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A proliferação da AIDS na classe pobre e com baixo nível de escolaridade no nordeste do Brasil

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Academic year: 2018

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A PROLIFERAÇÃO DA AIDS NA CLASSE POBRE E COM BAIXO NíVEL

DE ESCOLARIDADE NO NORDESTE DO BRASIL

SPREAD OF AIDS IN POOR CLASSAND LOW LEVEL OF EDUCAT/ON

IN THE NORTHEAST OF BRAIIL

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R o b e r to K e n n e d y C o m e s F r a n c o

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Professor Adjunto do Curso de História da Universidade Estadual do

Piauí-UESPI; Doutor em Educação Brasileira (UFC); Mestre em Ciências da Edu-cação (UFPI); Graduado em História (UFC); E-mail: kennedyfranco@hotmail.com

Resumo

Em nossa investigação, analisamos a AIDS sob a perspectiva do materialis-mo histórico-dialético. Historicamente, a proliferação do vírus da imunodeficiência humana - VIH no Brasil ocorreu ao longo da década de 1980, afetando inicialmente as classes sociais de maior escolaridade. Hoje, na terceira década de pandemia, os dados claramente denunciam que o vírus dissemina-se de maneira crescente nas classes sociais de menor esco-laridade, ou seja, a AIDS afeta especificamente a classe pobre. As estimati-vas indicam que, hegemonicamente, mais de 90% dos casos da pandemia de AIDS se concentram em alguns países de economias periféricas da África e América Latina. a realidade brasileira, os dados apontam que cerca de 50% da população sorologicamente positiva para o HIV é pobre e com baixíssimo nível de escolaridade. Isto nos faz refletir profundamente tam-bém o caráter excludente da AIDS no contexto do capitalismo contemporâ-neo.

Palavras-Chaves: AIDS, EDUCAÇÃO E POBREZA.

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Abstract

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In our research, we look at AIOS from the perspective of historical and dialectical materialism. Historically, the spread of human immunodeficiency virus - HIV in Brazil occurred during the 1980s, affecting initially the classes of higher education. Today, in the third decade of the pandemic, the data clearly allege that the virus spreads so increasing social class with lower educational levels, ie, AIOS affects specifically the poor. Estimates indicate that hegemonic, over 90% of ali cases of AIOS pandemic is concentrated in some countries of peripheral economies in Africa and Latin America. In Brazil, data indicate that about 50% of the population serologically positive for HIV is poor, with low educational leveI. It causes us to reflect deeply on the character excluding AIOS in the context of contemporary capitalism. Keywords: AIOS, EOUCATION ANO POVERTY.

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A proliferaçõo da aids na classe pobre e com baixa nÍYel ee5(l)IIOÓl-i:;:de, 1m11C II"I!!sae.!~-=

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Tem certos dias em que eu penso em minha gente e sin o assim todo o meu peito se apertar porque parece que acontece de repente como um desejo de eu viver sem me notar igual a tudo quando eu passo no subúrbio eu muito

bem vindo de trem de algum lugar e aí me dá como uma inveja dessa gente que vai em frente Sem nem ter com quem contar são casas simples com cadeiras na calçada e na fachada escrito em cima que é

um lar pela varanda flores tristes e baldias como a alegria que não tem onde encostar e aí me dá uma tristeza no meu peito feito um despeito de eu não ter como lutar e eu que não creio peço a Deus por minha genteé gente

humilde que vontade de chorar.

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L e tr a d a M ú s ic a : G e n te H u m ild e

C o m p o s iç ã o : G a r o to , C h ic o B u a r q u e e V in ic iu s d e M o r a e s

Em nossa investigação, analisamos a AIOS sob a perspectiva do

materialismo histórico-dialético. Para tanto, usamos como indicador o

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nível de escolaridade da população. Isto porque o lugar de classe do

indi-víduo na estrutura social caracteriza-se como relevante fator de entendi-mento de sua situação educacional e de saúde. A escolaridade, entre ou-tros fatores sociais, é elemento fundamental para técnicas corporais mais saudáveis. Decorre desse raciocínio a compreensão de que, à medida que se tem uma população mais instruída, maior é a possibilidade de atitudes preventivas em relação às mazelas de adoecimento do corpo.

Fenômeno histórico do tempo presente, o vírus da imunodeficiência adquirida - HIV proliferou, e continua a proliferar-se, de maneira veloz nos últimos 30 anos. Sua rápida disseminação entre a transição do século XX para o século XXI é associada, em nossa pesquisa, ao processo de transnacionalização dos mercados capitalistas como nunca antes experi-mentados. o Brasil, o observado é que todo esse comércio em torno da saúde e da educação torna ainda mais famélicas gerações inteiras, que, sem condições mínimas de vida, em muitas das vezes, não sabem e nem entendem ao menos de que doenças são afetadas.

Em nossas análises, ao longo da pesquisa de campo, tivemos aces-so, por meio dos ati istas da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (R P ), as informações segundo as quais no Brasil o vírus do HIV, predominantemente, tem incidido na população pobre.

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Roberto Kennedy Gomes Fronco

Sobre a luta por m elhores condições de vida em tem pos de H IV / A IO S, obtivem os, por exem plo, o relato da ativista m aranhense, residente na cidade de B acabal, M ariazinha. D iz ela o seguinte:

NMLKJIHGFEDCBA

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Na luta contra a AIOS tem a população pobre soropositiva que é mais vulnerável, mais carente e que precisa de uma assistência maior, essepé no chão que eu vejo lá, ele não consegue o medica-mento, ele não tem um feijão pra comer em casa. Como é que ele se aguenta em tomar a medicação se não tá bem alimentado? ou com moradia? ou com estrutura social e econômica? Isso é uma coisa que agente tem que rever e tem que criar uma política em cima disso aí, porque uma coisa é você viver com HIV/AIOS e não tomar nenhum medicamento e uma coisa é você viver, com HIV/ AIOS e tomar medicamento, porque o medicamento ele é só um complemento pra que você fique mais forte, seu sistema imunológico suba e que você fique bem, mais também se você não tiver o básico pra comer, o arroz e o feijão você não vai viver só com aquele medicamento. É mais fácil você viver com comida do que com o medicamento, no caso do portador, você tira mais proveito com a comida, por que na realidade os dois se complementam, do que vale eu tomar o remédio se eu não tenho a comida, entendeu? E não só portador do HIV como outras pesso-as com outrpesso-as patologipesso-as também se fragilizam muito com a po-breza nos interiores, como o câncer, como a tuberculose, hanseníase, enfim, então agente não vê nenhuma cobertura em cima disso pra que as pessoastenham o acesso ao medicamento, mas também tenham o acessoà comida, emprego, casas própria. Enfim tem pessoasque você acompanha que tem vontade de cho-rar, não é fácil não, meu filho ...

A narrativa apresenta a situação alarm ante da população pobre soropositiva que, antes de se m edicar, precisa de alim entação. E stam os ante a expressão m aior de precarização hum ana: a fom e. E sse fato de-m onstra a capilaridade do m ovim ento social de luta contra a A IO S, trans-cendendo o aspecto fenom ênico da doença e em m ergulho na sociabili-dade com plexa e contraditória do capitalism o. E sse engajam ento político perm ite am pliar o debate que transpõe o H IV , discutindo-se sobre o aces-so àcom ida, àm oradia, ao em prego ete. N essa luta pelos m eios necessá-rios à vida, M arx e E ngels (1982, p. 39), diante da precarização e pobreza econôm ica, destacam o fato de que,

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p a r a v iv e r ,é p r e c is o a n te s d e tu d o c o m e r , b e b e r , te r h a b ita ç ã o , v e s tir -s eea lg u m a s c o is a s m a is . D entre essas,

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A proliferaçõo da oids no classe pobre e com baixo nível de esrolcri e

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algumas coisas mais necessárias ao corpo como condições para viver, evidenciamos a luta social por saúde e contra as doenças como o HIV/ AI DS como

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u m a c o n d iç ã o fu n d a m e n ta l d e to d a a h is tó r ia , q u e a in d a h o je , c o m o h á m ilh a r e s d e a n o s , d e v e s e r c u m p r id a to d o s o s d ia s e to d a s a s h o r a s , s im p le s m e n te p a r a m a n te r o s h o m e n s v iv o s (MARX e ENGELS: 1982, p. 39). Isto porque é inadiável a organização social em torno de luta por melhores condições de atendimento às experiências de adoecimento.

Essa denúncia fica mais clara quando analisamos o Boletim Epidemiológico de 2008, documento divulgado pelo Ministério da Saú-de. No Boletim, entre outros elementos, fica evidente o fato de que, oficialmente, mais de 50% da população sorologicamente positiva para o HIV têm nível de escolaridade que não chega aos oito anos de letramento, ou seja, que não concluíram nem o ensino fundamental. Infelizmente, bem sabemos que o tempo de frequência escolar, ou seja, o grau de escolaridade, de letramento, é diretamenteassociado ao lugar social ocupado pelo indivíduo na estrutura de classe imposta pela soci-abilidade do Capital.

Na realidade brasileira, o HIV dissemina-se desenfreadamente nos

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setores historicamente excluídos, ou seja, os antagonismos da AIDS têm

relação direta, fundamentalmente, com a luta da classe pobre por melho-res condições de vida, saúde e educação. Neste panorama, o grau de vulnerabilidade social às doenças é maior exatamente nos grupos não hegemônicos de nossa sociedade. Essa evolução epidemiológica da in-fecção pelo HIV, caracterizada por crescente incidência da epidemia jun-to às camadas de baixa renda e com baixos níveis de instrução, é chama-da de PAUPERIZAÇÃO da AIDS.

Destacamos, ainda, como referência fundamental para nossa análi-se sobre a Face pobre da AIDS e sua Educação, o livro A S itu a ç ã o d a C la s s e T r a b a lh a d o r a n a In g la te r r a , escrito por Friedrich Engels entre os anos de 1844 e 1845. Engajado com as questões sociais de seu tempo, o trabalho é fruto de seu contato direto com as condições de produção material da existência dos trabalhadores, da vida cotidiana e de seus tor-mentos. A obra, ao articular denúncia e análise da brutal condição de pauperismo da classe trabalhadora, constitui-se possivelmente como um dos primeiros textos analíticos de história social do corpo em experiência de adoecimento.

Então, Engels q u e r ia s e r u m a te s te m u n h a das péssimas condições de saúde da classe trabalhadora. Assim, ao longo do texto, demonstra as

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Roberto Kennedy Gomes Franco

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peculiaridades das precárias condições de higiene, educação, alimenta-ção, vestuário, religião, família e habitação, fatores determinantes para o surgimento de doenças e a proliferação de epidemias, como cólera, tísi-ca, doenças respiratórias, tuberculose, tifo, escrofulose, escarlatina,

ra-quitismo e o alcoolismo. Dentre outras, estas formas de

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a s s a s s in a to s o c ia l

afetavam indistintamente homens, mulheres e crianças socialmente mais vulneráveis. Destaca também a impossibilidade de acesso a médicos qua-lificados, o que obrigava os trabalhadores a buscarem preparados casei-ros de charlatães, que comercializavam medicamentos deveras tóxicos e prejudiciais à saúde.

A s s a s s in a to S o c ia l, porque, para Engels,NMLKJIHGFEDCBA

152

Q uando indivíduo causa a outro um dano físico de tam anha

gravi-dade que lhe causa a m orte, cham am os esse ato de hom icídio; se

o autor sabe, de antem ão, que o dano causado será m ortal, sua

ação se designa por assassinato. Q uando a sociedade põe dezenas

de proletários num a situação tal que ficam obrigatoriam ente

ex-postos à m orte prem atura, antinatural, m orte tão violenta quanto a

provocada por um a espada ou um projétil; quando ela priva m

i-lhares de indivíduos do necessário à existência, pondo-os num a

situação em que Ihes é im p o s s ív e l subsistir; quando ela os

cons-trange, pela força da lei, a perm anecer nessa situação até que a

m orte (sua consequência inevitável) sobrevenha; quando ela sabe,

e está farta de saber, que os indivíduos haverão de sucum bir nessa

situação e , apesar disso, a m antém , então o que ela com ete é

assassinato. A ssassinato idêntico ao perpetrado por um indivíduo,

apenas m ais dissim ulado e pérfido, um assassinato contra o qual

ninguém pode defender-se, porque não parece um assassinato: o

assassino é todo m undo e ninguém , a m orte da vítim a parece

natu-ral, o crim e não se processa por ação, m as por om issão -

entretan-to não deixa de ser um assassinato. (E N G E L S, 2008, p. 135:136).

A expressão a s s a s s in a to s o c ia l ou m o r te c iv il foi utilizada também na década de 1980 e 1990 por Herbert de Sousa (1994) e Herbert Daniel (1994), que no Brasil constituíram, com suas trajetórias políticas de con-testação, o movimento de ativistas Anti-Aids. Então, comparativamente, a experiência de adoecimento em decorrência da sorologia positiva para o HIV ensina que, na virada do século

xx

para o século XXI, ainda ser e p r o -d u z e m as mesmas contradições sociais no que diz respeito à luta pela produção material das condições mínimas necessárias a uma vida sem

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A p ro lifera fã o d a a id s n a cla sse p o b reyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe comb a ixo n ível d e esco la rid D a J~JI08O r.~do"T ..::::!

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

doenças para milhões de pessoas espalhadas pelo mundo, especialmen e as mais v u ln e r á v e is .

No Brasil, estea s s a s s in a to s o c ie t, ou morte civil decorrente da AIOS, fica mais claro ainda, quando se analisa a série histórica de B o le tin s

E p id e m io /ó g ic o s d iv u lg a d o p e lo Ministério da Saúde sobre o perfil

esta-tís tic o d a q u e le s s o r o lo g ic a m e te p o s itiv o s p a r a o H /V /A IO S no B r a s il.

Osd a d o s apontam q u e , de 1980 aju n h o de 2008, foram id e n tific a

-dos 506.499 casos de AIOS no B r e s i'; d e s te s , c e r c a d e 50% tê m n ív e l d e e s c o la r id a d e que não chega aos oito anos de letramento, ou seja, que não concluíram nem o ensino fundamental, o que se repete na averiguação da série histórica de 2009, 2008, 2007, 2006 em diante.

E scolaridade T otal (1980-2008)

G eral

%

< nenhum a 14912 3,4

de 1 a 3 87629 20,2

de 4 a 7 115114 26,6

de 8 a 11 78687 18

de 12 e m ais 34036 7,9

Ignorado 102512 24

T otal 432890(2) 100

153

Quadro 1

°

Quadro 11

, que se refere aos Casos de AIDS notificados no SINAN

(número e percentual), segundo escolaridade por sexo e ano de diagnós-tico. (BRASIL, 1980-2008(1), denuncia de maneira ilustrativa a relação anos de estudo/grau de instrução e vulnerabilidade social.

Como é possível observar, 149120,4%) desta população não pos-suem nenhuma escolaridade; 87629 (20,2%) portam escolaridade variando de um a três anos, os quais, segundo convenção internacio-nal estabelecida pela U ESCO, são considerados analfabetos funcionais; 115114 (26,6%) têm escolaridade de quatro a sete anos, ou seja, não tendo concluindo os nove anos de escolaridade exigidos pelo ensino fundamental. a ordem disposta pela tabela, os três primeiros itens (ne-nhuma escolaridade, escolaridade variando de um a três anos e escolaridade de quatro a sete anos de estudo) representam os seg-mentos sociais de menor escolaridade, o correspondente em números a algo em torno de 217655 (50,2 %) dos casos de HIV/AIDS do País.

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Roberto Kennedy Gomes Franco

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°

mesmo se averigua no Boletim Epidemiológico de 2009. No

Quadro 22

- Casos de gestantes infectadas pelo HIV, segundo

escolarida-de e raça/cor por ano do parto. Brasil, 2000-2009(1), temos o seguinte:

V ariável T otal (2000-2009)

E scolaridade da gestante n° %

N enhum a 1342 2,8

1 a 3 anos 5593 11,7

4 a 7 anos 18294 38,3

8 a lI anos 11432 24,0

12 e m ais anos 1405 2,9

Ignorado 9639 20,2

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Quadro 2

Como é possível observar, 1342 (2,8%) desta população não

pos-sui nenhuma escolaridade; 5593 (11,7%) têm escolaridade

varian-do de um a três anos, os quais, segundo convenção internacional

estabelecida pela UNESCO, são considerados analfabetos funcionais;

18294 (38,3%) têm escolaridade de quatro a sete anos, ou seja, não

tendo concluído os nove anos de escolaridade exigidos pelo ensino fun-damental. Na ordem disposta pela tabela, os três primeiros itens

(nenhu-ma escolaridade, escolaridade variando de um a três anos e

esco-laridade de quatro a sete anos de estudo) representam os segmentos

sociais de menor escolaridade, o correspondente em números a algo em

torno de 52,8 % dos casos de HIV/AIDS do País.

Emerge da análise destes dados a certeza de que hoje o HIV/AIDS se alastra sem controle nos segmentos mais excluídos da sociedade brasi-leira. Afinal, o nível de escolaridade, de acesso ao conhecimento, é

dire-tamente atrelado à capacidade socioeconômica de cada classe social.

Como nos reportamos anteriormente, isto tem relação direta com a lógica desigual de distribuição de renda, ou seja, o nível de frequência escolar aumenta conforme vai crescendo o rendimento familiar.

No Nordeste do Brasil, entretanto, o nível de frequência escolar só

aumenta conforme vai crescendo o rendimento familiar, num processo

caracterizado historicamente como dualismo educacional, fenômeno

decorrente da separação do trabalho manual do trabalho intelectual, frag-mentação que obstaculiza uma formação reflexiva e propedêutica para a dasse trabalhadora (homens do fazer) e beneficia os detentores do poder

econômico (homens do pensar), (MANACORDA, 2004). Em outros

ter-mos, ao longo do percurso de hegemonia do capital, o proletariado tem tido um acesso subalterno às instituições de ensino de forma a vivenciar

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A proliferação do oids na desse pobre e com baixo nível e

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esmk!~'::ade

NMLKJIHGFEDCBA

1 0llIO (õIesaCQ I!::;S;!]

uma educação formal voltada a saberes desvinculados da conscientização da crítica à realidade experienciada e da possibilidade de transformação emancipação. Assim sendo, como observamos, lançados à ignorância eà

falta de conhecimento mínimo para os cuidados de si, adoecem de forma irreversível e pouco podem fazer para manter a própria existência.

Em 2008, o IBGE disponibilizou para análise uma Síntese de Indi-cadores Sociais. O documento é interessante no sentido de se compre-ender o paralelo estabelecido entre escolaridade e situação socioeconômica. Em resumo, o documento indica que

o

Brasil ainda conta, em 2007, com um contingente de analfabe-tos da ordem de 14,1 milhões de pessoasde 15 anos ou mais de idade, o que corresponde a uma taxa de 10,0%. A distribuição espacial deste grupo mostra uma concentração de analfabetos (52%) na Região Nordeste. A Região Nordeste conseguiu importantes

avanços, no entanto a taxa de analfabetismo {20,0%) ainda é o

dobro da média do Brasil, significando que mais de 7,4 milhões de nordestinosviviam sem saber ler eescrever. O rendimento famili-ar, também, é importante na questão do analfabetismo. No

con-junto da população quevive com até meio salário mínimo (SM) de

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rendimento familiar per capita, cerca de 18% eram analfabetos em

2007, enquanto nas classesde rendimentos superiores a 2 salários mínimos, encontravam-se apenas 1,4% de analfabetos.

Apreende-se, ao analisarmos detidamente a Síntese de Indicadores Sociais, que a sociabilidade do capital com sua lógica excludente de dis-tribuição de renda na Região Nordeste é fator determinante ao não-aces-so a níveis mais elevados de tempo de escolaridade, ou seja, colabora diretamente para situações cada vez mais agudas de pauperismo que, atreladas àdesinformação, potencializam a vulnerabilidade social da classe pobre, tornando as condições materiais de vida completamente precarizadas, entre elas, o acesso ao trabalho, à educação-e à saúde.

A distribuição da riqueza no Brasil caracteriza-se por extremas desi-gualdades regionais. O ordeste é a região que reconhecidamente apre-senta o maior percentual de pessoas pobres (51,6% da população total). Segundo dados do IBGE (2007),

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a m é d ia d e r e n d im e n to fa m ilia r fo i e m to r n o d e R S 6 2 4 ,0 0 '~ porém, m e ta d e d a s fa m ília s n o r d e s tin a s v iv ia m c o m r e n d im e n to s m e n o r e s q u e R $ 3 8 0 ,0 0 (os a lá r io m ín im o n a é p o c a ), e n q u a n -to n a R e g iã o S u d e s te o v a lo r d o r e n d im e n to e s ta v a e m to r n o d e R $ 4 4 1 ,0 0 .

Vale destacar que o IBGE considerou como p o b r e s p e s s o a s q u e v iv ia m

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Roberto Kennedy Gomes Franco

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c o m r e n d im e n to m e n s a l fa m ilia r d e a té 7/2s a lá r io m ín im o p e r c a p ita .

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Em 2007, neste patamar viviam 30,0% dos brasileiros, e, ainda, que 79/6%

v iv ia m c o m r e n d im e n to m e n s a l fa m ilia r d e a té 7/4 d e s a lá r io m ín im o . Por fim, ressalta a pesquisa que a p e n a s 7 J % d e s s e s e g m e n to d a p o p u la ç ã o

v iv ia c o m r e n d im e n to m e n s a l fa m ilia r d e m a is d e 5s a lá r io s m ín im o s .

A manutenção desses índices desiguais de desenvolvimento social tem relação imediata com a tradição histórica no Nordeste do Brasil do clientelismo e do coronelismo eleitoral, no qual o grau de instrução é um complemento descartável. Isto porque cada político ou cabo eleitoral procura junto ao Poder Público, com suas prioridades eleitoreiras, ratear entre si o dinheiro público e, dependendo do espaço geográfico e/ ou político de influência, mudam-se as prioridades, relegando a segundo plano em nome dos interesses da politicagem os aspectos sociais de ofer-ta de direitos fundamentais garantidos inclusive pela Constituição, tais como saúde e educação.

Ideologicamente, este processo dominador tem relação direta com o estranhamento (alienação negativa) do saber histórico de que a pessoa não nasce ela mesma já pronta e acabada, e sim ao longo de sua

trajeto-156

ria vai se educando a ser o que é. Do ponto de vista político, ao tornar a consciência histórica do processo de exploração do homem pelo homem propriedade restrita de alguns, estabelece um latifúndio do saber.

Estes elementos ora citados, no cenário brasileiro/nordestino, são permanentes, pois o clientelismo e o paternalismo ainda são muito fortes. Muitas vezes ser eleitor ou representar um curral eleitoral que aglutine um número razoável de eleitores significa poder. Infelizmente, os interesses no tocante àoferta de saúde pública e de ensino de qualida-de confunqualida-dem-se entre o que é política eleitoreira e política pública de saúde e/ou educação.

Guardadas as devidas especificidades de nossa atualidade históri-ca, a obra clássica de Victor Nunes Leal- C o r o n e lis m o , E n x a d a e V o to

-bem caracteriza esta questão. Para Leal (1997, p. 42-44, 60-65),

C om pletam ente analfabeto, ou quase, sem assistência m édica, não

lendo jornais, nem revistas, nas quais se lim ita a ver as figuras, o

trabalhador, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na

con-ta de benfeitor. É dele, na verdade, que recebe os únicos favores

que sua obscura existência conhece [... ] O lógico é o que

presen-ciam os: no plano político, ele luta com o "coronel" e pelo "coro-nel". A i estão os votos de cabresto, que resultam , em grande parte,

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A proliferoção do oids no classe pobre e com boixo nível de escolori a e

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da nossa organização econômica rural. A força eleitoral empresta-lhe prestígio político, natural coroamento de sua privilegiada situ-ação econômica e social de dono de terras. Dentro da esfera pró-pria de influência, o "coronel" como que resume em sua pessoa, sem substituí-Ias, importantes instituições sociais. Exerce, por exem-plo, uma ampla jurisdição sobre seus dependentes, compondo ri-xas e desavenças e proferindo, às vezes, verdadeiros arbitramentos, que os interessados respeitam. Também se enfeixam em suas mãos, com ou sem caráter oficial, extensas funções políticas, de que freqüentemente se desincumbe com a sua pura ascendência soci-al, mas que eventualmente pode tornar efetivas com o auxílio de empregados, agregados ou capangas.

Fica evidente, dessa forma, que a precarização social, manifesta com a pobreza a que se submete a maioria da população, é importante veículo de transmissão do HIV. Sua proliferação no Nordeste brasileiro, cerca de 58.000 mil pessoas, algo em torno de 12% dos casos notificados pelo Ministério da Saúde vivendo com HV/AIOS, em 2008, é potencializada de acordo com as denúncias dos ativistas da RNP+ pelos

antagonismos históricos da Região, entre eles: desigualdades sociais, anal-NMLKJIHGFEDCBA

157

fabetismo, preconceito, fome, desemprego estrutural, efeitos adversos dos

antirretrovirais, comercialização da saúde (dos 1793 municípios nordes-tinos, apenas 53 possuem programas municipais de OSrAIOS) e mercantilização dos direitos humanos.

Vale ressaltar, ainda, os 102512 (23,7%) dos casos de HIV/AIOS notificados com' escolaridade ignorada. O Ministério da Saúde não esclarece muito bem o que significa isso, ou em qual segmento se encai-xa, e ainda há os chamados casos subnotificados, os seja, aqueles não registrados oficialmente nos bancos de dados do Ministério. Fica a de-manda no preenchimento dos formulários de notificação dos dados ne-cessitada de mais cuidados, de maiores critérios, a fim de serem apresen-tados com maior clareza não apenas o nível de escolaridade mas tam-bém o perfil pormenorizado das condições socioeconômicas dos casos de sorologia positiva para o HIV/AIOS. Fica, no entanto, o alerta: os pró-prios dados do Ministério da Saúde nadam na contracorrente dos discur-sos oficiais de controle da pandemia de AIOS.

É fato que, em decorrência do medo instigado pelo preconceito, muitas pessoas não se declaram ou não se submeteram ao exame, ensejando, pois, uma incógnita e uma clandestinidade acerca de quem hoje é tocado objetivamente pelo vírus.

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Diversos deles nos deram adeus com lágrimas nos olhos. Seu apre-ço veio do fato de que nós não usamos sobretudo as luvas quando apertávamos suas mãos, de sentarmos ao seu lado, de conversar-mos sobre assuntos variados e jogarconversar-mos futebol com eles. O bene-fício psicológico dessas pobres pessoas serem vistas como seres humanos normais é incalculável, e o risco de ser contaminado,

incrivelmente remoto. (p. 160).

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RobertoKennedy Gomes Franco

Finalmente, nas trilhas de nossa pesquisa, que analisa a face pobre da A IO S na realidade brasileira, destacamos o aprendizado histórico do guerrilheiro e médico Che. A aventura de moto pela América do Sul, com seu amigo Alberto, tem como foco conhecer médicos e hospitais públi-cos dos países que visitam especialmente os que tratam dos leprosos, especialidade seguida por Che logo após a conclusão do curso de Medi-cina. Durante a viagem, registra em seu diário a pobreza produzida pelas contradições e injustiças sociais impostas à maioria da população da América do Sul, entre elas as impressões apreendidas de seu contato com a experiência de adoecimento de leprosos, analisando formas de precon-ceito, estigma, isolamento e carência de recursos públicos e, ainda, res-saltando a necessidade de solidariedade como instrumento fundamental no tratamento.

Ao partirem do leprosário de San Pablo, situado na selva amazôni-ca no Peru, Che (2001) diz assim

Esta solidariedade em tempos de adoecimento postulado por Che em relação aos leprosos, hoje portadores da hanseníase, é uma importan-te lição histórica de como se deve cultivar solidariedade com pessoas em experiência de adoecimento decorrente da sorologia positiva para o HIV, especialmente aquelas com maior vulnerabilidade social, uma vez que, guardadas as devidas proporções históricas, ainda são as mais estigmati-zadas e excluídas pela lógica capitalista.

É um exemplo que se multiplica com as lembranças socialmente compartilhadas da sífilis, peste bubônica (peste negra) e tuberculose, das doenças trazidas pelos colonizadores à América e à África, entre outras experiências de adoecimento, como, por exemplo, mais recentemente, a chamada gripe suína, ou gripe A, que radicalmente transformaram as cir-cunstâncias de saúde dos corpos das pessoas.

O fato é que, em detrimento da cobiça por acúmulo de riquezas por parte da minoria da população mundial, a classe burguesa, não é

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A proliferoção do oids no closse pobre e com boixo nível de esco,!ori· cfade ao

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permitida a socialização da riqueza humana produzida para a grande maioria da população mundial, a classe pobre.

Marx, em 1875, no texto

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A C r ític a d o P r o g r a m a d e C o th a , ao criti-car o modo de produção capitalista, sintetiza o princípio máximo do co-munismo, ou seja, d e c a d a q u a l s e g u n d o s u a c a p a c id a d e , a c a d a q u a l s e g u n d o s u a s n e c e s s id a d e s (MARX, 1980, p. 215). Em nossa interpreta-ção, ao dizer " d e c a d a q u a l s e g u n d o s u a c e p e c id e d e " , manifesta o enten-dimento acerca dos múltiplos ritmos dos sujeitos que, apesar de terem

" c a p a c id a d e " p r o d u tiv a diversa, receberão " s e g u n d o s u a s n e c e s s id a d e s " .

O aprendizado histórico desta afirmação vem aqui demarcar a possibili-dade concreta e revolucionaria de, no comunismo, sociabilidade antagô-nica ao capitalismo, a exploração do homem pelo homem, ser apenas uma triste lembrança histórica.

Isso nos faz refletir profundamente também sobre o caráter excludente da AIDS no contexto do capitalismo contemporâneo, pois, pelo menos na população pobre, analfabeta ou pouco letrada e com sorologia positiva para o HIV, a qual a capacidade produtiva em meio às adversidades biológicas e sociais decorrentes do adoecimento é afetada,

a sociedade, o Estado, os indivíduos em geral tidos por "saudáveis", "nor-NMLKJIHGFEDCBA

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mais", tem, para esta classe produtiva com força de trabalho debilitada ou

segregada pelo estigma da sorologia positiva para o HIV, negligenciado o recebimento do mínimo para suprir a vida " s e g u n d o s u a s n e c e s s id a d e s " .

É preciso e possível revolucionar ao mundo e a nós mesmos, o século XXI não pode ser o prolongamento histórico da miséria social em que estamos mergulhados.

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Roberto Kennedy Gomes Franco

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Notas

FONTE: MS/SVS/PN-DST/AIDS. NOTAS: (1) Casos até 30/06/2008. Da-dos preliminares para os últimos 5 anos. (2) 13 casos ignorados com relação ao sexo.

2 FONTE: MS/SVS/Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

NO-TAS: (1) Casos notificados no SINAN até 30/06/2009. Dados prelimi-nares para os últimos 5 anos.

Enviado paro publicação: 30.04.2010 Aceito paro publicação: 05.10.2010

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