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Palavras-chave: cão; comportamento canino; psicologia canina. Keywords: dog; dog s behavior; canine psychology.

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Academic year: 2021

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INFLUÊNCIA DO TUTOR NO COMPORTAMENTO DE CÃES ATENDIDOS EM UM HOSPITAL VETERINÁRIO

INFLUENCE OF THE TUTOR IN THE BEHAVIOR OF DOGS SERVED IN A VETERINARY HOSPITAL

André Müller de Lemos BARROS1; Luana Savina Freire CARDOZO1 e José

Arnodson Coelho de Sousa CAMPELO 2, Solange de Araújo MELO3; Alessandra

Lima ROCHA3.

1 Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Maranhão, andrelemos92@outlook.com

2 Diretor do Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Maranhão

3 Professora do Departamento de Patologia, Universidade Estadual do Maranhão

Resumo:

Este trabalho descreve a interação social existente entre homem e cão, enfatizando principalmente como o grau de entendimento da psicologia canina aplicado à criação do animal, por parte dos tutores, influencia no comportamento de seus cães. Para isto, foi elaborado um questionário e aplicado aos responsáveis. Os resultados foram avaliados e comparados com a literatura atual, que mostrou que grande parte dos tutores contribuem para uma relação desequilibrada entre as duas espécies, o que trás consequências desagradáveis para os dois e para a sociedade.

Palavras-chave: cão; comportamento canino; psicologia canina. Keywords: dog; dog’s behavior; canine psychology.

Introdução:

Atualmente, existem aproximadamente 525 milhões de cães no mundo (COREN, 2013), e 52 milhões no Brasil (IBGE, 2013). Os cães têm se tornado cada vez mais próximos do homem. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais cachorros de estimação do que crianças. Para a maioria das pessoas eles fazem parte da família; ganham um nome, um lar e são tratados como filhos, enfatizando a ideia de que o termo “proprietário” ou “dono” vem sendo substituído por “tutor”; mas, apesar da boa intenção que os seres humanos têm em criar seus cães da melhor forma possível, é necessário que se entenda que os cães não são seres humanos, não pensam nem

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agem como tais, além de enxergarem o mundo de uma maneira peculiar; desta forma torna-se imprescindível que o tutor conheça as necessidades de seu cão evitando assim os muitos problemas que são presenciados no cotidiano (MILLAN, 2011).

Cães com problemas comportamentais, por vezes, atacam os próprios tutores, podendo resultar em abandono e consequentemente em ataque de pessoas nas ruas, gerando medo e insegurança para a população, demonstrando que não só as zoonoses transmitidas por esses animais abandonados, mas também os problemas comportamentais também são uma questão de saúde pública (SOARES et al., 2010). Por falta de conhecimento, tanto dos tutores quanto de profissionais em medicina veterinária, os cães acabam desenvolvendo transtornos, fobias e agressividade, evidenciando o quanto o modo como os animais são criados influencia em seu comportamento e para tanto, é fundamental que haja um equilíbrio entre homem e animal para que se possa ter uma vida mais saudável, uma vez que uma boa relação entre as duas partes resulta na contribuição para o bem-estar da sociedade.

Com esse objetivo foi realizada uma pesquisa através de aplicação de questionários aos tutores de animais atendidos no Hospital Veterinário em janeiro de 2017, no sentido de avaliar a forma como os animais são criados, e como esta relação reflete no comportamento destes animais.

Metodologia:

Para a realização deste trabalho foi realizado um levantamento através de entrevistas, observações e aplicação de questionários desenvolvidos com base na literatura disponível na área, junto aos proprietários de forma que as características da problemática estudada fossem retratadas com precisão e sem a interferência do entrevistador.

Resultados e Discussão:

Foram estudados 50 cães atendidos no Hospital Veterinário “Francisco Edilberto Uchoa Lopes” da Universidade Estadual do Maranhão. Ao todo, foram entrevistados 45 tutores com idades entre 14 e 68 anos, distribuídos entre 35 mulheres e 10 homens. Os 50 cães tinham idade entre 3 meses e 20 anos, pesavam entre 3 a 40kg, desde porte pequeno a grande, adquiridos tanto para companhia quanto para guarda, com raça definida ou não. O questionário abordava perguntas referentes à interação entre o tutor e o cão, como o animal era tratado e como o cão se comportava mediante isso; também havia perguntas referentes à interação social do

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cão, e alguns outros comportamentos indesejáveis. O questionário foi aplicado nos dias 4 e 5 de Janeiro de 2017 para os 45 tutores de um ou mais cães. Posteriormente, os dados foram transferidos para o programa do Word, calculados e analisados com o auxílio da literatura.

Os resultados obtidos mostraram como a criação do cão interfere em seu comportamento. Observou-se que dos 50 animais estudados, 26 (52%) eram cadelas, o que revela uma preferência dos tutores por esse sexo na escolha do animal. Parte dos tutores (42%) adquiriu seu animal com menos de 50 dias de vida, enquanto que 58% com 50 dias de vida ou mais. Os animais que são tirados da convivência da ninhada e da mãe antes do fim deste período têm mais dificuldade para se relacionar com outros cães, podem tornar-se agressivos, desenvolver problemas para cruzar e respondem pouco a treinamentos de adestramento (ROSSI, 2002).

Com relação aos dados referentes à interação entre o tutor e o cão, foi observado que dos 50 animais, 16 (32%) eram levados pelos seus tutores para passear todos os dias, pelo menos uma vez ao dia; 11 (22%) deles passeavam mais que uma vez por semana; 13 (26%) dos cães passeavam raramente, e 10 (20%) deles nunca passeavam. A justificativa para essa porcentagem negativa de passeios são a falta de tempo do tutor, o tamanho do espaço em que o cão vive e a agressividade do mesmo. O exercício é algo fundamental no desenvolvimento do animal. A prática do passeio ajuda o cão a ter uma vida saudável e equilibrada. Os tutores precisam desenvolver o hábito de caminhar com o seu cão diariamente, pelo menos duas vezes ao dia. E, no mínimo, por 30 minutos (MILLAN, 2011). Outro fator que contribui para o bem-estar psicológico do cão é ter um tutor que não o agrida tanto verbal como fisicamente. E grande parte dos tutores (cerca de 70%) alegou já ter batido/gritado com seu cão por ele ter feito algo desagradável. Outro dado referente a isso é a reação dos tutores ao ver que seu cão pegou algum objeto seu importante. Os tutores de 26 (52%) cães brigavam e corriam atrás deles para pegar o objeto, um (2%) batia neles, sete (14%) esperava que eles soltassem, 8 (16%) agiam de outra forma não-agressiva e 8 (16%) dos cães não faziam isso. A relação entre homem e cão deve gerar harmonia e prazer e, a agressão e maus tratos podem quebrar isso (BEAVER, 2001).

Ainda com relação aos dados referentes ao tratamento dos cães pelos tutores, constatou-se que praticamente todos os animais, 49 (98%), recebiam carinho

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quando chegavam a casa, enquanto que apenas um (2%) era ignorado por um tempo para depois, quando estivesse menos agitado, receber carinho. Ao deixar seu cão sozinho, o tutor não deve saudar com entusiasmo, quando este chegar a casa, deve ignorar o cão por algum tempo, até que ele se acalme, e aí, então, deve dar atenção e carinho. O mesmo deve acontecer antes de sair. Isso ajuda a evitar que o cão desenvolva ou aumente a ansiedade de separação (ROSSI, 2002). De forma semelhante, muitos tutores agem com seus cães ao perceberem que eles estão com medo de algo. Dos 50 cães, 36 (76%) recebem carinho do tutor para tentar acalmá-los; oito (16%) são incentivados a encararem o medo; um (2%) recebe broncas ou agressão e cinco (10%) não tem medo de nada. Millan (2011, p. 157) afirma: “Sempre que você dá carinho, reforça o comportamento que estava sendo adotado. [...] Sempre que um animal não tem permissão para superar seu medo, este pode se tornar uma fobia.” Os dados referentes à interação social dos cães revelam que nove (18%) deles rosnam ou latem para o tutor ao mexerem em sua comida; sete (14%) quando mandam fazer algo que eles não querem (como sair debaixo da cama ou largar um objeto); cinco (10%) quando os tutores fazem menção que irão bater neles; 11 (22%) quando querem algo e 18 (36%) não agem dessa forma. De forma geral, pelo menos 64% deles agem de forma agressiva para com seus tutores, e foi constatado que 20 (40%) deles já morderam seus tutores ou outras pessoas, apesar de 38 (76%) não serem considerados agressivos pelos mesmos. Esse comportamento agressivo, geralmente tem início em sua infância, quando não lhe foram impostos limites, o que faz com ele se reconheça com o “dominante da matilha” (ROCHA, 2003). Outros fatores como hereditariedade e até mesmo fatores sexuais também interferem no desenvolvimento da agressividade. (ROSSI, 1999). Foi observado também que 19 (36%) dos cães não querem deixar qualquer visita entrar na casa, latindo ou mordendo as mesmas; 19 (36%) deles ficam eufóricos, 11 (22%) ficam calmos ou se escondem, e um (2%) faz xixi pela casa quando isso acontece. Nessa situação de euforia ou agressão por parte dos cães, 11 (22%) deles são presos em algum cômodo; 11 (22%) são agredidos verbalmente pelos tutores; sete (14%) são pegos no colo, e 21 (42%) são ignorados. Com relação a isso, os cães ao perceberem que uma visita chega a casa, eles sabem que ficaram sem atenção e para compensar isso acabam reagindo de maneira eufórica ou agressiva, ou fazem xixi pela casa para que os tutores chamem sua atenção e dessa forma eles consigam o que querem.

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Com relação a outros comportamentos indesejáveis, foi constatado que 21 (42%) dos animais choravam quando o tutor saia de casa.

Conclusão:

Com base nos resultados do questionário, este trabalho permite concluir que os problemas comportamentais mais comuns entre os cães estudados foram agressividade, desobediência e ansiedade que são consequências, principalmente, da falta de conhecimento por parte dos tutores ao tratarem seus animais diante dessas situações. A atitude dos tutores faz com que seus cães sejam criados como crianças mimadas, o que de fato não são, como foi citado. Isso resulta cada vez mais em uma relação desarmônica entre os mesmos, criando tanto seres humanos, quanto animais frustrados. Portanto, é necessário que haja uma melhor divulgação a respeito do conhecimento da psicologia canina, a fim de tornar os cães menos infelizes, como vemos atualmente.

Referências:

BEAVER, B.V. Comportamento canino: um guia para veterinário. São Paulo: Roca, 2001. 431p.

COREN, S. Os cães sonham? Quase tudo que seu cão gostaria que você soubesse. 1ª ed. São Paulo: Paralela, 2013, 264p.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. População de

animais de estimação no Brasil. 2013. Disponível:

http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/camaras_tematicas/Insumos_agropecuar ios/79RO/IBGE_PAEB.pdf. [Capturado em 18 jan. 2017].

MILLAN, C. O encantador de cães: compreenda o melhor amigo do homem. 18ª ed. Campinas – SP: Verus Editora, 2011, 266p.

ROCHA, R.R. Relação Homem-Animal e Agressividade Canina. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. 32p. 2003.

ROSSI, A. Adestramento Inteligente: com amor, humor e bom-senso. 9ª ed. São Paulo: Editora CMS, 2002, 255p.

ROSSI, A. Adestramento Inteligente: com amor, humor e bom senso. 8ª ed. São Paulo: CMS, 1999. 260p.

SOARES, G. M. Epidemiologia de problemas comportamentais em cães no

Brasil: inquérito entre médicos veterinários de pequenos animais. Ciência Rural,

Referências

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