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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL THIAGO PINTO DOS SANTOS TERAPIA COGNITIVA-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL

THIAGO PINTO DOS SANTOS

TERAPIA COGNITIVA-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

SÃO PAULO

2019

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THIAGO PINTO DOS SANTOS

TERAPIA COGNITIVA-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu

Área de concentração: Terapia Cognitivo- Comportamental

Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins

SÃO PAULO

2019

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Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte Santos, Thiago Pinto.

TCC no Tratamento da Depressão

Thiago Pinto dos Santos. Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2019.

22f + Cd

Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC).

Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc.

Eliana Melcher Martins

1 Depressão, 2. Terapia Cognitiva Comportamental. I. Santos, Thiago Pinto. II.

Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.

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Thiago Pinto dos Santos

Terapia Cognitiva-Comportamental no Tratamento da Depressão

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer: _______________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

Parecer: ________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

São Paulo, ___ de ___________ de _____

(5)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus amigos e familiares – pessoas que me inspiram e tornam possível, a cada dia, o sentido da minha existência.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus amigos e familiares por todo apoio prestado e incentivo em momentos desfavoráveis.

Agradeço aos professores do CETCC pelas significativas experiências de conhecimento ao longo de todo o curso, que culminaram na realização deste trabalho.

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo explicitar uma compreensão da depressão a partir do olhar da abordagem cognitivo-comportamental. Foram definidos os sintomas da doença, sua explicação e tratamento a partir da teoria mencionada. Por meio deste estudo foi possível observar que a depressão é um transtorno complexo, com variados sintomas e que pode ser tratado a partir das técnicas da terapia cognitivo- comportamental.

Palavras-chave: depressão, terapia cognitivo-comportamental, reestruturação cognitiva.

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ABSTRACT

This work aimed to explain an understanding of depression from the perspective of the cognitive-behavioral approach. The symptoms of the disease, its explanation and treatment were defined from the aforementioned theory. Through this study, it was possible to observe that depression is a complex disorder, with varied symptoms, and that can be treated from the techniques of cognitive-behavioral therapy.

Key words: depression, cognitive-behavioral therapy, cognitive restructuring

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...8

2 OBJETIVO ...9

3 METODOLOGIA ...10

4 RESULTADOS ...11

4.1 PRINCÍPIOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL ...11

4.2 UMA VISÃO GERAL DA DEPRESSÃO ...12

4.3 DEPRESSÃO NA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL ...14

4.4 TRATAMENTO DA DEPRESSÃO NA TCC ...15

5 DISCUSSÃO ...18

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...21

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1 INTRODUÇÃO

A depressão é um transtorno mental que atinge aproximadamente 121 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2010).

Segundo Del Pino (apud DALGALARRONDO, 2008), os principais elementos do transtorno depressivo são o humor triste e o desânimo. Há, entretanto, de acordo com Dalgalarrondo (2008), uma variada gama de outros elementos que constituem o possível quadro de sintomas dessa doença, podendo ser sintomas afetivos, alterações da esfera instintiva e neurovegetativa, alterações ideativas, cognitivas, da autovaloração, da volição e da psicomotricidade e sintomas psicóticos.

Segundo Beck, pai da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a pessoa com depressão possui a tríade cognitiva negativa: visão de si, visão de mundo e visão do outro negativas. O tratamento consiste em elaboração de estratégias para ativação comportamental e reestruturação cognitiva, para que a pessoa flexibilize seus pensamentos e tenha formas mais saudáveis de se relacionar consigo mesma e com a vida.

Esse trabalho visou verificar como a TCC é utilizada no tratamento da depressão.

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2 OBJETIVO

O presente trabalho teve como objetivo apresentar a depressão no âmbito do modelo cognitivo comportamental de explicação e tratamento.

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3 METODOLOGIA

O estudo apresentado foi realizado a partir de revisões bibliográficas e estudos de casos feitas publicados a partir de artigos do ano 2002 ao ano 2019. Foram utilizados artigos científicos obtidos nas bases de dados Google Acadêmico, Scielo, Pepsic e BVS, além de livros sobre o tema.

Foram excluídos artigos, teses e dissertações fora do período proposto, assim como textos cuja temática não estivesse em acordo com o tema proposto.

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4 RESULTADOS

4.1 PRINCÍPIOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Pensada inicialmente por Aaron Beck como abordagem para o tratamento da depressão, a terapia cognitivo-comportamental é hoje uma das linhas psicoterapêuticas mais estudadas para diferentes tipos de transtorno. Na década de 60, Beck questionou a eficácia da abordagem psicanalítica para o tratamento da depressão. Desde aquela época, o próprio Beck e outros pesquisadores, obtiveram bons resultados em aplicar a TCC para a ansiedade, transtorno de estresse pós- traumático e outros. (BECK, 2013).

A TCC parte do pressuposto de que nossas cognições, ou seja, nossas formas de perceber o mundo, a nós mesmos e as outras pessoas, interferem em nossas emoções e comportamentos. Ao longo da vida, desde que nascemos, vamos construindo crenças, que permeiam nossa relação com a intepretação dos fatos do mundo. Essas crenças, que Beck classifica como desamor, desamparo ou desvalia, modulam nossos pensamentos e, por conseguinte, nossas emoções e comportamentos. A partir das crenças, que são chamadas centrais, temos diferentes pensamentos automáticos, em cada uma das situações que vivenciamos. Esses pensamentos são, muitas vezes, disfuncionais, ocorrendo a partir de visões distorcidas da realidade, provocando sofrimento. Beck começou a ajudar seus pacientes no processo de identificação dos seus pensamentos, e foi criando condições para que pudessem avaliar sua validade e construir formas alternativas de pensamento. (BECK, 2013)

Segundo Judith Beck (2013), o tratamento da terapia cognitivo-comportamental é baseado em dez princípios: 1 – para cada paciente deverá ser realizada uma conceituação de caso, que atenda às suas particularidades, de acordo com o modelo cognitivo comportamental; 2 – aliança terapêutica, que leve o paciente a confiar em sua melhora e no trabalho de terapeuta; 3 – trabalho colaborativo entre terapeuta e paciente; 4 – foco nos problemas e objetivos; 5 – ênfase inicial no momento presente; 6 – psicoeducação para que o paciente se torne seu próprio terapeuta, ou seja, consiga dominar técnicas para enfrentar seus problemas e lidar

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com a vida; 7 – a terapia cognitiva-comportamental visa tratar os transtornos e problemas em um determinado período de tempo, sendo que algumas questões podem ser abordadas e resolvidas em algumas semanas; 8 – as sessões de TCC seguem uma estrutura pré-definida (verificação do humor, exame da semana, definição colaborativa da pauta, revisão do exercício de casa, discussão dos problemas da pauta, definição de um novo exercício de casa, resumos e feedback.);

9 – o terapeuta, nessa abordagem, ajuda o paciente a identificar seus pensamentos e encontrar formas funcionais de lidar com eles; 10 – a TCC faz uso de diferentes técnicas para resolver os problemas dos pacientes, em acordo com a conceituação específica de cada caso.

Não obstante a Terapia Cognitivo-Comportamental apresente bons resultados no tratamento de diferentes doenças, estratégias alternativas de terapia inspiradas em seu modelo básico de compreensão têm surgido. Dentre elas, uma das mais proeminentes é a Terapia do Esquema, de Jeffrey Young. Essa abordagem parte do pressuposto de que ainda durante a infância, a partir das experiências que vivencia, o indivíduo constrói determinados padrões de pensamento, os esquemas, que norteiam seu modo de interpretar o mundo e a si mesmo. Essas estruturas são desadaptativas quando desencadeiam sofrimento e seriam, então, o foco da Terapia do Esquema, uma abordagem considerada integradora, por reunir elementos não apenas da Terapia Cognitivo-Comportamental de Beck, mas também da Psicanálise e da Fenomenologia. (CAZASSA & OLIVEIRA, 2008)

4.2 UMA VISÃO GERAL DA DEPRESSÃO

No decorrer da história, a depressão foi compreendida de diferentes formas, seno que é possível encontrá-la descrita até mesmo no Antigo Testamento da Bíblia, quando Saul é punido por Deus sendo atormentado por demônios e acometido por grande tristeza, até findar a própria vida (CORDÁS, 2002).

Segundo Cordás (2002), na Antiguidade, Hipócrates, pai da medicina, desenvolveu uma teoria sobre as emoções, segundo a qual o equilíbrio de quatro fluidos: a bile, o fleugma, o sangue e a bile negra, proporcionaria um bom funcionamento emocional do indivíduo. O médico dizia que a melancolia, o que hoje chamamos de depressão, aconteceria quando a bile negra intoxicasse o cérebro.

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Durante a Idade Medieval, com o engrandecimento do Cristianismo, as doenças mentais passaram a ser relacionadas com pecados ou castigos de Deus, e práticas espirituais seriam, então, possíveis soluções, ao lado de práticas médicas, como o uso de sanguessugas para retirada do “sangue ruim” (CORDÁS, 2002).

Entre os séculos XIV e XVI, o pensamento científico próprio do Renascimento, passou a tomar o espaço e a influência das ideias religiosas. Esse período se caracterizou por uma retomada dos ideais clássicos, e uma tentativa de explicação racional dos males do corpo e da alma (CORDÁS, 2002).

O termo depressão aparece no século XIX, apenas, por volta de 1860, indicando o movimento de queda das funções. Pinel, nessa época, afirmava que os melancólicos estariam dominados por uma única ideia, que dominaria todas as suas faculdades mentais. O estudioso verificou, também, que em muitos desses casos havia a possibilidade do suicídio. Pinel fazia uso de um certo tratamento moral, por meio do qual o médico, com uma postura firme e autoritária, curava o doente, mostrando-lhe que suas ideias seriam erros (CORDÁS, 2002).

Kraepelin (1856-1926), que possuía uma visão biomédica, indicava os transtornos como manifestações de patologias no cérebro. Estabeleceu a dicotomia entre demência precoce e loucura maníaco-depressiva de outro. Dessa forma, criticava a tradição psiquiátrica alemã, que postulava uma única psicose, sendo a melancolia um estágio inicial de uma única doença que teria várias fases (CORDÁS, 2002).

Atualmente, segundo o DSM-V (2014), a depressão é um transtorno mental, ou seja, é uma síndrome que tem como característica a perturbação do funcionamento do indivíduo na esfera cognitiva, em sua regulação emocional ou comportamental, refletindo disfunções nos processos biológicos, do desenvolvimento ou psicológicos.

O DSM-V (2014) classifica os transtornos depressivos em: disruptivo da desregulação do humor, depressivo maior; depressivo persistente (distimia);

transtorno disfórico pré-menstrual; depressivo induzido por substância/medicamento;

depressivo devido a outra condição médica; depressivo especificado e depressivo não especificado. O referido manual estabelece, ainda, que o elemento comum a todos esses transtornos é “o humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo. O que difere entre eles são os aspectos de duração, momento ou etiologia presumida.”

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O transtorno depressivo maior é aquele que se mostra como a representação mais clássica dos transtornos depressivos. Dura no mínimo duas semanas e engloba modificações nos âmbitos afetivo e cognitivo e em funções neurovegetativas. O transtorno disruptivo da desregulação do humor é aquele que atinge crianças de até doze anos, com sintomas de irritabilidade persistente e episódios frequentes de descontrole comportamental extremo. No caso da distimia (transtorno depressivo persistente), a perturbação do humor continua por mais de dois anos em adultos e um ano em crianças. O transtorno disfórico menstrual é aquele que se inicia em algum momento após a ovulação e remite alguns dias após a menstruação (DSM-V, 2014)

Del Pino (apud DALGALARRONDO, 2008) propõe que os elementos mais salientes do transtorno depressivo são o humor triste e o desânimo. Dalgalarrondo (2008) aponta, contudo, uma variada gama de outros elementos que compõem a sintomatologia dessa síndrome, classificados em sintomas afetivos, alterações da esfera instintiva e neurovegetativa, alterações ideativas, cognitivas, da autovaloração, da volição e da psicomotricidade e sintomas psicóticos.

No âmbito dos sintomas afetivos, estão a tristeza, a ausência de sentimentos, a irritabilidade aumentada, dente outros. As alterações da esfera instintiva e neurovegetativa incluem sintomas como a perda ou diminuição da libido, a insônia ou hipersonia e a fadiga. Ideias de arrependimento e culpa, planos e ideações suicidas e de desvalorização da vida formam o conjunto das alterações ideativas.

Essas ideais podem ser acompanhadas de alterações da autovaloração, tais como sentimento de autoestima baixa e insuficiência. Dificuldade de tomar decisões e déficit de atenção e memória podem aparecer, no âmbito das alterações cognitivas.

No que se refere à volição e psicomotricidade, podem ocorrer alterações como lentificação psicomotora, recusas de alimentação e interação., tendências a ficar na cama o dia inteiro e diminuição da fala. Em alguns casos podem estar presentes sintomas psicóticos, tais como delírios de ruína, inexistência e culpa, bem como alucinações auditivas de cunho depreciativo (DALGALARRONDO, 2008).

4.3 DEPRESSÃO NA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Segundo Beck e Alford (2011), a depressão acontece a partir de uma tríade cognitiva negativa, ou seja, uma visão de si, do outro e do mundo que se dão de

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forma pessimista e negativa. O paciente depressivo é aquele que se percebe como alguém sem valor, sem qualidades, para quem o mundo não oferece possibilidades e esperanças, e o outro é uma ameaça, por exemplo. A depressão, durante muito tempo, foi pensada em termos psicanalíticos, em que se considerava como um mal decorrente de uma hostilidade do indivíduo voltada contra si mesmo (BECK, ALFORD, 2011).

4.4 TRATAMENTO DA DEPRESSÃO NA TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL

A terapia cognitiva-comportamental se caracteriza por ser um tratamento estruturado, com objetivos bem definidos. (BECK, 2013). Num primeiro momento, por meio da anamnese, o terapeuta pode fazer o levantamento do histórico de vida do paciente, procurando entender os diferentes acontecimentos que marcaram sua trajetória e as diferentes formas pelas quais foi interpretada a realidade ao longo do tempo. Com isso, o psicólogo pode começar a perceber alguns pensamentos automáticos do paciente, bem como forças internas e qualidades que servirão de apoio para a mudança (CARNEIRO & DOBSON, 2016).

Aliada a isso, a psicoeducação mostra-se como um importante componente que auxilia o paciente a compreender o que é a depressão e como funcionará o tratamento. Matos & Oliveira (2013) citam em seu artigo um exemplo de caso em que a terapeuta explica para sua paciente as características do seu transtorno, bem como as possibilidades de tratamento.

É importante, a partir da entrevista e durante as primeiras sessões, que se construa a conceitualização cognitiva do caso, em que são elencados os pensamentos automáticos, as crenças centrais e intermediárias e a história de vida do paciente. Com essa conceitualização, busca-se explicitar como pensamentos, sentimentos e comportamentos se inter-relacionam no caso específico do paciente, levando em conta, portanto, aspectos gerais da teoria cognitivo-comportamental e aspectos da singularidade do indivíduo. Assim, o terapeuta pode vislumbrar, ainda que num nível hipotético, que pode ser modificado ao longo do processo, quais são as concepções próprias do paciente que o mantém num estado depressivo (MATOS

& OLIVEIRA, 2013).

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Uma das primeiras técnicas a serem aplicadas é a ativação comportamental.

Terapeuta e paciente elaboram juntos uma espécie de diário, em que anotam algumas possibilidades de tarefa para a semana. Recomenda-se que, inicialmente, sejam estabelecidas poucas atividades, com baixo grau de dificuldade para execução. O ideal é que sejam tarefas bem possíveis de serem realizadas, que ofereçam baixa possibilidade de fracasso. Com o passar do tempo, o número e o grau de complexidade das tarefas podem ir sendo aumentados. Com essa técnica, o paciente vai paulatinamente recobrando o poder sobre sua própria vida, percebendo que pode tomar decisões e agir. Durante a ativação comportamental, o paciente deve ir registrando suas emoções ao longo do processo, quando conseguiu realizar o que se propôs e também quando falhou nessa tarefa (BECK, 2013).

Um mapeamento da rotina do paciente também precisa ser feito, de modo a elucidar quais são as tarefas realizadas por obrigação, e quais são realizadas por prazer. A partir deste mapeamento, o terapeuta ajuda o paciente a pensar em formas de encontrar um equilíbrio em sua rotina entre atividades de obrigação e prazer, de tal modo que estas últimas estejam presentes e aconteçam com qualidade. Também pode ser realizada uma balança decisória, com análise de vantagens e desvantagens das atividades possíveis. (MATOS & OLIVEIRA, 2013).

Além dessas duas técnicas, o tratamento da depressão, na abordagem cognitivo-comportamental compreende, também, a reestruturação cognitiva, uma das principais ferramentas da abordagem. Em cada sessão, ou como tarefa de casa, o paciente pode preencher o RPD – Registro de Pensamento Disfuncional. Neste exercício, coloca uma situação que o incomodou, os pensamentos que teve naquele momento, os sentimentos que o tomaram e os comportamentos desencadeados. O terapeuta, então, realiza o questionamento socrático, por meio do qual lança perguntas ao paciente, questionando seus padrões de pensamento. O objetivo é identificar e flexibilizar padrões rígidos de pensamento, criando condições e terreno para que novas concepções de si, do outro e do mundo sejam construídas – concepções mais equilibradas, que gerem menos sofrimento (BECK, 2013).

Enquanto o paciente traz seus pensamentos automáticos, o terapeuta pode ir costurando seu discurso, procurando encontrar temas recorrentes. Com isso, pode alcançar as crenças mais nucleares, que norteiam os demais pensamentos automáticos, e trabalhar nelas. Esse nível de crença também pode ser atingido por meio da técnica da seta descendente, em que o terapeuta vai questionando o

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paciente, até que ele chegue em seus esquemas mais arraigados ou também quando o terapeuta pede que o paciente repense momentos marcantes da sua vida, procurando identificar possíveis momentos que geraram as crenças. Todo esse processo pode trazer resultados mais consistentes, porém deve ser feito quando a pessoa já possui um bom vínculo com o terapeuta, e já desenvolveu algumas habilidades para lidar com suas questões mais profundas. (WRIGHT, BASCO, THASE, 2008)

Camargo & Andretta (2013) demonstram o caso da jovem Ana, que sofre de depressão, no qual uma terapeuta faz uso da técnica ABC para que a paciente entenda a relação entre seus pensamentos e comportamentos. Nessa técnica, a pessoa identifica num formulário o evento que a incomodou (A), como interpretou esse evento (B) e os comportamentos que teve a partir disso (C).

Embora tradicionalmente os registros de pensamentos automáticos tenham sido realizados em formulários impressos e blocos de notas em papel, com o advento da tecnologia e seu uso cada vez mais frequente no cotidiano das pessoas, diferentes aplicativos foram desenvolvidos para auxiliar o processo de autoconhecimento e tratamento cognitivo-comportamental. São apps para celular que facilitam e ampliam as possibilidades do trabalho clínico. (WENZEL, 2018)

Outra inovação no campo da TCC é a MBCT – Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness. Em 1992, Segal, Williams e Teasdale pesquisaram estratégias para ajudar pessoas na prevenção da recaída em sintomas de depressão. Tiveram a ideia de empreender tal pesquisa ao observar que muitos pacientes depressivos, mesmo após efetivos tratamentos, tempos depois voltavam a apresentar os sintomas da doença. (WENZEL, 2018)

A partir dos estudos das teorias e práticas do Dr. Kabat-Zinn, que desenvolveu um importante programa de Mindfulness para redução do estresse, aqueles pesquisadores desenvolveram um método de oito semanas em que os pacientes podem vivenciar habilidades básicas do Mindfulness, como perceber e controlar a própria respiração, trabalhar o foco e a atenção, prestar atenção em atividades básicas do cotidiano, saindo do piloto automático, e identificar os movimentos da mente, que ora está focada num ponto, ora está divagando. Com essas práticas, os pacientes poderiam perceber o momento em que começam a surgir os pensamentos automáticos disfuncionais, e estabelecer estratégias para lidar com eles. Estudos

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mostraram que a MBCT se apresenta como prática eficaz e alternativa ou complementar à farmacologia em muitos casos. (WENZEL, 2018)

5 DISCUSSÃO

Muitas vezes, no senso comum, define-se a depressão apenas como estado de tristeza profunda. Contudo, Dalgalarrondo (2008) indica, uma série de outros elementos que compõem a sintomatologia desse transtorno, classificados em sintomas afetivos, alterações da esfera instintiva e neurovegetativa, alterações ideativas, cognitivas, da autovaloração, da volição e da psicomotricidade e sintomas psicóticos. Beck e Alford (2011), pensam a depressão a partir de uma tríade cognitiva negativa, ou seja, uma visão de si, do outro e do mundo que se dão de forma pessimista e negativa. A pessoa se enxerga como inferior e sem valor, não vê esperanças no mundo e percebe o outro como uma ameaça.

Segundo Carneiro & Dobson (2016), o terapeuta deve inicialmente realizar os procedimentos de anamnese, fazendo o levantamento do histórico de vida do paciente, como forma de compreender os diferentes acontecimentos que marcaram sua trajetória e as diferentes concepções que tem utilizado interpretar a realidade ao longo do tempo. O objetivo disso é identificar pensamentos automáticos distorcidos bem como pontos de apoio que podem sustentar uma mudança (CARNEIRO &

DOBSON, 2016).

Camargo & Andretta (2013) exemplificam um caso em que a terapeuta explica para sua paciente as características do seu transtorno bem como as possibilidades de tratamento, fazendo o que se denomina de psicoeducação, importante parte do tratamento, que poderá auxiliar o paciente a entender seus transtorno e seu tratamento, tornando-se seu próprio terapeuta com o tempo (BECK, 2013).

Beck (2013) também propõe a ativação comportamental como uma das primeiras técnicas a serem aplicadas no tratamento. Nela, terapeuta e paciente elaboram juntos uma espécie de diário, em que anotam algumas possibilidades de tarefa para a semana. Ao longo desse processo, o paciente deve ir registrando suas emoções ao longo do processo, quando conseguiu realizar o que se propôs e também quando falhou nessa tarefa. (BECK, 2013)

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Além dessas técnicas, durante o tratamento da depressão são propostas discussões – questionamentos socráticos – com o objetivo de identificar e flexibilizar padrões rígidos de pensamento, criando condições e terreno para que novas concepções de si, do outro e do mundo sejam construídas – concepções mais equilibradas, que gerem menos sofrimento (POWEEL et al, 2008).

Este trabalho mostra que a terapia cognitivo-comportamental continua sendo amplamente estudada para o tratamento de transtornos, como a depressão. Além disso, indica que novos caminhos terapêuticos fundamentados na TCC estão surgindo, como a Terapia do Esquema e a Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness. Uma das limitações do trabalho foi a utilização de artigos em Língua Portuguesa; referências em inglês ampliariam as possibilidades de discussão do problema em questão.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A terapia cognitivo-comportamental, em sua variedade de técnicas, é amplamente estudada e apresenta bons resultados no tratamento de diferentes transtornos. No que se refere à depressão, parte-se do pressuposto da tríade cognitiva, em que a visão de si, do outro e do mundo estão negativadas, desvalorizadas, para uma conceitualização cognitiva do caso. Nessa conceitualização, o terapeuta pode identificar, a partir do repertório teórico da terapia cognitivo-comportamental, elementos da história do indivíduo, bem como estruturas de pensamento, que podem estar desencadeando sintomas depressivos.

O tratamento da depressão, a partir da terapia cognitivo-comportamental, reúne técnicas como ativação comportamental, psicoeducação e reestruturação cognitiva.

Pode ajudar o paciente a entender sua estrutura de pensamento e construir formas mais saudáveis e funcionais de se relacionar com a vida.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECK, A. & ALFORD, B. Depressão: causas e tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2011.

BECK, J. Terapia Cognitiva-Comportamental - Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed Editora, 2013.

CAMARGO, J. & ANDRETTA, I. (2013). Terapia Cognitivo-Comportamental para depressão: um caso clínico. Contextos Clínicos, 6 (1): 25-32.

CARNEIRO, A. M. & DOBSON, K. S. (2016). Tratamento cognitivo-comportamental para depressão maior: uma revisão narrativa. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 12 (1)

CAZASSA, J. M. & OLIVEIRA, M. S. (2008) Terapia foca em esquema: conceituação e pesquisa. Revista de Psiquiatria Clínica, (5):187-95

CORDÁS, T. A. Depressão: da bile negra aos neurotransmissores. São Paulo:

Lemos Editorial, 2002.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. São Paulo: Artmed, 2008.

DSM-V – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

MATOS, A. C.; OLIVEIRA, I. (2013). Terapia cognitiva-comportamental da depressão: relato de caso. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, (12), 512-519.

POWELL, V. B.; ABREU, N.; OLIVEIRA, I. R. & SUDAK, D. (2008). Terapia Cognitivo-comportamental da Depressão. Revista Brasileira de Psiquiatria, 30 (2), 73-80.

WENZEL, Amy. Inovações em terapia cognitivo-comportamental. Porto Alegre:

Artmed, 2018.

WRIGHT, BASCO, THASE. Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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ANEXO

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu Thiago Pinto dos Santos, afirmo que o presente trabalho e suas devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob o título “TCC no Tratamento da Depressão”, isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à

"Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

_______________________

Assinatura do (a) Aluno (a)

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