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Programa de Estudos Pós-Graduados em Gerontologia PUCSP 2006

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ROSÂNGELA CLÁUDIA NOVEMBRE

CUIDADOR FAMILIAR DO IDOSO DEPENDENTE:

ESTUDO DO PERFIL SÓCIOECONÔMICO E DE SAÚDE

Programa de Estudos Pós-Graduados em Gerontologia

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ROSÂNGELA CLÁUDIA NOVEMBRE

CUIDADOR FAMILIAR DO IDOSO DEPENDENTE:

ESTUDO DO PERFIL SÓCIOECONÔMICO E DE SAÚDE

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com vistas à obtenção do Título de MESTRE, sob orientação da Prof.ª Drª. Úrsula M. Simon Karsch.

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BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

_______________________________________

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DEDICATÓRIA

__________________________________________________________

Aos pacientes e seus cuidadores familiares que forneceram os dados necessários à realização deste estudo.

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AGRADECIMENTOS

___________________________________________________________________

A DEUS por me dar forças para buscar os meus sonhos, permitindo que eu possa conquistá-los.

A minha família que me impulsiona para sempre buscar os meus estudos. A família do meu marido que todo este tempo compreendeu a minha ausência para minha dedicação com os estudos.

Ao Grupo de Pesquisa Epidemiologia do cuidador- PUC, em especial a pesquisadora Viviane Bianco, pelo seu empenho na coleta de dados no hospital.

Ao Hospital Geral do Mandaqui-SP, que permitiu que o meu acesso e dos meus colegas para a realização desta pesquisa.

À minha orientadora Profª. Drª. Úrsula M. Karsch, pela orientação, direcionamento, que me estimulou a pesquisar sobre os cuidadores. Pela dedicação quando nos encontrávamos.

Às Profªs. Vera Lúcia V. Almeida e Arlete C. M. Salimene, por terem me direcionado no momento da qualificação, dando sugestões que me direcionou para esta pesquisa.

A todos os docentes do Programa de Estudos Pós-Graduação em Gerontologia da PUC-SP, que me despertaram para o conhecimento e participaram do meu processo acadêmico.

Aos meus colegas da pós-graduação, pela paciência diante dos meus questionamentos.

Aos meus amigos de trabalho que estimo muito: Carla Cardoso, Solange Novaes, Paula de Souza Vieira, Rogério Vieira, Getúlio G., Arlete G. Patvi, Alexandre Vieira, Herlon B. Silva, Andrizio A. de Moraes, Israel Marcos, Sarah Munhoz, Drª Denise Schout, Drª Marisa Myagi, Mirna N. Okamura e Denise Dantas.

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Nada lhe posso dar que já não existam em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a

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RESUMO

NOVEMBRE, Rosângela Cláudia. Cuidador Familiar do Idoso Dependente: Estudo do Perfil Socioeconômico e de Saúde. São Paulo, 107 p.

Dissertação de Mestrado em Gerontologia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2006.

Esta pesquisa sobre o cuidador familiar do idoso dependente, baseou-se no aumento do número de idosos portadores de doenças crônico-degenerativas, com perda da independência e autonomia. Cuidar do doente no domicílio tornou-se cada vez mais freqüente, embora toda família seja afetada, o cuidado recai, especialmente sobre um único membro que passa a desempenhar as atividades do cuidado, em virtude disto o cuidador familiar enfrenta muitos problemas que colocam em risco a sua saúde, devido à sobrecarga de trabalho e pouca habilidade. O objetivo deste estudo foi identificar o perfil socioeconômico e de saúde do cuidador familiar do idoso que internou no Hospital Geral Mandaqui-SP. Esta pesquisa deu-se em dois momentos. Entrevistamos no hospital 107 idosos internados, dos quais selecionamos 25 que precisariam de cuidado após a alta hospitalar. No segundo momento estabelecemos contato com o familiar na busca dos seus cuidadores, fazendo parte desta pesquisa seis cuidadoras com idade entre 27 a 77 anos, do sexo feminino, que apresentam baixa escolaridade, boas condições de saúde, restrição na vida social. Constatou-se que o cuidador familiar merece atenção, por encontrar-se despreparado para enfrentar a condição da doença prolongada. A partir desta pesquisa, foi possível mostrar ao Centro de Referência do Idoso, o perfil do cuidador familiar quanto às condições socioeconômicas e de saúde.

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ABSTRACT

___________________________________________________________________ NOVEMBRE, Rosângela Cláudia. Family Caregivers of Dependent Elderly: Social, Economic and Health Profile

Master’s dissertation on Gerontology – São Paulo Catholic University - 2006

The present research about family caregivers of dependent elderly was based on the overall increase of chronic-degenerative diseases with loss of independence and autonomy. Family caregiving in Brazil has become increasingly important over the years. Although the whole family is generally affected, caregiving is usually carried out by only one family member who undertakes the caregiving activities. As a result, many family caregivers face problems that jeopardize their health due to the overload of work and lack of caregiving skills. The chief objective of this study was to identify the profile of family caregivers of elderly persons admitted to the Mandaqui General Hospital in São Paulo. Research was conducted in two stages. Firstly, we interviewed 107 elderly patients at the hospital, 25 of whom were singled out as needing home care upon discharge. In the second phase, we sought to make contact with those patients’ family members who would act as caregivers. The research included six female caregivers aged 27-77 years old, with low education, good health conditions, and a restricted social life. The interviews revealed that family caregivers deserve particular attention as they are often unprepared to cope with the illness of an elderly family member for a prolonged period of time. The results of this study provided a social, economic and health profile of family caregivers, which was further presented to the Elderly Care Center of the São Paulo State Health Department.

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SUMÁRIO

___________________________________________________________________

Folha de rosto... ii

Folha de aprovação da banca examinadora...iii

Dedicatória...iv

Agradecimentos...v

Mensagem...vi

Resumo...vii

Abstract...viii

Sumário...ix

Lista de Quadro, Figura e Tabelas...xi

INTRODUÇÃO...02

CAPÍTULO 1 - ENVELHECIMENTO E O IDOSO 1.1 Envelhecimento Populacional com Dupla Transição: Demográfica e Epidemiológica...08

1.2 Capacidade Funcional...12

1.3 Velhice e Dependência...15

1.4 Classificação da Funcionalidade e Incapacidade...17

CAPÍTULO 2 - CUIDADORES 2.1 Cuidador do Idoso Dependente...20

2.2 O Cuidado como elo entre o Idoso e o Cuidador...22

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CAPÍTULO 3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA SOBRE O IDOSO...29

3.1.1 Local da Pesquisa...30

3.1.2 População da Pesquisa...31

3.1.3 Coleta de Dados...31

3.1.4 Processamento Dados...33

3.1.5 Resultados e Análises ...33

1. Caracterização dos Sujeitos...39

2. Caracterização da Internação e Condições de Saúde...38

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUIDA SOBRE O PERFIL DO CUIDADOR...46

3.2.1 Local da Pesquisa...47

3.2.2 População da Pesquisa...47

3.2.3 Coleta de Dados...49

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Análise Descritiva do Perfil dos Cuidadores ...52

1. Caracterização Demográfica e Socioeconômica...52

2. Condições de Saúde do Cuidador...53

2.1 Uso dos Serviços de Saúde...54

3. Caracterização quanto à Participação Social...55

4.Relação Paciente Cuidador (a)...56

CONSIDERAÇÕES FINAIS...59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...64

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LISTA DE QUADRO, FIGURAS E TABELAS.

___________________________________________________________________ Quadro 01. Análise estatística das idades dos idosos.

Gráfico 01. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo Faixa etária e sexo.

Gráfico 02. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo o Estado o local de Nascimento.

Gráfico 03. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo a escolaridade e sexo.

Gráfico 04. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo situação conjugal e sexo.

Gráfico 05. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo a situação previdenciária.

Gráfico 06. Distribuição do Idoso internado no hospital, segundo Diagnóstico Clínico.

Gráfico 07. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo antecedentes mórbidos.

Gráfico 08. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo a saúde bucal.

Gráfico 09. Distribuição do idoso internado hospital, segundo alteração auditiva.

Gráfico 10. Distribuição do idoso internado hospital, segundo alteração visual.

Gráfico 11. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo Alteração de memória e Faixa etária.

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Tabela 02. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo as dificuldades apresentadas para as AIVD.

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INTRODUÇÃO

___________________________________________________________

Norte da cidade de São Paulo, como também de seu cuidador familiar. Foi realizado por recomendação da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, no ano de 2004, com o propósito de subsidiar a implantação do Centro de Referência do Idoso da Zona Norte.

A trajetória de investigação iniciou-se paralelamente à construção do Centro de Referência do Idoso no complexo hospitalar. O tema foi escolhido por ser considerado de relevante importância para os serviços de saúde, uma vez que a demanda por serviço específico a este segmento aumentou, havendo necessidade de melhor direcionar a assistência oferecida.

As estatísticas demonstram um aumento significativo do número de idosos nos últimos anos e indica que uma parcela crescente da população brasileira idosa alcançou melhores condições de vida. O aumento da expectativa de vida, como também do envelhecimento populacional no país nas últimas décadas, trouxeram benefícios de uma maior longevidade e um novo perfil de morbi-mortalidade, causando um aumento de doenças crônico-degenerativas, o que se tornou motivo de preocupação para as organizações de saúde.

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públicos de saúde direcionados ao idoso, como exemplos: suporte de centro-dia, hospitais-centro-dia, visitas regulares de profissionais nos domicílios, conforme é previsto em lei.

O Sistema Único de Saúde (SUS) implantou o Programa da Saúde da Família (PSF), onde os idosos acamados e seus familiares recebem a visita de profissionais treinados para acompanhamento clínico e orientações aos cuidadores familiares.

A atividade de cuidar de um idoso que perdeu sua autonomia, parcial ou total, dá-se no espaço onde parte significativa da vida é vivida – em seu domicílio -, no qual o conhecimento e a memória de fatos e de relações íntimas são importantes.

O domicílio é visto hoje como um espaço em que a pessoa portadora de doença crônica ou outra afecção, idosa ou não, pode viver com boa qualidade de vida e manter a estabilidade da doença. Assim, a experiência de cuidar do doente em casa tem se tornado cada vez mais freqüente no cotidiano das famílias. Junto com esta tendência, as políticas de atenção ao idoso defendem que o domicílio constitui-se o melhor local para o idoso envelhecer, sendo que permanecer junto à família representa a possibilidade de garantir a autonomia e preservar sua identidade e dignidade.

Cuidar do idoso dependente é uma situação freqüente para muitas famílias. O cuidador familiar desempenha sua atividade de acordo com a necessidade do idoso, que pode ser variável, dependendo da patologia e da dependência física.

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risco a sua saúde -, tais como risco de contaminação, stress, problemas de relacionamento com familiares do paciente quando o cuidador não é pessoa da família.

No Brasil existem poucos estudos sobre o cuidador familiar ou domiciliar, sendo este personagem pouco conhecido do cenário publico. Tal fato ocorre em virtude do país apresentar uma população jovem em relação a outros paises.

Por esta razão conhecer o perfil do idoso internado neste hospital e o de seu cuidador familiar é de fundamental importância; propor ao Centro de Referência, ainda em construção, serviços que possam atender a esta população, bem como dar suporte aos cuidadores.

É importante ressaltar que este estudo tem em sua base cientifica a Linha de Pesquisa: Epidemiologia do Cuidador de Idosos Dependentes, que estuda o idoso dependente, o cuidador familiar e os arranjos familiares.

A hipótese deste estudo considera que o número dos idosos aumentou, com a possibilidade de aumento de doenças crônicas e degenerativas, com aumento do número de internações hospitalares e da demanda por cuidados pós-alta hospitalar. A perda de independência ou da autonomia pressupõe que, dentro do domicílio da pessoa acometida, alguém assuma as funções de cuidador.

Temos como objetivo identificar o perfil do idoso internado e do seu cuidador familiar, características sociais e necessidades de saúde, buscando:

x Caracterizar o perfil do idoso internado quanto às condições de

saúde e social;

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x Levantar as condições de saúde e sócio-econômica do cuidador;

x Verificar a presença de apoio institucional ao cuidador familiar.

A finalidade desta pesquisa é mostrar o perfil do cuidador familiar ao Centro de Referência do Idoso.

A seguir será descrito o caminho percorrido pela autora, para buscar respostas para esta pesquisa:

Capítulo 1 - Envelhecimento e o idoso: aborda o envelhecimento populacional como dupla transição, epidemiológica e demográfica, como também a capacidade funcional do idoso é um novo conceito de saúde para processo saúde-doença, menciona conceitos que permitem compreender a questão da velhice e a dependência.

Capítulo 2 – Cuidadores: contextualiza o cuidador familiar de idoso dependente, a problemática desta relação e meios de suporte para os cuidados. Aborda o cuidado como essência da vida e como o cuidar modifica a relação do cuidador. Política pública para o idoso e o cuidador.

Capitulo 3 – Procedimentos metodológicos para a pesquisa. Descrição dos sujeitos e métodos utilizados, para buscar os objetivos propostos. Este processo é descrito em dois momentos, um relativo à pesquisa sobre o perfil do idoso internado e a seguir o perfil do cuidador familiar.

Capítulo 4 – Análise dos resultados. Descrevemos os resultados encontrados, comparando tais resultados com de outros pesquisadores.

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pessoa, o que pode desgastar tanto a sua saúde como a relação com o idoso. Desta forma sugerimos para o Centro de Referência do idoso serviços que também possam atender as necessidades do cuidador familiar, uma vez que ele é participante do processo de manutenção e restabelecimento da saúde do idoso, como:

x Criar programas de formação de cuidadores familiares, com palestras

direcionadas para a prática do cuidado no domicílio.

x Promover junto à comunidade ações para a prevenção de doença e

promoção da saúde: com programa de acompanhamento para prática de atividade física e detecção precoce de morbidade.

x Formar grupos para a prática de atividades de terapia ocupacional e

programas culturais.

x Realizar melhor interação entre o Programa da Saúde da Família e o

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CAPÍTULO 1

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CAPÍTULO 1- ENVELHECIMENTO E O IDOSO

___________________________________________________________

1. Envelhecimento Populacional Dupla Transição: Demográfica e Epidemiológica.

O século XXI chegou marcado por um grande avanço tecnológico, que beneficiou várias áreas do conhecimento humano, objetivando garantir melhores condições de vida. A humanidade experimenta transformações surpreendentes, a ficção começa a se confundir com a realidade, o desenvolvimento científico e tecnológico ultrapassa as barreiras do que era considerado impossível.

Paralelamente o homem questiona sobre o futuro, sua vitalidade e longevidade. Avaliar os impactos do aumento da longevidade representa olhar o crescimento da sobrevivência humana e o aumento da esperança de vida em todas as idades. O envelhecimento da população mundial é uma realidade, as pessoas vivem por mais tempo ocasionando mudanças importantes em diversos setores da sociedade.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na síntese dos indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (2004),

a população com 60 anos ou mais de idade passou de 14,5 milhões ou 8,6% em 2000 para 17,7 milhões ou 9,6% em 2004.

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Estudos recentes mostram que no Brasil as mulheres vivem em média oito anos a mais do que os homens e representam 55.1% desta população.

De acordo com Camarano (2002, p. 18)

A predominância das mulheres em relação aos homens na população idosa deve-se a vários fatores, entre eles, a menor exposição a riscos, vivendo assim por mais tempo. Apesar da maior longevidade do sexo feminino, as mulheres idosas são mais sujeitas as deficiências físicas e mentais quando comparadas aos homens.

Outro estudo também reforça este predomínio das mulheres em relação aos homens realizado por Ramos et al (1998, p. 28)

Estudos populacionais na cidade de São Paulo foram encontrados o predomínio de mulheres nesta população, principalmente viúvas, vivendo em domicílios multigeracionais e maior prevalência de doenças crônicas, distúrbios psiquiátricos e inabilidade física.

A projeção para a população idosa no Brasil para o ano de 2025 é que será a sexta maior população idosa do mundo, com aproximadamente 321 milhões de pessoas com idade acima de 60 anos. O crescimento acelerado da população idosa na maioria dos paises do mundo esta associado à transição epidemiológica, com uma mudança nos padrões de morbidade e mortalidade decorrentes da diminuição das enfermidades infecciosas e agudas e predomínio das enfermidades crônicas e degenerativas.

De acordo com IBGE em Perfil dos Idosos responsáveis pelos domicílios

no Brasil (2002, p. 8), na população idosa a faixa etária que mais cresceu foi

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para tal fenômeno como: processo de urbanização com acesso à educação e programas de planejamento familiar.

De acordo com Veras (2003, p. 56)

A cada ano que passa, mais de 650 mil idosos são incorporados à população brasileira. Já perdemos muito tempo acreditando que ainda somos um pais jovem, sem dar o devido crédito as informações demográficas que mostram e projetam o envelhecimento da nossa população.

No Brasil o crescimento da população idosa ganhou destaque. As informações e notícias sobre o envelhecimento populacional são destaques em vários setores. Mas, quando uma pessoa torna-se velha?

Veras (1994, p. 25) descreve:

A velhice é um termo impreciso, e sua realidade difícil de preceder. Aos 50, 60 ou 70 anos? Nada flutua mais do que os limites da velhice em termos de complexidade fisiológica, psicológica e social. Uma pessoa é tão velha quando as suas artérias, seu cérebro, seu coração, seu moral ou sua situação civil? Ou é a maneira pela quais outras pessoas passam a encarar certas características que classificam as pessoas como velhas?.

O início da velhice não é rigorosamente definido, para cada um, o momento é singular e a conseqüência deste processo no ciclo vital se manifesta de diferente maneira.

De acordo com Néri (2001, p. 132)

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Ainda são necessárias muitas reflexões para encarar o processo de envelhecimento. O organismo humano, com o passar do tempo, se desgasta, sofrendo mudanças muitas vezes irreversíveis e o sonho da eterna juventude não existe.

O processo de envelhecimento não depende somente da idade, mas também das condições socioeconômicas e culturais.

Em países desenvolvidos ocorreu a transição epidemiológica e demográfica pela melhoria nas condições socioeconômica e cultural. Ainda convivemos com a idéia de que velhice é sinônimo de doença, entretanto é sabido que a grande maioria dos idosos não apresenta comprometimento da sua capacidade física ou intelectual.

De acordo com Lessa (1998, p. 23)

Um inquérito sobre “necessidade dos idosos”, patrocinado pelas Nações Unidas, mostrou que cerca de 90% dos idosos com menos de 80 anos, vivendo em países latinos, conseguem satisfazer sozinhos as necessidades pessoais, como vestir-se, banhar-se, alimentar-se.

Com o crescimento mundial da população idosa a preocupação em relação à capacidade funcional tornou um indicador nos níveis da saúde desta faixa etária. O envelhecimento pode produzir mudanças físicas e psíquicas diferentes de um indivíduo para o outro.

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Os problemas decorrentes do envelhecimento têm dois enfoques importantes: o envelhecimento biológico que aumenta o risco de doença crônica e acúmulo dos fatores de risco, relacionado com estilo não saudável de vida.

1.2 Capacidade Funcional.

A capacidade funcional é um dos indicadores de saúde mais importantes, considerado um valor para que o idoso possa viver com independência.

No decorrer da existência do ser humano algumas situações podem alterar a qualidade de vida, alguns eventos podem surgir de forma súbita ou gradativa e são capazes de alterar a rotina do cotidiano, tais como: perda do papel profissional, a perda de amigos, familiares ou contatos sociais, ou, ainda mudanças físicas sobre a condição de saúde.

Os eventos ocorridos durante o ciclo de vida podem comprometer a saúde e a capacidade funcional, levando a pessoa à dependência e perda da autonomia. A dependência é um problema para a maioria das pessoas principalmente na fase da velhice pela perda de espaço, valor e autodeterminação, trazendo como conseqüência a impossibilidade de administrar sua própria vida.

Segundo a OMS (2005, p. 19)

(25)

A adoção de estilo de vida saudável é importante em todas as fases da vida, a prática de atividades físicas adequadas, alimentação saudável, abstinência do fumo e do álcool, uso racional de medicamentos podem prevenir doenças e o declínio funcional aumentando a longevidade e a qualidade de vida do individuo.

De acordo com Veras (2004, p. 23)

A principal característica que diferencia a nossa população em processo de envelhecimento, da população de outros países, é que o Brasil, ainda possui uma alta proporção de sua população na faixa etária de 0 - 14 anos, e este grupo jovem tem suas próprias necessidade sociais e médicas específicas. Ao mesmo tempo, a população que envelhece coloca novas exigências para os serviços sociais e de saúde.

A capacidade funcional, especialmente a dimensão motora, é um importante marcador de envelhecimento. Quando se atinge níveis altos da capacidade funcional tem-se boa qualidade de vida, na maioria dos casos. A perda da capacidade funcional está associada à fragilidade, dependência, institucionalização, risco aumentado de quedas e problemas de mobilidade, trazendo complicações como cuidados de longa permanência e alto custo.

Decorrente da incapacidade motora, vários idosos ficam isolados e perdem a capacidade de participação e expressão, tornam-se dependentes dos cuidados de terceiros.

Paschoal (1997, p. 57) descreve:

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Um estudo muticêntrico sobre envelhecimento, saúde e bem-estar (SABE, 2002), coordenado pela OPAS (Organização Panamericana Assistência à Saúde) envolvendo sete cidades da América Latina e Caribe (Cidade do México, Bueno Aires, Montevidéu, Santiago, Havana, Bridgetown e São Paulo).

(...) entre os idosos desta amostra que viviam no lar, foi encontrado: 50% com Hipertensão Arterial, sendo que o menor índice foi na cidade do México com 43% e o maior em São Paulo 53%; 20% com doenças cardíacas; 33% com artrite, 22% com diabetes e aproximadamente 80% com acidente vascular cerebral.

Tais porcentagens são alarmantes e preocupantes, porém com reabilitação e informação adequada a capacidade funcional pode ser restabelecida, mantendo a independência do idoso. A reabilitação da capacidade funcional deve ser realizada para não gerar incapacidade física e dependência de pessoas ou equipamentos específicos para a realização das tarefas diárias essenciais.

O plano de ação internacional para o envelhecimento (ONU; 2002, p. 51) afirma esta idéia quando descreve:

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A capacidade funcional de um indivíduo é avaliada com base na execução das atividades de vida diária subdividida em duas categorias: atividades básicas da vida diária (AVD) e atividades instrumentais da vida diária (AIVD).

De acordo com Freitas; Miranda; Nery (2001, p. 56)

As AVDs são as tarefas relacionadas ao autocuidado e a própria subsistência do idoso, indicam o nível mais básico de independência. A escala de Katz avalia o grau de independência destas atividades e está incluída na maioria das avaliações multidimensionais, mostrando-se válida nos 40 anos que vem sendo usada em vários paises. As AIVDs são indicativas de uma vida independente na comunidade, relaciona-se com recursos disponíveis no meio ambiente. São consideradas tarefas mais complexas como arrumar a casa, usar o telefone e administrar as finanças.

Manter a capacidade funcional através de uma política de saúde adequada, com objetivos de prevenção, promoção e proteção da saúde do idoso, é necessário para garantir melhores condições de vida e autonomia.

1.3 Velhice e Dependência

A velhice mostra peculiaridades quando analisamos o processo saúde-doença. Com o decorrer dos anos existe uma tendência do aumento da perda física em virtude do processo do envelhecimento do corpo. De acordo com Papaléo Netto (1999, p. 06)

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eclosão de sintomas. Chegado a tal ponto de distúrbio de hemostasia, no qual há redução da função de diversos órgãos, a pessoa idosa correrá o risco de aumento da probabilidade de morbidade se, paralelamente ocorrerem modificações patológicas nestes mesmos órgãos.”

Preocupada com a temática a Organização Mundial de Saúde, no ano de 1947, definiu saúde como o “estado de completo de bem estar físico, psíquico e social”, e não simplesmente ausência de doença ou enfermidade; a autonomia foi definida como “capacidade de decisão e de comando”, e a independência como “capacidade de realizar algo com os seus próprios meios”. Quando analisamos o processo de dependência não podemos pensar em um conceito que se atribui exclusivamente aos idosos, pois o ser humano necessita de ajuda em todas as fases de sua existência.

Segundo Karsch (2002, p. 8)

Envelhecer sem nenhuma doença crônica é exceção. No entanto, a presença de uma doença crônica não significa que o idoso não possa gerir sua própria vida e encaminhar o seu dia-a-dia de forma independente.

A maioria das doenças que acometem o idoso tem o principal fator de risco a sua própria idade. O envelhecimento populacional traz novas realidades para a humanidade, existe a preocupação com a qualidade de vida, promoção da saúde e bem estar em todo o ciclo, além de diminuir ou minimizar as incapacidades funcionais.

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proporcionando, deste modo, uma melhor qualidade de vida e bem estar desta população.

A promoção da saúde na velhice, que engloba programas com enfoques multifacetados em que o autocuidado, a integração social, atividade física, o controle de hábitos nocivos à saúde, a utilização do tempo livre e a prevenção de incapacidades são fundamentos que estão compreendidos nos princípios da saúde para todos. Agregar vida aos anos e não anos à vida (OMS; 2005).

Os programas de prevenção pautam-se em medidas de diminuição dos efeitos das enfermidades que em sua maioria são patologias crônicas, tratamento e intervenção rápida para minimizar seqüelas e dependência, preservando a autonomia.

A preocupação com a promoção de saúde, a prevalência de doenças crônico-degenerativas é bastante expressiva entre os idosos, o que pode gerar um número maior de internações, e com maior freqüência, implicando um custo elevado dos tratamentos deste grupo.

1.4 Classificação da Funcionalidade e Incapacidade

Buscando conhecer melhor as conseqüências das doenças a OMS (1976), definiu conceitos como:

Impairment (deficiência: relacionadas a órgãos e sistemas e nas estruturas do

corpo), Disabililty (incapacidade: caracterizada como a conseqüência da

deficiência);Handicap (desvantagem: resultado da adaptação do indivíduo ao

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O objetivo de classificar a funcionalidade e incapacidade do individuo relacionada à sua condição de saúde foi para identificar o que uma pessoa pode ou não fazer na sua vida diária.

A Organização Mundial de Saúde em 2001, na Assembléia Mundial de Saúde, aprovou para a prática clínica a Internacinal Classification of

Functioning Disability and HealthICF, traduzida para o português como

Classificação de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, deixando de ser uma classificação de doença, para ser uma classificação da saúde.

No seu escopo a CIF, dispõe de informações que são divididas em duas partes:

x Componentes da Funcionalidade e Incapacidade: relacionados com o

corpo, atividades e participação;

x Componentes dos Fatores Contextuais: relacionados com fatores

ambientais e pessoais;

Os conceitos e terminologias utilizados para a CIF são definidos:

x Funções do corpo: funções fisiológicas e psicológicas dos sistemas do

corpo;

x As estruturas são definidas como partes anatômicas em órgãos e seus

componentes;

x As atividades e participação (A&P) descrevem como o indivíduo exerce

suas atividades diárias e sua vida social, considerando as funções e estruturas do seu corpo.

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Quanto às demandas assistenciais relacionadas com as atividades da vida diária e instrumental da vida diária, a CIF (OMS, 2003, p. 147) comenta que a capacidade de um indivíduo executar uma tarefa ou ação que o qualifica e identifica o nível máximo de funcionamento que possa atingir ao desempenhar as suas atividades.

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CAPÍTULO 2

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CAPÍTULO 2 – CUIDADORES

___________________________________________________________

2.1 Cuidador do Idoso Dependente

A longevidade aumentou o número de idosos portadores de uma ou mais doenças, motivo de preocupação para a família, devido a dependência, custos e conflitos.

Segundo Silveira (2000, p. 23)

Cuidar de um idoso dependente é um dos eventos mais estressantes e perturbadores no ciclo de vida familiar. Alguns familiares se distanciam para evitar confrontos, compromissos desagradáveis e a redefinição dos papéis estabelecidos.

Embora toda família também seja afetada pelo problema de cuidado ao idoso, na maioria dos casos apenas um membro da família assume o papel de cuidador com a responsabilidade de manter a assistência ao paciente em todos os níveis, surgindo o cuidador.

De acordo com Mendes (1995, p. 45)

Tornar-se cuidador pode ser mais ou menos consciente e que embora a designação do cuidador seja formal e decorrente de uma dinâmica, o processo parece obedecer a certas regras refletidas em quatro fatores: parentesco, com freqüência maior para os conjuges, antecedendo sempre a presença de algum filho; gênero, com predominância para a mulher; proximidade física, considerando quem vive com a pessoa que requer cuidado; proximidade afetiva, destacando a relação conjugal e a relação entre pais e filhos.

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com papéis de enfermeiro, assistente social, psicólogo, médico, acarretando stress pela responsabilidade assumida.

De acordo com Karsch (1998, p. 26)

Este problema vivenciado pelo familiar está de certa forma na sua esfera privada, pois este apoio ao idoso ainda no Brasil é precário, apenas grandes centros têm este enfoque para a assistência domiciliar e preparação para o cuidador.

A grande preocupação no processo cuidar do idoso dependente insere-se nos desafios e dificuldades que podem ocorrer. Pavarini e Néri (2000, p. 54) comentam que há dificuldades inerentes ao prestar cuidados a idosos dependentes.

(...) As tarefas acarretam ônus físico e financeiro que tendem a aumentar conforme a saúde do idoso vai deteriorando e sua dependência vai aumentando. (...) O peso das tarefas pode ser agravado pela falta de preparo e de informação do cuidador, pela escassez de apoio social e emocional aquele que exerce o cuidado pela carência de ofertas de serviços especializados ou de apoio formal a idosos. (...) O exercício do papel de cuidador tende a competir com o desempenho de papéis profissionais e familiares que os cuidadores exerciam anteriormente. (...) Cuidar de pais ou cônjuges idosos usualmente faz aflorar sentimentos pessoais e conflitos familiares de difícil manejo. (...) O cuidado exercido no âmbito da família é geralmente uma atividade solitária tanto no sentido em que o cuidador realiza as tarefas sozinho, como no sentido em que encontra pouco apoio social entre as pessoas que estão vivendo ou já viveram a mesma situação.

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do trabalho executado diariamente. O cuidador precisa lidar com a emoção e com a situação em que se encontra, pois a falta de habilidade do cuidador pode comprometer ainda mais a saúde do idoso e assim aumentar as pressões sobre o ele.

Karsch (1998) em sua pesquisa intitulada “Estudo do suporte domiciliar

aos adultos com perda de independência e o perfil do cuidador principal”

realizada em São Paulo, no período de 1992 a 1996, constatou que os idosos saem de alta das unidades hospitalares e são encaminhados para os cuidados em seu domicílio sem, no entanto, haver um preparo adequado para os cuidadores que acabam desenvolvendo técnicas próprias para as suas necessidades cotidianas.

2.2 O Cuidado como elo entre o Idoso e o Cuidador.

O cuidar está na própria condição humana. Cuidamos de nós, da nossa família, das pessoas que nos cercam.

Para LEININGER (1985, p. 255)

(36)

Segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda (2000, p.35) a palavra cuidar é imaginar, meditar, cogitar, julgar, supor, aplicar a atenção, o pensamento, a imaginação, prevêm-se, ter cuidado consigo mesmo. O cuidado tem o significado de atenção, cautela, desvelo e zelo.

Boff (1999, p. 36) comenta

O cuidado somente surge quando a existência de alguém tem importância para mim. Passo então a dedicar-me a ele; disponho-me a participar de seu destino, de suas buscas, de seus sofrimentos e de seus sucessos, enfim, de sua vida.

O cuidado é a preocupação e define a própria existência. Quando se cuida de forma inadequada, ineficiente ou mesmo inexistente, fica evidente que não se tem interesse.

De acordo com Salimene (2004, p. 31)

O ato de cuidar do outro se baseia em valores tomados como naturais pelos seres humanos e se expressa no modo como se relacionam uns com os outros. Escapa à apreensão do senso comum das relações humanas, e entre elas “cuidado-cuidador”, são apropriações histórico-culturais, cuja existência é, portanto, processual e passível de transformação.

Nesta relação do cuidador com o idoso muitas vezes constrói uma relação que em um primeiro instante desestabiliza a família pelo medo de não saber lidar com a nova condição de vida . Atitude de desespero vem à tona que com o passar do tempo, pode ser modificada pela maneira de encarar a situação.

(37)

(...) Aprender a escutar, buscar entender o que o outro quer transmitir, não interrompê-lo na sua fala, esperar que ele conclua o raciocínio. (...) Esforçar-se por melhor acolher o outro como ele é. (...) Dispor-se a aprender com todos, sabendo também receber carinho e atenção. (...) Pôr-se a serviço das necessidades do outro sem descuidar das próprias. (...) Acompanhar as mudanças e o movimento da vida em você e nos outros. (...) Partilhar o aprendizado de suas experiências, para que também os outros possam aprender com elas, mas permitir que elas vivam suas próprias experiências”.

A relação entre o cuidador familiar e o idoso, mediada pela necessidade do cuidado, traz um novo direcionamento para promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças que de certa forma pode contribuir para a manutenção da vida do idoso. Desta maneira, a relação entre idoso e cuidador pode transformar-se em algo prazeroso, onde há possibilidades de haver grandes trocas.

3.3 Políticas Públicas para o Idoso e o Cuidador.

A preocupação com os idosos no campo das políticas públicas é recente no Brasil, após a Constituição Federal de 1988, houve conquistas sociais importantes, dentre elas:

x LEI ORGÂNICA SOCIAL (LOAS), promulgada em Dezembro de 1993,

através da Lei 8.742, que trouxe o benefício de 01 (um) salário mínimo mensal ao idoso (BRASIL, 2002);

x LEI Nº. 8.842, de 04 de janeiro de 1994 (BRASIL, 1996), é considerada

(38)

x O DECRETO N º 1.948 de 03 de julho de 1.996 que regulamenta a

Política Nacional do Idoso, foi o primeiro passo para a Política Nacional de Saúde do Idoso (1999), redigida por um grupo de especialistas do Ministério da Saúde.

A PNSI tem como principal propósito:

x Promoção do envelhecimento saudável;

x Manutenção e a melhoria, da capacidade funcional dos idosos;

x Prevenção de doenças, recuperação e a reabilitação;

x Capacitação de recursos humanos especializados; x Apoio ao desenvolvimento de cuidados informais;

x Apoio a estudos e pesquisas.

A PNSI tem como finalidade garantir-lhes permanência no meio em que vivem exercendo de forma independente suas funções na sociedade.

As ações de prevenção devem ser centradas no âmbito das unidades básicas de saúde com orientações especificas para a promoção da saúde, não somente dos idosos, mas de todo o ciclo vital. A manutenção da capacidade funcional faz-se necessária para antecipar e prevenir perdas dentárias e afecções da cavidade bucal, deficiências nutricionais, avaliação das capacidades e habilidades funcionais, além de prevenção do isolamento social.

(39)

conseqüências individuais, sociais e sanitárias do envelhecimento, particularmente nos países em desenvolvimento.

Ao refletir neste contexto, entende-se a necessidade da utilização de diversos meios de intervenção em saúde para a promoção do envelhecimento saudável centrado na manutenção da capacidade funcional. As estratégias substitutivas de modelos assistenciais devem ser colocadas em primeiro plano, no diagnóstico real da situação, no planejamento e execução das ações de saúde e profissionais especializados diretamente envolvidos.

x PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) pelo Ministério da Saúde

em 1993, como tentativa de reversão do modelo médico curativista, que foi estruturada a partir da equipe de saúde da família, com participação multiprofissional, que assume a responsabilidade de detectar agravos das doenças e promover a saúde;

x PROGRAMA NACIONAL DE CUIDADORES DE IDOSOS, que foi

(40)

doméstica, pessoal, de apoio psicossocial, familiar e relações comunitárias, evitando, na medida do possível, hospitalizações, asilamentos e outras formas de segregação e isolamento.

x No âmbito hospitalar, houve um importante passo para a garantia de um

direito do idoso hospitalizado, com a publicação da PORTARIA MINISTERIAL Nº. 280/99 (MINÍSTERIO DA SAÚDE, 1999), mediante a defesa de todos os direitos de cidadania, de sua dignidade, seu bem estar e direito à vida torna obrigatória à viabilização de meios que permitam a presença do acompanhante de paciente de mais de sessenta anos internado em instituições hospitalares contratadas ou conveniadas com o SUS. Na portaria, ainda são admitidos que os gastos com acomodação e refeições dos acompanhantes de idosos poderão ser cobrados, conforme as Autorizações de Internações Hospitalares (AIH), e que a contra indicação da presença do acompanhante deve ser justificada pelo médico assistente. O SUS (Sistema Único de Saúde), no entanto, enfrenta dificuldade para implementar estas medidas em seus hospitais.

Para as ações públicas serem desenvolvidas é necessário o apoio de vários setores e órgãos públicos, além da sociedade.

Segundo Karsch (2003, p. 864)

(41)

CAPÍTULO 3

(42)

CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

___________________________________________________________

3 . PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para o desenvolvimento do tema foi feita uma proposta de projeto de pesquisa pelo GRUPO EPIDEMIOLOGIA DO CUIDADOR ao Secretário de Estado da Saúde e ao Diretor do Hospital Geral do Mandaqui-SP. A opção metodológica deu-se por duas pesquisas de campo, onde a primeira realizou-se com idosos que estiveram internados no hospital.

Durante o procedimento de coleta de dados, foi observado que os idosos portadores de doenças crônicas quando recebiam alta hospitalar, necessitariam de cuidados domiciliares. Esta observação foi o estimulo para realizar levantamento do perfil da população de cuidadores familiares, com o intuito de investigar as necessidades de apoio para as práticas diárias do cuidar.

(43)

3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO SOBRE O PERFIL DO IDOSO INTERNADO NO HOSPITAL GERAL PÚBLICO-SP

Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo. Segundo Gil (1999: 20/60) os estudos descritivos têm como objetivo principal a descrição das características de determinada população, fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis.

O levantamento por amostragem, delineamento de pesquisa a que este estudo mais se assemelha, caracteriza-se pela interrogação direta dos indivíduos cujo comportamento se deseja conhecer, foram realizados por amostragem e questionários padronizados; o intuito do trabalho foi o conhecimento direto da realidade do cuidador e do paciente idoso com possibilidade de quantificar e analisar estatisticamente.

O Consentimento Livre Esclarecido foi solicitado ao Diretor da Instituição e ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Geral do Mandaqui; somente após tais formalidades foi realizada a pesquisa e divulgação dos resultados, seguindo as normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisa em seres humanos, conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde.

3.1.1 Local da Pesquisa

(44)

Trata-se de uma instituição de caráter público e geral. Está integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS), vinculado ao ensino e pesquisa. A abrangência dos atendimentos realizados nesta pesquisa pode ser visualizada no anexo 00, pertence à Direção Regional de Saúde – DIR 01 (Capital).

Apresentam em sua estrutura física, departamentos que são divididos em especialidades (Cirurgia Geral, Emergência, Geriatria, Ginecologia, Infectologia, Obstetrícia, Ortopedia e Pediatria). Apresenta 600 leitos. Realiza por mês 2.500 internações, faz 3500 cirurgias/ mês e emprega 2.000 colaboradores.

3.1.2 População da Pesquisa

A população do estudo foi composta por 107 idosos internados na Clínica Médica do Hospital Geral Público-SP no período de cinco meses. Os dados cadastrais de internação foram coletados dos prontuários dos pacientes internados.

Os critérios de inclusão adotados foram:

x Pacientes com 60 anos e mais de idade, internados na clinica médica;

Os critérios de exclusão foram:

x Presença de déficit cognitivo incompatível de participar da entrevista;

x Déficit de comunicação grave.

(45)

3.1.3 Coleta de Dados.

A coleta de dados realizou-se pelas pesquisadoras do grupo; foi realizado treinamento das mesmas em reuniões do grupo. Durante o treinamento o instrumento foi aplicado em cinco idosos, que não fazem parte da amostra pesquisada, buscando tirar dúvidas a respeito do preenchimento.

A abordagem do paciente foi no horário de visita, que compreendia o período das 14 horas às 16 horas, sempre em companhia dos familiares, onde explicávamos ao paciente o motivo da nossa investigação e o resultado que a participação do mesmo pudesse alcançar, uma vez que o centro de referência ainda estava em construção.

Com o consentimento dos idosos para participar da pesquisa, solicitávamos que os mesmos assinassem um termo de Consentimento Livre Esclarecido (anexo 01), informando que a identidade seria preservada.

Para a operacionalização da pesquisa foi elaborado um instrumento com questionário semi-estruturado (anexo 02) elaborado pelo Grupo Epidemiologia

do Cuidador. O instrumento foi aplicado, caso a caso por duas pesquisadoras,

onde uma delas utilizava-se do questionário semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas. Este instrumento é composto de 107 perguntas abrangendo:

1- Dados de identificação do paciente internado: nome, RG, sexo, idade, local do nascimento e residência, tempo de internação e diagnósticos clínicos;

2- Características sociais, culturais e econômicas do paciente: escolaridade, fonte de renda e benefícios, atividade profissional exercida, auto-percepção da situação econômica e moradia;

(46)

4- Avaliação funcional: avaliação de atividades da Vida Diária e Atividades Instrumentais da Vida Diária;

5- Estado de saúde: percepção do idoso a respeito da própria saúde, doenças referidas, uso de medicação, limitações físicas e quedas;

6- Uso e acesso aos serviços de saúde locais; 7- Rede de apoio familiar e social.

A duração de cada entrevista foi de 30 a 40 minutos.

3.1.4 Processamento Dados

Após a coleta, elaborou-se um banco de dados utilizando-se o programa Software Statistical Package of Sciences (SPSS, 1999), versão 11.5. Os dados foram computados em dupla entrada para verificação da consistência interna do banco, utilizando também o programa computacional Microsoft Excel versão 5.1.2600 (2002), onde se realizou inicialmente a distribuição das freqüências relativas de todas as variáveis do instrumento.

3.1.5 Resultados e Análises da Pesquisa - Perfil do Idoso Internado no Hospital Geral.

1. Caracterização dos Sujeitos.

(47)

Quadro 01. Análise estatística das idades dos idosos - SP, 2004 (n=107).

A média de idade dos entrevistados foi de 73,67 anos, houve diferença estatística entre os sexos quando distribuídos pelo critério faixa etária e sexo, esta amostra representa resultados encontrados em outros estudos como os de Ramos et al. (1998) e Lebrão (2003). Estes afirmam que a estrutura etária das mulheres é mais envelhecida, ou seja, que quanto mais velha a faixa de idade, maior a proporção de mulheres. A mulher vive cerca de oito anos a mais que o homem.

Análise estatística Masculino Feminino

Média 72,82 74,29

Mediana 74 78

(48)

Gráfico 01. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo Faixa etária e sexo – SP, 2004 (n=107).

14 10 7 14 6 8 4 11 9 5 9 4 3 3 0 5 10 15 20 25 30

60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80 a 84 anos 85 a 89 anos 90 a 95 anos M F

Observou-se maior proporção de mulheres em relação aos homens em todas as faixas etárias, com representação geral de 63 (58,9%) para as mulheres e 44 (41,1%) para os homens. As faixas etárias com maior população são a de 60 a 64 anos com representação de 25 (23,4%), seguida a de 75 a 79 anos com representação de 23 (21,5%).

Dados do IBGE (2000) corroboram esta afirmativa, de acordo com este instituto, as mulheres são a maioria no Brasil (50,78% para 49,22% de homens) e vivem em média oito anos a mais que eles. Em 1991, as mulheres correspondiam a 54% da população idosa, aumentando para 55,1% em 2000.

(49)

Gráfico 02. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo o Estado e Local de Nascimento – SP, 2004 (n=107).

Embora haja afirmação que a maioria dos idosos nasceu na zona rural, a população em estudo é principalmente oriunda da zona urbana, com representação por 39,0% de paulistanos. Os estudos realizados pelo IBGE (2002), mostram que a distribuição urbano-rural da população de idosos insere-se no contexto do processo de urbanização no Brasil. A proporção de idosos nas áreas rurais passou de 23,3% em 1991, para 18, 6% em 2000. O grau de urbanização da população idosa acompanhou a tendência da população total, ficando em torno de 81% em 2000.

4 10

3 1

10

1 2 1 1 3

14

2

3 4 4

1 5 2 1 35 0 5 10 15 20 25 30 35 40 ALAG

OAS BAHI A CEAR Á IGNO RADO MAR ANHÃ O MIN AS G

(50)

Gráfico 03. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo Escolaridade e Sexo – SP, 2004 (n=107).

18 3 38 39 3 4 1 1 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

ANALFABETA ENSINO FUND. INCOMPLETO ENSINO FUND. COMPLETO ENSINO MÉDIO COMPLETO ENSINO SUP. COMPLETO F M

Observou-se maior proporção no ensino fundamental incompleto 77 (72,0%), ensino médio completo 5 (4,7%), ensino fundamental completo 3 (2,8%) e ensino superior 1 (0,9%) e sem escolaridade, considerado analfabeta 21 (19,6%). Segundo o IBGE (2002), nas décadas de 1930 até pelo menos aos anos 1950, o ensino fundamental ainda era restrito a seguimentos sociais específicos. Nessa medida, o baixo nível de escolaridade média da população idosa é reflexo desse acesso desigual. Ao analisar esses dados distribuídos por sexo, a situação da baixa escolaridade, há pouca diferença entre o sexo masculino e o feminino, visto que nesta amostra há uma maior representação de mulheres.

(51)

desfavorável e afeta a condição de vida sua e de seus familiares. Além disso, as novas dimensões relativas ao cotidiano do idoso apresentam exigências cada vez mais imperativas nas práticas da vida moderna.

Gráfico 04. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo situação conjugal e sexo – SP, 2004 (n=107).

38

10 9

5

15 17

8 5

0 5 10 15 20 25 30 35 40

F M

VIÚVO CASADO/UNIÃO ESTAVEL SOLTEIRO SEPARADO/ DIVORCIADO

Os dados relacionados à situação conjugal dos idosos mostram que 53 (49,5%) são viúvos, 23 (21,5%) são casados com união estável, 17 (15,9%) são solteiros, 10 (9,3%) são separados/ divorciados. Prevalece a viuvez para o sexo feminino e casado com união estável para o sexo masculino. Segundo IBGE (2002) em todo o país esta proporção é observada, devido às próprias mudanças sociais da época.

(52)

salientar que a companhia é um fator importante para o enfrentamento da vida, a proteção mútua e cumplicidade.

Gráfico 05. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo a situação Previdenciária – SP, 2004.

1 3 3 5 8 10 8 16 8 2 1 2 4 4 7 22

0 5 10 15 20 25

AUTONÔMO FUNCIONÁRIO PÚBLICO IGNORADO APOSENTADO POR INVÁLIDEZ MESADA DO MARIDO SEM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO BENEFÍCIO PRESTAÇÃO CONTINUADA PENSIONISTA APOSENTADO TEMPO SERVIÇO

M F

Outra questão social indagada aos participantes da pesquisa foi referente à situação previdenciária 30 (28,0%), aposentados por tempo de serviço, 16 (15,9%) pensionistas, 15 (14,0%) beneficiários por prestação continuada, 14 (13,1%) sem benefícios previdenciário, 8 (7,5%) recebem mesada do marido, 9 (8,4%) aposentados por invalidez, 4 (3,7%) funcionários públicos, 3 (2,8% ) autônomos e 5 ( 4,7%) ignoraram a questão.

2. Caracterização da Internação e Condições de Saúde

(53)

dias, com mediana de 27 dias, tempo mínimo de 2 dias e máximo de 125 dias. Os diagnósticos de internação são mostrados na figura 06.

Gráfico 06. Distribuição do Idoso internado no hospital, segundo Diagnóstico Clínico – SP, 2004 (n=107).

14

9

20 20

10 11

23

0 5 10 15 20 25

AVC ICC Dç.

Pulmonar

DM IR HAS OUTROS

Os diagnósticos de internação têm a maior prevalência para as doenças cardiovasculares, uma vez que as patologias insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e acidente vascular cerebral estão inseridos no mesmo capítulo do Código Internacional de Doenças (CID-10).

Para o mesmo período da coleta, segundo o DATASUS (2004) em seu

(54)

Gráfico

07. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo antecedentes mórbidos - SP, 2004 (n=107).

93

83

45 43

34 33

19

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

1

HAS Artrose/Artrite/Reumatismo Ataque cardíaco/Angina DM Osteoporose AVC DPOC

Quanto à presença de antecedentes mórbidos, a doença Hipertensão arterial (HAS) é a de maior destaque 93 (86,9%), seguida da Artrose, Artrite, Reumatismo com 83 (77,6%), Ataque cardíaco 45 (42,1%), Diabetes Melitus 43 (40,2%), Osteoporose 34 (31,8%), Acidente Vascular Cerebral (AVC) 33 (30,8%), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) 19 (17,8%).

(55)

Gráfico 08. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo a saúde bucal – SP, 2004 (n=107).

6 6

2 11

1 8

3 1

7 50

1 11

0 10 20 30 40 50 60

MAIS DA METADE MENOS DA METADE NENHUM TODOS

DENTADURA SUP DENTADURA SUP/INF DENTATURA INF

DENTES POSTIÇOS NENHUMA PRÓTESE PONTE

Quanto ao uso de prótese dentária do tipo dentadura superior 6 (25%) perdeu mais da metade dos dentes, 11 (45,8%) perdeu menos da metade e 7 (29,2%) perdeu todos os dentes, quem usa dentadura sup/inferior 50 (100%) perderam todos os dentes, e dos que usam dentadura inf 1 (100%) perderam todos os dentes, perderam mais da metade e usam dentes postiços 1 (100%), perderam mais da metade e usa ponte 2 (40%) e perderam menos da metade 3 (60%), os que não usam nenhuma prótese e perdeu mais da metade 6 (23,1%), menos da metade 8 (30,8%), os que perderam todos os dentes 1 (3,8%) não usa nenhuma prótese, os que não usam nenhuma prótese 11 (42,3%) perderam todos os dentes.

(56)

com a aparência da boca 49 (42,8%) mencionam que não e 58 (54,2%) que sim.

Gráfico 09. Distribuição do idoso internado hospital, segundo alteração auditiva – SP, 2004 (n=107).

Apresentavam alteração auditiva 60 (56,1%), informaram que têm problemas de audição e apenas 2 (1,9%) usam aparelho auditivo. Esta representação é maior para a faixa etária de 60 a 64 anos de 15 (25%) seguida pela de 75 a 79 anos com representação de 13 (21%).

Gráfico10. Distribuição do idoso internado hospital, segundo alteração visual – SP, 2004 (n=107).

7 13 6 6 3 1 1 10 15 0 2 4 6 8 10 12 14 16

60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80 a 84 anos 85 a 89 anos 90 a 95 anos

19

12 11 15

8 4 7 16 11 6 16 8 5 5 0 5 10 15 20 25 30 35 40

(57)

Apresentam alteração visual 76 (71%) e usam óculos 67 (62,6%); na faixa etária de 70 a 74 anos dos 11 apenas 6 (8,9%) usam óculos. Chama atenção nas faixas de 75 a 79 anos e 85 a 89 anos onde dois idosos informam que não têm alteração visual, porém usam óculos.

Gráfico 11. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo Alteração de memória e Faixa etária – SP, 2004 (n=107).

13 4 2 2 6 6 6 12 15 17 9 5 4 6 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80 a 84 anos 85 a 89 anos 90 a 95 anos

NÃO SIM

A alteração na memória foi referida por 68 (63,6%) da amostra estudada em relação à faixa etária que mais apresenta alteração é a de 75 a 79 anos com 17 (25,0%), seguida da 65 a 69 anos com 15 (22,1%), a de 60 a 64 anos com 12 (17,6%), a de 70 a 75 anos com 6 (8,8%), a de 90 a 95 anos com 5 (7,4%) e de 80 a 89 anos com 4 (5,9%).

(58)

Tabela 01 – Distribuição do idoso internado no hospital, segundo a dificuldade para realizar a ABVD - SP, 2004 (n=107).

Atividade básica da vida diária N %

Andar 27 25,2

Vestir 29 27,1

Comer 22 20,6

Levantar cama 30 28,0

Ir ao banheiro 30 28,0

A tabela acima demonstra as dificuldades apresentadas pelos idosos na execução de atividades básicas da vida diária e a seguir apresentamos a tabela 3, que apresenta as para as atividades instrumentais da vida diária.

Tabela 02 – Distribuição do idoso internado no hospital, segundo a dificuldade para realizar a AIVD - SP, 2004 (n=107).

Atividades instrumentais da vida diária N %

Preparar refeição 30 28,0

Manejar dinheiro 42 39,3

Comprar alimento 43 40,2

Usar telefone 21 19,6

Realizar tarefas pesadas 39 36,4

(59)

Analisaremos as dificuldades apresentas pelos idosos, utilizando os princípios usados na CIF, na categoria “Atividade e Participação”. Nesta categoria o qualificador descreve a capacidade de um indivíduo de executar uma tarefa ou ação. Dentro destas ações está o cuidado pessoal, como tomar banho, cuidar do seu próprio corpo, vestir-se, comer, beber e cuidar da sua própria saúde e da vida doméstica.

Buscou-se identificar as dificuldades apresentadas na execução das atividades básicas e instrumentais da vida diária. Dos idosos entrevistados 25,2 % apresentam dificuldade para andar, vestir 27,1%, comer 20,6%, levantar, ir ao banheiro 28,0%, preparar refeição 28,0%, manejar dinheiro 39,3%, comprar alimento 40,2%, usar telefone 19,6%, realizar tarefas pesadas 36,4% e tomar remédio 48,6%. Todos os percentuais são expressivos, pois para a manutenção da vida e participação nas tarefas do cotidiano, estes idosos necessitam de ajuda para desempenhá-las.

3.2 - DELINEAMENTO DA PESQUISA SOBRE O PERFIL DO CUIDADOR DE IDOSOS INTERNADOS NO HOSPITAL GERAL MANDAQUI-SP.

(60)

responsável pelo idoso dependente após a alta hospitalar? Qual o perfil socioeconômico e de saúde deste cuidador?

Esta pesquisa foi solicitada pela Secretária do Estado da Saúde de São Paulo, para o Grupo de Pesquisa Epidemiologia do Cuidador da PUC-SP; tem

como objetivo levantar o perfil socioeconômico e de saúde do cuidador familiar, para sugerir ao centro de referência do idoso o serviço que possa contemplar atividade de suporte ao cuidador familiar do idoso dependente.

Trata-se de um estudo do tipo exploratório, descritivo, de campo, transversal com abordagem quantitativa.

Para Polit; Hungler (1995), a pesquisa é descritiva quando o propósito é observar, descrever e explorar os aspectos de uma situação e de campo quando cenários são naturais, como em locais de convívio social, como em hospitais, comunidade, residências, asilos e abrigos. Para os mesmos autores os estudos transversais envolvem a coleta de dados em um determinado tempo, são de fácil manejo, econômico, prático e objetivos.

3.2.1 Local da Pesquisa.

(61)

3.2.2 População da Pesquisa.

Foram analisados os instrumentos utilizados na pesquisa anterior, considerando a necessidade do idoso precisar de um cuidador, uma vez que estes demandariam cuidados, por apresentarem dificuldades para realização das atividades básicas e instrumentais da vida diária. Foram selecionados 25 pacientes, que representam 24,0% da pesquisa principal. Houve 19 perdas (74,0%) no período intermediário de 12 meses entre a pesquisa principal e a dos cuidadores o que definiu a amostra deste estudo em 06 cuidadores, conforme tabela.

Tabela 3. Perdas no grupo de sujeitos para o estudo sobre Cuidador de Idoso internado no Hospital Geral Público – SP, 2005 (n=25).

Perdas Nº. %

Óbitos dos pacientes Não localizadas Recusa em participar

3 5 11

0,75 20,0 44,0

Total 19 76,0

A tabela 03 registra que as perdas mais significativas ocorreram por não localizar recusa em participar 44,0%; não localizados 20,0% e óbitos dos pacientes em 0,75%.

(62)

Neste estudo considerou-se como cuidador familiar, o membro da família que se identificou como tal desde o início do tratamento, assumindo a responsabilidade principal e não remunerada do cuidado.

Antes de ir a campo, realizou-se treinamento para as pesquisadoras em reuniões de grupo. Durante o treinamento realizou-se um projeto piloto, onde o instrumento foi aplicado em 03 cuidadores de idosos, que não fazem parte da amostra pesquisada.

3.2.3 Coleta de Dados

A abordagem ao cuidador, no primeiro contato foi via telefônica, onde explicávamos qual era o intuito da pesquisa e uma vez aceito em participar, agendávamos uma visita ao domicílio.

Munidas do material, íamos para campo, conforme a data e horário pré-determinado pelo cuidador. Ao iniciarmos a investigação, novamente explicávamos ao cuidador o motivo da nossa pesquisa, e que o resultado da sua participação pudesse ajudar a planejar o Serviços de Assistência Ambulatorial ao Idoso do Mandacri-SP ( Centro de Referência do Idoso).

Com o consentimento dos cuidadores para participar da pesquisa, solicitávamos que os mesmos assinassem um termo de Consentimento Livre Esclarecido (anexo 03), deixando claro que a identidade seria preservada.

Para operacionalização da investigação, utilizou-se um questionário semi-estruturado (anexo 04) e um diário de campo.

(63)

x Características sociais, culturais e econômicas do (a) cuidador (a);

x Condições de saúde do (a) cuidador (a) e presença de doenças; x Quanto ao uso dos serviços de saúde para o cuidador (a);

x Quanto à participação social; x Relação paciente-cuidador (a);

x Quanto aos profissionais da saúde na alta do paciente; x Quanto aos medicamentos administrados ao paciente.

As entrevistas foram realizadas por duas pesquisadoras, uma fazia a pergunta direcionada pelo questionário e a outra anotação no diário de campo, o tempo médio de para cada entrevista foram de aproximadamente 50 min.

Após a coleta, elaborou-se um banco de dados utilizando-se o programa Software Statistical Package of Sciences (SPSS, 1999), versão 11.5., o que permitiu organizar todas as variáveis, de acordo com os questionamentos feitos.

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CAPÍTULO 4

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CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DOS RESULTADOS

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4. ANÁLISE DESCRITIVA DO PERFIL DO CUIDADOR FAMILIAR DO IDOSO INTERNADO NO HOSPITAL GERAL DO MANDAQUI.

A análise descritiva do cuidador familiar do idoso internado no hospital visa caracterizá-lo nos aspectos: demográfico, socioeconômico, condições de saúde (presença de doenças, uso dos serviços de saúde), participação social, relação paciente-cuidador e como foi eleito o cuidador familiar.

1. Caracterização Demográfica e socioeconômica

Para esta caracterização foram utilizados os seguintes critérios: idade, sexo, anos de estudo e escolaridade, raça, estado civil, profissão, situação previdenciária, renda mensal familiar, se recebeu ajuda financeira.

Dos 06 cuidadores entrevistados, todos são do sexo feminino com idade média de 54 anos, estando compreendida entre a idade mínima de 27 anos e máxima de 77 anos. A relação de parentesco com o idoso é de 83,3% dos casos a filha é cuidadora e 16,7% a nora. São cuidadoras por não haver outra pessoa da família que possa desempenhar esta tarefa.

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Apresentam escolaridade com média de 3,8 anos de estudo, 66,7% possui o ensino fundamental incompleto, 16,7% ensino médio incompleto e 16,7% analfabeta.

Comparado com a PNAD (2004) apresentam escolaridade baixa, pois na região sudeste para as mulheres a média de anos de estudo foi 4,5 anos.

Em relação à raça declaram 50.0% branca, 16.7% negra e 33,3% parda. Quanto ao estado civil 50,0% são casadas com união estável, 16.7% solteira e 33,3% divorciada.

Na categoria profissão e situação previdenciária das cuidadoras, 33,3% é de empregadas domésticas, 33,3% do lar, 16,7% feirante e 16,7% escrituraria, situação previdenciária de 33,3% para o mercado informal, 16,7% aposentada por tempo de serviço (zona rural); 16,7% aposentada por invalidez (zona urbana); 33,3% sem benefício previdenciário, com renda pessoal abaixo de R$300,00 reais e familiar com média de R$500,00 reais ao mês. Considera ter dinheiro suficiente para as atividades básicas 83,3% e recebem ajuda em dinheiro, e quem ajudou nos últimos 12 meses foram familiares mais próximos como filho, genro, ex-marido.

Em relação aos rendimentos da família e dos cuidadores pode-se dizer, que é uma população de baixa renda; Karsch (1998), também menciona em seus estudos resultados semelhantes.

2. Condições de Saúde do Cuidador

Imagem

Gráfico 01. Distribuição do idoso internado no hospital, segundo Faixa   etária e  sexo – SP, 2004 (n=107)
Gráfico  02.  Distribuição  do  idoso  internado  no  hospital,  segundo  o  Estado  e  Local de Nascimento – SP, 2004 (n=107)
Gráfico  03.  Distribuição  do  idoso  internado  no  hospital,  segundo  Escolaridade e Sexo – SP, 2004 (n=107)
Gráfico  04.  Distribuição  do  idoso  internado  no  hospital,  segundo  situação  conjugal e sexo – SP, 2004 (n=107)
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Referências

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