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Correlação entre comportamentos de risco à saúde e nível de estresse percebido entre estudantes do curso de Biomedicina em adultos jovens

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Cadernos de

Ciências da Saúde e da Vida

* Dra. Luciana Zaranza Monteiro / lucianazaranza@hotmail.com

Correlação entre comportamentos de risco à saúde e nível de estresse percebido entre estudantes do curso de Biomedicina

em adultos jovens

Correlation between health risk behaviors and perceived stress level among Biomedicine students

Leonardo Chagas Contiero

1

, Igor Augusto Sebba Dantas

1

, Luciana Zaranza Monteiro

2*

1

Centro Universitário do Distrito Federal UDF, Departamento de Biomedicina, Brasília, DF

2

Centro Universitário do Distrito Federal UDF, Departamento de Educação Física, Brasília, DF

RESUMO:

Introdução: O padrão de comportamento dos universitários tem sido modificado com adoção de estilos de vida e, visto que eles representam um importante segmento da população jovem, o impacto dessas alterações deveria ser debatido nas universidades. Objetivos: Correlacionar os comportamentos de risco à saúde e nível de estresse percebido entre estudantes do curso de Biomedicina. Métodos: Estudo transversal com 320 estudantes do curso de Biomedicina, realizado no período de setembro de 2018 a outubro de 2019, sendo utilizado um questionário abordando variáveis sociodemográficas, hábitos de vida e nível de estresse percebido utilizando a Escala de Estresse Percebido (PSS-10). Resultados: Dos 320 estudantes, com média de idade = 23.2 ± 4.6 anos; 135 (42.2%) faziam uso de medicamentos, 40 (12.5%) eram tabagistas, 221 (69.3%) consumiam álcool, muitos não praticavam atividade física (78.1%) e tinham um comportamento sedentário. Sobre o nível de estresse, 257 (80.3%) tinham um nível moderado e 50 (15.6%) nível elevado. O nível elevado de estresse foi associado a inatividade fisica (p=0,04) e ao consumo de carne vermelha (p=0,03). Conclusão: A maioria dos estudantes apresentou algum nível de estresse associado a inatividade fisica e consumo de doces, representando um risco à qualidade de vida desses indivíduos.

Palavras-chave: Comportamentos de risco. Estresse. Biomedicina. Universitários.

ABSTRACT:

Introduction: The behavior pattern of university students has been modified with the adoption of lifestyles and, since they represent an important segment of the young population, the impact of these changes should be discussed in universities. Objectives: Correlate health risk behaviors and perceived stress levels among Biomedicine students. Methods: Cross-sectional study with 320 students of the Biomedicine course, carried out from September 2018 to October 2019, using a questionnaire addressing sociodemographic variables, life habits and perceived stress level using the Perceived Stress Scale (PSS-10). Results: Of the 320 students, with average age = 23.2 ± 4.6 years; 135 (42.2%) used medication, 40 (12.5%) were smokers, 221 (69.3%) consumed alcohol, many did not practice physical activity (78.1%) and were sedentary.

Regarding the stress level, 257 (80.3%) had a moderate level and 50 (15.6%) had a high level. The high level of stress was associated with physical inactivity (p = 0.04) and the consumption of red meat (p = 0.03).

Conclusion: Most students had some level of stress associated with physical inactivity and consumption of sweets, representing a risk to the quality of life of these individuals.

Keywords: Risk behaviors. Stress. Biomedicine. College students.

2.2020, pp.1-5.

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Ciências da Saúde e da Vida INTRODUÇÃO

Os comportamentos de risco à saúde (CRS) contribuem para as principais causas de morbimortalidade entre adolescentes e jovens universitários.

1,2,3

Pesquisas desenvolvidas em diferentes partes do mundo indicaram que os CRS entre os universitários são o sedentarismo, os distúrbios alimentares, os acidentes no trânsito, o uso de tabaco, álcool e outras drogas, o envolvimento em situações de violência e as condutas sexuais de risco.

3,4

Dentre os vários CRS, destaca-se o consumo abusivo de álcool e outras drogas.

5,6

O estilo de vida atual, com elevados índices de stress, ansiedade, baixa autoestima, pressão social e problemas relacionados à escola, tem contribuído para o aumento do consumo excessivo de álcool e outras drogas entre os jovens. Como consequência, surgem vários problemas sociais, familiares, problemas no trabalho e a perda do rendimento escolar.

6,7,8

Observa-se também que a adoção de comportamento sedentário e uma dieta inadequada aumentam o risco de desenvolvimento e agravamento das doenças crônicas degenerativas, além de elevar os gastos econômicos do indivíduo enfermo, da família e da sociedade.

9

Assim, o monitoramento dos fatores de risco e da prevalência das doenças a eles relacionados é de fundamental importância para a elaboração de políticas de saúde e estratégias de intervenção e ações educativas desenvolvidas nas universidades e em ambientes de trabalho, a fim de prevenir seus agravos.

6,10

O padrão de comportamento dos universitários tem sido modificado com adoção de estilos de vida e, visto que eles representam um importante segmento da população jovem, o impacto dessas alterações deveria ser debatido nas universidades.

11

Informações sobre os CRS entre os que frequentam a universidade podem contribuir para o monitoramento de grupos de risco e desenvolvimento de políticas e programas de promoção à sua saúde.

12,13

Para os futuros universitários, a vida acadêmica é a porta de entrada para um futuro de sucesso em suas vidas profissionais. Muitos deles, além da vida acadêmica universitária, acumulam afazeres de estágio ou o primeiro emprego.

Este ritmo constrói uma larga jornada de estudos e trabalho e acaba por tirar o

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tempo livre da vida pessoal, e do lazer, consequentemente diminuindo também o nível de atividade física e comprometendo mais ainda a qualidade de vida.

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De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência de adultos jovens (19 a 35 anos) saudáveis, são aqueles não fumantes, praticantes de atividade física regular, que consomem de forma adequada frutas e hortaliças, representado em torno de apenas 8% da população (Brasil, 2003). Os mais jovens (de 18 a 29 anos), relataram dois a nenhum comportamento saudável, aumentando as chances de adquirir doenças não transmissíveis num futuro breve.

15

Além dos fatores alimentares, o nível de atividade física é um componente de extrema importância para saúde. Estar fisicamente ativo significa movimentar-se até o ponto de existir um aumento significativo no gasto energético durante alguma tarefa, seja no trabalho, lazer ou atividades cotidianas da vida.

16

Assim, o objetivo do estudo foi correlacionar os comportamentos de risco à saúde e nível de estresse percebido entre estudantes do curso de Biomedicina.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo epidemiológico de corte transversal, realizado com universitários do curso de Biomedicina de uma instituição particular da cidade de Brasília-DF, Brasil.

A população do estudo foi constituída pelos alunos matriculados do primeiro ao sexto semestre de graduação. A amostra foi por conveniência constituída por 320 estudantes com idade superior a vinte anos.

A pesquisa foi realizada entre setembro de 2018 e outubro de 2019. Foi utilizado um questionário autoaplicado no intervalo das aulas, numa sala com capacidade para 60 alunos, de maneira que os alunos tivessem uma distância entre si capaz de preservar a privacidade das respostas, assim, após o seu preenchimento o mesmo foi colocado dentro de um envelope apenas com identificação das turmas e os turnos (matutino e noturno).

Na sala de aula do curso, antes de o questionário ser entregue junto

com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os pesquisadores

se apresentaram ao docente responsável pela turma, a quem previamente foi

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explicado os objetivos e a metodologia da pesquisa. Posteriormente, os pesquisadores se apresentaram à turma e explicaram os objetivos, metodologia, a importância do estudo e fizeram o convite para participarem da pesquisa.

Foram pesquisadas variáveis sociodemográficas como: sexo (feminino / masculino), idade, nível socioeconômico (classificado pelo questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – ABEP)

17

; consumo de álcool (foi considerado consumo abusivo de bebida alcoólica – cinco ou mais doses para homens e quatro ou mais doses para mulheres em uma única ocasião);

tabagismo (sim/não); autopercepção de saúde (excelente, muito boa, boa, regular ou ruim), faz uso de medicamento (sim/não) e tempo que passou sentado nos últimos 7 dias (comportamento sedentário: ≥ 2hs).

Os estudantes foram questionados sobre o consumo regular de frutas, verduras/legumes, saladas cruas (em cinco ou mais dias da semana – consumo recomendado: cinco ou mais vezes por dia, em cinco ou mais dias da semana);

consumo regular de feijão (em cinco ou mais dias da semana); consumo regular de refrigerante (em cinco ou mais dias por semana); consumo de leite com gordura; consumo de carnes com excesso de gordura (carne vermelha com gordura visível e/ou frango com pele) e consumo de doces.

O nível de atividade física foi classificado em indivíduos: muito ativo, ativo, insuficientemente ativo e fisicamente inativo, onde aqueles fisicamente inativos (≤ 150 minutos semanais de atividades de intensidade moderada ou menos de 75 minutos de atividade vigorosa) e indivíduos fisicamente ativos (>

150 min por semana). A Organização Mundial da Saúde (OMS)

18

recomenda que adultos com idade entre 18-64 anos façam pelo menos 150 minutos de atividade fisica moderada por semana.

Para avaliar o estado nutricional calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) obtido pela divisão do peso (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em metros). Para o cálculo, utilizou-se peso e altura autorreferidos e pontos de corte que classificaram os indivíduos nas seguintes categorias: baixo peso (<18,5), eutrófico (18,5 a 24,9), sobrepeso (25 a 29,9) e obesidade (≥30).

19

Em relação às questões nutricionais, foram considerados fatores

protetores das doenças não transmissíveis: consumo de frutas e hortaliças, e

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feijão pelo menos cinco ou mais vezes por semana. O consumo de refrigerantes mais de cinco vezes por semana, o hábito de consumir leite com gordura, carnes com gorduras visíveis e doces foram considerados como fatores de risco.

Foi utilizada também a Escala de Estresse Percebido na versão com 10 questões (PSS-10), desenvolvida por Cohen et al. (1983)

20

e validada para o Português Brasileiro por Reis et al. (2010).

21

A PSS-10 consiste de 10 questões as quais possuem a descrição quanto à frequência da ocorrência dos sentimentos e pensamentos relacionados a eventos e situações cotidianos ocorridas no mês anterior. Seis questões apresentam itens negativos (1, 2, 3, 6, 9, 10) e as quarto restantes são positivas (4, 5, 7, 8). Cada item é avaliado em Escala do tipo Likert (0 = nunca a 4 = muito frequentemente). Para produzir a pontuação, os quatro itens positivos são marcados de forma inversa (Ex: 0 = 4, 1 = 3, 2 = 2, 3 = 1 e 4 = 0) e, em seguida, todos os itens são somados, com pontuação variando de 0 a 40, sendo que a pontuação mais elevada indica maior estresse

21

.

Para quantificar a percepção do estresse, os escores da PSS-10 foram distribuídos em três categorias: 1) Percepção elevado de estresse (31 a 40 pontos), percepção moderada (11 a 30 pontos) e percepção baixa do estresse (0 a 10 pontos).

O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) observando as diretrizes da Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, recebendo aprovação (CAAE: 59713316.0.0000.5650) e protocolo 1.794.275, e todos os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido antes da participação no estudo.

As variáveis numéricas foram descritas por meio de frequência, média,

desvio padrão. Foram utilizados testes não paramétricos para o estudo dos

escores em relação às características estudadas. Para estimar as razões de

prevalência do estresse percebido com as variáveis de interesse foi utilizado o

modelo de regressão Poisson. O nível de significância foi de 5% e o software

utilizado para análise foi o SAS 9.4.

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Ciências da Saúde e da Vida RESULTADOS

A Tabela 1 mostra as características dos estudantes do curso de Biomedicina, onde notamos que a amostra era representada mais por mulheres (86.2%), idade entre 20 e 25 anos (76.2%), a renda familiar foi de 0 a 5 salários mínimos (52.8%), a maioria era solteiro (84.4%), alegaram que trabalham (53.1%), residem com pais (77.8%), alegam ter uma boa percepção de saúde (46.2%) e em relação ao estado nutricional, (22.5%) apresentam sobrepeso.

Tabela 1. Descrição das características dos estudantes do curso de Biomedicina. Brasília. DF. 2020.

Variáveis n %

Sexo

Feminino 276 86.2

Masculino 44 13.8

Idade (anos)

20 a 25 244 76.2

26 a 30 37 11.6

≥ 31 39 12.2

Renda familiar (salário mínimo)

0 a 5 169 52.8

6 a 10 106 33.1

11 a 15 27 8.4

> 15 18 5.7

Estado civil

casado 50 15.6

solteiro 270 84.4

Você trabalha

sim 170 53.1

não 150 46.9

Reside com quem

pais ou parentes 249 77.8

amigos 43 13.6

sozinho 23 7.1

outros 5 1.5

Autopercepção de saúde

excelente 27 8.4

muito boa 69 21.5

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Ciências da Saúde e da Vida

boa 148 46.2

regular 63 19.7

ruim 13 4.2

Semestre

1 19 5.9

2 95 29.6

3 26 8.1

4 86 26.8

5 25 7.8

6 69 21.8

Estado nutricional

Abaixo do peso 22 6.8

Normal 209 65.3

Sobrepeso 72 22.5

Obeso 17 5.3

Total 320 100

A Tabela 2 demonstra os comportamentos de risco à saúde dos estudantes do curso de Biomedicina, onde percebemos que 135 (42.2%) faziam uso de medicamento, 40 (12.5%) eram tabagistas, 221 (69.3%) consumiam álcool, muitos não praticavam atividade física (78.1%) e tinham um comportamento sedentário, ficando 12 ou mais horas/dia sentado vendo TV/

usando o computador/ videogame.

Tabela 2. Comportamentos de risco a saúde dos estudantes do curso de biomedicina. Brasília. DF. 2020.

Variáveis n %

Faz uso de medicamento

não 185 57.8

sim 135 42.2

Fuma

Não 280 87.5

sim 40 12.5

Consumo de álcool

não 99 30.7

sim 221 69.3

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Ciências da Saúde e da Vida Pratica Atividade Física (≥150 min/semana)

não 250 78.1

sim 70 21.9

Tempo sentado nos últimos 7 dias (em horas)

1 a 6 71 22.2

7 a 11 69 21.5

12 ou mais 180 56.3

Consumo de frutas

não 117 36.6

sim 203 63.4

Consumo de saladas

não 100 31.4

sim 220 68.7

Consumo de verduras/legumes

não 95 29.7

sim 225 70.3

Consumo de feijão

não 83 25.9

sim 237 74.1

Consumo de refrigerante

não 223 69.6

sim 97 30.4

Consumo de leite integral

não 166 51.8

sim 154 48.2

Consumo de carne com gordura

não 180 56.3

sim 140 43.7

Consumo de doces

não 101 31.6

sim 219 68.4

Total 320 100

Em relação ao nível de estresse percebido, notamos que 257 (80.3%)

dos estudantes tinham um nível moderado de estresse e 50 (15.6%) nível

elevado. Esses resultados mostram a importância de elaborarmos no ambiente

acadêmico mais ações de promoção da saúde com foco na diminuição dos

sintomas do estresse.

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Ciências da Saúde e da Vida

Figura 1. Percepção do nível de estresse entre os estudantes de Biomedicina.

A Tabela 3 mostra os fatores associados ao nível de estresse elevado, onde notamos que o nível de atividade física e o consumo de doces estão associados a um maior nível de estresse entre os estudantes.

Tabela 3. Razão de prevalência e intervalo de confiança associado as variáveis de comportamento de risco a saúde dos estudantes do curso de biomedicina. Brasília. DF.

2020.

4,1

80,3 15,6

0 20 40 60 80 100

Percepção baixa do estresse Percepção moderada do estresse Percepção elevada do estresse

Percepção do nível de estresse entre os estudantes

Nível do Estresse (%)

Variável Estresse percebido

elevado RP IC (95%) Valor-p

Fuma

não (n=280) 42 (15%) 0,75 0,38 1,48 0,41

sim (n=40) 8 (20%) 1

Faz uso de álcool

não (n=98) 16 (16,33%) 1,09 0,63 1,89 0,75

sim (n=221) 33 (14,93%) 1

Nível de Atividade Física

ativo/muito ativo (n=18) 3 (16,67%) 1,07 0,37 3,11 0,04

insuficientemente ativo/fisicamente inativo (n=302) 47 (15,56%) 1 Tempo sentado nos últimos 7 dias (em horas)

1 a 6 (n=71) 11 (15,49%) 0,87 0,47 1,63 0,67

7 a 11 (n=69) 7 (10,14%) 0,57 0,26 1,23 0,15

12 ou mais (n=180) 32 (17,78%) 1

Faz uso de medicamento

não (n=185) 28 (15,14%) 0,93 0,56 1,55 0,78

sim (n=135) 22 (16,3%) 1

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Ciências da Saúde e da Vida DISCUSSÃO

O presente estudo obteve informações sobre o nível de estresse percebido e o comportamento de risco a saúde em universitários do curso de biomedicina. A modernidade faz com a que a população procure estilo de vida mais fáceis e rápidos, que por sua vez acabam prejudicando a saúde.

Estudar, trabalhar, ter uma vida social e manter uma boa saúde, física e mental, são os desafios enfrentados pela maioria dos estudantes que, ao ingressarem em uma universidade, se expõem a comportamentos de risco à saúde, como sedentarismo e maus hábitos alimentares, tendo também uma

Consumo de frutas

não (n=117) 22 (18,8%) 1,36 0,82 2,27 0,23

sim (n=203) 28 (13,79%) 1

Consumo de saladas

não (n=100) 17 (17%) 1,13 0,66 1,94 0,65

sim (n=220) 33 (15%) 1

Consumo de verduras/legumes

não (n=95) 19 (20%) 1,45 0,86 2,44 0,16

sim (n=225) 31 (13,78%) 1

Consumo de feijão

não (n=83) 19 (22,89%) 1,75 1,05 2,92 0,56

sim (n=237) 31 (13,08%) 1

Consumo de refrigerante

não (n=223) 35 (15,7%) 1,01 0,58 1,77 0,96

sim (n=97) 15 (15,46%) 1

Consumo de leite integral

não (n=166) 25 (15,06%) 0,93 0,56 1,54 0,77

sim (n=154) 25 (16,23%) 1

Consumo de carne com gordura

não (n=180) 30 (16,67%) 1,17 0,69 1,96 0,03

sim (n=140) 20 (14,29%) 1

Consumo de doces

não (n=101) 12 (11,88%) 0,68 0,37 1,25 0,05

sim (n=219) 38 (17,35%) 1

IC: intervalo de confiança

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Ciências da Saúde e da Vida

facilidade maior para principiar o uso de bebidas alcoólicas, tabaco e outros tipos de drogas²².

A caracterização dos estudantes apresentada é semelhante à de outros estudos nacionais e internacionais, os quais demonstram uma tendência de maioria feminina, solteiros, com renda familiar entre 0 e 5 salários mínimos, pertencente às classes econômicas C1 e C2 e com faixa etária de 18 a 25 anos.

23

Neste estudo, foi observado que o elevado consumo de doces e o baixo consumo de feijão, frutas, legumes e verduras, estão associados ao nível de estresse percebido elevado. Isso porque os alimentos ricos em açúcar e carboidratos estão associados a liberação de serotonina, causando uma liberação de prazer ao organismo²³.

Avaliando-se o estresse, a literatura tem demonstrado há décadas, a importância de pesquisar a vulnerabilidade ao estresse em jovens adultos, tendo em vista que a transição vivida nessa fase acarreta o enfrentamento de situações novas, como a busca por profissão, autonomia, estabilidade, relacionamento afetivo, identidade e pelo papel que o jovem desempenhará na sociedade, denotando sua suscetibilidade a agentes estressores.

24

Outra variável que apresenta uma relação significativa ao nível de estresse percebido é a quantidade de exercício físico realizado. A maioria dos estudantes observados dizem não serem suficientemente ativos além de apresentar um comportamento sedentário, ficando mais de 12 horas por dia sentado. Esse sedentarismo pode ser resultado de muito tempo no trabalho, universidade e/ou lazer (televisão, computador, vídeo game e etc). Grande parte dessa população relata um elevado nível de estresse percebido.

Mais de dois terços dos estudantes envolvidos na pesquisa (69,3%)

alegam alto consumo de álcool. Esse estudo apresentou correlação negativa

entre o consumo de álcool e o nível elevado de estresse percebido, pois 221

estudantes alegaram ingerir bebidas alcoólicas regularmente, porém somente 13

(14,93%) relataram um nível elevados de estresse percebido. Estudos

mostram

24;25

que adultos jovens geralmente são propensos a práticas de risco a

saúde, especialmente o consumo elevado de álcool.

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Ciências da Saúde e da Vida

Esse estudo apresenta algumas limitações. Primeira, por ser uma pesquisa transversal os dados analisados não indicam qualquer relação causal ou influência direta das variáveis incluídas no estudo. Segunda, os dados foram coletados por meio de um questionário autorreferido, o que pode ter causado erros, como supernotificação no caso de hábitos saudáveis ou subnotificação no caso de hábitos não saudáveis conforme relatado anteriormente na literatura. Com relação aos alimentos selecionados para a pesquisa foi avaliado a frequência de consumo e não a quantidade.

CONCLUSÃO

Conclui-se nesse estudo que a maioria dos estudantes consomem álcool e doces regularmente, não praticam atividades físicas e cerca de 40% dos estudantes fazem uso de medicamentos. Apesar da grande parte da população observada ter uma percepção elevada de estresse, não ouve relação com os comportamentos de risco a saúde.

Contudo, o nível de estresse moderado foi percebido por mais de 80%

dos universitários, indicando uma necessidade de maior atenção do estudante

para que tenha uma alimentação balanceada, pratique exercícios físicos, a fim

de melhorar sua saúde, tanto física quanto mental, evitando que o quadro de

estresse se agrave. Vale ressaltar que para uma análise mais profunda, é

necessária uma pesquisa que envolva os quadros psicológicos dos

universitários.

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Ciências da Saúde e da Vida REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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