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PALA VRAS-CHA VE: Imprensa: Censura Imprensa: Credibilidade

PEDRO MACIEL, professor do Departamento de Comuni-caça-o da FABICOjUFRGS e chefe do Centro de Produçã'o de Notícias da RBSTV.

"Pode-se considerar assim esta questão:o príncipe, que tema mais as popu-ャ。￧セ・ウ que os forasteiros, deve construir fortalezas; mas aquele que tema

maISos forasteirOS que as populaçiJes deve deixar de fazê-las. " MAQUIAVEL

. As ヲセイエ。ャ・コセウL emイ・セョZN・ウ ondeセ Estado está dissociado da Nação, SlIo quase sempre

er,-guldas para Impedir アセ・ as IdeIas e asL、セウ」オウウッ・ウ aflorem e sejam debatidas. A principal delas, em geral, éッL・ウA。「・ャ・」セュ・ョエッ de uma rIgIda censura prévia aos meios de comunicaça-o e

às

mani-ヲ・ウセセ￧￵・ウ artlstIcas maIs populares, como a música e a literatura. Nós, que vivemos esta triste

ex-penencla a partir 、セウ anos 60, promovida peloイセァゥュ・ militar, sabemos que seu efeito é devasta-セッイ tantoーセイ。 aウッ」ャ・、セ、・ quanto para a comumcaçã'o e as artes, e, principalmente para o jorna-lIsmo. Isto e o que nos Interessa discutir neste artigo.

. nセ mais recente experiência brasileira de censuraàimprensa, que durou até 1976, os jor-naIS eイ・vャウエ。セ セ・ョウオイ。、。ウ na-o puderam sequer contar com a solidariedade pública de seus leito-res; ao contrano, o queィッオカセ foi simplesn:en.te

?

abandono do hábito de comprar jornais, de tal. forma acentuado que as tIragens dos pnnclpals órglos de imprensa do País nunca foramtIo

baIxas quanto、オイ。ョセ・ oー・イ■セセッ do regime militar. A culpa dessa reaça-o, contudo, nlo pode ser b.uscada em eventuaIs despohtIzaçOes ou falta de consciência dos cidadã'os-Ieitores. Ao contrá-no. Além. da baixaァ・ョ・イ。ャセコセ、。 de qualidade do material jornalístico oferecido neste período, ・セエ。カ。 mUlto claro na memona de todos que os principais jornais do País haviam contribuído sig-mficatIvamen.te para a deflagraça-o do golpe militar. Assim, o repúdio aos jornais neste período de censura fOI, antes de tudo, um gesto de consciência.

'Mais significativo ainda porque com o' surgimento de uma imprensa alternativa forte セー・ウ。イ de sua fragilidade econômica, a sociedade deu mostras de que continuava interessada

em:

mformações 」ッイイ・エ。セ eセッョ・ウエ。ウL セ que a chamada Grande Imprensa não estava proporcionando. Houve, é claro, denunCIas desta sltuaçfo feitas pelos próprios jornais, como a publicaçlo de Ca-mões em ャオセ。セ das セ。エ←イゥ。ウ 」セョウオイ。、。ウ em OEstado de S([o Paulo.,Mas como esquecer que a sede do tradIcIOnal Jornal paulIsta fora um dos redutos dos conspiradores de 64? Esse relaciona-mento dos donos da imprensa com o poder, que tem sido uma constante na história brasileira-a começbrasileira-ar pelo primeiro jornbrasileira-al imprensso no Pbrasileira-aís, brasileira-aGazeta do Rio de Janeiro, criado para

res-• A pesquisa feita pelo Instituto Gallup para a Revista Veja ouviu igual percentual de homens e mulheres per-tencentes a todos os níveis sócio-econômicos. Foram 21 % das classes A e B e 79% das demais classes. 36% dos entrevistados moram nas capitais, 28% em cidades com mais de 50 mil habitantes e o restante nos centros de até 50 mil habitantes.

•A empresa Datafolha, que fez a pesquisa para o jornalFolhadeSão Paulo,buscou seus entrevistados nas

ci-dades de sa:o Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba e Porto Alegre. A me-todologia utilizada foi a de entrevista pessoal, com componentes de uma amostra da população estratificada por zonas geográficas, nível sócio-econômico da regia:o, sexo e idade.

ponder de modo oficial aoCorreio Bnu:ilierue, que para ter liberdade precisou ser editado em Lo"dres - tem pesado bastante no julgamento que o brasileiro faz de sua imprensa.

Foi assim em 1984, quando a revistaVejapublicou os resultados de uma pesquisa enco-mendada ao Instituo Gallup e que mostrou claramente que naquela ocasifo o brasileiro nfo con-fiava na sua imprensa. Feita entre 13 de janeiro e 12 de fevereiro em 20 Estados, a pesquisa ou-viu 2.656 pessoas que avaliaram a atuaçã'o de 13 instituições e ramos de atividades públicas. A Imprensa ficou colocada em um modesto oitavo lugar, com nível negativo de confiança, acima apenas dos empresários, da televiSllo, do Governo Federal, da propaganda e dos parlamentares. Entre todos os entrevistados, 53%deles declararam acreditar muito pouco ou quase nada no que a Imprensa diz, contra apenas 40% que disseram confiar ou acreditarセ・ューイ・ ou na maior parte do que dizem os jornais. O nível de confiança negativo de 13% foi ainda mais preocupante por-que junto com ele veio um diagnóstico bastante claro de por-que os órgã'os de imprensa estavam lon· ge de uma sintonia com seus leitores.

Para os entrevistados pelo Gallup a imprensa demonstrava benevolência coin os políticos ligados ao Governo , com o próprio Governo' e com as empresas brasileiras e multinacionais e ignorava ou atacava cOm rigor excessivo a polícia, os sindicatos, os políticos de oposiçlfO e os criminosos. Tratamento adequado recebiam apenas a Igreja e os bancos, na vislo dos entrevista-dos*pelos pesquisadores do Gallup. Nunca mais foi repetida uma pesquisa com o mesmo objeti-voo Mas o jornalFolha de São Paulopublicou, em 29 de março passado, um outro levantamento em que a posiçlo da Imprensa melhorou bastante. Não foi uma pesquisa para medir confiabilida-de, mas para ver quem tem prestígio e poder. E ela mostra que a situação da Imprensa melhorou significativamente se utilizarmos o conceito prestígio como uma espécie de indicador de con-fiança, embora o nível de poder continue sendo predominante.

Um total de 71 % das 3.316 pessoas ouvidas pelaFolhaentre 20 e 23 de março em oito capitais disseram que a Imprensa tem muito poder, sendo superada apenas pela Presidência da República e Ministérios (72% de muito poder), pelas multinacionais (75% de muito poder) e pe-las emissoras de televislfo (80% de muito poder). A medida de prestígio, porém, é menor para a Imprensa, apesar de ser uma posiçlfo relativamente bem situada. A imprensa tem, para os entre-vistados pelaFolhaセ 67% de muito prestígio, atrás apenas das emissoras de rádio (70% de muito prestígio) e das emissoras de televiSllo que acumulam também a maior taxa de muito prestígio: 81%.Em Porto Alegre, a Imprensa ficou em terceiro lugar em prestígio e em primeiro em der. Para o leitor, poder significa, quase sempre, ligações das empresas jornalísticas com o po-der.

De certa forma é natural que ele pense assim, pois os próprios empresários de meios de comunicaçlfo fazem a mesma relaçfo. Em 1967, durante um encontro social, a Condessa Pereira Carneiro, proprietária doJornal do Brasil, querendo ser gentil com o marechil Costa e Silva, que presidia o País, disse a ele que seu jornalfaria críticas construtivasaoseu governo.Direto, O marechal respondeu:Não, minha senhora,'0que eu queroéelogio mesmo.Numa postura tal-vez inspirada nesse diálogo, as grandes redes de informação do País têm se preocupado em nfo desgostar o poder. No início da histórica Campanha das Diretas, a Rede Globo noticiou o pri-CDU 07: 351.751.5

do leitor

,

e

poder:

Imprensa e

relação onde a derrota

42 R. Bibliotecon.&Comun., Porto Alegre, 2:4246 jan./dez.1987 R. Blblioteoon. & Comun., Porto Alegre, 2. 1987 43

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meiro grande comício da PraçadaSé,em810 Paulo, como sendo parte dos festejos pela data de fundaça-o da cidade.

Em quatro de maio passado,O Globo, publicou um editorial com o título: O Brasil Nlfo Pode Pagar o Preço da Insensatez. A insensatez atacada em três colunas de alto a baixo da capa deO Globo era a fixaçã'o de uma mandato de4anos para o presidente Sarney pela Constituinte. Mas essaades!'o quase automática das grandes empresas de comunicaçlfo ao poder nlfo tem dado bons resultados. Ainda em maio seイ・ァゥセエイ。イ。ュ algumas escaramuças da imprensa com o poder _ e a história brasileira mostra que nesses confrontos quem sempre sai perdendo é o leitor. E desta vez nlfo foi diferente. Na TV Record, o Governo foi acusado de ser responsável pela r,etirada de ar do programa Jogo de Carta, comandado pelo jornalista Mino ,Carta, que para o Governo caiu no erro de entrevistar Leonel Brizola. Na TV Nacional, de BrasI1ia, propriedade da Radiobrás, o programa vetado foi Jornal da Constituinte, onde a participação do jonialista Carlos Chagas, di. retor do jornalO Estado de São Paulo em Brasllia, era incômoda para o Governo.

Boa parte da culpa por estas relações entre empresas de comimicaçlfo e Governo está na possibilidade de distribuiç!'o de benesses com o dinheiro público,que ora se transforma em anúncios capazes de fazer COm que as críticas sejam esquecidas, ora se transforma nos elogios fá. ceis que tanto encantavam Costa e Silva.Oque os quase300jornais diários do País COm cerca de 5milhOes de exemplares, os700semanários e as900revistas não podem esquecer é que seu maior compromisso é com o leitor e que Governo nenhum sustenta um jornal que nlfoé procu-rado nas bancas, até porque quem nll'o tem leitores nlfo recebe anúncios, como mostra o prag-matismo capitalista. E ficar contra os leitores é a forma mais rápida de construir fortalezas e se isolar de quem realmente interessa para os meios de comunicaçlfo. Nisso', a experiência recente brasileira é rica em exemplos.

BIBLIOGRAFIA CITADA

1 A IMPRENSA julgada.Veja,São Paulo (814):42, 11 abro 1984.

2' POPULAÇÃO consideraTVinstituiçlio mais poderosa do 'país.Folha de840Paulo,Slio Paulo, 29 mar. 1987.p.6.

3 MAQUIAVEL, Nicolau. OPrinc(pe.São Paulo, Círculo do Livro, , p.

a credibilidade de cada um

Nível de conÍlança em instituições e proÍlssões(%)

Pode-se conÍlar/ Pode-se cOnÍlar/ Nível de

acreditar setnpre ou acreditar em muito cOnÍlança na maior parte do que pouco ou em nada do

dizem que dizem

Correios 83 II +72

Professores 83 14 +69

Igreja 78 19 +59

Médicos 77 20 +57

Bancos 65 28 +37

Sindicatos 44 43 + 1

Justiça 46 46 O

Imprensa 40 53 13

Empresários 30 55 25

Televisll'o 34 62 28

Governo Federal 28 63 35

Propaganda 28 67 39

Deputados e

16 76 -60

Senadores

44 R.Bibliotecon. & Comun., Porto Alegre, 2. 1987

Fonte: VEJA, 11 de abril de 1987

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Lセ

ェャセ

A populaça'o das oito capitais mais importantes do país dá sua opinião sobre as instituições com maior prestígio e poder no Brasil.

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