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A importância da implantação da lei de bairros para o planejamento e ordenamento da zona oeste de Caicó-RN

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES – CAMPUS DE CAICÓ DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DO CERES – DGC

CURSO DE GEOGRAFIA BACHARELHADO

FRANCISCO MARCIEL DE ARAÚJO

A IMPORTÂNCIA DA IMPLANTAÇÃO DA LEI DE BAIRROS PARA O PLANEJAMENTO E ORDENAMENTO DA ZONA OESTE DE CAICÓ-RN

CAICÓ-RN 2017

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FRANCISCO MARCIEL DE ARAÚJO

A IMPORTÂNCIA DA IMPLANTAÇÃO DA LEI DE BAIRROS PARA O PLANEJAMENTO E ORDENAMENTO DA ZONA OESTE DE CAICÓ-RN

Monografia apresentada ao Departamento de Geografia do Centro de Ensino Superior do Seridó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de bacharel em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. João Manoel de

Vasconcelos Filho

CAICÓ-RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - - CERES--Caicó

Araújo, Francisco Marciel de.

A importância da implantação da lei de bairros para o

planejamento e ordenamento da zona oeste de Caicó-RN / Francisco Marciel de Araújo. - Caicó: UFRN, 2017.

79f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Departamento de Geografia. Curso de Geografia.

Orientador: Prof. Dr. João Manoel de Vasconcelos Filho.

1. Espaço Urbano. 2. Lei de Bairros. 3. Zona Oeste de Caicó. I. Vasconcelos Filho, João Manoel de. II. Título.

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A IMPORTÂNCIA DA IMPLANTAÇÃO DA LEI DE BAIRROS PARA O PLANEJAMENTO E ORDENAMENTO DA ZONA OESTE DE CAICÓ-RN

Orientador: Prof. Dr. João Manoel de Vasconcelos Filho

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. João Manoel de Vasconcelos Filho – UFRN – Orientador

Prof. Dr. Gerson Gomes do Nascimento – IFRN – Examinador

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, por sempre ter apoiado meus estudos e me incentivado nesta caminhada.

Ao Prof. Dr. João Manoel de Vasconcelos Filho por ter me aceitado como seu orientando desde o projeto desta monografia, com suas orientações, ensinamentos e sua paciência e o tempo disponibilizado em ajudar para chegar à conclusão deste trabalho.

Aos outros professores do curso de Geografia Bacharelado e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que contribuíram para minha formação com seus ensinamentos.

Aos colegas e amigos de curso, pelo os momentos passados, onde guardarei nas minhas lembranças.

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RESUMO

Este trabalho monográfico tem como objetivo, compreender a necessidade de implantação da lei de bairros para o planejamento e ordenamento da Zona Oeste de Caicó/RN, área periférica da cidade, onde as carências de infraestrutura são mais latentes, atentando como, a denominação e delimitação dos bairros podem contribuir para o seu planejamento e ordenamento. Para entender os motivos dessas carências de infraestrutura, buscamos fazer um histórico da formação do território de Caicó/RN, considerando as atividades formadoras do seu território que contribuíram para a formação dos bairros e consequentemente as zonas, como também para os problemas existentes nos bairros. Uma das atividades econômicas que contribuiu para a expansão urbana está cotonicultura, que entre 1930-1970, faz com que o processo de urbanização ocorra de forma rápida, advinda também do incremento de novos serviços que atrelada a falta de acompanhamento do poder público municipal de Caicó/RN, em planejar e ordenar o território, permitiu que os problemas urbanísticos surgissem impactando na qualidade de vida da população que residem principalmente nas áreas mais afastadas do centro. Para analisar esta realidade, foram feitas reflexões teóricas acerca dos temas: bairro (Cazollato, 2005), espaço urbano (Corrêa, 1989), planejamento (Rattner, 1978; Souza, 2004), ordenamento (Haesbaert, 2006), para então, serem realizadas pesquisas de campo objetivando analisar como está caracterizada a organização espacial dos bairros da zona oeste, em aspectos de infraestrutura, serviços e comércios, ou seja, o que é essencial para ser considerado como bairro e para o bem-estar urbano de seus residentes. Os bairros desta zona têm algo em comum, em sua grande maioria nasce com status de favela, muito devido aos arranjos de sua formação desordenada e a precariedade dos serviços públicos, que ainda são vistos hoje (2017), mesmo com aparato legal para reestruturação desses espaços, como o estatuto das cidades e o plano diretor, para planejar e ordenar o território, no caso, o bairro, onde, os mesmos possam ser traduzidos em benefícios para suas populações. Tornando-se necessário à elaboração da lei que os delimitam e denominam para alcançar o objetivo de bem-estar urbano.

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ABSTRACT

This monographic work aims to understand the need for implementation of the neighborhood law for the planning and land use planning of the West Zone of Caicó/RN, peripheral area of the city, where the infrastructure shortages are more latent, watching as, the designation and delimitation of the neighborhoods can contribute to its planning and land use planning. To understand the reasons for these infrastructure shortages, we seek to make a history of the formation of the territory of Caicó/RN, considering the formation activities of its territory that contributed to the formation of the districts and consequently the zones, as also, problems in the neighborhoods. One of the economic activities that contributed to the urban expansion is cotton growing, that between 1930-1970, makes the process of urbanization occur quickly, also due to the increase in new services, coupled with the lack of monitoring of the municipal public authority of Caicó/RN, in planning and ordering the territory, allowed urban problems to arise, impacting on the quality of life of the population residing mainly in the areas further away from the center. To analyze this reality, theoretical reflections were made on the themes: neighborhood (Cazollato, 2005), urban space (Corrêa, 1989), planning (Rattner, 1978; Souza, 2004), land use planning (Haesbaert, 2006), for then, field surveys are carried out aiming to analyze how the spatial organization of the neighborhoods of the west zone is characterized, in aspects of infrastructure, services and trade, that is, which is essential to be considered as a neighborhood and for the urban well-being of its residents. The neighborhoods of this zone have something in common, in its great majority is born with shanty town status, much due to the arrangements of their disordered formation and the precariousness of the public services, which are still seen today (2017), even with legal apparatus to restructure these spaces, such as the statute of cities and the master plan, to plan and order the territory, in case, the neighborhood, at where, they can be translated into benefits for their populations. Becoming necessary to the elaboration of the law that delimits them and denominate to reach the objective of urban well-being.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Vila Nova do Príncipe ... 21

Figura 2: Expansão Urbana de Caicó/RN em 1950 ... 23

Figura 3: Caicó no Início do Declínio Algodoeiro ... 24

Figura 4: Os eventos como extensores urbanos de Caicó/RN ... 25

Figura 5: Zonas de Caicó/RN ... 26

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distritos de Caicó/RN ... 27 Tabela 2: Bairros de Caicó/RN por Zonas ... 29

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1: Localização de Município de Caicó/RN ... 19

Mapa 2: Localização da Zona Oeste de Caicó/RN ... 32

Mapa 3: Localização do Bairro Adjunto Dias ... 38

Mapa 4: Localização do bairro Barra Nova ... 41

Mapa 5: Localização dos bairros Frei Damião e São José ... 46

Mapa 6: Localização do bairro João Paulo II ... 48

Mapa 7: Localização do bairro João XXIII ... 50

Mapa 8: Localização do bairro Paulo VI ... 55

Mapa 9: Localização do bairro Walfredo Gurgel (Distrito Industrial e bairro Lula Januário) ... 58

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Lista de Quadros

Quadro 1: Infraestrutura do Bairro Adjunto Dias ... 38

Quadro 2: Estabelecimento de comércios e serviços do bairro Adjunto Dias ... 39

Quadro 3: Infraestrutura do bairro Barra Nova ... 42

Quadro 4: Estabelecimentos de comércios e serviços do bairro Barra Nova ... 44

Quadro 5: Infraestrutura do bairro Frei Damião... 46

Quadro 6: Infraestrutura do bairro João Paulo II ... 49

Quadro 7: Estabelecimentos de comércios e serviços do bairro João Paulo II ... 49

Quadro 8: Infraestrutura do bairro João XXIII... 51

Quadro 9: Estabelecimentos de comércio e serviços do bairro João XXIII ... 52

Quadro 10: Infraestrutura do bairro Paulo VI... 55

Quadro 11: Estabelecimentos de comércio e serviços do bairro Paulo VI ... 56

Quadro 12: Infraestrutura do bairro Walfredo Gurgel ... 58

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AABB – Associação Atlética Banco do Brasil

ALSECOSA – Algodoeira Seridó Comércio e Indústria S/A

ASMARCA – Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Caicó CAERN – Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte

CAIC – Centro de Atenção Integral à Criança CDS – Colégio Diocesano do Seridó

CERES – Centro Regional de Ensino Superior do Seridó DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas DPVAT – Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

IBEU – Índice de Bem-estar Urbano

IMPLARN – Indústria de Plásticos do Rio Grande do Norte INCT – Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia

PINCOL – Pré-moldados Indústria e Comércio PMSB – Plano Municipal de Saneamento Básico RN – Rio Grande do Norte

SIG – Sistema de Informações Geográficas

SIRGAS 2000 – Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas SN – Sem Número

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte ZEIAS – Zonas Especiais de Interesse Ambiental ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

2 GÊNESE DO URBANO E A CONFIGURAÇÃO ESPACIAL DA CIDADE DE CAICÓ/RN ... 17

2.1 Breve Histórico da formação territorial urbana ... 17

2.2. Divisões Territoriais da cidade de Caicó ... 23

2.1.1 O processo de divisão territorial em Zonas ... 23

2.1.2 A formação e o conceito de Distrito ... 27

2.1.3 Conceito e entendimento sobre Bairros ... 28

3 CARACTERIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DOS BAIRROS DA ZONA OESTE DE CAICÓ/RN ... 32

3.1 Bairro Adjunto Dias ... 37

3.2 Bairro Barra Nova... 40

3.3 Bairro Frei Damião ... 45

3.4 Bairro João Paulo II ... 48

3.5 Bairro João XXIII ... 50

3.6 Bairro Paulo VI ... 54

3.7 Bairro Walfredo Gurgel ... 57

4 A LEI DE DELIMITAÇÃO OFICIAL DE BAIRROS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DA ZONA OESTE DE CAICÓ ... 62

4.1 Estatuto das cidades e o Plano Diretor de Caicó ... 62

4.2 Ausência/consequências da delimitação oficial dos bairros de Caicó/RN.... 67

4.3 Lei de delimitação oficial de bairros pensada para a cidade de Caicó/RN na instância do planejamento e ordenamento da Zona Oeste ... 68

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1 INTRODUÇÃO

Esta monografia apresenta reflexões sobre o estudo que é desencadeado acerca do seguinte objeto: a necessidade de implantação da lei de bairros para o planejamento e ordenamento da Zona Oeste de Caicó-RN. Esta lei traria uma cidade fragmentada em bairros delimitados, onde manteriam padrões de tamanho, população, serviços, áreas de lazer e espaços verdes, infraestrutura entre outras características, permitindo assim, um encontro do cidadão com o lugar enquanto uma área que propõe um bem-estar urbano e qualidade de vida.

Nesse sentido, o fato de considerar a implantação da lei de bairros para Caicó-RN, em especial para os bairros da zona oeste é por não ter sido estabelecido a lei a partir do plano diretor do município e o fato de tratar de bairros periféricos, onde as carências de infraestrutura são mais latentes. Assim, partindo-se do zoneamento, como um instrumento para o planejamento e ordenamento territorial no uso do solo do município de Caicó-RN, entende-se que ele contribua para o entendimento das funcionalidades existentes na cidade, que independentemente da análise; pode ser utilizada nas variadas escalas, inclusive a de bairros. Isso é essencial para atender as demandas presentes na sociedade que ali reside.

Sendo assim, o foco central deste estudo é a implantação da lei de bairros para a cidade de Caicó-RN em especial para a zona oeste, o que torna pertinente como se deu a ocupação neste espaço. Nessa perspectiva, entende-se que, para o trabalho, será de soma importância entender o conceito de planejamento, zoneamento, espaço urbano, bairro, ordenamento e cidade.

Para desenvolver a referente pesquisa, tem-se em mente a temática a ser estudada, que percorrerá de forma sistemática, levará reflexões que busquem alcançar os objetivos. Com isso, entende-se por método, um conjunto das atividades sistemáticas e racionais, traçando de forma o caminho a ser seguido, ajudando na tomada de decisão do cientista (Lakatos e Marconi, 1991).

Seguindo, este raciocínio, foram realizadas pesquisas bibliográficas, pesquisa empírica, pesquisa em dados secundários obtidos no site do IBGE e na Secretaria Municipal de Tributação e Finanças de Caicó-RN e pesquisa de campo. Na revisão bibliográfica que fizemos, destacamos as contribuições das discussões de Cazollato (2005), Corrêa (1989), Faria (2011), Filho (2003), Haesbaert (2006), Lacerda (2005), Morais (1999), Santos (2008), Souza (2004), Rattner (1978) e Rolnik (2012), para

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compreender o espaço urbano e a necessidade de implantação da lei de bairros pensada para Caicó, especialmente, para zona oeste.

Foram assim consultados livros, teses, dissertações e artigos que podem levar a reflexões e análises acerca do tema abordado. Quanto a localização da área de estudo, para a foram utilizadas as malhas digitais do IBGE, imagens do Google Earth georreferenciadas e uso de ferramentas Sistema de Informações Geográficas (SIG), o software ArcGis 10.2 (versão acadêmica) como também o software livre QGis 2.18.0 e o DATUM SIRGAS 2000. Os bairros da zona oeste, que são recortes de estudo, foram delimitados, a partir dos dados oficiais obtidos junto a Secretária Municipal de Tributação e Finanças, que tem a denominação e delimitação de alguns, os demais que não possuem leis que os delimitam oficialmente, foram elaborados com base empírica e das informações com Base de Faces de Logradouros do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como também dados dos logradouros do Centro de Controle de Zoonoses que possuem nomes das ruas e seus respectivos bairros, e pesquisas de campo para fazer a verificação das mesmas, fazendo cruzamentos desses dados para uma melhor análise dos aspectos dos bairros da zona oeste.

Para mostrar a realidade da zona oeste para aqueles que a desconhece, foram feitas fotografias de problemas urbanos encontrados devido ao desordenamento territorial na formação de seus bairros que refletem nas questões como saneamento básico, saúde, mobilidade, entre outros, e que pode ser usado para evidenciar a falta de gestão administrativa municipal para com o planejamento e ordenamento no uso do solo da cidade.

As divisões político-administrativa da cidade de Caicó-RN, é composta de 35 bairros oficiais e não oficiais, dentre estes 10 se encontra na zona oeste que são: João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Barra Nova, Walfredo Gurgel, Adjunto Dias, Frei Damião, Distrito industrial, Lula Januário, São José.

Assim, a pesquisa se justifica pelo fato de que alguns, desses bairros possuem nomenclaturas populares e também por terem sido identificadas ausências de algumas compartimentações dos mesmos, onde acreditamos que o reconhecimento oficial dos bairros permitirá traçar um plano de desenvolvimento na busca de qualidade de vida, com serviços e infraestrutura, ou seja, para uma delimitação e nomenclaturas oficiais para os bairros da cidade de Caicó-RN, se traduziria na elaboração da lei de bairros que a mesma não foi estabelecida como lei

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complementar do plano diretor para alcançar o desenvolvimento do bairro favorável ao bem-estar urbano.

Esta falta de delimitação fez surgir questionamentos devido ao crescimento desordenado dos bairros que se estendem por áreas que trazem riscos à saúde e a vida cotidiana dos seus moradores. Assim, a lei de bairros vem contribuir para a delimitação do crescimento e planejamento e ordenamento territorial no uso do solo.

Essas medidas poderão atenuar os problemas que emergem com o uso inadequado do solo, que será traduzido consequentemente o bem-estar urbano da população.

A formulação da problemática do estudo compreende discussões sobre a elaboração da lei de bairros, o papel desta, no planejamento e ordenamento da zona oeste de Caicó-RN e a contribuição advinda desta lei.

Em termos de estrutura o presente trabalho monográfico é organizado da seguinte forma: no primeiro capítulo buscamos fazer reflexões acerca do entendimento sobre o conceito de espaço urbano, cidade e o seu surgimento, que será a base para compreender a formação e configuração do território caicoense. Outro conceito importante discutido neste capítulo está o de bairro. Também buscamos trazer uma possível contribuição para um zoneamento da cidade e uma compartimentação da mesma em bairros em especial da zona oeste calcada nos dados obtidos junto à Secretaria Municipal de Tributação e Finanças a partir das leis criadas, como também das faces de logradouro do IBGE (Censo 2010) e Zoonoses. Assim, o primeiro capítulo está intitulado "Gênese do urbano e a configuração

espacial da cidade de Caicó/RN".

No segundo capítulo, buscamos fazer uma análise dos bairros da zona oeste da cidade de Caicó-RN. Para isso, torna-se necessário entender a formação da zona oeste, que tem seus primeiros bairros classificados com status de favelas, então percebemos a necessidade de contextualizar este termo, onde o IBGE denomina de aglomerados subnormais. Depois disso, buscamos fazer uma análise dos seus bairros considerando os serviços essenciais para o bairro ser classificado como tal. Então, foram realizadas idas a campo pelos bairros, fazendo um levantamento dos serviços, comércios e infraestrutura oferecida aos seus moradores no fator de bem-estar urbano, onde, destacamos a contribuição de Ribeiro e Ribeiro (2013), com do Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU), elaborado pelo INCT Observatório das Metrópoles da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este índice pode contribuir

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futuramente para uma análise sócio-econômico-ambiental dos bairros quando houver as suas delimitações que permitirá elaborar um plano de desenvolvimento de bairro. O segundo capítulo leva o título "Caracterização e organização espacial

dos bairros da zona oeste de Caicó/RN”.

No último capítulo, intitulado "A lei de delimitação oficial de bairros e suas

contribuições para a organização espacial da zona oeste"; buscamos fazer

reflexões acerca da luta dos movimentos sociais e sociedade para uma reforma urbana, que traria a criação do estatuto das cidades, e consequentemente a obrigação do plano diretor para um direito a cidade. Com isso, buscou dá ênfase para ausência e consequência da falta da delimitação dos bairros e como a elaboração do mesmo pode contribuir para o planejamento e ordenamento da zona oeste.

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2 GÊNESE DO URBANO E A CONFIGURAÇÃO ESPACIAL DA CIDADE DE CAICÓ/RN

2.1 Breve Histórico da formação territorial urbana

As discussões acerca do conceito de cidade aumentaram com advindo da Revolução Industrial, onde as cidades começaram a se agigantarem, tornando-se grandes centros urbanos, o que não permitia usar a mesma definição para designar as cidades que se reorganizavam e cresciam. Todavia, trazemos a definição de Clark (1991, p. 37), onde, coloca que “(...) para o geógrafo, a cidade é uma unidade de análise consistindo em um conjunto de edifícios, atividades e população conjunta reunida no espaço”. Ainda, segundo o referido autor, a visão dos habitantes acerca da cidade em que moram, é tido como uma coleção de símbolos e valores baseados na familiaridade, impressão e experiência social.

Os estudos da cidade, pela perspectiva da geografia, considera também o uso do solo urbano, numa diretiva que contemple o processo de democratização do mesmo, pois, este é um elemento gerador de contradições e desigualdades urbanas. Neste, a cidade se mostra seletiva, onde poucos possuem direito a um espaço de qualidade para morar. Nesse sentido, “(...) a cidade é o elemento fundamental da organização do espaço” (Beaujeu-Garnier, 1997, p. 07).

O espaço urbano de uma cidade, segundo Corrêa (1989) parte do pressuposto do uso do solo, definindo o que é centro, comércio, serviços, indústria; como, Souza (2004) trata de zoneamento do uso do solo, a partir das funcionalidades, tido como um instrumento do planejamento.

Segundo Corrêa (1989) e Souza (2004), o espaço urbano é um produto social fragmentado/estruturado e articulado/dinâmico das estruturas sociais, advinda do processo de uma sociedade capitalista que fazem emergir os problemas urbanos, na linha do tempo dos agentes que produzem e consomem espaço. Corrêa (1989) elenca os agentes modeladores e reorganizadores da cidade que são: os proprietários dos meios de produção, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos.

Na visão de Santos (2008), o espaço é tido como um sistema de objetos e de ações, onde o primeiro é condicionante do segundo. Os fixos permitem as ações que moldam o lugar e os fluxos são consequências dessa interação, criando e

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recriando o espaço por meio da técnica. É a partir das ações humanas que os objetos se tornam cada vez mais artificiais, passando de um meio natural para o meio técnico-científico-informacional.

Os excedentes agrícolas foram uns dos fatores que contribuiu para o surgimento das primeiras cidades, que foi efetivada a partir do uso da técnica, que acarretou no crescimento e desenvolvimento dos aglomerados populacionais, permitindo a ocupação do homem em outras atividades não agrícolas, como ocupações artesanais e comerciais (Clark, 1991; Brumes, 2001).

Beaujeu-Garnier (1997) coloca que o surgimento das cidades está atrelado a três fatores: econômicos, políticos e defensivos. Nesse contexto, a cidade de Caicó tem seu surgimento a partir das atividades econômicas, esta por sua vez pode ser dividida em três períodos técnicos para a formação de sua urbanização, como é colocado por Faria (2011), a Pecuária formadora do território caicoense; o período da economia algodoeira importante para à história da cidade; e por último a economia terciária, onde sucedeu o algodão e sustentou a cidade com a condição de centro regional, através de um forte comércio e um setor de serviços.

Diante do que foi exposto à cidade de Caicó-RN (Mapa 1) localiza-se na microrregião do Seridó Ocidental, onde polariza as cidades vizinhas da região, tanto do Rio Grande do Norte quanto da Paraíba, devido às funcionalidades que a mesma possui, sendo considerada a “capital do Seridó”.

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Mapa 1: Localização de Município de Caicó/RN

Elaboração: Francisco Marciel de Araújo, 2016.

Sua área territorial de 1.228,583 km² faz limites com os municípios: ao norte com Jucurutu; ao leste com Florânia, Cruzeta, São José do Seridó, Jardim do Seridó e Ouro Branco; ao sul com São João do Sabugi e Várzea (Paraíba); e ao oeste com Serra Negra do Norte, Timbaúba dos Batistas e São Fernando. Sua população segundo censo de 2010 do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE) era de 62 709 e estimativa em 2015 de 67 259 habitantes e PIB em 2013 de R$ 786.585.000.

A formação do território da cidade vai se dá a partir da pecuária em meados do século XVIII, como também da região. Morais (1999) coloca que a história do povoamento e ocupação de Caicó-RN e do Seridó se confundem. A pecuária responsável pela fundação de vilas, onde, eram espaços de trocas comerciais, como

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de repouso para animais em suas migrações, e os rios serviam de estradas para à ocupação e usos do território interiorano (FARIA, 2011). Essa ocupação se deu de forma não pacífica como foi colocada por Morais (1999), os nativos entraram em luta com os colonizadores pela disputa do território que ficou conhecida como Guerra dos Bárbaros, já que os mesmos ocupavam as áreas férteis e construíam os currais de gados e suas moradias, efetivando-se a formação territorial.

Após as disputas ocorridas entre nativos e os colonizadores, quando estes últimos saem vitoriosos, Morais (1999) aponta que a cidade de Caicó tem seu núcleo urbano formado inicialmente em 1748, no entorno da construção da igreja de Sant’Ana, nas proximidades do poço de mesmo nome, possuindo dois possíveis fundadores da cidade, um denominado Manoel Fernandes Jorge, por ter construído a capela de Sant’Ana, e o outro, o Senhor Coronel da Cavalaria Manoel de Souza Forte pelo fato do povoado ter se implantado em suas terras, notadamente, na fazenda Penedo, que daria surgimento a vila.

Esta vila que surgia foi denominada de “Vila Nova do Príncipe” em 1788, elevando-se a categoria de cidade em 1868, pela Lei Provincial n.º 612 assinada por Manuel José Marinho, governador da Província, recebendo o nome de “Cidade do Príncipe” desta forma começa a se desenhar sua área urbana inicial, conforme mostra (Figura 1).

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Figura 1: Vila Nova do Príncipe

Fonte: FARIA, 2011.

A formação do núcleo urbano original que viria, posteriormente a ser Caicó, teve seus contornos definidos pela atividade pecuária. Esta foi determinante para a ocupação deste espaço e a formação posterior do seu território. A pecuária se configura então como a primeira atividade econômica importante para o crescimento da cidade, como aponta Faria (2011).

A atividade pecuária predominou no Rio Grande do Norte até meados do século XIX como principal atividade econômica, mas que perdura até hoje para a região do Seridó Potiguar como fonte de renda da população do campo, se destacando na produção de leite, do queijo, além da carne de sol, sendo admirados pelos moradores de outras regiões do estado como também do país, levando a marca “Seridó” e “Caicó” por serem sinônimos de qualidade e excelência (ADESE, 2011).

Após mais de um século de predomínio econômico, a produção de gêneros alimentícios advindos da pecuária sofre um declínio final da década de 1870. Isto foi motivado por um longo período de estiagem que assolou toda a região semiárida, principalmente o Seridó Potiguar. Como consequência, houve uma perda parcial do gado durante o período, mas, ao mesmo tempo, registra-se a ascensão de outra

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atividade econômica que emergia nessa região, introduzindo-se como uma alternativa ao declínio da primeira.

É importante destacar que os ciclos econômicos como o próprio nome aponta são baseados em etapas. Quando a primeira etapa entra em decadência, emerge uma outra. Entretanto, no caso desta região, a pecuária não desapareceu por completo, ela subsiste e resiste como sinal de recuo e não de desaparecimento. Este recuo da atividade pecuária abriu espaço para o surgimento da cotonicultura no Seridó, devido à indústria têxtil que estava sendo implantada no Brasil, acarretando aumento da procura por matéria-prima, qual seja? o algodão. Isto deu um novo impulso à economia da região do Seridó. Estas atividades tornam-se complementárias, já que as sementes do algodão eram dadas como alimentação para o gado.

Durante o auge do ciclo algodoeiro a urbanização de Caicó desencadeia o surgimento de novos bairros, expandindo a área urbana da cidade devida à modernização por meio da mecanização do seu beneficiamento nas usinas, acarretando num crescimento desordenado, ocupando áreas das margens do rio Barra Nova, por pessoas de baixa renda, formando a região periférica da cidade, onde surgem os primeiros bairros da zona oeste. Como exemplo, Morais (1999), cita a usina ALSECOSA, como uma dinamizadora para o surgimento de novos bairros.

A expansão da atividade de cotonicultura vai dá dinamismo a economia local e regional do espaço urbano, fortalecendo a região politicamente, permitindo uma expansão urbana entre a década de 1930 e 1970. A expansão urbana de Caicó ocorre a partir das instalações de serviços dando destaque para cidade, onde Morais (1999) destaca: Coletoria Federal, Agência do IBGE, Telégrafo entre outros. Mas, na década de 1930, com a construção do Açude Itans pelo DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra Seca), represando as águas do rio Barra Nova, fora do perímetro urbano da cidade, fator que permitiu o desenvolvimento da cidade, já que a mesma garantia água para a população no período de estiagem.

Conforme a cidade ganhava destaque economicamente devido à grande movimentação do capital, a mesma torna-se politicamente forte. Este fortalecimento da região politicamente permitiu a instalações de algumas instituições pra Caicó, por meio de uma das figuras importantes da política da região, na qual destacamos Dinarte de Medeiros Mariz. As instalações dessas instituições foram eventos para expansão urbana da cidade, como também de outros poucos políticos que

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contribuíram para implantação de serviços públicos, para a nova economia que começa a emergir com a crise do algodão (FARIA, 2011).

Esta nova economia denominada por Faria (2011) de período terciário que tomava forma na cidade, diversificou a estrutura dos serviços prestados, colocando como uma cidade que polariza a região do Seridó Potiguar devido ao incremento de sua estrutura de serviços em relação às cidades vizinhas.

2.2. Divisões Territoriais da cidade de Caicó

2.1.1 O processo de divisão territorial em Zonas

A divisão territorial em zona da cidade começa a ser desenhada nos anos 1950, como pode ser observado na fala de Morais (1999), fazendo uso da afirmação do Monsenhor Antenor Salvino, que a cidade tinha com pontos de referência a Catedral de Sant’Ana ao norte e o Ginásio Diocesano Seridoense ao sul, atualmente denominado de Colégio Diocesano do Seridó (CDS) (Figura 2).

Figura 2: Expansão Urbana de Caicó/RN em 1950

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Nos anos 1960, começa a formação de bairros que dará origem a zona oeste, com o surgimento dos bairros Barra Nova e João XXIII; a leste com o surgimento dos bairros Nova descoberta e Penedo; ao norte com o surgimento bairro Boa Passagem, à sul expansão do bairro Paraíba, onde se encontra o CDS, e expansão do centro com o surgimento do bairro Acampamento.

Nos anos 1970, ocorrem expansões da zona oeste com os surgimentos dos bairros Walfredo Gurgel e Paulo VI e ao leste com o surgimento do bairro Castelo Branco. Entre os anos de 1930 e 1970, Faria (2011, p.93) coloca que:

(...) a cidade cresceu entre as plumas de um desenvolvimento marcado pela indústria usineira do beneficiamento do “ouro branco”. A mancha urbana cresceu de forma impressionante e a cidade avançou para além dos rios que antes a limitavam.

Percebe-se assim, que é do início da atividade algodoeira ao seu declínio nos anos 1970 (Figura 3), que a cidade se expande durante 4 décadas, o que faz com que a prefeitura estabeleça a fixação do limite do perímetro urbano em 1979, por meio da lei n.º 1.582, de 18 de abril de 1979.

Figura 3: Caicó no Início do Declínio Algodoeiro

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Faria (2011), elenca 7 eventos para a expansão da urbe da cidade, o surgimento de conjuntos habitacionais Castelo Branco ao leste, Vila do Príncipe e Recreio, como também a construção da estrutura do estádio O Marizão ao norte. O espaço de lazer Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) e a interiorização da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) por meio do campus de Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES) no bairro Maynard ao leste, a Ponte José Josias Fernandes, conhecida como “ponte nova” que liga o Acampamento e a zona norte. O destaque da zona oeste são as novas estruturas como a construção do Hospital Regional do SESP, que traz benefícios para a população de acesso aos serviços de saúde, como, também, o Centro de Atenção Integral à Criança (CAIC) permitindo a inclusão da criança a educação (Figura 4).

Figura 4: Os eventos como extensores urbanos de Caicó/RN

Fonte: FARIA, 2011.

Nos Anos 1980, expansão da zona sul se deu com o surgimento do bairro Soledade, e a expansão da zona leste com o surgimento dos bairros, Conjunto IPE, Jardim Satélite (atualmente Penedo), Canutos & Filhos, Vila Altiva, Santa Costa;

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para oeste o surgimento do Distrito Industrial e João Paulo II. Nos anos 1990, expansão para oeste se deu com o surgimento do Frei Damião.

Esses novos bairros nos anos 1980, faz com que ocorra uma nova mudança na fixação do perímetro urbano, alterando os limites da cidade contribuindo para sua continuação de expansão urbana, por meio da lei n.º 3.070 de 13 de maio de 1986, a mesma sendo revogado no ano 1990, por meio da lei n.º 3.284 de 03 de janeiro de 1990, que ainda na mesma década, é revogado pela lei n.º 3.580 de 06 de julho de 1995. A última alteração na fixação do perímetro urbano se deu em 2007, pela lei n.º 4.277 de 31 de dezembro de 2007.

A cidade atualmente é dividida em 4 zonas, mas estas zonas não são delimitadas oficialmente como foi constado nos dados obtidos na Secretaria Municipal de Tributação e Finanças da cidade, apenas de conhecimento popular do que se tem dos pontos cardeais, ou seja, zonas cardeais, o que dificulta o conhecimento dos bairros que fazem parte dos mesmos. As zonas foram delimitadas a partir da base empírica e dos dados existentes a acerca dos bairros em suas leis a qual os mesmos fazem parte de determinada zona (Figura 5).

Figura 5: Zonas de Caicó/RN

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2.1.2 A formação e o conceito de Distrito

O distrito está subordinado à prefeitura, onde são caracterizados como unidades administrativas dos municípios. Na organização política e administrativa de Caicó houve a formação de três distritos na zona rural (Tabela 1), possuindo subprefeitos indicados pelo prefeito em exercício. Nas leis que oficializaram como distritos não estão estabelecidos seus limites, apenas suas denominações apesar de estar estabelecido que os mesmos possuam uma fixação da área territorial, limites; com exceção do distrito de Laginhas que em termos da lei só está denominado, não trazendo informações sobre a obrigatoriedade de delimitar seu território.

Tabela 1: Distritos de Caicó/RN

Distritos

Denominação Limites Lei N.º

Palma - 4.362/2009

Perímetro Irrigado Itans-Sabugi - 4.147/2005

Laginhas - 3.479/1993

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da Secretaria Municipal de Tributação e Finanças (2016).

- não possui limites

Assim, para estes distritos, pode-se pensar em uma delimitação para que possam se desenvolverem de forma sustentável, por se encontrarem na zona rural de Caicó, merecendo também atenção pelo plano diretor por serem áreas urbanizadas fora do perímetro urbano da cidade.

A esse respeito Lacerda (2005, p. 65) coloca que

as propostas para a elaboração de um Plano Diretor, qualquer que seja a realidade municipal, devem ter como orientação básica uma visão histórica da urbanização, considerando o município como um todo e incluindo as características do contexto microrregional onde este está inserido, assim como de cada uma das áreas urbanas (a cidade sede, os povoados e as vilas) que conformam a rede urbana intramunicipal.

Assim, o planejamento e seu ordenamento têm que corresponder as suas realidades e não da cidade. Toda via, estes critérios têm que ser realizados para cada lugar específico, já que os mesmos podem possuir problemas diversos e diferentes uns dos outros, tendo seu fator histórico de formação atrelado a alguma atividade economia, como também políticas voltadas para a zona rural.

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2.1.3 Conceito e entendimento sobre Bairros

A organização da cidade pode ser compartimentada em escalas menores, como bairros, onde Clark (1991, p. 40) coloca que bairros “(...) são parcelas de grandeza média a grande, de uma cidade, que são identificadas por algum caráter comum na qual o indivíduo pode entrar”.

Para Barros (2004, p. 56), bairro é definido como

(...) uma unidade territorial, uma escala intermediária entre a escala da rua e a da cidade, com forma e tamanho, essencial para a existência da realidade urbana. É dotado de limite que o circunscreve político-administrativamente e uma carga histórica-social ligada àquele suporte físico que o encerra.

Ainda, sobre a definição de bairro, pode ser denominado como

(...) uma comunidade ou região localizada dentro de uma cidade ou município. Ele é considerado a unidade mínima de urbanização. O bairro também se caracteriza pelo ‘sentimento de localidade’ existente nos seus moradores, cuja formação depende não apenas da posição geográfica, mas também do intercâmbio entre as famílias e as pessoas. (FECOMERCIOSP, 2013, p.12)

Para Bezerra (2011), bairro pode ser

(...) revelado como uma forma física, um pedaço do urbano que cresce segundo tais eixos ou tais direções, e em um determinado tamanho, seu traçado segue uma lógica espaço-social. Assim, o bairro torna-se uma unidade morfológica espacial e morfológica social ao mesmo tempo. (BEZERRA 2011, p. 25)

Já o Plano Diretor de Caicó no capítulo III que trata do ordenamento territorial na seção II da divisão e definição dos bairros no artigo 55 define bairro, com as seguintes características:

I - possui uma identidade física e territorial reconhecida pela população, constituído por um centro e pelos seus limites geográficos físicos e/ou instituídos;

II - apresenta uma relativa autonomia estrutural e social, compreendendo uma população moradora em constante processo de articulação com outros bairros e com a cidade como um todo;

III - está provido de equipamentos sociais institucionais e de consumo de bens e serviços, suficientes ao atendimento das necessidades básicas da população nele contida;

IV - consolida ao longo do tempo uma rede de valores, interesses e ligações de proximidade física, cultural e social suficientes para assegurar a sua população uma fisionomia coletiva ou comunitária coerente e uma

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consciência participativa com objetivos comuns. (PREFEITURA MUNICIPAL DE CAICÓ, 2006, p. 28).

Assim, percebemos que o bairro é um território limitado político-administrativo, possuindo uma identidade, ligada ao fator histórico e social, e uma estrutura que promova o bem-estar de seus moradores a partir de serviços e infraestrutura oferecidos.

A partir destas definições partimos para uma análise em termos de espacialização, que segundo Bezerra (2011) e Barros (2004) parafraseando o pensamento de Rossi (1995) e Lamas (1993) respectivamente, Rossi (1995) tem-se o bairro equacionado como intermediário entre às três escalas básicas que formam a cidade, que são: a escala de rua onde se encontra os imóveis habitacionais; a escala de bairro formado pelos quarteirões, e por último a escala de cidade composta pelos bairros.

Já em Lamas (1993), que faz uso das dimensões e seus elementos morfológicos para classificar as escalas urbanas, compreendida pela menor escala denominada de dimensão setorial, formado pela rua com os edifícios como elementos morfológicos; a dimensão urbana, aparece a figura de bairro, formado pelos elementos morfológicos como praças, quarteirões; e na dimensão territorial, a cidade em si, formado por bairros que estão interligados, possuindo forma a partir dos arruamentos, bairros, seu zoneamento.

Atualmente, segundo os dados obtidos junto na Secretaria Municipal de Tributação e Finanças da cidade, Caicó é composta por 35 bairros oficiais e não oficiais (Tabela 2), destes 12 possuem delimitações e suas denominações, 8 sem delimitações, mas com denominações e 15 não possuem delimitações e denominações, como pode-se observar na tabela a baixo, e suas respectivas leis e zonas das quais fazem parte, como também estão estabelecidos seus limites e denominações.

Tabela 2: Bairros de Caicó/RN por Zonas

Zona Denominação Limites Lei N.º

Adjunto Dias X 3.946/2002

Frei Damião - 3.410/1992

João Paulo II - 3.639/1996

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Oeste Paulo VI X 3.788/1999

São José X 4.697/2014

Walfredo Gurgel X Decreto

606/1971 Distrito Industrial - - Barra Nova - - João XXIII - - Leste Bento XVI X 4.142/2005

Canuto & Filhos - 3.878/2001

Santa Costa - 3.629/1996

Vila Doutor Carlindo Dantas - 3.408/1992

Maynard X 3.922/2001 Penedo X 341/1964 Castelo Branco - - Conjunto Ipê - - Itans - - Nova Descoberta - - Vila Altiva - - Área Central Centro - - Acampamento - - Norte Darcy Fonseca X 3.999/2003 Boa Passagem X 3.480/1993 Conjunto Senador

Dinarte de Medeiros Mariz

X 3.550/1994

Conjunto Residencial Recreio - 3.341/1991 Raimundo Silvino da Costa (Raimundo

Pretinho)

- 4.260/2007

Samanaú - -

Alto da Boa Vista - -

Salviano Santos - -

Serrote Branco - -

Vila do Príncipe - -

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Soledade - 3.430/1993

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da Secretaria Municipal de Tributação e Finanças (2016).

– Não existe x Possui limites

Percebemos na Tabela 2, que muitos dos bairros da cidade de Caicó-RN não possuem leis de delimitações e denominações dos bairros oficiais pela Prefeitura Municipal, geralmente sendo feitas apenas leis para denomina-los e não estabelecendo seus limites, ficando assim uma incógnita para moradores, empresas e turistas, de onde começa e termina o bairro, serviços ofertados, infraestrutura, entre outras características que podem ser encontradas em seu território.

(34)

3 CARACTERIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DOS BAIRROS DA ZONA OESTE DE CAICÓ/RN

A zona oeste (Mapa 2) área de investigação estudada é composta por 10 bairros segundo os dados da Secretaria Municipal de Tributação e Finanças de Caicó/RN analisados, alguns possuem uma lei específica que os delimitam e denominam que são: Paulo VI, João Paulo II, Walfredo Gurgel, Adjunto Dias, Frei Damião, Lula Januário, São José; mas os bairros João XXIII, Barra Nova, Distrito industrial são apenas reconhecidos pela prefeitura como podemos notar nos dados obtidos.

Mapa 2: Localização da Zona Oeste de Caicó/RN

Elaboração: Francisco Marciel, 2016

Os bairros da zona oeste como grande parte dos outros bairros da cidade, não foram planejados, sendo implantados de maneira aleatória, o que trouxe problemas para seus moradores. Assim, o desordenamento dos bairros pode ser

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ocasionado a partir de questões econômicas e migratórias, onde, pessoas com menor poder aquisitivo ou que migram, passam a ocupar as áreas periféricas de forma irregular acarretando problemas urbanos, a exemplo, os surgimentos dos primeiros bairros da zona oeste já que suas formações se deram em terrenos de topografia acidentada (afloramentos rochosos), que foram negligenciados pelos governantes por se tratar de uma área periférica, o que dificulta a vida cotidiana dos seus moradores na questão de saneamento básico e meio de transportes (Morais, 1999). Os problemas advindos desta ocupação são: inundações de residências, ruas sem acessos, falta de saneamento básico, precariedade das moradias, dentre outros (Mosaico 1).

Mosaico 1: Problemas de infraestrutura e ocupação desordenada

Fonte: Arquivo do autor (2016).

A zona oeste começa a se formar partir do bairro João XXIII, na década de 1960, nas margens do rio Barra Nova no lado esquerdo a jusante. Morais (1999) coloca que este bairro nasce com status de favela, perpassando para os outros bairros mais distantes da área central da cidade que vieram depois, passando para o bairro Paulo VI e mais tarde para o bairro João Paulo II, ainda segundo a autora outro bairro que nasce com status de favela é o bairro Frei Damião.

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A denominação de favela muitas vezes não é aceita por moradores de bairros que são caracterizados como favela, então em 2006, o IBGE faz uma avaliação sobre áreas conhecidas ao longo do país por diversos nomes, como favela, comunidade, grotão, vila, mocambo, entre outros, classificando como aglomerados subnormais. O conceito de aglomerados subnormais foi usado pela primeira vez em 1991, mas no censo de 2010 o IBGE, usou inovações metodológicas e operacionais com objetivo de atualizar e aprimorar a identificação dos aglomerados, sendo denominados de:

(...) conjunto constituído de, no mínimo, 51 (cinquenta e uma) unidades habitacionais (barracos, casas...) carentes, em sua maioria de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. A identificação dos aglomerados subnormais deve ser feita com base nos seguintes critérios:

a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de propriedade alheia (pública ou particular) no momento atual ou em período recente (obtenção do título de propriedade do terreno há 10 anos ou menos); e b) Possuírem pelo menos uma das seguintes características:

•urbanização fora dos padrões vigentes - refletido por vias de circulação estreitas e de alinhamento irregular, lotes de tamanhos e formas desiguais e construções não regularizadas por órgãos públicos; ou

•precariedade de serviços públicos essenciais. (IBGE, 2010, s.n.)

Assim, com as observações em campo, estes bairros apesar de possuir problemas diversos, não são classificados como aglomerados urbanos. Os bairros desta zona possuem os serviços públicos essenciais (como coleta de lixo, rede de esgoto, rede de água, energia elétrica e iluminação pública) mesmo que precários. Os bairros foram formados por pessoas de baixa renda, mas alguns possuem um certo poder aquisitivo, uma vez que são proprietários de estabelecimentos comerciais.

Os serviços tidos como essências dos bairros, como a limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos são realizados pela prefeitura que coleta, transporta e dá destino final dos resíduos sólidos, que é depositado no lixão na zona rural do município. Esta coleta ocorre nos bairros da zona oeste durante um ou dois dias da semana1. A coleta seletiva de recicláveis ocorre em parceria da prefeitura com a

Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Caicó – ASCAMARCA. A iluminação pública é realizada pela prefeitura do município de Caicó-RN, onde, em

1 Dados sobre a coleta de lixo dos bairros de Caicó/RN obtidos do Relatório do Plano Municipal de Saneamento Básico, 2016 (PMSB).

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grande parte, é feita por lâmpadas amarelas que iluminam menos, possuindo algumas com lâmpadas que iluminam melhor o que proporciona mais segurança para seus moradores.

Ainda, com relação a serviços essenciais os bairros desta zona sofrem com o pouco saneamento básico, cujo à Lei n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007 que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, que se considera como sendo o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes urbanas. Assim, ao defrontar com a realidade vista na zona oeste, percebemos a carência do saneamento básico, prejudicando a saúde e consequentemente seu bem-estar2 dos seus moradores.

Para atender esta lei o município é obrigado a possuir o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), que atualmente esta sendo revisado, tendo que ser aprovado em audiência pública, para só então ser colocado em prática com a finalidade de atender os serviços estabelecidos na lei de saneamento básico.

O abastecimento de água é de responsabilidade da estatal do governo do estado do Rio Grande do Norte, Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) que abastece os bairros da zona oeste e cidade, onde o fornecimento d’água se dá pelo Açude Itans e Adutora Rio Piranhas-Açu. Em tempos de crise hídrica é abastecida somente pelo sistema piranhas-açu em forma de rodízio.

Atualmente, a cidade passar por uma crise hídrica e foi acionado o sistema de rodízio. Onde, a zona oeste é abastecida por 72 horas e desabastecida por mesmo período, nos bairros João XXIII, Walfredo Gurgel, Luiz Januário, Bairro Barra Nova, João Paulo II abastecidos durante o dia; o bairro Paulo VI, Adjunto Dias são abastecidos durante o dia e a noite. Os bairros Frei Damião e São José abastecidos por 6 horas dentro destes intervalos de abastecimento3.

O esgotamento sanitário da cidade é de responsabilidade da prefeitura e da CAERN, onde, maior parte foi implantada pela prefeitura correspondendo a 40% do

2 Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada dólar investido em água e saneamento, há um retorno de 4,3 dólares na forma de redução dos custos de saúde para indivíduos e sociedade. United Nations. Every dollar invested in water, sanitation brings four-fold return in costs – UN. Disponível em: <http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsId=49377#.WVw5zBXyvcf>. Acesso em: 28 de jun. 2017.

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atendimento da coleta de esgoto na zona urbana dos bairros: Centro, Paraíba, Barra Nova, parte de Nova Descoberta, Penedo, Walfredo Gurgel, João XXIII e Alto da Boa Vista, sendo descartado nos cursos d’água sem nenhum tipo de tratamento. A outra parte é feita pela CAERN, corresponde a 7% de atendimento dos bairros: Vila do Príncipe, Castelo Branco, IPE e parte de Nova Descoberta, que é recebido e tratado.

A drenagem e manejo das águas pluviais, a micro drenagem nas vias pavimentadas do município e dos bairros da zona oeste são quase inexistentes nestes foram identificadas somente duas em toda zona oeste que foi um, no bairro Paulo VI e outra no bairro Barra Nova. Em relação à macrodrenagem, existe um conjunto de galerias que encaminham as águas coletadas em parte da área urbana para o Rio Barra Nova.

Ainda, na zona oeste, estão instalados o Hospital Regional do Seridó que traz benefícios para a população que precisa de atendimento médico quando não encontra nos postos de seus bairros, e o Departamento de Polícia Rodoviária Estadual.

O seu dinamismo econômico é variado, mas não ocorre de forma homogênea entre seus bairros, como, por exemplo, o bairro Barra Nova concentra uma rede de serviços, como: farmácia, supermercado, borracharias, escolas públicas e privadas, academia de musculação, postos de combustíveis, escritórios de advocacia, restaurantes e bares, lojas de construção, entre outros, quando comparada aos demais bairros, que possuem uma variedade menor ou até mesmo quase inexistente, como vamos observa nos dados obtidos em campo mais à frente.

Tudo isso, leva-se a pensar no bem-estar da população dos bairros da zona oeste, tendo em vista que a forma como se deu o processo de ocupação desordenado desses bairros associados à falta de políticas públicas que afetam a vida de seus moradores.

Neste pensamento, traz a contribuição de Ribeiro e Ribeiro (2013), com do Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU), elaborado pelo INCT Observatório das Metrópoles da Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizado com base nos dados do censo demográfico de 2010 do IBGE por áreas de ponderações, que está disponível para cidades com populações com mais de 190 mil habitantes, Caicó possui apenas 62 709 habitantes.

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O IBEU considera 5 dimensões que são: mobilidade urbana (deslocamento casa-trabalho); condições ambientais urbanas (arborização, esgoto a céu aberto e lixo acumulado no entorno dos domicílios); condições habitacionais urbanas (aglomerado subnormal, densidade domiciliar, densidade de morador/banheiro e material das paredes dos domicílios); atendimento de serviços coletivos urbanos (atendimento adequado de água, esgoto, energia e coleta de lixo); infraestrutura urbana (Iluminação pública, pavimentação, calçada, meio-fio/guia, bueiro ou boca de lobo, rampa para cadeirantes e logradouros). Assim, um primeiro passo para analisar a cidade com base no IBEU seria uma delimitação oficial dos bairros, que acarretaria um planejamento urbano, associados às políticas públicas, já que o mesmo permitiria uma análise socioespacial e ambiental de cada bairro.

Neste contexto, a seguir uma caracterização e análise dos bairros que compõem a zona oeste da cidade para dar uma melhor visibilidade dos seus problemas e de como vivem os grupos sociais em estado de vulnerabilidade social4

presente nestes bairros da cidade.

3.1 Bairro Adjunto Dias

Sua formação se dá em uma área de um antigo açude, que foi aterrado e depois teve suas terras destinadas à comercialização para fins habitacionais. Antes de se chamar adjunto Dias, era denominado de “Barra Nova II”; sua denominação atual e seus limites foram estabelecidos pela lei n.º 3.946 de 10 de julho de 2002. Faz limites com os bairros ao leste com Paulo VI e João Paulo II, ao norte com Barra Nova e ao oeste com Walfredo Gurgel (Mapa 3). No quadro 1 a seguir, algumas informações obtidas em campo acerca da falta infraestrutura do bairro.

4 População que vivem à margem da sociedade devida ao seu contexto socioeconômico como aos fatores de escolaridade, renda, moradia, raça, saneamento entre outros, sendo dependente de políticas públicas voltadas para que esta população, onde possa usufruir seus direitos e cumprir seus deveres como cidadão.

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Mapa 3: Localização do Bairro Adjunto Dias

Elaboração: Francisco Marciel de Araújo, 2017.

Quadro 1: Infraestrutura do Bairro Adjunto Dias Infraestrutura Quant. Esgoto sanitário a céu aberto 7

Ruas sem acesso 6

Ruas calçadas 2

Fonte: Pesquisa de Campo, 2016.

A infraestrutura das ruas, não possuem saneamento básico necessário, apenas a rede de esgoto geral de algumas. As casas que se encontram por trás do Hospital Regional do Seridó, não possuem esgotamento sanitário, e acabam jogando o esgoto doméstico na rua, que escorre em direção ao riacho que passa pelo bairro que antes tinha suas águas represadas pelo antigo açude. Como consequência no período de chuva às águas da precipitação escorre levando o esgoto em direção as casas que ficam as suas margens, causando odor e proliferação de insetos trazendo desconforto para os moradores.

Somente a partir da rua Padre Brito Guerra, começa a existir o esgotamento sanitário, devido à existência do Hospital, mesmo assim pode-se perceber a existência de esgoto a céu aberto em algumas ruas, a exemplo, num total de 7

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pontos nesta situação. Todo esgoto do bairro é direcionado até chegar à Rua Maria Manaia na divisa com Walfredo Gurgel, estas escorrem a céu aberto pelo bairro Barra Nova até chegar ao corpo hídrico do rio.

Ainda, relacionado à infraestrutura das ruas, pode ser identificado dentro do bairro, 6 ruas sem acesso, o que dificulta a mobilidade dos moradores do bairro, devido à existência de afloramentos rochosos. A rua principal Odilon Lebarre que divide o bairro do Walfredo Gurgel, não é pavimentada de paralelepípedo totalmente, a mesma começa no bairro Barra Nova ao norte em direção ao sul, tendo um pequeno trecho correspondendo ao Adjunto Dias, até a Rua Maria Manaia. Esta sendo pavimentada de paralelepípedo completo, sendo as únicas que possuem meio-fio, todavia, constatamos que não existem bueiros para o escorrimento das águas pluviais. As calçadas das casas são desniveladas umas das outras, não possuindo as rampas de acessibilidade nas calçadas de esquina.

A coleta de lixo do bairro se dá em um dia da semana numa quinta-feira, não atendem por completo, as ruas que ficam por trás do SESP, depositam o lixo nos terrenos que se encontram a sul do bairro, onde acabam sendo queimados. Como consequência da queima, a emissão de fumaça pode trazer problemas respiratórios, como também o agravamento desses em pessoas que já possuem.

O atendimento médico de sua população se dá na unidade básica de saúde do bairro Barra Nova que fica relativamente longe, 5 quarteirões, da rua Antão Medeiros que delimita o bairro com o Bairro Barra Nova. Assim, as pessoas têm que se deslocar para o bairro vizinho para o atendimento médico, ou a pé ou de veículo próprio, já que não há transporte público que faça este trajeto.

No que se refere aos estabelecimentos comerciais (Quadro 2), constatamos que há pouca variedade de serviços para atender a demanda da população do bairro como foi percebido em campo, sendo encontrado apenas um mercadinho e um salão de beleza em toda sua área territorial.

Quadro 2: Estabelecimento de comércios e serviços do bairro Adjunto Dias Tipo de Estabelecimento Nº de estabelecimentos

Mercadinho 1

Salão de Beleza 1

Lava-jato 1

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A falta de determinados serviços no bairro faz com que os moradores, tenham que se deslocar para os bairros vizinhos ou centro da cidade uma vez que o bairro não possui transporte público, assim os moradores têm que ir para os pontos de parada mais próximo que fica no Paulo VI ou Walfredo Gurgel, para se deslocarem até o centro da cidade.

Ao analisar nesses dados percebe-se que o bairro possui um bem-estar urbano que deixa a desejar, já que os fatores de infraestrutura, são precários não atendendo de forma satisfatória os moradores, tendo em vista que o mesmo não possui um saneamento básico adequado, para prevenir doenças, a questão de acessibilidade do bairro, coleta de lixo, espaço de lazer, não possuindo escolas que possa atende seus moradores. O fato de não possuir escolas acarreta deslocação de alunos para áreas mais longes de sua moradia, trazendo mais gastos para família que tem que muitas vezes pagar pelo transporte para deixá-los na escola.

3.2 Bairro Barra Nova

O Bairro Barra Nova (Mapa 4) não foi estabelecido por uma lei específica que o denomina e delimita oficialmente pela prefeitura municipal de Caicó-RN. Sua formação teve início em 1970, ao longo da BR-427 que liga Caicó a Jardim de Piranhas e o rio que dá nome ao bairro.

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Mapa 4: Localização do bairro Barra Nova

Elaboração: Francisco Marciel de Araújo, 2017.

Faz limites ao sul com o bairro Paulo VI, Adjunto Dias, João XXIII e Walfredo Gurgel, ao oeste com Walfredo Gurgel, área que corresponderia o bairro Lula Januário5.

Este é o bairro que possui uma infraestrutura melhor em comparação aos demais bairros da zona oeste, mas, ainda emerge problemas relacionados ao esgoto sanitário, onde há duas situações graves, o esgoto escorrer a céu aberto, atravessando o bairro, um começa entre os bairros Walfredo Gurgel, Adjunto Dias e o mesmo, fazendo o trajeto de direção sudoeste-nordeste, e a outra no bairro que corresponderia ao bairro Lula Januário próximo a BR-427, fazendo o trajeto de direção noroeste-sudeste, ambos se encontram entre os bairros Lula Januário e Barra Nova. Os esgotos das ruas do bairro são direcionados para estes dois trajetos que são jogados dentro do Rio Barra Nova, como também de outros esgotos a céu aberto. Além, de serem proliferadores de insetos no bairro, o mesmo é afluente do

5 O bairro é determinado pela lei 4.159/2005, mas não possuem logradouros correspondentes, sua área correspondente ao bairro já existe Walfredo Gurgel, ou seja, há uma contraposição de bairros em uma área que já estas estabelecidas como bairro. Esta informação, foi confirmada quando não foi encontrado, dados do bairro na Secretaria Municipal de Tributação e Finanças de Caicó/RN sobre seus logradouros.

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Rio Piranhas-Açu, que abastece a cidade e algumas cidades da região do Seridó Potiguar, podendo no futuro trazer num encarecimento do tratamento de suas águas para o consumo humano, devido aos dejetos jogados no manancial. No quadro 3 a seguir, algumas informações obtidas em campo acerca da infraestrutura do bairro.

Quadro 3: Infraestrutura do bairro Barra Nova Infraestrutura Quant. Escola Privada 2 Escola Municipal 1 Escola Estadual 2 Unidade de Saúde 1 Áreas de Lazer 2

Transporte público 1 linha

Igrejas 7

Ruas sem acesso 9

Esgoto sanitário a céu aberto 6

Galeria 3

Telefone Público 2

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

Os logradouros do bairro em sua maioria se encontra pavimentada de paralelepípedo, há apenas algumas ruas sem pavimento no limite com o bairro João XXIII, e ao norte do bairro nos limites com rio Barra Nova. As ruas pavimentadas possuem apenas o meio-fio, não possuem bueiros para escorrer as águas pluviais, com exceção da BR-247 perto da praça Santa Cruz.

As calçadas das casas do bairro não há muita diferença de nivelamento umas das outras, mas ainda encontramos pequenos degraus, todavia constatamos que não possuem rampas de acessibilidade nas esquinas. Com relação à coleta do lixo a mesma é realizada uma vez na semana na quarta-feira.

Os logradouros com problemas de mobilidade urbana estão situados nas ruas que se encontram ao sul do bairro, entre o bairro Adjunto Dias, devido aos afloramentos que existem nesta área o que dificulta a locomoção da população que moram nessas ruas. Foram encontrados em campo num total de 9 pontos que

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dificultam a locomoção da população dentro do bairro, relacionado à existência de afloramentos rochosos em suas ruas.

O transporte público6 é realizado por uma linha que faz o percurso

Centro-Barra Nova-Walfredo Gurgel, realizado por 6 pessoas físicas com veículos próprios, tipo vans, sendo, um transporte alternativo por não haver transporte público, de segunda a sábado, durante manhã e tarde das 7:15h ás 17:30h, com exceção do sábado que funciona com horário reduzido até às 13 horas, com tempo aproximado 30 minutos entre cada saída. Assim, podemos perceber que o bairro é contemplado somente com um transporte alternativo, não havendo transporte público de qualidade.

O atendimento médico acontece na unidade básica de saúde do bairro, que também atende a população do bairro Adjunto Dias que pode causa uma sobrecarga de atendimentos por serviço ofertado, podendo afetar na demora de consultas médicas.

No que se refere aos estabelecimentos de comércios e serviços no bairro há uma grande variedade, o que contribui para uma melhor qualidade de vida dos moradores. Ainda existem duas Industrias de sovertes e quatro fábricas uma de calçados, uma de bolo e duas bonelarias no bairro, como também uma emissora de rádio. Todavia, no que se refere à questão do lazer constatamos que deixa a desejar, tendo em vista que as praças, uma que fica de frente para uma igreja e a outra que fica na frente do Atlético Clube Corinthians, não tem uma arborização para sombreamento que permita um ambiente mais agradável para as pessoas que queiram frequenta-la durante o dia, também não possuem parques para as crianças brincarem.

Nos serviços voltados para a educação, o bairro é contemplado com 5 escolas, sendo duas estaduais que atende o ensino médio e outra o ensino fundamental, uma escola municipal que atende a pré-escola e ensino fundamental e duas escolas privadas. O atendimento de serviços e comércios é variado no bairro, como pode ser observado no quadro 4.

6 Os dados acerca do transporte público da cidade de Caicó/RN, foram obtidos a partir da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos.

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Quadro 4: Estabelecimentos de comércios e serviços do bairro Barra Nova Tipo de Estabelecimento Nº de estabelecimento

Oficina de portões 3 Manutenção de celular 1 Marcenaria 3 Lanchonete 4 Posto de combustível 2 Supermercado 1 Mercearia 10 Mercadinho 5 Açougue 2 Borracharia 6 Lava jato 1 Salão de beleza 11 Drogaria 2 Sorveteria 3 Restaurante 7 Churrascaria 3 Advocacia 1 Distribuidora de bebidas 3 Oficina 20 Armazém de construção 3 Lojas de roupas 4

Praça de Moto táxi 2 Assessoria DPVAT 2 Bar 10 Tacógrafo 1 Taxi 1 Academia 1 Gráfica 1 Vidraçaria 1 Venda de motos 2 Distribuidora de tecidos 1

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Venda de automóveis 1 Equipadora de som 2 Peças de automóveis 3 Assistência informática 1 Studio de fotos 1 Lojas de variedades 2 Venda de Tintas 1 Venda de lambedor 1 Conserto de eletrodoméstico 1

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

O bairro possui uma estrutura que de certa forma atende parte das necessidades de seus moradores, notadamente no que se refere aos serviços e comércios, o que permite aos moradores uma melhor qualidade de bem-estar urbano, mas a infraestrutura do bairro deixa a desejar devido à questão do saneamento básico, uma vez que observamos esgotos a céu aberto. A falta de revitalização dos espaços de lazer do bairro para que os moradores possam passar o tempo num ambiente agradável e seguro, como também das rampas de acessibilidade das calçadas de esquinas, para as pessoas que possuem necessidades especiais possam se locomover para acessar estabelecimentos e serviços oferecidos no bairro.

3.3 Bairro Frei Damião

O Bairro Frei Damião possui a denominação de “Conjunto Frei Damião” e foi estabelecido pela lei n.º 3.410 de 27 de outubro de 1992, não tendo sido estabelecidos seus limites (Mapa 5).

Referências

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