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Aula. Tipologia textual

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Academic year: 2022

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Texto

(1)

Linguagem e Argumentação

Aula

Tipologia textual

E aí, está gostando de nossas aulas sobre Linguagem e Argumentação? Você percebeu, como necessitamos de conhecimentos teóricos para desempenhar bem tais atividades? Na última aula falaremos sobre tipologia textual. Confira!!!

Boa aula!

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Objetivos de

aprendizagem

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

‡&RPSUHHQGHURVWLSRVWH[WXDLV

‡ ,GHQWLILFDU DV GLIHUHQoDV HQWUH WH[WRV descritivos, narrativos e argumentativos.

1 - Os tipos textuais 2 - Texto narrativo 3 - Texto descritivo 4 - Texto argumentativo Seções de

estudo

1 - Os tipos textuais

2 - Texto narrativo

Tenho certeza de que a sua leitura já se efetua de maneira diferente daquela que você fazia antes de iniciar estas aulas: mais reflexiva, ou seja, menos mecanizada.

Quanto à produção textual escrita, também estou convicta que de você a realizará, com mais segurança de agora em diante. Parabéns pela sua força de vontade, pois, afinal, você não poderá ser qualquer profissional, mas um(a) profissional de destaque.

Para redigir com mais tranquilidade, lembre-se de que não faz mal algum você, ter, sempre, como apoio, uma gramática e um bom dicionário, uma vez que um acadêmico deve fazer uso da variante culta, aquela que convencionalizou-se como “correta”. Se surgirem dúvidas, é só consultá-los.

Além desse lembrete, é importante que você conheça os tipos e gêneros textuais, pois devemos nos considerar prontos para escrever para qualquer situação. Para tanto, faremos, primeiramente, uma retomada dos tipos textuais.

Diversos são os autores que tentaram determinar uma tipologia textual. Beaugrande &

Dressler (apud Elias, 1994: 150) destacam que o tipo de texto sobressai-se à medida em que é relevante para determinada situação. Definem também alguns tipos de textos tradicionais, segundo sua contribuição para a interlocução, apontando serem os textos descritivos aqueles que têm o controle de objetos ou situações; sobressaem-se

os atributos, estados, exemplos e especificações nas relações conceptuais empregadas. Os textos narrativos são os que ordenam “ações e eventos”

numa sequência particular; destacam-se as relações de causa, razão, objetivo, capacitação e possibilidade temporal. Mostram, ainda, serem os textos argumentativos os que têm como objetivo aceitar ou avaliar certas ideias ou crenças como corretas ou erradas, favoráveis ou desfavoráveis; enfatizando as seguintes relações conceptuais: “razão, significância, volição, valor e oposição.” Finalmente, esclarecem que é muito comum os textos apresentarem uma mistura de tipos e sua classificação dependerá da função dominante.

Merecem destaque, segundo Kock e Fávero (1987, p. 03) os tipos narrativo, descritivo, expositivo/

explicativo e argumentativo “stricto sensu”. Assuntos que serão trabalhados nos próximos tópicos, continue lendo.

Koch e Fávero (1987) afirmam que, relacionados à dimensão pragmática no tipo narrativo, destacam-se os enunciados de ação, tendo como atitude comunicativa o mundo narrado, que se manifesta nas seguintes situações comunicativas:

romances, contos, novelas, reportagens, noticiários, depoimentos, relatórios etc. Com referência à dimensão esquemática global apresentam eventos em sucessão temporal e causal, existindo o “antes”

e o “depois” (anterioridade e posterioridade). Suas categorias são: orientação, complicação, ação ou avaliação, resolução, moral ou estado final e as marcas (dimensão linguística da superfície) são tempos verbais predominantemente do mundo narrado;

circunstancializadores e presença do discurso relatado.

Observe um exemplo de texto narrativo:

Texto 1:

MINHA CASTA DULCINÉIA Fernando Sabino, Quadrante I

Estou numa esquina de Copacabana, são duas horas da madrugada. Espero uma condução que me leve para casa. À porta de um “dancing”, homens conversam, mulheres entram e saem, o porteiro espia sonolento. Outras se esgueiram pela calçada, fazendo a chamada vida fácil.

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Linguagem e Argumentação

De súbito a paisagem se perturba. Corre um frêmito no ar, há pânico no rosto das mulheres que fogem. Que aconteceu? De um momento para outro, não se vê mais uma saia pelas ruas - e mesmo os homens se recolhem discretamente à sombra dos edifícios.

- Que aconteceu? - pergunto a alguém que passa apressado.

É a radiopatrulha: vejo o carro negro surgir da esquina como um deus blindado e vir rodando devagar, enquanto os olhos terríveis da polícia espreitam aqui e ali. Não se sabe como, sua aparição foi antecedida de um aviso que veio rolando pelas ruas, trazido talvez pelo vento, espalhando o medo e possibilitando a fuga.

Eis, porém, que surgem da esquina mulheres, desavisadas e tranquilas. Uma é mulata e alta, outra é baixa e tão preta, que é só o vestido se destaca dentro da noite - ambas pobres e feias. Veem o inimigo, perdem a cabeça e saem em disparada, cada uma para o seu lado. O carro da polícia acelera, ao encalço da mulata: em dois minutos ela é alcançada...

A outra, trêmula de medo, se encolhe a meu lado como um animal, tentando ocultar-se. O carro faz a volta e vem se aproximando.

- Pelo amor de Deus, moço, diga que está comigo.

Já não há tempo de fugir. A pretinha me olha assustada, pedindo licença para tomar-me o braço e, assim protegida, enfrenta o olhar dos policiais.

Tomado de surpresa, fico imóvel, e somos como um feliz, ainda que insólito, casal de namorados.

Compenetro-me, forças secretas dentro de mim endireitam-me o corpo para enfrentar a situação.

Ouço a voz de Quixote sussurrar-me que, agora, ou vou preso com ela, ou ninguém vai. Na verdade, neste instante de heroísmo, unindo a um ser humano pelo braço, sinto-me capaz de enfrentar até o Juízo Final, quanto mais a Delegacia de Costumes.

Passado o perigo, a preta retira humildemente o braço do meu, faz um trejeito agradecendo, e desaparece na escuridão. Eu é que agradeço, minha senhora - é o que pensa aqui o fidalgo.

Tomo alegremente o meu lotação e vou para casa com a alma leve, pensando na existência daquelas pequenas coisas, como diria o poeta, pelas quais os homens morrem.

SABINO, Fernando. Minha casta Dulcinéia. In: ANDRÉ, Hildebrando A.

de. Curso de redação: técnicas de redação, produção de textos, temas de redação dos exames vestibulares. 5. ed. reform. São Paulo:

Moderna, 1998. p. 40.

3 - Texto descritivo

Quanto ao texto descritivo, enfatizam que, no que diz respeito à dimensão pragmática, os enunciados são de estado/situação, destacando- se na atitude comunicativa o mundo narrado ou o mundo comentado com caracterização de personagens e do espaço em narrativas, guias turísticos, verbetes de enciclopédias, resenhas de jogos, relatos de experiências ou pesquisas, reportagens etc. Na dimensão esquemática global a superestrutura descritiva apresenta uma ordenação espaço - temporal e qualidades assim como elementos componentes do ser descrito, sendo as categorias:

palavras de entrada (tema - título): denominação, definição, expansão e/ou divisão. Referindo-se à dimensão linguística de superfície as marcas são os verbos predominantemente de estado, situação ou indicadores de propriedades, atitudes, qualidades; adjetivação abundante; tempos verbais: presente no comentário; imperfeito no relato; figuras etc.

Observe, também, exemplos de texto descritivo:

Texto 2:

A CASA DA FAZENDA

Monteiro Lobato Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assombradado, erguia-se em alicerces o muramento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique. Esteios de cabriúva entremostravam- se, picados a enxó, nos trechos donde se esboroara o reboco. Janelas e portas em arco, de bandeiras em pandarecos. Pelos interstícios da pedra, amoitavam- se samambaias e, nas faces de noruega, avenquinhas raquíticas. Num cunhal, crescia anosa figueira, enlaçando as pedras na terrível cordoalha tentacular.

À porta da entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito esborcinado.

LOBATO, Monteiro. A casa da fazenda. In:

ANDRÉ, Hildebrando A. de. Curso de redação:

técnicas de redação, produção de textos, temas de redação dos exames vestibulares. 5. ed.

reform. São Paulo: Moderna, 1998. p. 10.

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Texto 3:

COMPANHEIROS DE CLASSE

Raul Pompéia, O Ateneu Os companheiros de classe eram cerca de vinte:

uma variedade de tipos que me divertia.

O Gualtério, miúdo, redondo de costas, cabelos revoltos, motilidade brusca e caretas de símio - palhaço dos outros, como dizia o professor; o Nascimento, o “bicanca”, alongado por um modelo geral de pelicano, nariz esbelto, curvo e largo como uma foice; o Álvares, moreno, cenho carregado, cabeleira espessa e intonsa de vate de taverna, violento e estúpido, que Mânlio atormentava, designando-o para o mister das plataformas de bonde, com a chapa numerada dos recebedores, mas leve de carregar que a responsabilidade dos estudos; Almeidinha, claro, translúcido, rosto de menina, faces de uma rosa doentio, que se levantava para ir à pedra com um vagar lânguido de convalescente; o Maurílio, nervoso, insofrido, fortíssimo na tabuada: cinco vezes três, vezes dois, noves fora, vezes sete?... lá estava Maurílio, trêmulo, sacudindo no ar o dedinho esperto... olhos fúlgidos, no rosto moreno, marcado por uma pinta na testa; o Negrão, de ventas acesas, lábios inquietos, fisionomia agreste de cabra, canhoto e anguloso, incapaz de ficar sentado três minutos, sempre à mesa do professor e sempre enxotado, debulhando um risinho de pouca-vergonha, fazendo agrados ao mestre, chamando-lhe bonzinho, aventurando a todo ensejo uma tentativa de abraço que Mânlio repelia, precavido de confianças; Batista Carlos, raça de bugre, valido, de má cara, coçando-se muito, como se o incomodasse a roupa no corpo, alheio às costas da aula, como se não tivesse nada com aquilo, espreitando apenas o professor para aproveitar as distrações e ferir a orelha aos vizinhos com uma seta de papel dobrado. Às vezes a seta do bugre ricocheteava até a mesa de Mânlio. Sensação;

suspendiam-se os trabalhos; rigoroso inquérito. Em vão, que os partistas temiam-no e ele era matreiro e sonso para disfarçar.

POMPÉIA, Raul. Companheiros de classe. In: ANDRÉ, Hildebrando A. de.

Curso de redação: técnicas de redação, produção de textos, temas de redação dos exames vestibulares. 5. ed. reform. São Paulo:

Moderna, 1998. p. 15.

As referidas autoras esclarecem, ainda, que com relação à dimensão pragmática, no tipo expositivo ou explicativo, predomina a afirmação de conceitos, tendo como objetivo “fazer saber”;

manifesta-se nos manuais didáticos, científicos, nas obras de divulgação etc. Quanto à dimensão esquemática global, apresenta uma superestrutura expositiva com análise e/ou síntese de conceitos manifestada(s), numa ordem lógica, podendo apresentar as seguintes categorias no enfoque ao tema: a) generalização-especificação (via dedutiva);

b) especificação-generalização (via indutiva) e c) generalização-especificação - generalização (via dedutivo-indutiva). Relacionadas à dimensão linguística de superfície, as marcas desse tipo de texto são os conectores do tipo lógico, os tempos verbais que comentam o mundo, a presença do interdiscurso, e a hipótese predominante.

Observe alguns exemplos de textos expositivos/ explicativos:

Texto 4:

a. Administração: do Lat. administratione s. f., ação de administrar; governo; gestão de negócios públicos e particulares; conjunto de normas destinadas a ordenar e controlar a produtividade e eficiência tendo em vista um determinado resultado;

conjunto de indivíduos cuja função é a de gerir ao mais alto nível uma empresa, instituição, etc. ; local onde estão instalados os serviços administrativos.

b. Contablidade: de contábil

s. f., sistema de contas organizadas para determinado fim; especialmente, arte da escrituração das contas comerciais; lugar de uma casa comercial, de uma empresa, de uma repartição pública, etc. , onde se faz a escrituração das receitas e das despesas.

4 - Texto argumentativo

Koch & Fávero mostram que, na dimensão pragmática, o tipo de texto argumentativo tem a função de convencer, persuadir o leitor (macro-ato) e seu objetivo é “fazer crer, fazer fazer”, destacando- se em situações comunicativas como textos publicitários, peças judiciárias, matérias opinativas etc. Na dimensão esquemática global, esse tipo de texto mostra a ordem ideológica dos argumentos

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Linguagem e Argumentação

Retomando a

aula

&KHJDPRV DVVLP DR ȴQDO GD DXOD Esperamos que você tenha entendido

1 - Os tipos textuais

Explicamos sobre os tipos textuais.

Nas Seções 2, 3 e 4 vimos os textos narrativos, descritivos e argumentativos, respectivamente.

e contra argumentos, ou seja, a superestrutura argumentativa já citada anteriormente em suas categorias: (tese anterior), premissas - argumentos - (contra-argumentos) - (síntese) - conclusão (nova tese). Na terceira e última categoria - a dimensão linguística de superfície - as autoras elencam as marcas desse tipo de texto, que são os modalizadores, os verbos introdutores de opinião, os operadores argumentativos, metáforas etc.

Koch & Fávero (1987, p. 3) concluem ressaltando que, em menor ou maior escala, a argumentatividade faz-se manifestada e presente no texto narrativo, descritivo, expositivo e complementam, dizendo ser o tipo argumentativo “stricto sensu” aquele que enquadra os textos essencialmente argumentativos.

Leia, a seguir, exemplos de textos argumentativos:

Texto 5:

ARGUMENTAÇÃO

Um dos aspectos importantes a considerar quando se lê um texto é que, em princípio, quem o produz está interessado em convencer o leitor de alguma coisa. Todo texto tem, por trás de si, um produtor que procura persuadir o seu leitor (ou leitores), usando para tanto vários recursos de natureza lógica e lingüística.

Chamamos procedimentos argumentativos a todos os recursos acionados pelo produtor do texto com vistas a levar o leitor a crer naquilo que o texto diz e a fazer aquilo que ele propõe.

FIORIN, J. L. & SAVIOLI, F. P. Argumentação.

In: _____. Para entender o texto: leitura e redação.

16. ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 173.

Texto 6:

A PENA DE MORTE

Cogita-se, com muita frequência, da implantação da pena de morte no Brasil. Muitos aspectos devem ser analisados na abordagem dessa questão.

Os defensores da pena de morte argumentam que ela intimidaria os assassinos perigosos, impedindo-os de cometer crimes monstruosos, dos quais costumeiramente temos notícia. Além do mais aliviaria, em certa medida, a superlotação dos presídios. Isso sem contar que certos criminosos, considerados irrecuperáveis, deveriam pagar com a morte por seus crimes bárbaros.

Outros, porém, não conseguem admitir a ideia de um ser humano tirar a vida de um semelhante, por mais terrível que tenha sido o delito cometido.

Há registros históricos de pessoas executadas injustamente, pois as provas de sua inocência

evidenciaram-se após o cumprimento da sentença.

Por outro lado, a vigência da pena de morte não é capaz de, por si, desencorajar a prática de crimes:

estes não deixaram de ocorrer nos países em que ela é ou foi implantada.

Por todos esses aspectos, percebemos o quanto é difícil nos posicionarmos categoricamente contra ou a favor da implantação da pena de morte no Brasil.

Enquanto esse problema é motivo de debates, só nos resta esperar que a lei consiga atingir os infratores com justiça e eficiência, independentemente de sua VLWXDomR VRFLRHFRQ{PLFD ,VVR VH ID] QHFHVViULR para defender os direitos de cada cidadão brasileiro das mais diversas formas de agressão das quais é hoje vítima constante.

GRANATIC, Branca. A pena de morte. In:

______. Técnicas básicas de Redação. São Paulo:

Scipione, 1995. p. 95.

E agora, você conseguiu compreender? Caso restem dúvidas, HQWUHHPFRQWDWRFRQRVFRQR4XDGURGH$YLVRV

E, então, viu como não é tão complicado ler e escrever?

&KHJDPRVDRȴQDOGDGLVFLSOLQD(VSHUDPRVWHUFRQWULEX¯GR FRP R VHX DSUHQGL]DGR /HPEUHVH GH TXH DV DWLYLGDGHV GHYHPVHUWUHLQDGDVGLDULDPHQWH

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Profas Maria Alice e Rute

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