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A IMPRENSA PEDAGÓGICA COMO POSSIBILIDADE NO FAZER HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO

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Anais da

Semana de Pedagogia da UEM

ISSN Online: 2316-9435

XXI Semana de Pedagogia

IX Encontro de Pesquisa em Educação 20 a 23 de Maio de 2014

Universidade Estadual de Maringá, 20 a 23 de maio de 2014.

A IMPRENSA PEDAGÓGICA COMO POSSIBILIDADE NO FAZER

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO

ROCHA, Ana Caroline ana_carolinerocha@hotmail.com RODRIGUES, Elaine elaineuem@hotmail.com Universidade Estadual de Maringá História e Historiografia da Educação

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como finalidade resgatar a História da Educação por meio de documentos que fazem parte dos Impressos pedagógicos. Para melhor entender este processo de construção de uma história, tomando por base a pesquisa embasada nos impressos, é preciso contextualizar e compreender como surgiu, produção e definição do que seja a Imprensa Pedagógica ou Imprensa Especializada em Educação e Ensino.

O tema escolhido está correlacionado a um PIBIC (Programa de Iniciação Científica), iniciado no ano de 2013 e orientado pela Prof° Dr° Elaine Rodrigues, que proporcionou uma gama de conhecimentos e bases teóricas para que o presente trabalho pudesse ter uma sistematização e seguimento teórico. O interesse por este tema resultou da matéria Fundamentos Filosóficos da Educação Infantil, cursada no mesmo ano da iniciação do projeto. Nesta matéria estudamos o ano de 1970, momento em que ocorrem acontecimentos importantes em nosso país (Ditadura), cursando assim a História da Educação no Brasil República. É neste mesmo contexto que surge então, nosso objeto de estudo, a Revista Currículo, que no ano de 1973 teve a sua primeira publicação.

Após a escolha deste tema e recorte temporal, sistematiza-se nosso projeto com o título: Difusão de modelos pedagógicos: esquadrinhando a Revista Currículo – ano 1 – 1973. Nossa fonte eleita, a Revista Currículo, tem como seu público alvo professores que atuavam nas instituições da época, que era descrita como o “primeiro grau”. Na forma em que a revista foi escrita e seus objetivos essenciais, nos deparamos com fortes influências da política/regime

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instaurada na época e também o que a sociedade passava com estas imposições e suas reivindicações contra este período. Portanto, compreendemos o quanto a Imprensa Pedagógica pode nos possibilitar compreender um determinado período, sempre relacionada a educação escolar, demonstrando as diretrizes propostas para as escolas, muitas vezes nos mostrar aquilo que não foi exposto pra todos, mas que ficou nas entrelinhas, ou seja, é por meio destes documentos de cunho educacional, que é oferecido materiais históricos a nós historiadores, que buscamos reconstruir o passado para também compreendê-lo.

Deste modo, entendemos que nossa pesquisa se faz importante para compreendemos nossa história, não somente a história do Brasil, mas sim relacionada a todos os grupos sociais e instituições, como a escola, que influencia mas também é influenciada pela história e pela sociedade como um todo. Para o historiador é mais do que uma pesquisa, é reconhecer dentro deste contexto o ser humano que se constrói à medida que constrói sua escola.

OBJETIVO

Compreender a Imprensa Pedagógica como possibilidade e fonte referencial na produção da História da Educação.

METODOLOGIA

Para atender ao objetivo proposto, buscamos na pesquisa Bibliográfica o suporte para a realização deste trabalho, pelo fato de ser esse tipo de pesquisa capaz de dar um embasamento teórico na construção de um trabalho acadêmico. Por assim dizer, LAKATOS a define: “A pesquisa Bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro passo para toda pesquisa científica.” (LAKATOS, 1992, pg 44). Deste modo, a pesquisa Bibliográfica nos proporcionou um embasamento teórico extenso, pois é esta a sua característica, levar o pesquisador ao encontro de novos conhecimentos e informações sobre seu tema, para que ao chegar no seu objeto de estudo ele esteja com sua bagagem teórica completa e sua pesquisa rica em materiais.

O trabalho a ser apresentado está relacionado ao Projeto de Iniciação Científica (PIBIC) com o titulo: Difusão de modelos pedagógicos: esquadrinhando as seções da Revista

Currículo – ano 1- 1973.

Usando dos termos da pesquisa Bibliográfica buscamos por meio de leituras e fichamentos, conhecimentos, informações e base teórica para a realização do mesmo.

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Portanto, é nesse movimento que o trabalho se sistematizou, buscando resultados que afirmam e nos faz compreender a relação entre Imprensa Pedagógica e o fazer Histórico da Educação.

RESULTADOS

Para a realização da pesquisa, PIBIC foram indicados autores que relacionam-se diretamente com a História da Educação meados dos anos 1970, no Brasil, sendo neste período, exatamente em 1973 o primeiro ano de circulação do periódico, a Revista Currículo que é nosso objeto de estudo. Assim nossa base teórica nos leva a um olhar específico para a história da Impressa Pedagógica, buscando compreender suas características, seu surgimento e entendê-la como fonte teórica na produção da História da Educação.

A história do nosso país em meados dos anos 1970 é marcada por várias mudanças e fatos que revelam um período de tribulações e protestos resultado de uma ditadura imposta a nossa sociedade. Após várias sucessões em nosso governo, no ano de 1973, o General Ernesto Geisel é nomeado pelas Forças Armadas como sucessor de Médici (Emílio Garrastazu) como presidente do Brasil. Seu mandato representou para a linha-dura 1 a derrota, porém para os Castelistas 2 foi um ganho.

De acordo com BÓRIS FAUSTO (1995), no governo de Geisel ocorreram algumas mudanças, como por exemplo, a criação do Colégio Eleitoral por meio da Ementa n° 1 da Constituição de 1967, para que a partir dele fossem eleitos os presidentes do Brasil. O Colégio Eleitoral era composto pelos membros do congresso e pelos delegados das Assembleias Legislativas dos estados, sendo Geisel o primeiro presidente eleito por eles. FAUSTO (1995) ainda define a economia no período da presidência de Geisel marcada por crises no petróleo, altas e baixas na inflação, contraindo assim ao seu mandato divergências de outros poderes, destravando assim protestos e movimentos sociais, como por exemplo, os movimentos operários que neste momento ressurgiu agindo de forma independente do estado. Foi dentro deste contexto em 1973, que a Revista Currículo teve sua primeira publicação, a mesma direcionada para professores que atuavam nas escolas da época.

Caracterizando a Imprensa Pedagógica como uma estância voltada às especificidades da educação, segue-se o propósito de defini-la como uma proposta de comunicação e troca de informações entre os professores e participantes dos trabalhos escolares, de forma que possam

1

A linha-dura se opunhavam à abertura do regime (governo de Gaisel), suas lutas eram para a permanência da ditadura, das repressões e por mais espaço dentro do governo.

2

Os Catelistas eram aliados ao primeiro presidente Camilo Castelo Branco, seu objetivo era instaurar a Democracia restrita.

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por meio dela buscar resultados e maneiras de mudar a realidade, ou tão somente auxiliar nas propostas de conteúdos e atividades. Os Impressos Pedagógicos englobam todos os meios de comunicação especializada na educação, ou seja, desde os livros didáticos usados dentro da sala de aula, até às revistas, jornais, manuais, divulgações, utilizados como meio de comunicação pelos professores e comunidade escolar.

Estudos e pesquisas realizadas com base em documentos que fazem parte dos Impressos Pedagógicos (revistas, livros, jornais) estão cada vez mais presentes e ocorrem de forma abrangente em relação a história da educação por ser uma fonte expansiva.

BICCAS (2008) retrata que este processo de formalização e procura da Imprensa por historiadores, teve um grande avanço no período dos anos 60 e 70, porém, em outros contextos houve uma recaída na procura desses impressos, ou seja, ao mesmo tempo da grande procura dessas fontes, as mesmas obteve, mesmo que por um momento, uma queda pelo fato de serem discutíveis no sentido de obter várias concepções e opiniões de diversos protagonistas, além de colocar o historiador na posição de questionar os fatos ocorridos na criação destes impressos. A Imprensa Pedagógica ainda possibilita aos historiadores da educação, fazerem parte da história de modo que a comente, registre e problematize-a

Os impressos pedagógicos têm sido tomados pelos historiadores da educação a partir de uma dupla dimensão, como fonte e como objeto de pesquisa. Neste sentido, impressos, como por exemplo, as revistas educacionais, têm sido analisadas em sua materialidade, como suporte de texto; os próprios textos que nelas são veiculados, e a sua apropriação nas práticas. Nesse último aspecto, enfoca-se o discurso produzido a partir dos sentidos e deslocamentos provocados pelo ato da leitura, no qual a forma do impresso e a forma que o texto nele assume exercem uma função fundamental. (BICCAS, 2008, pg 156)

No Brasil constatamos que os Impressos Pedagógicos carregam em si toda uma história da sociedade, da economia e da educação pelo contexto em que fora criado. Assim nosso país ainda não tem uma bagagem documental para oferecer aos historiadores, tanto pelo fato histórico e pela falta de organização. De acordo com BICCAS (2008) a Europa tem uma grande tradição nos estudos relacionados a Impressos, os que destacam neste grupo são: França, Bélgica e Portugal. Para que o Brasil possa ter acervos que proporcionará aos

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historiadores acesso à fontes documentais, é necessário uma organização que sistematize, localize e identifique todas as fontes de maneira rápida.

Dentro das inúmeras possibilidades que a Imprensa Pedagógica, a revista como fonte nos proporciona, um acervo de conteúdos históricos que o livro em si não oferece, pois, a sua forma de escrita não possibilita transcrever falas e fatos do cotidiano, que representam ideias, concepções e experiências de um determinado grupo social, este no caso definido pelos professores, pois os impressos de cunho pedagógico transcrevem o que está posto nas escolas em determinado período , influências trazidas da sociedade, política e economia.

Deste modo, o historiador dentro dos objetivos que a Imprensa Pedagógica propunha a ele é o sujeito que partindo dos seus objetos documentais irá recriar o passado construindo a história da educação, sendo assim, os impressos dão esta base por estarem neles contidos os fatos, conteúdos, realidades e ideias de uma determinada época ou lugar que envolvem toda a comunidade escolar e até mesmo os contextos sociais e politicas que determinam os rumos da educação.

Definida uma fonte documental há algumas considerações que o historiador deve fazer sobre seu objeto documental. Esta relação criada entre historiador/pesquisador deve ser uma relação de trocas de conteúdos históricos, digo no sentido de que o historiador irá decifrar a partir de seu referencial, por meio de perguntas o que ocorreu no passado interpretando-o de sua maneira, fazendo de sua produção uma inter-relação dos dois mundos paralelos (passado e presente) construídos nessa relação de troca.

Diante dessa definição partindo de seu documento referencial, é possível trabalhar com impressos de maneira que a partir deles um historiador construa a história da educação. Para a definição de documento, BLOCH (2001), diz que este se manifesta como “vestígios” de um passado que não se modifica, mas se sistematiza através deles, cabe assim ao historiador o interrogá-lo: “... mesmo o mais claro e complacente dos documentos não fala senão quando se sabe interrogá-lo. É a pergunta que fazemos que condicione a análise e, no limite, eleva ou diminui a importância de um texto retirado de um momento afastado.” (BLOCH, 2001, pg. 8)

A palavra história dentro de vários contextos toma formas e significados diferentes. Em uma visão tradicionalista história significa um estudo que conserva em si os seres humanos, fatos que os cercam, preferências, política, crises, sociedade, valores, assim como sua etimologia a descreve história como pesquisa, aquela que busca recriar no presente fatos do passado. Portanto a Imprensa Pedagógica é o que nos da base para a construção da história e cabe ao historiador reinventar seus métodos para a construção do passado.

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Para os historiadores o trabalho com os Impressos Pedagógicos não é uma novidade, mas estão cada vez mais presentes em seus estudos. Dentro desta informação o Projeto de Iniciação Científica que resultou neste trabalho faz parte de uma linha de estudo que busca por meio de documentos pedagógicos recriarem a história da educação. O grupo que faz este trabalho, HEDUCULTES, orientado pela Por° Dr° Elaine Rodrigues, já obteve muitos resultados com publicações, defesas de dissertações e TCC’s.

O grupo HEDUCULTES definido como Grupo de Pesquisa em História da Educação Brasileira, Instituições e Cultura Escolar, tem a finalidade de pesquisar a cultura escolar no Brasil, partindo dos pressupostos da Imprensa Pedagógica, discutindo os conceitos, fontes e objetos que fundamentam a História da Educação de nosso país. O grupo segue a linha História e Historiografia da Educação que se mantém por meio do Programa de Pós Graduação da nossa Universidade Estadual de Maringá.

Os trabalhos publicados em consonância com este grupo de estudos e pesquisas, tem como base a História da Educação usando como fonte de estudos a Imprensa Pedagógica. Os trabalhos defendidos foram: O conceito de educação em circulação no guia da educação- Educar para crescer ( 2009-2011) de Ana Paula da Cruz Rodrigues ( 2012), com o objetivo de “identificar e interpretar por meio do Guia da educação- Educar para Crescer, o conceito de educar, usando das seções do periódico”; A revista Brasileira de Educação: Apropriações do discurso acerca dos temas da infância e da história da infância (1995-2010) de Michele Juliana de Carli Anselmo da Silva (2012) tem o objetivo de “mapear elementos que compõem as seções da revista e identificar de que forma a infância é retratada pelos artigos selecionados a partir da revista”; A Imprensa Pedagógica como tema e objeto para a história da educação paranaense: Jornal Escola Aberta (1986-1988) de Edilene Cunha Martinez (2009), seu objetivo é “investigar a história da educação no Paraná na década de 1980, por meio de um periódico o Jornal Escola Aberta”; A Imprensa Pedagógica como fonte e objeto para uma escrita da história da educação: em destaque a prática pedagógica sugerida ao professor de educação infantil pela Revista Criança (1996-2006) autoria de Wanessa Gorri de Oliveira (2011), seu objetivo,“ investigar e analisar o periódico como fonte de pesquisa e objeto de estudo”

Em todos os trabalhos produzidos verificamos que o Impresso Pedagógico serviu de base documental para o historiador da educação, é nele que encontramos todas as informações possíveis para a produção e interpretação de uma história, de uma sociedade, e principalmente para decifrar como se materializa a educação do homem no decorrer dos tempos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Imprensa Pedagógica, documento histórico da educação nos proporciona um reconhecimento do que foi a escola e a sociedade em geral em determinado tempo e lugar.

Reconhecemos que o impresso também representa a sociedade em que se materializou, como por exemplo, nossa fonte de pesquisa que é a Revista Currículo que nos traz fatos do cotidiano escolar de uma época de Ditadura em nosso país, esta marcada por muitas manifestações, represálias, violência, que de certo modo influenciou a educação da época que teve suas proibições quanto a livros, conteúdos, métodos e conhecimentos a serem ensinados, fazendo com que o professor também sofresse represálias do Regime Militar sofrida no momento. Além disso, a Imprensa pedagógica nos fornece também uma gama de informações de como a escola se organizou ao longo do tempo, atentando a suas diretrizes, conteúdos, sua institucionalização e métodos. Além de proporcionar um reconhecimento daqueles que fizeram parte da construção da escola, professores e comunidade e alunos. Nesta concepção o impresso ajuda na construção de uma relação social entre os participantes da história educacional, pois por meio dele é possível a troca de informações, realidade de uma escola e outra, estabelecendo uma relação de troca de conhecimentos e ideias importantes para o fazer histórico da educação.

Cabe a nós historiadores da educação buscar nos impressos a representação social da educação, mas se faz importante também procurar, para além dos impressos, essa representação para que assim construa variáveis formas de entender seu objeto de estudo.

REFERÊNCIAS

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Universidade Estadual de Maringá, 20 a 23 de maio de 2014.

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 2001.

BICCAS, Maurilane de Souza. O Impresso como Estratégia de Formação: Revista do

Ensino de Minas Gerais (1925-1940). 1.ed. Belo Horizonte, MG.Argvmentvm, 2008.

LAKATOS, Maria Eva. MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia do trabalho

Referências

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