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Pobre coração de Maria = assistencia e educação de meninas desvalidas em fins do seculo XIX e inicio do seculo XX

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Academic year: 2021

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UNIV ERS IDA DE ES TAD UAL D E CAM PI NAS FAC ULD ADE D E EDU CAÇ ÃO

João Valer io Scre min

Pobre c oraç ão de M aria :

Assistê ncia e educaç ão de me ninas desvalidas em fins do

séc ulo XIX e iníc io do séc ulo XX

Ca mpi na s 2 0 0 9

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UNIV ERS IDA DE ES TAD UAL D E CAM PI NAS FAC ULD ADE D E EDU CAÇ ÃO

Dissertaç ão de M estrado

Pobre c oraç ão de M aria:

Assistê ncia e educaç ão de me ninas desvalidas em fins do

séc ulo XIX e iníc io do séc ulo XX

Aut o r: Jo ão Va ler io Scre min Or ie nt ado ra: He lo ís a He le na P ime nt a Ro c ha

D is sert ação apre se nt ada à Fa cu ldad e d e Educação d a U n iver s idad e Est adu a l d e Ca mp ina s par a o bt enção de t ít u lo de me st re e m Educ ação .

Ca mpi na s 2 0 0 9

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Para minha tia Anete, pe lo e xe mplo de vida e por acre ditar que

tudo é poss íve l a o que crê e minha esposa He le n, por me a uxilia r a

vive r e sonha r.

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AGRADECIM ENTOS

Meu s s inc ero s agrade c ime nt o s à Fu nda çã o de Amp aro à Pesqu isa do Est ado de São Paulo – FAPESP -, po r fin a nc iar o pro jet o e auxiliar e m su a co ncret izaç ão .

À Pro fª. H e lo ís a He le na P ime nt a Ro c ha pe la at enç ão na o r ie nt aç ão des sa d is s ert ação , por ince nt ivar minha vid a aca dê mic a e me e ns inar o s me a ndro s da pe squ is a.

À Ba nca d e Qu a lifica ção e De fe s a, co mpo st a s p e la s pro fe sso ra s Ag ueda Ber na det e B it t enco urt , Ana Luc ia Go u lart de Far ia, V era Luc ia Sabo ng i de Ro s s i, Ale s sa ndr a Fro t a Mart ine z de Sc hue le r e D ia na Go nça lves V id a l.

So u grato pela aco lh ida da U nivers id ade Est adua l de Ca mp ina s, qu e po r me io d e seu s fu n c io nár io s, nu nca me nego u a juda e o po rt unida de s par a apre nder. Às pro fes so ras Caro lina G a lzera ni, Lilia na Se g nin i, H e le na Alt ma n e Ro se li Ap arec id a Ca ção Fo nt a na, po r t erem p art ic ipa do dess a ca minha da.

Ao Inst it uto Hist ó rico e Geo grá fico de P ira c ica ba, Arq u ivo d a Câ mara de P irac ic a ba, B ib lio t eca Mu nic ip a l, Arqu ivo do Est ado de S ão Pau lo , e m e sp ec ia l ao Sr. Ha ldu mo nt , Pedro Ca ldar i, Fá bio e Od ila.

Ao Lar Es co la Co ração de M ar ia e a s ir mã s No r ma, Cr ist ina e Maga li, a lé m d a ir mã Du lc e do Co lé g io Ave Mar ia d e C a mp ina s, po r a br ir e m o s arqu ivo s da s res pect iva s inst it uiçõ es e per mit ire m a rea liza ção des sa pe squ is a.

À B ib lio t eca da U nivers id ad e Met o d ist a de P ira c ic a ba, e m es pec ia l minha a mig a Mar ile ne, que não med iu es fo rço s p ara me au xiliar no le va nt a me nt o biblio gr á fico .

Agr adeço a minha fa mília pe lo a mo r, pac iê nc ia, ince nt ivo e po r me mo t ivar dura nt e es se s t rês ano s.

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Ao s me us gra nde s a migo s Darc io , Kare n e Sa mu e l pe lo co nvív io se mpre agrad á ve l. Ao s a migo s S au lo Ta rc io , Ta mara, R v. T iago Ferraz e sua e spo sa I vo ne p e la co mp a nhia e po r me apo iare m ne ss a e mpre it ada.

Ao s co mp a nhe iro s Afr â nio , Ed ivilso n , Fa bio Fa lcão , Graça , Fer na ndo , Ana, C aro l, Pat ríc ia, Mar is a , Laura e Bru na Fer na nde z Fr e ít a s pe lo apo io int e lect ua l, co gnit ivo e filo só fico .

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O Silê nc io

Uma bolha sobe do fundo do mar Uma palavra sobe das funduras do silêncio Inesperada, emissária de um mundo esquecido

Nosso mistério, nossa oração

Há palavras que dizemos e outras que se dizem Existem em nós, não atendem a nossa voz

São como o vento que sopra onde quer Se ouvirmos o sopro, palavras de oração

Pássaro selvagem que mora em nós Longe do que nós sabemos, no lugar do sonho

Fora da morada dos pensamentos Temos medo das palavras que se dizem Por isso falamos, palavras contra palavras

Quando orares não sejais como artistas Que falam palavras que não são suas

Que usam máscaras decoradas

Entra no silêncio, longe dos outros Que as palavras se dirão, depois da espera

Entra no silêncio, longe dos muitos E escuta uma única palavra Que irá subir do fundo do mar Basta ouvir uma vez e depois, o silêncio.

(9)

Resumo

Est a pesqu is a a na liso u a pro po st a de ass ist ê nc ia e edu caç ão da cr ia nça de s va lid a nu m a s ilo d e reco lhime nt o cat ó lico da c id ade d e P ira c ica ba, int er io r de S ão Pau lo , e m fins do sécu lo XIX e in íc io do s écu lo XX. Exist e nt e at é o s d ia s at ua is co m o no me de Lar Esco la do Co ração d e Mar ia, o As ilo de No ssa Mã e fo i fu ndad o em 1896 co mo u ma inst it u iç ão vo lt ada para o reco lh ime nt o de me nina s ó rfãs e de s va lid as, t endo co mo o bjet ivo ass ist ir, educ ar, c iv ilizar, mo ra liz ar e hig ie niz ar e ss as me n ina s, t rans fo r ma ndo -as, segu ndo seu reg ime nt o, e m mãe s de fa mília s po br es. O t raba lho pro curo u co nt r ibu ir par a a co mpr e e ns ão do pro cesso de as s ist ê nc ia à cr ia nça po bre, a na lis a ndo , para t a nt o , as repre se nt açõ es do lugar da s cr ia nça s po bre s na so c ie dade do per ío do , as açõ es e mpree nd ida s, be m co mo o s ig nific ado de st e reco lhime nt o e m r e laç ão co m as pro po st as de as s ist ê nc ia prese nt e s no s do cu me nt o s do as ilo . Exa mina ndo o pro cesso de cr iação e at uação do As ilo de No s sa M ãe, e st a d iss ert ação se pro põ e a o bser var a s açõ es do s su je it o s e nvo lv ido s no dese nvo lv ime nt o das pro po st as as s ist e nc ia is no mu nic íp io , be m co mo a pro dução de d is curso s ac erca d a as s ist ê nc ia à cr ia nça po br e e o s d e bat es so br e a t e mát ic a, no per ío do . As s im, a p es qu is a bu sco u a na lis ar co mo se da va m a s re la çõ es e nt re a s pro po st as de a ss ist ê nc ia e ed uca ção cat ólic a e aque la s de c u nho liber a l e la ico , de fe nd ida s p e lo s r epu blic a no s, e m para le lo co m as in ic iat iva s vo lt ada s para a imp la nt ação da c ha ma da esco la mo der na. V isa ndo ana lis ar as prát ica s de a s s ist ê nc ia e edu ca ção ins t it u ída s pe la s Ir mã s Fr a nc is ca na s do Co ração de Mar ia co m vist a s à fo r ma ç ão das me nina s, o t raba lho t o mo u co mo fo nt es o pr ime iro reg ime nt o int e rno do as ilo e s eu e st at uto , o s per ió d ico s da c id ade, a lé m d e o utro s do cume nt o s da inst it u ição e da c idad e.

Pa lav ras- chave: 1. As ilo d e No ssa M ãe ; 2. H ist ó ria d a Educaç ão ; 3.

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Abstract

This re searc h a na lyz ed t he pro po sa l o f a ss ist a nce a nd educ at io n o f re ject ed c h ildre n in a n cat ho lic o rp ha nage in t he c it y o f P irac ic a ba, int er io r o f São Pau lo , in t he e nd o f t he XIX c e nt ur y a nd be g inn ing o f t he XX ce nt ur y. I n e xist e nce t o t his da y, w it h t he na me o f t he Lar Es co la Co ração de M ar ia, t he As ilo d e No ss a M ãe w as fo u nd ed in 1 896 a s a n inst it ut io n d ire ct ed t o ward t he g at her ing o f o rp ha ne d a nd re je ct ed c hildr e n, w it h t he o bject ive o f as s ist ing, educ at ing, c iv iliz in g, and t eac hing o f va lue s t o t hes e g ir ls, t rans fo r ming t he m, acco rd ing t o it s reg ime nt , int o mo t hers o f po o r fa milie s. T he re searc h at t e mpt ed t o co nt ribut e t o t he u nder st and ing o f t he pro cess o f a ss ist a nce o f t he re je ct ed c hild, a na lyz ing, fo r t hat reaso n, t he represe nt at io n o f t he po o r child ´s p la ce in so c iet y d ur ing t hat per io d o f t ime, t he me asur es t ake n, a s w e ll a s, t he s ig nific a nc e o f t his o rp ha nage in re lat io n t o t he pro po sa ls o f a ss ist e nce prese nt in t he do cu me nt s at t he o rpha nag e. In examining t he process o f creat ion and the performance o f the As ilo d e No ss a Mã e, t his d is s ert at io n ha s t he o bjet ive t o o bser ve t he a ct io ns o f a ll part ies invo lved in t he de ve lo p me nt o f t he se pro po sa ls o f as s ist a nc e in t he c it y, a s we ll a s t he pr o duct io n o f s peec hes co nc er ning t he as s ist a nc e o f po o r childre n as well as debates about the theme. Thus, the research tried to ana lyze t he re lat io ns hip bet wee n t hese pro po sa ls o f a ss ist a nce a nd cat ho lic e duc at io n a nd t ho se o f libera l a nd no nre lig io u s prac t ic es, de fe nde d by t he re pu blic a ns, p ara lle le d w it h t he init iat ive s o f est a blis h ing w hat is ca lled t he “mo d er n” sc ho o l. Aiming to analyze the pract ices o f assistance a nd e ducat io n inst it ut ed by t he Fra nc is ca n S ist ers o f t he He art o f Mar y w it h t he vis io n o f s hap ing yo u ng g ir ls, t he wo rk t oo k as so urce s t he first int er na l regu lat io n o f t he o rpha nage a nd it s st at ute a nd t he lo ca l pa pers, a s ide fro m ot her do cu me nt s fro m t he inst it ut io n a nd the c it y.

K eyword s: 1. Orpha nag e o f Our Mo t her ; 2. H ist o r y fo r educac io n; 3.

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Sumário

Dedicató ria... ... ... ... vii

Ag rade cimentos... ... ... ... ... ix

Resu mo... ... ... xiii

Abst ra ct... ... ... ...xv

Sumá rio... ...xvii

Figu ra s... ...xix

Int roduçã o... . ... .... ... ..1

Capítulo 1: “Lu ga r onde o pei xe pá ra” O mito do fau sto... ...2 5 Rede s de sabe r e as sist ência. ... ...3 9 Capítulo 2: Sob a so mb ra da “phi lant ro pia” Lág ri ma s de a leg ria: em no me da fé... .... ... 51

Ent re a c ru z e a espada ... .. ...68

A bússo la da in stituição... ... .... ... 84

A assi stên cia e a educaç ão das de sva lida s. ... ... ... 97

Capítulo 3: Po r t rá s dos mu ro s da instituição Do A, B , C à obediência... . ... ...111

Vigiai e o rai!... ... ...119

Simp le s mente mu lhe r... .... ...1 36 Conside raçõ es finai s... ... .... ...143

A rquivo s... ... . ... ...149

B ibliog ra fi a Fonte s... ... . ... ...153

Refe rência s B ibliog rá fica s... ... ... ...155

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Figuras

Figu ra 1: A luna s do Asi lo de No s sa M ãe... . ... .... ...2

Figu ra 2: Rua da Fa mí li a ou B oa M orte... .... ... .. 25

Figu ra 3: T raba lhado re s na lav ou ra de cana -de-açúc a r... ... ...32

Figu ra 4: O Engenh o Cent ra l... .... ... 33

Figu ra 5: E sco la Comp le menta r de Pi ra cicaba e m 1897. .. ... 44

Figu ra 6: M ad re Ce cí lia.. ... .... ... ...51

Figu ra 7: O Asi lo em 18 98... .... ...5 9 Figu ra 8: O Asi lo co m o ane xo e m 1915. ... .... ... 63

Figu ra 9: Frei Lui z M a ria de São Tia go. ... .... ... 72

Figu ra 10: Frei Lui z e s eus a luno s de Ta ubaté .... ... ... .... ... 73

Figu ra 11: Frade s e a luno s em Pi ra cicab a – 1890... . ... ....75

Figu ra 1 2: As p ri mei ra s supe rio ra s ge rais da Cong reg ação da s I rmã s Fran cis cana s do Co raç ão de M ari a ... ... ... ...81

Figu ra 13: A s meninas ap rendendo a co zinh a r... ... ...93

Figu ra 14: Sa la de co stu ra... ... ... ... ...96

Figu ra 15: O As i lo de Nos sa M ãe... .... ...111

Figu ra 16: M eninas do A si lo e m mo mentos de re c rea ção. .. ...115

Figu ra 17: O Co lé gio As su mpção... ... ...127

Figu ra 18: Primei ro g rup o de I rmãs Francis canas do Co raç ão d e M aria a fa ze re m votos pe rpétuo s em 19 21... ... ... ... 145

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Fi g ur a 1 : Al un a s d o Asi l o d e N ossa Mã e

F ont e : La r E scol a C or a çã o d e Ma r i a Nossa Mã e

Que m são es sa s quat ro me n ina s, ret rat adas nu m a mb ie nt e bu có lico , fa ze ndo po se para a fo to , co m o s cabe lo s arru mado s, a lg u ma s co m fra nja s co rt adas e la ço s na c a be ça, d e lica da me nt e arra n jado s d e aco rdo co m a pro po rção da cabe le ir a ? Que re la çõ es e xist e m e nt re e la s ? Que vínc u lo s une m es sa s me n ina s apar e nt e me nt e de ida des d ist int a s , a de ma io r e st at ura, supo st a me nt e a ma is ve lha do quart eto , ao fu ndo , po st ada ao cent ro , a braça ndo -as, e m s ina l d e t erna pro t eção ?

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Co m sua s fe içõ es de lic ada s e e xpre s s õ es que s ugere m a le gr ia, fe lic idad e e t a mbé m u ma d es co nfia nça, t a lvez po r est are m reu nid as d ia nt e de u ma c â mera fo t o gráfica, a s quat ro me nina s pro va ve lme nt e o be dec e m à o rde m do fo tó grafo , que ma nus e ia co m d est reza a máqu ina, pro duz indo u m reg ist ro da vid a e m u ma inst it u iç ão de ass ist ê nc ia , no fina l do sécu lo XIX .

Sapat o s po lido s, s ina l de hig ie ne e ze lo , sug er indo a fo r ma cu idado sa co m q ue e la s era m t rat adas pe la “mã e” e p e la s mest ras. Ve st ido s at é o jo e lho , s ina l de re spe it o e pudo r, preser va ndo a ho nra d as r et rat adas. “Ba bad inho s” de r e nda, mar ca de u ma o cas ião so le ne, impo rt ant e e t a lve z espe c ia l, que de ver ia p er ma ne cer na me mó r ia do s que po st er io r me nt e co nt e mp la s se m a fo t o grafia.

Fe it o o reg ist ro fo to gráfico , era ho ra d e se d es fa zer d as po s es e vo lt ar à vida co t id ia na. Des fa z-s e a fo r mação . Tir a m- se cu idado s a me nt e o s sapat o s e ro upa s e sp ec ia is , p ara não su já - lo s. Fina lme nt e, era per mit ido vo lt ar a co rrer, pular, br inc ar de ba ixo das ár vo res, e m co mpa nh ia da s a mig a s, des frut ando o prazer de est ar e m co nt ato co m a nat urez a. Ou, que m sa be, era c hegado o mo me nt o de vest ir no va me nt e o s t ra je s s imp le s, ca lç ar o s sapat o s ga st o s e mo de st o s e vo lt ar a u ma ro t ina r egrada , so b a vig ilâ nc ia de u m a du lt o .

O fo t ó grafo , cu idado s a me nt e, de s mo nt a a má qu ina, co lo ca-a e m u ma saco la o u so bre o s o mbro s e se ret ira. O te mpo vir a u m d et a lhe, o d ia po de se t o rnar no it e, ma s a fo t o grafia, es sa não se d et er mina a que ho ra s fo i fe it a.

São quat ro “He le na s”, “M ar ia s”, “C le me nt ina s ”, “Ant o nia s” , “Car me ns ”, “I sa bé is ”, “C â nd id as” et c. É u m qu art eto que represe nt a t ant o s o ut ro s. São me n ina s qu e, ao ad e nt rare m e m inst it u içõ e s co mo o As ilo d e No ssa Mãe, são aco nse lhada s po r seu s respo nsá ve is a sere m o bed ie nt e s, co mo o bser va mo s nest e fr ag me nt o de t ext o reco lh ido no â mb it o da inst it u iç ão : “Te nha s cu ida do para não co met er erro e s e ja se mpr e qu er id a

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po r to das as su as super io r es ; o meu id ea l é ver -t e be m edu cada e inst ru íd a e que ne nhu m d esgo st o fa zerá [s ic !] eu p as s ar ne st e mu ndo ”1.

Nest a cart a, end ereç ada à “quer ida filha He le na”, o pa i da me nina, Jo sé de Barro s, apó s ser a ba ndo nado pe la espo s a, se d es cu lpa co m a filh a po r não t er as co nd içõ e s ne ce ss ár ia s par a cu idar d e seu su st ent o e edu caç ão , desd e que su a mãe o s de ixo u .

D ia nt e dest a c ircu nst ânc ia, e le a co lo ca no As ilo de No ss a Mã e, inst it u iç ão fu ndad a e m 1896 e inaug urada e m 18 98 na c id ade de P irac ic a ba, int er io r de São Pau lo , pe lo Fre i Lu iz M ar ia de São T ia go , da Orde m do s Frad es Me no res Capu c hinho s (O FM Cap. ), e d ir ig ida po r D. Ant o nia d e Mac edo , que er a ma dre d a Co ngreg ação d as Ir mã s Fr a nc is ca na s do Co ração de Mar ia e fo ra o rde nada co m o no me de Ma dre C ec ília do Co ração de Mar ia, no fina l da ú lt ima d éca da do sécu lo XIX2.

Jo sé de Barro s, ao de ixar a filha no as ilo , t em a “co nv icç ão que [a me n ina] lu crará nes sa bo a ca sa” , a co nse lha ndo -a a o bedec er à s inst ruçõ e s da madr e e de se ja ndo à filha q ue “qua nd o sa ír es da í s e ja u ma da s int er na s ma is co mpo rt adas qu e a i e st eve int er nad a” . Segu ndo aco nse lha va o pa i, a ma dre ser ia a ú n ica pe sso a co m qu e m e la po der ia co nt ar , a part ir d aque le mo me nt o , já qu e a e spo sa lhe ha v ia a ba ndo nado . O pa i t a mbé m lhe ped ia que

nunca dê desgostos para as Irmãs porque qualquer desgosto que der em qualquer ocasião, constituirá uma grande infelicidade, se tiveres o infortúnio de praticares um ato mal pensado, lembra-te sempre do conselho que vou lhe dar: que um desgosto apenas que fizeres para qualquer pessoa mais velha que ti, que nenhuma concessão será excessiva para reconquistar novamente a boa amizade3.

1

Fragmento de texto de uma carta que está disponível para consulta no arquivo do Lar Escola Coração de Maria Nossa Mãe, datilografada, mas, sem data. O documento encontra-se na íntegra, em anexo.

2

PROVA DOCUMENTAL. Trajetória das irmãs Franciscanas do Coração de Maria, v. 4, p. 86.

3

Fragmento de texto de uma carta que está disponível para consulta no arquivo do Lar Escola Coração de Maria Nossa Mãe, em anexo.

(17)

As s im, o r ie nt ava a f ilha p ara que t ives se cu idado para não co met er ne nhu m erro , de mo do que e la fo s se

(...) sempre querida por todas as suas superiores; o meu ideal é ver-te bem educada e instruída e que nenhum desgosto fazerá [sic!] eu passar neste mundo. Porque eu sofri minha filha, e não quero sofrer mais, porque o meu coração já se acha desfeito em pedaços de tanto sofrimento que tive4.

O as ilo pas sar ia a ser , a part ir daqu e le mo me nt o , a casa des s a me n ina cu ja id ade não no s é po ss íve l pr e c isar . U m lu gar o nde, se gu ndo as o rie nt açõ es de seu pa i, e la po der ia adqu ir ir “o s co n he c ime nt o s” qu e e le e a sua e x- mu lhe r não pudera m “co lo car ao t eu a lca nce”. A madre pa s sar ia a ser s ua t ut ora, educado ra, e xe mp lo e e s pera nç a, para qu e, no fut uro , ela pudes se s er , s egu ndo pre v ia o pr ime iro re g ime nt o do as ilo , u ma bo a mãe d e fa mília po br e, co nce bid a co mo aq ue la mu lher que s a be re a liz ar o s t raba lho s do mést ico s co mo la var, e ngo mar, co z inha r, co st urar, cu idar do s filho s et c.5. Alé m d is so , o pa i a cred it a va qu e a pa s s age m po r es sa inst it u iç ão pude ss e as segurar à filha “u m fut uro che io de fe lic id a de”, se ndo is so o “que t eu a fe iço ado pa i t e dese ja e se mpr e des e jará e nqua nt o e le viver ”.

Exa mina ndo o pro cesso de cr ia ção e at uação d o As ilo d e No ssa Mã e co mo u m e spaço vo lt ado para o reco lhime nt o , ass ist ê nc ia e ed uca ção de “me n ina s ó rfãs e de s va lida s”, est a d is ser t ação se pro p õ e a o bser var a ação do s su je it o s e nvo lvido s no de se nvo lv i me nt o das pro po st as as s ist e nc ia is na c idade de P ir ac ic a ba, int er io r de São Pau lo . Alé m d is so , pret ende a na lis ar a pro dução de disc urso s ac erca da a s s ist ê nc ia à cr ia nça po bre e o s de bat es so bre a t e mát ica, no per ío do co mpree nd ido ent re 1896, a no da fu ndaç ão d a inst it u iç ão , e o in íc io do sécu lo X X.

A pe squ is a bu sco u, t a mbé m, a na lis ar co mo s e d a va m a s re la çõ e s e nt re as pro po st as de a s s ist ê nc ia e edu c ação cat ó lic a e aq ue la s d e cu nho

4

Ibid.

5

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liber a l e la ico , de fe nd ida s p e lo s r epu blica no s, e m para le lo à s in ic iat iva s vo lt ada s para a imp la nt a ção da cha mad a e sco la mo der na.

Co m bas e no s do cu me nt o s pro duzido s pela inst it u iç ão , pro cur o u-se ac larar o s mo do s co mo u ma inst it u iç ão cató lic a que re co lhia me n ina s po bre s rea liza va u m t ra ba lho a s s ist e nc ia l e educ a t ivo no se io de u ma so c iedad e e m que o s d e bat es po lít ico s, o de se nvo lv ime nt o eco nô mico e a s qu est õ es lig ada s à vid a so c ia l e c u lt ura l co meç a va m a ga nhar impo rt ânc ia. É ne st e co nt ext o que inic iat iva s co mo a do as ilo e m e st udo ganha m re le vo , so bret udo qua ndo se t e m pres e nt e que a lgu mas de la s era m cap it a ne ada s o u apo iad as pe la s e lit e s do mu n ic íp io , e nga ja das e m co nt r ibu ir para a inst ruç ão da po pu la ção po bre.

As s im, para a lé m do e xa me do s d is c urso s repu blic a no s e re lig io so s acerc a da edu caç ão e da id e nt ific açã o do s d is po s it ivo s d is c ip linar e s ut iliz ado s pe lo a s ilo , ju lgo u-se re le va nt e pro curar ana lis ar co mo s e co nst it u ía a as s ist ê nc ia e a educ ação da s “me n ina s de s va lid a s” na c idad e d e P ira c ica ba, po r me io de sua s inst it u içõ es de a ss ist ê nc ia. B us co u-se, de st a ma ne ira, co nt r ibu ir para a co mpree nsão do pro cesso de ass ist ê nc ia à cr ia nç a po bre, e nt re o fina l do sécu lo XIX e o s prime iro s a no s do XX. Ta l inve st ime nt o pro curo u co nt ribu ir para a a ná lis e da s rep re se nt açõ es do lu gar das cr ia nça s po br es na so c ied ade do per ío do , as q ua is , no â mb it o d a inst it u iç ão e m e st udo , dever ia m ser mo ra liz ada s, edu cad as, d is c ip linad as e hig ie n iz ada s p ara ser e m mã es de fa mília s po bre s. Ass im, u m do s o bjet ivo s da pesqu is a fo i o de id e nt ific ar as açõ es e xpre s sa s no s do cu me nt o s do as ilo , be m co mo o s ig nific ado dest e reco lhime n to em re la ção co m a s pro po st as de as s ist ê nc ia.

No per ío do e m e st udo , o t ermo ó rfã s pare ce não s e re fer ir e xc lu s iva me nt e às me nina s que t inha m u m do s pa is o u a mbo s fa le c ido s. Apro xima-s e, ne ss e se nt ido , do t ermo de s va lid as, q ue re met e àque la s qu e pert enc ia m a fa mília s d e ba ixo po der aqu is it ivo . Sa be- se que a s fa mília s

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co ns id erad as de s va lida s, pe lo s eu e st ado de po breza, era m co lo cada s à marg e m d a so c ied ade (B AST OS, 200 5, p. 101). As s im, e nt e nd e-se qu e me n ina de s va lida no per ío do era s ino nímia d e me nina po bre, co m t ot a l ausê nc ia d e recurso s fina nce iro s o u de a lg ué m qu e pude s se lhe “g ara nt ir u m va lime nt o ” (SCHUELER, 2001, p. 162).

Ao e st udar as repre se nt açõ es da cr ia nç a ó r fã e m Lo ndre s no fina l do sécu lo XIX, re la c io na ndo -as co m a Le i do s po bres, inst it u íd a no me s mo per ío do , Lyd ia Murdo ch (20 06) o bs er vo u que a s cr ia nça s po bre s qu e viv ia m e m inst it u içõ e s de as s ist ê nc ia, e m bo ra fo s se m co nhec id as co mo ó rfã s, est a va m fir me me nt e liga da s às su as fa mília s. E s sa s cr ia nça s, freqü e nt e me nt e, apó s est ad ia s t e mpo rár ias na s inst it u içõ e s, era m de vo lv id a s às sua s fa mília s. Alé m d is so , segu nd o a auto ra, o s pa is co mu me nt e vis it a va m e ssa s cr ia nça s inst it uc io na liz ad as co mo ó rfã s.

Lap a (2008), e m seu est udo so bre a cr ia nça po bre na c id ade d e Ca mp ina s, e m fins do sécu lo XIX, ad vert e que, qua ndo pro cura mo s e nt e nde r que m era m e ss es ó r fão s, no per ío do , no s de fro nt a mo s co m cr ia nça s qu e era m supo st a me nt e po bre s, que per a mbu la va m pe la s ru as e , a inda, a s qu e caus a va m de so rde ns na c idad e, co mo v idraç as que br a da s, c ha far ize s depreda do s, et c. (p.98). Alé m d is so , segu ndo o aut o r, ha via aqu e le s ó r fão s que est a va m so b o a mp aro de parent es, e m a s ilo s, cu idado s po r fila nt ro po s o u so b “cur ado r ia e t ut e lag e m le g it imado s pe la ju st iça” (2008, p.96).

Para o s pro pó sit o s dest a pesqu is a, o t e mp o da infâ nc ia s erá pe nsado de aco rdo co m a s re ferê nc ia s pre se nt e s no est at uto do as ilo , e m seu s egu ndo art igo , que dest aca: a ad mis s ão das a lu nas não po derá ser infer io r a 5 e super io r a 15 a no s de id ade. Re co rrend o ao s est udo s de Go ndra (2 004), dest aca mo s que o co nce it o de infâ n c ia po bre era no “vo ca bu lá r io o it o cent ist a e xt e nso e var ia do ” (p. 125 ). Nes se se nt ido , dest aca Va ld e z (2006) que, no â mb it o do s d is cur so s méd ico - hig ie n ist as, po lít ico s, re lig io so s e jur íd ico s, a s cr ia nç as po bres figur a va m co mo : “p er igo so s,

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ig no ra nt es, de sca lido s, infe lize s d a s o rt e, desprot eg ido s, de serda do s, a ba ndo nado s, de sa mp arado s, mis erá ve is, po bres, ino ce nt e s, e nje it ado s” ( p. 18).

Segu ndo o s est udo s de Car li (2003), q ue s e d e bruça m so bre a s t rans fo r ma çõ es do s d is curso s ac erca da e ducaç ão da infâ nc ia na Arg e nt ina e nt re 1880 e 19 55, es sa s mu da nç as se caract er iza m po r t erem u m fo rt e reg ist ro met a fó r ico ao a bo rdar a qu est ão da cr ia nça co mo su je it o . Pro jet a ndo -se so br e as t rans fo r maçõ es da so c ied ade e m su a tot a lida de, es s e de bat e no s ind ic a, s egu ndo a a ut o ra, uma art icu la ção co m a e merg ê nc ia do ima g inár io so c ia l a cerc a das no va s geraç õ es. As s im, de aco rdo co m Car l i (2003), a pro dução do s sa bere s so bre a s cr ia nça s s ão , t ant o no t erreno da educa ção co mo no s o utro s, uma po s s ibilid ade p ara a co nfig uração do d iscur so so bre a infâ nc ia.

Va lde z (2006), ao e st udar as r epre se nt açõ es d a in fâ nc ia6 na s pro po st as peda gó g ic as do mé d ico ba ia no Abílio Cés ar Bo rge s – o Bar ão de Mac a hu bas -, pro priet ár io e d iret o r de co lég io s n a Ba h ia, M ina s Gera is e R io d e Ja ne iro e me mbro de e nt ida de s c ie nt ífic a s e fila nt ró p ica s, de st ac a que, no Bra s il, a aç ão “fila nt ró p ica libera l- ilust rada ” se co nst ru iu e m me ado s do sé cu lo XIX qua ndo , se g undo a aut o ra, a “gera ção da ind epe ndê nc ia co meço u a co nst ru ir o Es t ado Nac io na l”. Para a aut o ra, a fila nt ro p ia prat ic ada no sé cu lo XIX era u ma es péc ie d e “r espo st a as s ist e nc ia list a p ara o s pro ble ma s d a po brez a, po is co m ba se e m co nhe c ime nt o s c ie nt ífico s vis a va me lh o r adapt ação do s ind iv íduo s à so c iedad e at ravé s de int er ve nçõ es do Est ado e part icu lar es ” (p. 34).

Ku h lma nn Jr. (1998) de st aca qu e a fila n t ro pia é a co o rdenação d a as s ist ê nc ia fe it a de fo r ma ra c io na l, e m co nt rapo nto à car ida de que s e

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“A palavra infante e demais cognatos em sua origem latina e nas daí derivadas, recobrem um campo semântico estreitamente ligado à idéia de ausência de fala. Esta noção de infância como qualidade ou estado do infante, isto é, daquele que não fala, constrói-se a partir de prefixos e radicais lingüísticos que compõem a palavra: in = prefixo que significa negação; fante = particípio do presente do verbo latino fari, que significa, falar, dizer” (CRUDO, 2005, p. 16 apud LAJOLO, 1977, p. 225).

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caract er iza pe la s e ns ib ilida de d e seu s prat ica nt es. P ara o aut o r, a fila nt ro p ia, ne ss e s e nt ido , to rna -se u ma p rát ica qu e ise nt a o Est ado de sua s o br ig açõ es e, para le la me nt e, fo rt a le ce a “at uação de e nt idad es pr ivad as, de fe nde ndo u m at end ime nt o fr ac io ná r io e m mú lt ip la s inst it u içõ es ” (KU HLM AN N J R., 1991, p. 24). Segund o Ku hlma nn Jr. (1991), ao Est ado , nes sa co nju nt ura, era at r ibu ído o pape l de super viso r e su bs id iá r io de st as e nt idad es.

A a ná lis e do t raba lho de se nvo lv ido no â mb it o d o As ilo de No s sa Mãe le vo u- no s a int erro gar, dir et a o u ind iret a me nt e, acer ca do pape l at ribu ído hist o r ic a me nt e à mu lher na so c iedade e su as r e laçõ es no co t id ia no c it ad ino e, e m part icu lar , na c id ade d e P irac ic a ba. Para is so , de ve-s e e nt end er que fo i nece s sár io lidar co m o co nce it o de e xc lu s ão , po is gra nd e part e das de scr içõ e s so br e a vid a e a s aç õ es das me n ina s de s va lid a s, t ant o e m â mb it o pr ivado qua nt o no pú blico , fo ra m e la bo rada s po r ho me ns o u, e m a lgu ns ca so s, po r mu lhere s qu e det inha m a s imp at ia d as e lit e s so c ia is , po lít ica s e eco nô mica s da c ida de. Afir ma ção que fic a c lara qua ndo se a na lis a m o s per ió d ico s da c id ade, e m es pec ia l o jo r na l Ga zeta d e Pir acica ba e, ind ir et a me nt e, seus po rt a -vo zes.

O e xa me d as pro po st as repu blica na s p ara a edu caç ão fe min in a per mit iu o bser var q ue e la s era m mar c adas po r u m c arát er e xc lud e nt e, e xpres so dent re o utras fo r ma s pe la d ifere nça e nt re o ens ino que er a min ist rado ao s ho me ns e aque le que e ra min ist rado à s mu lhere s. Est a d iscre pâ nc ia não se car act er iza va p e la supo st a marg ina liza ção dest a s ú lt ima s, no qu e t a nge ao seu a ce sso ao e ns ino . A d ifere nça est á no co nt eúdo do que era ens inado e no t ipo de ser que pro curava fo r mar (OLIVEIR A, 1995, p.29) .

V ia nna (2 001/02) no s a lert a so br e a s pe sq u isa s qu e ins ist e m e m u ma “es fer a perpa s sad a qua se e xc lu s iva me nt e po r d ifer e nça s de c la s se,

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desco ns id era ndo d ime nsõ es co mo gê nero , geração e et nia/r aça ” (p.81)7. So bre o s cu idado s no s uso s e o s a bu so s do gênero , ess e co nc e it o , segu ndo as s iná- la a a ut o ra,

têm em comum a afirmativa da construção social das distinções sexuais como forma de resgatar a produção cultural e histórica das diferenças sexuais e das relações entre homens e mulheres. A busca seria por superar o determinismo biológico, o qual, baseado apenas nas diferenças de sexo e reforçado por argumentações provenientes da medicina e das ciências biológicas, tenta justificar a caracterização de mulheres e homens como seres qualitativamente distintos. Na educação, o determinismo biológico ainda se faz presente nos trabalhos que mencionam a presença feminina sem explorar as relações de gênero (VIANNA, 2001/02, p.81).

Para Sco t t (1995) o “u so do gê nero só s e re fer e ao s do mín io s – t a nt o est rut urais qua nt o id eo ló g ico s – que imp lic a m e m r e laçõ es e nt re o s se xo s ” (p.1). As s im o co nce it o gê nero é a sso c ia d o ao est udo das co isa s re la t iva s à s mu lhe re s. Ma s, para a aut o ra , o “gê nero é u m no vo t e ma, no vo ca mpo de pesqu isa s hist ó r ica s, mas e le não t e m a fo rça de a ná lis e su fic ie nt e par a int erro gar (e mu dar) o s parad ig ma s hist ó rico s exist e nt e s” (1995, p.3).

Co mo se pô de aver igu ar no s do cu me nt os que se co nst it u ír a m e m fo nt es p ara e st a invest igaç ão , a inst it uc io na liza ção de me nina s d es va lid a s fa z ia co m qu e a inst it u iç ão as ilar s e co nso lida s se co mo u m e spa ço

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Para Scott (1995), a ladainha ‘classe, raça e gênero’ pressupõe uma paridade entre os três termos que, não existe. Enquanto a categoria de ‘classe’ está baseada na complexa teoria de Marx (e seus desenvolvimentos posteriores) sobre a determinação econômica e a mudança histórica, as categorias de ‘raça’ e ‘gênero’ não veiculam tais associações. Para a autora, não há unanimidade entre os(as) que utilizam os conceitos de classe. Assim, de acordo com Scott (1995), alguns(mas) pesquisadores(as) utilizam as noções de Weber, outros(as) utilizam a classe como uma fórmula heurística temporária. Para a autora, quando mencionamos a ‘classe’, trabalhamos com ou contra uma série de definições que, no caso do marxismo, impliquem uma idéia de causalidade econômica e numa visão do caminho pelo qual a história avançou dialeticamente. Não existe esse tipo de clareza ou coerência nem para a categoria de ‘raça’ nem para a de ‘gênero’. No caso de ‘gênero’, o seu uso comporta um elenco tanto de posições teóricas, quanto de simples referências descritivas às relações entre os sexos (1995, p.2).

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co nst ru ído para u ma re spo st a ao s pro ble ma s so c ia is. No ca so dest e e st udo , t rat a-se do reco lhime nt o de me n ina s qu e, supo st a me nt e, “pera mbu la va m” pe la s ruas da c idad e o u me nina s cu jo s co mpo rt a me nt o s vir ia m a p ert urbar a o rde m o u, a ind a, est ar ia m e m s it u açõ es co nt rár ias às de fe nd id a s pe lo s id ea is mo der niz ado res, pro pa lado s pe la s e lit es do per ío do . Co mo se po de no t ar, o d isc urso vig e nt e, est a mpado nas pá g ina s do jo rna l Ga zet a de P ira c ica ba, era o de qu e, po r me io d a edu caç ão , o mu nic íp io e st ar ia preparado para o s no vo s t e mpo s e, p r inc ip a lme nt e, ap agar-s e- ia m d a me mó r ia a s le mbra nças do per ío do imp er ia l br as ile iro , co ns iderado po r art icu list a s do jo rna l co mo at rasado e decade nt e.

Para Bre sc ia n i (199 5), es sa s e lit e s não po der ia m ser co ns idera da s co mo u m grupo ho mo gê neo , po is er a co mpo st o po r liber a is que de fe nd ia m u m po der fe derat ivo e po r po s it iv ist a s, que d es e ja va m u m po der ma is ce nt ra liz ado r. Co mo le mbra a aut o ra, e nt ret ant o, ambo s d e fe nd ia m u m pro jet o republica no que co mbat er ia o atraso causa do pe lo per ío do mo nárqu ico bra s ile iro .

Po de-se a fir mar que as e lit es r epu blic a na s do mu nic íp io d e P ira c ica ba d es e ja va m u ma mud a nça no “c e nár io po lít ico bra s ile iro ” (R AFAET A, 2008, p. 44), a lé m d e u ma educ ação que fo ss e d ife re nt e daque la est a be le c id a dura nt e o Impér io , p o is ne ss e per ío do ,

posicionar-se contra o regime político em vigor significava também desconstruir aquilo que ele simbolicamente representava. Sua forma política, sua organização econômica, sua cultura com traços notadamente europeus, sua estreita ligação com a Igreja Católica, sua organização escolar. Inconformados com o governo imperial que continuava apoiando e fazendo-se apoiar nos grandes latifundiários, os quais se viam contemplados com títulos de nobreza e demais privilégios por sua fidelidade ao monarca, como participação ativa no cenário político, por exemplo, os membros do Partido Republicano desejavam uma nova forma de governo (RAFAETA, 2008, p.44).

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Est a d is sert ação est á paut ada e m fo nt e s hist ó r ic as do acer vo da s Ir mã s Fra nc is c a na s do Co ração de M ar ia, o nde est ão co mp ilado s o s do cu me nt o s so bre a inst it u iç ão cató lica As ilo de No ss a Mã e8.

V isa ndo co mpre e nder a s pro po st as de ass ist ê nc ia e edu caç ão imp la nt ad as no â mb it o do as ilo , fo ra m a na lis ado s o regime nt o int erno da inst it u iç ão e o seu est at uto . Esses do cu me nt o s co nst it ue m-s e e m impo rt ant es fo nt es q ue p er mit ir a m pro ble mat iz ar as pro po st as do as ilo e pe ns ar co mo est as me nina s era m reco lhid as , a s s ist ida s e e duc ada s. A a ná lis e de st as fo nt es no s per mit iu e nt ende r que

os materiais documentos obedecem também a processos de construção onde se investem conceitos e obsessões dos seus produtores e onde se estabelecem as regras da escrita própria do gênero de que emana o texto. São essas categorias de pensamento e esses princípios de escrita que é necessário atualizar antes de qualquer leitura positiva do documento (CHARTIER, 1988, p. 63). E st as fo nt es t a mbé m po s s ib ilit ara m pe ns ar co mo se deu a in ic iat iva de co nst it u ição de ss a inst it u iç ão e a qu e m e la era de st inad a, per mit indo o bser var a s ra zõ es q ue ju st ific ara m a cr iação de u m as ilo c at ó lico vo lt ado para o o bjet ivo de o fere cer a ss ist ê nc ia e educ aç ão a me nina s ó r fã s e des va lida s da c id ade.

Po r ser o As ilo de No s sa Mã e u ma inst it u ição cat ó lic a vinc u la da à Orde m do s Frad es Ca puc hin ho s M e no res e à s Ir mã s Fra nc is ca na s do Co ração de Mar ia, braço le igo da Igre ja , as fo nt es a na lis a da s per mit ira m pe ns ar de q ue ma ne ira a inst it u iç ão de fe nd ia a qu est ão da a ss ist ê nc ia e qu a l a sua at uação e m r e laç ão à po pulação po bre do mu nic íp io .

Mu it o s do s de bat es e o p in iõ e s acerc a d a as s ist ê nc ia à cr ia nça po br e era m ve icu lado s pe lo s per ió d ico s da c id ad e de P ir ac ic a ba. A ss im, pro curo

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Tais fontes encontram-se no mesmo prédio do asilo, que atualmente recebe o nome de Lar Escola do Coração de Maria, na cidade de Piracicaba.

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se es c lare cer qu e m e s sa impr e ns a repr es e nt a va e, a lé m d is so , pe nsar co mo se da va m a s re la çõ es e nt re e st e ve ícu lo d e info r maçõ es e a Igre ja Cat ó lica , be m co mo a s imp lic açõ es do s de bat es e nt re o s repu b lica no s e o s represe nt a nt es da Sa nt a Sé .

É nec es sár io o bs er var que, no cas o das fo nt es hist ó r ic a s pert enc e nt es ao arqu ivo d a inst it u iç ão , trat a -se de do cu me nt o s que fo ra m se le c io na do s pe lo s d ir ige nt e s do Lar Esc o la Co ração de M ar ia No s sa Mãe , at ua l no me do as ilo , no ano de 1992, qua ndo se in ic iara m a s pe squ is a s par a o pro cesso de ca no niz a ção da M adre Cec ília . Ta is do cu me nt o s est ão co mp ilado s e m q uat ro vo lu me s co m o t ít ulo Pro va Do cu me nt a l (t ra jet ó ria das Ir mãs Fra nc is ca na s do Co ração de Mar ia). Ent ret ant o , o s do cume nt o s o rig ina is est ão e m u m arqu ivo lo ca liz ado na c idad e de Ca mp ina s, no Co lég io Ave M ar ia9.

Na a ná lis e de s sa do cu me nt aç ão , fo i imp o rt ant e co ns id erar o a lert a de Cert eau (2002),

o estudo histórico está muito mais ligado ao complexo de uma fabricação específica e coletiva do que ao estatuto de efeito de uma filosofia pessoal ou à ressurgência de uma “realidade” passada. É o produto de um lugar (p. 73).

O lug ar de pro dução dessa s fo nt es se c aract er iza, nes se se nt ido , co mo o pro duto de int eres se s da inst it u iç ã o (CERTEAU, 2002, p. 73). Esse s t ext o s são de int ere s se d a pró pr ia inst it u iç ão que q uer t rans mit ir u ma ima ge m de s i par a a co nst rução de u ma me mó r ia ; t rat a -se ent ão de u m “co nt eúdo co nt ro lado ” (LEON ARDI, 2008 , p. 25).

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O Colégio Ave Maria, antigo Externato Ave Maria de Campinas foi fundado em 2 de julho de 1930 pelas Irmãs Franciscanas do Coração de Maria e abrigou também a Sede Geral e o Noviciado. Cf. Pedroso (1996). Além destes documentos, foram encontrados testemunhos pessoais de milagres que endossam a tramitação do processo canônico e, portanto, não fazem parte desta investigação, por se tratar de questões de ordem “espiritual”, das crenças dos religiosos membros da instituição.

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A re u nião des sa do cu me nt ação le va - no s a pe nsar, de a co rdo co m Cert eau (2002), que “t o da a pe squ is a hist o rio grá fic a se art icu la co m o lug ar de pro dução só cio -eco nô mico , po lít ico e cu lt ura l” (p. 66). Ass im, de ve mo s pro ceder à cr ít ica do cu me nt a l, le va ndo e m co nt a o lugar e m qu e fo i pro duz ido e o co nju nt o de prát ica s inst aurada s pe lo s su je it o s e nvo lvido s co m es sa s fo nt es.

Co mo no s ind ic a Le Go ff (1 996), de ve mo s co ns iderar o do cu me nt o hist ó r ico co mo a lgo que

fica por conta do passado, ele é fruto de um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder. Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa (p. 545). No t rat a me nt o das d ifere nt es fo nt es, de ve -se t er prese nt e que “t o do do cu me nt o é mo nu me nt o ” (Le Go ff, 19 92, p.30), dessa fo r ma e le não é neut ro, deve ndo , e nqua nt o mo nu me nt o , ser “a lvo de cr ít ic as do t raba lho hist ó r ico ” (19 92, p.545). É nec es sár io in t erro gar, ne ss e se nt ido , que m são o s aut o res de det er minado do cu me nt o e qua is era m seu s d est inat ár io s, e mbo ra a do cu me nt ação do as ilo t enha s ido pro duz ida co m o o bjet ivo d e reg ist rar sua o rganiz aç ão e suas prát ic a s , e la fo i prep arada vis a ndo u m pro cesso de ca no niza ção . Na a ná lis e do s d e ma is arqu ivo s, co mo o s jo r na is e at as da Câ mara de V ereado res, d e ve- se e st ar at ent o ao s int ere ss es po lít ico s e eco nô mico s d as e lit es d a c idad e.

Out ra fo nt e que faz part e des se ac ervo é o reg ime nt o da Co ngreg ação da s Ir mã s Fra nc is ca nas do Co ração de Mar ia, qu e no s po ss ib ilit o u e nt e nder a fo r ma ção da s Ir mã s e me st ras qu e pre st a va m as s ist ê nc ia à s me nina s de s va lid as. E ss a do cu me nt aç ão t ambé m po de no s o fere cer in fo r maçõ e s so bre co mo a ma dre pe ns a va a a ss ist ê nc ia de s sa s me n ina s e co mo ju st ifica va a mis são fila n t ró pica do as ilo .

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Fo ra m co nser vado s p e la inst it u ição e e mp regado s co mo fo nt es de st a d iss ert ação o s livro s d e mat r ícu la da s me nina s re co lhid as d esd e o iníc io d a s at iv idad es do as ilo e m 18 98. Est es do c u me nt o s no s ind ic a m as dat as d e e nt rada e sa íd a d as de s va lid a s, que m a s c o lo co u no as ilo e q ue m as ret ir o u do me s mo , be m co mo o s mo t ivo s d e s ua sa íd a da inst it u ição . A lé m de ss e s livro s, fo i po s s íve l e xa mina r a s at as o rig ina is, que co nt ê m o est at uto o fic ia l da inst it u iç ão e re lat a m o s as su nt o s t rat ado s e m su as pr ime ira s reu niõ e s, o pro cesso de imp la nt ação do as ilo , be m co mo o s su je it o s e nvo lv ido s e m su a e xecu ção . Ess es do cu me nt o s se co nst it u íra m t a mbé m e m fo nt es p ara a inve st igaç ão .

Qua nt o às cart as co nser vada s no s arq u ivo s d a inst it u iç ão , do fu nd ado r do as ilo , Fr e i Lu iz Mar ia de São Tiago , e da Madre Ce c ília , escr it as p ara s eu s su bo rd inado s e au xiliares , o bser vo u-se o seg u int e: só est a va m arqu ivada s a s cart as qu e t inha m e m se u co nt eúdo inst ruçõ es pes so a is, a s qu a is ince nt iva va m seu s au x iliar es a se d ed ic are m int e ns a me nt e à vid a re lig io sa e e sp ir it ua l.

Opera-s e co m u ma qua nt id ade redu z ida , ma s não s e m impo rt ânc ia , de fo nt es re la c io nad as às me n ina s qu e era m re co lhida s na inst it u ição . Co mo no s le mbra Perro t (1988), “a car ê nc ia de fo nt es d iret as lig ada s a es s a me d iaç ão perpét ua e ind is cret a, co nst it u i u m t re me ndo me io d e o cu lt a me nt o ” (p. 186) .

As fo nt es pe squ is ad as no Lar E s c o la Co ração de Mar ia po ss ib ilit ar a m pe nsar o s mét o do s ut iliz ad o s pe la inst it u iç ão na a s s ist ê nc ia e educa ção das “me n ina s ó rfãs ” e, ao mes mo t empo , o fere cera m ind íc io s par a pe ns ar co mo se co nst it u ía a “mis s ão ” fila nt ró pica do as ilo .

Alé m da s fo nt es da inst it u ição , est a p esqu is a reco rreu a o ut ro s do cu me nt o s que po der ia m co nt r ibu ir par a a a mp lia ção do est udo , co m o o bjet ivo de ent e nder a re la ção do as ilo c o m a c id ade de P irac ic a ba. De nt re es se s, e st ão o s que pert e nc e m ao s arqu ivo s da Câ mar a Mu nic ipa l, cu ja

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do cu me nt aç ão t ro uxe ind íc io s da s su p o st as d ific u ldad es que o as ilo e nfre nt a va, pr inc ipa lme nt e no que d iz respe it o ao aspect o fina nc e iro , o bser vada s po r me io da s p et içõ es de a juda e nv iad as pe la Madre C ec ília , d iret o ra da inst it u iç ão no fim do sécu lo XIX e in íc io do sécu lo XX . Dest acar a m- se nes sa do cu me nt aç ão c inc o negat ivas d a Câ mara re fere nt e s ao s ape lo s da madre e m fa vo r d a ca sa as s ist e nc ia l, qu e no s a jud a m a pe ns ar co mo o Munic íp io se co mpo rt a va e m re la ção ao t raba lho a ss ist e nc ia l e, de mo do esp ec ífico , e m re la ção ao traba lho dese nvo lv ido pe lo As ilo de No s s a Mãe.

No Inst it uto Hist ó rico e Geo grá fico de P ira c ica ba ( IHGP), fo ra m pesqu isa do s o s jo r na is , Ga zeta de Pi raci caba e o Jorn al de Pi raci caba , o s qua is o ferec e m e le me nt o s para e sc lar ecer co mo era pe nsad a pe la s e lit e s d a c idade a a s s ist ê nc ia e educ ação co nfes s io na l c at ó lic a e o s aspe ct o s e nvo lvido s no s d e bat es q ue o co rria m no mu nic íp io e m t o rno da “in fâ nc ia des va lida ”.

A Ga zeta t eve o seu pr ime iro nú mero pu blic ado e m 11 de ju nho d e 1882. E ra u m jo r na l co mpo st o , e m g era l, po r quat ro pág inas e su a c ir cu la ção se d a va t o das as t erça s, q u int as e sá bado s , não ha ve ndo pub lica ção no s d ia s sa nt ific ado s (R AFAET A, 2008, p. 13). Pert enc ia in ic ia lme nt e ao repu bl ic a no V ict a lia no Ferra z do Amar a l, pas sa ndo a pert enc er , e m segu id a, ao redat o r Jo aqu im Bo rges d a C u nha , qu e a s su miu o co mpro mis so ju nt o à po pu la ção de ma nt ê - lo “no níve l da imp arc ia lid ad e”, t endo “e m v ist a o be m p ú blico e lo ca l, de aco rdo co m o s pr inc íp io s do po der”. Co mpro met ia-se t a mbé m e m ma nt er su as pág ina s “fra nca s a t o do aque le qu e, e m lingu age m co med id a e co rret a”, qu ise s se “t razer à lu z d a pub lic id ade art igo s de ut ilid ade pú blic a ”10.

10

GAZETA DE PIRACICABA, 19/06/1889, capa. Os exemplares originais do jornal Gazeta de Piracicaba encontram-se no Arquivo do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba).

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Ent ende mo s, nest a d is sert ação , que me s mo pro met e ndo ser imp arc ia l o jo rna l Ga zeta d e Pi raci caba segu ia a t e ndê nc ia de at end er a o s int ere ss e s de u ma p arce la da s e lit e s let rada s e re pub lica nas, po is se d ec lara va u m ó rgão republic a no já na s pr ime ira s pág ina s de se us e xe mp lar es.

O Jor nal de Pi racic aba surg iu no ú lt imo a no do sécu lo XIX, “e m u m t empo e m qu e a c idad e er a co nhe c ida co mo a ‘At e nas pau list a ’, de vido à sua pro je ção no ce nár io da s art es e ao seu a va nç ado dese nvo lv ime nt o no ca mpo da educa ção ” (P OLACO W e MEN DEZ, 2007, p. 03).

Seu pr ime iro e xe mp lar fo i pu blic ado e m 4 de ago st o de 1900, se ndo in ic ia lme nt e lidera do pe lo e nge nhe iro Ma no e l Bu arque de M acedo . Po st erio r me nt e, segu ndo Po laco w e Me n dez (20 07), no fina l do s a no s 30, ma is e spe c ific a me nt e e m 19 de março de 1939, fo i ve nd ido à fir ma J. R. Lo sso & C ia., de pro pr ied ade de Jo sé Ro s ár io Lo sso , co mer c ia nt e, e de seu s filho s Eugê nio Lu iz Lo sso , p int o r, e Fo rt unat o Lo sso Netto , méd ico (p. 3).

Pro curo u-se co ns iderar, ne ss e ca so , o s dis cur so s e xpre sso s ne s se s jo r na is co mo po rt ado res de idé ia s que po s su ía m o seu lado de ver dad e mu it o part icu lar , no qua l “su a e spe c ific id ade re s id e no fat o de que e la se e xpres s a e m do is ca mpo s: nas in fo r ma çõ es ( no t íc ias) e nas idé ias (co nt ida s no s ed it o r ia is e art igo s)” (C APELATO, 20 03, p.147) . Po r me io d a a ná lis e des se s per ió d ico s, bus co u -se co nt e xt ua liz ar o s aco nt ec ime nt o s narrado s re fer e nt es à s o co rrênc ia s da c id ade, e re lac io ná- lo s co m a at uação do as ilo co mo u m “age nt e at ivo ” no dese nvo lv ime nt o urba no do mu nic íp io .

A inst it u iç ão a na lis ad a d is põ e de u m pe que no acer vo fo t o gráfico , que reco bre o per ío do est udado , po dendo ser ut iliz ado para u ma a ná lis e d a s at iv idad es educ at iva s e e ve nt o s so c ia is que a l i t ivera m lu gar. Segu ndo Ko s so y (2000),

quando apreciamos determinadas fotografias nos vemos, mergulhando em seu conteúdo e imaginando a trama dos fatos e as circunstâncias que envolveram o assunto ou a própria representação

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(o documento fotográfico) no contexto em que foi produzido: trata-se de um exercício mental de reconstituição quatrata-se que intuitivo (p. 132).

Alg u ma s fo t o grafia s lo c a liz ada s no ac er vo do Lar Esco la Co ração de Mar ia reg ist ra m a s me nina s e m pro cis sõ es d e co me mo r açõ es de d ia s sa nt o s; e ve nt o s pú blico s e m qu e a s me n inas do as ilo era m apre se nt ada s à so c iedad e. Est as cer imô n ia s pú blica s represe nt a va m a s re laçõ es qu e e xist ia m e nt re as me n ina s do as ilo e a c idade de P irac ic a ba. Co mo no s ind ic a C hart ier (1988), “a s cer imô nia s púb lica s não represe nt a m ap e na s, ma s t a mbé m co nst ro em a s re laçõ e s e nt re o s gr upo s so cia is e o Est ado ” ( p. 221). As s im, a s me nina s do as ilo , ao part ic ip are m de st as p ro c is sõ es, est ar ia m est a be le ce ndo u m d iá lo go ent re a inst it u ição e a so c ied ade do mu nic íp io .

Aind a e m re la ção ao uso de ima ge ns fo t o gráfic a s, O live ir a (2009 ) dest aca qu e:

As imagens visuais não têm o mesmo estatuto do texto escrito, mas é necessário observá-las como um diferente, como um interlocutor privilegiado do texto escrito, compartilhado no texto cultural, com suas especificidades materiais e formais e história própria. Muitas pesquisas na área da História têm avançado nesse campo, elaborando o que poderíamos chamar de uma história da visualidade. Na História da Educação, as imagens têm sido utilizadas na maioria das vezes como um apoio para a comprovação de um texto escrito (p.2).

Nes sa pe squ is a, pro curo u-se ut iliz ar as ima ge ns na int er lo c ução e nt re as dua s co ncep çõ es e xpo st as p e la aut o ra , o u se ja, co mo u m int er lo cut o r priv ileg ia do e co mo u m ap o io para a co mpr ee nsão do t exto escr it o .

E m su ma, po r me io de ss as fo nt es, est a d is sert ação t em co mo u m do s seu s o bjet ivo s “mer gu lhar para a pree nd er as pers pe ct ivas ” (F OUC AU LT , 1982, p.29), ext ra indo o má ximo po s s ív e l que a do cu me nt aç ão po de no s

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o fere cer e não u ma e xp lica ção unívo ca, aca bad a e ú lt ima, vis a ndo ac lar ar o mo do co mo me nina s ó r fã s e d es va lid as era m re co lhida s, a s s ist ida s e educa da s, be m co mo a pro po st a de educ ação des sa inst it u iç ão cat ó lic a de as s ist ê nc ia.

No prime iro cap ít u lo , int ere sso u- no s pe nsar a c id ade, a at uação do s su je it o s e nvo lv ido s co m o mu nic íp io e suas re la çõ es po lít ica s, s o c ia is , cu lt ura is e e co nô mic a s co m o s pro ble ma s apre se nt ado s no co t id ia no . Pro curo u-se, ne ss e se nt ido , ide nt ific ar o que se e sper a va co m a cr ia ção do As ilo d e No ss a Mã e, e m su as re laçõ es co m a c id ade , no que t ang e ao aspe ct o so cia l e r e lig io so e as art icu la çõ es d est a inst it u iç ão co m a s o ut ras inst it u içõ e s qu e co mu nga v a m d e se me lh a nt e “mis são ”: a a ss ist ê nc ia e a educa ção de cr ia nç as de s va lida s.

No segu ndo cap ít u lo , pro curo u-se int erro gar so bre a co nst it u ição do as ilo e se us o bjet ivo s. Inve st igo u-se as re prese nt açõ es a cerca da a ss ist ê nc ia à cr ia nça po br e po r me io da a ná lis e do prime iro reg ime nt o e do e st at ut o da inst it u iç ão . Busco u-se, a inda, r e lac io nar a at uação do as ilo e as pr át ica s d e reco lhime nt o , ass ist ê nc ia e educ ação de me n ina s que a li s e inst it u íra m, co m o s pro ble ma s e nfre nt ado s po r u ma c id ade e m int e nso pro cesso d e dese nvo lv ime nt o eco nô mico , so c ia l, po lít ico e ur ba no , se m perder d e vist a o s vínc u lo s co m a s pr o po st as e m c ircu la ç ão no pa ís, no int er io r d as qua is a educa ção da “mu lher edu cad a s er vir ia de fre io p ara (...) a degrada ção , po is at ravé s da educ ação que pa ss ar ia ao s s eus filho s po der ia mo d ificar est a rea lidad e”11.

Pro curo u-se, ao me s mo t e mpo , le va nt ar e vidê nc ia s so bre a at uação da madr e c at ó lic a e da s me st ras qu e at ua va m na inst it u ição co mo educa do ras de me n ina s, no co nt e xt o de u ma so c ie dade r epu blic a na e merge nt e no per ío do . Ta l a bo rdage m no s per mit e p e nsar a s fo r ma s co mo s e co nst it u iu o pro jet o cató lico , e m sua s re la çõ es co m o s id ea is re pu blic a no s, e

11

OLIVEIRA (1995), citando a opinião de um periódico feminino da cidade do Rio de Janeiro denominado A Família, de 19/04/1890.

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a art icu la ção de a mbo s o s pro jet o s co m a a ss ist ê nc ia e ed uca ção da s cr ia nça s po bre s.

Para fina liz ar, no t erce iro cap ít u lo inda go u-se co mo o co rria m o s de bat es ac erca do reco lhime nt o , ass ist ê nc ia e edu caç ão das me nina s ó r fã s e des va lida s, e co mo a de fe sa d e u ma hig ie n iz ação e mo ra liz ação s e art icu la va co m a cr ia ção de inst it u içõ es des sa nat ureza .

Ao pro ble mat izar o s d is po s it ivo s d isc ip lina re s, h ig iê nico s e pedagó g ico s ut iliz ado s no reco lhime nt o as s ist e nc ia l e na educ ação de me n ina s po bre s, fez- se ne ce ss ár io pe nsar es se s d is po s it ivo s e m re la ção à s pro po st as de as s ist ê nc ia e e duca ção de s s a inst it u iç ão e seu d iá lo go co m a s inst it u içõ e s qu e lhe s ão co nt e mpo râ nea s, t ant o e m fu nção do s pro jet o s cat ó lico s qua nt o às pro po st as de ass ist ê nc ia e educ ação pro pagada s e nt re o fim do séc u lo XI X e in íc io do s écu lo X X. Ne ss a per spe ct iva, mo st ro u-se impo rt ant e at ent ar para a s rea çõ es de ss a s me nina s me d ia nt e e ss e co nt ro le inst it u c io na l.

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Capítulo 1

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Fi g ur a 2 : Ru a d a Fam í li a ou Boa M or t e

A Rua Boa Morte era, e ainda é, uma das principais vias da cidade, recebeu esse nome por estar localizada acima de um antigo cemitério do município. Era conhecida, em fins do século XIX, como Rua da Família, por se localizar nela as Igrejas, Metodista e Igreja Nossa Senhora da Assumpção, além do Museu de história natural. Ao fundo podemos notar, à esquerda da fotografia, as torres da Metodista e da Assumpção. O Asilo ficava atrás da igreja católica.

Fonte: NETTO, 2000, p. 71

O mito do fau sto

Fu nd ada o fic ia lme nt e e m pr ime iro de a go sto de 1767, Pirac ic a ba lo ca liz a va- se à mar ge m d ire it a do sa lt o e a 90 qu ilô met ro s da fo z do r io , que é a flue nt e do T iet ê. Seu po vo ado servir ia d e po nt o de apo io para a s e mbarca çõ es que pa s sa va m po r seu le it o (TORRES, 2003) .

E m 178 4 o po vo ado fo i t rans fer ido para a marge m d ir e it a do r io po r mo t ivo de e xp a nsão da pro dução agr íco la. A qua lid ade da t erra e a sa lu br id ade do c lima at ra ír a m mu it o s int e ress ado s e m inve st ir na co mpra d e

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t erras. No ano de 1821, P irac ic a ba fo i e le vada à c at ego ria de vila e, no d ia 24 de a br il d e 185 6, rece beu o st at us d e c id ade, t e ndo se u no me o fic ia lme nt e pro to co lado e m 1877 po r pet iç ão do ent ão vereado r Prudent e de Mo raes (TOR RES, 2003).

O r io d e P ira c ica ba, qu e de u no me à c idade, p ara a lé m de ser o s ímbo lo do mu n ic íp io , po is a me s ma se fo rmo u e m su as marge ns, e r a at é o in íc io do sécu lo XX, u ma da s pr inc ip a is via s de a ce sso à c idade.

P ire s (2008), ao e st udar o dese nvo lv ime nt o urba no do mu nic íp io , dest aco u que as me lho r ias qu e dar ia m impu lso a u ma cu lt ura de e xpo rt ação o correra m a p art ir da s egu nd a met ade do séc u lo XI X. M as o dese nvo lv ime nt o eco nô mico só va i ser no tado no fim do sécu lo , po r me io d a rea liza ção de o bras pú blic a s co mo a ilu minaç ão e t ambé m p e lo s inve st ime nt o s na in fra-e st rut ura, co m a c hegada d a Est rada de Ferro It uana. O iníc io des sa s o bra s, segu ndo a aut o ra, so freu in fluê nc ia d iret a do s repu blica no s, que at uara m no se nt ido de a la va nc ar o dese nvo lvime nt o da in fra-e st rut ura urba na e o “pro gres so ” do mu nic íp io .

Assim, a execução dos serviços públicos passou a ser alvo dos empreendimentos privados. A Câmara Municipal, sem recursos, passou a ser integrada pelos republicanos e as concessões à iniciativa privada. Muitas obras foram viabilizadas pelo capital privado: o fornecimento de água e a iluminação pública foram as primeiras. Desta forma, com o surgimento de avanços tecnológicos, crescimento do comércio e uma maior concentração de pessoas na zona urbana, a cidade de Piracicaba vai perdendo pouco a pouco o seu aspecto rural (PIRES, 2008, p. 8).

No co nt ext o e m que o As ilo d e No ss a Mã e fo i ina ugurado , o mu nic íp io d e P ir ac ic a ba e nco nt ra va- se e m p le no de se nvo lv ime nt o eco nô mico , po lít ico , c u lt ura l e so c ia l. Desd e me ado s do a no de 1 868 , a c idade v inha so fre ndo u ma s ér ie de int er ve nçõ es vis a ndo me lho r ia s ur ba na s

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co mo : co nst rução de po nt es, inst a la çã o de rede d e ág ua e esgo t o, arbo r izaç ão das pr inc ip a is via s e a bert ura de no va s rua s co m o o bjet ivo de dar ma io r mo b ilidad e para s eus mo ra do res .

A ilu mina ção pú blic a, ind íc io de de se nvo lvime nt o da c id ad e, t eve seu in íc io e m 186 9, ga nha ndo impu lso no per ío do e m que “a mu nic ip a lida d e e o Sr. Lu iz V ice nt e d e So uza Qu e ir o z” se mo biliz ara m e m pro l d a inst a la ção da ilu mina ção , t ant o pú blica qua nt o part icu lar, “po r me io d e e let r ic id ade”, no va lo r e st ima do e m 7$ 00 012. Va le de st acar qu e a inst a la ção da rede e lét r ica do mu nic íp io o co rreu some nt e a p art ir de 1893 (TOR RES, 2003, p. 244).

O Sr. Lu iz V ic e nt e de So uza Que iro z e st á ent re a s fig uras ma is impo rt ant es da c id ade no per ío do . E ra empresár io d e dest aqu e, do no de u ma fá br ic a d e t ec ido s lo ca liz ad a na marg e m e squ erda do r io co m apro ximad a me nt e 70 fu nc io nár io s. Mo rava na faz e nda São Jo ão da Mo nt a nha, pro pr ied ade ut iliz ada p ara a cu lt ura do a lgo dão , seu ra mo d e at iv idad e. Po r t er ligaçõ e s d ir et as co m as id é ia s e o s inve nt o s no rt e -a mer ic-a no s, pô de t er -ac es so às t ec no lo g i-a s que vi-a biliz -ar i-a m -a inst -a l-a ção d e e nerg ia e lét r ic a no mu n ic íp io (D AWSE Y & D AWSE Y, 200 5). E m 189 4 part ic ipo u da Expo s ição U niver sa l de C hicago (EUA), o nde fo i co ndeco rado co m o prêmio “Wo rd ´s fa ir ”13, co nced ido aos dest aqu es da e xpo s ição14.

12

GAZETA DE PIRACICABA, 13/07/1893, nº. 1869, p. 1.

13

GAZETA DE PIRACICABA, 08/1894. Cf. COSTA, 2005, p. 15.

14

Segundo Costa (2005), o “empresário Luiz de Queiroz, mantinha relações estreitas com os Estados Unidos e simpatizava com as idéias e inventos norte-americanos. Promoveu a instalação de energia, fogões elétricos e ventiladores fabricados nos EUA e tornou-se impulsionador da venda direta destes produtos em Piracicaba. Sua Fazenda São João da Montanha, em Piracicaba, era utilizada para a cultura do algodão e sob a gerência de Lee Ferguson, filho de colonizadores norte-americanos, foi transformada em fazendo modelo” (p. 15). Para Rafaeta (2008) as Exposições Internacionais foram de suma importância, atuando como “centros difusores de modelos, em geral, pautados nas teorias cientificistas” (p.48). Por meio delas tanto europeus quanto norte-americanos exibiam algumas transformações técnicas como protótipos de máquinas, de produtos e de tecnologias, ao passo que o Brasil, junto com seus pares latinos “não civilizados” apresentavam seus produtos naturais como café, madeiras, minérios, plantas exóticas, folclore (p. 48). Ainda segundo Rafaeta (2008), as exposições internacionais se destacavam para o Brasil, por assumirem “o papel de vitrine de modelos a serem copiados” ( p. 49).

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Ant er io r à inst a la ção da red e e lét r ica, e m ma io de 18 87, fo i a ve z d a ina ugura ção do ser viço de a ba st ec ime nt o de águ a do mu nic íp io . Aco nt ec ime nt o que fo i o va c io na do pe lo jo rna l Ga zeta de Pir acica ba co mo u m mo me nt o no qu a l a c id ade “co me mo ro u e so rveu o fo rt e sa bo r do pro gresso ” ( COSTA, 2004, p. 21).

A águ a, no co nt e xt o da c idade de P ir a c ica ba, era o s ímbo lo do pro gresso , se ndo vist a po r s eus mo rado res co mo u m e le me nt o que t rar ia o dese nvo lv ime nt o para o mu nic íp io . Era t a mbé m r epre se nt ada co mo u m espet ácu lo , da ndo -se d est aque, na impr e nsa, ao c ha far iz da pra ça c e nt ra l, o bra inau gurada ne ss e me s mo a no , 1887, e t rat ada co mo marco de u ma no va era para o burgo ( COSTA, 2004, p. 19).

Nu m art igo pu blic ado no jo r na l Ga zeta de Pi raci caba , d e 03/01/1896, int it u lado Falta d e Água, no t ic ia va- se qu e a lgu ns ba irro s e rua s da c id ade ir ia m so fr er co m a e sca s sez no abast ec ime nt o de água de vid a, supo st a me nt e, à sua lo ca liz aç ão geo grá fica . De nt re e le s, est a va m o Ba irro Alt o , lo ca lizado e m u ma reg ião íngre me do mu nic íp io , e a Rua Bo a Mo rt e, lo ca l o nd e se inst a lar ia, no me s mo a no d a repo rt agem, o ed if íc io do As ilo de No ssa M ãe15.

Geo rges V igare llo , na o bra Hi stó ria das prátic as de s aúde (2001), a na lis a a co nst it u ição da r e laç ão e nt re a s aúde e a do ença, na Fra nç a, de sd e a Idade Méd ia, de st aca ndo que, e m fins d o sécu lo XIX, há u m e mp e nho do Est ado e m de fe sa da s prát ica s de sa ú de co let iva. D e nt re as me d ida s ado t adas vis a ndo at ing ir es se pro pó s it o , est ava o abast ec ime nt o de água , po is co m a s d es co bert as de P ast eur , re fere nt es à aç ão do s micró bio s no co rpo, est imu la m-se, s egu ndo o auto r, um gênero de int er ve nção preve nt iva e a at enção da po pu la ção para co m a s fo rças esco nd ida s qu e gera va m a s do enç as. N es se s e nt ido , a á gua t o rnar-s e - ia u m e le me nt o fu nd a me nt a l, já

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