de microalbu-minúria pode ser um dos fatores de risco relacionados ao aumento da mortalidade cardiovascular em pacientes com tolerância a glicose diminuída.

Além disto, há tratamentos específicos para a microalbuminúria, como o emprego de agentes que bloqueiam o sistema renina-angiotensina (10) ou substituindo a carne vermelha da dieta por carne de frango (11). Estas medidas poderiam reduzir a elevada mortalidade cardiovascular nos pacientes diabéticos pois estariam sendo utilizadas numa etapa ainda mais precoce da doença cardiovascular.

REFERÊNCIAS

1. Ritz E, O rth SR. N ephropathy in patients with type 2 diabete mellitus. N Engl J Med 1 9 9 9 ;341:1127-33.

2. American D iabetes Association. D iabetic nephropathy. Position

Statement. D iabetes Care 2 0 0 2 ;25 (suppl 1):S85-S89.

3. Valmadrid CT, Klein R, Moss S, Klein BEK. The risk of cardio-vascular disease mortality associated with microalbuminuria and gross proteinuria in persons with older-onset diabetes mellitus.

Arch Intern Med 2 0 0 0 ;160:1093-100.

4. Panzram G. Mortality and survival in type 2 (non-insulin-dependent) diabetes mellitus. D iabetologia 1 9 8 7 ;30:123-31.

5. Isomaa B, H enricsson M, Almgren P, Tuomi T, Taskinen MR, Groop L. The metabolic syndrome influences the risk of chron-ic complchron-ications in patients with type II diabetes. D iabetologia

2 0 0 1 ;44:1148-54.

6. World H ealth O rganization: D efinition, diagnosis and classifi-cation of diabetes mellitus and its compliclassifi-cations. Part 1: D iag-nosis and classification of diabetes mellitus. Geneva: WH O rga-nization, 1 9 9 9 .

7. Seligman BG, Biolo A, Polanczyk CA, Gross JL, Clausell N . Increased plasma levels of endothelin 1 and von Willebrand fac-tor in patients with type 2 diabetes and dyslipidemia. D iabetes

Care 2 0 0 0 ;23:1395-400.

8. Murussi M, Baglio P, Gross JL, Silveiro SP. Risk factors for microalbuminuria and macroalbuminuria in type 2 diabetic patients: a 9-year follow-up study. D iabetes Care

2 0 0 2 ;25:1101-3.

9. Cruz N S, Sartori MS, Santos ML, Aragon FF, Padovani CR, Pimenta WP. Avaliação quanto à presença de microalbu-minúria e hiperfiltração glomerular no estágio de tolerância à glico se d im in u íd a. Arq Bras Endo crino l Metab

2 0 0 3 ;47/ 2:158-65.

10. Parving H H , Lehnert H , Brochner-Mortensen J, Gomis R, Andersen S, Arner P. Irbesartan in patients with type 2 diabetes and microalbuminuria study group. The effect of irbesartan on the development of diabetic nephropathy in patients with type 2 diabetes. N Engl J Med 2 0 0 1 ;345:870-8.

11. Gross JL, Z elmanovitz T , M oulin C C , D e M ello V, Peras-solo M , Leitão C , et al. Effect of a chicken-based diet on renal function and lipid profile in patients with type 2 dia-b et es: a ran d o m ized cro sso ver t rial. D iadia-b et es C are

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