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Avaliação in silico, in vitro e in vivo de compostos candidatos a inibidores de fosfodiesterase 5

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Academic year: 2021

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CAROLINE HONAISER LESCANO

AVALIAÇÃO IN SILICO, IN VITRO E IN VIVO DE

COMPOSTOS CANDIDATOS A INIBIDORES DE

(2)

CAROLINE HONAISER LESCANO

AVALIAÇÃO IN SILICO, IN VITRO E IN VIVO DE COMPOSTOS CANDIDATOS A

INIBIDORES DE FOSFODIESTERASE 5

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Farmacologia.

ORIENTADOR: PROF. DR. GILBERTO DE NUCCI

COORIENTADORA: PROF

a

. DR

a

. FABÍOLA TAUFIC MÓNICA IGLESIAS

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE

DEFENDIDA PELA ALUNA

CAROLINE HONAISER LESCANO, E ORIENTADA PELO PROF. DR. GILBERTO DE NUCCI.

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO

CAROLINE HONAISER LESCANO

ORIENTADOR: PROF. DR. GILBERTO DE NUCCI

COORIENTADOR: PROFa. DRa. FABÍOLA TAUFIC MÓNICA IGLESIAS

MEMBROS:

1. PROF. DR. GILBERTO DE NUCCI

2. PROF. DR. RICARDO NASCIMENTO DOS SANTOS

3. PROF. DR. RODRIGO ALVARO BRANDÃO LOPES MARTINS

4. PROFa. DRa. SORAIA KÁTIA PEREIRA COSTA

5. PROF. DR. STEPHEN HYSLOP

Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica da aluna.

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Dedico a minha MÃE e meu PAI, por representarem tudo na minha vida.

(6)

AGRADECIMENTOS

Esta tese é fruto do trabalho e apoio de inúmeras pessoas,ainda que a memória me deixe registrar aqui apenas uma parcela delas, espero agradecer a todas.

Agradeço ao meu orientador, Gilberto De Nucci, pela oportunidade dada a mim. Obrigada por sua disponibilidade, pelo respeito ao nosso trabalho, e pelo ser humano que você é. A você, meus incondicionais agradecimentos por contribuir na minha formação. Por disponibilizar a infraestrutura e pelo seu empenho em promover recursos para que o trabalho pudesse ser desenvolvido.

Agradeço muito a Profa Fabíola Zakia Mónica pela oportunidade, confiança e por

sempre contribuir imensamente com seus comentários argutos e perspectivas no nosso trabalho. Agradeço a todos os Professores do Departamento de Farmacologia que contribuíram diretamente na minha formação e, sobretudo por dividirem por muitas às vezes seus conhecimentos. E aos funcionários do Departamento de Farmacologia, como reconhecimento do trabalho inestimável dedicado aos alunos. Sou grata especialmente ao Gustavo, Bruno, Maísa e Cidinha.

Agradeço a algumas pessoas muito especiais: Camila, Tiago, Cristiano, Mauro Napolitano, Roberta, Fernando e Glaucia por sua amizade. Meus sinceros agradecimentos. Agradeço aos amigos e colegas do Laboratório: André, Antônio, Noedi, Beto, Sandra, Júlio, Renan, Edith, Diana, Samara, Fernanda, Evandro, Pedro, Cleber e Cristiane. Agradeço imensamente ao Mauro Sucupira pela disponibilidade na quantificação dos compostos e seus ensinamentos.

À minha família, pelo apoio, carinho e amor, especialmente à minha mãe, por compreender pacientemente a minha ausência. Mãe e Pai são para vocês que ofereço o resultado deste trabalho e obrigado por tudo que ensinaram a ser. Ao Alex, Paulette, Bia e Tales pelas coisas que cultivamos e pela sorte de ter vocês em minha vida!

Ao Ivan, pelo amor, apoio, incentivo e paciência dado a mim. Por todos os dias vividos ao seu lado e ter me ensinado a cada dia ter ações para ser uma pessoa melhor.

(7)

À Capes e Fapesp (N. 2010/16947-9,2011/11828-4, 2013/05475-7 e 2013/08293-7) e CNPq(N.470374/2013-6) pelo financiamento desta pesquisa.

À todos agradeço, profundamente.

(8)

RESUMO

A terapêutica farmacológica dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) é considerada como tratamento de primeira linha para a disfunção erétil. Adicionalmente, são utilizados para o tratamento da hipertensão pulmonar idiopática e hiperplasia prostática benigna. Todos os inibidores de PDE5 têm semelhanças estruturais com o monofosfato de guanosina cíclico (GMPc) e competem pela ligação no sítio catalítico. A seletividade e afinidade dos inibidores de PDE5 são determinadas pelo contato direto entre certos resíduos do domínio catalítico, e entender como ocorrem as interações moleculares pode ajudar no desenvolvimento de novos fármacos. Desse modo, o presente trabalho pretendeu avaliar uma série de novos derivados de 6,7-dihidro-3H-oxazolo[3,4-a] pirazina-5,8-diona in silico e in vitro sobre a proteína alvo PDE5, bem como avaliar a biodisponibilidade das novas moléculas. Neste trabalho, usamos como ferramenta de estudo a docagem molecular e a simulação de dinâmica molecular para analisar as interações das novas moléculas com a PDE5, além de utilizar métodos in vitro para estudar os efeitos dos compostos em células, plaquetas e tecidos humanos e por fim investigar os parâmetros farmacocinéticos. Os resultados de docagem e dinâmica molecular sugerem que os resíduos dos bolsões (bolsão-Q, bolsão-H e região L), que formam o domínio catalítico da PDE5A são orientados para criar uma rede de interações que acomodam os inibidores da forma mais estável, dependendo das características moleculares, estruturais e amostragem conformacional. Ademais, nas células de carcinoma de colón ou T84 os compostos promoveram o aumento dos níveis de GMPc sem efeito citotóxico. Nas plaquetas os compostos foram capazes de inibir a agregação após estímulo com o doador de óxido nítrico (nitroprussiato de sódio) e aumentar os níveis e GMPc e AMPc com melhores resultados na presença do composto BL-106. Complementarmente, mostramos que os compostos BL-106, BL-220, BL-230 e BL-236 foram capazes de inibir a enzima fosfodiesterase 5A. A atividade do BL-106 foi investigada no corpo cavernoso humano e de coelho e em ureter humano mostrando relaxamento com valores de pEC50 de 6.48 ± 0.20 (coelho), 7.14 ± 0.30 (humano) e 5.88

± 0.38 (humano). Finalmente, espera-se que os resultados apresentados nesta tese auxiliem no entendimento das interações dos novos compostos com a PDE5. Fornecendo

(9)

embasamento químico para a compreensão da ação destes compostos em nível biológico e que a descoberta destes possam abrir uma nova alternativa para o desenvolvimento de outros inibidores.

(10)

ABSTRACT

The pharmacological therapy with phosphodiesterase type 5 (PDE5) inhibitors is considered a first line of treatment for erectile dysfunction. In addition, they are used for the treatment of idiopathic pulmonary hypertension and benign prostatic hyperplasia. All PDE5 inhibitors have structural similarities with cyclic guanosine monophosphate (cGMP) and compete for the bond in the catalytic site. The selectivity and affinity of PDE5 inhibitors are determined by the direct contact between certain residues of the catalytic domain, and understanding how the molecular interactions occur may help in the development of new drugs. This study, therefore, sought to assess a series of new 6,7-dihydro-3H-oxazolo[3,4] pyrazine-5,8-dione derivatives through in silico and in vitro studies on the target protein PDE5, in addition to evaluating the bioavailability of the new molecules. In this study, we used the molecular docking and molecular dynamics simulation tools to analyze the interactions of the new molecules with PDE5, in addition to using in vitro methods to study the effects of the compounds on cells, platelets and human tissue, and finally, to investigate the pharmacokinetic parameters. The molecular docking and dynamics results suggest that residues of pocket (Q-pocket, H-pocket and region L), which form the catalytic domain of PDE5A, are oriented to create a network of interactions that can accommodate the inhibitors in a more stable way, depending on the molecular, structural and conformational sampling characteristics. Furthermore, the compounds promoted increased levels of cGMP in the colon carcinoma or T84 cells without cytotoxic effect. In the platelets, the compounds were able to inhibit aggregation after stimulation with the nitric oxide donor (sodium nitroprusside) and to increase the cGMP and cAMP levels with better results in the presence of the BL-106 compound. In addition, we showed that the BL-106, BL-220, BL-230 and BL-236 compounds were able to inhibit the phosphodiesterase 5A enzyme. The activity of BL-106 was investigated in the corpus cavernosum of a human and rabbit and in a human ureter, showing relaxation with pEC50 values of 6.48 ± 0.20 (rabbit), 7.14 ± 0.30 (human) and 5.88 ± 0.38

(human). Finally, it is expected that the results presented in this thesis may assist in understanding the interactions of new compounds with PDE5, providing a foundation for understanding the action of these compounds on a biological level, and that the

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discovery of these mechanisms may open up new alternatives for the development of other inhibitors.

(12)

LISTA DE DROGAS

SUBSTÂNCIA PROCEDÊNCIA

Ácido araquidônico Cayman Chemical

BL-106 Laboratório Biolab (Brasil)

BL-106.1 Laboratório Biolab (Brasil)

BL-106.2 Laboratório Biolab (Brasil)

BL-106.3 Laboratório Biolab (Brasil)

BL-220 Laboratório Biolab (Brasil)

BL-230 Laboratório Biolab (Brasil)

BL-236 Laboratório Biolab (Brasil)

DMEM-F12 Ham Sigma-Aldrich (EUA)

DMSO Sigma-Aldrich (EUA)

Enterotoxina termoestável tipo A Bachem (EUA)

Estreptomicina Gibco (EUA)

Forscolina Sigma-Aldrich (EUA)

Nitroprussiato de sódio Sigma-Aldrich (EUA)

Noradrenalina Sigma-Aldrich (EUA)

Penicilina Gibco (EUA)

Tadalafil Laboratório Biolab (Brasil)

(13)

LISTA DE ABREVIAÇÕES

AA Ácido araquidônico

AC Adenilato ciclase

ACTB Gene da Beta-actina

Ala Alanina

AMPc Monofosfato cíclico de adenosina

ANOVA Análise de variância

ANP Peptídeo natriurético atrial

ASCinf Área sob a curva de concentração da droga versus tempo do tempo

0 (zero) extrapolada ao infinito

ASCúltimo Área sob a curva de concentração da droga versus tempo do tempo

0 (zero) ao tempo da última concentração

ATCC American Type Culture Cell

ATP Trifosfato de adenosina

BNP Peptídeo natriurético cerebral

C0 Concentração no tempo 0

CAM Ca+2/calmodulina

cDNA DNA complementar

CG Gradiente conjugado

Cl Clearance ou Depuração

CNP Peptídeo natriurético do tipo C

CO2 Dióxido de carbono

CQA Controle de qualidade alto

CQB Controle de qualidade baixo

CQM1 Controle de qualidade médio 1

CQM2 Controle de qualidade médio 2

Cúltimo Concentração correspondente ao último tempo

DE Disfunção erétil

DEPC Dietilpirocarbonato

(14)

DMSO Dimetilsulfóxido

DNA Ácido desoxirribonucleico

DPBS Tampão fosfato salino de Dulbecco

DTNB Ácido 5,5-ditiobis 2-nitrobenzóico

DTT Ditiotreitol

EDRF Fator de relaxamento dependente do endotélio

EDTA Ácido etilenodiaminotetra acético

eNOS Óxido nítrico sintase endotelial

EPM Erro padrão da média

FDA Food and Drug Administration

GC Guanilato ciclase

GCp Guanilato ciclase particulada

GCs Guanilato ciclase solúvel

Gln Glutamina

Glu Glutamato

Gly Glicina

GMPc Monofosfato cíclico de guanosina

GTP Trifosfato de guanosina

HPLC High Performance Liquid Chromatography

Ile Isoleucina

iNOS Óxido nítrico sintase induzível

InsP3 Inositol trifosfato

IP3R Receptor de inositol trifosfato

Ke Constante de eliminação

LDH Lactato desidrogenase

Leu Leucina

MD Dinâmica molecular

Met Metionina

MLC Fosfatase de cadeia leve da miosina

MLCK Kinase de cadeia leve da miosina

mRNA Ácido ribonucléico mensageiro

(15)

nNOS Óxido nítrico sintase neuronal

NOS Óxido nítrico sintase

ON Óxido nítrico

PCR Reação em cadeia da polimerase

PCR-RT Reação em cadeia da polimerase em tempo real

pEC50 Antilog da concentração de droga necessária para produzir 50%

do efeito máximo PDB Protein data bank

PDE Fosfodiesterase

PDE4 Fosfodiesterase tipo 4

PDE5 Fosfodiesterase tipo 5

PDE6 Fosfodiesterase tipo 6

Phe Fenilalanina

PKA Proteína kinase dependente de AMPc

PKG Proteína kinase dependente de GMPc

PPP Plasma pobre em plaquetas

PRP Plasma rico em plaquetas

qPCR Reação em cadeia da polimerase quantitativa

RMSD Root-mean-square deviation

RNA Ácido ribonucleico

SBF Soro fetal bovino

SNC Sistema nervoso central

SNP Nitroprussiato de sódio

STa Enterotoxina termoestável tipo A

T1/2 Tempo de meia vida

T84 Linhagem celular de carcinoma de cólon humano

TBX Tromboxano

Thr Treonina

Túltimo Tempo da última concentração

Tyr Tirosina

Val Valina

(16)

Vd Volume de distribuição VMD Visual Molecular Dynamics

(17)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Isoformas da família de fosfodiesterases, distribuição e seus principais substratos. ... 32

Tabela 2. Descrição dos sistemas considerados em estudos de dinâmica molecular. ... 50

Tabela 3. Sequências de primers oligonucleotídicos para genes alvo utilizados na RT-PCR. ... 56

(18)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cascata de sinalização do GMPc.. ... 28

Figura 2. Alvos do GMPc após a cascata de sinalização. ... 30

Figura 3. Hidrólise de AMPc e GMPc em AMP e GMP pelas fosfodiesterases. ... 33

Figura 4. Diagrama em fita da estrutura cristalográfica da fosfodiesterase 5 (PDB:1XO7). ... 35

Figura 5. Mecanismo de ação dos inibidores de PDE5 na ereção peniana ... 37

Figura 6. Desenho representativo dos parâmetros geométricos que definem os potenciais de interações intra e intermoleculares dos campos de força utilizados em simulações de dinâmica molecular ... 42

Figura 7. Estrutura molecular dos novos candidatos a inibidores de fosfodiesterase 5. ... 44

Figura 8. Redocking da molécula do Tadalafil usado como validação da docagem molecular. ... 66

Figura 9. Conformações de encaixe molecular e pontuações (score) previstas para os candidatos a inibidores de PDE5A. ... 68

Figura 10. Distâncias amostradas entre átomos de oxigênio da carbonila da cadeia lateral de Gln817 e nitrogênio do grupo indol dos inibidores ... 70

Figura 11. Mapa de distribuições das distâncias para os pares do anel benzeno no grupo indol dos inibidores com cadeias laterais não polares dos resíduos Phe820 (d1) e Val782 (d2) nas trajetórias de simulação de dinâmica molecular. ... 71

(19)

Figura 12. Interações específicas entre inibidores e resíduos de PDE5, de acordo com as

modificações químicas. ... 72

Figura 13. Modelo de interação observado durante as simulações de dinâmica molecular mostrando a proximidade entre os resíduos do sítio de ligação da PDE5 e grupamentos dos compostos. ... 74

Figura 14. Efeito dos compostos na atividade celular metabólica pelo ensaio de MTT. ... 75

Figura 15. Atividade citotóxica dos compostos pelo ensaio de LDH. ... 76

Figura 16. Efeito dos compostos sobre o acúmulo de GMPc em células. ... 77

Figura 17. Curva concentração resposta para os compostos no acúmulo de GMPc induzido por STa em diferentes concentrações (0.01-1 µM) em células T84.. ... 78

Figura 18. Expressão do gene PDE5 em células T84 a partir RT-PCR semi-quantitativa. ... 79

Figura 19. Expressão do gene PDE5 em células T84 foi analisada por PCR quantitativa em tempo real. ... 80

Figura 20. Efeito dos compostos sobre a agregação plaquetária. ... 81

Figura 21. Efeito do BL-106 ou tadalafil sobre a agregação plaquetária. ... 82

Figura 22. Efeito do BL-106 sobre a agregação plaquetária ... 82

Figura 23. Efeito do BL-106 (A) ou Tadalafil (B) na viabilidade das plaquetas pelo ensaio de MTT. ... 83

(20)

Figura 24. Efeito do BL-106 (A) ou Tadalafil (B) sobre os níveis de GMPc em plaquetas ... 84

Figura 25. Efeito do BL-106 sobre os níveis de GMPc em plaquetas na presença de SNP. ... 85

Figura 26. Efeito do BL-106 ou Tadalafil sobre os níveis de GMPc nas plaquetas em diferentes tempos de incubação. ... 85

Figura 27. Efeito do BL-106 (A) ou Tadalafil (B) sobre os níveis de GMPc intracelular e extracelular em plaquetas ... 86

Figura 28. Efeito do BL-106 ou Tadalafil sobre os níveis de AMPc em plaquetas ... 87

Figura 29. Efeito do BL-106 sobre os níveis de AMPc em plaquetas na presença de SNP. ... 87

Figura 30. Efeito dos compostos sobre os níveis de tromboxano B2 em plaquetas ... 88

Figura 31. Efeito do BL-106 em diferentes concentrações sobre os níveis de tromboxano B2 em plaquetas ... 89

Figura 32. Inibição da fosfodiesterase 5 pelos compostos. ... 90

Figura 33. Inibição da fosfodiesterase 5 pelo composto BL-106. ... 90

Figura 34. Curvas concentração-resposta para BL-106 e Tadalafil em corpo cavernoso de (A) coelho e (B) humano e pré-contraído com fenilefrina ... 91

Figura 35. Curva concentração-resposta para BL-106 e Tadalafil em ureter humano e pré-contraído com cloreto de potássio (KCl, 80 mM). ... 92

(21)

Figura 36. Concentração sérica média calculada pela administração endovenosa em cães na dose de 3 mg/kg. ... 92

(22)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 25 1.1 Nucleotídeos cíclicos ... 26 1.2 Sinalização do GMPc ... 27 1.3 Alvos moleculares do GMPc ... 29

1.3.1 Proteínas kinases dependentes de GMPc ... 30 1.3.2 Canais iônicos controlados por GMPc ... 31 1.3.3 Fosfodiesterases ... 32

1.4 Fosfodiesterase tipo 5 ... 33 1.5 Estrutura e função da PDE5 ... 34 1.6 Inibição da PDE5 ... 36 1.7 Inibidores de PDE5 ... 38 1.8 Docagem molecular ... 39 1.9 Simulações de dinâmica molecular ... 40 1.10 Candidatos a inibidores de PDE5 ... 44 2 JUSTIFICATIVA ... 46 3 OBJETIVOS ... 48 3.1 Objetivo geral ... 48 3.2 Objetivos específicos ... 48 4 MATERIAL E MÉTODOS ... 49 4.1 Docagem molecular ... 49

4.1.1 Seleção da estrutura da PDE5 para docagem molecular ... 49 4.1.2 Preparo dos ligantes e docagem molecular ... 49

4.2 Simulação de dinâmica molecular ... 50 4.3 Ensaio celular ... 51

4.3.1 Cultivo celular ... 51 4.3.2 Ensaio da atividade metabólica celular por MTT ... 51 4.3.3 Dosagem de lactato desidrogenase ... 52 4.3.4 Extração de GMPc das células ... 53 4.3.5 Quantificação do nucleotídeos cíclico GMPc ... 53

(23)

4.3.6 Extração de RNA das células T84 ... 54 4.3.7 Quantificação de RNA das células T84 ... 54 4.3.8 Retrotranscripção do RNA... 55 4.3.9 Reações em cadeia da polimerase ... 55 4.3.10 PCR Quantitativo em Tempo Real (qRT-PCR) ... 56

4.4 Avaliações dos compostos na agregação de plaquetas humanas ... 57

4.4.1 Agregação plaquetária ... 58 4.4.2 Extração e quantificação de GMPc e AMPc... 58 4.4.3 Dosagem do tromboxano B2 ... 59 4.5 Atividade inibitória da fosfodiesterase 5 (PDE5) in vitro ... 59 4.6 Avaliações do composto BL-106 no relaxamento de músculo liso ... 59

4.6.1 Animais ... 60 4.6.2 Preparação de corpo cavernoso de coelho... 60 4.6.3 Preparação de corpo cavernoso e ureter humanos ... 60 4.6.4 Banho para corpo cavernoso e ureter humanos ... 60

4.7 Avaliação farmacocinética ... 61

4.7.1 Animais ... 61 4.7.2 Administração dos compostos ... 61 4.7.3 Coleta das amostras ... 62

4.8 Quantificação compostos ... 62

4.8.1 Curvas de calibração ... 62 4.8.2 Controles de Qualidade ... 62 4.8.3 Extração das amostras ... 63 4.8.4 Condições cromatográficas e espectrometria de massas ... 63 4.8.5 Obtenção dos parâmetros farmacocinéticos ... 64

4.9 Análise estatística ... 64 5 RESULTADOS ... 66 5.1 Docagem molecular ... 66 5.2 Simulação de dinâmica molecular ... 69 5.3 Ensaios in vitro com células ... 74

5.3.1 Viabilidade e toxicidade celular ... 74 5.3.2 Efeito dos compostos nos níveis de GMPc ... 76

(24)

5.3.3 Expressão da fosfodiesterase 5 nas células T84 ... 79

5.4 Efeito dos compostos na agregação plaquetária ... 80

5.4.1 Viabilidade das plaquetas ... 83 5.4.2 Efeito dos compostos nos níveis de GMPc nas plaquetas... 84 5.4.3 Efeito dos compostos nos níveis de AMPc nas plaquetas... 86 5.4.4 Efeito do composto BL-106 nas concentrações de tromboxano B2 ... 88 5.5 Inibição da PD5A ... 89 5.6 Relaxamento induzido pelo composto BL-106 no corpo cavernoso e ureter ... 91 5.7 Perfil farmacocinéticos dos compostos ... 92 6 DISCUSSÃO ... 95 7 CONCLUSÃO ... 104 7.1 Conclusões ... 104 7.2 Conclusão geral ... 105 ANEXO 1... 118 ANEXO 2... 119 ANEXO 3... 120 ANEXO 4... 122

(25)

1 INTRODUÇÃO

O monofosfato de guanosina cíclico (GMPc) é um segundo mensageiro fundamental na via de sinalização intracelular o qual desempenha papéis críticos em muitos processos fisiológicos que vão desde o relaxamento do músculo liso,1 inibição da

adesão e agregação plaquetária,2 natriurese,3 motilidade do esperma,4 secreção de íons5

ao crescimento e apoptose celular.6-8

A formação do GMPc ocorre pela guanilato ciclase solúvel e/ou guanilato ciclase particulada que catalisam a conversão de trifosfato de guanosina (GTP) para GMPc. O GMPc formado atua diretamente através de três principais alvos celulares: as proteínas kinases dependentes de GMPc,9 canais controlados por nucleotídeos cíclicos e

fosfodiesterases reguladas por GMPc.10

As fosfodiesterases (PDEs) possuem pelo menos 11 famílias de genes diferentes em mamíferos e são enzimas funcionalmente distintas e altamente regulamentadas. A atividade das PDEs tem papel de destaque na sinalização celular, pois são responsáveis por promoverem a hidrólise dos nucleotídeos cíclicos. A fosfodiesterase 5 (PDE5) modula as concentrações intracelulares de GMPc para monofosfato de guanosina.11

A regulação do metabolismo dos nucleotídeos cíclicos depende do perfil de expressão específica dos diferentes tipos de fosfodiesterase num dado tecido. A PDE5 é considerada uma proteína citosólica e está expressa em vários tecidos, incluindo próstata,12 bexiga,13 testículos,14 rim,15 células gastrointestinais,16 células de Purkinje do

cerebelo,17 corpo cavernoso18 e plaquetas.19

Dada a importância do GMPc nas vias de sinalização intracelular sua elevação permitiu identifica-lo como potencial alvo terapêutico. O aumento do GMPc celular ocorre através da inibição da PDE5. Esta modulação continua sendo uma interessante abordagem farmacológica. Atualmente, os inibidores de PDE5 como Sildenafil, Tadalafil e Vardenafil estão aprovados para tratamento da disfunção erétil,20 hipertensão

pulmonar,21,22 insuficiência cardíaca congestiva23 e sintomas do trato urinário inferior

(26)

Todos os inibidores de PDE5 têm semelhanças estruturais com GMPc e competem pela ligação no sítio catalítico da PDE5.24 A seletividade e afinidade dos

inibidores de PDE5 são determinadas pelo contato direto entre certos resíduos do domínio catalítico na porção carboxi-terminal. O domínio catalítico de interação é dividido em bolsão-Q, bolsão-H e região-L, estes subdomínios acomodam os resíduos que interagem diretamente com as moléculas inibidoras.25

De maneira geral, já se sabe que determinados resíduos de aminoácidos são importantes na estabilização e seletividade da ligação do substrato GMPc bem como dos inibidores vardenafil, sildenafil e tadalafil no domínio catalítico da PDE5. Por outro lado, tratando de novas moléculas compreender as possíveis interações que estes compostos podem fazer com a enzima permite extrair informações importantes para planejamento racional de fármacos. Adicionalmente, associar as técnicas de modelagem molecular no qual admite-se avaliar estas predições de interação proteína-ligante a ensaios in vitro, pode contribuir para explicar em parte os possíveis mecanismos de ação de novas moléculas.

1.1 Nucleotídeos cíclicos

Os nucleotídeos fosfato cíclico de adenosina (AMPc) e monofosfato cíclico de guanosina (GMPc) são sintetizados pelas enzimas adenilato ciclase e guanilato ciclase, respectivamente. AMPc e GMPc são segundos mensageiros ubíquos que medeiam as respostas biológicas a uma grande variedade de estímulos extracelulares, incluindo hormônios, neurotransmissores, quimiocinas e citocinas.26 O aumento da concentração

destes nucleotídeos cíclicos resulta na ativação de proteína kinase dependente de AMPc (PKA) e proteína kinase proteína dependente de GMPc (PKG).9

Através das proteínas kinases dependentes de nucleotídeos cíclicos, é possível controlar vários processos fisiológicos, tais como resposta inflamatória,27 imunitária,28

cardíaca,23 contração do músculo liso,15 resposta visual,27 sinais neuroendócrinos,29

glicogenólise,30 agregação plaquetária,2 condutância dos canais de íons,27 a apoptose e

(27)

O papel importante do AMPc e do GMPc nas vias de sinalização intracelular permitiu identifica-los como potenciais alvos terapêuticos.30 Dada a sua relevância por

estarem ligados principalmente a família de enzimas fosfosdiesterases, que hidrolisam especificamente os nucleotídeos cíclicos, mediando o controle dos níveis de AMPc e GMPc e seu retorno ao estado basal.31

O AMPc foi descoberto na década de 1950 durante os estudo sobre a regulação hormonal do metabolismo dos mamíferos e foi considerado uma molécula sinalizadora.32 Os níveis celulares de AMPc são controlados através da sua síntese pela

adenilato ciclase (AC) que catalisa a ciclização intramolecular de ATP em AMPc liberando pirofosfato33 e sua degradação acontece através das PDEs.34

Por sua vez, o GMPc foi descoberto na urina de coelho em 1963,35 logo após foi

confirmada sua existência em 1967.36 As concentrações intracelulares de GMPc são

estritamente controladas pela ação da guanilato ciclase e das fosfodiesterases.37-40 O

GMPc produzido medeia o seu efeito em diferentes alvos celulares com as proteína kinases dependentes de GMPc, os canais catiônicos dependentes de GMPc e as fosfodiesterases (PDEs).27 A cascata de sinalização segue em mais detalhes na próxima

seção.

1.2 Sinalização do GMPc

A produção de GMPc ocorre por duas isoformas de guanilato ciclase: a guanilato ciclase solúvel (GCs) e guanilato ciclase particulada (GCp) através das principais vias de sinalização, pelo óxido nítrico e por peptídeos (Fig. 1) estes eventos acontecem em um largo espectro de células.1,41

O óxido nítrico ganhou maior destaque após sua identificação como fator de relaxamento dependente do endotélio (EDRF).42,43 Somente em 1987, o EDRF e o óxido

nítrico foram reconhecidos como sendo uma mesma molécula.44,45 A formação do óxido

nítrico advém da óxido nítrico sintase (NOS), a qual é expressa em três isoformas: óxido nítrico sintase neuronal (nNOS), óxido nítrico sintase induzível (iNOS) e óxido nítrico

(28)

sintase endotelial (eNOS), através da ação catalítica da NOS que convertem o aminoácido precursor L-arginina em ON e L-citrulina.46

Figura 1. Cascata de sinalização do GMPc. O GMPc é produzido pelas guanilato ciclase: particulada (GCp)

e solúvel (GCs), a ativação das guanilato se dá pelos ligantes: peptídeos endógenos como a uroguanilina e através do óxido nítrico, respectivamente. O GMPc formado pode ativar as isoformas de PDEs, proteína kinase e canais iônicos controlados por GMPc.

O óxido nítrico após ser sintetizado vai atuar ativando a CGs na subunidade da porção N-terminal composta por quatro átomos de nitrogênio e um átomo de ferro, onde se liga formando um complexo heme ferroso nitrosil e promove a mudança conformacional capaz de ativar a GCs, gerando assim GMPc, que por sua vez ativa outros alvos moleculares.47

Outra via de ativação da GC envolve os peptídeos natriuréticos, que compreendem uma família de mediadores polipeptídicos. Os principais peptídeos natriuréticos são peptídeo natriurético atrial (ANP ou do tipo A), peptídeo natriurético cerebral (BNP ou do tipo B) e peptídeo natriurético do tipo C (CNP). Os peptídeos natriuréticos exercem os seus efeitos biológicos ligando-se aos receptores da guanilato

(29)

ciclase associadas a membranas (alternativamente conhecida como guanilato ciclase particulada).48

O nível de GMPc em toda a célula é determinado principalmente pelo balanço entre as atividades das GC e das PDEs que hidrolisam o GMPc. O GMPc pode ser carreado para o meio extracelular das células pela ação de alguns dos membros da família de proteínas transportadora de resistência a múltiplos fármacos dependente de ATP.49 No

entanto, a sua contribuição quantitativa na exportação do GMPc é pouca quando comparado com a ação das PDEs.50 O GMPc produzido tanto pela guanilato ciclase

solúvel quanto pela guanilato ciclase particulada tem suas funções celulares exercidas através da sua ligação em alvos moleculares.

1.3 Alvos moleculares do GMPc

Processos fisiológicos importantes são regulados pela via dependente de GMPc como por exemplo: o relaxamento do músculo liso vascular e gastrointestinal, a inibição da agregação plaquetária, o bloqueio da hipertrofia cardíaca, a proteção contra danos de isquemia e a melhoria das funções cognitivas.9 Estudos sugerem que estes efeitos (Fig.

2) são largamente mediados pela ativação de proteínas kinases dependente de GMPc,51,52 canais iônicos controlado por GMPc53 e pelas as PDEs.27

(30)

Figura 2. Alvos do GMPc após a cascata de sinalização. Os vários subtipos de guanilato ciclase e seus

vários ligantes capazes de desencadear diversos efeitos em alvos como as proteína kinases, isoformas de PDEs e canais iônicos controlados por GMPc que estão envolvidos no controle fisiológico em órgãos como coração, rim, nos vasos sanguíneos e tecido adiposo. Adaptado de Burnett.54

1.3.1 Proteínas kinases dependentes de GMPc

Dentre a família das proteínas kinases existe a PKG. Quando o GMPc se liga aos seus resíduos de serina ou treonina ocorrem vários eventos de fosforilação a partir de um doador, normalmente um nucleosídeo trifosfato (por exemplo, ATP),55 que conduz

ao relaxamento como, por exemplo, em células de músculo liso.

O papel da via do ON/GMPc/PKG é muito importante no relaxamento do músculo liso, o qual parece estar envolvido na regulação de três principais processos: na redução das concentrações intracelulares de cálcio livre, na regulação da sensibilização do cálcio e na regulação dos filamentos finos.56

(31)

Além da implicação do GMPc no músculo liso através da PKG, outro papel importante deste segundo mensageiro é nas plaquetas.57 Nas plaquetas o GMPc aciona a

ativação da PKG e esse processo leva à inibição da agregação plaquetária através da fosforilação de diferentes alvos.58 As plaquetas expressam principalmente a isoforma

PKG-Iβ localizada no citosol, que pode interagir com substratos diferentes através do seu domínio N-terminal.59 Adicionalmente, no trato gastrointestinal a isoforma PKG-II

atua na regulação da secreção de água e cloreto, em células intestinais.60

Convém ainda pontuar a sua participação na ossificação,61 no controle da

liberação de renina no rim,62 além da capacidade de promover a abertura de canais de

potássio ativados pelo cálcio, ocasionando o relaxamento das células do músculo liso.51

Durante os últimos anos uma variedade de funções das PKGs tem sido exploradas principalmente em órgãos periféricos e no SNC.63-65

1.3.2 Canais iônicos controlados por GMPc

Os canais iônicos controlados por GMPc são proteínas de membrana que desempenham funções relevantes na transdução sensorial em fotorreceptores e receptores olfativos.66-68 Estas proteínas podem ser encontradas em uma variedade de

células, incluindo células da retina e de gânglios,68 pinealócitos,69 músculo aórtico,70

células epiteliais e esperma.71

O papel fisiológico de maior destaque dos canais iônicos controlados por GMPc é na fototransdução. Neste mecanismo o GMPc atua na abertura do canal quando não há passagem de fóton. Entretanto, quando há luz esse mecanismo é controlado pela PDE6 através de sua hidrólise que permite a passagem de Na+ e K+ resultando no

fechamento e hiperpolarização do canal.72 De maneira geral, a síntese e a degradação do

GMPc no processo de fototransdução são controlados pela guanilato ciclase retiniana e PDE6.

(32)

1.3.3 Fosfodiesterases

As PDEs são categorizadas em 11 principais tipos, são enzimas funcionalmente distintas e altamente reguladas.26,73,74 Cada tipo de fosfodiesterase tem

diferentes especificidades de substrato com base em sua capacidade de discriminar entre GMPc e AMPc (Tabela 1).26

Tabela 1. Isoformas da família de fosfodiesterases, distribuição e seus principais substratos.

Isoforma Seletividade Distribuição primária em tecido PDE1 AMPc/GMPc Cérebro, pulmão, coração e células do músculo liso

PDE2 AMPc Córtex supra-renal, cérebro, coração, fígado, corpo cavernoso, olfato bulbo e plaquetas

PDE3 AMPc Linfócitos, pâncreas, fígado, pulmão, coração e tecido adiposo PDE4 AMPc Linfócitos, pulmão e cérebro.

PDE5 GMPc Corpo cavernoso, pulmão, plaquetas e células de músculo liso PDE6 GMPc Retina

PDE7 AMPc Células T e músculo esquelético

PDE8 AMPc Testículos, ovário, intestino delgado, cólon PDE9 GMPc Amplamente expresso no fígado e rim PDE10 AMPc/GMPc Cérebro

PDE11 AMPc/GMPc Testículos, cérebro, corpo cavernoso, músculo esquelético e próstata

Fonte: Adaptado de Essayan.28

As PDEs de mamífero compartilham uma organização estrutural comum, como o domínio catalítico conservado localizado perto da extremidade C-terminal e um domínio de regulação perto da extremidade N-terminal da proteína. Complementarmente, apresentam domínios com ligação de íons metálicos como Zn²+,

Mg²+ e Mn²+. 26

Algumas PDEs, tal como a PDE4 e PDE7 são altamente específicas para hidrólise de AMPc, entretanto, as PDE5, PDE6 e PDE9 são específicos para GMPc. Ao mesmo tempo que as PDE1, PDE2 e PDE3 hidrolisam ambos os nucleotídeos.28 As

(33)

Figura 3. Hidrólise de AMPc e GMPc em AMP e GMP pelas fosfodiesterases.31

Como vimos a regulação do metabolismo dos nucleotídeos cíclicos depende do perfil de expressão específica dos diferentes tipos de fosfodiesterase num dado tecido.30 As PDEs são reguladas por diversos mecanismos bioquímicos que incluem a

fosforilização/desfosforilização, a ligação de GMPc ou AMPc em regiões alostéricas, a ligação de Ca+2/calmodulina e várias interações proteína-proteína. PDEs participam de

diferentes funções fisiológicas no corpo e por inferência, também em diferentes condições patológicas.31,71 São reconhecidas como bons alvos de fármacos.30

As fosfodiesterases estão expressas em vários tipos de células, tornando-as um importante regulador da concentração de AMPc e GMPc.27 Ademais, a utilização de

inibidores podem prolongar a ação intracelular dos nucleotídeos cíclicos pelo aumento de suas taxas. Convém ainda destacar o papel da fosfodiesterase 5 como alvo na terapêutica da disfunção erétil.11

1.4 Fosfodiesterase tipo 5

A PDE5 foi originalmente identificada, isolada e caracterizada a partir de plaquetas.75 Mais tarde foi descrita no tecido pulmonar, nos estudos sobre proteína AMPc

(34)

kinase dependente de GMPc e outras proteínas de ligação ao GMPc, também foi identificada a PDE5A como uma das principais proteínas de ligação ao GMPc.76 Três

variantes da proteína PDE5A foram identificados. O que difere as três variantes (PDE5A1-A3) são seus N-terminais e exões únicos seguido por uma sequência comum de 823 aminoácidos.77,78

PDE5 é considerada uma proteína citosólica expressa no coração, placenta, músculo esquelético, pâncreas, cérebro, fígado, vários tecidos gastrointestinais e pulmão,16,31,78 também é expressa em plaquetas onde foi originalmente descoberta.75 É

claro está proeminentemente expressa no músculo liso vascular incluindo os tecidos do pênis.17

Na PDE5 a estabilização da ligação do GMPc acontece pela fosforilação dos resíduos serina e treonina. A principal responsável por esta fosforilação é a PKG. Contudo, quando os níveis de GMPc são elevados e GAF-A já está ocupada pelo GMPc, a PKA pode também fosforilar este local. Esta fosforilação então aumenta a atividade catalítica de PDE5, através da afinidade de ligação do GMPc para o domínio GAF.26 Postula-se que este mecanismo proporciona a célula um método para prolongar a

ativação da PDE5 em um ciclo de retroalimentação iniciada pela síntese de GMPc.79

1.5 Estrutura e função da PDE5

As estruturas cristalográficas demostraram que a PDE5 humana é uma proteína monomérica e tem uma massa molecular de aproximadamente 200 kDa composta pelo domínio C-terminal onde se encontra o bolsão catalítico com cerca de 364 aminoácidos.25,31 O domínio N-terminal que é caracterizado por apresentar os

domínios reguladores GAF-A e GAF-B que são as regiões de ligação alostérica para o substrato enzimático GMPc e local de fosforilação (na posição Ser92). Adicionalmente, PKA e PKG podem fosforilar a PDE5, o que resulta em um aumento da afinidade de ligação de GMPc no seu sítio de ligação a PDE5, promovendo um processo alostérico e aumento da atividade da PDE5.80

(35)

A ligação do GMPc aos locais alostéricos provoca também uma mudança conformacional na enzima aumentando a afinidade do domínio C-terminal da PDE5 para o substrato e para os inibidores, mesmo na ausência de fosforilação.80 O domínio

catalítico está localizado na extremidade C-terminal da proteína (resíduos de aminoácidos: 535-860) que contém a ligação de dois íons metálicos divalentes necessários para a função catalítica (Zn2+ e Mg2+), também presentes em outras PDEs.81

O domínio é composto por vários resíduos que são responsáveis pela seletividade com o substrato GMPc bem como aos inibidores. Na Figura 4 podemos ver a participação de alguns resíduos que são de suma importância na especificidade da ligação do GMPc no sítio catalítico.25

Figura 4. Diagrama em fita da estrutura cristalográfica da fosfodiesterase 5 (PDB:1XO7). Vista ampliada

do sítio catalítico em complexo com GMPc (vermelho), abaixo a molécula do GMPc com os principais resíduos responsáveis por sua estabilização no domínio catalítico. Adaptado de Sung et al. 2006.25

(36)

A base da purina é mantida fortemente no sítio ativo através de um "grampo hidrofóbico" formado pelos resíduos Gln817, Phe820, Val782 e Phe786 de cada lado da molécula e também é estabilizada por meio de interações hidrofóbicas adicionais que acontecem com os resíduos Phe786 e Ile768 da PDE5A. O grupo hidroxila do anel da ribose do GMPc está ligado com moléculas de água presentes no bolsão catalítico por ligações de hidrogênio. Adicionalmente, a ribose tem uma configuração que facilita a sua estabilização pelos resíduos Leu725, Leu765 e Phe786 na PDE5A.82

Apesar da semelhança estrutural com outras PDEs, a PDE5 exibe afinidade ~ 100 vezes maior para GMPc do que para AMPc.11 Outra semelhança importante é na

sequência de aminoácidos dos domínios catalíticos das PDE5 e PDE6, ambas altamente específicas para GMPc e com ~ 42% de similaridade no seu sítio catalítico, o que as difere é a taxa catalítica sete vezes mais fraca na PDE6 quando comparada com a PDE5.83

A caracterização estrutural da PDE5 permite novas abordagens na concepção de novos inibidores que podem auxiliar no tratamento de patologias associadas com o GMPc.

1.6 Inibição da PDE5

A inibição da PDE5 aumenta os níveis de GMPc após a liberação de óxido nítrico nos terminais nervosos parassimpático durante estimulação sexual, aumentando assim o relaxamento do músculo liso (Fig. 5). Consequentemente, conduz a diminuição do tônus vascular nas artérias e no pênis. Isto faz com que ocorra um aumento do fluxo sanguíneo e um alargamento do tecido cavernoso do pênis induzindo a ereção.38,84

A ereção peniana ocorre quando o sangue intumesce o corpo cavernoso, um efeito facilitado pelo relaxamento do músculo liso da região peniana. O tônus do músculo liso é regulado pelo Ca2+ intracelular, que ativa a Ca2+/calmodulina (CaM)

enzima dependente da kinase de cadeia leve da miosina (MLCK) o que leva à fosforilação e contração da fosfatase de cadeia leve da miosina (MLC).85

(37)

Figura 5. Mecanismo de ação dos inibidores de PDE5 na ereção peniana. Adaptado de Beavo e Brunton.85

A via do óxido nítrico (NO) leva ao relaxamento do músculo liso por estimulação da guanilato ciclase solúvel (GCs) que resulta na produção de GMPc e na ativação da proteína kinase dependente de GMPc. A PKG causa relaxamento do músculo liso por um mecanismo que inclui a redução da concentração citosólica de Ca2+ (pela

exportação de Ca2+ e/ou pela redução do inositol trifosfato (InsP3) mediada pela

mobilização do Ca2+ ao receptor).85 Ocorre também a desfosforilação de cadeias leves de

miosina pela ativação da fosfatase MLC e/ou pelo sequestro de MLCK numa forma fosforilada que não é prontamente ativada por Ca2+/CaM. Os inibidores de PDE5 atuam

especificamente inibindo a degradação do GMPc celular pela PDE5 e assim prolongam e aumentam os efeitos do NO/GMPc.85

Apesar da PDE5 ser a principal enzima de metabolização do GMPc no tecido cavernoso, a estimulação contribui de forma significativa para a vasodilatação.86,87 As

formas mais abundantes das PDEs no corpo cavernoso humano são a PDE5 (cerca de 70%) e PDE2 (30%).88,89 Há relatos de quantidade pouco expressiva de PDE3 e PDE4.90

(38)

Esta é também a razão para os efeitos mínimos sobre a pressão arterial sistêmica relatados em estudos clínicos com inibidores de PDE5.74

1.7 Inibidores de PDE5

Na medida em que as funções fisiológicas da PDE5 foram elucidadas, a descoberta e a especificidade de seus inibidores ganharam destaque no meio científico. Em meados de 1998 a Pfizer aprovou o Sildenafil para o tratamento da disfunção erétil (DE) atribuída a sua capacidade de inibição da PDE5,91 que levou a um grande avanço na

terapia farmacológica da DE e ao desenvolvimento de outros inibidores da PDE5, como Vardenafil, Tadalafil e Iodenafil.92,93

Baseados nos efeitos vaso-relaxantes do GMPc, os inibidores de PDE5 foram originalmente utilizados para o tratamento de hipertensão, hipertensão pulmonar, incluindo, doença cardíaca coronária e angina.81 Mais tarde, os inibidores de PDE5

surgiram como uma interessante indicação para DE.94 A expressão abundante de PDE5

no corpo cavernoso humano em relação aos outros tecidos é considerada a principal razão da eficácia clínica dos inibidores de PDE5 no tratamento da DE.18

O sildenafil foi o primeiro fármaco utilizado por via oral para o tratamento da DE que teve um sucesso comercial notável com vendas mundiais que ultrapassaram 1.5 milhões de dólares em 2001.94 São numerosos os estudos sobre a prevalência,

fisiopatologia e fatores de risco para DE,95 também sobre a sua farmacologia e eficácia

de tratamento.96

Todos os inibidores de PDE5 são análogos do GMPc, que inibem a degradação do nucleotídeo cíclico e por competirem com a ligação ao sítio catalítico.97 Ademais, o

nível de GMPc é regulado por um equilíbrio entre a taxa de sua síntese através da guanilato ciclase e a sua hidrólise para o fisiologicamente inativo GMP através da PDE5.55

Atualmente, formulações dos inibidores de PDE5 indicados para DE, isto é Sildenafil, Tadalafil e Vardenafil, foram aprovados pela FDA como parte da terapêutica

(39)

para hipertensão pulmonar.22 Apesar do amplo uso terapêutico ainda existem os fatores

relacionados aos efeitos colaterais dos inibidores de PDE5.84 Dentre os efeitos colaterais

mais descritos estão a dor de cabeça e a congestão nasal. Os efeitos podem ser interpretados como um resultado da dilatação dos vasos arteriais bem como, da inibição não seletiva da PDE1 que também hidroliza GMPc, localizada predominantemente nas células do músculo liso vascular.

A dispepsia é frequentemente relatada como um efeito colateral, o que pode ser explicado pela alta expressão de PDE5 no esôfago inferior, assim como distúrbios visuais. Os efeitos oftalmológicos estão provavelmente relacionados com a inibição da atividade da PDE6 presente na retina, que é responsável pelo controle da transdução de sinal no olho.46,86

Uma alternativa para diminuição dos efeitos colaterais é a maior seletividade dos inibidores de PDE5. Devido aos avanços nos estudos in silico, agora é possível resolver algumas problemáticas no desenvolvimento de novas moléculas através da concepção de fármacos baseados na estrutura do alvo e na modelagem computacional de potenciais candidatos a fármacos. De forma paralela, é possível utilizar a complementação experimental para sanar a hipótese de como ocorre a sinalização.

1.8 Docagem molecular

A docagem molecular é baseada em estruturas que são capazes de se ligarem a um alvo molecular.98 O objetivo desta técnica computacional está relacionada a

identificação de novas entidades químicas, através de abordagens por triagem virtual que une o algoritmo da busca conformacional e uma função de pontuação. O algoritmo de busca é capaz de explorar todas as possíveis orientações e conformações de uma pequena molécula dentro do local de ligação referente ao alvo.99

A docagem molecular explora o espaço conformacional de ligantes flexíveis, enquanto a estrutura proteica permanece fixa (dependendo do método empregado), nesta exploração cada conformação que o ligante assume quando está ligado a proteína é chamada de hit. A cada pose é dado um valor referente à função de pontuação. A

(40)

função de pontuação representa um método matemático aproximado usado para prever e avaliar as forças de interações entre o ligante e a proteína alvo.100 Durante a triagem

virtual, é bastante comum usar a função de pontuação para selecionar os melhores candidatos para ensaios biológicos e bioquímicos.100

A escolha da melhor pontuação representa um estágio inicial para desenvolvimento de novos fármacos onde os melhores candidatos sofrem uma otimização racional para aperfeiçoar as suas características farmacodinâmicas, estabilidade, afinidade e seletividade em relação ao alvo biológico, bem como sua eficácia nos ensaios celulares.101

De fato, o conhecimento da relação entre a estrutura química de uma molécula e a sua atividade biológica é importante para compreender que tipo de substituições químicas se espera para melhorar a atividade dos compostos. De forma semelhante, a simulação de dinâmica molecular pode ser utilizada para estimar as interações moleculares entre o ligante e macromoléculas biológicas.102

Em particular os cálculos de dinâmica molecular são capazes de estudar alvos complexos e seus possíveis ligantes, com objetivo de racionalizar os estudos experimentais e melhorar os resultados da triagem virtual e docagem.103

1.9 Simulações de dinâmica molecular

Simulações de Dinâmica Molecular (MD do inglês Molecular Dynamics) são utilizadas para estudar como um dado sistema molecular evolui com o tempo, considerando as interações entre os átomos do ponto de vista da Mecânica Clássica. Para realizar os cálculos de MD é preciso conhecer as coordenadas iniciais dos átomos, seus potenciais de interação (intra e intermoleculares) e as equações de movimento clássicas.104

Existem disponíveis diversos potenciais clássicos para a realização das simulações de MD, cada um com uma composição própria sobre as equações que fornecem o potencial resultante. Desta forma, diferentes campos de força, que é a

(41)

combinação da forma funcional com o conjunto dos arquivos de parâmetros de potenciais e topologia, podem ser utilizados para realizar as simulações MD, como CHARMM,105,106 OPLS,107 GROMOS108 e AMBER.109 Estes campos de força possuem

funções de energia potencial similares à da Equação 1.1.

∑ ∑ ∑ [ ] ∑ [( ) ( ) ] ∑

Nesta equação, é uma soma dos potenciais intra e intermoleculares, como: ligações covalentes (1º termo); ângulos, formados por três átomos adjacentes e ligados covalentemente (2º termo); torções diedrais, para um conjunto de quatro átomos (3º termo); potenciais de Lennard-Jones, para pares de átomos que interagem por forças de Van der Walls (4º termo); e potencial eletrostático, que descreve as interações entre átomos carregados (5º termo).

Na Equação 1.1 os seguintes parâmetros são definidos: , , , , , , ,

, , . de acordo com cada potencial . Tais parâmetros podem ser obtidos por

métodos experimentais ou cálculos quânticos e faz parte do processo de parametrização molecular.

Outras contribuições podem ser adicionadas ao cálculo de através de termos como os potenciais de Urey-Bradley e ângulos impróprios. Portanto, é

composto pelos potenciais que descrevem as interações intramoleculares (ligações, ângulos e diedros, além de Urey-Bradley e impróprios) e intermoleculares (Lennard-Jones e Coulomb), mostradas na Figura 6.

(42)

Figura 6. Desenho representativo dos parâmetros geométricos que definem os potenciais de interações

intra e intermoleculares dos campos de força utilizados em simulações de Dinâmica Molecular.

As coordenadas iniciais dos átomos para proteínas podem ser obtidas pelo banco de dados PDB (Protein Data Bank),110 por exemplo. Os demais componentes como

solventes e contra-íons podem ser adicionados ao sistema para representar a condição biológica do estudo. O início da simulação se dá pela definição das velocidades iniciais dos átomos que compõem o sistema, estas velocidades são atribuídas de acordo com a distribuição de probabilidades de Maxwell-Boltzmann, com a energia cinética do sistema correspondendo à temperatura termodinâmica. Cada componente da velocidade segue a distribuição:

( )

(43)

Onde: é a probabilidade do átomo de massa na temperatura T ter velocidade .

Com os parâmetros do campo de força, posições e velocidades iniciais definidos, as trajetórias podem ser obtidas por integração numérica das equações diferenciais de movimento. Ou seja, deve se determinar as posições e velocidades em um passo seguinte , isto é feito através do método de diferenças finitas, com as posições seguintes sendo calculadas por expansões de Taylor. Os programas de simulação de MD usam geralmente algoritmos de Verlet,111 ou variações deste como Velocity-Verlet, implementado no NAMD.112

De modo geral, estes algoritmos calculam as interações entre os átomos considerando suas posições e as forças que atuam em cada átomo. A força que atua em cada átomo é calculada pelo gradiente do potencial . Desta forma, usando a segunda Lei de Newton, a aceleração de cada átomo também é calculada: , onde é a massa do átomo . Depois do cálculo da aceleração, a

velocidade de cada átomo no instante deve ser calculada: . Obtendo-se as velocidades em , as novas posições podem ser calculadas de acordo com: .

Com as novas posições definidas, o programa recalcula os potenciais de interação, seguido do calculo de força, aceleração, velocidade e novas posições. Diversos ciclos correspondem a trajetória da simulação e descrevem a evolução temporal do sistema molecular.

A simulação de MD é uma técnica ideal para buscar informações a respeito das interações entre macromoléculas alvo e novas moléculas. Sabemos por estudos prévios que o domínio catalítico da PDE5 apresenta aminoácidos essenciais para a ligação do GMPc assim como para os inibidores.25 Por outro lado, o trabalho apresenta

novas moléculas com características distintas. Entretanto, estas moléculas apresentam algumas similaridades com o composto Tadalafil.

Considerando que novos compostos possuem uma maior mobilidade conformacional devido as suas estruturas, portanto, maior a probabilidade de interações

(44)

com os resíduos do bolsão catalítico da PDE5, a dinâmica de interação com os resíduos de aminoácidos devem ocorrer de forma alternativa ao do Tadalafil. Entender como acontece à interação dos novos compostos no bolsão catalítico da PDE5 pode ajudar a desvendar o mecanismo que envolve a estabilização destas novas moléculas.

1.10 Candidatos a inibidores de PDE5

Novas moléculas derivadas da estrutura principal 6,7-dihidro-3H-oxazolo[3,4-a] pirazina-5,8-diona foram sintetizadas pela Biolab indústria farmacêutica. Como representado na Figura 7, podemos ver a estrutura química destes compostos e a inserção de grupamentos em R1 e R2. A maioria dos novos compostos possuem uma

porção com grupamento metilenodioxifenil conhecido como um grupo químico importante na eficácia dos inibidores de PDE5.24

Figura 7. Estrutura molecular dos novos candidatos a inibidores de fosfodiesterase 5, em destaque as

(45)

As modificações químicas nos novos compostos ocorrem em R1 conforme

ilustrado na Figura 7, onde no composto BL-106 há inserção do grupamento metilenodioxifenil, em BL-106.1 há adição do grupamento metoxibenzeno, BL-106.2 há adição do anel benzeno e no composto BL-106.3 ocorre a troca em R1 pelo grupamento

clorobenzeno. Enquanto isso, nos compostos BL-220, BL-230 e BL-236 ocorre a mudança em R2 no grupamento metil ausente em BL-220, no BL-230 a inserção do

grupamento etanol e no composto BL-236 há a inserção de 2-metiletanol.

Embora hajam disponíveis no mercado inibidores de PDE5, o sucesso destas terapias ainda é muito limitado. Assim, novos compostos podem sugerir novas abordagens, uma vez que os inibidores de PDE5 são utilizados na clínica para disfunção erétil, hipertensão pulmonar e sintomas do trato urinário inferior secundários à hiperplasia prostática benigna. Complementarmente estudos mostram a relação dos inibidores de PDE5 na potencialização da ação de fármacos antitumorais.113,114

De modo geral, o desenvolvimento de novas moléculas candidatas a inibidores de PDE5 ainda está em fase inicial dada a complexidade do desenvolvimento de um medicamento, por certo já passamos por várias etapas importantes. Convém fazer uma referência especial às técnicas in silico em combinação com as abordagens bioquímicas através de ensaios in vitro que permitiram percorrer uma grande linha deste longo processo.

(46)

2 JUSTIFICATIVA

Devido ao papel biológico importante dos nucleotídeos cíclicos, enzimas como PDE5 são consideradas um potencial alvo para desenvolvimento de fármacos. Recentemente, os inibidores da PDE5 foram aprovados para uso clínico no tratamento de sintomas do trato urinário inferior secundários a hiperplasia prostática benigna e hipertensão pulmonar. A priori estes fármacos eram usados apenas para disfunção erétil. No entanto, o sucesso da terapia com os inibidores de PDE5 atualmente disponíveis no mercado ainda é limitado. Ademais, nenhum novo inibidor de PDE5 com grande eficiência e que tenha sido incluído como uma nova opção terapêutica na clínica foi reportado nos últimos anos.

A partir deste panorama, uma série de moléculas orgânicas com alta diversidade estrutural foi sintetizada pela empresa farmacêutica Biolab. Uma característica importante dos novos compostos aqui apresentados é um esqueleto químico distinto dos outras moléculas disponíveis no mercado como o Tadaladil e Sildenafil. Hipoteticamente, os novos inibidores de PDE5 poderiam alcançar uma seletividade maior, possivelmente por apresentarem uma mobilidade conformacional que facilite a sua interação com o sítio catalítico da enzima.

Estudos experimentais in vitro demonstraram que o composto BL-106 foi capaz de relaxar o corpo cavernoso humano e este relaxamento foi dependente da concentração, reduzindo a contração induzida pela noradrenalina.115 No corpo

cavernoso a enzima PDE5 está intimamente ligada à hidrólise do GMPc, a sua inibição ocasiona o aumento do GMPc, proporcionando assim o relaxamento da musculatura lisa e favorecendo a ereção peniana. De maneira concordante, foi demonstrado os efeitos dos compostos BL-230 e BL-236 no relaxamento do corpo cavernoso de coelho após contração induzida pela fenilefrina.116

Nesse sentido, consideramos relevante conduzir novos achados para estas moléculas promissoras, que podem representar novas possibilidades para criação de inibidores mais específicos (tanto de PDE5 como outras PDEs). Ainda no que tange à

(47)

metodologia, os estudos in silico trazem uma grande novidade, uma vez que as moléculas estudadas aqui são inéditas.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar in silico , in vitro e in vivo as interações e os efeitos dos compostos candidatos a inibidores de fosfodiesterase 5.

3.2 Objetivos específicos

• Investigar as interações moleculares dos compostos com a PDE5, através de docagem molecular e simulações de dinâmica molecular.

• Mapear quais os resíduos que podem interagir com os compostos.

• Investigar os efeitos dos compostos no acúmulo do GMPc em células de carcinoma de cólon (T84).

Investigar os efeitos dos compostos na agregação de plaquetas humana in vitro, avaliar as alterações nos níveis de GMPc, AMPc e TBX.

• Avaliar a capacidade inibitória dos compostos sobre a PDE5.

• Analisar a farmacocinética dos compostos administrado por via endovenosa em cães, utilizando técnica HPLC-MS/MS.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Docagem molecular

4.1.1 Seleção da estrutura da PDE5 para docagem molecular

Primeiramente foram feitas buscas no banco de dados de proteínas (PDB),110

a procura da estrutura cristalográfica com as coordenadas tridimensionais que apresentavam resolução de até 3Å. Fez-se a escolha da proteína PDE5A humana código PDB: 1XOZ e em seguida, foi analisado o arquivo contendo as coordenadas da PDE5 (.pdb) para a presença de ligantes, cofatores e outras informações relevantes.

4.1.2 Preparo dos ligantes e docagem molecular

As estruturas tridimensionais das moléculas estudadas neste trabalho BL-106, BL-106.1, BL-106.2, BL-106.3, BL-220, BL-230, BL-236 e Tadalafil foram construídas e minimizadas com o programa ChemBioDraw Ultra 12.0. A otimização da geometria dos ligantes foi realizada utilizando o campo de força MMFF94. Já com a estrutura proteica da PDE5A e a estrutura dos compostos preparadas, utilizamos o programa DockThor para docagem.

Na plataforma DockThor o arquivo da proteína e posteriormente o arquivo do ligantes foram carregados e os íons de Zn2+ e Mg2+ foram adicionados como cofatores.

O centro de coordenadas da grade para a docagem foi definido pela posição do bolsão catalítico da PDE5, assim como suas dimensões. Para o experimento foi utilizado o centro da grade X: 46.96 Y: 33.83 Z: 11.77, com 12Å em cada eixo e em seguida, foi realizada a docagem. Os resultados foram visualizados usando o programa VMD 1.9.2.

(50)

4.2 Simulação de dinâmica molecular

As simulações foram feitas a partir da estrutura cristalográfica da PDE5A (a mesma estrutura utilizada nos ensaios de docagem), obtidos a partir do Protein Data

Bank (PDB: 1XOZ), com uma resolução de 1.37Å.25 Os sistemas a serem simulados foram

construídos para estudar as diferenças conformacionais entre PDE5 complexados com Tadalafil ou compostos (106, 106.1, 106.2, 106.3, 220, 230 e BL-236) (Tabela 2).

Tabela 2. Descrição dos sistemas considerados em estudos de dinâmica molecular.

Sistema Notação Moléculas de água Compostos Largura da caixa (Å)

1 BL-106 27000 BL-106 94.70 2 BL-106.1 27000 BL-106.1 94.55 3 BL-106.2 27000 BL-106.2 94.62 4 BL-106.3 27000 BL-106.3 94.61 5 BL-220 27000 BL-220 94.60 6 BL-230 27000 BL-230 94.61 7 BL-236 27000 BL-236 94.70 8 TAD 27000 Tadalafil 94.65

Simulações realizadas em duplicatas independentes.

Os compostos BLs bem como o composto Tadalafil foram alocados de forma idêntica no sítio catalítico, tal como determinado pela estrutura cristalográfica. As configurações iniciais foram construídas com Packmol,117 contendo a PDE5 (sem

complexo, complexo com Tadalafil ou com os compostos), com água (27000 moléculas), com íons Na+ e Cl- para neutralizar a carga da proteína a concentrações de

aproximadamente 0.1 molL-1. Os sistemas foram simulados da seguinte maneira: com

todos os átomos da proteína fixados, a água e o inibidor complexado foram relaxados, realizando 1000 passos de minimização pelo método de Gradiente-Conjugado (CG) seguido por 200 os de simulação MD; mantendo somente os átomos de Cα da proteína

(51)

fixados, foram realizadas 500 passos de minimização de CG, seguidas de 200 ps de simulação MD. Todos os átomos de PDE5 foram liberados e foram realizadas 2.2 ns de simulação MD. As coordenadas e velocidades finais foram utilizadas para iniciar cada etapa de produção. Duas simulações de 80 ns foram realizadas para cada sistema em

ensemble NPT a 1 atm e 310.15 K, totalizando 1280 ns. A pressão foi controlada em

banho de Nosé-Hoover Langevin com um coeficiente de amortecimento de 10 ps-1. O

campo de força CHARM foi utilizado para proteína PDE5, íons, água e para os inibidores.118 Os parâmetros para Tadalafil e novos inibidores foram obtidos a partir do

programa CGenFF47 e o modelo TIP3 foi utilizado para água.107 As simulações foram

realizados com o programa NAMD112 e a visualização foi feita com o VMD.119 As

distâncias entre os átomos foram calculadas utilizando o programa MDAnalysis.

4.3 Ensaio celular

4.3.1 Cultivo celular

A linhagem de cólon carcinoma humano (T84) foi doada pelo Prof. Dr. Alexander Kots da George Washington University, Estados Unidos. A linhagem T84 foi cultivada em garrafas de 75 cm2 contendo meio DMEM-F12 suplementados com 10% de

soro fetal bovino e com antibióticos penicilina (100 U/mL) e estreptomicina (100 µg/mL). As células foram mantidas em estufa a 37 °C sob atmosfera úmida contendo 5% de CO2, com pH do meio de 7.4. Posteriormente, as células T84 foram cultivadas em

placas de 12 poços até atingirem confluência para realização dos ensaios. Semanalmente estas células foram propagadas para a realização dos experimentos e congelamento.

4.3.2 Ensaio da atividade metabólica celular por MTT

A mensuração da atividade metabólica constitui a base de numerosos ensaios

in vitro para determinar a resposta de uma população de células a fatores externos como

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