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A EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO COGNITIVO COMPORTAMENTAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

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COMPORTAMENTAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

Giovana Ramos Smarzaro – gsmarzaro@hotmail.com Graduanda em Psicologia

Larissa da Cunha Rovetta – larissa.rovetta@gmail.com Graduanda em Psicologia

Sônia Soares Saraiva – soniasoasaraiva@hotmail.com Graduanda em Psicologia

Daniele de Souza Garioli – danielegarioli@gmail.com

Psicóloga e professora Mestre do Colegiado do Curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo-ES

Curso de Graduação em Psicologia Cachoeiro de Itapemirim – ES – 2014

Resumo

O trabalho irá apresentar o que é o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), demonstrando algumas singularidades desse quadro quando transcorre na fase infantil de um indivíduo. Têm o objetivo de demonstrar a eficiência da terapia com base na abordagem cognitivo-comportamental, pontuando algumas de suas técnicas que podem vir anular todos os sintomas característicos desse quadro. Irá abordar ainda a importância do papel ativo da família para o tratamento. Este artigo foi realizado com base em revisão bibliográfica e conclui-se que a TCC seja o método de tratamento terapêutico mais indicado para o TOC, com modificação de pensamentos e comportamentos mais rápidos e duradouros após o término do tratamento, evitando recaídas.

Palavras-chave: Transtorno Obsessivo Compulsivo; Terapia Cognitivo-

comportamental; Criança.

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Introdução

O presente artigo científico trata do transtorno obsessivo compulsivo, especialmente em crianças, e o método de tratamento baseado na terapia cognitivo-comportamental demonstrando sua eficiência para lidar com este transtorno.

Dalgallarondo (2008, p. 231) caracteriza o transtorno obsessivo- compulsivo como idéias, fantasias e imagens obsessivas e por atos, rituais ou comportamentos compulsivos.

Preocupar-se de forma excessiva com sujeira, ter dúvidas intermináveis, sentir necessidade de verificar repetidamente portas e janelas ou gás, ser atormentado por pensamentos indesejáveis, acumular grande quantidade de objeto sem utilidade, apresentar preocupação exagerada com ordem, alinhamento ou simetria são alguns dos sintomas do TOC. Conhecidas popularmente como

“manias” [...]. Estão associadas a ansiedade, medo e culpa, ocupam muito tempo da pessoa acometida e interferem nas rotinas das pessoas, na vida social e na família. (CORDIOLI, 2014, p. 13).

De acordo com Miranda e Bordin (2001), o TOC pode iniciar-se em qualquer época da vida, mas os de início precoce estariam associados à maior gravidade dos sintomas obsessivos e uma pior evolução. Na fase inicial de instalação do TOC, nem sempre os sintomas têm caráter claramente obsessivo, podendo haver co-morbidades.

É preciso uma atenção diferenciada para as pessoas portadoras de TOC enquanto crianças, pois “se o TOC pode ter um impacto profundo na vida de pessoas adultas e de sua família, esse impacto pode ser ainda maior numa criança em pleno desenvolvimento.”. (ROSÁRIO-CAMPOS, 2001).

“As psicoterapias de base cognitiva e/ou comportamental têm tido resultados positivos no tratamento de crianças [...] com TOC. [...] devendo ser considerada como tratamento de escolha na infância.”. (ROSÁRIO-CAMPOS, 2001).

A seguir, para um maior esclarecimento do tema, abordaremos a

caracterização do transtonro e sua incedencia na infância. Serão pontuadas

ainda, algumas técnicas cognitivo-comportamentais que evidenciam a eficácia

desse tratamento no TOC tentando a remissão completa dos sintomas

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obsessivos compulsivos, e em que precisa ser pautada a relação terapeuta- paciente em tratamento. Além disso, ressaltaremos o papel fundamental da família, abordando a postura destes diante da criança, para saber lidar com este transtorno.

Nos estudos, percebemos uma carência de informações pertinentes ao TOC na infância e sobre os meios de tratamento mais indicado para lidar com este. Devido os comprometimentos que o TOC pode ter na vida de uma pessoa e pelo grau de incidência deste na população, percebe-se necessidade de maior atenção ao tema, aprofundando-se em pesquisas sobre meios de tratamento mais eficazes e rápidos para a remissão completa dos seus sintomas.

Para aprofundar no conteúdo do trabalho, foi especificada separadamente a caracterização do transtorno, depois, como é sua incidência em crianças, para em seguida, pontuar aspectos relevantes da terapia cognitivo-comportamental para o TOC e seus resultados e conclusão.

TOC

De acordo com Rosário-Campos e Mercadante (2000), o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões. Não existe limite para a variedade possível das obsessões e das compulsões que um indivíduo possa vir ter.

Síndromes obsessivas caracterizam-se por idéias, pensamentos, fantasias ou imagens persistentes, que surgem de forma recorrente na consciência de uma pessoa; são vivenciados com angustia e como algo que “invade” a consciência e Síndromes compulsivas, predominam os comportamentos e rituais repetitivos, como lavar as mãos inúmeras vezes, tomar muitos banhos, verificar se as portas estão trancadas por dezenas de vezes, etc., assim como por atos mentais como repetir palavras mentalmente em silêncio, fazer determinadas contas, rezar, etc., em geral em resposta a uma idéia obsessiva (DALGALLARONDO, 2008, p. 322).

A American Psychological Association (1994), citado por Abreu e Roso

(2012), relata que as compulsões são comportamentos repetitivos que o

indivíduo faz como intuito de prevenir ou reduzir a ansiedade e sofrimento. Este

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comportamento geralmente está ligado em resposta a uma idéia obsessiva negativa.

Segundo Cordioli (2014, p. 35), no diagnóstico do TOC no DSM-V, é destacada a presença de obsessões, compulsões ou ambas. Essas obsessões ou compulsões consomem tempo e causam desconforto para o indivíduo, interfere nas suas relações sociais e ocupacionais. Os sintomas obsessivo- compulsivos não podem ser atribuídos ao efeito fisiológico direto de uma substância ilícita ou medicamentosa. E a perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de algum outro transtorno mental, como arrancar cabelos, típicos da tricotilomania. Segundo esse mesmo autor, é necessário especificar sobre o insight do indivíduo frente aos seus sintomas, ou seja, se o indivíduo percebe que suas crenças relacionadas ao TOC são verdadeiras ou não e se o TOC é relacionado a tiques.

Segundo Rosário-Campos e Mercadante (2000), o diagnóstico é clínico, não existindo nenhum exame laboratorial ou radiológico patognomônico da doença. Cordioli (2008, p. 22) relata que para esse transtorno ser diagnosticado como tal, os sintomas devem consumir uma parte significativa do tempo do indivíduo, além de causar sofrimento acentuado e/ou interferir significativamente na rotina ocupacional (ou acadêmico) e nos seus relacionamentos sociais e familiares. Em certos indivíduos esses sintomas são leves, quase não interferindo nas suas atividades diárias, como podem ocorrer em graus extremamente graves e até mesmo incapacitante. Não há padrão único do início dos sintomas obsessivo-compulsivos, como afirma Rosário- Campos (2001), ele pode ser agudo ou insidioso e os SOC tendem a modificar- se bastante durante o curso da doença.

Quanto à incidência, Del-Porto (2001), citado por Argimon, Bicca e Rinaldi (2007), diz que o TOC é o quarto transtorno psiquiátrico mais frequente.

Cordioli (2008, p. 11) afirma que no Brasil existam, provavelmente, entre 3 e 4

milhões de portadores e que muitas dessas pessoas, apesar de ter suas vidas

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comprometidas, nunca foram diagnosticadas e nem tratadas, e talvez a maioria desconheça o fato desses sintomas constituírem uma doença.

Poucos estudos de seguimento longitudinal com pacientes obsessivos foram desenvolvidos com a finalidade de identificar o prognóstico desse distúrbio e quais fatores podem interferir no seu curso. Não há estudos suficientes que comprovam suas causas, mas fatores que tenham um forte apelo emocional para o indivíduo normalmente estão relacionados ao desencadeamento dos sintomas. (Miranda e Bordin 2001).

Há diversos relatos que constam que a genética é que pode ser a responsável pelo desencadeamento do transtorno como também há estudos destacando que fatores de ordem psicológica e social contribuem para seu surgimento. “Todos os estudos de seguimento identificam que o TOC tende a cronificação, com baixas taxas de remissão completa.”. (MIRANDA; BORDIN, 2001).

“Como a etiologia da maioria das doenças psiquiátricas é desconhecida, o clínico precisa fazer uso de inúmeras variáveis para tentar identificar, diferenciar, tratar e prever a evolução dos transtornos mentais.” (MIRANDA;

BORDIN, 2001). Na avaliação,

A investigação sobre a possibilidade de um paciente apresentar sintomas OC deveria ser feita rotineiramente na avaliação psiquiátrica ou psicológica [...]. Na prática clínica, a investigação sobre a presença de sintomas OC e o diagnóstico de TOC costuma ser feitos por meio de entrevistas semiestruturadas [...]. (CORDIOLI, 2014, p.138).

Segundo Dalgalarrondo (2008, p. 61), a entrevista realizada com arte e técnica pelo profissional, pode proporcionar informações valiosas para o diagnóstico clínico, pois permitirá um conhecimento da dinâmica efetiva do paciente e, o que é, tecnicamente, mais importante e adequado como intervenção e planejamento terapêutico.

Caminha e cols (2007), citado por Souza e Cândido (2009), relatam que

além da entrevista com o paciente, recurso como entrevista com pessoas-

chave, observação direta do comportamento em ambientes clínicos,

automonitoração e aplicação de instrumentos psicológicos (escalas e

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questionários) ampliam a compreensão do caso, garantindo uma formulação mais completa.

TOC em Crianças

Segundo Rosário-Campos (2001), a primeira descrição da síndrome obsessivo-compulsiva em crianças foi realizada por Pierre Janet em 1903. E segundo Zohar (1999), citado por Argimon, Bicca e Rinaldi (2007), as taxas de incidência do TOC na infância são semelhantes às taxas dos adultos.

“Achados da literatura sugerem que o TOC pode iniciar-se em qualquer época da vida. Contudo, há uma concordância entre trabalhos, mostrando que, na maioria dos casos, o início ocorre na infância ou na adolescência.”.

(MIRANDA E BORDIN, 2001). Geller et al, citado por Rosário-Campos (2001), afirmaram que 90% das crianças apresentavam outros transtornos co- mórbidos, tendo o TOC com isso, características distintas de quando este ocorre na fase adulta. “A presença de transtornos co-mórbidos interfere no curso, na evolução e no prognóstico do TOC.” (MIRANDA E BORDIN, 2001).

Piacetini et al, (2003), citado por Argimon, Bicca e Rinald (2007), relataram que o TOC causa prejuízos psicossociais na vida das crianças com impactos diferentes, dependendo da gravidade do transtorno. “Parâmetros clínicos de gravidade incluem o tempo gasto com os SOC, a interferência nas atividades escolares e de vida diária, o sofrimento subjetivo da criança e mesmo dos pais”. (ROSÁRIO-CAMPOS; MERCADANTE, 2000).

As pessoas adultas portadores de TOC, geralmente têm consciência que seus pensamentos são estranhos e irreais, mas de acordo com Rosário- Campos (2001), cerca de 30% a 50% das crianças têm a crítica em relação aos sintomas, parcial ou totalmente comprometida. Quanto ao início dos sintomas,

“pode-se subdividir os grupos quanto ao gênero: os homens os apresentam

mais precocemente. Para eles, o transtorno se inicia na infância, enquanto para

as meninas na adolescência.” (ARGIMON, BICCA, RINALDI, 2007). Cordioli

(2008, p. 39) também argumenta sobre essa idéia afirmando que o TOC de

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início precoce é mais comum entre os homens e que a idade média do início dos sintomas obsessivo-compulsivos em meninos é menor comparado às meninas.

Sobre a manifestação do transtorno,

Entre os sintomas freqüentes, encontram-se medo de contaminação, de ferir-se ou ferir outras pessoas, obsessões sexuais e de simetria, compulsões de lavagem, verificação, repetição, contagem, ordenação/arranjo e compulsões semelhantes a tiques. (ROSÁRIO-CAMPOS, 2001).

“ Apesar de a maioria das crianças apresentarem múltiplas obsessões e compulsões, é comum as compulsões precederem o início das obsessões [...]”

(ROSÁRIO-CAMPOS, 2001).

Stallard (2008) afirma que é importante considerar os fatores internos e externos que cercam a criança. Nos fatores externos, há a escola, família, contextos sociais e culturais que influenciam potencialmente o comportamento da criança. O fator externo mais importante para as crianças mais jovens é a influência da família e por isto, haja necessidade de enquadrar os pais no tratamento junto da criança.

Terapia Cognitivo-Comportamental

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é assim nomeada por

constituir “uma integração de conceitos e técnicas cognitivas e

comportamentais”. (Bahls, Navolar, 2004) A partir dessa terapia, segundo

Cordioli et. al. (2008, p.294), o paciente pode localizar as distorções cognitivas,

com o intuito de repará-las e assim obter melhora clínica. Segundo esse

mesmo autor, o paciente teria auxílio para aprender a pensar e atuar de modo

mais realista no que diz respeito aos seus problemas, o que reduziria os

sintomas disfuncionais. Enquanto a terapia cognitiva parte do princípio de que

pensamentos e crenças de um indivíduo podem influenciar suas emoções,

humor e comportamento, a terapia comportamental faz uma análise funcional

do comportamento do indivíduo que, Moreira e Medeiros (2007, p.146)

caracteriza como a busca dos determinantes da ocorrência do comportamento.

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Assim que esses determinantes são identificados é possível predizê-los (prever sua ocorrência) e controlá-lo (aumentar ou diminuir deliberadamente sua probabilidade de ocorrência).

Bahls, Navolar (2004) afirmam que a TCC é focada no presente, baseando-se assim, nos problemas trazidos pelo paciente no momento em que este procura a terapia. Dessa forma, o início do tratamento terá como enfoque o sofrimento do sujeito e sua forma errônea de avaliar a si mesmo e ao mundo.

É importante lembrar também, que, essa forma de tratamento ocorre de forma cooperativa, entre o paciente e o terapeuta, onde ambos encontrarão em conjunto, estratégias para lidar com os problemas que o paciente apresentar em terapia. (Lima & Wielenska, 1993, apud, Bahls, Navolar, 2004). No desenrolar do processo terapêutico, segundo Cordioli et. al. (2008, p. 295), diversas técnicas serão ensinadas ao paciente para que este possa aprender a identificar seus pensamentos, situações e emoções que possam ser prejudiciais ao mesmo.

Para que objetivo da TCC seja alcançado e o indivíduo desenvolva formas de enfrentar suas distorções cognitivas, são utilizadas técnicas cognitivas, para identificação de pensamentos automáticos, teste desses pensamentos e posterior substituição das distorções cognitivas. Já as técnicas comportamentais terão o enfoque na mudança de comportamentos inadequados que estarão relacionados com algum transtorno específico.

(Bahls, Navolar, 2004)

Objetivo

Esse trabalho tem como objetivo esclarecer sobre o diagnóstico do TOC, suas peculiaridades na fase infantil, destacando o método científico de trabalho baseado na terapia cognitivo-comportamental nesse transtorno demonstrando a eficácia desse modelo terapêutico.

Metodologia

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Essa pesquisa foi realizada, através de uma revisão bibliográfica sobre o tema, com a base teórica da psicologia cognitivo-comportamental, aplicada em crianças com TOC. Como procedimento na coleta de dados, houve pesquisas de livros e de artigos do site Scielo e Pepsic no período de Junho a Novembro de 2014. Foram utilizadas as palavras chaves: transtorno obsessivo compulsivo, terapia cognitivo-comportamental e TOC em crianças.

Resultados e Discussão

Quando a criança é encaminhada a um profissional psicólogo para tratamento do TOC, é preciso uma atenção diferenciada à do adulto, “uma vez que a criança terá seu crescimento influenciado pelo convívio com esse quadro”. (ROSÁRIO-CAMPOS; MERCADANTE, 2000). “O uso de tratamento associado (terapia e fármacos) é indicado para o tratamento [...].”. (ARGIMON;

BICCA; RINALDI, 2007). Em atendimento clínico, “a introdução de terapia cognitivo-comportamental tem demonstrado melhora dos SOC e diminuição do risco de recaída após a retirada da medicação”. (ROSÁRIO-CAMPOS;

MERCADANTE, 200 0).

De acordo com Cordioli (2008), a TCC para o TOC segue as seguintes etapas: Avaliação do paciente (diagnóstico e indicação do tratamento), depois ocorre a motivação para mudança, psicoeducação, hierarquização dos sintomas pelo grau de aflição associada, introdução dos exercícios de EPR, discussão do modelo cognitivo e introdução de técnicas cognitivas para correção de pensamentos e crenças disfuncionais. No decorrer das sessões, há o monitoramento e reforço das técnicas cognitivas e comportamentais.

Após, prevenção de recaídas, alta e terapia de manutenção.

Quanto às técnicas utilizadas pela TCC para o TOC estão,

[...] a exposição, a prevenção de resposta ou dos rituais, a

modelação, técnicas de auto-monitoramento, uso de registro, diários,

escalas e técnicas cognitivas de correção de pensamento e crenças

disfuncionais (questionamento socrático, teorias alternativas,

experimentos comportamentais, seta descendente, vantagens e

desvantagens, lembretes, entre outros). (CORDIOLI, 2007).

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“O cerne do tratamento comportamental é a exposição prolongada e a prevenção de respostas” (Rangé, 2001, p. 240). Segundo Cordioli (2007, p.63), a efetividade da terapia de exposição e prevenção de respostas ou de rituais (EPR) em reduzir os sintomas OC foi comprovada tanto em pesquisas como na prática clínica, e é considerada um dos tratamentos de primeira linha para o TOC. A EPR incluirá a técnica de exposição mais o bloqueio da resposta compulsiva e o procedimento consistirá em expor o organismo por períodos de tempo a uma hierarquia de estímulos ansiógenos e, ao mesmo tempo, prevenir a emissão da resposta compulsiva e ritualística.

(Rangé,2001,p.127).

A abordagem cognitiva para o TOC:

Refere-se a certas técnicas que auxiliam na correção de crenças e pensamentos distorcidos ou errados, comuns em seus portadores [...]. Essas técnicas são de introdução mais recente na abordagem do TOC e complemento a Terapia de EPR. O acréscimo do enfoque cognitivo enriquece a compreensão dos fenômenos OC e reduz o grau de aflição desencadeado pelos exercícios EPR da terapia comportamental, o que parece favorecer a adesão dos pacientes.(Cordioli, 2008, p. 59)

Segundo Cordioli (2007, p.275), o questionamento socrático é o principal recurso da terapia cognitiva para a modificação de pensamentos e crenças disfuncionais. Essa técnica consiste no levantamento das evidências que sustentam a lógica do pensamento do paciente para que seja possível o desenvolvimento de interpretações alternativas. Segundo esse mesmo autor (2007, p.277) é essencial analisar as vantagens e desvantagens de se manter determinadas crenças disfuncionais. A terapia cognitiva, com essa técnica, tem o objetivo de enfraquecer as vantagens de manter uma crença disfuncional.

Cordioli (2004), citado por Gomes, Comis e Almeida (2010), afirmou que

a TCC tem como objetivo, então, fazer o indivíduo perceber as aprendizagens

errôneas e as crenças distorcidas que adquiriu ao longo da vida. O Rangé

(2003), citados por estes mesmos autores, diz que a TCC faz uma exposição

repetida do indivíduo ao estímulo aversivo, não deixando que o indivíduo que

sofre de TOC execute a compulsão. Assim, daria a habituação, processo

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comportamental que para Moreira e Medeiros (2007, p. 24) ocorre quando ficamos expostos a um determinado estímulo por um determinado tempo e este estímulo começa perder força, significando que nos habituamos a ele.

Na terapia com crianças, Gomes, Comis e Alemida (2010) enfatizam que as técnicas utilizadas pelos terapeutas cognitivo-comportamentais podem parecer confusas, devido sua dificuldade de entender o sentido e objetivo das técnicas usadas, por isso é importante que o terapeuta proporcione informações com cuidado e adequadas para elas e também para a família, com intuito desta compreender a lógica do tratamento. Para que todos compreendam as interferências e o curso do TOC com e sem o tratamento, é preciso “esclarecimentos a respeito da origem do quadro, estabelecimento de um vínculo com a criança e suporte e orientação familiar.” (ROSÁRIO- CAMPOS; MERCADANTE, 2000).

Segundo Moritz (1998), citado por Rangé (2001, p.242) o tratamento com crianças geralmente é mais difícil por exigir que elas entendam que deverão experimentar um nível elevado de ansiedade antes que os sintomas comecem a melhorar. Por isso, para que a criança sinta-se mais segura e confiante no tratamento é importante que a relação terapeuta-paciente esteja pautada na sinceridade, empatia, cordialidade e responsabilidade. (Carlat, 2007 apud Argimon, Bicca e Rinald, 2007)

É necessário, também, tratar das influências externas da criança, que acabam por influenciar o comportamento desta. “A influência mais importante é a dos pais/responsáveis. Cada vez mais, os terapeutas reconhecem a necessidade de envolver os pais na TCC focada na criança.” (Stallard, 2008, p.

17).

Segundo Cordioli et al. (2008), os familiares podem ser importantes

aliados na TCC ou, eventualmente, dificultá-la, se não compreenderem o que é

o TOC e a base racional do tratamento. Por isso, é imprescindível, no início do

tratamento, que o terapeuta eduque o paciente e os familiares e, em alguns

casos, os professores sobre procedimento do tratamento, aumentando, assim,

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as chances de atingir os resultados esperados. (MORITZ, 1998. apud RANGÉ, 2001).

Stallard (2008, p 17), diz que o papel mais limitado da família no tratamento do TOC, na TCC, é o de facilitador onde ficam sabendo do modelo cognitivo e as habilidades que seu filho irá aprender, Depois, o papel da família fica sob a condição de co-terapeuta, em que eles participam do mesmo programa de tratamento que a criança, facilitando com isso, a transferência e o uso de habilidades para resolver conflitos no ambiente cotidiano da criança.

É importante que os familiares:

Sejam orientados em relação às atitudes mais adequadas, como, por exemplo, não reforçar rituais, não oferecer reasseguramentos, mesmo em momentos de grande ansiedade e evitar críticas e hostilidades caso ocorram lapsos ou recaídas. Contatos periódicos com os familiares para novas orientações e discussão dos problemas podem ser de grande ajuda. (CORDIOLI et al., 2008).

“É enfatizado [...] a necessidade de os pais elogiarem e prestarem atenção ao uso que a criança faz das novas habilidades, ao mesmo tempo em que devem ignorar cognições, sentimentos ou comportamentos indesejados”.

(Stallard, 2008, p. 18).

Conclusão

Segundo Cordioli et. al. (2008, p.467) o TOC, se não tratado, frequentemente pode manter-se por toda a vida. Porém, segundo esse mesmo autor, (2008, p.468) as terapias cognitivo-comportamentais reduzem os sintomas em 70% ou mais dos portadores que aderem ao tratamento. Além disso, “procedimentos comportamentais puros ou integrados com intervenções farmacológicas com adultos e crianças tem demonstrado eficácia na remoção ou na melhora da sintomatologia desse transtorno”. (Rangé, 2001, p. 243).

Ainda que o resultado da terapia seja positivo, existem questões que

precisam de maior estudo, pois, segundo Cordioli (2008) há uma quantidade

considerável de pacientes refratários, que não se comprometem com os

exercícios propostos ou abandonam a terapia e não existem informações sobre

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a razão para tal. Segundo esse mesmo autor, é frequente a presença de co- morbidades nos portadores do TOC e provavelmente isso pode interferir nos resultados da terapia, contudo, não se sabe em quais e nem em que nível.

Rangé (2001, p. 243) salienta que “há necessidade do desenvolvimento de novos modelos que integrem os dados obtidos em perspectivas biológicas com novas formulações oriundas do campo da psicologia experimental”.

É de extrema necessidade também, segundo Cordioli et. al. (2008, p.

482), o treinamento de um maior número de profissionais para o tratamento desse transtorno e que ele esteja disponível para o conhecimento da população em geral. Também seria interessante o avanço de técnicas e implementação de políticas que tivessem como foco o tratamento prematuro de crianças e adolescentes, com o objetivo de impedir que o TOC se conserve por toda a vida do indivíduo.

Apesar dos desafios futuros referentes ao estudo do TOC, é possível concluir que a terapia baseada no modelo cognitivo-comportamental permite “a proposição de uma variedade de técnicas e estratégias que possibilitam sua redução na maioria dos pacientes e até sua eliminação completa”. (Cordioli, 2008, p. 482).

Referências

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