PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM GERONTOLOGIA
MARCIO FRANÇA TEIXEIRA
A Previdência em carne e osso
MESTRADO EM GERONTOLOGIA
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM GERONTOLOGIA
MARCIO FRANÇA TEIXEIRA
A Previdência em carne e osso
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Gerontologia, sob orientação da Profª Dra. Elisabeth Frohlich Mercadante.
Banca Examinadora
_______________________________
_______________________________
AGRADECIMENTOS EM ESPECIAL
À Professora Doutora Elisabeth Frohlich
Mercadante, pela orientação e estímulo, contribuição
inestimável para a realização deste trabalho, com sinceras
homenagens do seu aluno.
DEDICATÓRIA
À minha mãe, Suzana França, que sempre me
encaminhou para uma vida justa e digna por meio do seu
exemplo e de sua dedicação.
À minha irmã, Flávia França, que soube me
demonstrar, com seus passos, novos caminhos antes para
mim desconhecidos.
À minha esposa, Bianca Cristina de Oliveira, pelo
carinho e compreensão demonstrados nos momentos mais
difíceis que passamos juntos, sempre acreditando nas
vitórias que juntos poderíamos conquistar.
“A vida vale a pena ser vivida
e ela tem encantamento
em todas as suas fases.”
RESUMO
Esta Pesquisa busca, por intermédio de uma leitura da evolução histórica da Legislação Previdenciária em que são evidenciadas todas alterações constitucionais, analisar comparativamente os benefícios previdenciários dos aposentados pelo Regime Geral e pelo Regime Próprio.
O objetivo principal é mostrar, por meio de sujeitos de carne e osso, o quanto significa o benefício previdenciário e o que seu constante declínio representa em termos econômicos.
Por fim, a pesquisa demonstrou quais outras conseqüências a diminuição do benefício previdenciário traz ao sujeito de carne e osso.
Palavras-chave: idoso; previdência; aposentadoria; regimes previdenciários.
ABSTRACT
Search This search, from a reading of the historical evolution of the legislation are highlighted Previdenciária where all constitutional amendments, compared examine the benefits of retirees by the General Rules and by the Owner.
The main analysis is to show, through subject of meat and bone, how does the benefits and finds that its decline is in economic terms.
Finally, the poll showed what other consequences the decrease in benefits brings to the subject of meat and bone.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...10
1. A PREVIDÊNCIA SOCIAL E O ENVELHECIMENTO
POPULACIONAL ...13
1.1. Aumento e Envelhecimento da População Brasileira ...13
1.2. A Evolução da Legislação Previdenciária Brasileira...17
1.3. Características da Seguridade Social ...31
1.4. A Previdência Social – O Benefício da Aposentadoria ....33
1.5. O Fator Previdenciário e o Salário-de-Benefício para
o Regime Geral da Previdência Social ...37
1.6. Os Proventos de Aposentadoria para os Filiados
aos Regimes Próprios ...40
1.7. Aposentadoria por Idade e Tempo de Contribuição
para Filiados ao Regime Geral da Previdência Social ...45
1.7.1. Aposentadoria por Idade ...45
1.7.2. Aposentadoria por Tempo de Contribuição ...48
1.8. Aposentadoria por Idade e Voluntária para Filiados
ao Regime Próprio ...49
1.8.1. Aposentadoria por Idade ...49
1.8.2. Aposentadoria Voluntária ...50
1.9. Algumas Considerações sobre a Questão Previdenciária
no País ...53
1.9.1. A Relação Contribuintes/Beneficiários ...53
2.1.
Metodologia
...59
2.1.1.
A
Pesquisa
...59
2.2. Os Aposentados em Carne o Osso ...62
2.3. A Variação dos Valores dos Benefícios Previdenciários .63
2.4. O Peso Financeiro do Plano de Saúde para o Idoso ...74
2.5. A Busca dos Sonhos ...80
2.6. Novos Arranjos Familiares ...83
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...86
INTRODUÇÃO
O trabalho tem como objetivo analisar
comparativamente os Regimes Previdenciários e como é a
aposentadoria para aqueles que contribuíram para a Previdência Social
pelo Regime Geral de Previdência Social – gerido e administrado pela
Autarquia Federal, denominada Instituto Nacional do Seguro Social – e
pelos Regimes Próprios de Previdência – dos servidores públicos
federais, dos militares e dos servidores dos Estados e Municípios.
Partindo de uma análise da evolução da Legislação
Previdenciária e das mudanças ocorridas em cada nova Constituição,
busco evidenciar nos sujeitos de carne e osso o que é estar aposentado
pelo Regime Geral e o que é estar aposentado pelo Regime Próprio.
No primeiro capítulo, serão apresentados dados
demográficos que apontam para o envelhecimento populacional,
deixando claro que a tendência é de haver um número acentuado de
Após isso, será traçado um histórico de nossa
Legislação Previdenciária, dando ênfase às mudanças ocorridas em
todas as Constituições Federais.
Depois da análise da legislação, buscar-se-á localizar a
Previdência Social hoje, levantando as características da Seguridade
Social, para em decorrência disso tratar do benefício da aposentadoria
nos dois Regimes
Na parte final do primeiro capítulo, serão demonstrados
indicativos da Previdência Social como a evolução do número de
beneficiários, a tendência da relação contribuintes/beneficiários e a
evolução dos gastos com a Seguridade Social.
O segundo capítulo apresentará a pesquisa de campo,
a metodologia aplicada e as técnicas utilizadas.
A variação dos valores dos benefícios previdenciários
foi o apontamento central da pesquisa. Uma comparação entre os
benefícios previdenciários dos dois Regimes – Geral e Próprio –,
tomando por base o valor do salário mínimo de cada ano, tendo por
finalidade apontar as constantes perdas a que estão sujeitos os
Como decorrência da perda do poder de compra, foram
desenvolvidos outros três tópicos: o peso econômico do plano de saúde
para os idosos, a busca dos sonhos e os novos arranjos familiares, todos
entendidos como decorrentes da queda dos valores dos benefícios
1. A PREVIDÊNCIA SOCIAL E O
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
O Nosso país ainda não resolveu problemas clássicos do subdesenvolvimento, com saúde, educação, saneamento básico, habitação, previdência social, transporte, urbanização etc., e já se depara com essa massa de idosos necessitando de atendimento imediato. Esse atendimento imediato é urgente antes que se aprofunde e se torne mais grave essa situação. Será necessário investir em pelo menos duas frentes: desenvolver alternativas de assistência e gerar conhecimentos que sejam inovadores e tragam novas respostas à demanda dos idosos. (Rodrigues & Rauth, 2006, p. 187).
1.1. Aumento e Envelhecimento da População Brasileira
O envelhecimento da população é hoje um fenômeno
mundial. Uma situação que mostra o aumento da longevidade e queda
da mortalidade. Os dados demográficos apresentados a seguir por
No caso brasileiro, pode ser exemplificado por um aumento da participação da população maior de 60 anos, no total da população nacional: de 4% em 1940 para 8,6% em 2000. Nos últimos 60 anos, o número absoluto de pessoas com mais de 60 anos aumentou nove vezes. Em 1940 era de 1,7 milhão e, em 2000, de 14,5 milhões. Projeta-se para 2020 um contingente de aproximadamente 30,9 milhões de pessoas que terão mais de 60 anos. (Camarano, 2004, p. 25).
O gráfico, a seguir, ilustra o crescimento da população
Ainda segundo Camarano (2004), a proporção da
população mais idosa, ou seja, a de 80 anos e mais, também está
aumentando, desta forma:
Isso quer dizer que a população considerada idosa também está envelhecendo. Em 2000, esse segmento foi responsável por 12,6 % do total da população. Tais alterações levam a uma heterogeneidade do segmento populacional chamado idoso. (Camarano, 2004, pág. 25)
A visualização das pirâmides etárias brasileiras
mostradas anteriormente também é um importante recurso para
constatarmos a evolução do envelhecimento da população e também
projetarmos o futuro. Nas figuras a seguir verificamos que a América
Latina e o Caribe têm, no decorrer dos anos, distribuição etária
O aumento da expectativa de vida também é um dado
que mostra com clareza o envelhecimento da população. Os dados do
IBGE apontam que a expectativa de vida do brasileiro já alcança os 73
anos, mas isso nem sem sempre foi assim, conforme pode ser verificado
1.2. A Evolução da Legislação Previdenciária Brasileira
A evolução da proteção social no Brasil seguiu a
mesma lógica do plano internacional: origem privada e voluntária,
formação dos primeiros planos mutualistas e a intervenção cada vez
maior do Estado.
Cronologicamente serão apresentadas as alterações
previdenciárias surgidas, dando enfoque às Constituições Brasileiras de
1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988 e aos principais
Institutos relacionados à Previdência Social.
A Constituição Imperial de 1824 assegurava socorros
públicos (assistência à população carente), não fazendo menção a
não havia em nossa primeira Constituição Federal qualquer menção ao
cidadão idoso.
Bragança aponta o seguinte sobre o início da proteção
social no Brasil: “(…) A Santa Casa de Misericórdia de Santos, por
exemplo, fundada em 1543, é considerada a mais antiga instituição
assistencial brasileira (…)” (2006, p. 5).
Ainda nesse sentido, Ibrahim (2002) destaca o início da
proteção social no Brasil: “(…) Como exemplos mais antigos da proteção
social brasileira, temos as santas casas (1543), atuantes no segmento
assistencial (…)” (p. 23).
A Constituição Federal de 1891, assegurando socorros
públicos, foi a primeira a conter a expressão “aposentadoria”, conforme
nos aponta Sultani (2002):
Com o término da Primeira Guerra Mundial, a
Legislação Previdenciária apresentou avanços significativos, como
destaca Bragança (2006):
Após o término da Primeira Guerra Mundial, influenciada pelo espírito de renovação das estruturas sociais que pairava na época, a legislação previdenciária brasileira experimentou grande avanço. Podemos citar o Decreto Legislativo n° 3.274, de 1919, que regulava as relações decorrentes de acidente do trabalho, na qual recaía sobre o patrão a responsabilidade pela indenização acidentária. Para muitos, essa norma seria o marco da previdência social no Brasil, mas coube ao Decreto Legislativo n° 4.682, de 24/01/1923, mais conhecido como Lei Eloy Chaves, em homenagem ao autor de seu projeto, Deputado Federal por São Paulo, o título de marco da previdência social brasileira. Tanto é assim que no dia 24 de janeiro comemora-se o dia da Previdência Social. (Bragança, 2006, p. 6)
Corroborando com as idéias do autor citado
anteriormente, temos as anotações de Ibrahim (2002), para quem: “Ainda
sob a égide da Constituição de 1891, foi editada a Lei Eloy Chaves
(Decreto-legislativo n° 4.682, de 24/01/1923), a qual determinava a
criação das caixas de aposentadorias e pensões para os ferroviários, por
Naturalmente, com a criação da Lei Eloy Chaves, outras
categorias de trabalhadores buscaram obter a mesma proteção
legislativa ofertada aos ferroviários, dando origem a novas caixas e uma
rápida extensão dessa garantia de proteção social pelo país.
De acordo com o nosso entendimento, Bragança (2006)
assim se posiciona sobre o assunto:
Vemos que a proteção securitária mantida pela criação da Caixa de Aposentadoria e Pensões – CAP só albergava os empregados de empresas de estradas de ferro. Os demais trabalhadores, salvo aqueles que laboravam em serviços públicos, ficavam à margem da previdência social. É que nesta fase histórica, a previdência organizava-se por empresas e só estariam cobertos pelas prestações previdenciárias aqueles que naquelas empresas trabalhassem, deixando, com isso, milhões de trabalhadores descobertos. Para se ter uma idéia, com a criação da primeira CAP o número de segurados era diminuto, alcançando apenas 22.991 trabalhadores. Mas o modelo das CAP, foi sendo estendido rapidamente a outras empresas. Em 1924, já existiam 26 e, em 1933, chegava-se à marca de 183. Em 1929, depois da criação das Caixas de portuários e ferroviários (1926), o número de segurados já alcançava 140.435 trabalhadores. (Bragança, 2006, p. 6).
Uma questão interessante a ser notada é que há
que supostamente seriam beneficiadas com a proteção beneficiária.
Nesse sentido temos a análise da demógrafa Ana Amélia Camarano, a
qual demonstra que o número de idosos brasileiros em 1940 era perto de
um milhão e meio, passando a pouco mais de dois milhões na década de
50 e chegando à casa dos três milhões na década de 60.
Em 1933, conforme aponta Balera (2006), houve a
criação do IAPM (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos),
sendo também criados, no ano de 1934, os Institutos de Aposentadoria e
Pensão dos Comerciários e dos Bancários.
A Assembléia Nacional Constituinte, eleita em 15 de
novembro de 1933, elaborou a Constituição da República de 1934, que
foi a primeira a adotar a forma tríplice da fonte de custeio previdenciário,
com contribuições do estado, empregador e empregado, sendo nesta
Carta o primeiro momento em que o VELHO passa a ser assistido pelo
Estado. Balera cita, em sua obra, o artigo 121 da Constituição Federal de
1934: “art. 121, § 1° – A legislação do trabalho observará os seguintes
preceitos, além de outros que colimem melhorar as condições do
trabalhador”, conforme pode ser verificado a seguir:
empregador e do empregado, a favor da velhice, invalidez, da maternidade e nos casos de acidente do trabalho ou de morte. (Balera, 2006, p. 31)
Bragança (2006) cita outros Institutos de Aposentadoria
criados após a Constituição Federal de 1934:
Foram criados, sucessivamente, o Instituto de Aposentadoria dos Industriários – IAPI, em 1936; dos Empregados em Transportes de e Cargas – IAPETC, em 1938; e o dos Estivadores, em 1939. (Bragança, 2006, p. 7)
Segundo Ibrahim (2002):
A Constituição Federal de 1937 apenas passou a usar o termo “seguro social” como sinônimo de Previdência Social, assim assinalando a diferença entre os termos. Apesar de esta ser uma forma evoluída daquele, a legislação brasileira nunca fez distinção entre ambos. (Ibrahim, 2002, p. 28)
Ainda sobre a Constituição Federal de 1937, temos o
pensamento de Balera (2006) no tocante à questão previdenciária:
seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os casos de acidente do trabalho. (Balera, 2006, p. 31).
Ainda com relação à Constituição Federal de 1937,
temos o artigo 170 que dispõe, in verbis:
“O Poder Legislativo votará o Estatuto dos Funcionários
Públicos, obedecendo às seguintes normas, desde já em vigor:
(...)
§ 3° Salvo os casos previstos na Constituição, serão
aposentados compulsoriamente os funcionários que atingirem 68
(sessenta e oito) anos de idade”.
Com a instituição dos Institutos de Aposentadoria e
Previdência, houve um aumento do número de pessoas seguradas que,
embora sujeitas a regulamentações distintas (IAP dos marítimos,
portuários, comerciários, bancários, etc.), conquistaram o direito de
aposentar-se!
Bragança (2006) aponta a seguinte questão:
consideravelmente, era evidente a confusão gerada pela existência de regulamentações distintas para Caixas e Institutos. Não havia uniformização. Cada uma tinha seu próprio plano de custeio e benefícios. (p. 7).
A Constituição Federal de 1946 não promoveu muitas
alterações, sendo efetuada basicamente uma mudança de nomenclatura,
conforme aponta Ibrahim (2002):
A Constituição de 1946 foi a primeira a utilizar a expressão “previdência social”, substituindo a expressão “seguro social”. Sob sua égide, a Lei n° 3.807, de 26/08/1960, unificou toda a legislação securitária e ficou conhecida como a Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS. (p. 28)
O artigo 157 da Constituição Federal de 1946 dispõe, in
verbis:
“Art. 157 – A legislação do trabalho e da previdência
social obedecerão aos seguintes preceitos, além de outros que visem à
melhoria da condição dos trabalhadores:
(...)
XVI – previdência, mediante contribuição da União, do
empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as
Ainda sobre a unificação da legislação, verificamos os
apontamentos de Bragança (2006), relatando também sobre a criação do
INPS:
A tão sonhada uniformização da previdência social deu-se com a Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS, Lei n° 3.807, de 26/08/1960. A LOPS uniformizou a legislação da previdência social, sem, contudo, unificar os Institutos, o que só se deu com o Decreto-Lei n° 72, de 21/11/1966, que criou o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS. (p. 7)
É importante também ressaltar que a aposentadoria do
funcionário público passou a ser compulsória aos 70 anos de idade.
Uma alteração introduzida na Constituição Federal de
1946 foi a Emenda Constitucional n° 11, de 1965, que passou a
representar um dos princípios da seguridade social, conforme aponta
Vieira (2002):
Durante a vigência da Constituição Federal de 1946, de
acordo com apontamentos de Ibrahim (2002), foi editada a Lei n°
3.807/60, que teve importante papel na questão securitária:
A Constituição de 1946 foi a primeira a utilizar a expressão “previdência social”, substituindo a expressão “seguro social”. Sob sua égide, a Lei n° 3.807, de 26/08/1960, unificou toda a legislação securitária e ficou conhecida como a Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS. (p. 28)
Houve em 1966 a criação do Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), através do Decreto-Lei n° 72, 21/11/1966.
As Constituições seguintes, a de 1967 e a de 1969, não
inovaram na questão previdenciária. Segundo Vieira (2002): “A
Constituição de 1967 não inovou em matéria previdenciária em relação à
Constituição de 1946” (p. 8).
No mesmo sentido, Ibrahim (2002) aponta:
Em 1971 foi criado o Pró-rural – Programa de
assistência ao Trabalhador Rural, em que eram concedidos benefícios ao
trabalhador rural, conforme destaca Vieira (2002):
Já em 1971, cria-se o Pró-Rural – Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, por meio desse programa, o trabalhador rural obteve direito a vários benefícios no valor de meio salário mínimo, entretanto não previa contribuição por parte desse trabalhador”. (p. 9)
Por meio da Lei n° 6.439/77 foi instituído o SINPAS
(Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social), que buscava a
reorganização da Previdência Social e agregava as seguintes entidades:
1 – Instituto Nacional de Previdência Social – INPS
2 – Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência Social – INAMPS
3 – Fundação Legião Brasileira de Assistência – LBA
4 – Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor –
FUNABEM
5 – Empresa de Processamento de Dados da
6 – Instituto de Administração Financeira da Previdência
e Assistência Social – IAPAS
7 – Central de Medicamentos - CEME
Certamente estas entidades anteriormente citadas já
passaram, de uma forma ou de outra, pelas nossas vidas. Umas apenas
por ouvir falar, outras por alguma relação, direta ou não, com nossas
necessidades. Atualmente encontra-se em atividade apenas a
DATAPREV, embora ainda seja comum ouvirmos que alguém se
aposentou ou se “encostou” pelo INPS.
Em 1988 tivemos a promulgação da última Constituição
Federal, sendo um marco para a Previdência Social, conforme
apontamentos de vários autores:
A Constituição de 1988 tratou, pela primeira vez, da Seguridade Social, entendida esta como um conjunto de ações nas áreas de Saúde, Previdência e Assistência Social. É a marca evidente do Estado de bem-estar social criado pelo constituinte de 1988. (Ibrahim, 2002, p. 31)
da Ordem Econômica. A Seguridade Social, na atual Constituição. (Vieira, 2002, p. 11).
Em 05 de outubro de 1988 foi promulgada a nova Carta Política, a “Constituição Cidadã”. Trouxe importantes inovações: insere pela primeira vez em um texto constitucional a expressão seguridade social e define-a como o conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (art. 194). (Bragança, 2006, p. 9)
Constituição Federal de 1988 – também conhecida como “Constituição Cidadã”, instituiu a seguridade social no Brasil, que “(...) compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. (Balera, 2006, p. 32)
No ano de 1990, por meio do Decreto n° 99.350, de
27/06/1990, foi criado o INSS – Instituto Nacional da Seguro Social,
mediante a fusão do IAPAS e INPS.
O INAMPS teve suas atribuições passadas para o
Ministério da Saúde pelo Decreto n° 99.060, de 07/03/1990, sendo
extinto com a Lei n° 8.689, de 27/07/1993. Nesse sentido Ibrahim (2002)
aponta: “O INAMPS foi extinto, assim como a LBA, FUNABEM e a
No ano de 1991 dois importantes diplomas legais
tratando da Seguridade Social foram criados, assim indicados por Balera
(2006):
1991 – edição da Lei 8.212, de 24/07/1991, que dispõe sobre a organização da seguridade social, institui plano de custeio e dá outras providências; e Lei 8.213, de 24/07/1991, que dispõe sobre os planos de benefícios da previdência social e dá outras providências. (p. 32)
Do ano de 1991 até agora tivemos 3 (três) Emendas
Constitucionais – EC n° 20, EC n° 41 e EC n° 47 – que trouxeram
alterações no sistema previdenciário brasileiro e serão comentadas mais
adiante.
Ademais é importante destacar a Lei n° 9.876, de
29/11/1999 que, ao regulamentar a Emenda Constitucional n° 20, acabou
criando o fator previdenciário, consubstanciado numa fórmula que afeta o
cálculo da renda mensal das aposentadorias por idade e tempo de
contribuição, uma vez que leva em consideração a idade, a expectativa
1.3. Características da Seguridade Social
Levando em conta as constituições anteriores, não
havia a atenção necessária com a Seguridade Social, pois não eram
muitos os sujeitos que dela necessitavam e o Estado não intervia. Hoje
encontramos uma situação completamente diferente, passando a
Seguridade Social a ocupar um destaque cada vez maior nas
necessidades da sociedade.
Com o advento da Constituição Federal de 1988, a
Seguridade Social passou ser apoiada em três pilares: Previdência
Social, Assistência Social e Saúde. As regras direcionadas à Seguridade
Social vieram dispostas nos artigos 194 a 204 do texto constitucional,
todas dentro do Título VIII – Da Ordem Social.
Junior (2007), na obra Previdência Social – aspectos
prático e doutrinários dos regimes jurídicos próprios, aponta importantes
considerações de cada um dos pilares da Seguridade Social:
predeterminados (com determinada previsão financeira para cobri-los).
A Assistência Social visa à proteção do indivíduo que não possa, por si só ou com ajuda de seus familiares, obter seu sustento. Tem como objetivos principais a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice. O indivíduo deve requerer e provar o seu estado de necessidade.
A Saúde é direito de todos e dever do estado. Objetiva a redução do risco de doenças, bem como a facilitação do acesso aos serviços de recuperação da higidez física e mental. Atua de forma preventiva e curativa. (Junior, 2007, p. 4).
Balera (2006) também aponta importante conceituação
da Seguridade Social:
A Seguridade Social tem como propósito fundamental proporcionar aos indivíduos e às famílias a tranqüilidade de saber que o nível e a qualidade de suas vidas não serão significativamente diminuídos, até onde foi possível evitá-lo, por nenhuma circunstância econômica ou social. O que interessa ao sistema de seguridade social não é garantir o padrão de vida do indivíduo, mas também assegurar-lhe condições mínimas de sobrevivência digna. (p. 35)
O mesmo autor ainda apresenta importantes
considerações sobre a proteção social determinada pela Constituição
O ideário do bem-estar e da justiça social – A incorporação, pela primeira vez, de conceito vigoroso e peculiar à proteção social como o de seguridade social ao texto da Lei Maior respondeu, à época, às expectativas da sociedade organizada de ampliação do estoque de direitos sociais associados à cidadania, traduzindo a sensibilidade do constituinte diante da situação preexistente. (Balera, 2006, p. 36)
Este apontamento do professor Wagner Balera é
importante, uma vez que relaciona uma situação preexistente que passa
a ser motivadora das decisões legislativas e políticas a serem tomadas
pelos representantes do povo.
Somente é tutelado aquilo que é visto como carecedor
de proteção, ou seja, já é fato mas ainda não é protegido. Desta forma
nasce o Direito a ser garantido.
1.4. A Previdência Social – O Benefício da
Aposentadoria
Partindo da Seguridade Social, conforme as disposições
constitucionais previstas nos artigo 194 a 204, encontramos as suas três
subdivisões – Assistência Social, Saúde e Previdência Social – nos quais
Art. 203 da Constituição Federal, aponta que:
“Art. 203 – A assistência social será prestada a quem
dele necessitar, independentemente de contribuição, e tempo por
objetivos:
1 – a proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência e à velhice;
2 – o amparo às crianças e adolescentes carentes;
3 – a promoção da integração ao mercado de trabalho;
4 – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras
de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
5 – a garantia de um salário mínimo de benefício
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, conforme dispuser a lei.
Quanto à Saúde, observamos também os traços
definidos pelo constituinte, disciplinando direitos e deveres nas questões
relacionadas à Saúde, conforme redação do artigo 196 da Constituição
Art. 196 – A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.
Por fim, para a terceira espécie da Seguridade Social, a
Previdência Social, temos as características delineadas pela Constituição
Federal, por meio do artigo 201 e respectivos parágrafos:
Art. 201 – A previdência social será organizada sob a
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e
atenderá, nos termos da lei, a:
1 – cobertura dos eventos doença, invalidez, morte e
IDADE AVANÇADA;
2 – proteção à maternidade, especialmente à gestante;
3 – proteção ao trabalhador em situação de
desemprego involuntário;
4 – salário-família e auxílio-reclusão para os
5 – pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
ao cônjuge ou companheiro e dependente.
(...)
§ 7° – É assegurada aposentadoria no regime geral de
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
condições:
l – 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem, e
30 (trinta) anos contribuição, se mulher;
ll – 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e
60 (sessenta) anos de idade, se mulher, reduzido em 5 (cinco) anos o
limite para trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que
exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
§ 8 ° – Os requisitos a que se refere o inciso I do
parágrafo anterior serão reduzidos em 5 (cinco) anos, para o professor
que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio”.
Diante de todas as divisões de cada uma das espécies
da Seguridade Social, nossas atenções serão centralizadas nos
idade, por tempo de contribuição ou especial, dando maior enfoque à
aposentadoria por idade e por tempo de contribuição.
É importante ressaltar que o contribuinte poderá se
aposentar pelo Regime Geral ou pelo Regime Próprio, havendo para
cada um deles suas regras próprias.
1.5. O Fator Previdenciário e o Salário-de-Benefício para
o Regime Geral da Previdência Social
Duas importantes questões decorrentes da
aposentadoria são o salário-de-benefício e o fator previdenciário, este
último criado através da Lei n° 9.786/99.
Segundo Bragança (2006), o salário-de-benefício “é o
valor básico utilizado para cálculo da renda mensal dos benefícios de
prestação continuada, inclusive os regidos por normas especiais (p. 62).
Balera (2006) aponta o salário-de-benefício como base
de cálculo para as aposentadorias por idade, tempo de contribuição
(antiga aposentadoria por tempo de serviço) e especial, trazendo para os
dois primeiros casos um vetor acoplado à fórmula: o Fator Previdenciário
Inserido nas regras previdenciárias pela Lei n° 9.876/99,
o fator previdenciário visou a estabelecer uma correspondência maior
entre o custeio e o benefício, trazendo para cálculo do benefício
previdenciário um dado até então não considerado: a expectativa da
sobrevida.
A fórmula do Fator Previdenciário é a seguinte:
F = Tc X a X 1 + Id + Tc X a
Es 100
Onde:
F = Fator Previdenciário;
Tc = tempo de contribuição ate o momento da aposentadoria;
a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31 (0,20 da contribuição patronal somado a 0,11 da parte do empregado);
Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;
A expectativa de sobrevida do segurado no momento da
aposentadoria é obtida com base na tábua completa de mortalidade
construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Com a entrada em vigor da Lei que instituiu o fator
previdenciário é necessário considerar três situações distintas:
1ª - O cálculo do salário-de-benefício pela regra anterior
ao fator previdenciário;
2ª - O salário-de-benefício será calculado por uma regra
de transição;
3ª - O salário-de-benefício passa a ser calculado pela
nova regra trazida pela Lei n° 9.876/99, dependendo sua aplicação do
benefício requerido.
Na primeira situação temos o salário-de-benefício sendo
calculado pela regra antiga, sem as modificações trazidas pelo Fator
Previdenciário, sendo utilizados para os segurados que tivessem
cumprido os requisitos para obtenção do benefício até 28/11/99:
Na Segunda situação, temos um novo modelo de
cálculo para chegarmos ao benefício, utilizado para segurados filiados à
Previdência Social até 28/11/99:
Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, multiplicada pelo fator previdenciário. (Bragança, 2006, p. 64)
Para a terceira situação, será aplicada a regra para os
filiados à Previdência Social a partir de 29/11/99:
Média aritmética simples dos maiores
salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo,
multiplicada pelo Fator Previdenciário. (Bragança, 2006, p. 65).
1.6. Os Proventos de Aposentadoria para os Filiados
aos Regimes Próprios
A fixação dos proventos para a aposentadoria
estabelecida na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 40, não
trazia dificuldades para o cálculo do benefício, assegurando proventos
aposentadoria requerida, sendo os cálculos apurados com base na
remuneração do servidor:
“Art. 40 . O servidor será aposentado:
(...)
lll – voluntariamente:
a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos
trinta, se mulher, com proventos integrais;
b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de
magistério, se professor, e vinte e cinco, se professora, com proventos
integrais;
c) aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e
cinco, se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
aos sessenta, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
serviço.
§ 1° Lei complementar poderá estabelecer exceções ao
disposto no inciso lll, a e c, no caso de exercício de atividades
§ 2° A lei disporá sobre a aposentadoria em cargos ou
empregos temporários.
§ 3° O tempo de serviço público federal, estadual ou
municipal será computado integralmente para os efeitos de
aposentadoria e de disponibilidade”.
A regra permitia ao servidor que algumas vantagens
pecuniárias auferidas durante sua vida profissional fossem
restabelecidas nos respectivos proventos de aposentadoria, fazendo com
que o referido valor fosse maior que os últimos valores recebidos quando
ainda não aposentado.
Essa situação dos filiados ao Regime Próprio se
distanciava muito dos filiados ao Regime Geral, conforme aponta Briguet:
Tal situação diferenciava-se daquela mantida pelos bene- ficiários do RGPS, cujos benefícios, além de sujeitos a um teto, eram e ainda são calculados, segundo regras que resultam, via de regra, num valor inferior ao do último salário de contribuição do empregado. (Briguet , 2007, p. 53)
A Emenda Constitucional n° 20/98 introduziu
nova redação ao § 2° do artigo 40 da Constituição Federal de 1988, que
passou a ter a seguinte redação:
“§ 2° – Os Proventos de aposentadoria e as pensões,
por ocasião da concessão, não poderão exceder a remuneração do
respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou
que serviu de referência para a concessão da pensão”.
Essa alteração veio impossibilitar a inclusão de verbas
nos proventos de aposentadoria que tivessem sido recebidas por um
certo período de tempo.
Com o advento da Emenda Constitucional n° 41/03
outras alterações para o cálculo dos proventos foram implementadas.
Segundo aponta Briguet, na Emenda Constitucional n°
41/03: “(...) o cálculo dos proventos e das pensões para as hipóteses
previstas no art. 40 da Constituição Federal novamente foi alterado,
desta feita para consagrar critério inovador”.
Essa significativa alteração deu início ao processo de
aproximação do RPPS ao RGPS, fixando que o benefício da
aposentadoria seria determinado pela base das efetivas contribuições
Com a Emenda Constitucional, assim ficou redigido o
parágrafo 3,° artigo 40 da Constituição Federal de 1988:
“§ 3° – Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
por ocasião de sua concessão, serão consideradas as remunerações
utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de
previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei”.
Para que o texto alterado pela Emenda Constitucional
n° 41/03 fosse aplicado, seria necessária regulamentação por Lei
Federal, o que foi feito pela Lei n° 10.887/04:
“Art. 1° – No cálculo dos proventos de aposentadoria
dos servidores titulares de cargo efetivo de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
autarquias e fundações, previsto no § 3° do art. 40 da Constituição
Federal e no art. 2° da Emenda Constitucional n° 41, de 19 de dezembro
de 2003, será considerada a média aritmética simples das maiores
remunerações, utilizadas como base para as contribuições do servidor
aos regimes de previdência a que esteve vinculado, correspondentes a
80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo desde a
competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior
àquela competência.
§ 5° Os proventos, calculados de acordo com o caput
deste artigo, por ocasião de sua concessão, não poderão ser inferiores
ao valor do salário-mínimo nem exceder a remuneração do respectivo
servidor no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria”.
A respeito do cálculo que resulta os proventos, temos o
apontamento de Briguet:
Desse cálculo resultam os valores proventos que, por outro lado, terá três limites:
1 – não poderá ser inferior ao valor do salário mínimo;
2 – não poderá exceder a remuneração do respectivo servidor no cargo efetivo;
3 – não poderá ser superior ao limite estabelecido no art. 37, Xl, da Constituição Federal. (Briguet, 2007, p. 59)
1.7. Aposentadoria por Idade e Tempo de Contribuição
para Filiados ao Regime Geral da Previdência Social
1.7.1. Aposentadoria por Idade
Com previsão no art. 201, l, da Constituição Federal
idade avançada e tem, para sua implementação, a necessidade de
preenchimento de alguns requisitos.
Segundo Vieira (2002), a aposentadoria por idade “visa
a conferir rendimentos aos segurados em virtude de idade avançada,
possibilitando a retirada destes do mercado de trabalho” (p. 356).
O primeiro requisito a ser implementado é o relativo à
idade do segurado: 65 anos para o homem e 60 anos para a mulher,
sendo estes limites, respectivamente, para 60 anos para o homem e 55
para a mulher, nos casos de trabalhadores rurais.
O segundo requisito é a necessidade de ter o segurado
já efetuado 180 contribuições mensais, o chamado período de carência
para concessão do benefício.
Juntar esta carência passou a ser exigida com a
entrada em vigor da Lei n° 8.213/91, ou seja, para os filiados após
24/07/91, data da promulgação da Lei, que aumentou de 60 para 180
meses.
Para os que já se encontravam filiados, foi criada uma
Essa regra de transição deve-se ao fato de a Lei n° 8.213/91 ter triplicado o prazo de carência para as aposentadorias por idade, tempo de serviço e especial em relação à legislação anterior. Para não ver frustada a expectativa daquele que já estava filiado ao sistema e, em especial, às portas de se aposentar, criou-se um prazo de carência progressivo, o qual estará totalmente implementado em 2011. (Bragança, 2006, p. 60)
Verificando o artigo 142 da Lei 8.213/91, podemos
encontrar a tabela de transição com o ano da implementação das
condições e os meses exigidos de contribuição.
Ano de implementação das
condições
Meses de contribuição
exigidos
Ano de implementação das
condições
Meses de contribuição
exigidos
1991 60 2002 126 1992 60 2003 132 1993 66 2004 128 1994 72 2005 144 1995 78 2006 150 1996 90 2007 156 1997 96 2008 162 1998 102 2009 168 1999 108 2010 174 2000 114 2011 180
Para o cálculo do valor da aposentadoria, temos a
lição de Vieira (2002), para quem: “A aposentadoria por idade consiste
numa renda mensal calculada com 70% sobre o salário-de-benefício,
mais 1% deste por grupo de 12 contribuições mensais, até o máximo de 30%” (Vieira, 2002, p. 358).
1.7.2. Aposentadoria por Tempo de Contribuição
A aposentadoria por tempo de contribuição é recente na
legislação previdenciária, uma vez que foi implementada em 1998 por
meio da Emenda Constitucional n° 20, substituindo a aposentadoria por
tempo de serviço.
Assim como na aposentadoria por idade, a
aposentadoria por tempo de contribuição exige, além da carência, 35
anos de contribuição para os homens e 30 anos, para as mulheres.
Outro exigência para a aposentadoria por tempo de
contribuição é relativa à idade do segurado, sobre essa questão
selecionamos o apontamento de Balera (2006):
pedágio de no mínimo 20% do tempo que, em 16/12/1998, faltava para atingir o limite de tempo de 35 ou 30 anos, respectivamente. Se proporcional, o pedágio corresponderá a 40% do período adicional de contribuição do tempo que em 16/12/1998 faltava para atingir 30 ou 25 anos respectivamente. (Balera, 2006, p. 168)
Sobre a aposentadoria por tempo de contribuição,
Bragança (2006) cita um exemplo bastante esclarecedor:
O tempo de contribuição será considerado para cálculo do valor da renda mensal de qualquer benefício, mas nem todos contarão como carência. Exemplo 1 : suponha o caso de um segurado que trabalhe por 10 anos e se aposente por invalidez, ficando com o benefício por 20 anos. Recuperada sua capacidade laborativa, a aposentadoria por invalidez é cessada e o segurado volta a trabalhar. Caso queira se aposentar por tempo de contribuição deverá trabalhar por mais cinco anos, a fim de completar 35 anos de contribuição e 15 anos de carência (180 meses). (Bragança, 2006, p. 93)
1.8. Aposentadoria por Idade e Voluntária para Filiados
ao Regime Próprio
1.8.1. Aposentadoria por Idade
Com previsão no artigo 40, lll, b, da Constituição
público, devendo este implementar, cumulativamente, uma série de
condições para usufruir desta espécie de aposentadoria:
1 – 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e
60 (sessenta) anos de idade, se mulher;
2 – 10 (dez) anos de efetivo exercício no serviço
público;
3 – 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que se dará a
aposentadoria.
A diferença que verificamos entre os aposentados por
idade do Regime Geral e os aposentados por idade do Regime Próprio é
que, para os filiados do Regime Geral, serão necessárias 180
contribuições de carência, ao passo que para os filiados do Regime
Próprio, existe a necessidade de 10 (dez) anos de efetivo exercício no
serviço público, sendo cinco destes anos no cargo efetivo em que se
dará a aposentadoria.
1.8.2. Aposentadoria Voluntária
As regras que tratam da aposentadoria voluntária para o
Art. 6° da Emenda Constitucional nº 41/03
Os servidores que ingressaram no serviço público até
31 de dezembro de 2003 terão direito à aposentadoria voluntária, desde
que implementadas, cumulativamente, as seguintes condições:
1 – 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55
(cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher;
2 – 35 (trinta e cinco) – anos de contribuição, se
homem, e 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher;
3 – 20 (vinte) anos de efetivo exercício no serviço
público;
4 – 10 (dez) anos de carreira;
5 – 5 (cinco) anos de efetivo exercício no cargo em que
se dará a aposentadoria.
A Emenda Constitucional nº 41/03, em seu artigo 2°,
também trouxe uma regra que beneficiava aqueles segurados que já
haviam ingressado no serviço público até 16 de dezembro de 1998,
trata-se da apotrata-sentadoria com proventos reduzidos, que tinha as trata-seguintes
1 – 53 (cinquenta e três) anos de idade, se homem, e
48 (quarenta e oito) anos de idade, se mulher;
2 – 5 (cinco) anos de efetivo exercício no cargo em que
se dará a aposentadoria;
3 – 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem,
e 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher;
4 – período adicional de contribuição equivalente a 20
% (vinte por cento) do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltaria
para atingir os 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem, ou 30
(trinta) anos, se mulher.
Por meio da Emenda Constitucional nº 47/05, nova
regra foi destinada aos servidores públicos, filiados ao Regime Próprio,
uma vez que novas regras foram implementadas. Desta nova feita, os
servidores que ingressaram no serviço público até 16 de dezembro de
1998 poderão se aposentar com proventos integrais, desde que
implementem, cumulativamente, as seguintes condições:
1 – 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem,
e 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher;
2 – 25 (vinte e cinco) anos de efetivo exercício no
3 – 15 (quinze) anos de carreira;
4 – 5 (cinco) anos no cargo em que se dará a
aposentadoria;
5 – Idade mínima resultante da redução, relativamente
aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco)
anos de idade, se mulher, de um ano de idade para cada ano de
contribuição que exceder a condição prevista no inciso l deste artigo.
1.9. Algumas Considerações sobre a Questão
Previdenciária no País
1.9.1. A Relação Contribuintes/Beneficiários
No decorrer do tempo a situação do sistema
previdenciário vem se deteriorando, podemos constatar que a razão de
contribuintes por beneficiário caiu drasticamente: em 1940 tínhamos
cerca de 31 contribuintes para cada beneficiário; no início dos anos 80 a
proporção era de 2,9 para 1 e hoje temos menos de dois contribuintes na
Kaizô Iwakami Beltrão, em artigo publicado na obra Os
novos idosos brasileiros muito além dos 60?, aponta que, a previsão será
de 1,2 contribuintes para 1 beneficiário, tal situação é apresentada como
mero cenário, uma vez que se viesse a ocorrer o sistema quebraria
antes. (Beltrão apud Camarano, 2004, p. 414).
1.9.2. O Aumento de Beneficiários
Uma das causas para termos uma relação
contribuintes/beneficiários perto do valor unitário é sem dúvida o
Se por um lado temos, com o grande número de
beneficiários, uma situação negativa, por outro, observamos que muitas
famílias sobrevivem com esse benefício, somente não encontramos um
certo equilíbrio no sistema, visto que o número de beneficiários chega
perto da quantidade de contribuintes.
Recentemente foi efetuado reajuste nos benefícios
previdenciários, com isso os valores receberam acréscimo de 5 (cinco)%,
reajuste inferior ao ofertado no mesmo período para o salário-mínimo
que ficou na casa dos 9 (nove) %.
Diante disso, os aposentados têm se prejudicado muito,
pois os reajustes de sua aposentadoria não têm acompanhado os
valores do salário-mínimo.
Certamente, o valor do benefício deveria ter o mesmo
reajuste que o salário referência nacional, mas isso não tem acontecido e
a solução para isso não é clara.
Kaizô Iwakami Beltrão aponta a questão de maneira
brilhante:
capacidade laborativa e/ou as condições de reingresso no mercado de trabalho, isso significaria condenação à miséria. Um país que tenha respeito por sua cidadania jamais pode admitir esse tipo de desfecho. Outra forma de ruptura ainda mais dramática é o recrudescimento inflacionário – na realidade, uma forma dissimulada de confisco de direitos e aviltamento de passivos que não podem ser honrados sem a necessidade de travar um grande debate político sobre a matéria. Como sabemos, esse remédio é extremamente pernicioso e também precisa ser evitado”. (Beltrão apud Camarano, 2004, p. 424)
1.9.3. A Evolução dos Gastos com a Seguridade
Social
No período de 1995 a 2005 tivemos um aumento
bastante significativo do orçamento com a Seguridade Social, iniciando,
em 1995, com 9,5% do PIB e alcançando, no ano de 2005, 12,7% do
PIB. Embora exista este aumento, temos a impressão de que os valores
aumentados ainda ficam bem aquém do que realmente seria o mínimo
para uma qualidade de vida apropriada, principalmente para o idoso.
Esta constatação fica cristalina quando nos reportamos
aos atendimentos no SUS: filas, poucas vagas, desconforto.
Segundo Nunes, da Universidade Nacional de Brasilia,
de 80 e mais anos são as insuficiências cardíacas e coronarianas, que
atingem o valor de R$ 20,4 milhões, trazendo ainda importante colocação
sobre custo e utilização do sistema de saúde:
2. O TRABALHO DE CAMPO –
A PREVIDÊNCIA EM CARNE E OSSO
2.1. Metodologia
2.1.1. A Pesquisa
Buscamos no presente trabalho analisar
comparativamente os Regimes Previdenciários e verificar como é a
aposentadoria daqueles que contribuíram para a Previdência Social pelo
Regime Geral de Previdência Social – gerido e administrado pela
Autarquia Federal denominada Instituto Nacional do Seguro Social – e
pelos Regimes Próprios de Previdência – dos servidores públicos
federais, dos militares e dos servidores dos Estados e Municípios.
Além da análise comparativa da Legislação, que já foi
apontada no capítulo anterior, pretendemos evidenciar como, durante os
anos, os valores dos benefícios foram perdendo o poder de compra,
apresentando em carne e osso o significado dessas perdas.
Os sujeitos da pesquisa são moradores do município de
Iepê-SP, cidade com 7.500 (sete mil e quinhentos) habitantes, localizada
na região Oeste do Estado, local onde resido há 12 anos e exerço o
cargo de Vereador (2005-2008), tendo bastante contato com os idosos.
Para a realização desta pesquisa, foram selecionadas
pelo Regime Geral e 3 (três) pelo Regime Próprio, passando a ser assim
identificadas:
Regime Geral
Homem 1 – 64 anos, aposentado há 8 anos pelo
Regime Geral, contribuiu sempre pelo máximo, possui plano de saúde.
Homem 2 – 75 anos, aposentado há 14 anos, contribuiu
durante muito tempo pelo máximo, mas nos últimos cinco anos de
contribuição fez contribuições mínimas, aposentado-se com o mínimo.
Não possui plano de saúde.
Mulher 1 – 66 anos, aposentada há 10 anos, sempre
contribui pelo mínimo. Não possui plano de saúde.
Regime Próprio
Mulher 2 – 66 anos, aposentada há 6 anos, foi
professora durante muitos anos, vindo a ocupar um novo cargo, em
virtude de aprovação em concurso público, que tinha uma remuneração
maior. Passou 10 anos nesse novo cargo e aposentou-se com o que
ganhava. Possui plano de saúde.
Mulher 3 – 68 anos, aposentada há 17 anos, sempre
Homem 3 – 67 anos, aposentado há 13 anos, policial
militar, aposentou-se como cabo. Possui plano de saúde.
A técnica utilizada para desenvolver a pesquisa com os
sujeitos aposentados foi a entrevista. Para tanto, foi utilizado um roteiro
de perguntas que me possibilitou conhecer mais os sujeitos
entrevistados, bem como obter mais conhecimento sobre a
aposentadoria no Regime Geral e Regime Próprio. A seguir, será
apresentado o roteiro mencionado.
PERGUNTAS PARA O ENTREVISTADO APOSENTADO
1. Nome e Idade
2. Há quanto tempo o Sr(a) está aposentado? Por qual Regime se
aposentou?
3. Quando o Sr(a) começou a pensar que um dia iria se aposentar?
4. Sabe de quanto foi a variação de seu benefício nos últimos cinco
anos?
5. Houve alguma preparação para a aposentadoria?
6. O que mudou em sua vida com a aposentadoria?
7. Com relação ao seu custo de vida, achou que depois de
8. Como foi a ruptura do vínculo com seu ambiente de trabalho?
9. Como preencheu seu tempo livre?
10. Já pensou ou foi sondado(a) em passar a morar com os filhos?
11.
Fale de seus sonhos.
Em média as entrevistas demandavam cerca de 1
(uma) hora e 30 (trinta) minutos. Para estabelecer contato com os
entrevistados, procurei-os nos Postos de Saúde da cidade. Inicialmente,
eles estavam desconfiados, mas, aos poucos, fui conquistando-os e eles
se sentiam mais confortáveis, ao perceber que eram importantes. Isso
me deixou muito, muito contente!!
Outras questões como a busca de sonhos e novos
arranjos familiares também são objeto de relato, uma vez que
apareceram derivadas da questão principal.
2.2. Os Aposentados em Carne e Osso
O Primeiro ponto que me motivou a efetuar essa
pesquisa foi justamente a diferença de valores das aposentadorias entre
os segurados pelo INSS (Aposentados pelo Regime Geral) e os
Logo ao ingressar no serviço público, essa era uma
questão sempre lembrada pelos colegas mais antigos: A aposentadoria
integral.
Em contato com as pessoas que se aposentam, pude
notar a diferença existente e este é o momento certo para eu tentar
demonstrar a disparidade entre as aposentadorias dos Regimes Geral e
Próprio e como estas influenciam no envelhecer.
O acesso a dados relacionados aos valores recebidos
pelo aposentado nem sempre é fácil, afinal por que alguém iria se
importar com o valor que o aposentado ganha ou vem ganhando ao
longo do tempo? Mas tive a sorte de contar com sujeitos que
prontamente entenderam a seriedade do tema pesquisado,
disponibilizando dados relevantes para enriquecer esta pesquisa.
2.3. A Variação dos Valores dos Benefícios
Previdenciários
Como primeiro dado comparativo, relacionei os
salários-mínimos de 2004 a 2008, a fim de que pudéssemos tomar por base
TABELA I
Tabela do Salário Mínimo
Data Valor Percentual de aumento
01/05/04 R$ 260,00 0,0%
01/05/05 R$ 300,00 15,4%
01/04/06 R$ 350,00 16,6%
01/04/07 R$ 380,00 8,5%
01/03/08 R$ 415,00 9,2%
Total 49,7%
Para os aposentados pelo Regime Geral – INSS –
foram passados os seguintes valores de reajustes de aposentadoria,
conforme podemos verificar na tabela seguinte.
TABELA II
Regime Geral
Período Valor médio mensal Percentual de aumento
2004 R$ 1.326,50 0,0%
2005 R$ 1.409,63 6,2%
2006 R$ 1.484,66 5,3%
2007 R$ 1.541,88 3,8%
2008 R$ 1.580,00 2,4%
Diante dos valores apresentados, podemos verificar
uma consideração importante realizada por um dos entrevistados.
Homem 1 – “Sempre contribui sobre o máximo, dez
salários, e agora na hora de receber meus valores não chegam perto
disso!”.
A indignação por esta situação é comum e não atinge
somente um ou outro, mas todos que contribuíram durante muito tempo.
Outro entrevistado apresentou um problema diferente.
Homem 2 – “Me aposentei mal. Contribuía sobre o
máximo durante um bom tempo, mas antes de aposentar tive que
diminuir minha contribuição e o meu benefício ficou pequeno”.
No caso deste senhor foi utilizada a média dos três
últimos anos de contribuição, por isso este se prejudicou e seu benefício
diminuiu.
Antes se falava que a pessoa havia contribuído a vida
inteira, hoje depois do tempo destinado à contribuição, ao trabalho,
encontramos um tempo cada vez maior de vida. O Indivíduo contribui por
Ao fazer uma comparação dos valores recebidos entre
2004 a 2008 por aposentado do Regime Geral (INSS) com o
salário-mínimo correspondente, encontramos os seguintes dados:
TABELA III
Regime Geral X Salário Mínimo
Período Aposentadoria Salário-mínimo Quantidade de SM
2004 R$ 1.326,50 R$260,00 5,1
2005 R$ 1.409,63 R$300,00 4,6
2006 R$ 1.484,66 R$350,00 4,2
2007 R$ 1.541,88 R$380,00 4,0
2008 R$ 1.580,00 R$415,00 3,8
Da mesma maneira, foi possível levantar os valores
recebidos de aposentadoria por segurado do Regime Próprio, os dados
TABELA IV
Regime Próprio
Período Valor médio recebido Percentual de aumento
2004 R$ 1.342,25 0,0%
2005 R$ 1.409,49 5,0%
2006 R$ 1.642,89 16,5%
2007 R$ 1.813,56 10,3%
2008 R$ 1.984,24 9,4%
Total 41,2%
Efetuando a comparação entre os reajustes dos
benefícios de aposentadoria do Regime Geral e do Regime Próprio,
constatamos que o primeiro, no intervalo de 2004 a 2008, teve um total
de reajustes de 17,7% (Tabela II), ao passo que os beneficiários do
Regime Próprio obtiveram 41,2% de reajustes.
Na seqüência, a Tabela V apresenta uma comparação
entre os valores dos benefícios do Regime Próprio e os valores do
TABELA V
Regime Próprio X Salário Mínimo
Período
Valor do
Benefício
Salário mínimo Quantidade de SM
2004 R$ 1.342,25 R$ 260,00 5,1
2005 R$ 1.408,49 R$ 300,00 4,6
2006 R$ 1.642,89 R$ 350,00 4,6
2007 R$ 1.813,56 R$ 380,00 4,8
2008 R$ 1.984,24 R$ 415,00 4,8
Por meio da comparação dos valores recebidos da
aposentadoria do Regime Geral e do Regime Próprio com os valores do
salário mínimo correspondente a cada período levantado, evidencia-se
uma perda de poder aquisitivo.
Com relação aos aposentados do Regime Geral,
notamos uma significativa defasagem dos valores recebidos, não sendo
observada em momento algum qualquer tentativa de recuperação,
estando os valores sempre em constante decréscimo.
De uma maneira mais discreta, também evidenciam-se
média houve uma tentativa de manutenção dos valores, o que não
ensejou a ocorrência de perdas fortes como no caso dos aposentados
pelo Regime Geral.
No tocante aos rendimentos decorrentes da
aposentadoria, outro ponto ficou evidenciado no contato que tive com os
sujeitos pesquisados, trata-se do teto recebido como valor de
aposentadoria.
Desde que se aproximaram do período de se
aposentarem, os segurados do Regime Geral já tinham o conhecimento
de que deixariam de receber os valores que mensalmente vinham
recebendo e passariam a receber o valor calculado pelo Instituto
Nacional do Seguro Social.
Homem 2 – “Eu achava que ia ganhar mais do que tô
recebendo. Recebo muito pouco, R$ 415,00 (quatrocentos e quinze
reais)”.
Um dos entrevistados recebia valores acima do teto, ou
seja, mais de 10 (dez) salários mínimos, aposentou-se, mas continuou a
trabalhar, não sentindo de imediato qualquer diferença, pois, além dos
valores da aposentadoria, recebia um outro salário, mantendo seu poder
Homem 1 – “Era um dinheirinho a mais, nem sentia a
aposentadoria”.
Entretanto essa capacidade para o trabalho não durou
muito tempo e, em razão de as empresas terem cada vez mais o objetivo
de obter lucro, o entrevistado foi demitido, ficando apenas com o valor da
aposentadoria.
Homem 1 – “Depois dos 40 é difícil uma nova colocação
no mercado. As empresas querem gente nova, o salário é menor!.”
Essa situação foi de choque, pois, acostumado a uma
vida financeira tranqüila, teve de se readequar com a nova realidade
imposta com a aposentadoria, com o fechamento dos pontos de trabalho
e com a perda da capacidade laborativa.
Homem 1 – “Até hoje tento fazer pequenas economias
que nunca pensei que fosse fazer, como ter de desligar o freezer,
comprar lâmpadas mais econômicas e buscar os preços mais baratos
nos mercados”.
Essa situação, certamente, é vivida por inúmeras
pessoas que, mesmo sabedoras das dificuldades do período de
aposentadoria, não encontram meios e recursos financeiros para,
Vocês fazem seus pés de meia? Com tantas despesas, impostos,
facilidade de compras, é possível ainda reservar, mesmo que pouco, um
determinado “x” do salário para a aposentadoria?!
Existe a falsa impressão para os filiados ao Regime
Geral, de que o valor recebido como salário será o valor recebido como
aposentadoria, criando no imaginário do indivíduo o sentimento de terem
referidos valores como seus eternamente.
Homem 2 – “A aposentadoria foi um golpe. Antes era
sobre o salário mínimo, depois vem um valor bem menor.”
Por outro lado, temos os filiados ao Regime Próprio
que, recebendo durante o período contributivo determinado valor,
passarão a receber um valor bem próximo, não existindo uma queda tão
brusca nos rendimentos da aposentadoria.
Homem 3 – “Sempre controlei meu salário e sabia que o
que ganhava ia ser o que ganharia na aposentadoria. Não tive decepção
quando me aposentei.”
Mulher 2 – “Não tive queda de padrão de vida quando
aposentei. Meus remédios aumentaram um pouco, mas o que passei a
Essa diferença entre os benefícios fica evidente quando
entrevistamos os sujeitos da pesquisa. Ao passo que há a manutenção
dos valores para os beneficiários do Regime Próprio, os do Regime Geral
sentem a queda do padrão de vida justamente na época que mais
necessitam.
Tramita pelo Congresso Nacional o projeto de Lei para
que os dois Regimes tenham o mesmo teto, conforme publicação no
Jornal Estado de São Paulo, do dia 02/06/08, conforme veremos a
seguir:
02/06/2008 08:26:59
Governo quer igualar aposentadoria do
servidor público com a do privado
Até o fim deste ano, o governo vai enviar ao Congresso
Nacional um projeto de lei igualando regras de aposentadorias e pensões dos funcionários públicos com as que vigoram para os trabalhadores privados, entre elas a limitação do valor da aposentadoria ao máximo de 10 salários mínimos aplicado aos aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer,
anunciou ao Estado que a mudança valerá apenas para quem ingressar no serviço público após a promulgação da lei e não será aplicada aos que estão na ativa hoje, que continuarão se aposentando com o último salário, geralmente muito acima do teto do INSS. Um desembargador, por exemplo, se aposenta com mais de R$ 20 mil.
Os militares do Exército, Marinha e Aeronáutica serão excluídos das mudanças e continuarão regidos pelas regras atuais.