RevBrasAnestesiol.2015;65(5):421---425
REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia www.sba.com.brCARTAS
AO
EDITOR
Carta
ao
editor
comentando
estudo
publicado
na
revista
Ascedio
por
Jose
Rodrigues
et
al.
(Rev
Bras
Anestesiol.
2013;63(4):358-361),
a
respeito
de
intubac
¸ão
com
broncoscópio
flexível
Letter
to
the
editor
commenting
the
study
published
in
the
journal
by
Ascedio
Jose
Rodrigues
et
al.
(Rev
Bras
Anestesiol
2013,63(4):358-361),
regarding
intubation
with
flexible
bronchoscope
CaroEditor,
EulioartigopublicadonaRBAporAscedioJoseRodrigues etal.(RevBrasAnestesiol.2013;63(4):358-361),egostaria deexporalgumasopiniõesarespeitodaintubac¸ão fibroscó-picaacordada(abreviadanoartigocomoFBI,pelas inicias eminglês).
Comofoidevidamentesalientadonoestudo,aFBInãoé umaboaopc¸ãoparaasituac¸ão«nãoventiloenãointubo»
---(NV-NI),situac¸ãoessaqueenvolvegrandeameac¸aàvida.1
Aintubac¸ãofibroscópicaésegura,porémdemandatempoe habilidadeenãoé adequadanasituac¸ãoNV-NI,queexige imediatarestaurac¸ãodaventilac¸ão.
Eununcautilizeibloqueios(com agulhas)paraFBI,e a razãoé aseguinte:se opaciente consegue abrir suficien-temente aboca paraumacesso intraoral parao bloqueio donervoglossofaríngeo,atravésdainjec¸ãonaporc¸ão cau-daldopilaramigdalianoposterior,é porqueestepaciente provavelmentetemumaintubac¸ãofácilenãonecessitade FBI.Maisimportanteainda,devidoàproximidadeda arté-riacarótida,existeapossibilidadedeinjec¸ãointra-arterial, oupiorainda,formac¸ãodehematomana regiãoposterior dalíngua,oquetransformaria umcasodifícilemumcaso impossível.
DOIdoartigooriginal:
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2012.05.001
Em relac¸ão aobloqueio donervolaríngeosuperior, ele sóéfactívelnospacientesquenãonecessitamdele,quero dizer,nospacientesmagrose compontosanatômicosbem definidos.Nosobesos,oupacientesemusodecolarcervical, oucom trauma cervical, ou portadores de pescoc¸o curto e grosso («taurino»), justamenteos quese beneficiam da
intubac¸ãofibroscópicaacordada,estebloqueiodeixadeser umaboaopc¸ão.
Eu fac¸o bloqueios «sem agulhas» nos meus pacientes.
Para topicalizac¸ão, solicito ao paciente expor a língua e depoisasegurocomumagaze.Aplico,emcadalado,dois
puffs delidocaína 10% no arco palatoglosso, na tentativa
debloquear o nervoglossofaríngeo, afim deminimizar o reflexodevômito;seguidodeumpuffadicionalnovéu pala-tino.Após aproximadamente 3 minutos,coloco uma gaze embebidaemlidocaína10%nafossapiriforme,atrásdabase dalíngua,bilateralmente.Oobjetivoébloquearosnervos devidoàproximidadedosmesmosdamucosasaturadacom soluc¸ãoconcentradadeanestésicolocal.2
Em relac¸ão à aplicac¸ão de bloqueador demordida, eu recomendo o uso de uma das cânulas orofaríngeas de intubac¸ão.Apesardehaverváriasnomercado,eudisponho apenasdaVBM® edaVAMA® (ValentinMadrid).Aprincipal diferenc¸aentreelaséqueaVAMA®empurraopalatomole paratrás, enquantoaVBM empurraalínguaparafrente.3
Comousodestascânulas,afibroscopiaéMUITOmaisfácil
(o grifo é meu): o fibroscópio não desvia da linhamédia e é direcionado para a epiglote, para a complementac¸ão daanestesia pelo canal de trabalhodo fibroscópio.4 Com
o uso destas cânulas não há necessidade de desconectar o intermediário de 22mm da cânula traqueal. Inicio cui-dadosatitulac¸ãodesedativoseadministrac¸ãodeoxigênio suplementarlogonoiníciodoprocedimento,paratornara experiênciamenosdesagradávelparaopaciente.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresse.
Referências
1.Anesthesiology, V98, n◦ 5, May2003. PracticeGuidelines for
ManagementoftheDifficultAirway.
422 CARTASAOEDITOR
2.SimmonsST,ScheichAR.RegionalAnesthesiaandPainMedicine. 2002;27(2March---April):180---92.
3.Katherine S LGil. Anesthesiology News 2012; 08. Fiber-Optic Intubation:TipsFromtheASAWorkshop.
4.Casta˜neda Pascual M, Batllori Gastón M, Unzué Rico P, et al. Comparación de las cánulas VAMA y Berman para la intubación fibroscópica orotraqueal en pacien-tes anestesiados. Rev Esp Anestesiol Reanim. 013;60: 134-41.
MarceloSperandioRamos
HospitalUniversitário,UniversidadedeSãoPaulo,
SãoPaulo,SP,Brasil
E-mails:marcelo.ramos@hu.usp.br,
marcelosramos@terra.com.br
DisponívelnaInternetem20desetembrode2014
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2013.11.004
Comparac
¸ão
entre
bloqueios
peridural
e
paravertebral
torácicos
contínuos
para
analgesia
pós-operatória
em
pacientes
submetidos
a
toracotomias:
meta-análise
de
ensaios
clínicos
夽Comparison
between
continuous
thoracic
epidural
and
paravertebral
blocks
for
postoperative
analgesia
in
patients
undergoing
thoracotomy:
meta-analysis
of
clinical
trials
CaroEditor,
O artigo titulado ‘‘Comparac¸ão entre bloqueios peridu-ral e paravertebral torácicos contínuos para analgesia pós-operatória em pacientes submetidos a toracotomias: revisão sistemática’’, publicado recentemente na Revista BrasileiradeAnestesiologia,demonstraapreocupac¸ãodos autoresemmostraraefetividadedaterapiaanestésicapara otratamentodadorpós-operatóriaemcirurgiastorácicas.1
Aleitura doartigo científicodespertagrande interesse nosleitores,porém algunspontos merecemser considera-dos.Sãoeles:oaplicativodecomputadorutilizadoparaos cálculos,aanálisedasensibilidadepelo métodode meta--análisessucessivas,autilizac¸ãodemodelosdeefeitonas análiseseabuscapelaidentificac¸ãodasheterogeneidades estatísticas.
O aplicativo de computador utilizado na pesquisa foi descritono métodoe nasreferências, porém esta última encontra-seincorreta, sendoimpossível identificarolocal ondeomesmoencontra-sedisponíveleteracessoao apli-cativoparaaexecuc¸ãodefuturaspesquisassemelhantesa esta.
Ométododemeta-análisessucessivasfoiutilizadopelos autores em algum momento da execuc¸ão desta revisão sistemática para realizac¸ão da análise de sensibilidade, porém,oresultadodoprocessonãofoirelatadonos resul-tadosnem descrito na discussão, não ficandoclara a sua real contribuic¸ão nesta revisão sistemática. Este método permite identificar a provável fonte da heterogeneidade
夽
Localdapesquisa:UniversidadeFederaldeAlagoas,Maceió,AL, Brasil.
estatística e a exclusão ou não do artigo incluído, na tentativadeconsolidac¸ãodosresultadosencontrados.2
O modelo de efeito aleatório e o fixo foram descri-tos pelos autores como sendo utilizados nos cálculos da meta-análise;noentanto,foirelatadaaescolhadomodelo aleatórioparaaexecuc¸ãodoscálculosdemeta-análisetoda vezqueoI2fossemaiorque30%.Asanálisesdasvariáveis
‘‘avaliac¸ãodadoremrepousoapós24horas’’e‘‘incidência de hipotensão’’ obtiveram umI2 menor que o valor
pro-posto pelos autores, não se enquadrando nesta descric¸ão dométododapesquisa,sendoseusresultadostambém rela-tadospormeiodomodelo deefeito aleatório, emvez do modelodeefeitofixo.Orelatonoartigonãopermite iden-tificarseestadescric¸ãodosresultadossedeveuàdecisão consensualdosautoresouaumafalhanaexecuc¸ãoda pes-quisa.
Osautoresconsideraramapresenc¸adeheterogeneidade comosendoumviésdapesquisaquandorelataram‘‘.esses resultados podem ter sido viesados pela heterogeneidade dos estudos incluídos’’; porém, a presenc¸a de heteroge-neidade não indica viés em uma revisão sistemática. Os testes de heterogeneidadeservem para determinar se as diferenc¸asentreosestudosincluídossãoverdadeiras (hete-rogeneidade) ouseocorreramao acasoduranteo processo deanálise(homogeneidade).3Seasdiferenc¸asocorreramao
acaso,pode-sedarmaiscredibilidadeaosresultados encon-tradosnasrevisõessistemáticas,eemcasodeidentificac¸ão de heterogeneidade,ascausas destadevem seravaliadas cuidadosamentepelosautoresembuscadaconsolidac¸ãode seusresultados,e nãoseremapenas consideradasviésda pesquisa.
Percebe-sequeaheterogeneidadeestatística,presente namaioriadasanálises,foipoucoexploradapelosautores,e queépossíveldiscordardepartedaconclusãodosmesmos, quediz‘‘Ficaclaro,apartirdestarevisãosistemática,que aanalgesiaperiduralestáassociada amaiorincidênciade hipotensão arterial e de retenc¸ão urinária,quando usada paracontroledadorpós-toracotomialateralempacientes adultos,comníveldeevidência1A’’,poisonível1Arequer queasheterogeneidadessejammínimasouausentesouque elassejamdevidamenteexploradasduranteoprocessode execuc¸ãodeumarevisãosistemática.