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SUSCEPTIBILIDADE "IN VITRO" DE AMOSTRAS DE Boophilus microplus (Canestrini, 1887) DA BAIXADA FLUMINENSE, RIO DE JANEIRO,

BRASIL, A ALGUNS CARRAPATICIDAS ORGANOFOSFORADOS

TESE

Apresentada ao Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro para obtenção do

grau de Mestre em Ciências na Área de Parasitologia Veterinária

TERESA CRISTINA GOULART DE OLIVEIRA Rio de Janeiro

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BIOGRAFIA

TERESA CRISTINA GOULART DE OLIVEIRA, filha de José Valadares de Oliveira e Irma Branca Valadares, nascida em Patos de Minas, Minas Gerais

aos 29 de maio de 1958.

Graduou-se em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais em dezembro de 1980. Ainda como acadêmica iniciou-se na Pes- quisa sob a orientação do Professor Joaquim H. Patarroyo, estudando hemo- parasitos de bovinos e seu controle.

Ingressou no Curso de Pós-Graduação em Parasitologia Veteriná-ria dessa Universidade em 1981, procurando seguir a mesma linha de pesqui- sa, acrescentando o estudo do controle de ectoparasitos responsáveis pe- la transmissão de hemoparasitos.

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D e d i c a t ó r i a

A meus pais, pelo exemplo de vida em busca de um bem maior.

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AGRADECIMENTOS

Aos professores JOAQUIN HERNAN PATARROYO SALCEDO, CARLOS LUIZ MASSARD e GONZALO E FRAÍN MOYA BORJA pela orientação e preparação do pre- sente trabalho.

A todos os meus mestres, cujos ensinamentos foram os maiores responsáveis pelo êxito deste trabalho.

Aos meus colegas, companheiros que me incentivaram e que me as- sistiram em todas as dificuldades. Agradeço especialmente a ADEVAIR HEN- RIQUE DA FONSECA, MARIA JÚLIA SALIM, RUTH CONSENZA e WALTER FLAUSINO, pe- la grande colaboração na coleta das amostras.

Aos funcionários da Área de Parasitologia da UFRRJ, a mais sin- cera gratidão.

lho.

Ao CNPq, pelo suporte financeiro para a realização deste traba-

Ao Dr. EDUARDO RIBEIRO DA SILVA, Gerente de Pesquisa e Desen-volvimento dos Laboratórios Wellcome S/A, que muito gentilmente cedeu- nos o material de laboratório necessário à execução dos experimentos.

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Ao Dr. DALTON LUIZ FERREIRA, professor do Departamento de Far- macologia da UFMG, pela colaboração nos cálculos matemáticos.

A todas as pessoas, amigos cujos nomes não foram aqui incluí- dos, mas que de alguma forma tiveram participação na conclusão deste trabalho, o nosso profundo agradecimento.

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10 10 10 10 12 12 13 17 17 17 18

ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO 1

II. REVISÃO DE LITERATURA 3

III. MATERIAL E MÉTODOS 8

A. OBTENÇÃO DA AMOSTRA ESTUDADA 8

1. Descrição fisiográfica da área 8

2. Locais de colheita de amostres 9

3. Colheita das amostres 9 4. Identificação do material coletado

5. Manutenção das colônias em l a b o r a t ó r i o B. ESTUDOS EXPERIMENTAIS

1. Carrapaticidas empregados 2. Preparo das diluições

3. Determinação da concentração que mata 50% das larvas (CL50)

4. Determinação do fator de resistência IV. RESULTADOS

I. Sistemática

2. Sensibilidades das amostras ao Chlopyriphos 3. Sensibilidade das amostres ao Dicrotofos

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vi 18 22 37 38 44 4. S e n s i b i l i d a d e das amostras ao F e n t h i o n V. D I S C U S S Ã O VI. C O N C L U S Õ E S 3 4 VII. R E S U M O 35 VIII. S U M M A R Y IX. R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S X. APÊNDICE

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LISTA DAS FIGURAS 15 16 25 25 26 Figura 1. Localização da Área estudada

Figura 2. Localização dos municípios onde realizaram-se coletas Figuras 3 a 1 0 . Linhas de regressão probítica para Chorpyriphos Figuras 11 a 18. Linhas de regressão probítica para o Dicrotofos Figuras 19 a 26. Linhas de regressão probítica para o Fenthion

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23 LISTA DAS TABELAS

TABELA 1.

TABELA 2.

TABELA 3.

TABELA 4.

Valores de CL50(% de concentração) de Chlorpyriphos em lar-vas de Boophilus microplus e seus respectivos Fatores de Re- sistência

Valores de CL50(% de concentração) de Dicrotofos em larvas de Boophilus microplus e seus respectivos Fatores de Resis-tência

Valores de CL50(% de concentração) de Fenthion em larvas de Boophilus microplus e seus respectivos Fatores de Resistên-cia.

Fatores de Resistência de larvas de Boophilus microplus de quatro municípios do Estado do Rio de Janeiro a três carrapa- ticidas organofosforados.

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I. INTRODUÇÃO

O Boophilus microplus (Canestrini, 1887), conhecido como o "car- rapato do boi", é um carrapato monoxeno, encontrado parasitando bovinos e equídeos, mas que também alimenta-se sobre outros mamíferos (SHAW, 1966).

É uma das espécies de ixodídeos de mais ampla distribuição, es- tendendo-se pela Ásia, Leste da Índia, Tanzânia, Madagascar, México, Améri-

cas

do Sul e Central e Austrália. O limite meridional de sua distribuição é o paralelo 34, que passa ao Sul do Brasil. As regiões que se encontram abai- xo deste limite não apresentam este ectoparasito, como é o caso de Santa Vi- tória dos Palmares, no Rio Grande do Sul (GONZALES, 1974).

A importância econômica do B. microplus é uma decorrência não só dos danos diretos do ectoparasitismo, pela espoliação sanguínea, mas tam- bém por ser ele vetor de importantes hemoparasitos como a Babesia spp. e o

Anaplasma marginale. Por estes motivos representa série entrave à pecuária

bovina, como é o caso do Norte da Austrália e grandes áreas da América do

Sul e Central (WHARTON, 1974).

Estudos realizados na Austrália, indicam que 50 ou mais adultos de B. microplus engurgitados, causam uma perda anual em crescimento, equi- valente a 0,65 Kg por carrapato; representando em um rebanho de 100 cabeças,

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- 2 -

uma perda de aproximadamente 3,5 toneladas de carne (WELLCOME FOUNDATION, 1976).

No que se refere à América Latina, o parasitismo pelo B. micro-

plus no México, causa uma perda de aproximadamente 200.000.000 litros de lei-

te por ano, e morte de 150.000 cabeças por ano, devido a doenças transmiti- das por este parasito (BELTRAN, 1975).

No Brasil não existem estudos sobre o valor das perdas ocasio- nadas pelo B. microplus além das estimativas de implicações econômicas, fei- tas por VIDOR (1975), no Rio Grande do Sul.

Apesar de existirem várias maneiras de combate ao B. microplus, o controle deste parasito é ainda muito dependente de produtos químicos no Sul da África, América do Sul e Austrália (WHARTON & ROULSTON, 1970), entre- tanto, o tratamento dos animais com estes produtos, com a intenção de evi- tar altas populações de carrapatos levou ao aparecimento de resistência. Ini- cialmente, o tratamento permitiu a sobrevivência de poucos indivíduos natu- ralmente resistentes; cada tratamento subsequente funcionou como processo seletivo, concentrando os gens responsáveis pelo fenômeno. Como resultado temos que o produto torna-se tolerado pela maioria da população (CROW, 1957; SHAW, 1966).

Levando-se em consideração que o fenômeno da resistência traz como consequência um controle ineficiente e aumento do custo de controle, torna-se clara a vantagem de se prolongar a vida média dos carrapaticidas atuais e futuros (SUTHERST & COMINS, 1979).

Baseados no anteriormente exposto e considerando a falta de in- formações sobre a resistência do B. microplus a Organofosforados no Estado do Rio de Janeiro, foi efetuado o presente trabalho, cujo principal objeti- vo é determinar o Fator de Resistência (FR) de amostras de Boophilus micro-

plus provenientes da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, frente a três car-

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II. REVISÃO DE LITERATURA

Os primeiros êxitos conseguidos no combate químico ao carrapa-

to, foram com o uso de soluções arsenicais, por MARK CHRISTIAN em St. Law- rence na Austrália, por volta do ano de 1895 (STEWART, 1907 in: NEWTON, 1967). O uso dos compostos arsenicais foi exclusivo por cerca de 30-40 anos, até o aparecimento de resistência a este tipo de carrapaticida em B.

microplus na Argentina e Austrália no ano de 1936 (WHARTON, 1976).

No Brasil, desde o início do século até o final da década de 40, usou-se somente soluções arsenicais como carrapaticidas (GONZALES, 1974).

Posterior ao aparecimento de resistência aos compostos arseni- cais, empregaram-se os compostos organoclorados (DDT-BHC-Ciclodienos). A e- ficiência destes produtos entretanto foi curta, posto que 18 meses após sua introdução evidenciou-se resistência aos mesmos (GRILLO, 1976; WILSON, 1978). Em 1953 foi comprovada a resistência do B. microplus a compostos de DDT e ao grupo Toxaphene-BHC-Dieldrin na Argentina e Austrália (WHARTON, 1976).

O desenvolvimento de resistência do B. microplus a compostos ar-senicais no Brasil foi documentado no município de Uruguaiana em 1950. Pos- teriormente no ano de 1952, no município de Alegrete, RS., foram reportados os primeiros casos de resistência a organoclorados (FREIRE, 1953 e 1956).

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Não só os problemas de resistência, mas também a toxicidade e presença de resíduos na carne e leite fizeram com que os clorados fossem substituídos. Em 1956 iniciou-se o uso de carrapaticidas organofosforados, sendo que o primeiro produto organofosforado a ser utilizado foi o Diazinon

(Dietil 2-isopropil-6 metil-4-pyrimidinil phosforotionato), seguindo-se ou- tros compostos, tais como o Dioxation (SS 1,4 dioxan-2,3 diil bis (0,0 die- til phosforotiolotionato)) a partir de 1958; Coumaphos (ester 0,0 fosforo- tionato de 3-cloro-4-metil-7-oxicumarina) a partir de 1959; Ethion (tetra- etil S-S metileno bis (fosforotiolotionato) a partir de 1962 (WHARTON, 1974).

Apesar do aparecimento de resistência a estes compostos em vá- rios países, alguns organofosforados continuam sendo usados e outros novos têm sido sintetizados.

Compostos carrapaticidas de diferentes estruturas químicas, pos- teriores aos organofosforados têm surgido: carbamatos, formamidinas, thiou- reas, iminopyrrolidinas, dithietane, thiazoline-xymiazole e pyretroides

(ROULSTON et alii, 1977; STENDEL, 1980).

De um modo geral, o primeiro critério empregado para evidenciar resistência a qualquer composto químico usado no controle de insetos e áca- ros, é a perda da eficiência desse composto em determinar a morte dos dife- rentes estádios parasitários (WHARTON & ROULSTON, 1970).

Segundo SHAW (1966), este eonceito não é satisfatório pois em muitos casos a aparente perda da eficiência dos compostos usados como car- rapaticidas no campo, pode ser devido a fatores como o manejo inadequado, subdoses, contato inadequado com o carrapaticida, elevado índice de poluição e exaustão do banho; por isso são muitos os relatos infundados de resistên- cia.

Em 1957, o Comitê de Especialistas da OMS (in: STONE, 1972) de- fine da seguinte maneira a resistência aos inseticidas: "o desenvolvimento da capacidade em uma cepa de insetos de tolerar doses de tóxicos as quais provaram ser letais para a maioria dos indivíduos em uma população normal

da mesma espécie".

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5

to a resposta a uma dosagem do composto químico pelos carrapatos, usando-se no teste estádios de vida livre do artrópode (WHARTON & ROULSTON, 1970). A forma de vida livre empregada é a larva não alimentada, que segundo as re- comendações da FAO (1971), é o método mais satisfatório de se testar resis- tência em carrapatos.

O desenvolvimento de resistência em uma população de carrapatos depende primariamente da frequência inicial do gen na população, da intensi- dade de seleção, do grau de dominância do gen e da adaptação do genótipo

(STONE, 1972).

Segundo WHARTON (1976), os carrapatos são grupados por resistên- cia aos seguintes ixodicidas:

a) Compostos arsenicais b) DDT

e) Toxophene-BHC-dieldrin

d) Organofosforados-carbamatos; estes tipos não são relaciona- dos bioquimicamente mas os carrapatos resistentes a um gru- po, podem subseqüentemente desenvolver resistência a um ou

mais outros grupos.

Historicamente, a resistência do B. microplus a organofosfora- dos foi documentada pela primeira vez na Austrália, em 1963 (SHAW & MALCOM, 1964); sendo que o mesmo fato foi posteriormente comprovado em outros paí-

ses (WHARTON, 1976).

Atualmente segundo as características de comportamento bem de- finido diante dos organofosforados reconhecem-se as seguintes cepas fósforo- resistentes de Boophilus microplus, mencionadas em ordem cronológica de re- conhecimento:

- 1963 - RIDGELANDS - resistente ao dioxation; sensível ao Coumaphos, Ethion e Chlorpyriphos.

- 1966 - BIARRA - resistente ao Dioxation e Coumaphos; sensível ao Chlorpy- riphos, Chlorfenviphos e Promacil.

- 1968 - MACKAY - resistente ao Dioxation, Coumaphos e Chlorfenviphos; sen- sível ao Chlorpyriphos, Ethion e Bromophos etil.

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- 6 -

- 1970 - MONTE ALFORD - resistente ao Dioxation, Coumaphos e Cnlorpyriphos; sensível ao Chlorfenviphos e Promacil.

- 1971 - GRACEMERE - resistente ao Dioxation e Chlorpyriphos; sensível ao Ethion e Promacil.

- 1971 - TULLY - resistente ao Coumaphos; sensível ao Chlorpyriphos e Dia- zinon.

- 1972 - BAJOOL - resistente ao Dioxation e Chlorpyriphos; sensível ao Cou- maphos.

- 1972 - INGHAM - resistente ao Coumaphos e Chlorpyriphos e sensível ao Dia- zinon (NEWTON, 1967; WHARTON & ROULSTON, 1970; WHARTON, 1974 e 1976; ROULSTON et alii, 1977 e 1981). As amostras assim caracteri- zadas diferem entre si tendo como base a resposta dose-mortalidade, níveis de atividade acetilcolinesterásica e taxa de metabolização dos acaricidas (ROULSTON et alii, 1977).

O fenômeno da resistência tem alta incidência no gênero Boophi-

lus provavelmente devido à grande fração de sua população estar sob pressão

química, ter ciclo vital curto e especificidade parasitária alta quando com- parado a carrapatos de dois ou três hospedeiros (WHARTON & ROULSTON, 1970).

A resistência aos organofosforados é um caráter genético, con- ferido por um gen autossômico de dominância incompleta ou intermediária; sen- do que este caráter apresenta uma irreversibilidade de até 65% após a cria- ção em laboratório de cinco gerações sem estarem submetidas à pressão de car- rapaticidas organofosforados (STONE, 1968 e 1972).

Segundo WHARTON (1976), este é um fenômeno pré-existente, que pela seleção do carrapaticida favorece a sobrevivência de mutantes resisten- tes.

O mecanismo básico de ação tóxica dos compostos organofosfora- dos é a inibição colinesterásica (WHARTON & ROULSTON, 1970; GRILLO, 1976); entretanto existem amostras de B. microplus resistentes a organofosforados que apresentam pelo menos dois mecanismos de escape à ação tóxica destes com-postos:

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- sistemas de destoxificação que metabolizam os compostos orga- nofosforados a metabólitos não tóxicos (LEE & BATHAN, 1966;

STONE, 1972; WHARTON, 1976).

No que compete ao Brasil, a resistência a organofosforados foi inicialmente descrita por SHAW et alii (1968), sendo que os problemas da resistência continuaram a ser notificados em propriedades do Rio Grande do Sul (GONZALES & SILVA, 1972; GONZALES et alii, 1973) e em Minas Gerais (AMA- RAL et alii, 1974; PATARROYO & COSTA, 1980).

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III. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido na Área de Parasitologia, Depto. de Biologia Animal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Itaguaí, RJ, para on- de foram transportadas as amostras de B. microplus obtidas.

A - OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS ESTUDADAS 1. Descrição Fisiográfica da Área

A área escolhida para os nossos estudos compreende quatro municí- pios localizados em duas microregiões homogêneas do Estado do Rio de Janeiro; uma a denominada Fluminense do Grande Rio onde estão localizados os municí- pios de Itaguaí, Nova Iguaçu e Paracambi e outra a denominada Rio de Janeiro onde se localiza o município do mesmo nome.

Nestas áreas a época de chuva concentra-se no verão, sendo que a mé- dia de precipitação anual é de 1183,1 mm e suas médias de temperatura e umi- dade são de 22°C e 81% respectivamente. A incidência de massas frias originá- rias do Sul do Continente ocasionam chuvas e quedas bruscas de temperatura, determinando a grande instabilidade climática que caracteriza esta região

(FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA, 1981).

Cartograficamente os municípios encontram-se entre 43°-42'-00'' e 43°-51'-00'' de longitude oeste, e entre 22o-50'-00'' e 23o-00'00'' de la- titude sul (FIGURAS 1 e 2).

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- 9 -

2. Locais de Colheita de Amostras

Tomando-se como centro da área estudada a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, todas as propriedades distribuem-se num raio má- ximo de 32 Km.

Foram escolhidas 8 propriedades assim distribuídas: três no mu- nicípio de Rio de Janeiro, duas no município de Itaguaí, duas no município de Nova Iguaçu e uma no município de Paracambi. O critério de escolha ba- seou-se no número de animais da propriedade e no nível de tecnificação das mesmas, pois nestas propriedades o uso de carrapaticidas é mais constante, podendo apresentar problemas de controle com maior frequência.

Nos últimos dois anos os carrapaticidas usados nas proprieda- des estudadas foram: Butox, Dipofen, Durban 24E, Ektafos 50, Ektafos 100, Neguvon/Assuntol, Tiguvon 50 E.C. e Triatox.

Para efeitos de denominação das amostras utilizou-se a inicial do município de procedência e um número que foi atribuído de acordo com a distância da propriedade, em ordem crescente, a um ponto de referência que foi a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Desta forma temos as se- guintes amostras:

- I/101: proveniente do Instituto de Zootecnia da UFRRJ, Itaguaí. - I/102: proveniente da Fazenda D'Abadia, Itaguaí.

- N/1O1: proveniente da Fazenda Cabuçu, Nova Iguaçu.

- N/102: proveniente da Fazenda Jaguatirão, Nova Iguaçu. - P/101: proveniente da Fazenda Rio Novo, Paracambi.

- R/101: proveniente da Fazenda Indiana, Rio de Janeiro. - R/102: proveniente da Fazenda Arpoador, Rio de Janeiro. - R/f03: proveniente da Fazenda Morro da Tenda, Rio de Janeiro.

3- Colheita das Amostras

Foram colhidas teleóginas de bovinos naturalmente parasitados, que não houvessem recebido tratamento carrapaticida pelo menos 15 dias an-

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- 10 -

tes. As teleóginas eram colocadas em recipientes identificados e transpor- tadas imediatamente para o laboratório. As coletas foram efetuadas no perío- do de abril a outubro de 1982.

4- Identificação do Material Colheitado

A classificação taxonômica das teleóginas foi feita baseada e segundo as chaves de ARAGÃO & FONSECA (1961).

5. Manutenção das Colônias em Laboratório

Após a identificação do material colheitado, foram escolhidas para a criação somente as teleóginas que tivessem peso compreendido entre 160 a 300 mg, por ser este o melhor peso para a postura de ovos no B. micro- plus (BENNETT, 1974).

Em placas de petri estéreis foram colocadas 5 teleóginas por pla- ca e após identificação das amostras levadas à estufa BOD a 26,5°C (± 0,5°C) com umidade relativa em média superior a 70%. A oviposição era feita por cer- ca de 15 dias. Após este período os ovos eram colocados em tubos de ensaio

(180 mm x 180 mm) previamente esterilizados, identificados, tampados com te- cido de algodão e novamente colocados em estufa nas mesmas condições de tem- peratura e umidade, até a obtenção das larvas; estas permaneciam aí até o momento de uso. Desta forma, as larvas obtidas eram provenientes de um "pool" de ovos.

B - ESTUDOS EXPERIMENTAIS 1. Carrapaticidas Empregados

Foram empregados 3 carrapaticidas organofosforados, quimicamen- te pertencentes a três dos quatro grupos de diferentes estrururas químicas em que estão divididos os carrapaticidas organofosforados:

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- 11 -

- D U R S B A N 24E*: T i o f o s f a t o de 0,0 dietil 0 , 3 , 5 , 6 t r i c l o r o 2 - p i r i d i l a (Chlor-

pyriphos); pertencente ao grupo dos fosforotioatos. Encontrado no comér-cio em solução na concentração de 25% do princípio ativo.

- E K T A F O S 100 **: C i s - ( 2 dimetil carbamoil-1-metilvinil) dimetil f o s f a t o (Di- crotofos); p e r t e n c e n t e ao grupo dos fosfatos. E n c o n t r a d o no c o m é r c i o sob a f o r m a líquida, n a c o n c e n t r a ç ã o de 100% de p r i n c í p i o ativo.

* Dow Química S.A. - São Paulo ** C i b a Geigy - São Paulo

*** L a b o r a t ó r i o B a y e r do B r a s i l S.A. - São Paulo

- TIGUVON 50% EC***: Éster do ácido 0,0 dimetil-0-(3-metil-4-metiltiofenil)-t i o n i f o s f o n i c o (Fendimetil-0-(3-metil-4-metiltiofenil)-thion): perdimetil-0-(3-metil-4-metiltiofenil)-tencendimetil-0-(3-metil-4-metiltiofenil)-te ao grupo dos f o s f o r o dimetil-0-(3-metil-4-metiltiofenil)-t i o n a dimetil-0-(3-metil-4-metiltiofenil)-t o s . En- contrado no mercado sob a forma de solução na concentração de 50% do prin-cípio ativo.

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- 1 2 - 2. Preparo das Diluições

As soluções diluídas de carrapaticidas, foram preparadas a par- tir do produto comercial, diluindo-se este em uma solução de Tween 80* a 1% em água desclorada. Usou-se o Tween 80 como umectante, para obter um bom con- tato das larvas com o carrapaticida. O emprego da água desclorada é devido

à possível interferência do cloro na viabilidade das larvas de carrapatos GRILLO & GUTIERREZ, 1969).

Os carrapaticidas foram empregados em diversos diluições, par- tindo-se da dosagem indicada pelos laboratórios fabricantes:

CHLORPYRIPHOS - (Dursban 24E) - 1:1.000 (0,025% de princípio ativo) DICROTOFOS (Ektafos 100) - 1,5:2.000 (0,075% de princípio ativo) FENTHION (Tiguvon 50% EC) - 1:250 (0,2% de princípio ativo)

3- Determinação da Concentração que Mata 50% das Larvas (CL50) Para a determinação da concentração que mata 50% das larvas, utilizou-se a técnica descrita por GRILLO & GUTIERREZ (1969), com algumas modificações introduzidas por PATARROYO (1978).

a - Utilizaram-se larvas F1, obtidas em laboratório de acordo com a técni- ca anteriormente descrita, e com idade entre 2-3 semanas.

b - As larvas eram transferidas dos tubos de ensaio para tubos de hemólise, na quantidade de 100 a 300 por tubo aproximadamente. Os tubos eram tam- pados com rolhas de borracha e colocados em estantes. Feito isto; inver- tiam-se os tubos a fim de que as larvas fossem para o fundo;

e - Em cada tubo eram adicionados aproximadamente 4 ml de solução diluída de carrapaticida, e colocava-se os tubos em posição normal, procurando fazer com que a totalidade das larvas ficassem no fundo dos tubos. O tem- po de imersão foi de 15 minutos;

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d - Transcorrido o tempo de imersão, a solução era desprezada e as larvas depositadas sobre um papel de filtro com tecido de algodão em cima e con- tidos em uma placa de petri;

e - Envelopes de papel Buffon previamente quadriculados eram utilizados pa- ra colocar o tecido com as larvas, e depois dobrados convenientemente. Feito isto, eram colocados em estantes de madeira e levados à estufa a 26,5ºC (± 0,5ºC) e umidade relativa em média superior a 70%;

f - Transcorridas 24 horas do tratamento eram feitas as leituras com o au- xílio de uma lente de mão. Uma fonte luminosa era utilizada para esti- mular o movimento das larvas, devido a emissão de calor. Contava-se a totalidade das larvas iniciando-se pelas imóveis; aspergia-se então, água sobre o papel para paralisar as que se moviam, e contava-se todas. Por diferença calculava-se o número de vivas. As larvas incapazes de locomoverem-se eram consideradas mortas.

Inicialmente usou-se um mínimo de sete diluições para cada carrapatici- da. Se os dados obtidos fossem insuficientes para os cálculos posterio- res, outras diluições eram intercaladas. Todos os experimentos foram feitos com seis replicações para cada diluição. Cada experimento tinha um grupo de larvas controle, este era imerso em solução de Tween 80 a 1% e submetido às mesmas condições daqueles tratados com carrapaticida; quando mais de 3% das larvas controle morriam, o experimento era inva- lidado e repetido.

O cálculo matemático das CL50 e dos limites de confiança foram feitos pelo método de análise do probito segundo FINNEY (1964-1971)- Cada CL50

é expressada em concentração por cento do princípio ativo do carrapati- cida na diluição empregada.

4. Determinação do Fator de Resistência

O fator de resistência é o quociente entre a CL50 da amostra desconhecida sobre a CL

50 de uma amostra de susceptibilidade reconhecida ao carrapaticida que se está estudando (SHAW & MALCOM; 1964; GRILLO, 1976).

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- 14-

No presente trabalho os dados a respeito da amostra sensível fo-

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IV. RESULTADOS

1. SISTEMÁTICA

A totalidade das amostras colhidas foram classificadas por nós como sendo Boophilus microplus (CANESTRINI, 1887) segundo a chave de ARAGÃO & FONSECA (1961), sendo as principais características da espécie, as seguin- tes:

Coxa I com espinhos internos e externos curtos, de tamanho igual, separados por uma depressão em forma de "V" invertido;

Coxas II e III com espinho externo;

A ausência de protuberância portadora de perda na face ventral in- terna do artículo palpal I;

Dentição hipostomal 4/4.

2. SENSIBILIDADE DAS AMOSTRAS AO CHLORPYRIPHOS

Todas as amostras colhidas apresentaram Fator de Resistência FR ao Chlorpyriphos, quando comparadas com a amostra sensível de B. microplus. Os FR se apresentam em vários níveis, variando entre 8,94 até 46,71 (Tabe-

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- 18 -

O maior valor de FR encontrado neste trabalho foi precisamente para o Chorpyriphos e corresponde à amostra I/101 (Tabelas 1 e 4).

Os limites de confiança da CL50 foram calculados no nível de 95% e junto com o valor da equação de regressão se apresentam na Tabela 1.

Nas Figuras 3 a 10 mostram-se as linhas de regressão probítica para cada amostra em relação ao Chlorpyriphos.

3- SENSIBILIDADE DAS AMOSTRAS AO DICROTOFOS

Na Tabela 2 estão apresentados os resultados referentes à sen- sibilidade das oito amostras estudadas frente ao Dicrotofos. Igualmente po- dem ser observadas as CL50 com seus respectivos limites de confiança ao ní- vel de 95% e as equações de regressão.

Nota-se que todas as amostras apresentaram resistência a este composto quando comparadas com a cepa sensível.

Os valores de FR variaram para o Dicrotofos entre 3,71 (amos- tra P/101) e 8,20 (amostra I/101), sendo que o menor valor de FR encontrado neste trabalho foi precisamente para a amostra P/101 frente ao Dicrotofos

(Tabelas 2 e 4).

Nas Figuras 11 a 18 apresentaram-se as linhas de regressão pro- bítica e as respectivas equações de regressão para caem amostra frente ao

Dicrotofos.

4. SENSIBILIDADE DAS AMOSTRAS AO FENTHION

Comparando-se as CL50 das nossas amostras com a CL50 da cepa sensível de B. microplus frente ao Fenthion, podemos notar que as primeiras foram sempre maiores, por conseguinte todas as amostras apresentam Fator de Resistência, sendo que os valores variaram entre 8,41 e 30,59 corresponden- do às amostras R/101 e I/101 respectivamente (Tabelas 3 e 4).

(28)

tes de confiança calculados ao nível de 95%, assim como as equações de re- gressão.

As Figuras 19 a 26 mostram as linhas de regressão probítica pa-

ra cada amostra com sua respectiva equação de regressão.

De maneira geral e após a observação de nossa Tabela 4, os re- sultados nos apresentam que a amostra I/101 teve os maiores valores de FR para todos os carrapaticidas testados, enquanto a amostra P/101 apresentou os menores FR, exceto para o Fenthion.

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(32)

TABELA 4. Fatores de Resistência de larvas de Boophilus microplus de quatro municípios do Estado do Rio de Janeiro a três carrapaticidas

organofosforados.

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Figuras 3 a 10 - Linhas de regressão probítica para o Chorpyriphos. -24-

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(35)
(36)

F í g u r a s 11 a 18 - L i n h a s de r e g r e s s ã o p r o b í t i c a para o D i c r o t o f o s . -25-

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(39)

F i g u r a s 19 a 26 - L i n h a s de r e g r e s s ã o p r o b í t i c a para o F e n t h i o n . -26-

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(41)
(42)

V. DISCUSSÃO

A confirmação da existência de resistência em uma população de carrapatos baseia-se em testes, onde medem-se respostas a determinadas do- sagens de carrapaticidas, usando-se estádios não parasitários dos carrapa- tos (WHARTON & ROULSTON, 1970

).

Os métodos empregados na avaliação de resistência, incluem: imer- são, injeção e exposição em papéis impregnados.

Os estádios de carrapatos mais comumente empregados nos testes são fêmeas ingurgitadas e larvas não alimentadas (WHARTON, 1976). Em testes de rotina, o uso de larvas não alimentadas é preferível por serem estas mais passíveis de homogeinização em amostras, além da facilidade de sua obtenção em número suficiente para amostragem (WHARTON & ROULSTON, 1970). Dois méto- dos são extensivamente empregados tendo como base o uso de larvas não ali- mentadas:

- "SANDWICH LARVAE TEST", no qual as larvas são imersas em diluições da for- mulação comercial do produto em água, por lO minutos (SHAW, 1966). - "PACKET LARVAE TEST", no qual as larvas são colocadas em envelopes de pa-

(43)

28 -paticida (STONE & HAYDOCK, 1962).

Este último método é recomendado pela FAO (1971), para detectar resistência a acaricidas.

Segundo WHARTON & ROULSTON (1970), existe concordância entre os métodos acima citados, sendo que os valores de FR obtidos em testes de imer- são, são maiores que aqueles obtidos por exposição em envelopes impregnados.

O método por nós empregado é o de GRILLO & GUTIERREZ (1969), que segundo PATARROYO

(

1978

)

é praticamente uma variante do método de SHAW

(1966); ainda de acordo com GONZALES (1974), é o método que mais se adapta às nossas condições de pesquisa, devido principalmente à dificuldade de ob- tenção de produtos químicos puros, base dos carrapaticidas comerciais.

Os valores de FR para o Chlorpyriphos, de uma maneira geral, fo- ram altos, exceto para a mostra P/101 (8,94) (Tabelas 1 e 4). Comparando os resultados obtidos com os valores de FR para as diferentes cepas até o momento caracterizadas na Austrália (ROULSTON et alii, 1977), notamos que as amostras I/101 e N/102 apresentam valores de FR comparáveis à cepa GRACEMERE; e possivelmente quando purificadas como amostras puras seu comportamento frente a organofosforados seja idêntico à cepa Australiana.

SHAW et alii (1968), encontraram para uma amostra denominada L, um FR de 5,0 para o Chlorpyriphos, diferindo dos FR por nós encontrados, mas cuja diferença poderia ser explicada por tratar-se de amostras com ca-

racterísticas comportamentais bem sejam bioquímicas ou genéticas diferentes frente aos organofosforados.

Na Argentina, GRILLO & GUTIERREZ (1970), trabalhando com Chlor- pyriphos, encontraram para a sua amostra um FR de 2,6, diferindo portanto dos nossos resultados. Além da probabilidade de tratar-se de amostras de com portamentos diferentes, é provável que parte da diferença seja devida ao em-prego de modelos matemáticos diferentes para o cálculo das CL50.

STONE et alii (1976), estudando a genética da resistência aos organofosforados, encontraram um FR de 8,3 para o Chlorpyriphos, na F1 re-

(44)

- 2 9 -

sultante do cruzamento de duas cepas (Mx B). Este dado pode ser comparável ao obtido por nós com a amostra P/101 (8,94), uma vez que segundo WHARTON & ROULSTON (1970), os valores de FR obtidos por imersão de larvas são ligeira- mente superiores aos obtidos por exposição em papéis impregnados.

Dos três carrapaticidas por nós empregados, somente o Chlorpy- riphos foi também testado por GONZALES & SILVA (1972), em B. microplus no Rio Grande do Sul. Usando a mesma metodologia por nós empregada, com a exce- ção do cálculo da CL50, estes autores encontraram um FR de 5,07. Os valores por nós encontrados para o mesmo carrapaticida, são superiores, indicando provavelmente uma maior resistência em nossas amostras, visto que o cálculo da CL50 é mais exato pelo método do probito.

PATARROYO & COSTA (1980), trabalhando no Sul de Minas Gerais e usando igual metodologia à nossa, encontraram valores de FR para o Chlorpy- riphos que variaram de 1,42 a 132,90. Os valores por nós encontrados não são comparáveis aos dos referidos autores; parece-nos, entretanto, que quanto ao Chlorpyriphos a população de carrapatos que estudamos apresenta-se mais uni- forme em relação aos valores de FR, uma vez que estes variaram entre 8,94 e 46,71. Este fato leva-nos a pensar que a resistência ao Chlorpyriphos nas propriedades estudadas poderia ter origem a partir de uma mesma população, dado também à proximidade dos locais de coleta; outra alternativa seria que a pressão do carrapaticida nestas propriedades tenha sido de intensidade se- melhante.

Quanto ao comportamento das amostras frente aos carrapaticidas, podemos notar nas Tabelas 2 e 4, que os diversos valores de FR para o Di-crotofos são baixos, sem que excedam de 8,5. Estes dados concordam parcial- mente com os obtidos por PATARROYO & COSTA (1980), e sugerem que a resistên-

cia dos carrapatos testados a este produto também seja baixa. Além do refe- rido trabalho, não foi possível encontrar nenhuma outra referência sobre va- lores de FR para Dicrotofos em Boophilus microplus.

(45)

- 30 -

thion, o menor valor de FR por nós encontrado foi de 8,41 (Amostra R/101) e o maior, de 30,59 (Amostra I/101). Comparando estes valores com os obtidos por STONE et alii (197ó), notamos que o nosso valor inferior é maior do que os valores inferiores por eles obtidos com as amostras R (5,9) e M (2,12); entretanto, nosso FR de 30,59 é muito menor do que o FR por eles obtido com

a cepa R (290); este valor é também menor que os FR de FI resultantes dos cruzamentos Rx B e Bx M. Tais diferenças poderiam ser explicadas pelo fato destes autores terem trabalhado com amostras purificadas, enquanto nós tra- balhamos com amostras heterogêneas. Além disse a F1 dos cruzamentos citados são apreciavelmente mais resistentes ao Fenthion que a geração paterna, fa- to que acentua tais diferenças.

Carrapatos pertencentes a cepas de características Ridgelands foram testados com Fenthion, por ROULSTON (1967), que encontrou um FR de 2,5; este dado difere dos nossos, provavelmente pelo fato de tratar-se de amostras com características diferentes. O mesmo ocorre com os valores de FR obtidos por PATARROYO & COSTA (1980), que são inferiores aos valores de FR de nossas amostras.

O anteriormente exposto poderia ser explicado adotando-se o con- ceito de STONE (1972), de que a resistência em uma população depende da fre- quência inicial do gen na população, da intensidade de seleção, do grau de dominância e da adaptação do genótipo; estas diferenças sugerem que tenha havido maior intensidade de seleção com o Fenthion em nossas amostras, pois nestas os valores de FR são significativamente maiores.

Na observação das linhas de regressão probítica e suas equações de regressão para os três compostos organofosforados por nós empregados Fi- guras (3 a 26), vemos que as populações F1 de carrapatos obtidos em labora- tório e usados no presente trabalho são em sua grande maioria heterogêneos, sendo que possivelmente o comportamento mais homogêneo foi frente ao Chlor- pyriphos. Concordando com WHARTON (1976), não seria possível uma caracteri- zação exata da amostra para ser considerada como cepa. Esta afirmação en-

(46)

-31-

tretanto não invalida nossos resultados, uma vez que as larvas F1 provenien- tes de teleóginas coletadas no campo são usadas para a determinação dos FR, para posteriormente serem purificadas e caracterizadas (GRILLO & GUTIERREZ, 1969; GONZALES & SILVA, 1972; NUNES et alii, 1972; PATARROYO & COSTA, 1980). Observando-se ainda as mesmas figuras vemos que o aumento da CL50 indica a presença de resistência. Geralmente este fato é acompanhado de uma diminuição no valor da pendente na equação; este achado concorda com o exposto por SHAW & MALCOM (1964).

De idêntica maneira vemos que os resultados por nós obtidos su- gerem que não só o valor da pendente deve ser levado em conta, mas também a interseção da reta parece ter um valor importante nas manifestações matemá- ticas da resistência.

O tipo de resistência a Organosfosforados ate o momento caracte- rizada para o Brasil, é do tipo Ridgelands (SHAW, 1966; WHARTON, 1976). PA- TARROYO & COSTA (1980), mencionam a possibilidade de existência no Sul de Minas Gerais, de outros tipos de resistência, como Super Ridgelands e Monte Alford.

Comparando os nossos resultados com a tabela de classificação de ROULSTON et alii (1977), notamos que o único carrapaticida por nós empre- gado que consta na lista de classificação é Chlorpyriphos. Desta forma, não há evidência clara para dar possibilidade de caracterização como cepa, quando estas amostras viessem a ser purificadas. Entretanto, podemos notar que para o Chlorpyriphos as amostras 1/101 (FR = 46,71) e N/102 (FR=44,85) apresentam valores de FR comparáveis ao valor de FR apresentando para a ce- pa GRACEMERE (FR= 44,0).

Apesar de não ser fácil a interpretação e quantificação da re- sistência (WHARTON, 1976), STONE et alii (1976), consideram a seguinte esca- la para a interpretação da resistência.

- FR até 5X: baixa; - FR até 25X: moderada;

(47)

3 2 -- FR até 125X: alta;

- FR até 625X: muito alta;

- FR maior que 625X: extremamente alta.

Considerando esta escala, temos que os valores de FR para o Di- crotofos são moderados para as amostras: I/101 (8,2O), N/101 (6,71), N/102 (6,23), R/103 (6,10) e I/1O2 (6,03); baixos para as amostras: R/101 (4,78), R/102 (4,24) e P/101 (3,71)

Para o Chlorpyriphos encontramos valores altos para as amostras: I/101 (46,71), N/102 (44,85) R/103 (38,39, R/101 (30,70), N/101 (28,54) e I/102 (26,43); valores moderados para as amostras: R/102 (11,44) e P/101

(8,94).

Da mesma forma temos para o Fenthion, valores de FR altos para as amostras: I/101 (30,59) e R/103 (28,35); valores moderados para as amos- tras: R/102 (24,19), I/102 (23,19), N/102 (17,96), P/101 (15,46), N/101 (14, 79) e R/101 (8,41).

Sob o mesmo aspecto de interpretação de resistência, GRILLO et alii (1972), observam que um FR obtido em larvas de carrapato, pode corres- ponder a uma resistência proporcional ou maior nas teleóginas e possivelmen- te em outros estádios evolutivos do parasita.

WHARTON, em comunicação pessoal a PATARROYO (1978), diz que quando os carrapatos apresentam valores de FR a organofosforados meno- res que 3, não existem grandes dificuldades para o controle, entretanto, va- lotes de FR maiores que 10, indicam que o carrapaticida não faria um contro- le efetivo destas populações.

Baseados na informação anterior, a interpretação prática dos re- sultados obtidos neste trabalho seria feita da seguinte maneira: no contro- le da amostra I/101, o Dicrotofos poderia ser empregado com alguma reserva, enquanto o Fenthion e o Chlorpyriphos provavelmente seriam ineficazes, o mes- mo ocorrendo com as amostras I/1O2, R/103, N/101 e N/102.

(48)

- 33 -

fos, o Chlorpyriphos com alguma reserva e o Fenthion poderia apresentar pro- blemas, necessitando talvez de uma manejo diferente do comum.

O Chlorpyriphos seria ineficaz contra a amostra R/101, sendo mais eficiente o Dicrotofos ou o Fenthion, com alguma modificação no manejo.

A amostra R/102 poderia ser controlada pelo Dicrotofos, sendo que o Fenthion seria ineficiente e o Chlorpyriphos poderia oferecer proble- m a s .

(49)

VI. CONCLUSÕES

Da maneira como foi planejada e executado este trabalho e com ba- se nos resultados, podem fazer-se as seguintes conclusões:

1. Feito o estudo sistemático das diferentes amostras, a única espécie de Boophilus por nós encontrada foi B. microplus;

2. Todas as amostras por nós testadas frente aos carrapaticidas or- ganofosforados empregados no trabalho, apresentaram fatores de resistência em grau variável;

3. Dos compostos usados o que apresentou menores níveis de resis- tência nas populações de B. microplus foi o Dicrotofos;

4. As F1 por nós estudadas apresentaram graus variáveis de hete- rogenicidade;

5. Os dados obtidos das diferentes populações indicam a possibili- dade de existência de resistência a organosfosforados de características distintas de "Ridgelands", dentro da área estudada.

(50)

VII. RESUMO

Fêmeas adultas de B. microplus, colhidas em oito fazendas perten- centes a quatro diferentes municípios da denominada Baixada Fluminense, Es- tado do Rio de Janeiro, Brasil, foram empregadas para obtenção em labora- tório de larvas F1, as quais foram usadas para medir os Fatores de Resis- tência (FR) frente a três carrapaticidas organofosforados.

A metodologia empregada foi a de imersão de larvas em diluições das soluções comerciais dos carrapaticidas e calculando-se a CL50 pela aná-

lise de Probito.

A totalidade das amostras apresentaram FR, em variados níveis frente aos compostos empregados. Os mais baixos valores de resistência en- contrados foram frente ao Dicrotofos.

Apresentaram evidência que sugerem a existência de amos- tras com característica de resistência diferentes das já comprovadas e

(51)

-36-sugeridas para o Brasil que são a "Ridgelands", "Monte Alford" e "Super Ridgelands". O tipo de resistência pode ser de característica "Gracemere".

(52)

VIII. SUMMARY

Engorged females of Boophilus microplus were collected on eight farms in four different municipalities of the State of Rio de Janeiro, in order to establish F1 laboratory cultures, used to measure the resistance factors (RF) to organophosphurus acaricides.

The method used was the "larval immersion test" in commercial dilutions of acaricides, the LC50 being calculated by probit analysis.

All the different samples apresented RF to varying degrees with regard to the compounds used, the lowest values for resistance being noted to Dicrotophos.

Evidence was noted suggesting the existance of samples with resistance characteristics different to those already known or suggested in Brazil, namely "Ridgelands" and "Monte Alford" e "Super Ridgelands". This type of resistance could perhaps be of the "Gracemere" type.

(53)

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MODELO DO CÁLCULO DA CL50 E DOS LIMITES DE CONFIANÇA (Amostra R/103 - Fenthion)

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Referências

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