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LIVRO 2015 A NORMA DO NOVO @@

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A Norma do Novo

Fundamentos do Sistema de Patentes

na Modernidade

(versão-homenagem a Arpad Bogsch)

TERCEIRA EDIÇÃO (REVISTA) (e.Book)

Conteúdo

MURILLO CRUZ

Copyright © 1996 Murillo Cruz

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4 Apresentação e Resumo deste Livro ▲

Aqueles que conhecem a história, as evoluções doutrinárias, e a política internacional na área de propriedade intelectual, especialmente nos últimos c. 60 anos, poderão avaliar – em toda a sua extensão – a importância da carta / documento acima, enviada para mim pelo Dr. Arpad Bogsch, Diretor Geral à época da WIPO-OMPI (World

Intellectual Property Organization).

“Dear Mr. Cruz

I thank you for your letter of November14, 1996, enclosing two copies of your recently published book entitled A Norma do Novo – Fundamentos do Sistema de

Patentes na Modernidade ...

Your activities as a delegate to WIPO meetings are not forgotten. Certainly, this experience was important for you when you undertook writing a monograph which, to my knowledge, is unique in its kind.

I am sure that your book will be welcomed by many scholars involved with intellectual property in Brazil, ... but also, because of the uniqueness of the book, in other countries.

I congratulate you on this admirable accomplishment. ... “ O Dr. Arpad Bogsch foi, inquestionavelmente, o mais importante Diretor Geral da WIPO-OMPI. Sua gestão enquanto Diretor Geral da WIPO por 25 anos, cobriu os anos de 1973 até 1997 (embora já atuasse, desde 1963, como Vice-Diretor do BIRPI, instituição internacional que antecedeu a WIPO). Após o seu falecimento (em 2004) o prédio sede da WIPO, em Genebra, em homenagem mais do que justa, recebeu o seu nome; e atualmente existe uma medalha de honra e mérito para

profissionais de destaque em invenções e inovações, outorgada pela IFIA (International Federation of Inventors´ Associations): the “Árpád Bogsch Medal”. A WIPO-OMPI , agência especializada da ONU, é a maior instituição internacional de propriedade intelectual. Administra e é depositária dos mais significativos tratados internacionais sobre o tema, especialmente a Convenção da União de Paris (de 1883), a Convenção de Berna (de 1886), e o PCT (Patent Cooperation Treaty), de 1970, entre outros bem importantes. Atualmente administra 27 tratados internacionais e mais de

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180 países são considerados países-membros (associados). Até 1994 era a principal instituição internacional responsável pelo tema.

A partir dos anos 1980, com a imposição e a implantação sucessiva da “estratégia Pfizer” para propriedade intelectual em nível global por parte dos EUA (B45), e o relativo atingimento desta estratégia em 1994, a OMC – Organização Mundial do Comércio (através do TRIPs - Agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual

Property Rights) passou a dividir com a WIPO os debates, as normas, as estratégias e

a administração do tema da propriedade intelectual a nível internacional. Assim, desde 1994 duas instituições internacionais importantes lidam com o tema da propriedade intelectual.

[Para um aprofundamento do significado da “estratégia Pfizer” para a propriedade intelectual, o planejamento por parte dos EUA para a aprovação (leia-se imposição) do TRIPs nos termos propostos, e, consequentemente, o “término ou o enfraquecimento

da WIPO”, ver, especialmente, John Braitwaite e Peter Drahos, Global Business Regulation, 2000. A entrada na Direção Geral da WIPO de Kamil Idris, em 1997,

demonstrou, para os especialistas, claramente, qual o prato da balança política “WIPO-OMC” encontrava-se mais pesado (à época)]

Meu primeiro encontro com o Dr. Bogsch ocorreu em 1981, em Nairobi (Quênia), na segunda sessão da Conferência Diplomática de Revisão da Convenção da União de Paris. Durante c. 40 dias, nossa delegação brasileira, chefiada pelo Ministro do Itamaraty Álvaro Alencar, juntamente com todos os demais países membros da WIPO, empreendeu intensas negociações e movimentações para a finalização de um novo texto da Convenção de Paris (a principal Convenção Internacional de Propriedade Industrial à época). (Para mais informações sobre esta Reunião diplomática ver “Introdução” deste livro).

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Após 1981, e durante toda a década de 1980, em função de minhas responsabilidades junto à Assessoria da Presidência do INPI, estive várias vezes com o Dr. Bogsch e o

staff profissional da WIPO em Genebra (e algumas vezes no Rio), não só nas

ulteriores sessões da revisão da Convenção de Paris, mas também de outros temas e tratados internacionais.

Durante as dificílimas negociações do final da década de 1980, especialmente as negociações sobre um (eventual) tratado internacional sui generis (no âmbito da WIPO) sobre a proteção jurídica dos circuitos integrados, estivemos juntos, outras tantas vezes, na medida em que eu estive responsável pela representação do Brasil (na WIPO) como membro de um grupo restrito de países (em desenvolvimento) acerca da negociação deste eventual Tratado. Ademais, as vinculações e as articulações com a WIPO elevaram-se (significativamente) durante a segunda metade da década de 1980, em função da Rodada Uruguai de negociações no então GATT (a partir de 1986) e a agenda imposta pelos EUA para a inclusão do tema da propriedade intelectual neste fórum (com repercussões evidentes para as ações administrativas, técnicas e políticas da WIPO).

Parte da difícil agenda e das complexas estratégias sobre as negociações internacionais em propriedade intelectual na (importantíssima) década de 1980 deságua e concentra-se, antes da aprovação do TRIPs em 1994, na reunião diplomática de Washington, em maio de 1989, para a aprovação de um Tratado (sui generis) para a proteção jurídica dos circuitos integrados, no âmbito da WIPO.

Não penso em relatar aqui os problemas que estiveram envolvidos nesta (significativa) reunião, tanto por parte do INPI quanto do MRE (Itamaraty), mas é importante frisar que, visto em perspectiva, as minhas análises, à época, estavam (e continuam) corretas, pois o tratado sui generis de proteção aos circuitos integrados (o Tratado de Washington, de 1989), tratado este que nunca entrou em vigor, possui, atualmente, como países membros: Bósnia, Egito e Santa Lúcia. (!) Aliás, do ponto de vista jurídico preciso somente o Egito é membro deste Tratado (“inexistente”), que tantos esforços e recursos foram despendidos por todos os países membros da WIPO e do próprio secretariado, durante alguns anos. De fato, a proteção jurídica dos circuitos integrados acabou sendo incorporada ao TRIPs, a partir de 1994.

Parte das razões (teóricas ou conceituais) pelas quais eu acreditava (e continuo acreditando) na impossibilidade de se alcançar um acordo internacional (consistente, equilibrado, consequente, e portanto relativamente “inteligente” e não arbitrário) para

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a proteção jurídica dos circuitos integrados (e de vários outros setores tecnológicos “de ponta”) encontram-se neste livro, especialmente na Parte III; e é por este motivo que cito acima brevemente este (inexistente) tratado de Washington sobre circuitos integrados.

Após o meu afastamento do INPI, em 1990, retornei para as minhas atividades docentes na UFRJ (a partir de então em horário integral), e ingressei no doutorado do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ, com a orientação de grandes professores: Roberto dos Santos Bartholo Jr. (meu orientador), Roberto Cintra Martins, e outros. Sou profundamente grato aos dois por todo o apoio e a competência acadêmica e profissional dos mesmos, e igualmente aos demais membros da banca de doutorado, professores Emmanuel Carneiro Leão, Carlos Alberto Nunes Cosenza e Wilmar do Valle Barbosa.

A concretização (final) de minha tese de doutorado, defendida em 1995, objeto deste livro (agora em uma nova e revisada edição - digital) foi a etapa final de um longo percurso iniciado no ano de 1979 (e interrompido por cerca de 11 anos), quando obtive do governo da então República Federal da Alemanha, através do DAAD – Deutscher

Akademisher Austausch Dienst, uma bolsa de estudos para o doutoramento na

Universidade de Bonn, e que se realizaria sob a supervisão do professor C.C. von Weizsäcker.

A minha estadia na Alemanha foi interrompida por motivos de ordem estritamente pessoal; mas possuiu, entre outras razões, uma motivação profissional: a validade de um convite feito, antes de minha ida para a Alemanha (no início de 1979), para trabalhar na Assessoria da Presidência do INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, por parte de Antônio Luiz Figueira Barbosa.

A.L. Figueira Barbosa estava, de fato, montando uma equipe de assessores para a presidência do INPI (na gestão de Arthur Carlos Bandeira), e outros nomes foram igualmente lembrados e levados por ele para esta Assessoria, como por exemplo Cláudio R. Treiguer, Denis Borges Barbosa e Manuel Edmilson do Nascimento (ver “Introdução” deste livro).

Foi, portanto, A.L.Figueira Barbosa que me levou a conhecer o amigo e chefe, ex-presidente do INPI, Arthur Carlos Bandeira; e este, aos meus primeiros contatos com Thomas Thedim Lobo, o primeiro presidente do INPI.

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sobre propriedade industrial e transferência de tecnologia, e nos vários eventos internos (no Brasil), até 1984, devem-se quase que exclusivamente à confiança que A.L.Figueira Barbosa e Arthur Carlos Bandeira depositaram em minhas determinações e esforços. Sou profundamente grato aos dois pelas oportunidades únicas que me foram concedidas.

A partir de 1985, com a entrada na presidência do INPI de Mauro Fernando Maria Arruda, ex-diretor de Contratos de Transferência de Tecnologia na gestão Arthur Carlos Bandeira, e a confirmação de Manuel Edmilson do Nascimento na Coordenação de Assuntos Internacionais do INPI, e Claudio Treiguer no CEDIN (Centro de Documentação e Informação Tecnológica), tive igualmente a chance e a oportunidade de dar prosseguimento aos esforços que já vinha empreendendo desde o início de 1980. A acumulação de tarefas e responsabilidades atribuídas a mim por parte do então amigo Mauro Arruda, e da convivência quase que diária e constante com Manuel Edmilson, Cláudio Treiguer, e outros, proporcionaram-me momentos extremamente profícuos e experiências igualmente únicas no âmbito da propriedade industrial, no Brasil e no exterior. Apesar de pontuais divergências político-conceituais, evidenciadas ao término do mandato da presidência de Mauro Arruda, em 1989, e que hoje atribuo – pelo menos de minha parte – ao imenso desgaste e estresse de uma atuação constante e ininterrupta de defesa dos interesses nacionais, desfocados, de minha parte, dos reais agentes receptores destas ações e esforços (o empresariado dito “nacional”), não posso deixar de externar meus agradecimentos, pelas oportunidades igualmente únicas que me foram concedidas, a Mauro Arruda, a Manuel Edmilson, e Cláudio Treiguer.

No âmbito do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), órgão que tivemos uma ativa e permanente parceria durante todos os anos no INPI, sou bastante grato a vários diplomatas daquele órgão. Entretanto, não posso deixar de fazer um agradecimento especial ao amigo e diplomata Guilherme de Aguiar Patriota, com quem tive a oportunidade de dividir momentos importantes e difíceis nos exercícios negociadores internacionais que acompanhávamos. Agradeço igualmente ao Guilherme Patriota o envio de alguns artigos e trabalhos que lhe pedi da biblioteca do congresso dos EUA, e que prontamente me foram enviados.

Foram raros os temas mais delicados e estratégicos na área de propriedade industrial e comércio de tecnologia (em termos nacionais e internacionais) dos anos 1981 até 1989 que não estiveram diretamente sob minhas responsabilidades, estudos ou assessoria. Por exemplo: as difíceis negociações com os cartéis farmacêuticos internacionais no

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tema da propriedade industrial; as negociações sobre a Revisão da Convenção da União de Paris no âmbito da WIPO; as negociações sobre o Código Internacional de Conduta sobre Transferência de Tecnologia, no âmbito da UNCTAD; as negociações sobre os novos tratados internacionais sobre as novas tecnologias (especialmente o tratado de circuitos integrados), no âmbito da WIPO; os parâmetros estratégicos e as atuações no tema da propriedade intelectual na Rodada Uruguai do GATT/OMC, a partir de 1986; os debates sobre a mudança da lei brasileira de propriedade industrial à época, a Lei 5772/71; a coordenação conjunta (e docência) do primeiro (e sucessivos) cursos internacionais de propriedade industrial para os países em desenvolvimento, em convênio INPI/WIPO; a coordenação, autoria e execução do Programa de Acompanhamento Tecnológico na Indústria – PROATEC, isto é, o primeiro programa brasileiro de estudos (publicados) sobre tendências tecnológicas calcadas em documentos de patentes (Ver “Introdução” deste livro); a gerência e o início do programa de informatização do INPI, etc.

A Estrutura deste Livro. Ou, Como Ler este Trabalho ▲

Este livro, como dito acima, expressa o texto original de minha tese de doutorado (de 1995), mas possui algumas modificações, consertos e acréscimos importantes, especialmente as modificações que efetuei na “Introdução”, nesta “Apresentação”, na Parte I, e na distribuição das figuras e dos desenhos. Talvez corresponda, entretanto, a c. 90% do texto original de outubro 1995, pois alguns novos parágrafos foram introduzidos, e outros retirados, assim como alguns poucos itens foram introduzidos na Bibliografia. Por ser uma edição digital (em e.Book), procurei adaptar a leitura (e principalmente os desenhos) e as “notas de pé-de-página” para esta nova formatação. Como um todo, esta nova versão encontra-se (bem) mais objetiva quanto aos meus propósitos originais.

As inúmeras referências bibliográficas contidas no texto devem ser lidas da seguinte maneira: quando os parênteses possuírem dois números, o primeiro número significa a referência bibliográfica, e o segundo número é a página correspondente. Por exemplo: (P25/6), significa a referência bibliográfica P25, e 6 significa a página. A bibliografia encontra-se no final deste trabalho. No exemplo citado, P25 é o trabalho de Yves Plasseraud e François Savignon, Paris-1883, Genèse du Droit Unioniste

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Quando não houver o número da página, isto significa que a referência é genérica sobre aquele específico livro, artigo ou autor.

Tendo em vista que este livro possui três grandes Partes, e vários capítulos em cada Parte, para facilitar a indicação dos capítulos, eles são indicados como, por exemplo: “capítulo 3/I”, que deve ser lido como: capítulo 3 da Parte I; “capítulo 7/III”, que deve ser lido como: capítulo 7 da Parte III; e assim sucessivamente.

Comentários Resumidos sobre esta Tese ▲

Os sistemas de patentes (especialmente de invenção) foram abordados, estudados e explicados, ao longo da história moderna, e particularmente nos últimos dois séculos, por uma já significativa bibliografia, através dos enfoques jurídicos, econômicos, históricos, etc. (ver “Introdução”); mas, até o momento, sem uma reflexão mais compreensiva e totalizante das suas razões (inclusive de suas razões cognitivas, descritivas e desenhativas como suporte dos claims das patentes).

[A expressão sistema de patentes ao longo deste livro não significa que este sistema seja um conjunto harmônico e uniforme de princípios, costumes, leis, práticas e entendimentos. É especialmente o caso das inúmeras legislações sobre patentes ao longo do tempo, que normalmente possuíam (e ainda possuem) variações e diferenças significativas. Entretanto, em uma abordagem mais institucional, “econômica” ou conceitual – que é a abordagem focal deste livro, podemos utilizar a expressão sistema de patentes (de invenção, de introdução, etc.) com um pouco mais de objetividade, uniformidade e mesmo consenso. Por exemplo, os princípios econômicos dos sistemas de patentes – ao longo da história - são relativamente claros e consensuais: o objetivo (declarado) normalmente é o estímulo às invenções e/ou o estímulo (ou prêmio) à introdução ou fabricação de objetos/produtos desejáveis em uma certa região ou país, e isto é alcançado ou perseguido assegurando ao proprietário/detentor da patente um certo controle sobre a utilização de seu invento (que tenha sido patenteado). E este controle provém de seu direito (instituído, e não natural) de impedir os demais de usar o seu invento, desde que a sua prática como patentee (i.e., como titular/proprietário da patente) não colida com os interesses sociais ou públicos (que, em última instância, são os poderes que outorgam a patente), e desde que faça uso efetivo do objeto patenteado. Tudo isto significa dizer, em última instância, que a concessão de uma patente equivale à concessão de um monopólio (normalmente temporário, mas nem sempre), para a consecução de uma meta socioeconômica. E a patente, neste sentido, é uma “property tecnológica”, ou uma “security tecnológica” sui generis, na medida em

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que representa rights of ownership negociáveis. Nesta compreensão, parece claro que um certo equilíbrio de interesses se estabelece, entre uma suposta “justiça individual” (para os titulares de patentes), e uma suposta “justiça social” (os beneficiários virtuais das ações empreendidas pelo titular da patente)].

Todo o caudal bibliográfico explicativo e todas as diferenças conceituais acerca dos sistemas de patentes – rapidamente referenciados acima, e que veremos com mais detalhes abaixo -, acabava (e ainda acaba) tendo como pano de fundo duas “únicas” e importantes explicações sobre as razões da existência histórica da instituição das patentes de invenção, de introdução, ou mesmo sobre a própria definição do que seja uma “patente” (de invenção).

A existência destas duas (importantes) explicações para a instituição do sistema de patentes de invenção (explicações relativamente conflitantes entre si, conforme veremos adiante), parece ser a razão pela qual não seja incluída, em quase todas as legislações e tratados sobre a matéria, qualquer definição (direta e objetiva) de “patente(s)”. Normalmente, nas leis de propriedade industrial, e mesmo em tratados internacionais sobre a matéria, verifica-se uma completa ausência de definição do que seja (objetivamente) uma patente (de invenção, por exemplo), e institui-se uma “definição indireta” ou mitigada, através (somente) da explicitação dos direitos conferidos ao titular da patente, como é o caso, por exemplo:

1) do TRIPs, de 1994 - Artigo 28, Direitos Conferidos - Uma patente conferirá a seu

titular os seguintes direitos exclusivos: (a) quando o objeto da patente for um produto, o de evitar [prevent, no original, e não impede] que terceiros sem seu consentimento produzam, usem, coloquem à venda, vendam, ou importem com esses propósitos aqueles bens; (...)

2) da atual lei brasileira de propriedade industrial (lei 9279/96) (quase que perfeitamente adaptada ao TRIPs) - “Art. 42. A patente confere ao seu titular o direito

de impedir terceiro, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos”.

Um outro exemplo interessante, nesta mesma direção, é o caso do principal tratado internacional de Propriedade Industrial até 1994: a Convenção de Paris. A Convenção de Paris nunca conseguiu, nas várias revisões ocorridas durante mais de um século, incluir em seu texto uma definição do que seja uma “patente” de invenção (ou mesmo uma definição de outros objetos abrangidos por ela) – embora tenha fortemente tentado nas primeiras reuniões internacionais preparatórias para ultimá-la (1873, 1878

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e 1880). De fato, as grandes tentativas - fracassadas - de obtenção de um consenso sobre definições e princípios ocorreram na reunião preparatória de 1873, e posteriormente chegou-se à conclusão de que qualquer definição de princípios ou fundamentos sobre as patentes seria um exercício infindável e inconclusivo, dado as imensas divergências (conceituais e políticas) entre os especialistas. A partir de então, os legisladores (e outros) passaram a admitir a definição de patente como uma espécie de petitio princippi: “ora!, todo mundo sabe o que é uma patente! Logo, eu não preciso dizer o que é!” E o TRIPs, de 1994, e todos os demais tratados internacionais sobre o tema, agem da mesma maneira.

Em outras palavras, é interessante que os dois principais tratados internacionais de propriedade industrial (e intelectual) legislem sobre patentes (e outros objetos), sem “explicitar” o que seja (objetivamente) uma patente, isto é, sem explicitar sobre o que realmente estão legislando. Na opinião de alguns juristas proeminentes isto ocorre por ser uma “prática” usual do Direito. Entretanto, permanece, então, uma dúvida: se é uma prática corrente do Direito, por que então os legisladores internacionais da área (que são normalmente muito bem instruídos) tentaram (fortemente) incluir tais definições e princípios nas conferências preparatórias da Convenção de Paris, (e não conseguiram)? Por que tentaram igualmente a inclusão de tais definições durante os debates sobre a proteção jurídica dos circuitos integrados e da biotecnologia, nos anos 1980, e igualmente não conseguiram? Não seria suficiente, então, seguir a prática corrente do Direito, e abrir mão, ab origine, de qualquer definição?

De fato, até a apresentação desta tese, em 1995, somente duas explicações (importantes), ou dois entendimentos, existiam sobre as razões da existência (da instituição) do sistema de patentes de invenção (e da propriedade industrial como um todo), entendimentos estes que levam à própria definição do que seja uma patente de invenção, e à própria dificuldade da inclusão das definições de patentes de invenção nas diferentes legislações sobre o tema, quais sejam:

1) o entendimento clássico (dominante) (a partir das experiências e dos registros históricos dos séculos XII até os séculos XVII/XVIII – mas ainda claramente aceitável nos dias atuais): compreendia-se que a instituição do sistema de patentes existia (e existe) por ser um “instrumento de política pública” (especialmente um estímulo ou “prêmio” à atividade econômica desejada numa certa região, isto é, a concessão (por uma autoridade pública constituída) de um monopólio temporário (ou não) para um

titular empreender certas ações econômicas – especificadas no objeto da patente ou da

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protegido descrito ou indicado “cairia em domínio público”). E mesmo assim, nos momentos iniciais desta instituição (dos séculos XII ao XV, por exemplo), nem mesmo esta clareza de ser um instrumento de política pública (ordenada) existia, pois na maioria das vezes a concessão de “patentes” era simplesmente a concessão de privilégios individuais (gratiae – privilegia) (mercantis, manufatureiros, pecuniários, etc.) concedidos por uma autoridade pública instituída para “amigos”, correligionários, acólitos, familiares, etc. Daí a inércia histórica longínqua de se nomear, até bem recentemente, as patentes de invenção também como “privilégios de invenção”. (ver especialmente capítulos 1/III e 3/III deste livro)

Não podemos perder de vista, então, que a origem (cândida, pura ou autêntica) da instituição das patentes (de invenção, de introdução, ou outras), na modernidade, é a prática de concessão de privilégios ou favores individuais ou familiares, para a manutenção ou a perpetuação de interesses (particulares), normalmente de indivíduos pertencentes à classe ociosa da ocasião; e, curiosamente, fora da Lei Geral e dos costumes correntes das “Autoridades”. Eram priva lex; isto é, “éditos especiais”, privilégios concedidos pelos “Soberanos”, mas não pelas “Autoridades”, e nem poderiam ser “superiores às Leis gerais”, ou seja, não poderiam “contrariar” as normas gerais instituídas; daí a expressão clara de “privilégio para alguém” – privilegia ou

gratiae – fora do corpo social, e das instituições hegemônicas. O entendimento de que

a patente é um evidente instrumento de política pública ordenada para “fins socioeconômicos gerais”, contendo em seu espírito normativo um certo equilíbrio entre uma suposta “justiça individual” (para os titulares de patentes) e uma suposta “justiça social” (os beneficiários virtuais das ações empreendidas pelo titular da patente) é, assim, bem posterior à esta etapa mais pura e autêntica desta instituição. 2) o entendimento, especialmente a partir dos séculos XVII e XVIII, de que a instituição do sistema de patentes (mormente as patentes de invenção) é simplesmente o reconhecimento (pelo Estado) de um direito (natural) do inventor (ou do titular). Neste segundo entendimento, ou explicação, o Estado ou a autoridade pública instituída não cria propriamente o direito do inventor (ou do patentee), como um direito positivo, mas simplesmente reconhece este direito (tido como natural) através da concessão da patente ao inventor ou ao titular. Neste entendimento, a patente, então, não é um “ato de graça”, um favorecimento, privilegia ou uma concessão. A versão mais acabada e intelectualizada deste entendimento é a concepção norte-americana sobre as patentes de invenção, concepção esta que acabou contaminando as legislações de quase todos os países, após a imposição do TRIPs pelos EUA para todo o mundo, a partir de 1994. Nesta concepção, o que a patente concede ao detentor do

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título não é propriamente o direito de fabricar, fazer, manufaturar, vender, etc., de forma exclusiva, o objeto coberto pela patente (nos termos prescritos e ordenados pela lei), mas sim o direito de excluir terceiros da fabricação, manufatura, venda, importação, etc., do objeto coberto pela patente (nos termos prescritos e ordenados por ele mesmo). (ver especialmente capítulos 3/III e 7/III deste livro)

A imposição por parte dos EUA, para o mundo todo, do Acordo TRIPs, em 1994, dá uma guinada histórica muito interessante para o campo da propriedade industrial. Ao impor como fundamento do sistema de patentes o princípio (radical) do direito natural do inventor na versão explicada no parágrafo acima, isto é, como um direito de exclusão de terceiros, e o uso do objeto protegido apenas sob termos do titular da patente (Uma patente conferirá a seu titular os seguintes direitos exclusivos: ... o de

evitar que terceiros sem seu consentimento produzam, usem, coloquem à venda, vendam, ou importem com esses propósitos aqueles bens; ... TRIPs, art.28), os EUA

buscaram a eliminação de qualquer discussão (consequente e sem sofismas) sobre o sistema de patentes poder significar (ou continuar significando) um instrumento equilibrado de política pública (ou mesmo social), conforme apresentado no item 1 acima. Ou seja, os EUA tentaram (e parece que conseguiram até o momento) eliminar, pelo menos nos aspectos legislativos, a compreensão clássica do sistema de patentes (ver item 1 acima).

Entretanto, visto em uma perspectiva bem mais dilatada, e para ser justo com a

expertise e a intelligentia dos formuladores norte americanos, talvez os norte

americanos estejam, sabiamente ou nostalgicamente, recuperando a pureza e a candura desta instituição, dos séculos XIII ao XV aproximadamente, como uma instituição, como visto acima, que simplesmente objetivava, desde a origem, conceder favores e privilégios para seus “amigos”, correligionários, acólitos, familiares, sócios, etc., sem grandes “preocupações” sociais. E se esta nostalgia foi e continua sendo realmente a intenção (consciente ou inconsciente) dos formuladores norte americanos dos últimos c. 30 anos, devo acrescentar, então, que este meu livro (e tese) corrobora, em algumas partes, esta tendência histórica que tomou corpo no TRIPs em 1994.

Alguns especialistas poderão dizer que algumas assertivas dos dois parágrafos anteriores estão muito fortes ou desequilibradas, pois o TRIPs “permite” algumas ressalvas que invalidam parcialmente os argumentos acima apresentados. Entretanto, devo dizer, in my defense, que o core de minhas assertivas acima (como tendência, padrão ou predominância) está correto. Os detalhes, são detalhes; e, nestes casos, tais

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detalhes e exceções são irrelevantes para alterar a predominância do argumento central e do espírito que o rege.

Como dito anteriormente, a partir da confecção e apresentação desta tese, uma terceira (e nova) explicação surge nos estudos acerca das razões da existência da instituição do sistema de patentes de invenção (e da propriedade industrial como um todo), ao lado das duas outras citadas acima. É importante salientar que estas três explicações devem ser vistas e analisadas de forma não taxonômica, mas sim evolucionariamente, ou seja, o entendimento do sistema de patentes como um instrumento de política pública (item 1 acima) não desaparece para dar lugar à explicação de que o sistema de patentes é o reconhecimento (social) de um suposto direito natural do inventor (item 2 acima); e ambas as explicações também não desaparecem pelas explicações contidas neste livro acerca de uma terceira (e abrangente), aí sim, compreensão sobre o sistema de patentes de invenção.

3) compreensão (desta tese) sobre a razão da existência da instituição das patentes de invenção (de introdução, e outras), i.e., do sistema de patentes: uma das conclusões centrais desta tese é que a instituição do sistema de patentes (de invenção) explica-se não apenas por ser um instrumento de política pública (item 1 acima), e nem apenas por ser um pretenso ou suposto direito natural do inventor, reconhecido pela sociedade através da concessão do título da patente (item 2 acima). A principal razão da existência da instituição do sistema de patentes de invenção (e que, como dito, não exclui as duas outras citadas, mas unicamente as suprassume) é que este sistema de patentes e de privilégios (e especialmente o sistema de patentes de invenção) é a principal síntese normativa * do mundo moderno; do homem moderno; e, por vias de consequência, da organização socioeconômica moderna. E o documento de patente (nos momentos clássicos, quando emitidos em papel ou papelão) é uma espécie de “envelope” ou recipiente material das principais instituições (hábitos de pensamento) do mundo moderno; do homem moderno. (ver próxima figura)

A palavra “normativa” acima precisa ser cuidadosamente avaliada e entendida, pois, aqui, possui duas conotações (igualmente não excludentes). Primeira conotação:

normativa, como norma, padrão, regra, standard, etc., no sentido que Thorstein

Veblen forneceu de “instituição”, isto é, “hábitos de pensamento” generalizados,

habits of thought, “mentalidade socialmente difundida”, padrão de comportamento e

de pensamento (normalmente inconsciente) considerado típico de um grupo social, psique social, etc.; Segunda conotação: normativa, como norma, padrão, regra, preceito, preceito legal (inclusive), etc., no sentido que John Commons forneceu de

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“instituição”, isto é, no sentido estrito de instituição como uma norma legal instituída ou legislada, e protegida em tribunais. O sistema de patentes de invenção é, assim, a Norma do mundo moderno; e, consequentemente, é a Norma do Novo, na medida em que, como veremos com detalhes neste livro, o “Novo” é um dos principais predicativos da modernidade. (Talvez o predicativo mais importante). Os demais predicativos chaves da modernidade, i.e., a vita activa e industrial/tecnológica (e a concomitante liberação de alguns instintos humanos mais construtivos e cooperativos), a lógica da representação isomórfico-mimética, a subjetividade, a orientação axiológica positiva do “privado” e do indivíduo, estão, todos, perfeitamente acomodados e abrigados no interior da instituição dos sistemas de patentes de invenção, e que toma “corpo”, ou materializa-se, como dito acima, no documento de patente, conforme veremos com detalhes ao longo deste livro. Neste sentido, a instituição do sistema de patentes não é algo de pequena monta.! Muito pelo contrário; é fundamental para entendermos a modernidade e o “nosso mundo”. (ver figura abaixo)

A importância da instituição das patentes como síntese normativa do mundo moderno, pode ser percebida, também, e às vezes não tão facilmente em toda a sua profundidade, pela participação de proeminentes e relevantes políticos e figuras públicas que forjaram e participaram (ativamente) da construção do mundo moderno. Por exemplo: o que Thomas Jefferson, David Lloyd George, Otto von Bismarck, Sir

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Edward Coke, Vladimir Ilyichi Lenin, Korekiyo Takahashi, Fukuzawa Yukichi, George Washington, Henry II (da França), Werner von Siemens et al. possuem em comum? Além de serem – como dito – figuras políticas proeminentes e importantes na construção do “mundo moderno”, todos os citados estiveram diretamente envolvidos com o tema das patentes ou da proteção aos objetos da propriedade industrial, em seus respectivos países ou épocas. E não me refiro, neste parágrafo, àqueles nomes óbvios construtores da modernidade vinculados diretamente ao tema das patentes de invenção (como inventores e descobridores que obtiveram patentes ou privilégios), como por exemplo Filippo Brunelleschi, Galileu Galilei, James Watt, Elias Howe, Louis Pasteur, Vladimir Zworykin, Nicola Tesla, Tomas Edson e tantos outros.

Thomas Jefferson foi o principal autor da declaração de independência dos EUA, o terceiro presidente dos EUA, um dos mais influentes “pais fundadores” de seu país, e o primeiro presidente do Escritório de Patentes dos EUA. George Washington, o primeiro presidente dos EUA, comandante chefe do exército na guerra da independência, presidente da Convenção que elaborou a Constituição norte americana, é signatário, juntamente com Thomas Jefferson e Edmund Randolf da primeira patente dos EUA dos tempos modernos (em julho de 1790). Otto von Bismarck participou ativamente dos debates sobre a pertinência (ou não) da legislação de patentes para a unificação da Alemanha (moderna). Lenin participou diretamente da institucionalização dos certificados de invenção da URSS (título assemelhado às patentes para os países socialistas à época). Henry II, da França, instituiu – pessoalmente -, em 1555, a obrigatoriedade das patentes serem descritas em sua totalidade (o que chamamos hoje de disclosure). Lloyd George, um dos mais importantes Primeiro-ministro da Grã-Bretanha de todos os tempos, participou diretamente, em vários momentos, dos debates sobre a importância das patentes para a Grã-Bretanha e mesmo para a “ordem mundial”. Sir Edward Coke é considerado o maior jurista britânico de todos os tempos, formulador da estrutura legal e constitucional da Grã-Bretanha moderna, e redator e defensor do famoso Estatuto dos Monopólios inglês, de 1623, considerado a carta magna moderna das patentes e da propriedade industrial.

O “exemplo japonês” é particularmente emblemático sobre a importância da instituição das patentes como síntese normativa do mundo moderno (e não apenas no campo tecnológico stricto sensu), conforme sustento nesta tese. Alguns intelectuais e políticos japoneses do século XIX compreendiam que o Japão “feudal” e tradicional deveria aproximar-se do mundo ocidental e dos “costumes” ocidentais. Tais movimentos desaguarão na famosa revolução Meiji (ou Renovação Meiji), de 1868, que transformará o Japão, muito rapidamente, em uma sociedade moderna. Um dos mais importantes nomes japoneses que defenderam esta transformação sócio cultural (e econômica), com base em supostos “direitos civis”, foi Fukuzawa Yukichi, considerado o “Voltaire japonês” e um dos fundadores do Japão moderno. Foi Fukuzawa que introduziu em seus escritos a ideia, entre outras, em 1867 (ou seja,

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antes da própria revolução Meiji) de que as patentes deveriam ser outorgadas no Japão, pois via nesta instituição uma das mais emblemáticas do mundo moderno ocidental. Apenas três anos após a revolução Meiji, i.e., em 1871, a primeira tentativa de uma lei sobre patentes é feita no Japão (sem sucesso). A primeira legislação substancial japonesa sobre patentes (de invenção) foi promulgada em abril de 1885, por Korekiyo Takahashi - outro nome muito importante para entendermos o processo de modernização do Japão. Korekiyo foi o primeiro “presidente” do Escritório japonês de Patentes, posteriormente Ministro da Indústria e da Agricultura, Ministro das Finanças, Presidente do Banco do Japão, e Primeiro-ministro. A história registra um fato curioso adicional sobre Korekiyo Takahashi no campo da propriedade industrial: durante uma visita de Korekiyo ao escritório norte americano de patentes, no início dos anos 1880, Korekiyo teria indagado: “O que faz dos EUA uma grande nação moderna?” E acabou concluindo: “as patentes”.

Para alguns, pode parecer que as explicações deste item 3, e que serão oferecidas ao longo de todo este livro, sejam readaptações ou mesmo repetições de alguns pensadores da área de propriedade industrial – normalmente economistas – que admitem a relação direta (óbvia) do sistema de patentes de invenção (e suas características) com o sistema capitalista. Por exemplo, Stojan Pretnar, em seu artigo já clássico sobre a matéria, Industrial Property and Social System, de 1981, e tantos outros. Nada mais equivocado do que concluir que são estas mesmas questões que estão apresentadas e justificadas nesta tese. Muito pelo contrário. A abordagem socioeconômica desta tese inscreve-se nos marcos da Escola Institucionalista Original de Economia (de Thorstein Veblen, de John Commons, et al.), escola esta que privilegia as explicações “institucionais” (conforme as definições de instituições descritas mais acima), e instintivas, antes das explicações econômicas/materiais. Por exemplo, para John Commons, em artigo clássico (C28), a Revolução Industrial foi antecedida (e muito) de uma determinante revolução institucional no próprio campo da propriedade intelectual e dos direitos constitucionais e civis - revolução institucional esta que ocorreu praticamente sob a batuta de Sir Edward Coke, no século XVII - sem a qual a Revolução Industrial não “poderia” ou deveria ocorrer. E para Thorstein Veblen, sem as prévias transformações nos “hábitos de pensamento” sociais (que ele designou por “instituições”), as transformações econômicas não ocorrem. Ou seja, a abordagem metodológica (e científica) desta tese não é “economicista”/material, e sim institucionalista (original).

Mesmo os economistas e demais pensadores que especulam sobre a vinculação do sistema de propriedade industrial com o “capitalismo” não ultrapassam os impactos e as relações propriamente industriais/produtivas dos sistemas de patentes e de marcas sobre as empresas. Normalmente tendem a especular sobre os efeitos das invenções (e

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das patentes) sobre a produção material e organizacional das “empresas”; e das marcas sobre as atividades mercantis stricto sensu. Grande parte, inclusive, tende a privilegiar suas análises nos efeitos do monopólio conferido pelas patentes sobre as estruturas de mercado, formação de preços, abusos, etc. Com raras exceções, apresentam a fundamental relação da propriedade industrial (das patentes e das marcas) com a elevação do good-will (empresarial), tema este, aí sim, da maior relevância para entendermos a importância da propriedade industrial no funcionamento do capitalismo financeiro corporativo (e mesmo do “capitalismo industrial”). Os pensadores econômicos importantes que perceberam esta fundamental relação da propriedade industrial com a elevação (ou criação) do good-will (empresarial), e os impactos para a capitalização (financeira) moderna das Corporações, i.e., das empresas de capital aberto, foram Karl Knies, Werner Sombart, Thorstein Veblen, John Commons, Paul T.Homan, e outros; sendo que a primeira teoria consistente sobre esta questão (e praticamente a única até o momento) é a de Thorstein Veblen, contida em seu segundo e importante livro, The Theory of Business Enterprise, de 1904.

Os que puderem ler, neste momento, o capítulo 1/I deste livro, poderão perceber, então, a profundidade e toda a importância do que foi exposto rapidamente nos últimos parágrafos. Cito, a seguir, um único parágrafo deste capítulo 1/I, com ideias paradigmáticas do apresentado acima:

“Neste mesmo sentido, Lucien Febvre, em Le Problème de L'Incroyance au XVIe.

Siècle (1946), dirá que o homem da Alta Idade Média, e ainda de grande parte do

Renascimento, não possuía os instrumentos materiais e principalmente mentais para o cálculo preciso. Para L.Febvre, a alquimia, por exemplo, nunca conseguiu fazer uma experiência precisa simplesmente porque nunca o tentou (...) "não é o termômetro que lhe faltava, mas a ideia de que o calor fosse suscetível de medida exata. Não se olha enquanto não se sabe se há alguma coisa a ver, e sobretudo se sabemos (ou acreditamos) que não há nada a ver. A inovação de Anton van Leeuwenhoek (o inventor do microscópio) consistiu principalmente na sua decisão de olhar". (K12/72)

Utilizando-se a classificação histórica de Thorstein Veblen, podemos afirmar, com segurança, que a instituição do sistema de patentes (de invenção, de introdução, etc.) - que se estrutura e se dissemina ao longo da modernidade – é a principal síntese institucional que dará início ao processo de desintegração da cultura bárbara predatória (the Barbarian Culture) dos longos séculos entre c. 6.000 a.C. até o declínio da Alta Idade Média, ou do Renascimento. A desintegração da cultura bárbara

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predatória vem acompanhada de um período intermediário que Veblen designou por Era do Artesanato (the Handicraft Era), período este que consolida, passo a passo, as várias instituições e práticas do mundo moderno industrial, e que Veblen designará, então, por Pecuniária (Predatória) (the Pecuniary Culture). E é precisamente a instituição do sistema de patentes que irá oferecer – como síntese institucional - os reflexos concretos das mentalidades e das práticas do homem moderno, desde a Era do Artesanato, até a consolidação da Cultura Pecuniária de nossa (atual) época. Para os que desejarem obter informações mais precisas sobre este parágrafo e sobre a obra de Thorstein Veblen, indico, abaixo, o meu livro sobre T.Veblen, que pode ser obtido, gratuitamente, no link …

https://sites.google.com/site/murillocruzfilho/

Esta tese busca explicar (detalhadamente), então, entre outras questões, a transição institucional da etapa Bárbara Predatória da cultura, para a etapa da Era do Artesanato, e que deságua na Cultura Pecuniária Moderna, ou seja, deságua no (nosso) moderno Sistema industrial. Buscará explicar, igualmente, as razões pelas quais o sistema de patentes de invenção pode ser propriamente designado, como dito no item 3 acima, “a principal síntese normativa

do mundo moderno”. E aborda estas explicações, e muitas outras, através de três grandes reflexões, cada uma contida em uma das três grandes Partes deste trabalho. Primeira Parte deste Livro

Título: Sobre a Impossibilidade da Proteção Formal às Invenções e às Ideias Inventivas na Metafísica Clássica (A Antiguidade Greco-Romana e a Cristandade da Alta Idade Média)

A primeira Parte deste trabalho expõe as razões da inexistência das condições formais e intelectuais (portanto, institucionais) do surgimento de um sistema de patentes na estrutura onto-teológica da sociedade ocidental europeia, estrutura esta que dominou intelectualmente os destinos do Ocidente até aproximadamente o século XII d.C.

A pergunta central desta primeira Parte, e que busco responder, é a seguinte: Por que razões a metafísica clássica (greco-romana e Orígenes-agostiniana da Alta Idade Média) impossibilitava a existência e a explicitação de regras formais de proteção, estímulo e apropriação das obras intelectuais e das ideias inventivas? Ou seja, que

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circunstâncias filosóficas e antropológicas (institucionais) impediam e obstaculizaram durante toda a Antiguidade clássica e grande parte da cristandade medieval europeia o nascimento de um conceito de proteção e apropriação jurídica privada (individual) para as obras intelectuais, ideias inventivas, ou às invenções tout court?

É através do estudo e da compreensão dos diversos passos que conduziram à dissolução da ontologia/teologia clássica e medieval da Alta Idade Média, que podemos entender, então, as razões do aparecimento das condições de possibilidade (institucionais) dos diversos sistemas de privilégios e de patentes à partir dos séculos XII e XIII d.C.

E isto abre espaço, portanto, para uma segunda Parte e uma segunda indagação. Segunda Parte deste Livro

Título: Novidade, Representação e Sujeito. Modernidade e Fundamentação do Sistema de Patentes de Invenção

A segunda Parte deste livro expõe as razões do aparecimento das condições formais, intelectuais (institucionais) e descritivas-operacionais (inclusive desenhativas) que sustentaram a existência dos sistemas de apropriação privada das técnicas ao longo dos últimos séculos, especialmente dos séculos XV até o século XIX/XX.

E a pergunta central desta segunda Parte, e que busco responder, é a seguinte: Por que foi possível durante praticamente os últimos cinco séculos (aproximadamente dos séculos XV ao XIX) fazer com que a representação visual objetiva do conceito se afirmasse como verdade (juntamente com todas as demais revoluções operadas pela modernidade ocidental), servindo de mecanismo cognitivo e epistemológico à proteção formal das invenções e inovações técnicas no interior dos diversos regimes jurídicos de patentes?

Em outras palavras, por que e como a lógica da representação isomórfico-mimética moderna operou de forma relativamente fidedigna e estável a relação triádica

coisa-referente, significado e sua descrição (significante-signo)?

Ou ainda, com que fundamentos filosóficos, antropológicos e cognitivos / figurativos / desenhativos foi possível estruturar-se e definir-se a proteção formal jurídica das invenções (das ideias inventivas passíveis de utilização industrial) de maneira clara (patente), singular, descritível, unívoca e indubitável quanto à propriedade da

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invenção e a titularidade do direito?

Esta segunda parte possui três Sessões importantes: (i) Novidade; (ii) Representação; e (iii) Sujeito

E no prosseguimento destas duas indagações fundantes para a compreensão do tema, surge, então, uma terceira e crucial questão, e, portanto, uma terceira Parte.

Terceira Parte deste Livro

Título: Gênese, Consolidação e Dissolução do Sistema de Patentes na Modernidade

A terceira Parte desta tese expõe as evoluções modernas e contemporâneas dos sistemas de patentes, principalmente com ênfase na perda da substância descritiva e analítica dos objetos tecnocientíficos modernos, basicamente das técnicas semiconservativas, como a engenharia biológica, os sistemas de informação, a informática, os programas de computador (softwares), a microeletrônica, etc.

Esta terceira Parte tem início com um substancial histórico da gênese dos modernos sistemas de patentes na modernidade, desde os séculos XII e XIII; e com registros, em seguida, dos principais fatos e acontecimentos na área de propriedade industrial (especialmente na área de patentes de invenção), do século XV até 1994.

A pergunta central desta terceira Parte, e que busco responder, é a seguinte: Por que não é mais possível a aplicação das regras e dos critérios normativos tradicionais dos sistemas de patentes às novas evoluções tecnocientíficas da contemporaneidade? Ou seja, por que os alicerces conceituais (simples mas profundos) dos sistemas tradicionais de patentes vêm sendo dissolvidos, dando início a uma crise institucional e conceitual das mais significativas nos mecanismos e regras de proteção às ideias inventivas e obras intelectuais?

Se pudéssemos fazer uma grande síntese figurativa e imagética sobre as reflexões desta terceira parte desta tese, e que os leitores encontrarão nos oito capítulos desta parte, seguramente as imagens que representam “patentes tradicionais de objetos mecânicos isomórfico miméticos”, “partituras contemporâneas de música aleatória”,

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“rede complexa de processos de contrafações (mútuas) de patentes em tecnologias modernas”, e “rede complexa e cada vez mais extensa de cruzamento de patentes (cross licensing agreements)”, seriam sínteses importantes e altamente pertinentes sobre centenas de conceitos verbais sobre o que esta terceira parte busca compreender, explicar e concluir. (ver figuras abaixo)

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Em suma, esta tese possui, de fato, duas grandes proposições:

1ª. PROPOSIÇÃO: O sistema de patentes é a síntese normativa ou institucional do mundo moderno. E a explicação e comprovação desta Proposição encontra-se, essencialmente, na Parte I e na Parte II deste livro.

2ª. PROPOSIÇÃO: O sistema de patentes (de invenção) na contemporaneidade encontra-se em dissolução, em função das características semiconservativas ou suprassumidas das novas tecnologias. E a comprovação desta Proposição encontra-se, essencialmente, na Parte IIII deste livro.

A validade desta segunda proposição ratifica plenamente, inclusive, parte da teoria social e econômica de T.Veblen, pois, para ele, é a tecnologia, ou seja, a evolução tecnológica, que possui a potência de confrontar e “destruir” os hábitos de pensamento cristalizados, i.e., as instituições.

Este livro possui ainda outros tópicos especiais e originais que merecem ser ressaltados, como por exemplo uma sessão complementar sobre uma semiótica do sistema de patentes (de invenção) (capítulo 11 da Parte II), uma apresentação dos principais atores e movimentações estratégicas no campo da propriedade industrial e transferência de tecnologia no Brasil, no designado “ciclo da Lei 5772/71”, o período

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histórico mais significativo da propriedade industrial no Brasil (ver “Introdução”); e outros.

Sinteticamente:

PARTE I PARTE II PARTE III

Os leitores mais diretamente interessados nos temas da segunda Proposição desta tese (a gênese, a consolidação, e a dissolução dos fundamentos do sistema de patentes na modernidade), poderão iniciar a leitura deste livro pela “Introdução”, e em seguida continuar (diretamente) na Parte III. Nesta trajetória de leitura, grande parte dos argumentos sobre os fundamentos do sistema de patentes, e os argumentos do porque a instituição das patentes de invenção pode ser considerada a síntese normativa do mundo moderno, serão perdidos; mas, por outro lado, a partir da leitura diretamente da Parte III evidenciam-se os argumentos sobre os problemas mais contemporâneos da continuidade da proteção às ideias inventivas nos marcos tradicionais da propriedade intelectual, tema este de indubitável relevância.

Murillo Florindo Cruz Filho ▲

Professor do Instituto de Economia da UFRJ ▲

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Palavras de Apreço sobre este Livro e sobre esta Tese ▲

1 "Na medida em que permeia e vincula a filosofia no sistema de patentes, a tese do Prof. Murillo Cruz dá um passo importante para o entendimento das ideias e do pensamento humano, principalmente no âmbito da teoria do progresso. A tese, ainda, é uma demonstração cabal da aptidão do professor Murillo para desenvolver pesquisas consubstanciadas em seus trabalhos e experiências, e que culminaram em sua tese de doutorado”. [ Carlos Alberto Nunes Cosenza, Professor Titular e Professor Emérito da UFRJ (COPPE); Mestre em Ciências pela COPPE/UFRJ, Doutor em Ciências pela UFSC, Brasil; Pós-Doutorado pela Universidade de Cambridge UK, 1981. Pós-Doutorado pela LAARS-CNRS e ENAC - Toulouse França, 2001 ]

2 "o Professor Murillo Cruz demonstrou nesta tese um conhecimento exaustivo resultante de extraordinária capacidade de pesquisa e interpretação de documentos das mais variadas áreas da criação cultural e do saber. A originalidade da contribuição do Prof. Murillo assegura à sua tese um lugar próprio e específico na área de conhecimento através da singularidade, criatividade e vigor interpretativo e metodológico”. [ Emmanuel Carneiro Leão, Professor Titular da UFRJ – ECO, Escola de Comunicação -, Mestre em Filosofia pela Universidade de Albert-Ludwig, Freiburg, Alemanha, e Doutor em Filosofia pela Universidade de Roma, Itália ]

3 "a tese do Prof. Murillo Cruz evidencia um dos principais dilemas do desenvolvimento científico e tecnológico contemporâneo. Consegue articular compreensivamente extensa e complexa bibliografia de grande pertinência, elaborando sínteses de incontestável criatividade”.

Roberto dos Santos Bartholo Junior, Professor Titular da UFRJ – COPPE, Mestre em Ciências pela COPPE/UFRJ; Doutor em Filosofia (D.Re.Pol.) pela Universidade de Nüremberg, Alemanha; Teólogo pela PUC/RJ.

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4 "a tese do Prof. Murillo Cruz fundamenta - de forma bastante original conforme ficou comprovado pela qualidade incontestável de seu trabalho e pela excelente defesa oral -, a origem, desenvolvimento e crise do sistema moderno de patentes a partir da história das ideias que configuraram as sociedades modernas ocidentais, demonstrando que a crise em pauta deriva de uma modificação quanto à compreensão do

conhecimento humano e de seus produtos”.

Wilmar do Valle Barbosa, Professor Adjunto da UFRJ (Departamento de Filosofia), Mestre e Doutor em Filosofia pela Universidade de Milão, Itália, e Pós-Doutorado em Filosofia pela Universidade de Pisa, Itália. Professor Associado da UFJF/MG

5 "a tese do Prof. Murillo Cruz aborda o tema da dissolução do sistema de patentes na atualidade, um tema raramente abordado com tanta proficiência e abrangência, exposto com grande maturidade e profundo entendimento”.

Roberto Cintra Martins, Professor Adjunto da UFRJ – COPPE – e Instituto de Matemática, Mestre e Doutor em Ciências pela COPPE/UFRJ; Pós-Doutorado – Deutsches Museum, Munique, Alemanha; Bacharel e Mestrado em Teologia, pela PUC/RJ.

6 …“Your activities as a delegate to WIPO meetings are not forgotten. Certainly, this experience was important for you when you undertook writing a monograph which, to my knowledge, is unique in its kind. (…) I am sure that your book will be welcomed by many scholars involved with intellectual property in Brazil, ... but also, because of the uniqueness of the book, in other countries. ... I congratulate you on this admirable accomplishment. ... “

Dr. Arpad Bogsch – ex-Diretor Geral (1973/1997) da WIPO-OMPI – World Intellectual Property Organization – United Nations - Genebra

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28 CONTEÚDO ▲

Apresentação e Resumo deste Livro ▲

A Estrutura deste Livro. Ou, Como Ler este Trabalho ▲

Comentários Resumidos sobre esta Tese▲

Palavras de Apreço sobre este Livro e sobre esta Tese ▲

Introdução ▲

Propriedade Industrial e Modernidade (A originalidade e a Unicidade desta Tese) ▲

PARTE I

Sobre a Impossibilidade da Proteção às Invenções e às Ideias Inventivas na Metafísica Clássica (A Antiguidade Greco-Romana e a Cristandade da Alta

Idade Média)

Considerações Preliminares ▲

Capítulo 1 / I - A Desvalorização do Trabalho, da Tecnologia e da Esfera Privada. A Dignificação do Ato Contemplativo ▲

O Significado da Privacidade; A Propriedade; A Dignificação do Ato Contemplativo e da

Vita Contemplativa

Capítulo 2 / I - A Inserção Temporal Cíclica no Arcaísmo, na Cultura Greco - Romana e na Circunstância Judaico Cristã Agostiniana ▲

As Sociedades Arcaicas; A Experiência da Temporalidade para o Grego (Clássico); A Experiência da Temporalidade para a Idade Média Agostiniana; As Figuras; O Campo Semântico; A Instalação da Eternidade; A Experiência do Tempo e o Sentido da História; O Homem Arcaico; O Homem Grego; A Tradição Judaico Cristã; A Inserção Temporal do Homem na Modernidade. Primeira Aproximação; Imitação e Invenção. Tempo de Espera e o Tempo dos Sistemas Secundários

Capítulo 3 / I - A Realidade e o Fundamento Transcendente (Absoluto e Imutável) da Verdade. A Verdade como Descoberta e como Divinatio

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Capítulo 4 / I - A Representação e a Figuração da Verdade e da Realidade. Os Limites da Mimese Clássica e da Representação Objetiva do Ser, e a Lógica da Atribuição Analógica (primeira Aproximação) ▲

A Estética Medieval; A Lógica da Atribuição Analógica na Metafísica Clássica (Primeira Aproximação)

PARTE II

Novidade, Representação e Sujeito

Modernidade e Fundamentação do Sistema de Patentes de Invenção Sessão I / II – Novidade

Capítulo 1 / II - A Imanentização e Secularização do Messianismo Judaico e da Escatologia e do Milenarismo Cristão ▲

O Milenarismo; A Tradição da Profecia Apocalíptica. A Apocalíptica Cristã Primitiva e Judaica; A Apocalíptica Judaica; A Apocalíptica Cristã; A Tradição Apocalíptica na Europa Medieval; Em Torno do Ano Mil da Encarnação. O Milênio Esperado

Capítulo 2 / II - A Renovatio Mundi de Joaquim de Fiore

Eric Voegelin e a Secularização do Messianismo Judaico a partir do Simbolismo de

Joaquim de Fiore. Antecedentes das Teorias Modernas do Progresso ▲

Capítulo 3 / II - A Permanência do Quiliasmo. Progresso e a Reafirmação do Futuro como Mensagem Filosófico - Teológica da Contemporaneidade▲

As Bases Históricas e Filosóficas da Permanência do Quiliasmo na Modernidade: a Concepção Profética da História para W.Rehfeld;

Progresso e a Reafirmação do Futuro Como Mensagem Filosófico Teológica da Contemporaneidade. O Princípio da Esperança;

A Teologia e a Filosofia da Esperança; Jurgen Moltmann; Wolfhardt Pannenberg; Johannes B. Metz; Edward Schillebeeck; A Filosofia da Esperança de Ernst Bloch

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Sessão II / II – Representação

Capítulo 4 / II - A Gnosiologia Moderna. A Desconstrução do Vínculo Analógico e a Primazia da Representação. Primeira Aproximação ▲

A Representação como Estatuto Gnosiológico da Modernidade; A Confirmação

vaziana da Representação como Estatuto Gnosiológico e Epistemológico da

Modernidade

Capítulo 5 / II - Ordem, Clareza e Distinção. O Gótico e a Escolástica ▲

Capítulo 6 / II - Objetificação e Racionalização do Espaço na

Modernidade. O Quattrocento e a Conquista Racional do Espaço

A Perspectiva no Século XV; A Redescoberta e a Manuseabilidade do Vazio; O Espaço ainda Mítico Renascentista

Capítulo 7 / II - O Declínio do Conhecimento Analógico e a Representação na Modernidade. Resumo e Conclusão da Seção II/II ▲

O Poder Autônomo e Determinante do Significante no Universo da Representação da Modernidade

Sessão III / II - Sujeito

Capítulo 8 / II - A Emergência do Indivíduo a Partir do Século XI ▲

O Ressurgir do Corpo; O Rompimento da Intermediação da Reparação do Mal e a Devoção Privada; Registros, Escritos e Memórias. Abordagens da Intimidade nos

Séculos XIV e XV; O Desenvolvimento da Escrituração; O Indivíduo num Espelho

Capítulo 9 / II - O Nominalismo de Guilherme de Ockham e a Ruptura do Equilíbrio entre Fé e Razão ▲

Guilherme de Ockham; O Primado do Indivíduo e o Empirismo de Ockham; O Universal e o Nominalismo; A Navalha de Ockham e a Dissolução da Metafísica Tradicional; A

Lógica de Guilherme de Ockham

Capítulo 10 / II - A Metafísica da Subjetividade (Moderna) ▲

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Sessão IV / II - Por uma Semiótica do Sistema de Patentes Capítulo 11 / II - As Possibilidades e Limitações Cognitivas dos Desenhos para o Controle e a Definição da Clareza dos claims nas Patentes de Invenção ▲

Componentes Estruturais e Elementos do Desenho; Funções do Plano de

Representações; Sinal, Plano e Comunicação; A Perspectiva e as Imagens com Funções Taxonômicas; O Desenho como Representação da Espécie e do Universal; Enfatismo e Exclusão no Desenho; O Percurso Comunicativo de uma Imagem Simbólica e Alegórica; Um Exemplo de Descrição Técnica da Fase Pioneira de Nossa Modernidade: Edwine Psalter, Canterbury, Século XII; O Desenho como Função Operativa ou Técnica; A Geometria Descritiva; A Axonometria; Diagramas Reticulados e Gráficos; Símbolos

Pictóricos – A Sinalética; O Desenho como Instrumento de Pesquisa e de Informação Científica; A Hipotetigrafia; A Linha, Meio para Prefigurar Relações e Vetores; Bases Gráficas e Cognitivas da Hipotetigrafia; A Instrumentação Científica e as Informações Visuais; A Necessidade da DidascáIia e Explicações Verbais no Desenho Científico e na Hipotetigrafia; Hipotetigrafia e Modernidade; Função Comunicativa e Elementos

Estruturais da Hipotetigrafia

PARTE III

Gênese, Consolidação e Dissolução do Sistema de Patentes na Modernidade

Seção I / III – A Gênese do Sistema de Patentes Capítulo 1 / III - Síntese Histórica ▲

Prosseguimento Histórico do Sistema de Privilégios Mercantis e Manufatureiros a Partir dos Séculos XV e XVI em Direção ao Sistema de Patentes de Invenção (ao Inventor) Especificamente

Itália-Século XV - A Conversão dos Privilégios Mercantis Genéricos para os Privilégios de Invenção

Veneza; Patentes Tipográficas ou de Impressão (B40); Considerações sobre o Desenvolvimento das Marcas Modernas e dos Colofões e a Cristalização das

Patentes de Invenção; Considerações Históricas sobre a Técnica da Xilogravura e da Impressão de Textos e Livros; A Primeira Lei de Patentes; Alemanha; Inglaterra – O Estatuto dos Monopólios; Resumo.

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Capítulo 2 / III - Cronologia dos Principais Fatos Relativos ao Sistema de Patentes de Invenção (1512 / 1994) ▲

Capítulo 3 / III - O Direito Natural como Razão do Sistema de Patentes para a Evolução Contemporânea da Doutrina em Oposição à Patente como Concessão Pública para Metas Socioeconômicas ▲

Capítulo 4 / III - Requisitos de Patenteabilidade de uma Invenção e Controvérsias Contemporâneas ▲

A Novidade; A Aplicação Industrial; A Atividade Inventiva; O Disclosure

Sessão II / III

Contemporaneidade, Historiocentrismo, Tecnociência e a Dissolução do Eixo Cognitivo (e outros) do Sistema de Patentes de Invenção Capítulo 5 / III - Historiocentrismo ▲

O Século XIX – A Radicalização do Historiocentrismo

Capítulo 6 / III - O Complexo Tecnocientífico dos Séculos XIX e XX. Diferenças entre a Mecânica, a Eletricidade, a Eletrônica e a Biologia – Implicações para a Propriedade Industrial ▲

A Técnica Mecânica na Modernidade; A Válvula Eletrônica (o Problema da Amplificação de forças); A Tecnologia Química; A Descritibilidade Cognitiva; A Engenharia Biológica

Capítulo 7 / III - A Inadaptação dos Direitos Clássicos de Propriedade Intelectual para as Criações Industriais Abstratas ▲

A Inadaptação dos Direitos de Propriedade Intelectual Clássicos para a Proteção das Criações industriais Abstratas. "A Explicação Verdadeira"; Razões de Ordem Histórica; As Razões de Técnica Jurídica

Capítulo 8 / III - Conclusões Finais ▲ Reflexão Final ▲

Bibliografia ▲

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Introdução ▲

Cinco grandes conjuntos bibliográficos podem ser atualmente identificados nos estudos sobre os sistemas de patentes, ou melhor, sobre a proteção formal estatutária das técnicas refletida nos regimes jurídicos de patentes de invenção ou, na nomenclatura atual, nos direitos de patente (patent rights), e, na clássica, dos séculos XII em diante, como brevetto, gratiae, litterae patente, privilegium, monopolium,

facoltà esclusiva, proprietà industriale, diritto d'inventore, e outras.

(A) um primeiro conjunto bibliográfico - que poderíamos designar por

historiográfico-descritivo, busca situar o tema no âmbito das reflexões históricas e factuais,

pretendendo uma espécie de entendimento, mais ou menos sistemático, dependendo do autor e sua intenção, das origens do direito patentário e sua evolução (nacional e internacional), tanto em incursões na área da história do direito patentário propriamente dito (Frank D. Prager, 1944; Giulio Mandich, 1948; E.Wyndham Hulme, 1897, 1909; F.Hoffman, 1915; Max Frumkin, 1945; Remo Franceschelli, 1973; P.J. Federico, 1932; Jacques Isoré, 1937; Bojanowsky, 1889; e outros), isto é, no campo jurídico stricto sensu, como em variações decorrentes de uma análise mais econômica dessa evolução e desse entendimento (John O. Firestone, 1972; Fritz Machlup, 1958; Stojan Pretnar, 1981; Arnold Plant, 1934; Jorge Katz, 1973; Yves Plasseraud e F.Savignon, 1983; e tantos outros).

Em outras palavras, este conjunto bibliográfico “A” visa uma articulação com certas realidades históricas e/ou econômicas para a exposição (ou para a explicação) da gênese e do desenvolvimento das categorias deste tema. Não ultrapassam, entretanto, por escolha ou limitação, em geral, as fronteiras dos fatos ocorridos e devidamente registrados sobre as patentes, leis de propriedade industrial, declarações oficiais, documentos, tratados internacionais, etc., mas também não se atêm unicamente à esfera jurídica do direito positivo (ou do direito natural, dependendo do autor), como é o caso de um segundo conjunto bibliográfico "B" (ver a seguir).

Em suma, poderíamos localizar aqui autores que, apesar de uma sólida formação jurídica e dos conhecimentos das evoluções doutrinárias no campo do direito de

patentes (e da propriedade industrial em geral), optam por buscar outras questões,

principalmente econômicas, que se aproximem e tangenciem o direito patentário especificamente. Em nenhum momento, como dissemos acima, afastam-se estes autores de uma abordagem medianamente analítica para uma mais especulativa ou

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