• Nenhum resultado encontrado

J. bras. pneumol. vol.41 número5

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "J. bras. pneumol. vol.41 número5"

Copied!
1
0
0

Texto

(1)

ISSN 1806-3713 © 2015 Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132015000000215

J Bras Pneumol. 2015;41(5):485-485 Educação continuada:

MEtodologia ciEntífica

485

O que realmente signiica o valor-p?

Juliana Carvalho Ferreira1,3, Cecilia Maria Patino2,3

Por que calcular um valor-P?

Considere um experimento no qual 10 indivíduos recebem um placebo e outros 10 recebem um diurético experimental. Após 8 h, a média do débito urinário no grupo placebo é de 769 ml versus 814 ml no grupo diurético — uma diferença de 45 ml (Figura 1). Como sabemos se essa diferença signiica que a droga funciona e não é simplesmente resultado do acaso?

diferença estatisticamente signiicativa entre os grupos. Então, o que “p = 0,031” signiica? Signiica que há apenas uma probabilidade de 3% de se observar uma diferença de 45 ml na média do débito urinário entre os grupos sob a hipótese nula. Como essa probabilidade é muito pequena, rejeitamos a hipótese nula. Isso não

signiica que a droga seja um diurético, nem que haja uma chance de 97% de a droga ser diurética.

concePções erradas sobre o valor-P

Signiicância clínica vs. estatística do tamanho do efeito

É um equívoco achar que um valor muito pequeno de p signiique que a diferença entre os grupos é altamente relevante. Ao olharmos para o valor-p isoladamente, nossa atenção é desviada do tamanho do efeito. No nosso exemplo, o valor-p é signiicativo, mas uma droga que aumente a produção de urina em 45 ml não tem relevância clínica.

Valor-p não signiicante

Outro equívoco é achar que se o valor-p for maior do que 5%, o novo tratamento não tem nenhum efeito. O valor-p indica a probabilidade de se observar uma diferença tão grande ou maior do que a que foi observada sob a hipótese nula. Mas se o novo tratamento tiver um efeito de tamanho menor, um estudo com uma pequena amostra pode não ter poder suiciente para detectá-lo.

Interpretação exagerada de valor-p não signiicante, próximo a 5%

Outro conceito equivocado é acreditar que, se o valor-p está próximo de 5%, há uma tendência de haver uma diferença entre os grupos. É inadequado interpretar um valor-p de, digamos, 0,06, como uma tendência de diferença. Um valor-p de 0,06 signiica que existe uma probabilidade de 6% de se obter esse resultado por acaso quando o tratamento não tem nenhum efeito real. Como deinimos o nível de signiicância de 5%, a hipótese nula não deve ser rejeitada.

Tamanho do efeito vs. valor-p

Muitos pesquisadores acreditam que o valor-p é o número mais importante a ser relatado. No entanto, devemos nos concentrar no tamanho do efeito. Evite relatar o valor-p isoladamente e, preferencialmente, relate os valores médios para cada grupo, a diferença, o intervalo de coniança de 95% e, então, o valor-p.

leitura recomendada

1. Glantz SA. Primer in Biostatistics, 5th ed. New York: McGraw-Hill; 2002.

1000

900

800

700

600

Placebo Droga nova

Placebo Nova droga

Figura 1. Débito urinário (ml) para cada indivíduo nos grupos placebo (quadrados) e droga nova (losangos).

1. Divisão de Pneumologia, Instituto do Coração – InCor – Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. 2. Department of Preventive Medicine, Keck School of Medicine, University of Southern California, Los Angeles, CA, USA.

3. Methods in Epidemiologic, Clinical and Operations Research–MECOR–program, American Thoracic Society/Asociación Latinoamericana del Tórax.

A forma mais comum de se abordar esse problema é utilizar um teste de hipótese. Primeiramente, estabelecemos a hipótese nula de nenhuma diferença estatística entre os grupos e a hipótese alternativa de uma diferença estatística. Em seguida, selecionamos um teste estatístico para computar uma estatística de teste, que é uma medida numérica padronizada da diferença entre os grupos. Sob a hipótese nula, esperamos que o valor da estatística de teste seja pequeno, mas há uma pequena probabilidade que essa seja grande, somente por acaso. Uma vez calculada a estatística de teste, a utilizamos para calcular o valor-p.

O valor-p é deinido como a probabilidade de se observar um valor da estatística de teste maior ou igual ao encontrado. Tradicionalmente, o valor de corte para rejeitar a hipótese nula é de 0,05, o que signiica que, quando não há nenhuma diferença, um valor tão extremo para a estatística de teste é esperado em menos de 5% das vezes.

Imagem

Figura 1. Débito urinário (ml) para cada indivíduo nos grupos  placebo (quadrados) e droga nova (losangos).

Referências

Documentos relacionados

Um valor crítico é qualquer valor que separa a região crítica dos valores da estatística de teste que não levam à rejeição da hipótese

(Exatas) Um fabricante de correntes sabe, por experiˆ encia pr´ opria, que a resistˆ encia ` a ruptura dessas correntes tem distribui¸c˜ ao normal com m´ edia de 16,3 libras e

Em seu trabalho, Marina Murta e Nathalia Gonçalves evocam o nome de um dos mais polêmicos artistas do século XX, que participou do despontar da Arte Moderna e de todas as

Engenharia de Cardápio. Segundo Rapp, o topo ou o canto superior direito da página 

No 8º dia após o último comprimido de DELLAX 20 e DELLAX 30 (ou seja, após os 7 dias da semana de intervalo), inicie a fita seguinte, mesmo que a hemorragia não tenha parado.

Varr edura TCP Window ( cont inuação) ACK- win manipulado Não Responde ACK- win manipulado ICMP Tipo 3 Firewall Negando Firewall Rejeitando Scanner de Porta... Var r edur a FI N/

Nas Lições de Epicteto há inúmeras passagens onde o tó soma é apresentado como o primeiro item listado entre aquelas coisas “não sobre nós”, ou seja, que não nos

Concentração de determinada substância, acima da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo e da água subterrânea VALOR DE PREVENÇÃO -