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Arte e funcionalidade na era Stalinista

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Texto

(1)

EH'

HmH

áWí

Â^bW-.íÚuíúíi

STALINISTA

1

ARTE E FUNCIONALIDADE

ÏKP1¿V'

AVL

í

ïW-'

f *.1 L r

J

Jo

ão

Vicente Ganzarolli de Oliveira

1 Agradeço ao

professor Alberto PintoFilhopelas valiosassugestões.

i

ABSTRACT

1Professorde

HistóriaeTeoriadâ ArtedaEscolade BelasArtesda UFRJ.

¡»tend to blend in art

,

this

article analyzes

the phasis to

the period

through Assuming that beauty

relationship

between at which Josepn Stalin m

I

y giving specR I K^I I *itr-w SR

.

m

m

i. Ti

Ondeestáaverdadeemtudo issoi KevinBales

Entende -

se

por

arte uma

atividade

inerente ao mú

ltiplos elos

e conflitos entre a arte e a fundo

- homem

etambém ao seu

produto .

Perguntar

sobre nalidade .

Viso

,

isto

sim ,

comentar sucintamenteesse a função reporta

-

nos às

pr

ó

prias

origens

do

fe

-

tema

tomando como

ponto

de partida

o

perfodo de

nômeno artístico

, pois

se

h

á uma pergunta

que

a

- quase

30 anos

,

em

que

a então União Sovié

tica companha toda

tentativa

de explicar

a arte

, ei - la

: esteve

sob

a

lideran

ça

de Joseph

Stá

lin

(1942 a

existe

função

para

a arte

? Claro

está

que ,

se a 1953)

.

resposta for afirmativa

, cabe esclarecer qual venha

a ser a

fun

ção

por

que

se

pergunta

.

Se negativa

,

o

esclarecimento deve expor

os motivos

que le -

variam a arte anãoter função

.

De antemão

pode -

se

dizer que

há

justificativas plaus

íveis para as

duas

respostas

preliminares .

E

exemplos . Indo

aos ex-

tremos

das rela

ções

poss

íveis entre arte e fun

-

portante

, 1

er

Shakespeare

ou ter um

par de botas

?

"

donaIidade

teríamos

, de

um

lado ,

o

lema

romântico Stravi

nski ,

(1946

, p .

125)

.

No

per

í

odo que

se segue

da "

arte

pela

arte

" , do

outro

lado ,

a arte como ins

-

à

Revolu

ção

de

1917

,

a função

da

arte é

divulgar

trumento

da propaganda pol

ítica

.

Opresenteartigo e

conduzir

à aceitação os

ideais revolucion

ários,

não se propõe a uma

abordagem profunda dos

Partindo da

premissa de

quea

literatura deve

aten

-

A

produ

ção artística a ser

comentada

insere

-

se

na

rubrica da propaganda .

É

um

contextoem

que

aartese

acha

a

servi

ço

do partido

comunista

. Ali

ás

,

otema

se acha antecipado de

forma

embrion

ária na Rússia czarista

.

Perguntava

-

se nos cí

rculos

in-

telectuais da d

é

cada de

1960:

"

O

que

é mais im

-

09

R e v i s t a I N T E R F A C E S - Núm e r o 9 / 2 0 0 5 - C e n t r o d e L e t r a s e A r t e s d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e Janeiro

(2)

dois milh

ões

de pessoas .

Diz

-

se

, da

í

,

que foi a ex-

posiçãoartística mais

amplamente

visitada

de todos

ostempos

. Quanto

ao juízo estético

dos

visitantes

acerca

da

arte

vanguardista europ

éia

da primeira metade do

culo ,

é

algo

que

permanecemos

sem

saber

(

Clark ,

1997

, p .

62

-

3)

.

No oriente

, h

á um

paralelo

na

ideologia ultranacionalista do

Japão

imperial da d

é

cada de

20

, de

formamais

espec

ífica

,

na organização

kokuhonsha ,

fundadapara propa-

gar

a

supremacia racial

japonesa no extremo

da

Á

sia

e nas

ilhas do

Pací

fico oriental .

Éo que

Yukio Mishima ,

o cé

lebre

escritor neofascista

,

tentou res

-

gatarem época mais recente

,

numa

demonstra

ção

singular de

submissão

da

arte a

ideais de

í

ndole pol

ítica(

idem , p .

57

-

8)

.

A

id

éia em si não é nova

. Podemos retroceder

pelo

menos até a Gré

cia

antiga

, onde

encon

-

traremos em

Plat

ão o

paradigma

teórico que

outorga ao

Estado

o

direito

e o

dever de controlar

o

que cabe

à arte

produzir .

Opoeta cuja

obra

não

contribua para

a

educa

ção

da juventude

nãoteria

lugar

na

Rep

ú

blica idealizada pelo fil

ósofo

ateni -

ense

(

cf . Plat

ã

o ,

1959

, p .

607)

.

Sabemos

que

a

base

filos

ó

fica para essa

teoria vem

de

crates

,

em sua

luta

contra a corrente sofística

protagnizada

por Górgias

, que

seara a arte e a

moral , rompendo

as

-

sim com um

bin

ó

mio insepar

á

vel desde

ostempos

de

Homero

.

Nesse

sentido

Sócrates é um restau

-

rador de

Homero

.

Uma restauração

que

se pro

-

longa

na

hist

ó

ria do

pensamento

ocidental .

No

hu -

manismo

do

séc

.

XII

, Abelardo

tem

atitude p

ática

-

mente

id

êntica à

de Plat

ão face aos poetas

.

Na

mesma época

,

Averróis

,

omaior nome

da intelec -

tualidade hispano-

muç

ulmana , diria que " toda

imi

-

tação

de

coisas irracionaisé

indigna do homem " .

E

tamb

ém:

der

às

necessidades

específicas

do partido ,

Lênin escreve:

A

literatura deve

necessariamente

-

e

esta é a sua

obriga

ção

-

tornar

-

se um

elemento

a serviço

do partido social -

democr

ático

, indissoluvelmente ligado

aos seusoutros

elementos

(

apud Plazaola ,

1971

,

p

.

207)

.

Está

impl

ícita nas

id

éias

de

Lênin a

condena

ção

da liberdade de express

ão

,

seja

ela

através da im

-

prensa

,da

literatura

ou

de qualquer

outro ramo

da atividade

artística

. Ainda

mais

radical

é a postura

de Trotsky ,

para

quem

a arte

deveria

estar

sob "

a

vigilante

censura

revolucion

ária

" .

Na

sociedade

por ele idealizada , desapareceriam

as

separa

ções

ente a arte e a

ind

ústria

,

assim como entre a arte e

a natureza

.

No

mundo de

Trotsty

.

O

homem

se tornará¡mensamentemais forte

,

mais

inteligente

e mais

sutil

;

seu corpo

setornará

mais harmonioso ,

seus

movimentos

mais

ritmados , sua voz mais musical .

As formas

de vida

torna

-

se

-

ão

mais

dinamicamente dram

áticas

.

O

tipo

humano

mé

dio chegar

á às

alturas de

um Aristó

teles ,

um

Goethe

ou um Marx

.

E

,

al

ém

disso ,

novos

picos h

ão

de levantar

-

se(

apud

Chipp

,

1988

,

p

.

473)

.

A proposta

de Trotsky ,

como se

evidencia ,

é

ab -

surda

.

Situação

similar

a esta

da

URSS

,

encontramos

na Itá

lia de Mussolini

e na

Alemanha de Hitler .

Entendendo

a arte

expressionista

como ameaça aos

valores

estéticos

ditados pelo partido

nazista -

que

se

voltavam

para a suposta pureza

racial

e consequente

superioridade dos

germânicos

-

ogo

-

verno de Hitler

organiza e inaugura em

Munique

no ano

de

1937 a

exposi

ção que tevepor tí

tulo

Ar

-

te

degenerada .

Forma mais

de

700

obras que

percorreramtreze

cidades da Alemanha

e

da Á

u

-

stria ,

sempre em

condi

ção

depreciativa ,

objeti

-

vando denunciar , dentre

outras coisas

,

o

"

enegre- cimento

"

(verníggerung)

, da

arte

ocidental ,

cau

-

sado pelas

influências

estil

ísticas oriundas da África

.

Apenas em

Munique , onde

se manteve

durante

quatromeses

,

a exposição foi visitada

por

mais de

Busquemos , pois ,

um gênero

de

mo

-

dula

ções

distinto do que usam as

mulheres

e os

homens

vãos eviciosos;

um gênero

de

música

tal que

excite a

fortalezas

de

ânimo e ao mesmo tempo a

robustez .

Esse gênero

de

ritmos era

conhecido

no tempo

de Plat

ão

,

masnão

no nosso(

apud

Mené

ndez Pel

ayo

,

1962

,

p .

390

-

1)

.

Muitos outros

exemplos

de autores e é

pocas

diversas

poderiam

ser

inclu

í

dos aqui .

Masissonão

90

R e v i s t a I N T E R F A C E S Núm e r o 9 / 2 0 0 5 - C e n t r o d e L e t r a s e A r t e s d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e j a n e i r o

(3)

1Êf naprática,o

mesmo tipo decrítica feita à tecnocracia

norte-americanados anos60,conformese naslinhas de

FrançoisChoay:"Nos

EUA,osimóveiseram

objetosdeprêmiode good design industrial,

da mesma forma

comoocorriacom um

ferrode passar roupa, umbarbeadorou um

automóvel"* Choay, {1979,p.37).

é necessário

.

O importante a reter é a

semelhan

ça

contextual

que

eles

evocam em

rela

ção ao

per

í

odo estalinista

,

embora

inegá

vel

, restringe-se

basi

-

camente à

pura id

éia

de que

a arte

deve

estar

vinculada

a uma finalidade externa.

Plat

ão,

Abelardo

e Averróis

pensavam

na arte como um meio para o

aperfei

çoamento

moral do homem .

Não viam no fazer artístico e no seu

produto

um

mero instrumento de afirma

ção

desta

ou

daquela

facção

pol

ítica

espec

ífica

.

Noutras

palavras

,a arte

nãoestava

diretamente inserida

no circuito

da

pro-

paganda pol

ítica,o

que constitui ali

ásum

fen

ômeno

muito recente no

mundo .

A instauração efetiva e

em

grande escala do bin

ómio arte-

propaganda pol

í

tica data

da

primeira metade do

séc

.

XX e tem

nos regimes

totalit

ários

dessa

é

poca

o seu habitat

natural

. E o regime

estalinista

, por ter

sido

o mais

duradouro de todos

os

totalitarismos do

sé

culo passado sob

o

comando de

um único

l

í

der

,tornar- se espontaneamenteomaisrepresentativo

daquele

mesmo

fenô

meno

.

Evidentemente

, a

propaganda

envolvendo

a

figura do l

í

der

não se restringia necessariamente aos fins

pol

íticos

. Cabe lembrar que

a voz

do

fuhrerú nha o

poder de ordenar

tanto o

holocausto

quanto a

compra de quinquilharias

,

como

destacaram Adorno

e

Horkheimer

3

.

Sabe-

se

que

Picasso

,

embora comunista

e sim-

patizante de

Stá

lin ,

nã

o

costumava

pintar

temas

diretamente ligados

à

pol

ítica

.

Por ocasião

da

morte

de

Stá

lin

,em 1953,Picassoteve

recusado

umretrato

que

pintara

do

l

í

der sovi

ético.

Faltava

-

lhe

sufi- ciente

" realismo fotogr

áfico

"

. Na ocasião, Louis

Aragon, seu amigo e

aliado

, escreveu; nosso ca-

marada

Picasso esqueceu-se

completamente de que ele

estava

dirigindo

-se em

primeiro lugar

e

principalmente

ao

trabalhador

natristeza,

atingido pelo

seu infortúnioterrí

vel

(

apud

Lucie-Smith, 1994

,

p

.

45)

. Al

ém

desse

retrato, outra exceção como

"

arte

engajada "

na

obra de

Picasso- sem

d

ú

vida

a

mais

famosa de todas

é Guernica

.

Cito ipsis

litteris

umpassagem

de

um

artigo jornal

í

stico de

Gustavo Corção

,

escrito

pouco depois do lan

çamento do

seu

livro

ú

ltimo

e

pol

êmico, Osécuio do nada:

documentado

e isento de

preconceitos

, que

utilizei

nomeu

livro

Osécuio do

nada. Guernica, a

cidade sagrada dos

basco, einocentemente

destitu

í

da

de

qualquer

interesse

militar

,teria

sido

visitada

no

dia

26

de abril

de 1937

, dia d

é festa e

de mercado, por

uma

esquadrilha de heinke

/sflfe

junkers

52,

que

teriam

arrasado

a

cidade

,

causando

amorte

de

mais

de mil habitantes

,

incluindo mulheres

e crianças. Esse

feito atribu

í

do

aos

nacionalistas desencadeou

protestos

da esquerda

cató

lica

francesa e inspirou o famoso

quadro de

Picasso

(Corção, 1973 p. 2).

Ocorre que o

quadro de

Picasso,

ilustrativo do bombardeio de

Guernica e

pintado

consoante a

versão

de Hugh Thomas

, antes no Museu

de

Arte

Moderna de

Nova Iorque e

hoje

no

Prado

, conta

uma hist

ória falsa no

parecer de

Gustavo Corção. Um

parecer partilhado

por outros

ensa

ístas

de

cré

dito

,como

Jefferey

Harte

Louis Bolin

.

Segundo

Louis

Bolin

,

que

escreve com

base em docu

-

mentação

devidamente abalizada

,

Guernica

era,

durante

o trágico

epis

ó

dio fratricida espanhol,

um

grande arsenal de

munições

das

tropas revo-

lucion

á

rias .

A

cidade

foi efetivamente

tomada pelos

nacionalistas

em29

de abril de

1937,três

dias

após o

bombardeio de que fala Thomas

e

que pinta Picasso

. A

cidade

estava vazia antes

da chegada dos aliados de

Franco

, que

encontraram

todas

as casas

destru

í

das

a

dinamite

: o

apenas

um efeito

da

tática

de

terra

arrasada

contra o inimigo, mas também um pretexto

para que

se

pudesse

atacaro

mesmo inimigo através

da

imprensa,

endossando

a versão do

bombardeio

aéreo

.

Enfatizava-se assim

o

manique

ísmo

revolucion

ário

que

até

hoje leva

muitas

pessoas

a verem Franco como assassino e Stá

lin

como

her

ói, o

que

constitui uma

distor

ção grave

da realidade

.

A versão

defendida

por

Bolin ,

Hart e Corção a-

p

óia-se num

dado evidente

,

apoiado por

sua vez numa ausência

fundamental

:

Todo

o

mundo conhece

a versão oficial do

bombardeio de

Guernica/

durante

a guerra

civil espanhola

. Foi essa versão,

tirada do livro de Hugh Thomas ,

The

SpanishCivii

War,

tido

como

bem

(

.

.

.

) não

havia qualquer

vestígio

de

bombardeio

aéreo nos jardins,praças e

ruas da cidade

.

Das

grandes

crateras

que

tais

bombardeios

costumam

deixar

,

91

R e v i s t a I N T E R F A C E S - Núm e r o 9 / 2 0 0 5 - C e n t r o d e L e t r a s e A r l e s d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e j a n e i r o

(4)

4Veja-se,porexemplo,

a célebre fotografia de RobertCappa,deum

soldadorepublíacano nomomentoemqueé mortalmenteatingido

porumdisparo.Há

umareprodução na tavo Corção,

que me parece pertinente

:

obradejanson(cí Janson, 1992,p.776-7), Retrata-se aliuma realidadecomum nas

guerras. Êassim, As balasdisparadas não escolhem necessariamente seus

alvos.Comotambém ocorremuitasvezes comaquelesque as disparam.

Machaut í

cf.

Dufourq ,

1942, p

.

29)

.

Mas

voltando

a Guernica,

pode

-se ainda

dis

-

cordar da

versão em

que

creem Hart,

Bolin

, Cor- ção

.

Mesmo assim, isso não

justificaria

o suposto

valor doeu mental do quadro de

Picasso

, pois

existe uma versão contrária à

quela que

a História

endossou ,

eque se

acha amparada por

argumentos no mínimo

respeit

áveisquanto às suas

premissas .

Portanto

, pode

-se

afirmar que

, quanto às versão

exaltada pelo pincel de

Picasso,

h

á

d

ú

vida

quanto a

quem tenha realmente explodido

as casas

da cidade basca

em 1937. E se

h

á

d

ú

vida

, isso constitui motivo suficiente

para que

Picasso,antes

de pintar

Guernica buscasse com

imparcialidade pol

ítica informações mais objetivas

sobre

o

que

efetivamente aconteceuemGuernica4

.

ParaClem-

ningu

ém

p

ô

de

ver o menor vestí

gio .

A

destrui

ção atingira somente as casas,

(

ibidem

).

E cabe

repetir um

argumento exposto

por

Gus-

E

aqui surge

outra

evid

ência da

interrogação cuibonurrfi. Aquem

aproveitaria tal destrui

ção? É

claro

que um exército

vencedor

que entra sem

luta

numa

cidade

não temo menor interesse em

destru

í-

la

;é aos

vencidos que

interessa não

deixar boa

presa aos

vencedores

, (

ibidem

)

.

Tamb

ém

concordo

comGustavo Corção

quando diz que

Picasso, se tencionava

pintar

um

quadro

em protesto contra a

covardia

e a

monstruosidade que

é o

bombardeio de

uma

cidade

pacífica e in-

defesa

,

deveria

nomeá-

lo Helsinqui

enão Guernica

(cf

. ibidem

)

. J

áque

Helsinqui

era

de

fato uma

cidade pac

ífica e

indefesa

em 1940, a

Finl

â

ndia

não co-

bi

çava as terras

de nenhum

outro

pa

ís, e mesmo

assim

foi bombardeada pelos comunistas de

Stá

lin

em 1940,

simplesmente por

ser a

Finl

â

ndia

umobje-

tivo militar

importante

para expans

ão

sovi

é

tica

na região

do

Mar Bá

ltico

e na

pr

ó

pria Escandin

ávia

.

Não

que

as coisas

ocorram de

maneira muito

di

- ferente nos

pa

íses

capitalistas .

O

que dizer das in

- justiças e

atrocidades praticadas pela Inglaterra

em

solo indiano

,

fundamentalmente

em

prol de

in-

teresses econó

micos

e

pol

í

ticos

? E isso numtempo

herdeiro da preocupa

ção

de

Van

Gogh

e Gauguin em

que

Stá

lin ainda

era

estudante de teologia

e com o

estado corruptodo mundo " Qanson

, 1996

, p

.

Hitler

pintor

de paredes .

Não está em questão aqui o

talento de

Picasso como artista

.

Picasso foi um gênio;

possivelmente

omaior artista

do

séc

.

XX

.

Não

conhe

ço

,

na

hist

ória

ocidental

,

posi

ção

compar

á

vel

à sua nas artes

cep

ções estéticas que iriam

direcionar

os rumos

pl

ásticas: um artista que resuma em si mesmo a

da

arte soviética

durante

a sua

lideran

ça

. Admirador

produ

ção artística

de

toda uma época.

Leonardo de

Charles

Chaplin

, Stá

lin supervisionava pes

-

divide

a supremacia

do

Renascimento com Mi-

soalmente

os

filmes

a serem vistos

pela popula

ção,

chelangelo

;Germini o

chega

a resumirem si o

Nenhum

filme

deveria

ser

exibido

sem a sua Barroco; e nem Canova é exatamente a síntese

aprova

ção

direta . Tal atitude inclu

ía-se num

pro

-

má

ximado neoclassicismo .

Picassoofuscaosoutros grama mais

abrangente

, em

que toda

e

qualquer grandes

artistas

do

séc. XX

.

Posição

compar

á

vel

à forma

de discord

ância face ao

l

í

der supremo

era sua

talvez

possa ser

encontrada

o nas artes vista

por ele

com maus

olhos , pois

Stá

lin bem sabia pl

ásticas, mas,

por exemplo

, na música

do

séc.

que "

os cé

rebros podem

ser tão

perigosos

quanto XIV, com a

figura

gigantesca

de Guillaume de

as armas

"

(

Maythew

et

alii

, 2000

,

p.33). A tortura

,

ent

Greenberg

, Guernica

oferece "

o comentário

expl

í

cito sobre

um evento

hist

órico

"

(

Greenberg

,

1996,

p .

145)

.

Ao

que

não

poderia

sermais

do

que mera suposição,

Greenberg concedeu

o estatuto

defato

hist

órico.É interessante

comparar

a

atitude de Greenberg relativa

ao

quadro de

Picasso com a crítica

que

faz à

obra de Rouault . Greenberg

con-

sidera

o

pintor franc

ês

"

umartista

bastante limitado

,

que

mascara uma

sensibilidade convencional com

efeitos

modernistas "

(

idem

, p. 98). Emque

"

o maior

crí

tico de

arte norte-

americano deste

sé

culo " , se

-

gundo Rodrigo

Naves(

apud idem , p .

7)

,

se

baseia

para

fazer uma crítica tãonegativa a

Rouault

? Pois

Rouault

é

reconhecido

não

apenas

como

"

o

maior

pintor de

arte sacra do nosso

s

é

culo "

(Ambesio et

alii

,1991

, p .

896)

,

mas

tamb

ém

como "

o

verdadeiro

668). Isso

confirma

oquão

arbitr

á

ria

e

por

isso mes- mo

equivocada pode

ser a crítica

de

arte em seus

juízos

relativos

às

obras dos artistas

.

Apoiando

-se em Lênin

,

Stá

lin

constrói as

con

-

92

R e v i s t a I N T E R F A C E S - Núm e r o 9 / 2 0 0 5 - C e n t r o (t e L e t r a s e A r t e s d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e j a n e i r o

(5)

I

Contrariamenteao

entusiasmo de

teóricos como

Zhdanov

(secretário

do

Comité

do Partido

naURSS

,

em 1946) e

de Fadeev ,

(

diretor da

Associação

de

Escritores Soviéticos

,

em1950)

,

a

produ

çãoartística

sovi

é

tica

durante os três

dec

énios

do governo de

Stá

lin

caracteriza

-

se

,

em

grande

parte

, pela deca -

d

ência

.

o se trata

de

uma fase

de completa

es

-

tagnação

,

conforme

pensa Juan Plazaola , com

se

- veridade excessiva .

O comunismo favoreceu o

aprimoramento do Ballet Bolchoi , disperso ap

ós a

separa

ção

das rep

ú

blicas socialistas sovi

éticas

,

devido

à

falta de investimentos vindos da

recém

surgida

iniciativa

privada . Comprometida

com o

programa de

incessante

propaganda pol

ítica nas

repú

blicas integrantes da

União Soviética

perdeu

muito da sua espontaneidade .

O ato

de criar

re

-

duziu - se , em regra ,

a um instrumento ú

til

aos fins

do partido .

A

utiliza

ção

, por

parte

dos

governantes

,

de

uma

escultura

ou

de uma obra liter

ária inseriu

-

se no mesmo

quadro

em

que

foi

utilizado

o

de -

sempenho do

Exército

Vermelho

na

batalha de

Sta-

lingrado .

Masnote

-

se que a

propaganda pouco

ou

nada

tem a ver

com

a

qualidade da

arte

e das

suas

obras .

No caso

da

música

,

Stravinski

chamou

a

atenção

para

o fato

de que "

os concursos musicais

(

muitos deles , ali

ás

, vencidos por

russos) não acres

-

centam

grande coisa

à música

"

(

Stravinski ,

1946

,

134-5)

.

É

representativo que

o

compositor

russo

-

indubitavelmente

um

dos

mais

importantes do

séc

.

XX

- tenha feito

essa

observa

ção em 1939

,

em

ple -

na

era

estalinista

portanto

.

O engajamento

da

arte

no programa pol

í

tico da

URSS

revela tonalidades espec

íficas

,

diferipdo

,

portanto

, do que

ocorre na

Alemanha de Hitler

e na Itá

lia de Mussolini .

Nesses

pa

íses a

propaganda

governamental ,

através

da

arte

,

temcomo

denomi -

nador

comuma ênfaséna

rela

ção

de continuidade

coma

hist

óriapregressa:enquanto

Mussolini bus -

cava as raízes

do

fascismo na Roma

dos

césares

,

Hitler

personificava os

ideais nazistas

através da identificação com o

cavaleiro

teutónico(cf

. Clark ,

1997

,

56

-

9)

. J

á a União Soviética filiava

-

se

pre -

ferencialmente

à

empolga

ção com o

progresso tecnol

ógico

. Exemplos emblem

áticos desse fato

temos na maquete construí

da pelo

artista

pl

ástico

VladimirT

á

tlin

para a Terceira

Internacional ,

rea

-

lizada

em Moscounoano de 1920

, bem

comonas

id

éias

do

poeta

Velimir Khlebnikov

acerca

do

rá

dio ,

"

a

principal

árvore

da

consciência

" . Segundo ele

:

o

degredo

e os assassinatos tornaram

-

se

l

íngua

franca entre umpovo cuja história sempreteve no

sofrimento

das

massas um

dos

seus agentes

prin

-

cipais

:

Desde

o inicio os

bolcheviques

an

-

gariaram para si ó

dio universal da

popula

ção

.

Pior

ainda do que

a

pol

í

tica

czarista

de "

fazer sangrar as

coló

nias

para a guerra

"

(Worse eve than

the

tsar

'

s

bleed-the-cohnies-for-the-war

policies ,

os

relucion

ários

impuseram requisi

ções cruéis

de alimentos , rebanhos , algod

ão e

terra

.

Osturcos

foram inclusive sub -

metidos

ao

trabalho

forç

ado

nas

fazendas

.

O

com

ércio e a

produ

çã

o

agrí

cola

nas

col

ónias

pr

ó

speras de

outrora afundaram

.

A fome

decorrente

clamou

cerca

de

um

milh

ão

de vidas ,

segundo alguns ,

muito mais(

ibidem

)

.

Posta em vigor nos

primeiros

anos

do

regime

estalinista

(1928

-

32)

,

oprograma

de coletiviza

ção

for

ç

ada coincidia

com a

implanta

ção

do

primeiro

plano q

ü

inq

ü

enal

;

visava

não só

abolir

a

pro -

priedade privada ,

mas

tamb

ém r um termo às prá

ticas

mades do kasaks

e

dos

quirguises

, am -

bos

os

povos de

origem turco

-

mongó

lica .

O re

-

sultado

foi

calamitoso .

A

maior

parte

dos

pastores

recusou

-

se a

dar

seu

rebanhos

;

preferiam

matá

- los

e

comer

o quanto

podiam

a entregá

- los

ás auto

-

ridades sovi

é

ticas .

Fome e

doen

ças

afligiram

tragi

-

camente a

popula

ção nos anos

que

se seguiram

.

Os

que

resistiam

às ordens de

Stá

lin

eram

geral -

mente

aprisionados

e

executados . Milh

õ

es mor -

reram

.

E isso

,

ao

que parece ,

não

apenas com

a aceitação

,

mas

tamb

émcom a aprovação

de

Stá

lin

:

Existem

indicativos eloquentes de que

Stá

lin

teve

participa

ção

pessoal

no fornecimento insuficiente

de bens

aliment

ícios justamente para provocar fome entre a

popula

ção

.

Seu

objetivo

parece

ter

sido

o

de subjugar

a

vontade da popula

ção e

despovoar

o

Casaquistão

,

cujo território

representava ó

timas possibilidades para

o projeto

de

ex

- pans

ão russa

(ibidem)

.

93

R e v i s t a I N T E R F A C E S Núm e r o 9 / 2 0 0 5 - C e n t r o d e L e t r a s e A r t e s d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e J a n e i r o

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