Cópia do acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa proferido no processo de registo de modelo indus- trial n.° 26 653.
Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa:
Firmino Pereira & C.ª, L.da, interpôs o presente recurso da decisão do Instituto Nacional da Propriedade Indus- trial (INPI) que recusara o registo do modelo industrial n.° 26 653, recurso esse que coube ao 6.° Juízo Cível de Lisboa.
Naquele, após os trâmites legais, foi julgado improce- dente o mesmo recurso, tendo da respectiva decisão inter- posto a requerente a presente apelação.
Nas exaustivas e longas alegações, a apelante formu- lou as seguintes conclusões:
Apresentado o pedido de modelo industrial, este deve ser classificado - artigo 153.°, n.° 1, do Código da Propriedade Industrial e alínea b) do n.° 2 e alínea c) do n.° d o artigo 11.° do Decreto Re- gulamentar n.° 17/90, de 30 de Junho;
Com a publicação do pedido, o modelo goza da pre- sunção de novidade - artigo 62.°, n.° 6, ex vi ar- tigo 153.°, n.° 7, e artigo 280.°, n.° 1, alínea a); acresce a conjugação dos artigos 141.°, 144.°, n.° 1, 162.° (cf. 96.°, n.os 2 e 3), 257.°, 263.° e 260.°; O exame de novidade deve ser realizado por um perito na especialidade da classe em que o mode- lo foi inscrito - alínea b) do n.° 2 e alínea c) do n.° 1 do artigo 11.° do Decreto Regulamentar n.° 17/90 e artigos 153.°, n.° 1, e 144.°, n.° 1 (cf. 139.°, n.° 1);
Este exame realiza-se por comparação do modelo in- dustrial registando com os modelos industriais da classe em que o primeiro foi inscrito - alínea b) do n.° 2 e alínea c) do n.° d o artigo 11.° do Decreto Regulamentar n.° 17/90 e artigos 153.°, n.° 1, e 141.°;
A recusa de registo tem de ser fundamentada de facto (e de direito), demonstrando-se a falta de novidade do modelo industrial, cujo pedido foi publicado, com a existência de outro já registado - arti- gos 141.° e 144.°, n.° 1, do Código da Proprie- dade Industrial e artigos 2.°, n.° 2, alínea b), e 124.°, n.° 1, alínea a), do Código do Procedimento Administrativo (cf. Decreto Regulamentar n.° 17/90, artigo 1.°, e Código Civil, artigos 350.°, n.° 2, e 341.°);
O INPI não respeitou a presunção legal de novidade do modelo industrial, na medida em que não fun- damentou, de facto, a recusa do registo, violando, por conseguinte, as normas jurídicas citadas; A actuação do INPI deveria ter-se conformado com
as normas e princípios jurídicos descritos acima referidos (embora devesse ter registado o modelo industrial);
A sentença recorrida deveria ter atendido à presun- ção de novidade do modelo industrial e, à falta de fundamentação factual do despacho do INPI, concedido provimento ao recurso;
Não o fazendo, violou as normas jurídicas antes refe- ridas;
A sentença recorrida não especifica os fundamentos de facto que justificam a decisão - Código de Processo Civil, artigo 668.°, n.° 1, alínea b); Do mesmo modo, os seus fundamentos estão em
oposição com a decisão - Código de Processo Civil, artigo 668.°, n.° 1, alínea c). Considerando que o exame de novidade tem de ser realizado por um perito na especialidade, face à presunção de novidade e à falta de fundamentação de facto do despacho do INPI, a sentença deveria ter con- cedido provimento ao recurso ou, se assim não entendesse, deveria ter ordenado a produção de prova pericial (artigo 42.°);
Nestes termos e nos demais de direito aplicável, deve este recurso ser julgado procedente e, revogando-se a sentença da 1 instância, anular-se o despacho de 31 de Outubro de 1996 do INPI que recusou o registo do modelo industrial n.° 26 653, por falta de fundamentação e violação das normas jurídi- cas antes referidas, concedendo-se à apelante o respectivo registo;
Se assim se não entender, requer-se, nos termos do n.° 5 do artigo 712.° do Código de Processo Ci- vil, que o tribunal de 1.ª instância fundamente de- vidamente a falta de novidade e que produza a prova indicada no artigo 42.° do Código da Pro- priedade Industrial.
Corridos os vistos legais, urge apreciar e decidir. O âmbito dos recursos é delimitado pelo teor das conclusões do recorrente - artigos 684.°, n.° 3, e 690.°, n.° I, do Código de Processo Civil.
Das conclusões da apelante se vê que, para decidir neste recurso, aquela levanta questões que, sintetizadas e ordena-
das de acordo com a prioridade legal de conhecimento - primeiro as questões processuais que podem prejudicar o conhecimento das razões de mérito -, são as seguintes: a) A sentença é nula por não especificar os funda- mentos de facto que justificam a decisão, nos ter- mos do artigo 668.°, n.° 1, alínea b), do Código de Processo Civil?
b) A mesma é ainda nula por os seus fundamentos estarem em oposição com a decisão, nos termos da alínea c) do citado artigo 668.°?
c) Apresentado o pedido de modelo industrial e pu- blicado o mesmo, o modelo goza de presunção legal de novidade que não foi ilidida por demonstração da falta de novidade pelo INPI, pelo que a sentença deveria ter dado provimento ao recurso?
d) O exame da novidade deve ser realizado por perito na especialidade da classe em que o mo- delo foi inscrito, por comparação do modelo in- dustrial registando com os modelos industriais da classe em que o primeiro foi inscrito?
e) A recusa de registo tem de ser fundamentada de facto (e de direito), demonstrando-se a falta de novidade do modelo industrial, cujo pedido foi publicado com a existência de outro já registado e, não o sendo, devia a sentença ter concedido provimento ao recurso, mandando registar o modelo?
Serão estas as questões as quais nos iremos debruçar e de cuja decisão dependerá o desfecho da apelação.
a) A primeira questão tem necessariamente de proce- der.
Com efeito, o artigo 668.°, n.° 1, alínea b), citado pres- creve que a sentença é nula se não especificar os fundamentos de facto e de direito.
Ora, a douta sentença em apreço não especifica os fac- tos apurados sobre os quais fez a aplicação do direito. Por isso a sentença é nula e, nos termos do artigo 715.°, n.° 1, do Código de Processo Civil, tem este tribunal de suprir a nulidade, declarando os factos provados nos au- tos, o que se irá fazer.
Estão provados os seguintes factos:
1) A apelante tem por objecto social a fabricação e moldação de matérias plásticas e similares e aplicação de materiais isolantes;
2) Em 26 de Janeiro de 1995 apresentou aquela na Direcção do Serviço de Patentes do INPI o pe- dido de concessão do título de propriedade in- dustrial de modelo industrial denominado «Aro circular de face posterior plana para coroa de flo- res», melhor identificado nas fotografias a fls. 12 e 13 e no documento de tls. 14 a 19, que se dão por reproduzidos;
3) Esse pedido recebeu no INPI o n.° 26 653 e foi publicado em 8 de Novembro de 1995 no Bole- tim da Propriedade Industrial, n.° 7/95, sem que tivesse sofrido oposição;
4) Por ofício de 11 de Junho de 1996 do director de Modelos e Desenhos Industriais do INPI, foi a apelante notificada do relatório de exame e para em dois meses apresentar esclarecimentos sobre a pretensa novidade do objecto registando;
5) A apelante respondeu de acordo com as alega- ções de fls. 22 a 27, que se dão por reproduzidas; 6) A recusa do registo do modelo em causa foi publicada em 31 de Janeiro de 1997 no Boletim da Propriedade Industrial, n.° 10/96:
7) Interposto pela apelante recurso dessa recusa, foi julgado o mesmo improcedente, sendo esta últi-
ma decisão o objecto desta apelação.
b) Passando para a segunda das questões colocadas pela apelante, versa esta nova nulidade da sentença por ter os fundamentos em oposição com a decisão.
Segundo a referida alínea c) do n.° 1 do artigo 668.°, é nula a sentença em que os fundamentos estejam em oposição com a decisão.
Esta oposição consiste na que se verifica no processo lógico, que das premissas de facto e de direito que o julga- dor tem por apuradas este extrai a decisão a proferir. Verifica-se esta oposição quando o juiz escreveu o que queria, mas «a construção da sentença é viciosa, pois os fundamentos invocados pelo juiz conduziriam logicamente, não ao resultado expresso na decisão, mas a resultado oposto» - José A. dos Reis, Código de Processo Civil Anotado. vol. 5.°, p. 141.
Ora, da análise da sentença apelada não se descortina a referida oposição lógica entre os fundamentos e a de- cisão.
Com efeito, a referida sentença expõe com clareza e precisão as disposições legais aplicáveis e faz a seguir a aplicação daquelas ao modelo registando que descreve, concluindo que o mesmo não reveste a característica de novidade que a lei exige.
Mais uma vez repetimos que, concordemos ou não com a decisão, esta não contém qualquer contradição lógica entre os seus pressupostos e a sua conclusão. Caso não concordemos com a decisão, estaríamos já no campo de erro de julgamento atinente ao mérito da questão e não ao nível de qualquer vício processual.
Desta forma improcede este fundamento do recurso. c) A terceira questão parece consistir em saber se, apre- sentado o pedido de registo do modelo industrial e publi- cado o mesmo no Boletim da Propriedade Industrial, goza o requerente, aqui apelante, a presunção legal de novida- de, ilidível embora.
Esta questão não pode proceder, em nossa opinião. Percorridas as várias disposições legais citadas pela ape- lante como fundamentando aquela pretensão - artigos 62.°, n.° 6, ex vi 153.°, n.° 7, 280.°, n.° 1, 141.°, 144.°, n.° 1, 162.°, 96.°, n.os 2 e 3, 257.°, 263.° e 260.° do Código da Propriedade Industrial -, em lado algum encontramos fun- damento bastante para conceder à apelante a referida pre- sunção legal.
O processo de apreciação do pedido de registo da propriedade do modelo industrial em causa não seguiu, no INPI, os trâmites legais correctos e daí o equívoco da apelante.
O pedido foi apresentado na vigência do Código da Propriedade Industrial aprovado pelo Decreto n.° 30679, de 24 de Agosto de 1940.
Este diploma prescrevia que então fosse publicado o pedido para efeito de reclamação e após o decurso do prazo para aquela o pedido era estudado, informado e decidido, independentemente da verificação de reclama- ções - artigos 59.° e seguintes daquele diploma.
Porém, antes da publicação do pedido entrou em vigor o novo Código da Propriedade Industrial - a que perten- cerão todas as disposições a citar sem indicação de ori- gem - que revogou o anterior e estabeleceu normas pro- cessuais diferentes.
Assim, pelo novo Código, apresentado o pedido, este é classificado e estudado e só é publicado para do mesmo se reclamar, se aquele estudo concluir que reveste os re- quisitos legais-artigos 153.° e seguintes.
A consequência de a falta de reclamação implicar a con- cessão do pedido deriva do artigo 67.°, aplicável por for- ça do artigo 157.°
Ora, tendo a primeira publicação do pedido dos autos sido feita antes do estudo daquele, embora indevidamente, por então estar já em vigor o novo Código, cujas normas processuais são, como se sabe, de aplicação imediata, não se pode concluir que o deferimento é imediato. É que esta consequência da ausência de reclamações deriva do exame prévio do pedido que não foi feito, pelo que podia o INPI rejeitar o pedido se no mesmo exame, embora feito posteriormente, a tal conclusão se chegasse.
Por outras palavras, aquele diferimento automático da ausência de reclamações depende da publicação do pedi- do com o exame prévio e a conclusão deste de que o pedido está em condições de ser aprovado - artigo 156.°, n.° 1 -, o que se não verificou na publicação dos autos (cf. fl. 20).
Improcede, deste modo, este fundamento da apelante. d) A quarta questão versa a pretensão de que a compara- ção do modelo, para se aferir da novidade daquele, deve ser efectuada por perito especializado.
Também aqui nos não parece ter a apelante razão. O pedido da apelante foi rejeitado por o modelo a re- gistar não revestir a característica da novidade, em face do disposto na alínea c) do n.° 2 do artigo 144.°
O artigo 139.° refere que podem ser protegidos como modelo industrial os moldes, formas, padrões, relevos, ma- trizes e demais objectos que sirvam de tipo na fabricação de um produto industrial, definindo-lhe a forma, as dimen- sões, a estrutura ou a ornamentação, sendo nestes protegi- da apenas a forma sob o ponto de vista geométrico ou ornamental.
Segundo o artigo 141.°, só gozam de protecção legal os modelos ou desenhos novos e os que, não o sendo inteiramente, realizem combinações novas de elementos conhecidos, ou disposições diferentes de elementos já usados, que dêem aos respectivos objectos aspecto geral distinto.
Por seu lado, o artigo 144.° esclarece que é novo o mo- delo ou desenho que, antes do pedido do respectivo regis- to, ainda não foi divulgado dentro ou fora do País, de modo a poder ser conhecido e explorado por peritos na especialidade.
E acrescenta o mesmo dispositivo que não se conside- ra novo o modelo ou desenho que, dentro ou fora do País, já foi objecto de registo anterior, embora nulo ou caduco, que tenha sido descrito em publicações de modo a poder ser conhecido e explorado por peritos na especialidade e, finalmente, o utilizado de modo notório ou por qualquer forma tenha caído no domínio público.
Ora, o despacho do INPI em apreço - fls. 28 e seguin- tes-não refere claramente se a razão do indeferimento resulta de o modelo registando ser utilizado notoriamente
ou haver caído no domínio público, limitando-se a referir a alínea c) em causa.
Por seu lado, a douta sentença apelada também refere como fundando a recusa o disposto na alínea c), acrescen- tando que o modelo tem uma forma que não ultrapassa o «óbvio», cai na normalidade.
Daqui parece resultar que para aferir da verificação da previsão da citada alínea c) não é necessário a interven- ção de técnico especializado.
Com efeito, ser notório tem o significado de ser do co- nhecimento geral - artigo 514.°, n.° 1, do Código de Processo Civil -, quer dizer que é do conhecimento da grande maioria dos cidadãos do País que possam conside- rar-se regularmente informados.
Ter caído no domínio público tem, segundo nos pare- ce, o significado de ter sido apropriado pela generalidade dos cidadãos, de modo que ninguém pode reivindicar o seu uso exclusivo.
Deste modo, para avaliar da verificação destas duas hipóteses, não é necessário nenhum técnico especializado, pois o juiz, como integrado na generalidade dos cidadãos regularmente informados, está em condições de aferir daquela verificação.
Improcede, assim, também este fundamento da apelação. e) Finalmente, resta-nos o conhecimento directo da ad- missibilidade do modelo industrial.
Pretende a apelante que a recusa daquele com base na falta de novidade devia ter sido fundada na demonstração da existência de outro já registado.
Ora, a falta de novidade que motivou a rejeição do mo- delo, como dissemos, não se baseou na existência de outro semelhante já registado, mas no facto de o modelo regis- tando ser utilizado de modo notório ou ter caído no domí- nio público. E verificar-se-á esta notoriedade ou teria aquela forma caído no domínio público?
Está aqui o cerne da questão.
Salvo o devido respeito, parece-nos que quer o despa- cho do INPI quer a douta sentença são parcos na demons- tração da verificação daquela situação da citada alínea c) do n.° 2 do artigo 144.°
Já acima analisámos o conceito de modelo industrial e seus requisitos, dando aqui por reproduzidas aquelas consi- derações.
A apelante nas suas longas alegações produzidas ao longo dos autos defende que a aferição da característica da novidade se deve fazer tendo em conta apenas a classe de produtos para a qual se pede a protecção, enquanto o INPI defende o contrário.
Por nós, parece-nos que é o INPI quem tem razão. Tal como a ilustre chefe de divisão de Desenhos e Modelos Industriais do INPI, engenheira Ana Maria Ban- deira, defende num artigo publicado no Jornal do INPI, ano xm, n.° 2, de Junho de 1998, a novidade, nos dese- nhos e modelos industriais, é absoluta no espaço e no tempo, pois aquela não é restringida a determinadas clas- ses de produtos, ao contrário das marcas, em que a novi- dade é relativa, ou seja, para que uma marca possa ser protegida basta que seja nova dentro da classe a que per- tence relativamente aos mesmos produtos ou similares. Tal característica da novidade, no caso dos modelos industriais, deriva de a protecção destes se limitar à forma geomé- trica ou ornamental- artigo 139.°
Esta interpretação da lei impõe-se, em nosso entender, da diversidade de redacção da lei. Assim, enquanto para
os modelos ou desenhos industriais o artigo 144.° se refe- re como motivo de rejeição do modelo a existência de outro modelo ou desenho já registado, descrito, conheci- do ou já explorado, sem qualquer referência a identidade de classe de produtos, o artigo 189.°, n.° 1, alínea m), e o artigo 190.°, n.° 1, para as marcas faz referência à imita- ção de outra marca «para o mesmo produto ou serviço similar, semelhante ou idêntico».
Mas será o modelo em apreço de utilização notório ou terá caído no domínio público?
Sendo este o ponto fulcral do processo, a solução, em nosso entender, não é fácil.
O modelo em causa consiste num aro circular de face posterior plana para coroa de flores, em que a face ante- rior é arredondada e a face posterior é uma superfície plana perpendicular ao eixo do aro, tal como consta de fls. 12, 13, 15 e 17.
Pretende a apelante que a novidade consiste numa com- binação nova de elementos conhecidos que dá àquele as- pecto geral distinto.
O despacho do INPI, como já referimos, limitou-se a dizer que aquele modelo não apresenta novidade sob a forma geométrica ou ornamental e remete a causa da re- jeição para a citada alínea c) do n.° 2 do artigo 144.°
Também a douta sentença, como já referimos, é parca na demonstração da verificação da notoriedade ou na «queda» no domínio público.
Segundo o artigo 1.°, a propriedade industrial desem- penha a função de garantir a lealdade da concorrência pela atribuição de direitos privativos no âmbito do Código da Propriedade Industrial, como pela repressão da concorrên- cia desleal.
Podemos dizer que a finalidade última da propriedade industrial é obstar à concorrência desleal.
A forma do modelo registando é um aro com a par- ticularidade de a face posterior ser plana.
A forma de aro totalmente redondo é vulgarmente usa- da, nomeadamente em acessórios de automóveis e num instrumento de diversão juvenil, conhecido por «ringue», que consiste num anel redondo na forma externa e na secção do aro, de borracha, que é arremessado entre os praticantes da diversão dispostos em círculo.
Com a particularidade introduzida pela apelante, a for- ma torna-se diversa, não conhecendo nós objectos habitual- mente usados - logo, nem é notório nem caiu no domí- nio público - com aquela forma. E nem o INPI nem a douta sentença referem a sua existência concreta.
A única dúvida consiste em saber se esta combinação nova de elementos conhecidos torna o modelo de aspecto geral distinto, como exige o artigo 141.°
Pensamos que sim. E também entendemos que, na dúvida, devemos propender para a afirmativa, pois a apelante mostra interesse no modelo, através do reque- rimento do registo, e não estão em causa interesses directos de terceiros. A igual conclusão chegaríamos tendo em conta a finalidade última da propriedade in- dustrial, pois sendo o objecto a que o modelo se des- tina de uso limitado a especialistas no ramo - floris- tas -, não descortinamos possibilidade de com o mesmo ser sequer facilitada a concorrência desleal, de qualquer forma.
Deste modo, procede este fundamento da apelação. Pelo exposto, julgamos procedente a apelação e por isso revogamos a douta sentença e, consequentemente, o douto
despacho do INPI, concedendo o registo do modelo indus- trial requerido, com as legais consequências.
Sem custas.