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IWAGBAYE IFÁ

GRUPO DE ESTUDOS DE IFÁ

TEXTO 05-CONTINIAÇÃO SOBRE O CONCEITO DE

IFÁ SOBRE A COSMOLOGIA COMO BASE PARA

DIVINAÇÃO

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IWAGBAYE IFÁ

O CONCEITO DE IFÁ ACERCA DA PSICOLOGIA

Talvez a mais acessível manifestação dos

Odu é através do portal da consciência

individual. Ifá ensina que Odu representa os padrões de energia que criam consciência. Eles são análogos ao que Carl Jung chamou arquétipos da consciência coletiva. Jung acreditava que existe um conjunto de padrões primordiais que formam a essência da auto-percepção e põe o eu em ralação ao mundo. De acordo com Jung, estes padrões permanecem abstratos até o inconsciente legá-los um contexto cultural e pessoal. Tanto na psicologia Junguiana quanto no conceito de Ifá da consciência, Odu (arquétipos) podem ser revelados através dos sonhos, onde eles tomam qualidades pessoais e se manifestam como um drama mítico. Pela compreensão desta manifestação particular do Odu, Ifá ensina que é possível criar equilíbrio interno que é o alicerce para viver em harmonia com a Natureza.

A psicologia em Ifá é ligada ao conceito de orí. A tradução literal dessa palavra é “cabeça”. Esta é uma definição limitada por que orí também sugere consciência e a cosmologia de Ifá ensina que todas as Forças na Natureza possuem orí ou consciência. Devido Ifá crer em reencarnação, todo orí forma uma polaridade com o iporí. O iporí é a consciência eterna que existe no Orun (Céu). É o iporí que forma elo entre vida passada e futura. As escrituras de Ifá descrevem o iporí como um duplo perfeito do orí. De acordo com a cosmologia de Ifá, todo orí faz um pacto com

Olorun antes de cada encarnação. Este acordo esboça o tipo de vida que será vivida e

as lições que serão aprendidas em um dado curso de vida. No momento do nascimento o conteúdo deste acordo é perdido para a mente consciente. Parte do processo de estabelecimento do equilíbrio interno é visto como a tarefa de relembrar o pacto original entre orí e Olorun.

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Este pacto é a fonte do destino pessoal. Devido à divinação ser considerada um método de descobrimento do destino, toda divinação baseada em Ifá é relacionada à questão da ampliação do alinhamento entre orí e iporí.

A ligação entre orí e iporí situa-se no orí inú. A tradução das palavras yoruba

“orí inú” é “cabeça interior”. Esta é uma referência ao que Jung chamou de

consciência individual ou Eu. Orí inú é o núcleo daquele circulo de forças que criaram a autoconsciência.

Em adição a polaridade entre orí e iporí, orí inú é o ponto central da polaridade entre ara e èmì. Ara é o corpo físico. A psicologia em Ifá inclui o coração (okan) e a emoção (ègbè) como parte do eu psíquico. De acordo com Ifá, a natureza do iporí pode ser apenas compreendida se a cabeça e o coração estiverem em alinhamento. Em outras palavras, a mente e as emoções devem estar em acordo para ocorrer discernimento espiritual. Similarmente, Jung compreendeu que um conflito entre a mente e as emoções é uma dos motivos de doenças mentais. Em Ifá este conflito é chamado de orí ibi. É muito difícil traduzir literalmente orí ibi, mas o termo sugere uma deficiência no alinhamento entre orí e iporí. Quando orí e iporí estão funcionando em uníssono, é criada uma condição chamada orí ire. Uma tradução literal para orí ire seria “cabeça sensata”. Jung referiu-se a essa condição como individuação, a qual é a base para definição de saúde mental.

Ara ou corpo físico existe em polaridade com èmì. A palavra yoruba èmì

significa “alento”. Ifá ensina que o sopro de vida provem de Olodumare e contém a essência interna de consciência. Èmì neste contexto deveria ser traduzido como “alma”. O símbolo de Ifá para o Eu apareceria como segue:

Ifá ensina que todo orí ou indivíduo é encarnado segundo um Odu específico.

Isto significa que um padrão particular de energia está no alicerce de dada consciência individual. A qualidade do Odu marcará a natureza da personalidade pessoal e caráter. Viver em harmonia com a Natureza envolve viver em harmonia com o Eu. A chave para viver em harmonia com o Eu é compreender o Odu pelo qual nós nascemos e reconhece-lo como o alicerce das lições de vida a ser experimentadas em uma dada reencarnação. Devido cada Odu ser associado a um Òrìsà em particular, o Odu que encarna um orí em particular forma um elo espiritual com o Òrìsà encarnado por esse mesmo Odu. Este elo torna-se a base para a determinação de qual Òrìsà um indivíduo deveria cultuar.

Na cultura Yoruba tradicional o ato divinatório que apura a qualidade de um

orí individual é realizado no Esentaiye (cerimônia de nomeação) que ocorre logo após

o nascimento. Freqüentemente o conteúdo desta divinação terá influência na seleção do nome da criança. Em alguns casos será dada a criança um nome secreto que é

A ligação entre orí e iporí situa-se no orí inú. A tradução das palavras yoruba “orí inú” é “cabeça interior”. Esta é uma referência ao que Jung chamou de consciência individual ou Eu. Orí inú é o núcleo daquele circulo de forças que criaram a autoconsciência.

Em adição a polaridade entre orí e iporí, orí inú é o ponto central da polaridade entre ara e è mì . Ara é o corpo físico. A psicologia em Ifá inclui o coração (okan) e a emoção (è gbè ) como parte do eu psíquico. De acordo com

Ifá, a natureza do iporí pode ser apenas compreendida se a cabeça e o coração

estiverem em alinhamento. Em outras palavras, a mente e as emoções devem estar em acordo para ocorrer discernimento espiritual. Similarmente, Jung compreendeu que um conflito entre a mente e as emoções é uma dos motivos de doenças mentais. Em Ifá este conflito é chamado de orí ibi. É muito difícil traduzir literalmente orí ibi, mas o termo sugere uma deficiência no alinhamento entre orí e iporí. Quando orí e iporí estão funcionando em uníssono, é criada uma condição chamada orí ire. Uma tradução literal para

orí ire seria “cabeça sensata”. Jung referiu-se a essa condição como

individuação, a qual é a base para definição de saúde mental.

Ara ou corpo físico existe em polaridade com è mì. A palavra yoruba è mì significa “alento”. Ifá ensina que o sopro de vida provem de O lo dumare e

contém a essência interna de consciência. È mì neste contexto deveria ser traduzido como “alma”. O símbolo de Ifá para o Eu apareceria como segue:

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conhecido apenas pelos pais e pelo divinador. Isto é feito porque o próprio nome pode sugestionar um Odu específico que poderia deixar a criança vulnerável à exploração por aqueles que possam abusar seu conhecimento de awo.

A Divinação realizada após a cerimônia de nomeação indicará qual Odu guia uma fase particular da vida da criança. Pelo conhecimento do Odu inicial da cerimônia de nomeação e o Odu corrente relacionado à dada circunstância, o divinador pode expandir sua percepção tanto dos problemas quanto das resoluções efetivas.

Se a criança passa por alguma forma de iniciação em qualquer ponto de sua vida, a divinação que é feita no fim da cerimônia terá precedência sobre a divinação que foi feita no nascimento. A razão disto é que se acredita que a iniciação transforma a característica interna do iniciante.

O relacionamento entre orí e èmì é ligado à reencarnação. Durante o rito de passagem de iku (morte física), é o èmì que será transformado em Ẽgún (Espírito Ancestral). Funerais em Ifá são designados para guiar esta transformação e assegurar que esta ocorra suavemente. Uma suave transição para o reino dos ancestrais auxilia um retorno seguro ao ciclo de reencarnação. Aqueles ancestrais que não foram devidamente elevados correm o risco de permanecer ao redor da Terra, onde eles sofrem ao invés de evoluir.

A reencarnação é considerada por Ifá como uma experiência positiva, e não é vista como punição para transgressões em vidas passadas. Ifá também ensina que reencarnação tende a ocorrer dentro da mesma linha familiar. Se a criança é identificada como um ancestral específico, pode receber nomes como Babatúnde (o pai que retornou) e Ìyátúnde (a mãe que retornou). A crença em reencarnação dentro de uma linhagem familiar particular é uma das razões pela qual Ifá coloca ênfase positiva no nascimento de crianças. Todo verso do Mérìndinlogun possui uma prescrição para fertilidade o qual é vista como uma ligação essencial no processo de evolução espiritual.

O CONCEITO DE IFÁ ACERCA DA TRANSFORMAÇÃO

A cerimônia de iku (funeral) é um evento significativo na vida do èmì e representa uma mudança no fluxo do ase (poder espiritual). A cosmologia de Ifá ensina que Odu conduz o ase do Òrun (Céu) para Ilé (Terra) através das Forcas espirituais chamadas Imole. O Ase é passado do Ilé para o orí pelo Odu que são orientados pelas Forças chamadas Irunmole. Uma vez plantado o ase no orí da consciência individual, o ase se move do orí para o Ẽgún através do èmì. Ẽgún é quem está apto a retornar ase ao Òrun convertendo Òrìsà. A descida do ase do Òrun ao Ilé e a ascensão de

ase do Ilé de volta ao Òrun é o alicerce do

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Esta seqüência de transformação freqüentemente é mal-compreendida devido ao mito e folclore associado ao Odu falar sobre eventos da vida dos Òrìsà. Os Òrìsà que aparecem nas escrituras são seres multidimensionais. Dependendo da natureza do problema apurado na divinação, o Odu pode estar descrevendo personalidades existentes em uma ou outra esfera: Irunmole, Imole, Orí, Ẽgún ou Òrìsà. De acordo com o divinador, para interpretar o Odu em um caminho significativo, deve ter uma determinação do contexto no qual o Òrìsà se apresenta. Entende-se que de forma alguma o problema que está sendo apresentado à divinação, a solução pode ocorrer em níveis múltiplos. Visto que a subida e a descida do próprio ase é um processo circular.

Se o divinador percebe totalmente todas as conseqüências que estão em jogo em uma dada situação, todos os aspectos do Odu devem ser considerados. Tanto o tabuleiro quanto à peneira são utilizados como modelos para relembrar o divinador das várias maneiras que o Odu se manifesta e fornece uma imagem abstrata das forças que sustentam o equilíbrio na Natureza.

Este é um conceito difícil para vários ocidentais compreenderem porque nós usamos pensar em tempo como um conceito linear. Ifá vê o tempo como uma realidade circular. De acordo com Ifá, o tempo é transcendido em um reino mítico chamado Láé-láé. Quando o orí se une com o iporí, ele se une a todas formas de consciência que estão encarnadas pelo mesmo Odu e experimenta-os em sua fonte.

Em Láé-láé, passado, presente e futuro tornam-se um. Esta é a razão porque os

Òrìsà são tanto figuras históricas quanto forças na Natureza que pré-datam o

aparecimento da consciência humana. Como símbolos de movimento e forma encontrados na Natureza, eles podem representar fenômenos naturais como vento e fogo. Eles podem representar interação comum como a tensão entre o Oba (chefe da cidade) e Ogboni (conselho de anciãos). A nível pessoal os Òrìsà podem representar elementos de conflito na consciência de um individuo como tensão entre introversão e extroversão.

É a habilidade em ordenar estas diferentes manifestações do Òrìsà que dá profundidade a habilidade do divinador interpretar Odu.

O CONCEITO DE IFÁ SOBRE DESTINO

Em Ifá, destino é relacionado ao potencial humano. Ifá ensina que toda pessoa nasce com um leque de talentos individuais e atitudes que geram uma linha de destino. Como escolhas são feitas, certas habilidades são acentuadas enquanto a outras são dadas menos atenção. Cada escolha pode causar uma mudança no destino assim como um aspecto do talento individual é explorado enquanto outro é ignorado.

Consultas periódicas com alguma forma de divinação determinará se as escolhas que estão sendo feitas são consistentes com a possibilidade de manutenção do equilíbrio interno. As escolhas são às vezes feitas à mercê de pressões sociais e familiares. Se estas pressões são incoerentes com o potencial pessoal, elas

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podem causar um conflito entre a cabeça e o coração. Apenas em um alicerce proveniente do balanço interno é possível viver em harmonia com o Eu, família, comunidade e o mundo.

De acordo com Ifá, equilíbrio interno cria o caráter chamado “iwa” em yoruba. O processo de construção do caráter envolve a identificação do potencial pessoal, o alinhamento da mente e emoções e o aprendizado de novas habilidades como os passes individuais através dos ciclos de crescimento e maturidade.

Os sistemas de divinação baseados em Dafa são todos utilizados para clarear questões de equilíbrio e alinhamento. A questão do potencial individual desgasta a questão de trabalho de vida. Nas famílias tradicionais yorubas é comum levar as crianças a um awo para que então o papel destas na sociedade possa ser determinado. Esta informação é usada para guiar a educação da criança e coloca-la em programas de aprendizado apropriados. Isto em tempo pode ter um efeito na orientação religiosa da criança. As comunidades mais tradicionais yorubas possuem uma rede ampla de ordens religiosas que cultuam uma Força da Natureza em particular (Òrìsà). Muitas das ordens estão relacionadas estreitamente a grupos específicos de guias. Por exemplo, muitos carvoeiros cultuam o Òrìsà Ogun, enquanto muitos tintureiros cultuam Òrìsà Òsún ou Òrìsà Olokun.

Nos sistemas de medicina e saúde baseados em Dafa, doença é considerada como sendo resultado de uma falta de harmonia com o destino pessoal. É uma aproximação holística com saúde no qual sintomas físicos de doença são creditados a causas emocionais e espirituais. Dafa ocupa-se com os sintomas pela prescrição de ervas medicinais e ocupa-se com as causas pela prescrição de limpeza espiritual. Qualquer um que não esteja alinhado com seu destino pessoal corre o risco de atrair forças negativas. Quando essas influências são removidas, há potencial para descobrir equilíbrio interno. Ifá ensina que equilíbrio interno é o fundamento para saúde física.

Equilíbrio interno nunca é uma realidade estática. O equilíbrio interno que ocorre no útero é rompido pelo nascimento. O equilíbrio interno que pode ocorrer durante a infância é rompido pela puberdade. O equilíbrio interno que pode ocorrer como um adulto é rompido pela velhice. Cada um destes ciclos de crescimento é celebrado em Ifá com um rito de passagem. Estes rituais apresentam de forma simbólica, algumas das informações e discernimento necessários para enfrentar o próximo estágio de desenvolvimento.

Em conjunção aos ritos de passagem, Dafa é consultado para determinar qual

Odu está guiando a pessoa através do seu próximo estágio de crescimento.

Essencialmente as várias formas de divinação baseada em Dafa respondem a mesma questão. A questão é: “Eu estou alinhado com meu destino?”. Freqüentemente a pessoa que chega para uma consulta tem uma crise de vida específica que ela deseja resolver. Elas podem ter idéias claras acerca do que elas vêem como uma resolução ideal. Do ponto de vista do divinador, a crise é sempre vista de uma perspectiva do destino da pessoa e a resolução do problema é apenas possível se ele ilumina aquele pacto original da pessoa com Olorun.

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O espírito responsável por registrar a interação entre a vontade ( o conteúdo da escolha pessoal), o agir ( a consciência da ação) e o destino ( os limites do potencial), é Òrúnmìlà. Como uma Força Espiritual da Natureza, Òrúnmìlà é um aspecto de Elà. Isto sugere que a Fonte da dinâmica no Universo leva dentro de si mesma um registro de tudo o que tem ocorrido e ocorrerá. A mesma idéia é expressada pela ciência ocidental no paradigma holográfico da criação. A teoria holográfica esta baseada na idéia de que cada fragmento do Universo contem o projeto para toda a Criação.

Ademais de ser uma Força Espiritual na Natureza, Òrúnmìlà foi também o nome de uma figura histórica. Os mais Sábios de Ifá dizem que Òrúnmìlà se encarnou na forma humana em sete diferentes ocasiões ao longo da história. Ao menos em duas destas encarnações se manifestaram como homens yorubás que viveram em torno da cidade de Ilé Ifè. Se acredita que ele o Òrúnmìlà histórico ensinou o sistema de divinação Ifá a dois estudantes chamados Akódá e Asèdá. Sempre que os sacerdotes de Ifá se reúnem para louvar a linhagem destes sacerdotes que vieram antes deles, a linha de descendência sempre é louvada e passa através de Akódá e Asèdá até Òrúnmìlà. Os antropólogos que escrevem sobre Òrúnmìlà usam fequentemente a palavra Òrúnmìlà indistintamente com a palavra Ifá. Isto não reflete corretamente o significado destas duas palavras. Òrúnmìlà é tanto uma força da Natureza como também um antepassado venerado que é considerado o profeta da religião tradicional yorubá. A palavra Ifá se refere a sabedoria inerente a esta mesma Natureza e a toda a sua tradição religiosa que está baseada nos ensinamentos do profeta Òrúnmìlà. Estes ensinamentos estão preservados no sistema de Ifá de divinação que se chama Dáfá.

Quando alguém é iniciado em Ifá, recebe o àse do espírito Elà tal como chega através da essência Espiritual dos Odùs. Este àse dá ao iniciado em Ifá o Ofò àse (poder da palavra) para invocar todos os 256 Odùs usados no Dáfá. A multiplicidade de iniciações baseadas no Dáfá estão geralmente baseadas sobre um dos Odù. Devido a que Ifá cobre todo o espectro de iniciação, aqueles que recebem o àse de Elà são chamados “Babaláwo”, que significa “Pai dos Mistérios”. Dentro da cultura yorúbà, Òrúnmìlà é considerado o primeiro Babaláwo. Aqueles que aspiram a aprender a sabedoria de Ifá geralmente se referem a si mesmos como Awo ou Aláwo, deixando o titulo de Babaláwo e Iyáláwo para aqueles mais velhos que tem demonstrado a verdadeira inspiração na arte da divinação.

É a tarefa do awo guiar os membros de sua família num sentido amplo e também na comunidade, entendida como um conjunto pelo caminhar de Igòkè, que é a palavra yorùbá para “Ascenção”. A palavra Igòkè vem da expressão Igòkè re Òrun, que literalmente significa “vendo/ver/vindo acima do Reino Invisível dos Ancestrais”.

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Essencialmente, a viagem a Ikólè Òrun envolverá os processos contínuos de transformação de orí ibi em orí ire. A experiência inicial de orí ibi ocorre no nascimento, quando o acordo entre orí e Olórun é esquecido.

Orí ibi continua voltando a ocorrer como um resultado do processo natural do envelhecimento. Cada estado de crescimento desde a infância até a infância, desde a infância até a fase adulta, e da fase adulta até a velhice requer o alinhamento com as demandas e responsabilidades sociais sempre em mudança. Geralmente estes estados estão marcados por um ritual de transformação, o qual implica numa recriação ritual e dramática da sabedoria necessária para assumir a maturidade.

Se esta transformação ocorre livre de atropelos, o indivíduo se mantém firmemente no caminho de ìwà-pèlé, o que significa que o indivíduo está desenvolvendo um caráter bom e gentil. Raramente este caminho está livre de tropeço, e existem constantes distrações e perturbações que levam orí a estar fora de alinhamento com o seu destino. Isto ocorre porquê o orí pode somente experimentar a transformação quando o àse que se estende desde Elà e Olódùmarè está em perfeito equilíbrio tanto com a cabeça como com o coração, a integração desta polaridade é o fundamento do Igòkè (ascensão). Toda a experiência de alinhamento que se acredita orí ire (sabedoria) implica na terefa de equilibrar o acrescentamento resultante deste àse (poder pessoal). Quando isto ocorre, o laço entre Ikòlé Òrun e Ikòlé Ayé é fortalecido. Ifá ensina que o fortalecimento deste laço é a fonte da boa fortuna para todos aqueles que vivem na Terra.

O caminho de Igòkè é diferente para cada indivíduo, e isto implica a assimilação cotidiana das lições da vida. Existe um marco geral para guiar este processo, que é usado por Ifá em um intento de assegurar uma transição livre de tropeços através de cada um dos estados da vida. Na cultura tradicional yorùbá, a primeira vez que uma pessoa consulta ao Dafá é em sua cerimônia de batismo, a que é chamada de èsèntáiyé (primeira introdução ao Mundo). Essencialmente, a função da infância é a de criar um corpo forte e saudável e aprender as habilidades que facilitarão a transição do vir a ser adulto. No momento do èsèntáiyé, o awo introduz ao criança aos elementos essenciais da vida yorùbá. Isto se faz para assegurar que a criança tenha uma introdução positiva a aquelas fontes de nutrição que susterão a boa saúde. Ao mesmo tempo, existem rituais introdutórios as qualidades espirituais de cada comida que é ofertada. Por exemplo, Ifá diz que a água não tem inimigos. Quando a criança é introduzida à água, o sacerdote dirá uma oração pedindo que a vida da criança seja livre de conflitos.

Durante a mesma cerimônia, ocorrerá a divinação que se usa para determinar o nome da criança. A maioria dos nomes tradicionais yorùbá tem um significado espiritual, de maneira que ao levar um nome específico reconhecerá publicamente as responsabilidades sociais sugeridas por este mesmo nome. Dáfá será também usado para determinar o destino pessoal da criança em relação a sua carreira profissional e as suas devidas obrigações espirituais. Usando esta informação, os progenitores (pais) estão capacitados para prover uma educação que seja compatível com o potencial da criança.

Enquanto a criança está crescendo, tem a oportunidade de participar nos diversos tipos de Egúngún (sociedade ancestral), celebrações que ocorrem ao longo do ano. A veneração aos ancestrais(orò-ilè) ocorrem usualmente dentro de uma família específica no sentido amplo que honra anualmente a memória de seus parentes importantes. Estas celebrações implicam frequentimente na dramatização de acontecimentos históricos que ensinam uma lição em particular, considerada essencial para construir um bom caráter. É através do uso das histórias vividas que as crianças

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começam a internalizar os princípios de Ifá que estão designados para guiar a cada pessoa até a iluminação. As escrituras de Ifá assinalam claramente que o que somos está construído sobre os ombros daqueles que tem vivido antes de nós.

Na idade da puberdade, a maioria dos meninos e meninas passam por um rito de passagem que marca a transição para a fase adulta. Esta cerimônia tem se perdido entre os devotos de Òrisà no Ocidente, e creio que é uma perda trágica. Os ritos da puberdade cumprem uma importante função psicológica, rompendo o laço entre os progenitores e a menina ou menino. Isto não quer dizer que já não se preocupam uns com os outros. Mas quer dizer que o menino ou menina que se faz adulto não está mais envolvido emocionalmente com os efeitos internalizados do juízo de seus progenitores. Essa separação é crucial para fazer a transformação para fora da infância, devido a que o adulto que continua crendo que ele ou ela está sendo tratado como uma criança reprimirá o ressentimento, o qual pode levar a uma conduta violenta e autodestrutiva. O conteúdo destes rituais de puberdade geralmente não são discutidos, para que contenham elementos de surpresa para os que por ele passam.

Quando o adulto jovem faz planos para entrar em um ofício e começar uma família, é comum comprometer-se a alguma forma de iniciação espiritual, que assistirá e apoiará o papel deste indivíduo. Por exemplo, os talhadores de madeira poderiam venerar à Sàngó, os ferreiros poderiam venerar a Ógún, as mulheres que trabalham no mercado poderiam venerar a Oya, o os fazendeiros poderiam venerar a Òrìsà Oko.

A profissão de um indivíduo não é o único fator que é usado quando se toma a decisão de comprometer-se a um caminho espiritual em particular. O fator determinante final é sempre o Odù que se encarna no orí inú. A religião tradicional yorúbá tem um amplo raio de sociedades que se baseiam na preservação dos Mistérios de quaisquer das Forças Espirituais que falam por meio do Odù. É comum para as pessoas pertencer a mais de uma sociedade ou participar em cerimônias para numerosos Òrìsà, segundo a sua necessidade ou inclinação.

Os antropólogos tem tendido a simplificar em demasia o conceito de Òrìsà, o que tem criado alguma confusão do quanto existe de relação entre as várias Forças Espirituais que são honradas por meio de Ifá. De acordo com a cosmologia de Ifá, toda a Criação vem a manifestar-se através do àse dos Odùs. A descida de àse desde Ikòlé Òrun a Ikòlé Ayé se move desde Imole, que são expressões invisíveis dos Odùs, a Irúnmolè, que são as expressões visíveis de Odù. Os Irúnmolès tem criado as condições que sustentam a Terra. Eles tomam forma física por meio daquelas forças da natureza que estabelecem nosso meio ambiente ecológico.

Nas escrituras de Ifá aos Irúnmolè são dados nomes e características humanas que são idênticas as de muitos Òrìsà. Ifá ensina que os Irúnmolè existem como seres conscientes, que não existem necessariamente na forma humana. Os Irúnmolè fundamentais incluem a Obàtálá (o espírito do Ar e da Luz como se manifesta por meio dos Céus) ; Onílè ( o espírito da Terra); Sàngó ( o espírito do Fogo como se manifesta através do relâmpago); Ògún ( o espírito do Ferro como existe nos depósitos minerais naturais); Oya ( o espírito do Vento que gera e controla o clima); Olókun (o espírito do Oceano); Òsùn ( o espírito da Água Doce e da Fertilidade) e Òrúnmìlà ( o espírito que testemunha e registra as interações entre os Irúnmolè). Quando os mistérios associados com estes Irúnmolès são descritos na escritura de Ifá, são chamados de Òrisà Orílè, o que sugere que são a fonte/forma de uma consciência particular.

Os processos de Igòkè começam quando um orí individual chega a ser elevado ao ponto aonde o orí inú do indivíduo forma um laço místico com o orí inú do

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Irúnmolè. Quando isto ocorre, esse indivíduo fala com a voz de àlásotélè (profeta). Aqueles que chegam a ser àlásotélè agregam sua visão mística a sabedoria de Ifá e, depois da morte, se fazem conhecidos como os Òrìsà Idílé. O termo Òrìsà Idílè sugere que Òrìsà está expressando uma forma de consciência que tem evoluído desde uma fonte mais alta. Aqueles que se tronam Òrìsà Idílè serão ancestres divinizados.

Dentro da cultura yorùbá, as diversas sociedades que veneram a um Òrìsà em particular são conhecidas como Òrìsà Ilù. Os mistérios preservados dentro das Òrìsà Ilú implicam reverência tanto pelos Òrìsà Orílè como pelos Òrìsà Idílé. Estes mistérios incluem o conhecimento de combinar aqueles elementos naturais (àse Òrìsà) que ressoam como um Òrìsà particular em todas as suas formas. A ressonância dos elementos naturais, combinada com a invocação, é o fundamento de todo o alinhamento entre o self e o Mundo que ocorre durante o ritual Òrìsà.

Por exemplo, os elementos naturais utilizados para invocar a Sàngó incluem a Osee Sàngó (o “machado”de duas cabeças), Edán Ara (pedra do trono) e epo (azeite de palma). Estes elementos são reunidos em Igbódu Sàngó, que é o bosque sagrado para o Espírito do Relâmpago. A localização deste bosque sagrado está baseado nos princípios de Gede (astrología), que se usa para localizar redemoinho natural de ressonância espiritual.

Reunir o àse dos Òrìsà em um lugar que contenha o àse dos Òrìsà Orílè (Forças Naturais tal como existem na Natureza) é o processo de consagrar um espaço sagrado (Igbódù). Ifá ensina que o poder de um espaço sagrado é acrescentado por meio do uso de oríkì (invocação), e Òrìsà’gùn (possessão em transe mágico).

Em yorùbá a palavra para “possessão” é ìní, e a palavra para médium”é Elegùn ou Arin. Devido as descaradas distorções sobre a possessão que inundam os meios massivos de comunicação, o propósito da função de Elegùn é frequentimente mal compreendido. Quando um Òrìsà Ilù (sociedade sagrada) se reúne para louvar um Òrìsà específico, usualmente um dos membros mais velhos da sociedade é designado como médium. A pessoa que é escolhida está colocando-se em alinhamento com os Òrìsà em representação de sua comunidade. Isto se faz para que a voz profética do Òrìsà possa falar diretamente com os devotos. Alguns médiuns tem memória do que ocorre durante a possessão, enquanto que outros não tem recordações conscientes desta experiência. Em qualquer caso, quando um Òrìsà está falando a uma comunidade, o nível de transe se chama ojú-ìran, que significa “enfrenta aos teus antepassados”. O propósito de ojú-ìran é receber informação que apoiará a abundância comunal, e a harmonia.

Na África, a transição da consciência normal a ojú-ìran tende a ser muito mais suave e fácil que o movimento a ojú-ìran que ocorre no Ocidente. Na minha experiência, isto sugere que a estrutura de culto aos Òrìsà na África tem suficiente apoio comunal para como equilibrar o processo. Também tem sido minha experiência que, durante a iniciação, a maioria dos iniciados que estão presentes entram em alguma forma de consciência alterada para efetuar o ritual. O efeito disto é que ocorre um poderoso impacto no ritual e ajuda a assegurar a efetividade da transferência de àse do iniciador ao iniciado.

Mas alem de ojú-ìran, existe um nível de possessão que se chama Láí-láí. O estado alterado de consciência que ocorre durante Láí-láí é primariamente para o benefício da pessoa que está experimentando o acontecimento. Láí-láí é a experiência da Fonte Espiritual da Criação. É similar ao conceito indo-oriental de Nirvana. Se acredita que aqueles que experimentam Láí-Láí tem um vislumbre do alinhamento entre o self e Mundo que ocorre depois da morte.

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Enquanto o estado de transe se move de Láí-láí, é Possível ter uma visão do conteúdo do acordo original entre orí e Olórun. Quando isto ocorre, porções da vida de uma pessoa emergem ao redor de seu campo visual em círculos concêntricos. Este tipo de visão é contada e descrita como tão vivida que parece tridimensional. Os que experimentam este estado místico retornam a consciência normal com uma maior apreciação do verdadeiro significado de ìwà-pèlé (caráter bom e gentil).

Ifá gbe wa o, Babarinde Ayoka Ifasowunmi Oyekale. Domingo 22 de maio de 16.

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