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Amanda de Melo Franco Abrahão Bruno Hubner de Souza Johnata Italo Tomaz de Oliveira Josiane Rayane Lima De Souza Lais Braga de Assis RESUMO

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EVIDENCIAÇÃO E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES

FINANCEIRAS DA PETRÓLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS)

SOB A ÓTICA DA CONTABILIDADE PREVIDENCIÁRIA (CPC33),

ANÁLISE DE CUSTOS (CPC 16) E CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA

(ATIVO FISCAL DIFERIDO).

Amanda de Melo Franco Abrahão Bruno Hubner de Souza Johnata Italo Tomaz de Oliveira Josiane Rayane Lima De Souza Lais Braga de Assis

RESUMO

As demonstrações contábeis/financeiras são muito importantes para que os seus usuários, sendo eles: acionistas, investidores, fornecedores, financiadores e interessados, saibam a situação patrimonial e o resultado da empresa com a qual se relaciona. O presente trabalho teve como objetivo a análise das demonstrações da Petrobras, divulgadas no relatório anual 2017, para a compreensão do detalhamento dos conteúdos referentes aos CPC 16, 32 e 33. O estudo, quanto à metodologia, compreende uma pesquisa exploratória; uma pesquisa bibliográfica, buscando orientações legais e científicas sobre contabilidade previdenciária, análise de custos e contabilidade tributária, no que se refere às demonstrações contábeis publicadas; é qualitativa em relação à análise dos dados, visando entender as diferenciações e especificidades nos registros da divulgação das demonstrações aos usuários da contabilidade, comparando as notas explicativas com os pronunciamentos dos CPC’s.

Palavras-chaves: Contabilidade. Demonstração. Previdêcniária. Custos. Tributária. ABSTRACT

The accounting / financial are very important for its users, being: shareholders, investors, suppliers, financiers and stakeholder, know a financial situation and the result of the company

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2 with a quality is related. The present work has published an analysis of the financial statements of Petrobas, published in 2017, in order to facilitate the understanding of CPCs 16, 32 and 33. The study, regarding the methodology, is an exploratory research; a bibliographic consultation, a legal and economic consultation on the previous accounting, a cost analysis and a tax accounting; It is qualitative in relation to the data analysis, aiming at the understanding and specificity of the records of disclosure of the same to the accounting, comparing the explanatory notes with the CPC's pronouncements.

Key-words: Accounting. Demonstration. Social Security. Costs. Tax.

1. INTRODUÇÃO

As demonstrações contábeis, visam fornecer informações sobre ocorrência financeira e patrimonial da entidade, o resultado e o fluxo financeiro aos sócios, administradores da empresa, fornecedores, instituições financeiras, entre outros usuários. Essas demonstrações são relatórios que informam a situação de um determinado período para a tomada de decisão, sendo imprescindível a veracidade dos dados divulgados anualmente, demonstrando a real “saúde” da organização.

Nos últimos exercícios, houve uma expansão e evolução da contabilidade previdenciária, necessidade de maior atenção e exposição das normas internacionais de contabilidade sobre o tema. Apesar desta evolução, trata-se de um tema complexo, em que os profissionais de auditoria, contabilidade e atuária se aperfeiçoam constantemente para obter maior compreensão e realizar procedimentos de qualidade nas entidades. No cenário nacional, dois temas elevam a preocupação dos empresários e profissionais da área: a convergência às normas internacionais, através dos postulados e disposições expostas por órgãos como o FASB (Financial Accounting Standards Board), IASB (International Accounting Standards Board), PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board), entre outros, através dos IFRS (International Financial Reporting Standards), ISA (International Standards on Auditing) e outras disposições, e a Reforma Previdenciária, em estudo pelos membros do Congresso Nacional que modifica a legislação previdenciária, de forma impactante no cenário social e empresarial.

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3 A realidade econômica do país tem obrigado a entidade a gerir melhor sobre seu negócio e se atentar mais aos detalhes técnicos de uma boa gestão. A contabilidade e a gestão de custos têm diversas finalidades, entre elas, a análise de rentabilidade, o controle de gastos e a fixação do preço de venda, sem os quais a empresa pode não alcançar o sucesso almejado. Esses custos podem estar centralizados em uma mesma base, que será distribuída no cálculo de cada produto, já nascer setorizada ou ser uma estrutura híbrida, que mescla números do centro de cálculos com custos de cada produto.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Contabilidade Previdenciária: Análise do CPC 33 (R1) e do Disclosure

das Demonstrações Financeiras.

O CPC 33, emitido em 2009 pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis tem o objetivo de tratar da contabilização e divulgação dos benefícios concedidos aos empregados, adaptando à realidade do cenário nacional e alinhando com a IAS 19 (IASB) (MARTINS et. al, 2013). O reconhecimento básico consiste na contabilização de um Passivo, quando o empregado presta o serviço em troca dos benefícios a serem pagos futuramente e de uma despesa, quando a empresa se utiliza do benefício econômico proveniente do serviço recebido. Cabe ressaltar que este CPC não abrange os Fundos de Pensão nem os Pagamentos Baseados em Ações e as informações contábeis sobre ambos estão dispostas no CPC 49 e CPC 10, respectivamente. Os benefícios a empregados abrangidos neste CPC podem ser proporcionados por: planos de acordo formais entre a entidade e os empregados individuais, grupos de empregados ou seus representantes; disposições legais, ou acordos setoriais, pelos quais se exige que as entidades contribuam para planos nacionais, estatais, setoriais ou outros; ou práticas informais que deem origem a uma obrigação construtiva, conforme CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC, 2012).

Os benefícios incluídos podem ser classificados em: curto prazo, aqueles que se espera que sejam integralmente liquidados em até doze meses após o período das demonstrações contábeis, como salários, ordenados, contribuições para a seguridade social, licenças anuais ou médicas remuneradas, participação nos lucros, bônus, benefícios não monetários; pós-emprego,

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4 como aposentadoria, seguro de vida e assistência médica pós-emprego; longo prazo, como ausências remuneradas de longo prazo, jubileu e benefícios por invalidez de longo prazo; e benefícios rescisórios. Os benefícios a empregados podem ser definidos como valores pagos aos seus colaboradores, fruto de um serviço prestado ou de rescisão de contrato de trabalho (CPC, 2012).

A partir destes benefícios integralmente definidos, surge a constituição de planos para organização dos benefícios. Os planos são classificados em: planos de benefícios pós-emprego (acordos em que a companhia se compromete a desembolsar benefícios pós-emprego aos seus colaboradores), planos de contribuição definida (a contribuição paga pela entidade é fixa, sem obrigação do pagamento de contribuições adicionais se o fundo não for líquido quando for necessário o pagamento dos benefícios), planos de benefício definido (planos de benefícios pós-emprego que não se enquadrem na definição de contribuição definida) e planos multiempregadores (planos de contribuição definida com Ativos de várias entidades patrocinadoras e que pagam os benefícios dos empregados de várias companhias).

Os conceitos expostos são necessários para entendimento prévio dos temas que serão tratados nas demonstrações financeiras da companhia Petróleo Brasileiro S/A (PETROBAS), empresa de economia mista com controle majoritário do Governo Federal, mas com montantes significAtivos de ações no mercado interno e externo, sendo considerada uma das maiores empresas do Brasil e uma das mais importantes e reconhecidas entidades brasileiras no mercado internacional. Apesar disso, nos últimos anos foi destaque negAtivo na mídia e no cenário econômico, fruto de operações policiais que desvendaram um esquema complexo de pagamento de propinas e envolvimento de pessoas politicamente expostas e seus partidos, ocasionando uma queda drástica no valor de mercado, na confiança dos investidores e na credibilidade.

2.1.1. Análise das Demonstrações Financeiras da Petrobras: Observação das Abcotd’s (Account Balances, Class Of Transactions e Disclosures).

A companhia divulga várias demonstrações, conforme exigido pela legislação societária e disposições da CVM para atender os interesses dos stakeholders e proporcionar transparência através das notas explicativas. Porém, para concentrar os conceitos e simplificar o entendimento,

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5 o foco da análise será o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e as notas explicativas que abrangem o tema dos benefícios concedidos a empregados.

O Balanço Patrimonial da Petrobras apresenta a distribuição dos benefícios concedidos aos empregados, de maneira sintética, destacando duas contas: 1) Salários, férias, encargos e participações; e 2) Planos de pensão e saúde (circulante e não circulante). Então, pode-se verificar através de análise vertical a relevância destas contas na composição patrimonial da companhia, onde os Planos de Pensão e Saúde possuem pouca representatividade na categoria circulante e muita representatividade na categoria não circulante, devido à natureza dos pagamentos (longo prazo). Em números, os Planos de Pensão e Saúde representam 3,38% do Passivo circulante (R$ 2,79 bilhões) e 14,48% do Passivo Não Circulante (R$ 69,42 bilhões), sendo que os valores totais destes benefícios representam 12,85% do total do Passivo (R$ 72,21 bilhões). Os salários, férias, encargos e participações também são definidos pelo CPC 33 e, devido à sua alta rotatividade e transição dentro das rubricas contábeis mensalmente, representa um saldo pouco representAtivo, mas não significa que os montantes pagos para os empregados são baixos. Ao contrário disso, geralmente em muitas companhias, as despesas com folha e encargos para empregados são as maiores preocupações e fontes para reduzir custos pelos gestores. A rubrica representa 5,25% do Passivo Circulante e 0,77% do Passivo Total (R$ 4,33 bilhões) e confirmando a redução de custos citada, representa uma redução no saldo da rubrica em 39,50% em comparação ao período anterior (2016).

Na análise da Demonstração de Resultados do Exercício, no grupo Outras Despesas Líquidas, também atendem as definições do CPC 33. Os planos de pensão e saúde (inAtivos) e a participação nos lucros e resultados representam o montante de R$ 6,60 bilhões, 36,74% do saldo da conta Outras Despesas Líquidas.

A nota explicativa 22 explicita a distribuição dos Passivos, divididos em Planos de Pensão Petros e Petros 2, Plano de Saúde AMS e Outros Planos. A Petros – Fundação Petrobras de Seguridade Social não possui fins lucrativos e é responsável pela gestão dos planos de previdência complementar e dos riscos atrelados à liquidez ao resultado destes planos. O Plano Petros é um plano de previdência de benefício definido, instituído em 1970, com objetivo de complementação dos benefícios conciliados às contribuições pagas compulsoriamente para a

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6 Previdência Social. Este plano possui um Termo de Compromisso Financeiro assinado entre a Petrobras e a Fundação para cobertura de obrigações do plano, com incidência de juros semestrais. O Plano Petros 2 foi fundado no ano de 2007 na modalidade de contribuição variável e possui direcionamento para empregados de companhias controladas pela Petrobras e está aberto para novas adesões.

A Petros possui um relevante papel na gestão dos benefícios dos funcionários, mas no último período apresentou déficit no plano, sendo necessária a criação de um Plano para Equacionamento do Déficit (PPSP), em 2017, para buscar soluções e reverter o déficit de R$ 26,7 bilhões no exercício de 2016 (déficit que aumentou R$ 4,1 bilhões se comparado ao exercício de 2015). O gerenciamento e aplicação do PPSP, assim como os cálculos e previsões são realizados por atuário independente em conjunto com a fundação e a Petrobras. Para executar o plano, algumas medidas foram adotadas, como por exemplo, o desembolso de contribuições extras pelos contribuintes e pela entidade patrocinadora que iniciaram em março de 2018. Posteriormente, houve uma cisão do PPSP, aprovada pela PREVIC em 2018, constituindo uma segregação do plano baseado nas escolhas dos funcionários em relação à correção dos seus benefícios. Os funcionários que optaram pela correção dos benefícios pela inflação foram classificados na categoria PPSP – Repactuados; e os funcionários que decidiram manter o modo anterior, baseado nos reajustes do salário, foram classificados na categoria PPSP – Não Repactuados.

Na distribuição de valores, há um valor de R$ 35,48 bilhões registrado em seu Passivo referente ao Plano Petros (correspondente a 49,14% do saldo dos benefícios pós-emprego) e de R$ 861 milhões, correspondente ao Plano Petros 2 (1,19% do saldo). O restante está distribuído, em sua maior, parte ao Plano de Saúde MAS, no montante de R$ 35,73 bilhões (49,48%), e a Outros Planos R$ 132 milhões. Além dessa divisão dos planos, a distribuição dos saldos em relação aos prazos para pagamento dos benefícios representa maior proporção para pagamento após 12 meses da data das demonstrações financeiras (Não Circulante, 96,13%) e o restante para pagamento em até 12 meses posteriores à data das demonstrações (Circulante, 3,87%). Essa observação ressalta a importância da efetuação de provisões, cálculos atuariais consistentes e gestão bem estruturada, com foco no longo prazo, buscando boa rentabilidade e garantia de pagamento aos contribuintes.

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2.1.2. Composição dos Ativos dos planos de pensão

O conservadorismo no cenário nacional está presente em todos os setores, devido às incertezas do mercado (rentabilidades, investimentos, taxa de juros, variações das aplicações financeiras) e a gestão dos planos de pensão corrobora com o conservadorismo, buscando reduzir o risco da carteira de investimentos e observar retornos no longo prazo. Os gestores do Plano Petros elaboraram uma política de investimentos que observa períodos de investimentos para 5 anos e um método denominado ALM (Asset and Liability Management), que considera o horizonte de 30 anos. Essa política denomina que, entre 2018 e 2022, a distribuição da carteira de investimentos do Plano Petros será: 45% a 75% em renda fixa, 10% a 35% em renda variável, 4% a 8% em imóveis, 2% a 8% em empréstimos a participantes e 0% a 5% em investimentos estruturados; porém as políticas são revistas anualmente. Para o Plano Petros 2, a composição de renda fixa é maior (transitando entre 65% a 90% dos Ativos) e uma menor composição em renda variável (transitando entre 5% e 20% dos Ativos), devido aos riscos inerentes.

Na composição dos investimentos de renda fixa há maior preferência por títulos públicos (R$ 19,62 bilhões) por serem cotados em mercado ativo, representando 38,72% dos ativos do plano e 85,04% dos ativos investidos em renda fixa. Os preços que não são cotados no mercado ativo recebem uma avaliação pelo valor justo para equacionar expectativa realista aos ativos dos planos. Em renda variável, o maior volume de ativos está destinado às ações a vista (R$ 14,64 bilhões), composta em 96,48% dos ativos de renda variável e 28,90% dos ativos totais. O restante dos investimentos está dividido entre fundos de private equity (capital privado), fundos de venture capital (capital de risco), fundos imobiliários, imóveis e empréstimos a participantes. Na análise da composição percebe-se uma possibilidade de maior exploração para atendimento à política instituída, onde o mínimo para renda fixa é 45%, e atualmente, a companhia possui cerca de 39% investido nessa modalidade de investimento. A diferença entre as duas porcentagens poderia ter um retorno maior e mais seguro para a companhia; porém a modalidade de renda variável atende perfeitamente o que foi estabelecido na política principal de composição dos investimentos do plano de pensão.

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8 A Petrobras mantém um plano de assistência médica que cobre todos os colaboradores do Brasil e seus dependentes, onde a própria companhia gerencia os ativos do plano e estabelece estratégias para mitigar os riscos derivados do maior consumo pelos usuários, modernização das tecnologias médicas (procedimentos que custam mais caro) e inclusão de coberturas para novos procedimentos. Mensalmente, os empregados colaboram com uma parcela mensal pré-definida para o plano, gerando uma participação total do plano de 70% dos ativos pagos pela companhia e 30% dos ativos pagos pelos beneficiários. O Passivo atuarial, no final do exercício de 2017, correspondia a 22,08 anos de duração média.

2.1.4. Participação nos lucros e resultados

A companhia estabeleceu a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), observando a legislação trabalhista vigente e as disposições legais estabelecidas pelos Ministérios e Secretarias que acompanham e supervisionam as atividades que são objeto social da companhia, distribuindo parte do seu lucro líquido para seus colaboradores. Os cálculos para definição dos valores que serão distribuídos baseiam-se em seis indicadores definidos pela Diretoria Executiva: limite de volume de petróleo e derivados vazado; custo unitário de extração sem participação governamental-Brasil; produção de óleo e LGN-Brasil; carga-fresca-processada-Brasil; eficiência das operações com navio; e atendimento à programação de entrega de gás natural. Atingir as metas estabelecidas nos indicadores contribui para crescimento do valor a ser distribuído, e caso a companhia não apure lucro, o valor pago aos contribuintes representará metade do salário a que tem direito.

2.2. Análise de custos: Análise do CPC 16 (R1).

2.2.1. Estoque

O CPC 16, IAS 2 tem como objetivo estabelecer o tratamento contábil para os estoques, sendo assim, ele mostra como deve ser calculado o valor de custo do estoque, o reconhecimento de sua despesa e possíveis reduções do valor realizável líquido. O pronunciamento é válido para todos os tipos de estoque, exceto instrumentos financeiros; Ativos biológicos relacionados a atividade e produto agrícola; e comerciantes de commodities que tenham o estoque calculado pelo valor justo deduzido do custo de venda. Sendo assim, verifica-se que o CPC 16 se aplica à

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9 Petrobras, tendo em vista que as commodities referidas nas exceções são relativas apenas à comercialização, ou seja, compra e venda dos produtos, não sendo o caso da empresa em análise, uma vez que seus produtos são provenientes de exploração e produção.

De acordo com o pronunciamento, “estoques são ativos: (a) mantidos para venda no curso normal dos negócios; (b) em processo de produção para venda; ou (c) na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo de produção ou na prestação de serviços.” As notas explicativas das Demonstrações Contábeis da Petrobras nos indicam quais são os produtos que compõem seu estoque, conforme quadro a seguir:

Fonte: Demonstrações Contábeis Petrobras. (pag. 39).

Além dos produtos, as demonstrações também possuem informações sobre a forma como cada um deles é comercializada, sendo o petróleo e o gás natural comercializados em estado bruto, utilizados no processo de produção dos derivados ou para gerar energia. Já os intermediários são compostos por produtos que não estão mais em estado bruto, mas também não estão prontos para comercialização, ou seja, ainda passarão por algum tipo de tratamento. Os biocombustíveis são compostos por etanol e biodiesel prontos para comercialização.

Sendo assim, a definição de estoque utilizada pela Petrobras se encontra de acordo com o que determina o referido pronunciamento.

O pronunciamento, dita que os estoques “devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois o menor.” Ao analisar as demonstrações da Petrobras, foi verificado, a partir da nota explicativa 4.4 que seus estoques “são mensurados pelo seu custo médio ponderado de aquisição ou de produção [...] e são ajustados ao seu valor de realização

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10 líquido, quando este for inferior ao valor contábil.” Sendo assim, a mensuração do valor dos estoques da Petrobras é realizada segundo o CPC 16.

O CPC 16 define valor realizável líquido como “o preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se concretizar a venda”. De acordo com a nota explicativa 4.4 das demonstrações contábeis da Petrobras, a forma como se mensurou esse valor foi “o preço de venda estimado no curso normal dos negócios, menos os custos estimados de conclusão e aqueles necessários para a realização da venda.” Ou seja, neste ponto, a Petrobras cumpriu exatamente o que é colocado como valor realizável líquido, estando em consonância com as normas.

2.2.2. Preços de vendas às distribuidoras

No Balanço Patrimonial Consolidado, os produtos das entidades controladas, controladas em conjunto e subsidiárias estão incluídos nos Estoques. Neste artigo, entretanto, a análise de política de formação de preços praticada se dará apenas sobre os Estoques da controladora, a Petrobras. Portanto, produtos, como lubrificantes, biocombustíveis, solventes, etc., não farão parte desta análise. Logo, o estudo a seguir fará referência aos preços de outros produtos derivados de petróleo, como gasolina, diesel, GLP1 residencial, GLP industrial e comercial.

Como visto anteriormente, os estoques são mensurados pelo seu custo médio ponderado de aquisição ou de produção. Os derivados de petróleo, que compõem esses estoques, são commodities, isto é, produtos com pouca ou nenhuma diferenciação, produzidos em larga escala e negociados internacionalmente. A política de formação de preços da gasolina e do diesel funciona da seguinte forma: em mercados abertos2, os preços dessas commodities são formados a partir de seu custo de oportunidade (valor do produto no mercado internacional) e da avaliação dos preços dos seus principais concorrentes, chegando-se a um preço competitivo como referência, chamado Preço de Paridade de Importação (PPI). O PPI representa a alternativa de suprimento mais econômica para o mercado, a importação, e inclui custos como frete de navios,

1Gás Liquefeito de Petróleo (GLP).

2O mercado de derivados do petróleo, no Brasil, hoje é regulamentado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e

pela Lei Federal 9.478/97 (Lei do Petróleo). Esta lei flexibilizou o monopólio do setor petrolífero e gás natural, até então exercido pela Petrobras, tornando aberto o mercado de combustíveis no país.

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11 custos internos de transporte e taxas portuárias. Segundo a Petrobras3, “a paridade é necessária porque o mercado brasileiro de combustíveis é aberto à livre concorrência, dando às distribuidoras a alternativa de importar os produtos”. Além disso, o PPI pode sofrer ajustes (manutenção, redução ou aumento) em relação ao mercado internacional, pelo menos uma vez por mês. É possível entender essa dinâmica dos preços do mercado nacional e internacional ao ler a Nota Explicativa nº 24, das Demonstrações Financeiras de 2017, a qual faz referência ao aumento da receita de vendas, em relação ao ano anterior, devido ao crescimento da receita no mercado externo, influenciado pela entrada de importadores no mercado doméstico (ou seja, maior concorrência) e da elevação das cotações internacionais. Por fim, para chegar ao preço dos derivados vendidos às distribuidoras, acrescenta-se ao PPI: 1) margem da competitividade dos produtos da Petrobras; 2) margem dos riscos (como volatilidade do câmbio e dos preços do petróleo e derivados, atrasos, perda da especificação de qualidade); 3) e os tributos (CIDE, PIS, COFINS e ICMS).

Quanto ao GLP residencial, este pode ser comercializado em botijões de 13 quilos e seu preço de venda é formado pela média das cotações dos gases butano e do propano no mercado europeu, acrescida de uma margem de 5%. Os reajustes, neste caso, passaram a ser trimestrais desde janeiro de 2018.

Por fim, a política de preços para o GLP de uso industrial e comercial vendido nas refinarias às distribuidoras tem como base o preço de paridade de importação (PPI), assim como os preços da gasolina e do diesel. Todavia, se seu preço for comparado com o do gás residencial, este é menor que o preço do GLP para uso industrial e comercial, conforme resolução do Conselho Nacional de Política Energética, que reconhece esta prática como de interesse da política energética nacional.

3 PETROBRAS. Política de preços para a gasolina e o diesel. Disponível em:

<http://www.petrobras.com.br/pt/produtos-e-servicos/composicao-de-precos-de-venda-as-distribuidoras/gasolina-e-diesel/>. Acesso em: 20 out. 2018.

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2.3. Contabilidade tributária: Ativos fiscais diferidos

Este tema passou a ser normatizado pelo CPC 32 - Tributos Sobre o Lucro, que tem o objetivo estabelecer o tratamento contábil para os tributos sobre o lucro e demonstrar a forma de contabilização dos efeitos fiscais atuais e futuros (CPC, 2009).

Os ativos fiscais diferidos dizem respeito aos valores a recuperar em períodos futuros, referentes a Imposto de Renda e também a Contribuição Social, observando duas situações:

• diferenças temporárias dedutíveis;

• e compensação futura de prejuízos fiscais não utilizados.

Essas diferenças temporárias resultam devido à diferença observada na base fiscal, e a apresentada no Balanço Patrimonial. Esse reconhecimento é feito na medida em que seja considerado provável a existência de lucro tributável para a compensação de tais diferenças. Ou seja, uma empresa reconhecerá um ativo diferido quando o tributo corrente for maior que o tributo sobre o resultado contábil.

A reversão das diferenças temporárias dedutíveis resulta em deduções para determinar os lucros tributáveis em períodos futuros. Entretanto, os benefícios econômicos na forma de reduções em pagamentos de tributos fluirão para a entidade somente se ela obtiver lucros tributáveis suficientes contra os quais as deduções possam ser compensadas. Portanto, a entidade deve reconhecer os Ativos fiscais diferidos somente quando for provável que venham a estar disponíveis lucros tributáveis contra os quais as diferenças temporárias dedutíveis possam ser utilizadas. (CPC, 2009)

2.3.1. Análise das demonstrações financeiras da PETROBRAS: observação dos Ativos fiscais diferidos

O Balanço Patrimonial da Petrobras apresenta os valores de Imposto de Renda e Contribuição Social diferidos no grupo do Ativo Não Circulante. Na controladora, em 2016, o saldo era de R$ 4.873 milhões e todo o valor foi recuperado, já que ao final de 2017 o saldo da conta estava zerado.

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13 Já no Balanço Consolidado, o saldo, ao final de 2016, era de R$ 14.038 milhões, e, ao final de 2017, apresentava o valor de R$ 11.373 milhões. A explicação da composição destes valores está na nota explicativa 21.5, a qual apresentas uma tabela demonstrando a movimentação do Imposto de Renda e da Contribuição Social diferidos. Nesta tabela, é possível ver os valores reconhecidos no período, os ajustes e todas as informações sobre a composição do saldo do imposto diferido do período.

A imagem 1 abaixo mostra a projeção da realização dos Ativos e Passivos fiscais diferidos, que, conforme nota explicativa, serão realizados na proporção da realização de provisões e da resolução final dos eventos futuros.

Imagem 1 - Realização do imposto de renda e da contribuição social diferidos

Fonte: Demonstrações financeiras 2017 Petrobras, pagina 85.

3. METODOLOGIA

Para elaboração deste artigo realizamos pesquisas bibliográficas em periódico e livros publicados sobre métodos e técnicas de pesquisa, para elaboração e formatação nos padrões divulgados pela PUC MINAS; em livros sobre Contabilidade e Análise de Balanços para fundamentação conceitual, teórica e histórica; artigos científicos sobre contabilidade; pronunciamentos contábeis para análise; e relatórios divulgados pela organização.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a origem do CPC 33, designou-se um procedimento para evidenciar os usuários da contabilidade, através das notas explicativas perdas/ ganhos e riscos com benefícios a empregados, dados importantes, que muitas vezes ficavam escondidos nas demonstrações e não eram divulgados em notas, o que mascarava, às vezes, um passivo oculto.

Ao comparar o CPC 16 às demonstrações contábeis da Petrobras, no que tange à definição e mensuração dos estoques, verifica-se que há um rígido seguimento do pronunciamento, o que pode ser observado com maior clareza nas notas explicativas, nas quais inclusive as definições divulgadas estão muito semelhantes ao prescrito no CPC.

O CPC 32 aborda sobre os registros de Passivos e Ativos correntes e diferidos, pertinentes à incidência de tributos sobre o lucro e exige a importância do reconhecimento de Ativo fiscal diferido decorrente de altercações provisórias dedutíveis ou prejuízos fiscais e créditos de tributos a compensar. O pronunciamento dita a condição desse reconhecimento à plausível existência de lucro tributável contra o qual a diferença temporária dedutível ou o prejuízo a compensar possam ser utilizados. Diferenças temporárias são diferenças entre o valor contábil de um Ativo ou Passivo no balanço e sua base fiscal.

5. REFERÊNCIAS

CÂMARA DOS DEPUTADOS COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO URBANO E COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA. Precificação de gasolina e diesel. Brasília: 2017. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-

permanentes/cdu/audiencias-publicas/audiencias-publicas-2017/47-audiencia-publica/Petrobras%20Precos%20Combustivesis%20-%20Audiencia%20Publica%20- %202017%2012%2013%20-%20v3.pdf/view> Acesso em: 20 out. 2018.

CHAN, Betty Lilian; SILVA, Fabiana Lopes da; MARTINS, Gilberto de Andrade. Fundamentos da previdência complementar: da atuária à contabilidade. 2. Ed. São Paulo, SP: Atlas, 2009.

Comitê de Pronunciamentos Contábeis. – CPC 32 (2009). Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/340_CPC_32_rev%2012.pdf>. Acesso em: 16 de outubro de 2018.

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15 PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de contabilidade tributária. São Paulo, SP: Atlas, 2017.

PETROBRAS. Nova política de precificação de diesel e gasolina. 2016. Disponível em: <http://www.investidorpetrobras.com.br/download/4444> Acesso em: 20 out. 2018.

PETROBRAS. Política de preços para a gasolina e o diesel. Disponível em:

<http://www.petrobras.com.br/pt/produtos-e-servicos/composicao-de-precos-de-venda-as-distribuidoras/gasolina-e-diesel/>. Acesso em: 20 out. 2018.

PETROBRAS. Política de preços para o GLP residencial. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/produtos-e-servicos/composicao-de-precos-de-venda- as-distribuidoras/glp-residencial/>. Acesso em: 20 out. 2018.

PETROBRAS. Política de preços para o GLP industrial e comercial. Disponível em:

<http://www.petrobras.com.br/pt/produtos-e-servicos/composicao-de-precos-de-venda-as-distribuidoras/glp-industrial-e-comercial/>. Acesso em: 20 out. 2018.

PETROBRAS. Demonstrações Financeiras 2017. Disponível em: <http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/relatorios-anuais/relato-integrado/demonstracoes-financeiras >. Acesso em: 20 out. 2018.

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