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Cad. Saúde Pública vol.16 número1

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Academic year: 2018

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TRAÇAN DO CAM IN HO S EM UM A SO CIEDADE VIOLEN TA. A VIDA DE JOVEN S IN FRATORES E DE SEUS IRM ÃO S N ÃO -IN FRATO RES. Simone Gonçalves de Assis. Rio de Janeiro: Editora Fio-cruz, 1999. 236 pp.

ISBN 85-85239-18-2

Ain d a são em p ou co n ú m ero os su rveys, as p esqu isas d e trajetórias d e vid a e a recon stitu ição d as relações sociais cotid ian as d os agen tes q u e vivem n o ch am a-d o m u n a-d o a-d o crim e n as gran a-d es cia-d aa-d es b rasileiras. A d ificu ld ad e d a p esqu isa d e cam p o n essa área tem á-tica, d ecorren te d a clan d estin id ad e e d os p rob lem as d e segu ran ça q u e en volvem os p esq u isad ores, exp lica, n o en tan to, ap en as em p arte esse d éficit d e estu -d os. Há m u itas qu estões teóricas com p lexas en volvi-d as n esse cam p o, a com eçar p ela p róp ria volvi-d elim itação d o ob jeto. O con ceito d e crim e, p or exem p lo, jam ais p od erá ser con stru íd o cien tificam en te, já qu e é total-m en te su b ord in ad o a u total-m catotal-m p o extracien tífico, a es-fera d o d ireito e d os cód igos ju ríd icos. En qu an to u m a con strução social, o crim e n ão coin cide com um even -to em p írico e seu agen te n ão coin cid e com o su jei-to sim p les d a resp on sab ilização p en al. Am b os, crim e e seu su jeito, são o p rod u to d e u m p rocesso social q u e en caixa even tos em classificações sociais e ju ríd icas e en ca ixa a gen tes em cla ssifica çõ es d e tip o s e p a p éis socia is a ssocia d os a rep resen ta ções d e su a “d esn or-m alização” p ara a vid a social.

Um exem p lo d isso é a d isp u ta qu e se verifica n os m eios p olíticos e ju ríd icos sob re a id ad e d a resp on sab ilid ad e p en al. A d iferen ça d e classificação d os agen -tes acu sad os p or cu rsos d e ação p revistos com o cri-m e n o Cód igo Pen al cocri-m b ase n a su a id ad e, existen te e m vá rio s p a íse s, in clu sive n o Bra sil, su p õ e já d iferen tes p o ssib ilid a d es d e tra ta m en to d a “d esn o rm a lização” qu an d o ela ocorre em ad u ltos ou en tre crian -ças e ad olescen tes. O term o ju ríd ico “m en or in frator”, qu e su b sistiu até a ed ição d o Estatu to d a Crian ça e d o Ad olescen te, em b ora m an tivesse u m a carga estigm a-tizad ora, já ad vertia p ara a d iferen ça en tre a p u n ição d e u m crim in oso ad u lto e o caráter n ão p u n itivo, m as p rin cip alm en te ressocializad or, d as m ed id as a serem ad otad as p ara u m a crian ça ou ad olescen te qu e ten h a com etid o atos in fracion ais. Essa d iferen ça, n o en tan -to, ou su a m ed id a n a faixa etária estab elecid a em lei, com eçou a ser qu estion ad a à p rop orção qu e cad a vez m ais agen tes joven s viram -se en volvid os p ela acu saçã o d e q u e, m e sm o a p ó s a e xp e riê n cia d o in te rn a -m en to e-m in stitu tos d e ressocialização, con tin u ava-m a p ersistir n a vid a d o crim e, ou p ela alegação d e q u e esse sistem a, su p ostam en te n ão p u n itivo, in cen tiva-va , p o r isso, n otiva-va s a d e sõ e s d e jove n s e cria n ça s a o m u n d o d o crim e, sen d o, além d isso, in stru m en tad os p or crim in osos ad u ltos.

A d iferen ça , é evid en te, d ep en d e d e rep resen ta -ções sociais qu e con ferem m ais im p ortân cia à su b je-tivid a d e d o a ge n te (in clu sive q u a n to a o q u e se ria a

id a d e d a ra zã o e d a resp o n sa b ilid a d e p en a l), d esin -vestin d o a tran sgressão d o cu rso d e ação p ara in ves-ti-la n o su je ito. Fo u ca u lt e stu d o u , co m o se sa b e, a s gra n d e s lin h a s d e sse p ro ce sso h istó rico, p ró p rio à m od ern id ad e ocid en tal, d e p assagem d a lei à n orm a, através d o qu al a tran sgressão d eixou d e ser u m a p os-sib ilid a d e o b je tiva sa n cio n á ve l, q u e d e n u n cia u m cu rso d e ação p rob lem ático, p ara se tran sform ar n u -m a p o te n cia lid a d e su b je tiva , “d e sn o r-m a liza d o ra”, q u e d en u n cia u m su jeito p rob lem ático. A essa tran s-form ação corresp on d eu tam b ém a tran ss-form ação d o sen tid o d a p en a, d e castigo e vin gan ça, p ara a d e p u -n içã o co m fi-n a lid a d e “-n o rm a liza d o ra” d o i-n d ivíd u o acu sad o. O valor cen tral d o in d ivíd u o p ara a m od er-n id a d e, d e su a igu a ld a d e a o u tro s ier-n d ivíd u o s e e m seu s d ireitos, su b stitu iu a an terior su b m issão d o in -d iví-d u o à or-d em h olista -d a con sciên cia coletiva h ierárqu ica. A p u n ição m od ern a ad qu iria assim u m sen tid o ra cio n a lretrib u tivo e exigia ta m b ém u m a a va lia çã o d a s ca u sa s d o s co m p o rta m en to s rep resen ta d o s co m o a n ô m a lo s, p a ra in stru ir a s m e d id a s p re -ven tiva s d a crim in a lid a d e. Logo u m d ilem a se a p re-sen tou p a ra tod a s a s gen era liza ções ca u sa is: a p esa r d e n a scid o s e cria d o s n u m a m e sm a fa m ília e n u m m esm o am b ien te social, d ois irm ãos p od eriam segu ir ca m in h o s ra d ica lm e n te d ife re n te s. Ma s, a o su ge rir u m lim ite às ab ord agen s d eterm in istas, esse d ilem a p ossib ilitou ain d a u m a p ersp ectiva con trastiva, m ais com p lexa e m in u ciosa, qu e se p ergu n tava m en os p e-la s ca u sa s ge ra is e m a is p e lo s re cu rso s sim b ó lico s con textu ais qu e afetam as op ções in d ivid u ais.

A origin alid ad e e a im p ortân cia d o livro d e Sim on e Go on ça lves d e Assis é q u e, em b o ra seja exp licita -m en te u -m a ten ta tiva d e -m od ela ge-m d a s ca u sa s q u e leva m m u ita s cria n ça s e a d o lescen tes a co m eterem atos in fracion ais, realiza esse p rojeto ad otan d o u m a p ersp ectiva crítica, evitan d o a d escon textu alização e in vestin d o n a com p lexid ad e m u ltifacetad a d o ob jeto. Re su lta d o d e u m a p e sq u isa p re m ia d a (Jov en s q u e M atam e Irm ãos qu e n ão M atam : Dim en são e Sign ifi-ca d o d o At o In fra cion a l), e n ce ta d a co m o a p o io d o Min isté rio d a Ju stiça , d a UNESCO, d a FAPERJ e d o CNPq , p or in term éd io d a FIOCRUZ e com a cola b o-ração d e u m a eq u ip e exp erien te e m u ltid iscip lin ar, o livro ch e ga e m b o a h o ra , p re e n ch e n d o u m e sp a ço a in d a p ou co exp lora d o em p irica m en te. Pela a b ra n -gên cia d e su as q u estões e p ela q u alid ad e técn ica d a su a ab ord agem , torn a-se referên cia ob rigatória p ara tod os os estu d iosos, esp ecialistas ou n ão, d a violên -cia u rb an a n as gran d es cid ad es b rasileiras.

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cap acid ad e d e resistir às p ressões d o m eio e n ão d esen -volver com p ortam en to d elin qü en te” (p. 21). A p rop os-ta é “id en t ifica r os fa t ores d e risco q u e lev a m u m jo-vem a ser in fra t or e os fa t ores p rot et ores qu e a giria m sob re u m ou t ro jov em , q u e v iv e n o m esm o a m b ien t e fam iliar e com u n itário, con d u z in d o-o a n ão op tar p or cam in h os in fracion ais” (p. 21). A au tora ad ota, em ca-rá te r e xp lo ra tó rio, o m o d e lo ca u sa l d e Sh o e m a ke r, m as o faz observan do seu s lim ites “esp ecialm en te p orqu e as relações de com p lexidade se in crem en tam orqu an -d o in clu ím os o n ível in -d ivi-d u al n a an álise” (p. 25).

O p rim eiro cap ítu lo trata d as qu estões m etod oló-gicas en volvid as n o trab alh o, a d efin ição d o u n iverso d e p esq u isa e as d ecisões am ostrais ad otad as. A p es-qu isa é com b ase em u m a ab ord agem es-qu alitativa, es-qu e p rivilegia a h istória d e vid a d e joven s d o sexo m ascu -lin o acu sad os d e com eterem atos in fracion ais graves e q u e estavam cu m p rin d o m ed id as sócio-ed u cativas em in stitu ições d o Rio d e Jan eiro e Recife, b em com o a d e seu s irm ãos ou p rim os, qu e n ão foram acu sad os d e com eter tais atos. Utilizou -se tam b ém a técn ica d o ge n o gra m a e, e m ca rá te r e xp lo ra tó rio, fo i d a d o u m tratam en to qu an titativo aos d ad os ob tid os n as en tre-vista s. Fo ra m e n tre tre-vista d o s 92 jove n s, 61 d o s q u a is acu sad os d e com eterem atos in fracion ais (46 n o Rio e 15 em Recife) e 31 irm ãos ou p rim os n ão in fratores (20 n o Rio e 11 em Recife). Trata-se d a p rim eira p es-q u isa sistem ática realizad a n o Brasil sob re o assu n to q u e a d o ta a p e rsp e ctiva e p id e m io ló gica , m u ito co-m u co-m eco-m estu d os realizad os eco-m ou tros p aíses.

O segu n d o ca p ítu lo exp õ e o co n texto estru tu ra l e m q u e cre sce ra m e sse s jove n s, va le n d o -se d a p ró-p ria reró-p resen ta çã o q u e o s en trevista d o s lh e d era m . An alisa-se a estru tu ra fam iliar (ap en as 21% d os in fra-tores e 32% d os seu s irm ãos ou p rim os viviam em la-res com am b os os p ais); a con d ição sócio-econ ôm ica d a fam ília (a m aioria p roven ien te d a classe p op u lar); os fatores d e risco n o p eríod o p erin atal (som en te 11, en tre os 61 in fratores en trevistad os, foram cu id ad os p ela m ãe d esd e b eb ê); o jovem em seu relacion am en -to fam iliar; a violên cia d om éstica e o relacion am en -to con ju gal d os p ais. Con stata-se a fragilid ad e d a m aio-ria d as fam ílias d os en trevistad os e su a vu ln erab ilid a-d e aos fatores a-d e risco: p ob reza e exclu são social, p re-cária form ação p rofission al, d esestru tu ração fam iliar e au sên cia d a figu ra p atern a, en volvim en to d e fam i-liares em atos in fracion ais e violên cia d om éstica. No en ta n to, d essa s m esm a s co n d içõ es sa íra m ta m b ém os irm ãos e p rim os n ão in fratores, o qu e leva a au tora a b u scar ou tros fatores qu e se associaram a esses p a-ra d iferen ciar su as op ções in d ivid u ais.

O cap ítu lo três an alisa a vivên cia d a ad olescên cia p elos en trevistad os: a relação d o jovem com a com u -n id ad e (a m aioria m orava em com u -n id ad es d e b aixo p od er aqu isitivo), com a p olícia (a m aioria m an ifesta o sen tim en to d e ód io p elos p oliciais) e su a p ercep ção d a violên cia, com a escola (a m aioria d os en trevista-d os ap resen tou u m n ível trevista-d e escolaritrevista-d atrevista-d e b aixo e

cer-ca d e 70% d e tod os os joven s en trevistad os já tin h am ab an d on ad o os estu d os), com os am igos e o lazer (a in flu ên cia d om in an te d o tráfico n a agregação d os jo-ve n s e n tre vista d o s n o Rio, d ife re n te m e n te d o q u e ocorre em Recife, on d e a referên cia p rin cip al é o b airro e os in teresses com u n s). Ain d a n o terceiairro cap ítu -lo, são an alisad as as exp eriên cias d o n am oro, d o sexo e d a p a tern id a d e p reco ce; a rela çã o co m o tra b a lh o (90% já h aviam trab alh ad o), com o con su m o con sp í-cu o e a osten tação d e sím b olos d e statu s, assim com o o s se u s p la n o s d e vid a e a visã o q u e tê m d e si m e s-m os. Fin als-m en te, an alisa-se su a relação cos-m red es d e ap oio e com a religiosid ad e. A au tora con clu i q u e “a violên cia está im p regn ad a em su as vid as e p arece fu n -cion ar com o p rin cíp io ord en ad or d e su as com u n id a-d es” (p. 69). To d a via o b se rva q u e, e m m u ita s q u e s-tões, os in fra tores se d iferen cia m d e seu s irm ã os ou p rim o s. Este s e vita m a m iza d e s co m in fra to re s, n ã o u tilizam d rogas freqü en tem en te, têm m aior n oção d e seu s d ireitos e m aior resp on sab ilid ad e fam iliar; m u ito s co n tin u a m estu d a n d o, têm m a io r a m b içã o p ro -fission al e p rojetos d e fu tu ro d e u m a vid a m elh or.

No q u arto cap ítu lo, sin tom aticam en te in titu lad o O Mu n d o é Mald ad e Pu ra, a au tora an alisa os relatos d os joven s in fratores (e d e seu s irm ãos ou p rim os so-b re eles) a resp eito d e su as m otivações e ju stificativas p ara os atos in fracion ais qu e p raticaram . Divid id o se-gu n d o os tip os d e in fração q u e levaram os joven s ao in te rn a m e n to, o ca p ítu lo e xp õ e u m jove m in fra to r m u ito d iferen ciad o q u an to às m otivações e ju stifica-tivas, m as com b aixa em p atia (ou id en tificação) com os ou tros seres h u m an os (exceto os fam iliares p róxi-m os): “a n egação d o v alor d a v id a d o ou tro, e p or v e-z es d a p róp ria v id a , d á a d im en sã o d a gra v id a d e d e su a situ ação existen cial” (p. 154).

No qu in to cap ítu lo, a au tora an alisa, ten d o com o b a se o rela to d os en trevista d os, a exp eriên cia d e in -tern am en to d estes. Tam b ém sin tom aticam en te, o ca-p ítu lo in titu la-se Parece até o In fern o. Aqu i a ca-p esqu i-sa co n sta ta o m e sm o q u a d ro n e ga tivo re ve la d o p o r ou tras p esqu isas sob re os in stitu tos d e in tern am en to d e joven s in fratores n o Brasil: in eficiên cia d o sistem a d e ressocialização e in com p etên cia d e seu s q u ad ros in stitu cio n a is, e m ra zã o, p rin cip a lm e n te, d a ló gica im p essoal e b u rocrática q u e com an d a su a organ iza-ção, qu an d o “o in frator p recisa exatam en te d o op osto: u m tratam en to p essoal e in d ivid u aliz ad o” (p. 185). A au tora m an ifesta tod a a su a in d ign ação com u m p roce sso d e re sso cia liza çã o q u e, o ito a n o s a p ó s a p ro -m u lga çã o d o Esta tu to d a Cria n ça e d o Ad o lescen te, p o u co m u d o u em rela çã o a o q u e se fa zia a n tes, n o s SAM e FUNABEM, d e triste m em ória. As crian ças e os joven s in fratores saem d essa exp eriên cia n u m a situ a-ção p iorad a e ain d a m ais estigm atizad os.

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Pa-ra a au toPa-ra, a ten tativa d e igu alar o m áxim o p ossível o con texto fam iliar d e am b os (o jovem in frator e seu irm ão/ p rim o n ão in frator) m ostrou -se in alcan çável, em virtu d e d a p rofu n d a d iferen ça d as p ercep ções fa-m ilia res existen tes en tre o s irfa-m ã o s/ p rifa-m o s. “A d ife-ren ça foi tão acen tu ad a, qu e, em algu n s casos, p arecia qu e estávam os ou vin d o n arrativas sobre fam ílias d is-tin tas” (p. 189). A an álise d e u m caso típ ico (Ad rian o e Cle m e r) d e m o n stra su ficie n te m e n te, n o e n ta n to, com o a d iferen ça em erge d e u m a m esm a am b ien tação fam iliar e social qu e con têm , p ara am bos, os p rin -cip a is fa to re s d e risco. O q u e d istin gu e Ad ria n o, 16 an os, o irm ão qu e n ão é violen to, d e Clem er, 18 an os, o jovem in frator, in tern ad o p or latrocín io (rou b o com m orte d a vítim a)? Segu n d o a au tora, am b os viven cia-ram u m am b ien te fam iliar d e violên cia p atern a exa-cerb ad a e con tín u a, m as su as p ercep ções d essa exp eriên cia com u m são m u ito d iferen ciad as. Clem er sen tiase m ais am ad o e id en tificad o com o p ai, ten d en -d o a n egligen cia r a violên cia p a tern a , en q u a n to seu irm ão m ostrava-se revoltad o com a violên cia d o p ai e p arecia m ais id en tificad o com a m ãe.

En tre os p rin cip ais fatores d iferen ciad ores, a au -to ra re ssa lta a p o siçã o n a fa m ília , a in flu ê n cia d o s a m igos, a s d iferen ça s in d ivid u a is d e p erson a lid a d e, os p rin cíp ios éticos (sab er d iferen ciar en tre o certo e o errad o). Mas o qu e p arece estar em jogo e n ão p ôd e ser m elh or exp lorad o p ela au tora p or cau sa d o recor-te ep id em iológico q u e ad otou n ão é tan to a reb eld ia e o in con form ism o, e, sim , o seu con trário: o con form isform o, o au tocon trole e a n orform alização eform tais con -d ições. A resiliên cia -d ep en -d e -d e con -d ições -d e p ossi-b ilid ad e p ara o au tocon trole d e si n u m am ossi-b ien te ad-ve rso. A m im , m e ro re se n h a d o r d e u m a ó tim a p e s-qu isa, p arece-m e m ais fácil com p reen d er Clem er s-qu e Ad rian o. Com o m e d isse u m p esqu isad or fran cês qu e con h eci em Paris e qu e fez p esqu isa d e cam p o em fa-vela s d o Recife e d o Rio, o su rp reen d en te n ã o é q u e h aja tan tos joven s p ob res violen tos, m as qu e n ão h a-ja m ais, em m u ito m aior n ú m ero...

O livro d e Sim on e Gon çalves d e Assis tem o m éri-to d e te r a b o rd a d o o s p o n éri-to s p rin cip a is d o d ile m a cau sal e oferecid o u m am p lo p ain el em p írico d as re-p resen tações q u e esses joven s fazem d e su a vid a, d e seu d ra m a p essoa l e d e su a exclu sã o rea l d a s con d i-ções n orm ais d e p ossib ilid ad e d o au tocon trole n u m a socied ad e tão d esigu al q u an to a n ossa. Min h a d iver-gên cia com a p ersp ectiva ad otad a p ela au tora se resu m e ap en as à con statação d e qu e a in clu são sim b ó -lica n a ord em , n o am b ien te social retratad o p ela p es-qu isa, é es-qu e p arece an orm al e p rob lem ática, exigin d o u m a ab ord agem ep id em iológica.

Mich el Misse

Dep artam en to d e Sociologia In stitu to d e Filosofia e Ciên cias Sociais Un iversid ad e Fed eral d o Rio d e Jan eiro

GRAVIDEZ N A ADO LESCÊN CIA. O PARTO EN -Q UAN TO ESPAÇO DE M EDO., M aria Inês Bran-dão Bocardi. São Paulo: Editora Arte & Ciência/ M arília: Editora Unimar, 1998. 128 pp.

ISBN 85-86127-71-X

Lan çad a em m ead os d e 1998, essa ob ra d e Maria In ês Bra n d ã o Bo ca rd i le va -n o s a u m a p ro fu n d a re fle xã o q u a n to a o n o sso d e se m p e n h o e n q u a n to p ro fissio -n a is d a sa ú d e e m fa ce d a p ro b le m á tica d a gra vid ez viven ciad a d u ran te a ad olescên cia.

A a u to ra se a p ó ia em o u tro s a u to res p a ra exp li-ca r co m d eta lh es so b re a a d o lescên cia e su a s q u es-t õ e s. Po ré m , e m se u s e scries-t o s, e la co lo ca d e fo rm a in ten sa a su a exp eriên cia d e en ferm eira e p rofesso-ra q u e co n vive co m a rea lid a d e d a a d o lescen te grá-vid a . Utiliza -se d o Esta tu to d a Cria n ça e d o Ad o les-cen te e n o s a p resen ta d a d o s p reo cu p a n tes, co m o o a cré scim o sign ifica t ivo d o n ú m e ro d e jove n s m ã e s n a fa ixa e t á r ia d e 15 a 19 a n o s, a lé m d o a lt o ín d ice d e jove n s q u e n ã o fa ze m u so d e n e n h u m m é t o d o con tracep tivo.

Em su a s co lo ca çõ es, a p o n ta p a ra situ a çõ es q u e en cam in h am os p rofission ais d a saú d e p ara reflexões qu e vão além d o m od elo b iologista d e assistên cia, e a cu lm in ân cia d o seu trab alh o se d á q u an d o trata d as q u estões d o p arto d e u m a ad olescen te. Ap on ta a in segu ran ça, o m ed o d o d escon h ecid o e tam b ém a so -lid ão fam iliar, com o fatores q u e m erecem a aten ção d os leitores d essa ob ra. Exp õe d e m od o realista o ca-m in h o d as p ed ras p elo qu al a ad olescen te se vê ob ri-gad a a p assar. São trau m as e p erd as qu e n em sem p re, a o m e n o s, se rã o m in im iza d o s. Ma ria In ê s e scre ve co m m u ita se n sib ilid a d e e p ro p rie d a d e so b re a a n -gú stia, a in segu ran ça e até m esm o a falta d e p ersp ec-tivas d a jovem m ãe.

Essa b e la o b ra , d id a tica m e n te b e m co n stru íd a , fa z o le ito r a va n ça r e m su a le itu ra , p o is a p re se n ta etap as seq ü ên cias, com o os d iversos en ten d im en tos sob re o q u e vem a ser essa fase d a vid a – ad olescên cia, os asp ectos h istóricos d a gravid ez n a ad olescên -cia , co m o se d á u m a gra vid ez n e ssa fa se d a vid a , e su as p ossíveis com p licações. En fim , facilita ao leitor a com p reen são d o con texto gravid ez – m ed o – e o es-tar ad olescen te.

Pod e-se p erceb er n esse livro u m retrato d oloroso qu e se d esen h a com o d esafio p ara os p rofission ais d a saú d e. Qu e socied ad e terem os com tan tas m ães-m en ien a s q u e a b a en d oen a m seu s estu d os? Qu e p rovid êen -cia s p o d e rã o se r to m a d a s p a ra m in im iza r a d o r e o d ra m a vive n cia d o p o r e ssa s a d o le sce n te s, p o r o ca -siã o d e u m ritu a l d e n a scim en to p erm ea d o p o r cu lp a , in se gu ra n ça e m e d o ? Co m o a ju sta r o s fa to s e n -tre a m ãe-m en in a, o p ai-m en in o e u m filh o q u e n em sem p re foi d esejad o e/ ou esp erad o?

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A p rop osta d essa ob ra é oferecer aos p rofission ais d e saú d e algu n s su b síd ios relevan tes p ara u m a refle-xã o so b re o s n o sso s p a p é is e n q u a n to a ge n te s d e tra n sform a çã o, a o m en os n o q u e d iz resp eito à sa ú -d e, aqu i en ten -d i-d a com o qu ali-d a-d e -d e vi-d a.

É u m livro d e p ou cas p ágin as, sim p les, p orém d e leitu ra d ifícil, p ois vem n os ap resen tar u m a realid ad e d u ra. Reú n e m u itos d ad os, m u itas h istórias e con siderações im p ortan tes. Bocardi silen cia discursos gran -d iosos, p referin -d o a sim p lici-d a -d e e p u reza -d a s fa la s d as m ães-m en in as.

O resu ltad o d os estu d os realizad os p ela au tora, o p refácio escrito p elo Prof. Dr. Rom eu Gom es e a con -tracap a tão b em recom en d ad a p ela DraMaria Ap are-cid a Te d e sch i Ca n o e stã o sin a liza n d o q u e o te m p o a tu a l p re cisa d e u m a tra n sfo rm a çã o p ro fu n d a n a s a tivid a d es volta d a s p a ra a sa ú d e d os a d olescen tes e su as fam ílias.

É p reciso descon stru ir m odelos qu e se valem ap e-n as d a razão, d a ie-n ércia d e id éias p ré-coe-n ceb id as e d o torp or d a rotin a d e assistên cia h ab itu al; é n ecessário q u e se criem n ovo s m o d elo s, b em co m o q u e se fo r-m er-m n ovos con ceitos p ara qu e o r-m en in o e a r-m en in a p ossam estar ap en as ad olescen tes, crescen d o, d esco-brin do o m u n do e se afirm an do com o seres h u m an os.

Bocard i n os ap on ta qu e as resp ostas p od em estar em n ós m esm os. Precisam os arregaçar as m an gas d o co n fo rm ism o, d ivid ir n o sso sa b er n a in fo rm a lid a d e d o cotid ia n o d os a d olescen tes, em escola s, em cen -tros com u n itários, igrejas, cam p os d e esp ortes. Preci-sa m o s, a n te s d e m a is n a d a , se r p e sso a s igu a is, q u e com p artilh am d e su as rod as d e am igos. Parece p ru -d e n te sa ir -d a s e scriva n in h a s p a ra p o -d e r a tin gir o s ad olescen tes d e form a am igável e trocar in form ações co m eles. Resp o n d er à s su a s d ú vid a s, en sin a r o q u e e le s tê m cu rio sid a d e e m sa b e r. A o b ra e m q u e stã o n os leva a p en sar em tu d o isso e m u ito m ais. A q u es-tão d a solid aried ad e en tre as p essoas p arece esqu eci-d a e m n o sso s ca m p o s eci-d e tra b a lh o, e sp e cia lm e n te d en tro d os h osp itais. Pou cos são os p rofission ais qu e se p reocu p am com o asp ecto h u m an o, esp iritu al e até social d os seu s clien tes, e a au tora con segu e trazer à b aila esse tem a tam b ém , n ão d e form a im p lícita, m as com a su tileza d e qu em p recisa d izer sem ferir.

Em su as con sid erações fin ais, ela faz u m a leitu ra d e seu s ach ad os, d ian te d os q u ais, n ós, p rofission ais d a saú d e, d everíam os n os cu rvar, p ois tu d o o q u e ali está p osto é o retra to fiel d o cotid ia n o d essa s m ã es-m en in as.

A h u m ild ad e cien tífica se faz valer n esse su cin to, p orém im p ortan te trab alh o, on d e p arágrafos con cisos n os rem etem à sim p licid ad e d o n osso fazer qu an -d o su sten ta-d o p ela soli-d arie-d a-d e. É p reciso ap ren -d er a “estar com as ad olescen tes”, an tes, d u ran te e d ep ois d e u m a gravid ez.

Bo ca rd i n o s o ferece essa o b ra , n ã o p a ra ser lid a sim p lesm en te, m as, sim , p ara ser “ru m in ad a”, com o d iria Nietzsch e, o gran d e filósofo alem ão.

Glória In ês Beal Gotard o In stitu to Fern an d es Figu eira Fu n d ação Oswald o Cru z

Q UESTÕ ES DA SAÚDE REPRO DUTIVA. Karen Giffin & Sarah Hawker Costa (org.). Rio de Janei-ro: Editora Fiocruz, 1999. 468 pp.

ISBN 85-85676-61-2

Nos ú ltim os trin ta an os, a m ed icin a ocid en tal in cor-p orou a o seu a rsen a l cor-p a ra d ia gn óstico e tra ta m en to d e d o e n ça s u m gra n d e n ú m e ro d e e q u ip a m e n to s, testes d iagn ósticos, m ed icam en tos, técn icas cirú rgi-ca s e a n e sté sirgi-ca s, m u ito s d e le s re la cio n a d o s co m a saú d e rep rod u tiva. En tre esses avan ços, p od em os ci-ta r o s eq u ip a m en to s p a ra u ltra -so n o gra fia , ciru rgia víd eo-lap aroscóp ica, estu d os gen éticos, card iotoco-gra fia , h istero sco p ia , d o p p lerflu xo m etria , ciru rgia s d e a lta fre q ü ê n cia , m a m o gra fia d e a lta re so lu çã o e d en sito m etria ó ssea , a lém d e n ovo s e m a is p reciso s te ste s la b o ra to ria is, p o ssib ilita n d o o d ia gn ó stico e tratam en to d e d oen ças, com o a in fecção p or Ch lam y

-d ia, p elo p ap ilom avíru s, a AIDS e m u itas ou tras. Tais con q u istas foram , en tre ou tros fatores, resp on sáveis p o r u m a im p o rta n te d im in u içã o d a m o rb i-m o rta lid a lid e m a tern a e p erin a ta l e ta m b ém p o r u m im p o r -tan te au m en to d a exp ectativa d e vid a d a m u lh er.

Nova s su b e sp e cia lid a d e s m é d ica s, co m o, p o r e xe m p lo, re p ro d u çã o a ssistid a , p a to lo gia ce rvica l, m a sto lo gia , m ed icin a feta l e clim a tér io, fo ra m cria -d as, u m a vez q u e o tocogin ecologista n ão tin h a m ais com o acom p an h ar e in corp orar à su a p rática u m volu m e tão gran d e e d iverso d e in form ações. Reforçan -d o a visã o ca rte sia n a -d o m o -d e lo m é -d ico o ci-d e n ta l, e m m u ito s ca so s e sse s a va n ço s a ca b a ra m p o r se g-m en tar e g-m ed icalizar ain d a g-m ais a aten ção p restad a às m u lh eres, torn an do a assistên cia in tegral u m a p os-sib ilid a d e ca d a vez m a is d ista n te e o s cu id a d o s d e saú d e cad a vez m ais caros e d e d ifícil acesso.

Em vários p aíses, n esse m esm o p eríod o, o m ovim en to d e ovim u lh eres trab alh ou in ten saovim en te n o sen -tid o d e in flu e n cia r n a fo rm u la çã o d a s p o lítica s d e sa ú d e, n a s legisla çõ es civil e tra b a lh ista , n u m a lu ta p ara con q u istar d ireitos até en tão n egad os a elas. As q u e stõ e s so b re gê n e ro e se xu a lid a d e, a cria çã o d o s co n ce ito s d e d ire ito s se xu a is e sa ú d e re p ro d u tiva , ju n ta m en te co m a in co rp o ra çã o d e n ovo s co n h eci-m e n to s d e o u tra s d iscip lin a s, co eci-m o a s ciê n cia s so-ciais, ap on taram p ara tem as q u e as m u lh eres con si-d eravam fu n si-d am en tais in corp orar à si-d iscu ssão sob re os p rob lem as qu e as afetavam .

O Bra sil é u m p a ís m a rca d o p o r e n o rm e s d e si-gu ald ad es sociais e d iferen ças region ais, e os in vestim en tos n a sa ú d e d a p op u la çã o têvestim sid o in su ficien tes, levan d o a u m su cateam en to d as in stitu ições. Em -b ora m u lh eres d e m aior ren d a ten h am acesso a tod os o s tip o s d e serviço s, a in d a co n vivem o s co m in d ica -d ores -d e saú -d e q u e n os colocam n o m esm o p atam ar d os p aíses d o terceiro m u n d o.

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qu e vêm sen d o rep etid am en te d en u n ciad as p elo m o-vim en to d e m u lh eres e p elas organ izações sociais. De u m a m an eira geral, os p rofission ais d a área d e saú d e d a m u lh er, em esp ecia l o s m éd ico s gin eco lo gista s e ob stetras, n ão tiveram em su a form ação acad êm ica a p ossib ilid ad e d e refletir sob re as q u estões d e gên ero e sexu alid ad e, fican d o restritos à visão b iologicista d o corp o h u m an o, característica d o p arad igm a m éd ico. Os o u tro s sa b e re s tê m sid o p o u co va lo riza d o s o u m esm o ign o ra d o s p ela co rp o ra çã o m éd ica , d ificu l-tan d o u m a aten ção m u ltid iscip lin ar, qu e certam en te qu alificaria a assistên cia p restad a às m u lh eres.

Com o m od ificar a q u alid ad e d essa aten ção? Co-m o tra n sfo rCo-m a r o s se rviço s d e sa ú d e p a ra q u e e le s ofereçam às m u lh eres u m aten d im en to in tegral? Co-m o sen sib iliza r o s p ro fissio n a is d e sa ú d e, eCo-m p a rti-cu la r o s m é d ico s, p a ra q u e e ste ja m a te n to s p a ra a s su b jetivid ad es e p ara as q u estões d e gên ero e sexu a-lid a d e n a su a p rá tica d iá ria ? Co m o im p le m e n ta r a s d iretrizes d o Pro gra m a d e Aten çã o In tegra l à Sa ú d e d a Mu lh er – PAISM?

Orga n iza d o p ela s d o u to ra s Ka ren Giffin e Sa ra h Hawker Costa, o livro Qu estões d a Saú d e Rep rod u tiva

é u m in stru m en to valioso p ara qu em , em face d os d esa fio s d e p ro m ove r u m a m e lh o r a ssistê n cia à s m u -lh eres, ten ta , so b u m a n ova ó tica , en ten d er a s rea is d em an d as d essa clien tela n a su a id a aos serviços d e saú d e, e se d isp õe a m od ificar su a p rática e a d in âm i-ca d o serviço aon d e atu a.

Divid id o e m cin co p a rte s, o s ca p ítu lo s e scrito s p elos d iversos au tores, ab ord am a h istória, p olítica e con ceitos d a saú d e rep rod u tiva, o con trole d a fecu n -d i-d a-d e, a m orb i-m ortali-d a-d e, os serviços -d e saú -d e e a saú d e rep rod u tiva e gru p os sociais.

Na p rim e ira p a rte, e n co n tra m o s u m re la to q u e con textu aliza o n ovo p ap el d as m u lh eres n a socied a-d e n e sta se gu n a-d a m e ta a-d e a-d o sé cu lo, a im p o rta n te atu ação d as organ izações n ão govern am en tais, b em co m o a s su a s ca p a cid a d es d e co m u n ica çã o e d e in -terlocu ção, a h istória d o m ovim en to d e m u lh eres n o cen ário p olítico d a Am érica Latin a n os an os 60 e 70 e o su rgim en to d os m ovim en tos sociais qu e trou xeram p ara a esfera p ú b lica a d iscu ssão d os tem as ligad os à saú d e e d ireitos rep rod u tivos. Ap on ta a in tern acion a-liza çã o d o m ovim en to d e m u lh eres e a im p o rtâ n cia d a s co n fe rê n cia s in te rn a cio n a is p ro m ovid a s p e la s Nações Un id as n o Cairo e em Beijin g, qu e p erm itiram avan ços em relação à saú d e rep rod u tiva e à am p lia -ção d a d efin i-ção d e d ireitos h u m an os, legitim an d o a atu ação d esses m ovim en tos n o p lan o n acion al.

A d iscu ssão sob re os con ceitos d e saú d e rep rod u -tiva , gê n e ro e se xu a lid a d e e a m a n e ira co m o fo ra m co n stru íd o s a ju d a m a d isce rn ir a s d istin çõ e s e n tre eles e os d esafios p ara se garan tir, n a p rática, os d irei-tos rep rod u tivos. A h istória d o p rocesso d e m ed icali-zação d o corp o fem in in o n os faz com p reen d er com o foi con stru íd a a id éia d a existên cia d e u m a n atu reza biológica determ in an te e de que m an eira outras id éias sob re m a tern id a d e, in stin to m a tern a l e a d ivisã o d e gên ero d a socied ad e acab am sen d o con sid erad as n a-tu ra is. Co m o exem p lo, a evo lu çã o d a a ssistên cia a o p arto n os ú ltim os sécu los, qu e m ostra a m an eira p ela qu al a corp oração m éd ica se ap rop riou d este even to, su b stitu in d o a p arteira e h osp italizan d o o n ascim en -to, sen d o o ab u so n as in d icações d e cesarian a a m ais im p ortan te d as con seq ü ên cias n egativas d esse fen ô-m en o. En cerra n d o esta p riô-m eira p a rte, u ô-m a d iscu

s-são sob a ótica d as ciên cias sociais a resp eito d o cor-p o e d o con h ecim en to n a saú d e sexu al con textu aliza o p ap el do m ovim en to fem in ista n a lu ta p ela tran sfor-m ação d o p arad igsfor-m a b in ário esfor-m u sfor-m n ovo p arad igsfor-m a q u e n ão sep are corp o e m en te, razão e em oção, b io-lógico e social, e q u e p erm ita a p ossib ilid ad e d e q u e m ascu lin o e fem in in o sejam am b os su jeitos sexu ais.

Na se gu n d a p a rte, o co n tro le d a fe cu n d id a d e é an alisad o in icialm en te p ela avaliação d as ten d ên cias re gio n a is d e fe cu n d id a d e b ra sile ira n o sé cu lo XX, m ostran d o u m a trajetória d e q u ed a d esse in d icad or, acom p an h ad a d e u m a d im in u ição n o tam an h o d a fa-m ília e as con seqü ên cias d essa ten d ên cia, cofa-m o a re-d u ção re-d o crescim en to e en velh ecim en to re-d a p op u la-çã o. Os d a d o s so b re a e ste riliza la-çã o fe m in in a , fa to r im p o rta n te n e ssa q u e d a d a fe cu n d id a d e, m o stra m q u e tal p roced im en to vem sen d o realizad o com fre-qü ên cia cad a vez m aior e cad a vez m ais ced o n a vid a d a s m u lh e re s. A re a liza çã o e m gra n d e e sca la d a la-qu ead u ra tu b ária n ão tem levad o em con sid eração os p ossíveis efeitos colaterais e os riscos a m éd io e lon -go p razo d esse p roced im en to.

O rela to d a exp eriên cia com os m étod os d e b a r-reira con trolad os p elas m u lh eres, en tre eles a cam isin h a fem iisin iisin a, isin a p reveisin ção d as d oeisin ças sexu alm eisin te tran sm issíveis (DST) e d o HIV, e su a eficácia con -tra ce p tiva m o s-tra m a im p o rtâ n cia d e le s e ta m b é m co m o p o d e m fu n cio n a r d e m a n e ira a fo rta le ce r a s m u lh eres n a n egocia çã o sexu a l. Ain d a n a d iscu ssã o sob re o con trole d a fecu n d id ad e, o ab ortam en to ile-gal, in d ep en d en te d os riscos à saú d e, é ap resen tad o, a in d a h o je, co m o o ú ltim o re cu rso d e u m e n o rm e con tigen te d e m u lh eres. As d ificu ld ad es en fren tad as p or elas p ara o con trole d a fertilid ad e d e m an eira efi-ca z e se gu ra co lo efi-ca m -n a s, m u ita s veze s, d ia n te d a trá gica o p çã o e n tre u m a gra vid ez in d e se ja d a e u m ab ortam en to p rovocad o. Prob lem a qu e ressalta a d e-sigu ald ad e social d e n osso p aís, o ab ortam en to p ro-vocad o p en aliza ain d a m ais as m u lh eres p ob res q u e p recisam recorrer a situ ações em q u e o p roced im en -to é realizad o sem con d ições d e h igien e, qu an d o n ão são elas m esm as ob rigad as a p raticá-lo. Maior oferta d e in form ação e m ais e m elh ores serviços d e con tra-ce p çã o sã o a p o n ta d o s co m o m e d id a s q u e p o d e m e d evem ser ad otad as d e im ed iato p ara d im in u ir o n í-vel d e gravid ez in d esejad a.

A m orb i-m ortalid ad e é ab ord ad a n a terceira p arte, a p a rtir d a d iscu ssã o so b re o s p a d rõ es e ten d ên -cia s e m sa ú d e re p ro d u tiva n o Bra sil, re ssa lta n d o a im p ortân cia d o p on to d e vista d a saú d e rep rod u tiva d as m u d an ças d o p ad rão d e p rocriação e d o ap areci-m en to d a AIDS n os an os 80. O artigo areci-m ostra coareci-m o es-sa d iscu ssão p erm itiu , n o âm b ito d a es-saú d e, am p liar a visão d o p rob lem a p ara além d a d im en são b iológica d o d iscu rso h egem ôn ico, evitan d o restrin gir o d eb ate sob re saú d e e d ireitos rep rod u tivos ap en as aos lim i-tes d a gin ecologia e ob stetrícia.

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ci-p alm en te, ci-p or com ci-p licações h ici-p erten sivas, h em orra-gia s e in fe cçõ e s. O e stu d o d a m o rta lid a d e m a te rn a re ve la , ta m b é m , a co m p le xid a d e d e u m p ro b le m a q u e é in flu en ciad o p or q u estões econ ôm icas, p olíti-cas, sociais e b iológiolíti-cas, m as referid o p rin cip alm en te ao gru p o d as m u lh eres d e b aixa ren d a.

O a rtigo so b re a in cid ê n cia e a m o rta lid a d e p o r câ n cer tra z a d iscu ssã o so b re co m o tra n sfo rm a çõ es b iológicas, d ireta ou in d iretam en te associad as ao d e-sen volvim en to d e tu m ores em m u lh eres ad u ltas, têm sid o acarretad as p elas m u d an ças n a vid a rep rod u tiva d as m u lh eres. O cân cer d e m am a é h oje o tu m or m ais com u m en tre as m u lh eres d as Regiões Su l e Su d este do Brasil, fican do, n o Cen tro-Oeste, Norte e Nordeste, em segu n d o lu gar em relação ao cân cer d e colo. Este ú ltim o a p re se n ta , e m n o sso p a ís, u m a d a s m a io re s taxas d e in cid ên cia e m ortalid ad e d o m u n d o, sen d o a resolu ção d esse p rob lem a m ais u m a tarefa geren cial de organ ização dos serviços de saú de do qu e de avan -ços cien tíficos. O cân cer d e m am a, em virtu d e d e su a crescen te exp an são, é m otivo d e p reocu p ação, já qu e a s m e d id a s p a ra se u co n tro le sã o a s d e d ia gn ó stico p recoce e n ão d e p reven ção. Os au tores ap on tam qu e a d ivu lga çã o d e su a s ca ra cte rística s d e d e se n vo lvi-m en to e a alvi-m p liação d a oferta d e serviços realizan d o m am ografias são h oje as p rin cip ais estratégias d isp on íveis p ara u m d iagon óstico m ais p recoce m elh oraon -d o as ch an ces -d e sob revi-d a -d as m u lh eres afeta-d as.

A p riorid ad e d ad a às q u estões relativas às d oen -ça s sexu a lm en te tra n sm issíveis n o Bra sil d ep o is d o ap arecim en to d a AIDS e a m agn itu d e d essa q u estão sã o tra ta d a s n o a rtigo so b re DST n a s m u lh e re s. A ab ord agem sin d rôm ica d e tais d oen ças p recon izad a p elo Min istério d a Sa ú d e, em b o ra p o ssa a ca rreta r a p rescrição d esn ecessária d e algu n s m ed icam en tos, é eficaz, em virtu d e d a escassez d e recu rsos e d as d ifi-cu ld ad es d iagn ósticas. En tretan to, p ara as m u lh eres co m DST q u e n ã o a p resen ta m sin to m a s, essa a b o r-d agem n ão p or-d e ser u tilizar-d a, e em algu n s trab alh os têm sid o su b stitu íd a p ela a d o çã o d e m a rca d o res d e risco, tais com o: id ad e e com p ortam en to sexu al. Es-sa s m u lh e re s sã o se le cio n a d a s p a ra a re a liza çã o d e testes d iagn ósticos ou tratad as p ara in fecções cervi-ca is d e m a n eira p ro filá ticervi-ca . Ain d a q u e a a b o rd a gem sin d rô m ica seja ca p a z d e d im in u ir a in cid ên cia d a s DST, é n ecessária u m a ab ord agem d iferen ciad a p ara, além d isso, d im in u ir os efeitos secu n d ários d estas n a m u lh er con sid era d a d e b a ixo risco. A a u tora a p on ta q u e isso só será p ossível com u m a p olítica d e d etec-ção d e in fecetec-ção cervical em m u lh eres assin tom áticas d e n tro d e u m a a b o rd a ge m m a is glo b a l re la cio n a d a ao con texto sócio-cu ltu ral d a m u lh er e d as DST.

A im p o rta n te d iscu ssã o d o s p a p é is d e gê n e ro e su as im p licações, com o a fem in ização e a p au p eriza-çã o d a ep id em ia d e AIDS, em ou tro a rtigo, m ostra a n ecessid ad e d e se con h ecer a d oen ça com b ase, tam -b ém , em seu referen cia l socia l, cu ltu ra l e p olítico. A vu ln e ra b ilid a d e d a m u lh e r e m fa ce d o H IV e a p re-ven ção p elo sexo segu ro são d iscu tid as, ressaltan d o a lu ta p elo s d ireito s rep ro d u tivo s d en tro d o co n texto d a d oen ça. A testagem com p u lsória e a esterilização d as m u lh eres sorop ositivas são ap en as d ois asp ectos d essa lu ta. O artigo con clu i qu e, u m a vez qu e a d oen -ça toca em asp ectos essen ciais d a vid a h u m an a, tais co m o : se xu a lid a d e, m o ra l, re la çõ e s d e gê n e ro e d e p od er, relações com a vid a e a m orte, som en te qu an -d o se com p reen -d erem os sign ifica-d os -d essas in

terco-n exões, com u m a ab ord agem iterco-n tegrad a d e sexu alid a-d e e a-d e sa ú a-d e, a ssim com o a-d e a-d ireitos rep roa-d u tivos, será p ossível en fren tar essa ep id em ia e criar resp os-tas n ecessárias à au top roteção d as m u lh eres.

A qu arta p arte cu id a d as qu estões ligad as aos ser-viço s d e sa ú d e. A p rim e ira a b o rd a ge m fa la so b re a avaliação d os serviços. O assu n to é in trod u zid o a p ar-tir d o d ireito à saú d e e d a m ed icalização excessiva. O m o d e lo d e in te gra lid a d e n a a ssistê n cia é a p o n ta d o co m o o q u e d e veria su b stitu ir o a tu a l siste m a q u e ten d e a segu ir u m m od elo d e esp ecialização n a clín i-ca e d e vertii-calid ad e n os p rogram as. Em b ora ten h am se e xp a n d id o, a in d a p e rm a n e ce m o s p ro b le m a s d e acesso aos serviços d e saú d e, e a qu estão d a qu alid ad e ad o a ten ad im en to ad eve ser in co rp o ra ad a n a a va lia -ção d os serviços. Nesse asp ecto, a m ed icaliza-ção ex-cessiva cau san d o p ossíveis iatrogen ias, com o n o cso d as cesarian as, ou a in eficácia d a con su lta p ré-n a-ta l em d im in u ir a in cid ên cia d a sífilis con gên ia-ta sã o ap on tad as com o exem p los d a n ecessid ad e d e avalia-çã o d a q u a lid a d e d o a te n d im e n to. Co m o p ro p o sta p ara avaliar a qu alid ad e, são su gerid os n ovos in d ica-d ores ica-d e resu ltaica-d os q u e estejam cen traica-d os n os ica-d irei-to s rep ro d u tivo s e sexu a is, e o s critério s ético s p a ra con d u zir a avaliação d e serviços e tecn ologia d evem in clu ir, en tre ou tros, eficácia, efetivid ad e, eqü id ad e e a aceitab ilid ad e d o u su ário.

A h istória d o d esen volvim en to e im p lem en tação d o PAISM, em su b stitu içã o a o s p ro gra m a s d e sa ú d e m a te rn o -in fa n til q u e se gm e n ta va m a a ssistê n cia e q u e n ã o co n segu ira m im p a cta r d e m a n eira p o sitiva os in dicadores de saú de, é con textu alizada com o p ro-cesso d a reform a san itária e d a tem ática d o con trole p op u lacion al n a ép oca. Con ju n to d e d iretrizes e p rin -cíp ios form u lad os p ara orien tar a assistên cia ofereci-d a às m u lh eres, o PAISM exige, p ara su a im p lan tação, ações e estratégias h arm on izad as d as d iferen tes in titu ições d o SUS. É ap on tad a a n ecessid ad e d e aju s-tes e d e ad equ ações p ara se ad ap tarem os p rogram as às n ovas situ ações ep id em iológicas, com o n o caso d a AIDS e d a m o rta lid a d e d a s m u lh e re s p o r d o e n ça s card iovascu lares. A d ificu ld ad e d e im p lem en tação d o PAISM, segu n d o a su a form u lação, em virtu d e d as d i-ficu ld ad es d e se p ôr em p rática o SUS, m ostram a n e-ce ssid a d e d e m o b iliza çã o d o s m ovim e n to s so cia is, em esp ecial o m ovim en to d e m u lh eres p ara aju d ar n a con solid ação e im p lan tação p len a d o p rogram a.

Violên cia d e gên ero, saú d e rep rod u tiva e serviços sã o a n a lisa d o s te n d o co m o b a se a s re la çõ e s d o s u su ários com o serviço p or m eio d as relações qu e es-tab elecem com seu s p rofission ais n o tran scorrer d as in te r ve n çõ e s té cn ica s. A d ificu ld a d e d e co n cilia r a rea lid a d e d a s u su á r ia s co m a s o rien ta çõ es técn ica s m ostra com o é d ifícil esse trab alh o d e ou vir, acolh er e tecn ica m en te in tervir, q u a n d o m u ita s vezes n ã o é p o ssível o ferecer so lu çã o a o p ro b lem a n a rea lid a d e d e su as vid as. Por ou tro lad o, fu gir d o red u cion ism o b iológico n esse aten d im en to, p ossib ilitar a em ergên -cia d e ssa s situ a çõ e s e a te n ta tiva d e so lu cio n á -la s m ostra a p ossib ilid ad e d e relações m ais sim étricas n o in terior d os serviços. O trab alh o ap on ta, en tão, p ara a n ecessid ad e d e reorgan ização d os p rogram as assisten cia is n o sen tid o d e exp lo ra r a s d istin ta s co n cep -çõ es d o fem in in o e d e seu s ca m in h o s, en co n tra n d o altern ativas m ais eficazes p ara o trab alh o.

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a çõ es d e co n tra cep çã o e a ssistên cia a o p a rto, m o s-tra-n os as d ificu ld ad es d e ven cer as b arreiras relati-vas n ão ap en as às d eficiên cias d as estru tu ras d os ser-viços p ú b licos, m as p rin cip alm en te à resistên cia d os p rofission ais. Dian te d essas d ificu ld ad es, a p rem issa d e trab alh ar a au toestim a d o(a) p rofission al, estim u -la r a reflexã o so b re a p ró p ria p rá tica e refo rm u lá --la foi ad otad a, p ara viab ilizar a im p lan tação d as ações p lan ejad as. A exp eriên cia m ostra com o foi viável, ao m esm o tem p o q u e se n o rm a tiza va a s a çõ es d e co n -tracep ção p ara tod a u m a red e b ásica, p ossib ilitar qu e ca d a u n id a d e d e sa ú d e tra b a lh a sse d e n tro d e su a s p ró p ria s ca ra cterística s sem p re p rivilegia n d o n esta qu estão a au ton om ia d a m u lh er. Em relação ao p arto e n ascim en to, a exp eriên cia m ostra com o a p rop osta d e d iscu ssão sob re a m ed icalização excessiva d a as-sistê n cia , a in co rp o ra çã o d e o u tro s p ro fissio n a is e u m olh ar m ais voltad o p ara as reais n ecessid ad es d a m u lh er n esses m om en tos p ossib ilitaram u m a refor-m u la çã o n o co n ce ito d e a ssistê n cia p a ra to d a u refor-m a red e d e m atern id ad es.

En ce rra m e sta q u a rta p a rte, a s e xp e riê n cia s d o Coletivo Fem in ista Sexu alid ad e e Saú d e, organ ização n ã o govern a m en ta l q u e, d esd e 1985, rea liza u m tra-b alh o d e aten ção p rim ária à saú d e d a m u lh er d en tro d e u m a p ersp ectiva fem in ista e h u m a n iza d a . Qu es-tões com o a in visib ilid ad e d a violên cia n os ser viços, a n atu ralização e p erp etração d essa violên cia e a sis-te m á tica vio la çã o d a s m u lh e re s à su a in sis-te grid a d e corp ora l sã o p reocu p a ções n a a tu a çã o d a orga n iza ção, q u e ap on ta vários d esafios p ara os serviços, en -tre o s q u a is co m p le xa s tra n sfo rm a çõ e s n o a te n d im en to, coim o n ovas d eim an d as d e forim ação, im u d an -ças n os m od elos d e con su lta e d e p roced im en tos d e rotin a.

A qu in ta e ú ltim a p arte trata d as qu estões d e saú -d e rep ro-d u tiva e gru p os sociais. Um trab alh o realiza-d o co m fu n cio n á rio s realiza-d e u m b a n co e sta ta l é m o tivo p a ra re fle xã o so b re a s te n d ê n cia s q u e se d e se n vo l-vem n a classe m éd ia e qu e p od em se d issem in ar m ais ta rd e p a ra a s ca m a d a s p o p u la res. En tre esta s, a o p -ção d as m u lh eres p ela esteriliza-ção d efin itiva, fen ô-m en o q u e está ocorren d o eô-m tod o o Brasil d e ô-m od o gen eralizad o, m ostran d o q u e m ais d o q u e u m a d eci-sã o n a in tim id a d e d e u m ca sa l está en vo lvid o n este p ro ce sso d e d e cisã o to d o u m co n te xto so cia l m a is am p lo.

O re co rte ra cia l e a sa ú d e re p ro d u tiva tra ze m a d iscu ssã o sob re o con ceito d e d oen ça s ra cia is/ étn ica s e a n ecessid a d e d e n ovo s e m a is co m p leto s m o -d elos exp licativos p ara o p rocesso saú -d e/ -d oen ça qu e con sid erem a con d ição b iológica, as op ressões d e gê-n e ro e ra cia l/ é tgê-n ica e a s co gê-n d içõ e s e lo ca is o gê-n d e a s p essoas vivam . An em ia falciform e, m iom atose u teri-n a, d iab etes tip o II e h ip erteteri-n são arterial são citad os com o exem p los d e p atologias q u e d em on stram esse recorte racial/ étn ico relativo à p op u lação n egra.

O d ra m a d a m u lh e r n o m u n d o e n o tra b a lh o : o ser e o estar n os trazem a reflexão feita com b ase em d u as p esqu isas realizad as em São Pau lo (Brasil) e Mi-lão (Itália) com trab alh ad oras assalariad as, n os an os d e 1992, 1994 e 1995. Essa s p esq u isa s tin h a m co m o ob jetivo ap on tar as con vergên cias e d iferen ças en tre as realid ad es d os d ois p aíses, n o q u e d iz resp eito aos im p a cto s d a s co n d içõ es e d a o rga n iza çã o sexu a l d o tra b a lh o. A le gisla çã o tra b a lh ista q u e re fo rça a lin -gu a ge m p a tria rca l e b io lo gicista d a gra vid ez co m o

d oen ça, a m an eira com o a m atern id ad e in terfere n e-ga tiva m e n te n o a ce sso d a s m u lh e re s à ca rre ira n o m ercad o d e trab alh o e a sob recarga d as m u lh eres re-lativa à d u p la jorn ad a em d ecorrên cia d a resp on sab i-lid ad e d o trab alh o d om éstico são ab ord ad os.

En cerran d o a qu in ta e ú ltim a p arte d o livro, o ca-p ítu lo Hom en s, saú d e rep rod u tiva e gên ero: o d esafio d a in clu sãotrata d o p ap el d a rep rod u ção n a con stru -ção d a m ascu lin id ad e. A con stru -ção social d a m ascu-lin id a d e, a m a n e ira , d ife re n te d a q u e la d a m u lh e r, com qu e o h om em p erceb e seu corp o com o rep rod u tivo e com o o ca sa m en to e a p a tern id a d e sã o viven -ciad os são relatad os valen d o-se d e u m a p esqu isa rea-lizad a com os em p regad os d e u m a em p resa m etalú r-gica d a cid ad e d e São Pau lo. Ten tar d esm istificar p ara os h om en s qu e seu s corp os são sim p les e m ecân icos, sem n ecessid a d e d e co n h ecim en to ; en ten d er a s es-tra té gia s in fo rm a tiva s d ife re n cia d a s p a ra ca d a u m d os sexos e trazer efetivam en te os h om en s p ara a ce-n a d a sa ú d e e d o s d ireito s rep ro d u tivo s d e m a ce-n e ira su b stan tiva são os d esafios ap on tad os.

Qu estões d a Saú d e Rep rod u tivan ão traz rep ostas. Te n d o co m o b a se d a d o s d e tra b a lh o s, e xp e riê n cia s d e serviços e d o p en sam en to d a acad em ia, são ap on -tad os vários tem as p ara reflexão, p rop ostas d e m od i-fica çã o d e ro tin a s e d e estru tu ra çã o d e serviço s. De con creto, a n ecessid ad e d e rep en sar o p arad igm a car-tesia n o d a d ivisã o m en te/ corp o, d e p en sa r a s q u es-tões d e gên ero, os d ireitos rep rod u tivos e sexu ais e os asp ectos sociais, en tre ou tros, n o cotid ian o d os servi-ço s, a fim d e ga ra n tir u m a a te n çã o in te gra l p a ra a saú d e d as m u lh eres.

Marcos Au gu sto Bastos Dias Matern id ad e Leila Din iz

A LIFE CO URSE APPRO ACH TO CHRO N IC DI-SEASE EPIDEM IOLOGY. Diana Kuh & Yoav Ben-Schlomo. N ew York: O xford University Press, 1997. 317 pp.

ISBN 0-19-262782-1

Este volu m e, a p resen ta d o p or Mervyn Su sser, reú n e co n trib u içõ es d e d iverso s a u to res, q u a se to d o s ep i-d em iólogos b ritân icos. O livro rep resen ta u m a su b s-ta n cia l con trib u içã o à litera tu ra ep id em iológica so-b re a s d oen ça s crôn ica s n ã o tra n sm issíveis. Em p ri-m eiro lu ga r, tra ta -se d e u ri-m a exten sa e op ortu n a revisã o d a s evid ên cia s d o p a p el d e d eter m in a n tes so -cia is, a tu a n d o em d iferen tes eta p a s d a vid a , n o q u e se refere ao risco dessas doen ças n a idade adu lta. Não m en os im p ortan te, rep resen ta u m esforço b em -su ce-d ice-d o n o sen tice-d o ce-d e co n trib u ir p a ra a s teo ria s, a in ce-d a ru d im en tares, sob re a n atu reza d os m ecan ism os en volvid os n a d eterm in ação com b in ad a, social e b ioló -gica, d esse con ju n to d e agravos.

A n o sso ver, u m a d a s ra zõ e s q u e to rn a ra m e sse esforço b em -su ced id o foi a realização, p elos au tores, d e a m p la a p re cia çã o d o s a rca b o u ço s in te le ctu a is e in stitu cion ais q u e su sten taram as ten d ên cias e con -tra te n d ê n cia s, n e ste sé cu lo, n o q u e d iz re sp e ito à s teorias cau sais relativas a esse gru p o d e d oen ças.

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n a in fân cia, d e p arte su b stan cial d o risco d e d oen ça n a id ad e ad u lta, a p artir d o efeito d e con d ições n u tri-cion ais e h orm on ais sob re a estru tu ra d e órgãos, teci-d os e sistem as. A h istória teci-d essa h ip ótese m erece ser con tad a em d etalh es à p arte, m as em essên cia é a h is-tó ria d e u m p ro gra m a d e in vestiga çõ es co o rd en a d o p or David Barker, d a Un id ad e d e Ep id em iologia Am -b ien tal d o Med ical Research Cou n cilb ritân ico, sed ia-d a n a Sou th am p ton Un iversity. Os resu ltad os in iciais fo ra m o b ser va d o s em co o rtes h istó rica s, p rin cip a l-m e n te a sso cia çõ e s in ve rsa s e n tre p e so a o n a sce r e risco d e d oen ça coron arian a n a id ad e ad u lta, e foram in terp reta d os à lu z d e estu d os em a n im a is. Barker e seu crescen te n ú m ero d e co la b o ra d o res vêm p u b li-can d o in cessan tem en te sob re a teoria d a p rogram a-çã o a o lo n go d o s a n o s 90, d e m o d o esp ecia l n o Bri

-tish Med ical Jou rn al.

No livro aq u i com en tad o, a h ip ótese d e Barker é situ a d a e m se u co n te xto h istó rico e in co rp o ra d a a u m esq u em a con ceitu al m ais am p lo – a n ecessid ad e d e in tegrar o estu d o d o efeito cu m u lativo sob re a saú -d e -d e -d e te rm in a n te s p re co ce s (e m gra u s va ria -d o s, n ão ap en as in tra-u terin os) e tard ios n o cu rso d a vid a. Tod a u m a verten te d a p esqu isa ep id em iológica n esse ca m p o, p rin cip a lm e n te in gle sa , é a p re se n ta d a a o s le ito re s n a se çã o A d o livro. Assu m e gra n d e im p o r-tâ n cia , p a ra n ó s, q u e se d ivu lgu e o fa to d e q u e, n a s p rim eira s d éca d a s d o sécu lo XX, o d eb a te sa n itá rio in clu ía a id éia d as in flu ên cias p recoces e d e p eríod os crítico s – co m ên fa ses d iversa s, era p a rte d o d eb a te

n a t u re v ersu s n a t u ree in co rp o ra va a s n ovid a d es d a p sican álise e d a b iologia.

Posteriorm en te, essa verten te p erd e vigor. A p ro-gressiva im p ortân cia d as ep id em ias d e d oen ça coro-n ariacoro-n a e d e câcoro-n cer d e p u lm ão coro-n os p aíses icoro-n d u striali-za d o s, a co m p a n h a d a s d e êxito s n a id en tifica çã o d e associações com fatores vigen tes n a idade adu lta (tar-dios), com o a dieta, a h ip erten são e o fu m o, levaram à m in im ização d a im p ortân cia d e d eterm in an tes p re-coces. O estu d o d e Fram in gh am e a coorte d e m éd i-cos in gleses (Doll e Hill) são em blem átii-cos dessa fase. No s a n o s 70, en treta n to, o u tra o rd em d e fa to res p assa a se con ju gar: a in cap acid ad e d e se exp licarem a s va ria çõ e s so cia is e ge o grá fica s co m o fu n çã o d a p reva lên cia d o s fa to res d e risco n a id a d e a d u lta ; o s resu ltad os lim itad os ob tid os em in terven ções p ara o con trole d e fatores d e risco en tre ad u ltos; fin alm en te, a n ecessid a d e ca d a vez m a is sen tid a d e se estu d a r a ep id em iologia d os p róp rios fatores d e risco, ou a ori-gem d e seu ap arecim en to n o cu rso d a vid a. Nessa n ova con ju n tu ra, volta a fazer p arte d o cen ário u m con -ju n to exp ressivo d e estu d os d ed ica d os à exp lora çã o d as in flu ên cias p recoces sob re o risco d e d oen ça en -tre ad u ltos.

Na seção B, os resu ltad os d e m u itos d esses estu -d os são -d escritos. As evi-d ên cias são con sisten tes n o qu e se refere à associação en tre b aixo p eso ao n ascer e risco d e d oen ça coron arian a e d e aterosclerose su b -clín ica , o m e sm o se d a n d o e m re la çã o a a lgu n s d e seu s fatores d e risco, com o a resistên cia à in su lin a e a in tolerân cia à glicose, associad os a b aixo ín d ice p on -d eral ao n ascer. No caso -d a h ip erten são, o fen ôm en o d o track in g– ten d ên cia à m an u ten ção d os in d ivíd u os n as m esm as p osições relativas ao lon go d a vid a – tor-n a -se ca d a vez m a is evid etor-n te. Em rela çã o a o câ tor-n cer d e m a m a , fa to re s co m o a ltu ra , id a d e d a m e n a rca e id a d e a o p rim eiro filh o sã o exem p los d e exp osições

q u e p od em exercer efeito cu m u la tivo n o tem p o. In flu ên cias p rén atais n o risco d e cân cer vêm sen d o su -gerid as em relação ao cân cer d e m am a, e, em m en or e sca la , e m re la çã o a o câ n ce r d e ová rio, te stícu lo e p róstata. Em con traste, o p ap el d esses fatores é ain d a b astan te esp ecu lativo n o qu e tan ge às d oen ças resp i-ratórias d o ad u lto.

Na seçã o C (ca p ítu lo 7), o s a u to res d eb a tem em m aior d etalh e os vários d esafios con ceitu ais e m eto-d ológicos coloca eto-d os p ela h ip ótese eto-d e Ba rker, com o, p or exem p lo, a n ecessid ad e d a elab oração d e h ip óte-ses m ais focalizad as e testáveis. O cap ítu lo 8 é u m d os p on tos altos d o livro, com a revisão d e evid ên cias qu e con su b stan ciam os con ceitos d e cad eias b iológicas e sociais d e risco e qu e ilu stram su as com p lexas in tera-ções. Esses con ceitos cen trais d a ob ra são reforçad os ad ian te, n os três cap ítu los d a seção D, p elo exam e d e te n d ê n cia s te m p o ra is e d e gra d ie n te s ge o grá fico s (com ên fa se n os estu d os d e m igra n tes) e socia is em relação ao risco d e d oen ça n a id ad e ad u lta. Em con -ju n to, fica b astan te reforçad a a p rop osição geral d os au tores, ou seja, a p rob ab ilid ad e d e ad oecer vai sen -d o m o-d ifica-d a – acu m u la-d a ou m in ora-d a – ao lon go d as várias etap as d e vid a, d e acord o com a con figu ra-ção d aqu elas cad eias d e risco.

As im p lica çõ es d a s evid ên cia s m a p ea d a s p a ra a p rática d e saú d e p ú b lica e p ara a p esqu isa ep id em io-lógica sã o d iscu tid a s n a ú ltim a p a rte d o livro, seçã o E. Ali, são p rop orcion ad os aos leitores b on s exem p los d o s d ilem a s q u e freq ü en tem en te em ergem q u a n d o se bu sca tradu zir evidên cias ep idem iológicas em p rop ostas d e in terven ção m éd icosan itária. São efetu a -d as sim u lações -d e im p acto e avalia-d os p ossíveis efei-to s in d e se ja d o s d e u m e ve n tu a l e sfo rço d irigid o a o a u m e n to d o p e so a o n a sce r d e m o d o ge n e ra liza d o, com o o risco au m en tad o d e ob esid ad e m atern a e d e algu m as n eop lasias n esses fu tu ros ad u ltos.

Trata-se de obra fu n dam en tal p ara a correta ap reciação d e verten tes fu n d am en tais – e freq ü en tem en -te n egligen ciad as – d a h istória d as id éias ep id em ioló-gicas sob re o p ap el d e d eterm in an tes sociais n a etilogia d e algu m as d oen ças crôn icas d o ad u lto. De m d o esp ecial, é u m a b oa fon te d e reflexão sob re o p o-ten cia l d e fertiliza çã o cru za d a en tre d iscip lin a s: h i-p óteses i-p arcialm en te corrob orad as ou m esm o gera-d as p or evigera-d ên cias ep igera-d em iológicas, com o a h ip ótese d e Ba rker, p od em p rovoca r esforços exp lica tivos n o âm bito de ou tras discip lin as (n o caso, a fisiologia, em -b rio lo gia e tc.). En tre ta n to s o u tro s e xe m p lo s, ta l já h a via ocorrid o, n a b iologia e n a física , a p ós a p u b li-ca çã o d e e stu d o s e p id e m io ló gico s so b re o p o ssível efeito d os cam p os eletrom agn éticos sob re a saú d e.

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sob re a s rela çõ es in trin ca d a s en tre d eterm in a n tes so -ciais e b iológicos d e agravos à saú d e ao lon go d a exis-tên cia h u m an a. Arriscam os, p or fim , u m p alp ite: u m a reavaliação em p rofu n d id ad e d as relações en tre con -d içõ e s in fe ccio sa s e n ã o in fe ccio sa s (te m a s q u e o s a u to res a b o rd a m a p en a s ligeira m en te) p o d e rep re-sen tar u m d esses cam in h os férteis.

Ed u ard o Faerstein In stitu to d e Med icin a Social

Un iversid ad e d o Estad o d o Rio d e Jan eiro

APRESEN TAN DO LO GO S: UM GEREN CIADO R

DE DADOS TEXTUAIS

Introdução

Um a tarefa u su al em p esqu isas qu alitativas em vários reco rtes d iscip lin a res (a n tro p o lo gia , p sico lo gia , so -ciologia, h istória) é a n ecessid ad e d e organ izar e re-cu p erar in form ações a p artir d e textos exten sos e n ão estru tu rad os, com o tran scrições d e en trevistas, d iá-rio s d e ca m p o e o u tro s. Tip ica m e n te, isso sign ifica associar trech os d os d ocu m en tos trab alh ad os a cer-ta s ca tegoria s d e a n á lise e a gru p a r os vá rios trech os id en tificad os.

Com o esse é u m p rocesso b astan te in terativo, es-ta d escrição sim p lises-ta, n a p rática, trad u z-se n u m sem n ú m ero d e id as e vin d as en tre os d ocu m en tos an ali-sa d o s e o m a te ria l p ro d u zid o co m b a se n e le s, re fi-n afi-n d o a afi-n álise ao lofi-n go d e seu p róp rio p rocesso. Is-so p od e con su m ir b astan te tem p o d o p esq u isad or e se torn ar excessivam en te ted ioso.

Ten d o em vista essas d ificu ld ad es, in iciei, h á cer-ca d e u m an o, o d esen volvim en to d e u m p rogram a d e com p u tador, den om in ado Logos, descrito n este texto. Descrição geral do programa

O p ro gra m a a rm a zen a o s d o cu m en to s em registro s n u m arqu ivo. Cada registro con tém os segu in tes cam -p os:

• Um id e n tifica d o r ú n ico p a ra ca d a d o cu m e n to, com até vin te caracteres.

• Um títu lo com até oiten ta caracteres.

• Um a id e n tifica çã o d e fo n te co m a té o ite n ta ca-racteres.

• Um a d ata d e referên cia.

• Um resu m o com até cerca d e 32 m il caracteres. • O te xto d o d o cu m e n to, se m lim ite d e ta m a n h o (exceto o esp aço d isp on ível em d isco).

O a rq u ivo tem ín d ices p a ra o s q u a tro p rim eiro s ca m p o s, p erm itin d o q u e co n su lta s à b a se d e d a d o s sejam feitas valen d o-se d e u m a ord en ação p or q u alq u er d eles. Além d o a ralq u ivo d e d o cu m en to s, o p ro -gram a gera u m arqu ivo d e categorias, qu e serão u tili-za d a s p a ra m a rca r se gm e n to s d e te xto se gu n d o o s critérios d o u su ário. Cad a categoria é id en tificad a p or u m cód igo d e até vin te caracteres e u m texto d e d efi-n ição com até cerca d e 32 m il caracteres, seefi-n d o o ar-q u ivo ord en ad o p elos cód igos, alfab eticam en te. Um terceiro a rq u ivo m a n tém o rela cion a m en to en tre a s categorias e os d ocu m en tos, p erm itin d o a recu p era-ção d estes com b ase em critérios d e p esqu isa.

O p ro gra m a p erm ite a in d a q u e se gerem rela tó-rios d e três tip os:

• Su m á rio, con ten d o a p en a s u m a lin h a p a ra ca d a d ocu m en to, com os seu s id en tificad ores.

• Lista com p leta d os d ocu m en tos, in clu in d o-se re-su m os e o texto corresp on d en te.

• Lista d e trech os selecion ad os segu n d o categoria. O p rogram a p erm ite q u e se geren cie u m n ú m ero in -d eterm in a -d o -d e b a ses -d e -d a -d o s, ca -d a q u a l a rm a ze-n a d a ze-n u m d ire tó rio e sp e cífico d o d isco rígid o d o com p u tad or.

Utilização do programa

Co m o in tu ito d e m e lh o r e scla re ce r a o p e ra çã o d o p rogram a, d escrevo a segu ir os p assos d e u m a sessão típ ica d e u tilização d e Logos.

1) Selecion an d o o d iretório d e trab alh o.

An tes d e alim en tar o sistem a com d ad os, d eve-se selecio n a r u m d iretó rio (o u p a sta ) q u e irá co n ter o s arq u ivos d a b ase d e d ad os. Por p ad rão, o sistem a irá fazê-lo n o p róp rio d iretório on d e foi in stalad o, m as é re co m e n d á ve l se le cio n a r u m d ire tó rio e sp e cífico, com u m n om e sign ificativo, p ara este fim . O p rogra-m a p errogra-m ite n ão ap en as selecion ar u rogra-m d iretório, rogra-m as tam b ém criar n ovos d iretórios p ara u so d o sistem a.

2) Crian d o u m n ovo registro.

Para cad a d ocu m en to qu e será u tilizad o, d eve-se criar u m registro corresp on d en te. Os cam p os Títu lo,

Fon t ee Da t a, b em com o o id en tifica d or d o registro, p erm item a b u sca d e registros esp ecíficos n o a rq u i-vo, en q u an to o su m ário é ap resen tad o n u m a tela d e visu alização d a b ase d e d ad os corren te, o qu e p erm i-te id en tificar rap id am en i-te o registro d esejad o.

O te xto d o d o cu m e n to p o d e se r e d ita d o d ire ta -m en te n o p rogra-m a, q u e p ossu i u -m a fu n cion alid ad e lim ita d a p a ra ed içã o, o u p o d e ser im p o rta d o d e u m texto p ron to. A im p ortação d o d ocu m en to é feita len -d o -se u m a rq u ivo -d o tip o RTF o u TXT, p revia m en te gerad o em qu alqu er ed itor d e textos d o Win d ows.

3) Crian d o u m a n ova categoria.

A m arcação d e trech os d os d ocu m en tos arq u iva-d o s é b a sea iva-d a em có iva-d igo s, o u ca tego ria s, iva-d efin iiva-d o s p elo u su ário. É p ossível criar categorias à m ed id a qu e o tra b a lh o p rossegu e, em q u a lq u er p on to d a execu -ção d a tarefa. A cad a categoria é associad a u m a d es-crição, qu e é im p ressa n o relatório corresp on d en te.

4) Marcan d o texto com cód igos.

Na en trad a d e d ad os ou , p osteriorm en te, ed itan -d o-os, é p ossível m arcar trech os -d os textos com u m a d eterm in ad a categoria; an tes e d ep ois d o trech o sele-cio n a d o sã o in tro d u zid a s m a rca çõ es esp ecia is, q u e são u tilizad as p elo p rogram a, b asead as n o cód igo d a categoria d esejad o.

5) Recu p eran d o o texto m arcad o.

Um d o s re la tó rio s d o p ro gra m a p e rm ite q u e se selecion e u m a d eterm in a d a ca tegoria , cria n d o u m a lista com tod os os trech os d e texto m arcad os com ela. Essa lista é com p osta p elos segu in tes iten s:

• cód igo d a categoria; • a d efin ição d a categoria;

• p ara cad a ocorrên cia n o arq u ivo, o id en tificad or d o registro com o trech o selecion ad o, segu id o d o tex-to p rop riam en te d itex-to.

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Notas técnicas

Logosfoi d esen volvid o em C++. O form ato d e arqu ivo escolh id o p ara arm azen ar os d ad os foi o DBF, u sad o, e n tre o u tro s, p e lo Fox Plu s®e p e lo Visu a l d Ba se®. A op ção p or esse form ato d eveu -se à su a am p la d isse-m in ação, sen d o su p ortad o p or ou tros geren ciad ores d e b a n co s d e d a d o s, m e sm o q u a n d o e ste s tê m u m fo rm a to p ró p rio d e a rm a zen a m en to, co m o é o ca so d o M SAccess®.

Os cam p os d e form ato variável, com o o su m ário e o texto d o d ocu m en to, sã o a rm a zen a d os em ca m -p o s m e m o. O t e xt o é a rm a ze n a d o co m o fo rm a t o RTF, o q u e sign ifica q u e n ão p od e ser ed itad o d ireta-m en te.

Os ín dices u sam o form ato NDX, do d Base®, e p o-d e m se r re ge ra o-d o s p e lo p ró p rio p ro gra m a ca so so-fram algu m p rob lem a.

Cóp ias d e segu ran ça d os d ad os p od em ser feitas fa cilm e n te, b a sta n d o co p ia r to d o o co n te ú d o d o (s) d iretório(s) d e trab alh o.

Observações finais

Este texto ap resen ta as op erações b ásicas d o p rogra-m a ; e vid e n te rogra-m e n te, a rogra-m e lh o r fo rrogra-m a d e a va liá -lo é efetivam en te em p regan d o o m esm o em situ ações d e tra b a lh o. Esp e ro q u e e sta d e scriçã o su cin ta e a lgo sim p lista seja o su ficien te p ara in teressar p oten ciais u su ários n a su a u tilização.

Os testes atu alm en te em cu rso têm ap on tad o p a -ra u m a fa cilita çã o exp ressiva d o t-ra b a lh o d e a n á lise d e textos, p erm itin d o q u e o p esq u isad or se d ed iq u e d e fato aos asp ectos su b stan tivos d e su a tarefa, red u -zin d o o tem p o gasto em ativid ad es rotin eiras.

O p rogram a está d isp on ível, gratu itam en te, p ara os p esq u isad ores q u e d esejem u tilizá-lo. Deve-se ter em m en te, co n tu d o, q u e se tra ta d e u m p ro d u to em d esen volvim en to. Isso sign ifica, p or u m lad o, q u e al-gu n s p rob lem as p od em su rgir n a su a u tilização, m as, p or ou tro, qu e su gestões p ara seu ap rim oram en to se-rão b em -vin d as.

Os in teressad os em testar Logosp od em con tatar o a u to r p o r m eio d o co rreio eletrô n ico p a ra receb er sua cóp ia. O p rogram a de in stalação é distribuído n u m ú n ico a rq u ivo e xe cu tá ve l, ch a m a d o In st Logos.ex e, com 1.352 kBytes d e tam an h o (p od e ser arm azen ad o n u m ú n ico flop p yd e 3 1/ 4, p or exem p lo). Para p od er u tilizá -lo, d e ve -se d isp o r d e u m m icro co m p u ta d o r com Microsoft Win d ows® 95 ou su p erior e, p elo m e-n os, 16 MB d e RAM (em b ora seja recom ee-n d ável d is-p or d e, n o m ín im o, 32 MB). A ú n ica exigên cia feita é qu e se torn em p arceiros n o seu d esen volvim en to. Ken n eth Roch el d e Cam argo Jr.

In stitu to d e Med icin a Social

Un iversid ad e d o Estad o d o Rio d e Jan eiro R. São Fran cisco Xavier 524, 7oan d ar, Bl. D Rio d e Jan eiro, RJ 20559-900

Referências

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Dissertação (Mestrado em Educação) – Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná. Programa Nacional do Livro Didático

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