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Fonética e Fonologia da Língua Inglesa. Prof a Carla Fernanda Nolli

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Academic year: 2022

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2017

F onética e F onologia

da l íngua i nglesa

Profa Carla Fernanda Nolli

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Copyright © UNIASSELVI 2017

Elaboração:

Profª Carla Fernanda Nolli

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

421 N796f

Nolli; Carla Fernanda

Fonética e fonologia em língua inglesa / Carla Fernanda Nolli:

UNIASSELVI, 2017.

167 p. : il.

ISBN 978-85-515-0068-2

1.Língua Inglesa – Fonologia.

I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Impresso por:

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a presentação

Você sabia que Fonética e Fonologia em língua inglesa é uma disciplina de extrema importância para um futuro professor de língua inglesa? Isso se deve ao fato de o professor entender as diferentes nuances dos sons da língua para poder ajudar seus futuros alunos a pronunciar corretamente as palavras na língua inglesa.

A Fonética e a Fonologia são estudos muito importantes dentro dos estudos da Linguística e têm como principal objetivo estudar os sons da fala humana e identificar como esses sons são produzidos. No entanto, a fonética não se refere a qualquer tipo de som, assim como o som de uma porta batendo. A fonética lida especificamente com os sons da linguagem humana falada. Acredita-se que os animais utilizam sons como latidos, no caso de um cachorro, para se comunicar. Contudo, nós, seres humanos, somos os únicos animais que utilizam a fala para a comunicação, e por isso o estudo da fala é tão importante. A fonética se assemelha muito à fonologia, por isso a diferença parece tão difícil de entender.

Você deve estar se perguntando: qual é a diferença de fonética e fonologia?

A diferença é que a fonética se preocupa em como os sons são produzidos, transmitidos e ouvidos pelo ser humano, enquanto a fonologia se preocupa em como os sons se relacionam entre si em uma língua. Em outras palavras, a fonética lida com os sons em si. A parte mais complicada, que são as regras e o sistema fonético, é estudada através da fonologia. Toda língua tem um sistema de regras de som, nem sempre explícitas, mas elas existem, ou seja, isso é o que a fonologia estuda (ROACH, 2009).

Veja um exemplo para entender melhor a diferença. Pense na palavra ERRO nas duas frases abaixo:

1. Eu ERRO frequentemente.

2. O ERRO é uma oportunidade de aprender.

Perceba como o som do fonema “e” da palavra ERRO fica diferente nas duas frases. Na primeira, como verbo, o som do “e” se assemelha ao som (é). Falaríamos assim: “Eu érro frequentemente”. Veja agora a diferença do fonema “e” na palavra ERRO na segunda frase, visto como substantivo:

Falaríamos esta frase assim: “o êrro é uma oportunidade de aprender”, na qual o som se assemelha ao (ê). Esses dois fonemas diferenciam as duas palavras. Isso é fonética, o estudo dos diferentes sons da língua.

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Sabemos que existem diferenças em palavras, tanto na sua escrita quanto em sua fala, pois a mesma escrita pode corresponder a vários sons.

Por exemplo, as palavras em inglês escritas com “ough”. O som de ough pode ser diferente, dependendo de cada palavra. Por exemplo: through, although e bought, apesar de terem a mesma escrita, as palavras são pronunciadas de formas totalmente diferentes. A diferença da pronúncia depende muito de algumas regras de sons das palavras. Essas regras são feitas pela fonologia, que estuda o sistema de som e suas regras.

Utilizaremos as palavras fonema e grafema neste caderno. Você sabe o que estas palavras significam? Veja a explicação:

Fonema é a menor unidade sonora de um sistema fonológico de uma língua, é o elemento fônico mínimo deste sistema munido de valor distinto.

Grafema é um conceito linguístico da representação de uma unidade de determinado sistema de escrita, podendo – com determinadas diferenças – ser sinônimo de letra.

Em várias palavras, o fonema corresponderá a um grafema. No entanto, é importante lembrar que o fonema é a representação sonora, enquanto o grafema é a representação gráfica. Em alguns casos, a mesma letra pode significar mais do que um fonema, de modo que nem sempre o número de letras é igual ao número de fonemas. Por exemplo, na linguagem oral, as palavras “manto” e “canto” se diferem somente pelos fonemas “m” e “c”.

Neste exemplo, manto (m-ã-t-o) e canto (c-ã-t-o), devido à nasalização das vogais, cada palavra possui cinco grafemas e apenas quatro fonemas.

Você já deve ter percebido que a fonética e a fonologia estudam o som das palavras e não a sua grafia. Para você ter uma ideia, no inglês, temos 20 (vinte) sons diferentes só de vogais, mas a grafia de apenas 6 (seis) = (a, e, i, o, u, y). Isso também acontece na língua portuguesa.

Para transcrevermos a pronúncia (ou sons) de uma palavra, precisamos utilizar o International Phonetic Alphabet (IPA), o Alfabeto de Fonética Internacional, criado para fazer a transcrição dos sons de uma palavra. Assim, as transcrições fonéticas serão mostradas neste caderno sempre entre barras invertidas, por exemplo, /pli:z/ para diferenciarmos o som da grafia da palavra “please”.

Nesta disciplina estudaremos todos os aspectos da fonética e fonologia.

Estudaremos brevemente a história de como os sons da língua inglesa mudaram durante os anos e como isso quase resultou no desaparecimento dos estudos da fonética. Aprenderemos também o que é e como funciona o aparelho fonador.

Analisaremos também algumas regras de pronúncia e como podemos ensinar nossos futuros alunos a pronunciar melhor as palavras em inglês.

Você ensinará seus futuros alunos a entenderem os símbolos fonéticos quando utilizarem um dicionário.

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Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

você poderá entender o que o símbolo fonético abaixo quer dizer sem nem consultar o dicionário ou o alfabeto fonético!

Bons estudos!

fəˈnɛtɪks ænd fəˈnɑləˌʤi ɪn ˈɪŋglɪʃ Profª Carla Fernanda Nolli

FONTE: Disponível em: <http://seven-e.com/tag/aparelho-fonador/>.

Acesso em: 28 jan. 2017.

UNI

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UNIDADE 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE

FONÉTICA E FONOLOGIA ... 1

TÓPICO 1 - ESTUDOS DE FONÉTICA E FONOLOGIA ... 3

1 INTRODUÇÃO ... 3

2 DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA ... 3

3 BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA ... 5

3.1 COMO OCORRERAM AS MUDANÇAS LINGUÍSTICAS? ... 7

LEITURA COMPLEMENTAR ... 10

RESUMO DE TÓPICO 1 ... 16

AUTOATIVIDADE ... 17

TÓPICO 2 - O APARELHO FONADOR E O ALFABETO FONÉTICO (IPA) ... 19

1 INTRODUÇÃO ... 19

2 O APARELHO FONADOR ... 19

3 LUGAR DA ARTICULAÇÃO DO SOM ... 23

4 MODO DE ARTICULAÇÃO DO SOM ... 24

5 O ALFABETO FONÉTICO (IPA) ... 25

6 VOZEAMENTO: CONSOANTES VOZEADAS E DESVOZEADAS ... 32

RESUMO DO TÓPICO 2 ... 40

AUTOATIVIDADE ... 41

TÓPICO 3 - SONS DIFERENCIADOS ... 43

1 INTRODUÇÃO ... 43

2 SILENT LETTERS / LETRAS NÃO PRONUNCIADOS ... 43

3 PALAVRAS HOMÓFONAS E HOMÓGRAFAS ... 46

LEITURA COMPLEMENTAR ... 49

RESUMO DO TÓPICO 3 ... 53

AUTOATIVIDADE ... 54

UNIDADE 2 - CONHECENDO MELHOR OS SONS ... 57

TÓPICO 1 - ESTUDO DAS VOGAIS E DITONGOS ... 59

1 INTRODUÇÃO ... 59

2 AS VOGAIS ... 59

2.1 CONHECENDO O SOM DO “SCHWA” /ə/ ou /ər/ ... 64

2.2 DIFERENÇAS NOS SONS DAS VOGAIS /i:/ e /ɪ/ ... 66

2.3 DIFERENÇAS NOS SONS DAS VOGAIS /æ/ e /ɛ/ ... 69

2.4 DIFERENÇAS NOS SONS DAS VOGAIS /ʊ/ e /ʊ:/ ... 72

2.5 DIFERENÇAS NOS SONS DAS VOGAIS /ɑ/ e /ɔ/ ... 73

2.6 DIFERENÇAS NOS SONS DAS VOGAIS /ʌ/ e /ɜr/ ... 76

3 DITONGOS ... 78

s umário

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3.1 DIFERENÇAS NOS SONS DOS DITONGOS /eɪ/; /oʊ/ e /ɔɪ/ ... 80

3.2 DIFERENÇAS NOS SONS DOS DITONGOS /aɪ/ e /aʊ/ ... 80

3.3 DIFERENÇAS NOS SONS DOS DITONGOS /iə/ ou /eə/ e /ʊə/ ... 80

RESUMO DO TÓPICO 1 ... 82

AUTOATIVIDADE ... 83

TÓPICO 2 - ESTUDO DAS CONSOANTES ... 87

1 INTRODUÇÃO ... 87

2 SOM DE /θ/ e /ð/ ... 89

3 SONS NASAIS: /m/, /n/ e /ŋ/ ... 90

4 SOM DE /r/ e /h/ ... 93

5 SOM /l/ ... 96

6 SONS COM PARADAS BRUSCAS: /p/ e /b/, /t/ e /d/, /k/ e /g/ ... 97

7 SOM DE /ʃ/ e /ʧ/, /ʒ/ e /ʤ/, /f/ e /v/ ... 100

8 SOM DE /s/ e /z/ ... 102

9 SOM DE GLIDES /w/ e /j/ ... 105

10 SOM DAS PALAVRAS TERMINADAS EM S ... 108

11 SOM DAS PALAVRAS TERMINADAS EM ED ... 110

RESUMO DO TÓPICO 2 ... 114

AUTOATIVIDADE ... 115

UNIDADE 3 - ESTUDO DA FONOLOGIA ... 117

TÓPICO 1 - SÍLABA TÔNICA, RITMO ... 119

1 INTRODUÇÃO ... 119

2 SÍLABAS ... 119

3 SÍLABAS TÔNICAS ... 127

3.1 ACENTUAÇÃO TÔNICA EM SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS ... 131

3.2 ACENTUAÇÃO TÔNICA EM VERBOS ... 133

3.3 ACENTUAÇÃO TÔNICA EM PALAVRAS COMPOSTAS ... 134

3.4 ACENTUAÇÃO TÔNICA DE AFIXOS ... 136

4 RITMO NAS FRASES (ÊNFASE) ... 140

RESUMO DO TÓPICO 1 ... 143

AUTOATIVIDADE ... 144

TÓPICO 2 - ENTONAÇÃO, ELISÃO E LIGAÇÃO DAS PALAVRAS ... 147

1 INTRODUÇÃO ... 147

2 ENTONAÇÃO DAS PALAVRAS ... 147

2.1 ENTONAÇÃO ASCENDENTE – DESCENDENTE (RISING-FALLING) ... 149

2.2 ENTONAÇÃO ASCENDENTE (RISING) ... 151

2.3 ENTONAÇÃO NA POSIÇÃO NÃO FINAL DE FRASE ... 152

3 ELISÃO E LIGAÇÃO DAS PALAVRAS ... 155

LEITURA COMPLEMENTAR ... 158

RESUMO DO TÓPICO 2 ... 161

AUTOATIVIDADE ... 162

REFERÊNCIAS ... 165

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UNIDADE 1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade tem por objetivos:

• diferenciar melhor fonética e fonologia;

• entender como funciona o aparelho fonador;

• perceber onde e como os sons são pronunciados em nosso organismo;

• reconhecer a transcrição fonética das palavras utilizando o alfabeto fonético internacional;

• entender a pronúncia das palavras, apenas considerando para a transcrição fonética;

• perceber as letras não pronunciadas nas palavras, chamadas de silent letters;

• diferenciar a escrita de uma palavra e seu som;

• diferenciar palavras homógrafas e homófonas.

Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles você encontrará atividades que auxiliarão no seu aprendizado.

TÓPICO 1 – ESTUDOS DE FONÉTICA E FONOLOGIA

TÓPICO 2 – O APARELHO FONADOR E O ALFABETO FONÉTICO (IPA) TÓPICO 3 – SONS DIFERENCIADOS

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TÓPICO 1

UNIDADE 1

ESTUDOS DE FONÉTICA E FONOLOGIA

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, estudaremos as diferenças entre fonética e fonologia através de exemplos práticos. Veremos também um pouco sobre como mudanças na língua inglesa fizeram com que os sons se modificassem e como a Fonética e a Fonologia evoluíram para transformar os estudos da Linguística.

2 DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

A língua é uma das características mais importantes do comportamento humano e sempre foi fruto de estudos no mundo acadêmico. Com o passar dos anos e com a tão famosa “globalização”, os estudos da língua não estão mais restritos somente ao inglês britânico ou americano. Hoje, todo o mundo fala inglês como segunda língua. Portanto, você encontrará diferentes pessoas com diferentes sotaques falando inglês, por exemplo, japoneses, irlandeses, espanhóis. Todos eles têm um sotaque característico da sua língua materna. Por isso, é tão importante saber conhecer os diferentes sotaques. Com o estudo da fonologia, você poderá reconhecer um sotaque mais facilmente.

Você se recorda qual é a diferença entre fonética e fonologia?

Vamos rever: a Fonética e a Fonologia fazem parte da área de Linguística Descritiva, disciplina que estuda as línguas em termos estruturais. A linguística é o estudo da linguagem como ela é estruturada e como ela funciona. Existem vários ramos da linguística que recebem seu próprio nome, como fonologia e fonética, morfologia, sintaxe, análise do discurso, semântica e sociolinguística (PRATOR, 1957).

Fonética e Fonologia são os dois ramos da Linguística que estudam os sons da fala humana. Com o interesse atual em entender melhor as línguas faladas no mundo, houve uma mudança fundamental em como se ensina uma língua.

Antigamente se ensinava apenas o inglês americano e britânico e o objetivo do professor era o de fazer o aluno se parecer com um nativo. Hoje, já é comum vermos livros didáticos com listening (atividades auditivas) usando o “inglês global”, ou seja, falado por chineses, japoneses, irlandeses e brasileiros como uma segunda língua, ou seja, nunca foi tão interessante estudar inglês, mas está mais difícil de entender o inglês falado por tantos sotaques diferentes. Por isso, temos que

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

ouvir mais exemplos de inglês, como em séries, filmes e músicas. Quanto maior a exposição do listening, mais entendimento teremos.

De acordo com Santos (2017), pode-se dizer que Fonética e Fonologia são estudos interligados, mas interdependentes dos sons produzidos pela fala humana. A diferença é que o estudo da fonética se dedica a estudar os sons da fala como entidades isoladas (aparelho fonador) e com os aspectos físicos dos fonemas (unidade mínima do som), enquanto a fonologia estuda as diferenças fônicas internacionais, ou seja, as diferenças e traços distintos e contrastivos dos fonemas, estabelecendo a relação entre esses elementos e as condições em que se combinam para formar morfemas, palavras e frases, ou seja, enquanto a Fonética preocupa-se com a natureza física da produção e da percepção dos sons da fala, a Fonologia concentra-se na maneira como os sons se organizam dentro de uma língua, classificando-os em unidades capazes de distinguir significados.

Você sabia que para produzir um som todos nós temos que utilizar o aparelho fonador? E você sabia que todos nós somos equipados com esse aparelho? Ele é composto pelos órgãos: pulmões; cordas vocais, glote (laringe) e traqueia, responsável pela fonação humana.

A maior dificuldade encontrada pelos alunos hoje é a oralidade, pois eles têm dificuldades em reconhecer o som de uma palavra nova, e nem sempre a grafia da palavra ajuda. Temos exemplos em inglês de palavras com a mesma escrita, mas com sons diferentes. Por exemplo, com as palavras escritas com “ough”, como em through /u:/, although /əu/, bought /bɔt/, cough /cɔf/ etc. Todas têm sons diferentes, apesar de ter a mesma grafia “ough”. Observamos então que as vogais ou o mesmo grafema (letra) não correspondem sempre ao mesmo fonema (som), isto é, não têm sempre a mesma pronúncia, o que os tornam diferentes da escrita.

Por este motivo, no momento em que o estudante está envolvido em uma conversa, o contexto será importante para o entendimento de uma nova palavra, mas, para um nativo, se o estudante pronunciar uma palavra errada, ela perde todo o sentido e a comunicação pode falhar. É mais difícil para um nativo entender o que um estudante quer dizer, porque, às vezes, o estudante coloca uma sílaba a mais na pronúncia e acaba por inventar uma palavra nova, não reconhecida pelo nativo.

Por exemplo, em algumas regiões do Brasil é comum o estudante pronunciar com um alongamento o final das palavras, ou ele pronuncia o “e” do final das palavras em inglês, observe, na frase “I live in Brazil” (pronunciado corretamente como / liv/) o nativo entenderia, sem problemas, mas alguns brasileiros falam (livê) e para os ouvidos nativos é uma palavra totalmente diferente, portanto, ele teria mais dificuldades em compreender.

NOTA

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Com isso, vemos a importância de entendermos a pronúncia correta das palavras. Não somente a pronúncia é importante, mas também a maneira como a pronunciamos, ou seja, a entonação, o ritmo, o sotaque, entre outros aspectos que veremos com detalhes nos próximos capítulos.

3 BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA

A história do inglês está ligada aos fatos históricos que permeiam a formação da Europa, e que ajudaram a formar os conceitos de cultura, economia, política e língua de cada país deste continente. Para o inglês ser a língua que é atualmente, muitas coisas aconteceram. O inglês de hoje é resultado de uma miscigenação de línguas, dialetos e culturas de muitas nações ao longo da história.

Tudo começa por volta de 700 a.C., quando o povo celta se estabelece na Europa. Em torno de 50 a.C., começa a invasão do Império Romano. Depois de 100 anos, houve o enfraquecimento do poder dos romanos, e o povo celta remanescente na região, mas os anglo-saxões invadem essas terras e, com isso, a miscigenação, já existente na língua, é aumentada.

Depois, o cristianismo começa a ter importante ascensão e inicia a propagação de sua doutrina por toda a Europa. Isso faz com que o pouco que restava da cultura celta seja praticamente engolido pelos preceitos cristãos e, até mesmo, demonizado pela Igreja Católica. Com isso, a língua começa a sofrer influências do latim utilizado por Roma.

FONTE: Disponível em: <http://www.culturainglesacuritiba.com.br/historia-lingua-inglesa/>.

Acesso em: 2 fev. 2017.

Neste tópico, vamos entender os motivos pelos quais uma língua muda.

Já vimos acima que uma língua pode mudar por várias razões. Primeiro, ela muda porque as necessidades de seus falantes mudam. Novas tecnologias, novos produtos e novas experiências exigem novas palavras para se referir a eles de forma clara e eficiente. Fax, cable TV, celular phone são palavras que foram adicionadas em todas as línguas desde que seu uso ficou em evidência. Podemos ver essas mudanças também na língua portuguesa. Começamos em português a usar a palavra “deletar” por causa da tecla delete do computador. Antes, usávamos

“apagar”, não é mesmo?

Outra razão para a mudança é que as pessoas tiveram experiências diferentes de linguagem. Todos nós sabemos um conjunto de palavras e construções diferentes, dependendo da nossa idade, emprego, nível de educação, região e outros fatores. Nós ouvimos e utilizamos essas novas palavras e frases, fazendo assim com que elas se combinem para fazer algo novo e diferente do modo particular de falar de outra pessoa. Ao mesmo tempo, vários grupos da sociedade

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

usam a linguagem como forma de marcar sua identidade de grupo e deixar claro quem não faz parte daquele grupo. É assim que uma língua vive, assim criam-se as gírias e figuras de linguagem (SCHÜTZ, 2013).

De acordo com Birner (2012), recebemos palavras novas de muitos lugares diferentes. Podemos fazer várias coisas com as novas palavras. Pegamos emprestados os vocábulos de outras línguas, por exemplo, sushi, que já utilizamos no português. Também podemos criar novas palavras encurtando palavras mais longas, por exemplo, gym de gymnasium, ou combinando palavras, por exemplo, brunch, que é uma forma de fazer um breakfast mais tarde próximo ao lunch (almoço). Às vezes, até mesmo criar uma nova palavra por estar errado sobre a análise de uma palavra existente, como a forma como a palavra pea (ervilha) foi criada (pease era uma forma plural, então pea ficou como sendo o singular e assim nasceu a palavra pea).

A ordem das palavras também muda de língua para língua, embora esse processo seja muito mais lento. Conforme Birner (2012), a antiga ordem de palavras em inglês era muito mais "livre" do que a do inglês moderno, e mesmo comparando o inglês moderno precoce da Bíblia King James com o inglês de hoje, verifica-se diferenças na ordem das palavras. Por exemplo, a Bíblia King James traduz Mateus 6:28 como: "Consider the lilies of the field, how they grow; they toil not”. (Considere os lírios do campo, como eles crescem, eles trabalham não). Em uma tradução mais recente, a última frase é traduzida como "eles não trabalham", porque o inglês já não coloca “não” depois do verbo em uma frase (BIRNER, 2012).

Assim como os vocábulos e a gramática, os sons de uma língua também mudaram ao longo do tempo (NORDQUIST, 2016). Cerca de 500 anos atrás, a palavra “geese” (ganso) rimaria com “face” (rosto) e “mice” (ratos) rimaria com peace. Entretanto, a Grande Mudança Vocálica (Great Vowel Shift) ocorreu, representando uma transformação na pronúncia da língua inglesa ocorrida no sul da Inglaterra entre 1200 e 1600. Nesta época, o inglês começou a sofrer uma grande mudança no modo como suas vogais foram pronunciadas.

Para ver as mudanças nas vogais que aconteceram com a “Great Vowel Shift”, acesse o site: <https://www.thoughtco.com/great-vowel-shift-gvs-1690825>. Acesso em: 10 dez. 2016.

DICAS

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3.1 COMO OCORRERAM AS MUDANÇAS LINGUÍSTICAS?

Temos que voltar um pouco na história da formação da língua inglesa para entender como os sons ficaram diferentes da escrita. De acordo Prator (1957), houve três momentos importantes nas mudanças fonéticas da língua inglesa: o inglês antigo ou anglo-saxão (entre o ano 449 e o 106 ou 1066); o inglês médio (entre os anos 1066 ou 1100 até o 1500); e o moderno, com duas etapas: a clássica (desde 1500 até o 1660) e a contemporânea (desde o ano de 1660 até nossos dias).

Vamos conhecer um pouco destas etapas:

a) Inglês antigo (Old English)

De acordo com o site BBC (2014), no artigo “Anglo-Saxons: Who were they?”, o inglês antigo, também conhecido como anglo-saxão, foi uma forma primitiva da língua inglesa, falada entre meados do século V e meados do século XII. O que se tinha não era uma única língua, mas um conjunto de diferentes dialetos. Os últimos soldados romanos deixaram a Grã-Bretanha em 410 AD, e então, novos povos vieram nos navios através do Mar do Norte. Os historiadores chamam estes povos de anglo-saxões. Os novos colonizadores eram uma mistura de povos do norte da Alemanha, Dinamarca e Holanda do Norte. A língua que foi se configurando como idioma nacional sofreu influência do latim em um período de aproximadamente 700 anos, das migrações anglo-saxãs que criaram a Inglaterra no século V até um momento posterior à invasão da Normandia na Inglaterra, em 1066.

O alfabeto usado para escrever os textos no inglês antigo foi adotado do latim, que foi introduzido pelos missionários cristãos. Infelizmente, a ortografia foi nunca totalmente padronizada: o alfabeto, usado por monges escribas para soletrar palavras "foneticamente" de cada dialeto, foi feito de maneira diferente e inconsistentemente ao longo do tempo, devido à evolução dialetal e/ou diferenças de escribas (escriba, na antiguidade, era a pessoa encarregada por escrever textos). Era uma língua flexível porque seu vocabulário era limitado e, por isso, tomou vários empréstimos das línguas com as quais se relacionava. As invasões vikings no século VIII também contribuíram para uma série de palavras relacionadas com o mar e a navegação, e outras relativas à organização social, como “law”, “take”, “cut”, “both” e “are”, forma conjugada do verbo to be.

FONTE: Disponível em: <http://reference.yourdictionary.com/dictionaries/old-english- words-and-modern-meanings.html>. Acesso em: 10 dez. 2016.

Podemos ver exemplos de palavras usadas no inglês antigo nos livros de literatura. São alguns exemplos, conforme o Your Dictionary (1996-2017):

• Eald - que significa “old” (velho)

• Brodor - que significa “brother” (irmão)

• Hus - que significa “house” (casa)

• Nett - que significa “net” (rede)

• Riht - que significa “right” (certo)

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

b) Inglês médio (Middle English)

Data-se o período do inglês moderno a partir da conquista normanda em 1066 até 1650. De acordo com Slocum e Lehmann (2017), durante o período do inglês médio, a Inglaterra era essencialmente uma cultura trilíngue: (1) francês era a língua da administração, cultura, da corte e na culinária; (2) o latim era a língua da igreja, educação e filosofia, e (3) inglês era a língua de expressão popular e reflexão pessoal.

Gradualmente o inglês antigo se transformou em inglês médio, mas ainda a língua oficial de Inglaterra era o francês. De acordo com Santana (2016), em 1399, o rei Henrique IV tornou-se o primeiro rei da Inglaterra desde a conquista normanda cuja língua materna era o inglês. No entanto, o inglês era ainda uma língua de baixo status, especialmente quando se tratava de escrever poesia e literatura. Durante o século 14, os italianos e franceses estavam experimentando uma explosão de criatividade, grandes poetas como Dante, Petrarca e Boccaccio estavam escrevendo de maneira inteiramente nova. Foi então que o escritor, filósofo e diplomata inglês Geoffrey Chaucer, considerado por muitos o pai da literatura inglesa, ficou famoso pela publicação da obra “Os contos da Cantuária”, onde ele usou a linguagem do homem da rua e transformou-a em uma série de obras- primas.

Conforme Schütz (2013), a conquista normanda em 1066 trouxe vários nobres e soldados que falavam francês para a Inglaterra, incorporando assim um novo vocabulário para a língua inglesa. Muitas das palavras francesas que entraram em inglês naquela época têm finais tais como – “íon” - ioun, - ment, - encen, - aunce, e -our. Grafias que incluem “ei”, “ey” e “oy” também indicam um empréstimo do francês. Classes mais abastadas da Normandia falavam francês e contribuíram para acrescentar aproximadamente novecentas palavras ao anglo-saxão, por exemplo, “baron” e “nobre”, termos que as classes populares desconheciam, mas que deviam usar em seu trato com os novos senhores. Schütz (2013) afirma que alguns nobres e o clero também aprendiam o inglês e introduziram palavras francesas relacionadas com o governo, a igreja, o exército e outras que se referiam às artes, ao ensino e à medicina. A língua dos anglos adquire prestígio no século XIV, surgem as universidades e se amplia uma próspera vida econômica. É a zona conhecida por Midland, cujo centro hoje é Londres.

De acordo com Birner (2012), a transição do inglês médio ao moderno vem marcada por uma rigorosa evolução fonética na pronunciação das vogais, feito que ocorreu entre os séculos XV e XVI. O linguista dinamarquês Otto Jespersen denominou-o a grande mutação vocálica (The Vowel Shift), que alterou a articulação das vogais em relação com as posições dos lábios e a língua, que elevou em um grau. Isso fez com que mudassem de 20 para 18 vogais.

A grafia permaneceu inalterada em consequência do aparecimento da imprensa.

A mudança iniciou-se no século XV, quando todas as vogais longas (aquelas que são pronunciadas por mais tempo, por exemplo, o som de “i” da palavra me) se pronunciaram com um grau maior de elevação da língua e o fechamento da boca.

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Essa alteração foi a razão da mudança na pronúncia de forma diferente das vogais em relação às demais línguas europeias ocidentais.

c) Inglês moderno

No começo desse período, iniciado em 1500, há um acréscimo do léxico tanto pela difusão do idioma como pelos empréstimos que recebe de outras línguas. Pouco depois são os viajantes e comerciantes que trazem novos termos à língua: por exemplo, do italiano tomam-se stanza e violin, e do português e do espanhol vêm as palavras alligator e sombrero.

De acordo com Tobias (2012), entre os séculos XVII e XVIII vemos as mudanças gramaticais mais importantes. Introduz-se o pronome its, que substitui ao genitivo his, única forma que empregam os tradutores da Bíblia (1611) do rei Jacobo I. A partir do emprego do particípio, como se fosse um nome, precedido da preposição on, surgem os tempos progressivos; pouco a pouco a preposição substitui-se e depois desaparece.

O desenvolvimento e a difusão da língua tiveram início no século XIX e, como toda língua “viva”, continua em desenvolvimento. Incorporaram-se ao inglês inúmeras palavras como consequência da expansão colonial britânica. Assim, são americanismos, canoe, raccoon, wigwam, chama, quinine e potato, entre outras muitas; africanismos, chimpanzee e zebra; procedem da Índia bandanna, curry e punch;

e da Austrália, kangaroo e boomerang.

Para conhecer mais sobre a Batalha de Hastings, na conquista dos normandos contra a Inglaterra, onde a língua inglesa começou a se formar, veja os três episódios do documentário que a BBC gravou no YouTube:

Episódio 1: The Normans 1 - Men from the North <https://www.youtube.com/

watch?v=R7SX3ulV_tk>. Acesso em: 10 fev. 2017.

Episódio 2: The Normans 2 – Conquest <https://www.youtube.com/watch?v=aZ0Ny0jTiGc>.

Acesso em: 10 fev. 2017.

Episódio 3: The Normans 3 - Normans of the South <https://www.youtube.com/

watch?v=SSnXsYdJ9uo>. Acesso em: 10 fev. 2017.

Agora que você já sabe um pouco sobre a história de como a língua inglesa e seus diferentes sons evoluíram durante os anos, vamos estudar a fundo o aparelho fonador e o alfabeto fonético. Sabendo como ler o alfabeto fonético você poderá saber a pronúncia de qualquer palavra sem mesmo ouvi-la.

lɛt´ɛs ˈstʌdi sʌm mɔr!

DICAS

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

LEITURA COMPLEMENTAR

FONÉTICA VERSUS FONOLOGIA?

Cláudia Regina Brescancini e Christina Abreu Gomes A relação entre Fonética e Fonologia é capturada diferentemente nas diversas vertentes teóricas da Linguística, de modo que diferentes limites para esses, ao mesmo tempo, níveis e campos de estudo são estabelecidos. As diversas propostas podem ser sumarizadas em duas abordagens, a de uma separação nítida entre Fonética e Fonologia, e a de uma relação de entrelaçamento, que envolve continuidade e dependência. A primeira teve sua origem no Estruturalismo, na postulação dicotômica entre conhecimento linguístico abstrato (langue) e a manifestação desse conhecimento através da fala (parole). A organização do conhecimento sonoro ficaria circunscrita a unidades abstratas discretas e invariantes. Malmberg (1954, p. 169) tributa à Escola de Praga a separação nítida entre Fonética e Fonologia. Assim, Fonética e Fonologia são entendidas como duas dimensões independentes e que se desenvolveram, na medida do possível, independentemente, muito embora antecedam ao século XX, e à Linguística, estudos que focalizaram aspectos físicos dos sons linguísticos (VAGONES, 1980).

A segunda proposta, de incorporação da Fonética à Fonologia, baseia-se em diversas evidências de estudos psicolinguísticos de acesso lexical, processamento etc., que se desenvolveram a partir dos anos 80 nos estudos experimentais e na análise de grandes bancos, apontando para a importância do detalhe fonético no processamento, no acesso e memória de itens lexicais (FLEGE; HILLENBRAND, 1996, PISONI, 1990; GOLDINGER, 1996, JONHSON, 1997), na aquisição (JUSCZYK, 1997) e na diferenciação entre línguas (BRADLOW, 1995, KEATINGS, 1984). Bybee (2001) também atribui aos desenvolvimentos fora da Linguística a possibilidade de outra postulação sobre o conhecimento implícito do falante a respeito da organização sonora de sua língua e da própria natureza do conhecimento linguístico, como os estudos de Rosch (1973, 1978) sobre categorizaçxão natural, os quais mostraram que os seres humanos categorizam tanto entidades não linguísticas quanto entidades linguísticas através da comparação com um membro central e não em função de presença ou ausência de características.

O percurso da relação entre Fonética e Fonologia começa então no modelo estruturalista (fonêmica), segundo o qual a representação sonora abstrata da forma das palavras se baseia em segmentos com função distintiva com diferentes graus de especificação (fonema ou arquifonema). As diferentes formas fonéticas são resultantes da possibilidade de os sons serem modificados pelo ambiente em que se encontram, dado ao caráter contínuo da fala. Assim, ao lado da diversidade dos sons como unidades físicas manifestas nas línguas humanas existe um conjunto menor de unidades sonoras cuja função é distinguir os itens lexicais da língua. Assim, o estabelecimento de fonemas implica em um determinado grau de abstração em relação aos sons reais.

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A abordagem formalista que se desenvolveu a partir de Chomsky (1957) ratificou e redimensionou a perspectiva modular estabelecida no Estruturalismo.

De uma maneira geral, do ponto de vista formal, a Fonética, em todos os seus aspectos gradientes, contínuos e redundantes, é derivada da interpretação e implementação de estruturas fonológicas, que por sua vez são interpretações de unidades mais abstratas. As diversas teorias desenvolvidas desde então procuram dar conta das unidades abstratas que melhor capturam a organização abstrata e como esta interface se estabelece, isto é, como informações sonoras abstratas como traços, sílabas etc., são instanciadas nos outputs produzidos pelos falantes.

É tarefa da Fonologia dar conta das unidades básicas do contraste lexical, bem como das diversas estruturas e suas relações. A teoria que se seguiu à fonologia estrutural ficou conhecida como Fonologia Linear. A representação abstrata das informações sonoras dos itens lexicais foi traduzida na noção de traços distintivos, introduzida na Linguística pelos estruturalistas (JACKOBSON; FANT; HALLE, 1952), inicialmente com ênfase em propriedades acústicas dos sons, e depois, no formalismo, contemplando majoritariamente características articulatórias. A representação da estrutura fonológica de uma palavra foi concebida como uma série de segmentos em sequência horizontal, cada um deles representado por uma coluna vertical de traços fonéticos não ordenados (CHOMSKY; HALLE, 1968).

Os diversos outputs fonéticos eram gerados a partir de regras que especificavam mudanças nos valores dos traços, algumas obrigatórias e outras opcionais.

O modelo formulado por Chomsky e Halle não estabelecia limites para a formulação das abstrações e assim o alto grau de abstração das representações resultante foi questionado por Kiparsky (1973) e também nos modelos subsequentes da Fonologia Gerativa Natural (VENNEMANN, 1972, 1973; HOOPER, 1972, 1976) e da Fonologia Natural (STAMPE, 1980). A crítica residia na formulação de hipóteses de representação abstrata sem referência na base fonética. Assim, as duas teorias subsequentes procuraram dar conta da relação entre formas abstratas e substância fonética de maneira que, para a Fonologia Gerativa Natural, a representação subjacente é igual à forma fonética de superfície, cabendo ao componente fonológico dar conta dos processos motivados foneticamente, tendo em sua formulação somente informação fonética (segmentos, fronteira de sílaba etc.) e processos definidos como não produtivos, isto é, que se relacionam a generalizações léxico semânticas, como as alternâncias morfofonológicas, capturados via regras, que contêm informação de traços morfológicos e lexicais em sua formulação. Já a Fonologia Natural de Stampe focalizou a naturalidade dos processos fonológicos, fazendo uma distinção entre processos, que se baseiam em aspectos inatos do funcionamento do aparelho fonador, e regras, que se relacionam às especificidades das línguas em seu desenvolvimento histórico.

À representação linear da estrutura fonológica da palavra, seguem- se os chamados modelos não lineares, fundamentados na proposta de que os traços, libertos das matrizes, passam a ser representados em níveis autônomos, como autossegmentos (GOLDSMITH, 1979). Dentre as teorias que compõem a Fonologia Não Linear (Fonologia Autossegmental, Geometria de Traços, Teoria da Sílaba, Fonologia Métrica, Fonologia Prosódica, Fonologia Lexical, dentre outras), a Geometria de Traços (CLEMENTS; HUME, 1995) aproxima substancialmente

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

a teoria fonológica dos eventos de fala real ao considerar a organização interna do segmento através da adoção de uma representação em que as camadas autossegmentais estão arranjadas em uma estrutura hierárquica baseada em uma taxonomia de traços. A distância maior entre os níveis fonético e fonológico é verificada na Fonologia Lexical (KIPARSKY, 1982, 1985), que promove a integração entre regras fonológicas e morfológicas no componente lexical, central à gramática, e reserva ao componente pós-lexical a introdução de segmentos não contrastivos e a aplicação conjuntiva de regras.

A proposição alternativa à visão modular entre Fonética e Fonologia estabelece uma relação oposta, ou seja, não modular, entre esses campos, de maneira que a Fonética é trazida para dentro da gramática e as unidades abstratas definidas em função de uma base fonética. A Fonologia Articulatória ou Gestual (BROWMAN; GOLDSTEIN, 1992) propõe um modelo unificado que tem como base representacional o gesto, o qual corresponde a eventos articulatórios definidos espaço-temporalmente. Essa abordagem permitiu capturar o aspecto dinâmico e gradual de fenômenos definidos como categóricos como inserção, apagamento e assimilação, entendidos como instanciações de relações contínuas entre gestos, que podem ocorrer temporalmente.

A Fonologia de Uso (BYBEE, 2001; PIERREHUMBERT, 2003; MUNSON;

EDWARDS; BECKMANN, 2005) propõe um modelo em que diversos níveis de abstração são estabelecidos. Os diferentes níveis de representação capturam desde aspectos fonético-finos (acústicos e articulatórios), prosódicos, assim como unidades mais abstratas que deem conta de unidades segmentais e suas relações fonotáticas, sílabas, moldes lexicais e relações morfofonológicas. Pierrehumbert (2000) defende uma base fonética para a fonologia, isto é, as entidades ou instâncias abstratas são emergentes de fatores articulatórios e perceptuais que, por sua vez, fornecem a base para os processos e restrições. Em outras palavras, os diferentes níveis de conhecimento implícito da estrutura sonora envolvem generalizações sobre diferentes tipos de eventos e entidades. O conhecimento do detalhe fonético, que inclui distribuições probabilísticas de parâmetros fonéticos, constitui generalizações sobre eventos de fala. Estudos sobre aquisição mostram a importância do domínio de esquema vocais motores (Vocal Motor Schemes) e sua relação com as primeiras palavras (VIHMAN; VELLEMAN, 2000; MCCUNE;

VIHMAN, 2001). Por outro lado, o conhecimento implícito das restrições fonotáticas que permitem aos falantes adultos fazerem julgamentos de boa formação de novas palavras e que subjazem à adaptação de empréstimos constituem generalizações sobre as representações das palavras no léxico. Relações mais abstratas como as relações morfofonológicas entre as palavras são emergentes de relações entre as palavras organizadas em um léxico em redes. Enfim, nessa abordagem, uma escala de abstrações se estabelece a partir da fonética em direção à morfofonologia. Para Pierrehumbert, o desafio para a teoria linguística, e especificamente para a teoria fonológica, é acomodar tanto evidências que dão conta da importância do detalhe fonético quanto evidências que apontam para a importância de categorias mais abstratas em um construto teórico capaz de capturar detalhe fonético e abstração.

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A representação do detalhe fonético é estabelecida de acordo com a formulação da Teoria de Exemplares proposta por Johnson (1997). De acordo com essa proposta, os exemplares são representações detalhadas abstraídas da experiência do falante em ouvir e produzir itens lexicais em diversos contextos linguísticos e de uso. Essas memórias são organizadas em um mapa cognitivo em que são estabelecidas relações de proximidade entre as instâncias representadas em função de sua frequência de ocorrência. Instâncias com maior frequência de ocorrência estão mais próximas, ao passo que as menos frequentes estão mais distantes. Assim, a Fonologia de Uso postula que a representação do detalhe fonético se dá de acordo com a proposta da Teoria de Exemplares (PIEREHUMBERT, 2001).

O pressuposto é o de que o detalhe fonético esteja representado, mas não se definiu ainda tanto quanto o detalhe do sinal acústico está representado, embora não haja uma limitação para a representação.

Esse modelo pressupõe a utilização de um vasto espaço de memória em contraposição à visão modular, que exclui o detalhe fonético das representações, e propõe representações livres de redundância e gradualidade, não onerando assim a memória. Silva e Gomes (2007) observam que, se de um lado a Fonologia de Uso, ou Modelos Multirrepresentacionais, propõem uma representação complexa e mapeamento mais simples, por outro lado, nos modelos formais, a representação é menos complexa, uma vez que contém somente informação relacionada com propriedades distintivas, mas o mapeamento é complexo. Em cada caso um tipo de memória é mais requerido, no primeiro, a memória declarativa, e, no último, a memória procedural.

O percurso das diferentes abordagens da relação entre Fonética e Fonologia precisa ser entendido de forma mais ampla em função da evolução do pensamento linguístico nas diversas definições do objeto da Linguística traduzido nas diferentes concepções de gramática. Essas questões envolvem o grau de autonomia da gramática, a relação entre gramática e uso, o papel do input.

O debate que tem se desenvolvido nas últimas duas décadas em torno dessa questão e o rico espectro de abordagens teóricas são tentativas de apreender a complexa relação entre a manifestação física, o sinal acústico, e o conhecimento implícito do falante. No final desta seção, como sugestão, indicamos um conjunto de trabalhos que abordam as perspectivas mencionadas ao longo desta apresentação. Ao apresentar artigos desenvolvidos em diferentes enfoques teóricos sobre a interface Fonética x Fonologia e/ou sua aplicação em diferentes ramos da Linguística, o presente volume temático da revista Letras de Hoje pretende, portanto, estimular esse debate, ainda nascente entre os linguistas brasileiros.

O dossiê inicia-se pela investigação do ditongo, tema dos quatro primeiros artigos. De autoria de Adelaide Hercília Pescatori Silva e intitulado Organização temporal de encontros vocálicos no Português Brasileiro e a relação entre Fonética e Fonologia, o primeiro artigo aborda, com base na Fonologia Gestual, a diferença entre ditongos e hiatos a partir da relação entre duração e acento, apontando para a relevância da organização temporal nas análises fonológicas, a partir da proposta

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

de uma análise fonológica que incorpore informação fonética fina. O segundo artigo, de Thais Cristófaro Silva e Ingrid Faria, Percursos de ditongos crescentes no Português Brasileiro, ao analisar as diversas possibilidades de produção da sequência de duas vogais finais em ditongos crescentes (hiato, ditongo, monotongo e apagamento de vogal), sugere, com base nos pressupostos dos Modelos Multirrepresentacionais, a emergência de consoantes diversas em posição final de palavra, caracterizada como um novo padrão fonológico na língua. Também sobre ditongos crescentes, o artigo seguinte, intitulado Ditongos crescentes: um conceito fonológico ou fonético? de Lurdes Ferreira, ao examinar a percepção de estudantes portugueses quanto ao ditongo crescente ou ao hiato a partir da realização da divisão silábica de vocábulos com vogal alta sujeita à semivocalização, oferece argumentos para a inexistência de glides no nível fonológico da língua portuguesa. O quarto artigo, A palavra como lócus de análise da variação fonético fonológica, de Carine Haupt, analisa, com base na Fonologia de Uso e Teoria dos Exemplares, o impacto da frequência de tipo e da frequência de ocorrência de vocábulos com ditongo decrescente terminado por glide coronal no processo variável de monotongação.

O quinto e sexto artigos apresentam descrições do sistema sonoro de línguas na linha de Pike (1947). Em Descrição sonora da língua pomerana, Shirlei Conceição Barth Schaeffer considera a língua pomerana falada no município de Santa Leopoldina-ES e oferece seu inventário fonético, fonêmico e silábico. Em Descrição fonético fonológica do Kyikatêjê, Marília de Nazaré Ferreira Silva apresenta a descrição fonética, fonêmica e silábica da língua indígena falada no sudeste do Pará, com destaque para os aspectos comparáveis a outras línguas geneticamente aparentadas. O sétimo artigo, intitulado Respostas evocadas de incongruência a categorias na percepção da fala, de autoria de Daniel Márcio Rodrigues Silva e Rui RotheNeves, realiza uma revisão crítica sobre o papel de medidas da atividade neuronal relacionadas ao processamento perceptivo no córtex cerebral quanto à sensibilidade aos aspectos físicos dos sons fala e à categorização desses aspectos pelos falantes.

Os dois artigos que encerram o dossiê envolvem pesquisas na área de Aquisição. O artigo A influência grafo-fônico-fonológica na produção oral de multilíngues e o papel da proficiência: uma abordagem dinâmica, de Cintia Avila Blank e Márcia Cristina Zimmer, ao examinar, com base na Teoria dos Sistemas Dinâmicos, o papel da proficiência linguística e da características grafo-fônico fonológicas na produção de vogais orais por indivíduos multilíngues, falantes de português, espanhol e inglês, encontra indícios em favor da possibilidade de sincronia ou sintonia incompleta entre os osciladores envolvidos na produção da fala. Em O efeito da anterioridade e da altura na identificação das vogais médias altas e médias baixas do português brasileiro por falantes de espanhol, Juliana Andrade Feiden, Ubiratã Kickhöfel Alves e Ingrid Finger investigam, com base no Modelo Perceptual de Assimilação-L2, em conformidade com a Fonologia Gestual, os efeitos da altura e da anterioridade na percepção da distinção entre vogais médias do português brasileiro (L2) por falantes do espanhol.

A seção livre deste volume apresenta dois artigos e uma resenha. O artigo Caracterização acústica de vogais orais na fala infantil: o falar florianopolitano, de

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Lilian Elisa Minikel Brod e Izabel Christine Seara, focaliza as vogais orais tônicas do português brasileiro a partir de dados de crianças florianopolitanas com idade entre 10 e 11 anos, buscando descrevê-las a partir de parâmetros de duração relativa, F1 e F2, trazendo contribuições relativas à caracterização acústica das vogais em função da idade e do sexo das crianças analisadas. O segundo artigo, Investigando processos de solução de problemas e tomada de decisão no desempenho de tradutores profissionais durante tarefas de tradução direta e inversa, de Norma Barbosa de Lima Fonseca, aborda os processos cognitivos presentes na execução de uma tarefa de tradução relativos à tomada de decisão e solução de problemas dentro de uma abordagem psicolinguística a partir da gravação de oito tradutores profissionais durante a execução de quatro tarefas tradutórias e do monitoramento oferecido pelo software Translog, que registrou todos os pressionamentos de teclas realizados, e pelo rastreador ocular Tobbi T60, que gravou as sequências de ações realizadas pelos sujeitos. Os eventos gravados foram analisados pelos próprios sujeitos, que refletiram sobre seus próprios desempenhos. Esse conjunto diferenciado de ferramentas permitiu a investigação das pausas observadas durante o processo tradutório em que ocorrem os processos de solução de problemas e tomadas de solução. Os resultados trazem contribuição para analisar o papel da direcionalidade da tradução (português↔inglês) no processo tradutório analisado em função da duração e natureza das pausas. Finalmente, Alessandra Baldo comenta o trabalho de Norbert Schmitt, Researching vocabulary – a vocabular research manual, publicado por Palgrave Macmillan em 2010, sobre pesquisa na área de estudos a respeito do léxico, que inclui desde questões centrais até aspectos da metodologia de pesquisa, principalmente no que diz respeito à aquisição de vocabulário em língua estrangeira.

Gostaríamos de agradecer a todos os pesquisadores que contribuíram para a elaboração deste volume. Boa leitura!

FONTE: Disponível em: <http://www.sk.com.br/sk-pron.html> Acesso em: 2 fev. 2017.

No próximo subtópico, veremos como os sons saem do nosso organismo, aprenderemos o que é o aparelho fonador e como ele funciona. Aprenderemos também a ler a descrição fonética de uma palavra, o que pode parecer a parte mais difícil e, no entanto, mais interessante da fonética. Para você ter um “gostinho” do que está para vir...

Você consegue entender o que a frase a seguir significa em inglês?

kənˈtɪnju ˈstʌdiɪŋ hɑrd Resposta no próximo capítulo.

ESTUDOS FUTUROS

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Neste tópico, você aprendeu:

• A língua é uma das características mais importantes do comportamento humano.

• Fonética e Fonologia são os dois ramos da Linguística que estudam os sons da fala humana.

• A história do inglês está ligada aos fatos históricos que permeiam a formação da Europa, e que ajudaram a formar os conceitos de cultura, economia, política e língua de cada país deste continente.

• A diferença entre fonética e fonologia.

• A diferença de morfema e grafema.

• A língua inglesa e seus diferentes sons evoluíram durante os anos.

• A história de como a língua inglesa se desenvolveu ao longo dos anos.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 (ENADE, 2014) Invitation to the Jenny Cheshire Lecture 2014 English in Paradise?: a new variety in the Pacific

Friday 13 June 2014 at 6.30pm Maths Lecture Theatre, School of Mathematical Sciences, Mile End Campus The talk aims to provide a holistic sociohistorical, political as well as linguistic account of the process by which a new English emerges in a colonial environment. Taking the case of the Republic of Palau in Micronesia as an example, I will examine, first, the emergence of English in the context of the country’s complex colonial past. Second, I attempt to apply Schneider’s

‘Dynamic Model’ of postcolonial English formation to this community. Palau provides an interesting and important testing ground for the model, because few communities in which English has emerged as a result of American as opposed to British colonialism have been examined to date. Finally, I present, based on analyses of recordings of informal conversations among Palauans, an initial portrait of the main linguistic characteristics of Paluan English, and assess the extent to which English is nativising in this small community.

If a foreign language teacher attends the lecture by David Britain, its subject might help him/her prepare a class about:

a) Language variation, dialects and “Englishes”.

b) Lexical similarities and differences between world Englishes.

c) Grammatical aspects of the English language used by non-native speakers.

d) Differences between American and British English variations around the world.

e) Dialects of the English language as a mother tongue and as a foreign language.

2 As habilidades de produção na língua inglesa, também conhecidas como habilidades ativas, são aquelas nas quais o falante precisa efetivamente produzir linguagem. São elas:

a) ( ) Speaking e listening b) ( ) Writing e reading c) ( ) Speaking e writing d) ( ) Reading e listening e) ( ) Listening e writing

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

O APARELHO FONADOR E O ALFABETO FONÉTICO (IPA)

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Aprenderemos, neste tópico, como os sons são emitidos em nosso organismo. Você saberá diferenciar os lugares de articulação dos sons, ou seja, em que lugar da boca os sons são produzidos. Também poderá diferenciar os sons pelo modo como eles são produzidos. Você aprenderá o alfabeto fonético internacional (IPA), que serve para transcrever o som de uma palavra. Também estudaremos a diferença entre consoantes vozeadas e desvozeadas e praticaremos todo o novo conhecimento através de exercícios. Durante este tópico, você terá muitas dicas de estudos para aprimorar os seus conhecimentos.

2 O APARELHO FONADOR

O homem se diferencia de outros animais pelo fato de ter um mecanismo que faz com que ele emita sons e os transforme em palavras. Este mecanismo é chamado de aparelho fonador. Podemos afirmar que aprendemos a falar sem saber que este aparelho existe e até mesmo como ele funciona, mas percebemos que temos este aparelho quando pegamos um resfriado ou temos uma dor de garganta. Nestes casos, percebemos que nosso desempenho na fala muda tanto no volume e timbre de voz quanto na quantidade de fala, por conta da dificuldade em respirar. Veja na figura a seguir as articulações do aparelho fonador.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

FONTE: Disponível em: <http://itafono.blogspot.com.br/2013/01/fonetica-e- fonologia.html>. Acesso em: 10 jan. 2017.

FIGURA 1 - O APARELHO FONADOR – AS ARTICULAÇÕES

A figura acima é frequentemente utilizada nos estudos da fonética. Ela representa a cabeça humana, vista de lado como se tivesse sido cortada pela metade. Você vai estudar com cuidado as articulações descritas nela. Para ter um conhecimento maior sobre o aparelho fonador, sugiro que você olhe sua boca em um espelho em um lugar bem iluminado, assim conseguirá aprender melhor.

Linguistas estudam em detalhes como o corpo humano produz os sons das palavras. É um campo de estudos bem vasto. Mas será que sabemos as maneiras como utilizamos os pulmões para respirar, como produzimos sons com vibrações na laringe e como usamos a boca, dentes e lábios para modificar os sons?

De acordo com Prator (1957), todos os sons que produzimos quando falamos são resultado dos músculos contraindo. Os músculos no peito que usamos para respirar produzem o fluxo de ar que é necessário para quase todos os sons de fala. Os músculos da laringe produzem muitas modificações diferentes no fluxo de ar do peito para a boca. Depois de passar pela laringe, o ar passa pelo que chamamos de trato vocal, que termina na boca e nas narinas. Chamamos a parte que compreende a boca de cavidade oral e a parte que leva ao nariz de cavidade nasal. Aqui o ar dos pulmões escapa para a atmosfera.

Temos um conjunto grande e complexo de músculos que podem produzir mudanças na forma de produzir sons, e para aprender como os sons da fala são produzidos é necessário se familiarizar com as diferentes partes do trato vocal.

Estas são as chamadas articulações, é aqui que começaremos nossos estudos sobre lugar e modo de articulação dos sons (PRATOR, 1957).

Vamos estudar o que cada articulação faz?

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1. A faringe é um tubo que começa logo acima da laringe. Tem cerca de 7 cm de comprimento nas mulheres e cerca de 8 cm nos homens, e na sua extremidade superior é dividido em dois, sendo um a parte de trás da cavidade oral e o outro sendo o início do caminho até a cavidade nasal. Se você olhar em seu espelho com a boca aberta, pode ver a parte de trás da faringe.

2. O palato mole ou úvula é visto no diagrama na posição que permite que o ar passe através do nariz e através da boca. Durante a fala, a úvula é levantada de modo que o ar não possa escapar através do nariz. Outra coisa importante sobre o palato mole é que é um dos articuladores que podem ser tocados pela língua.

Quando fazemos o som /k/ e /g/, a língua entra em contato com o lado inferior do palato mole.

3. O palato duro ou véu palatino é popularmente chamado de “céu da boca”. Você consegue sentir que ele é uma superfície suavemente curvada com sua língua.

A consoante feita com a língua próxima ao palato duro é chamada de palatal, assim como o som de /j/ da palavra “yes”.

4. O alvéolo pode ser encontrado entre os dentes frontais superiores e o palato duro. Você pode sentir sua forma com sua língua. Sua superfície é realmente muito mais áspera do que sente e é coberta com elevações. Você só pode ver o alvéolo se tiver um espelho pequeno o suficiente para entrar em sua boca, como os usados pelos dentistas. Os sons feitos com a língua tocando no alvéolo são /t, /d/ e /n/ e eles são chamados “alveolar”.

5. A língua é o articulador mais importante e pode ser movida em diferentes lugares e de formas diferentes.

6. Os dentes (superiores e inferiores) são mostrados sempre nessas figuras na frente da boca e apenas atrás dos lábios, não dos lados. Sabemos que temos dentes na boca toda, mas a foto apenas mostra os dentes que importam para a produção da fala. A língua está em contato com os dentes superiores na maioria dos sons. Sons feitos com a língua tocando os dentes da frente são os θ (como em “thing”) e ð (como em “father”), chamados de dental.

7. Os lábios são importantes na fala. Eles podem ser juntados quando produzimos os sons de /p/ e /b/, podem ser colocados entre os dentes quando produzimos os sons de /f/ e /v/ ou podem ser arredondados para produzir o som de /u/. O som produzido quando os lábios estão em contato são chamados de bilabial, enquanto o som produzido quando os lábios tocam os dentes chama-se de labiodental.

Estas sete articulações descritas são as principais usadas na fala, mas temos outras ainda, assim como a laringe, a mandíbula e o nariz. Vários órgãos também estão envolvidos na produção de sons. Podemos dividir o aparelho fonador em três partes, de acordo com Roach (2009):

• Respiratório: constituído pela traqueia, pulmões, brônquios e diafragma.

Encontra-se na cavidade infraglotal, ou seja, parte inferior à glote (glote é o espaço livre entre as pregas vocálicas). Sua função principal é a respiração.

• Articulatório: é constituído pela língua, faringe, nariz, lábios e dentes; são estruturas que se encontram na parte superior da glote. O sistema articulatório é responsável por várias funções primárias, principalmente ao ato de comer – morder, mastigar, sentir o paladar, cheirar, sugar e engolir.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E A DIFERENÇA ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

• Fonatório: constituído pela laringe. Na laringe encontramos músculos estriados que podem obstruir a passagem da corrente de ar – as cordas vocais, ou pregas vocálicas. A glote é o espaço decorrente da não obstrução dos músculos laríngeos.

A função primária da laringe é atuar como válvula que obstrui a entrada de alimentos nos pulmões por meio do abaixamento da epiglote.

A figura a seguir tenta esclarecer melhor como isso tudo funciona em nosso organismo.

FIGURA 2 - APARELHO FONADOR

FONTE: Disponível em: <http://fonticaarticulatria.blogspot.com.br>. Acesso em: 10 fev. 2017.

Yavas e Blackwell (2016) afirmam que utilizamos principalmente o ar que está saindo de nossos pulmões (ar de transição) para falar. Na laringe, as cordas vocais produzem vibrações no ar de transição. O ar vibratório passa por outras cavidades que podem modificar o som que é finalmente articulado pelos articuladores passivos e ativos.

• articuladores passivos (imobilizados): são compostos pelo palato duro (que é o céu da boca), o rebordo alveolar e os dentes superiores;

• articuladores ativos (móveis): são a faringe, o velo (ou palato mole), a mandíbula e dentes inferiores, os lábios e, acima de tudo, a língua.

Yavas e Blackwell (2016) ainda definem que a língua é um órgão tão importante e tão flexível que os linguistas identificam diferentes regiões da língua por nome, uma vez que estas estão associadas a sons particulares, mas não é o caso do nosso estudo.

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De acordo com a fonética articulatória, os sons produzidos na linguagem humana são chamados fones ou segmentos. Esses sons podem ser divididos basicamente em três grupos: consoantes, vogais e semivogais (ou glides). Yavas e Blackwell (2016, p. 5) definem que:

As consoantes, ou segmentos consonantais, são sons

produzidos com algum tipo de obstrução no trato vocal, de forma que há impedimento total ou parcial da passagem de ar. Esses sons são classificados de acordo com os seguintes critérios, que veremos a seguir:

1. lugar de articulação 2. modo de articulação 3. vozeamento

Vamos estudar cada um deles!

3 LUGAR DA ARTICULAÇÃO DO SOM

Yavas e Blackwell (2016, p. 6) esclarecem que o lugar de articulação de uma consoante é a descrição pelo lugar onde a obstrução consonantal ocorre no trato vocal de acordo com a posição da língua ou lábios. Uma definição bem sintetizada de alguns movimentos fonéticos que produzem os sons da fala:

• Bilabial – os sons são produzidos com ambos os lábios juntos nos sons de /p/, /b/ e /m/, assim como em “pay” (pagar), “bay” (baia), “may” (poder).

• Labiodental – os sons são produzidos com os dentes superiores e lábios inferiores como em /v/ e /f/; como em “veal” (vitela) e “feel” (sentir).

• Interdental - os sons são produzidos com os dentes superiores e dentes inferiores como em /θ/ e /ð/; como em “thing” (coisa) e “father” (pai). Veremos estes símbolos com mais detalhes no Tópico 5.

• Alveolar – os sons são produzidos com a ponta da língua tocando na parte superior dos dentes como em /t/, /d/, /s/, /n/, /l/ e /z/. Assim como em “tip”

(dica), “dip” (mergulhar), “sip” (gole), “zip” (fecho), “nip” (beliscar) e “lip”

(lábio).

• Palatal alveolar – é produzido com uma parte da língua tocando no fundo dos alvéolos, como em /ʃ/, /ʒ/,/ʧ/ e /ʤ/, como em “fish” (peixe), “garage” (garagem) e “rich” (rico).

• Palatal – /j/ é o único som produzido com a língua perto do céu da boca, como em “yes”, “yellow”.

• Velar – os sons são produzidos com a língua próxima ao palato mole, também chamado velum, como em /k/, /g/ e /ŋ/ nas palavras “back” (atrás), “bag” (bolsa) e “sing” (cantar).

• Glotal – os sons são produzidos pelo ar passando ou parando nas cordas vocais, como em “home” (lar) produzindo o som de /h/.

Referências

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