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DOENÇA DE PARKINSON E QUALIDADE DE VIDA: CONSIDERAÇÕES TERAPÊUTICAS OCUPACIONAIS.

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Academic year: 2021

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DOENÇA DE PARKINSON E QUALIDADE DE VIDA: CONSIDERAÇÕES TERAPÊUTICAS OCUPACIONAIS.

Marcela Maria Medeiros de Melo¹; Ádila Siqueira de Basto Lima¹; Mirella Bruna Felix de Freitas¹; Elma Eloi Melo da Silva¹; Gabryelle de Brito Figueiredo¹.

¹Acadêmica do Departamento de Terapia Ocupacional - DTO/Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

Introdução

A população idosa está crescendo, e em decorrência disso há um aumento da incidência e prevalência das doenças características desta idade, entre elas a Doença de Parkinson (DP). Segundo Werneck (2009) a Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum em todo o mundo, sendo caracterizada por sintomas motores, entre estes bradicinesia, tremor postural e/ou de repouso, rigidez plástica e distúrbios posturais. Sintomas sensitivos, sensoriais, mentais e autonômicos complementam esta síndrome.

Para Almeida e Castiglioni (2007) as repercussões dos sintomas da DP na vida cotidiana do sujeito são indiscutíveis, no qual as atividades diárias passam a ser progressivamente mais lentas e a demandar mais esforço. Dessa forma surge cada vez mais a necessidade da assistência à pessoa idosa com Parkinson visando maior bem-estar no envelhecer e em suas atividades.

Embora o tremor não seja o sintoma mais incapacitante, frequentemente afeta a auto-imagem e a auto-estima da pessoa, desencadeando ou agravando sintomas depressivos, inatividade e isolamento social (ALMEIDA; CASTIGLIONI, 2007). Fenômenos de natureza psicológica, como o sofrimento emocional gerado pela possível trajetória de perda de autonomia e exclusão social, também contribuem para o comprometimento da qualidade de vida (CHRISTOFOLETTI et al, 2009).

Andrade e Pereira (2009) colocam que com o crescimento demográfico dos idosos fragilizados cresce a demanda de profissionais que utilizam diferentes abordagens para intervir na progressão das doenças que frequentemente acometem essa população. Os idosos com DP enfrentam dificuldades motoras e cognitivas, relacionadas às atividades básicas e instrumentais de vida diária e ao lazer (ALMEIDA; CRUZ, 2009). Dessa forma, o terapeuta ocupacional se insere como forma de atenção dessas questões, visando também a qualidade de vida desse público.

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Chegar à terceira idade com qualidade de vida está relacionado ao cuidado com a saúde e/ou manutenção desta, visto que as doenças são automaticamente associadas à terceira idade e afetam negativamente essa população. Assim, este trabalho teve como objetivo descrever a repercussão da atuação terapêutica ocupacional na qualidade de vida em indivíduos com a Doença de Parkinson, visto que essa doença altera o cotidiano e prejudica o bem estar e independência dos indivíduos acometidos.

Método

O presente trabalho consiste em pesquisa bibliográfica, com coleta de dados utilizando livros e periódicos de Terapia Ocupacional, nas bases de dados SCIELO e BIREME.

Os dados foram coletados no período de maio a agosto de 2014, correspondentes à língua portuguesa. Foram consideradas as publicações dos últimos sete anos, tendo como descritores: Doença de Parkinson, Terapia Ocupacional, Qualidade de Vida e Idosos.

Após a coleta de dados foi realizada leitura dos textos, sendo posteriormente selecionados aqueles que apresentavam relação com o tema da pesquisa.

Resultados

A DP é uma doença que afeta o indivíduo não apenas em decorrência de suas características sintomáticas incapacitantes, mas também pela consequente perda da qualidade de vida do sujeito acometido. Em um estudo realizado por Almeida e Cruz (2009) mostrou que os problemas enfrentados pelos idosos acometidos pela DP abrangem diversas esferas: funcional, ocupacional, relativos à saúde física e mental, social e econômica.

Além disso, Almeida e Castiglioni (2007) afirmam que embora a DP não comprometa a aparência física, as pessoas acometidas acabam perdendo o senso de auto-eficácia e autocontrole, principalmente aqueles que apresentam sintomas depressivos. Esses fatores alteram o estilo de vida do sujeito e sua independência em muitas atividades do cotidiano. Em um estudo realizado por Lana et al (2007) utilizando o PDQ-39, instrumento para avaliar qualidade de vida em parkinsonianos, foi observada uma pior percepção da qualidade de vida nas dimensões “AVD” e “Mobilidade”. De

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acordo com Almeida e Cruz (2009) o terapeuta ocupacional em gerontologia visa primordialmente à prevenção ou redução de perdas funcionais, minimizando o grande risco de tornarem-se dependentes em sua vida cotidiana. Os autores colocam ainda a questão de não existir cura para DP, no qual os tratamentos são, portanto, realizados com o objetivo de preservar neurônios remanescentes, atenuar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Para resgatar e desenvolver atividades contextualizadas e funções específicas, o terapeuta e a pessoa com DP buscam enfrentar as dificuldades (ALMEIDA; CASTIGLIONI, 2007). Considera-se que a prática de atividades cotidianas significativas orientadas pelo terapeuta ocupacional possa favorecer tanto a minimização dos sintomas quanto o uso de capacidades remanescentes (ALMEIDA; CRUZ, 2009).

Segundo Faria (2007) a atuação terapêutica ocupacional em indivíduos com Parkinson consiste, entre outros, em reorganização da rotina para realização de atividades importantes, realização de exercícios em grupo para estimular socialização, adaptação de atividades que requerem controle motor fino, atividades para aumentar a estabilidade postural e instalação de equipamentos de segurança. Essas intervenções são desenvolvidas de acordo com a fase da doença.

Em seu estudo, Almeida e Cruz (2009) demonstram as ações desenvolvidas por terapeutas ocupacionais, que compreendem exercícios de coordenação motora e função manual, técnicas de relaxamento e respiração, estimulação percepto-cognitiva, atividades compensatórias, adaptações ambientais e desenvolvimento de ações voltadas para as capacidades preservadas. Os autores colocam ainda, que as ações devem ser amparadas tanto por informações que dizem respeito à singularidade da pessoa com DP quanto por aquelas referentes aos sintomas da DP e sua repercussão sobre a vida cotidiana.

Os principais sintomas da doença de Parkinson podem acarretar limitações das atividades de vida diária (AVD’s) já na fase inicial da doença (SILVA et al, 2010). Em estágios iniciais da DP, Faria (2007) coloca que os aspectos emocionais e sociais estão mais afetados que as habilidades físicas. Almeida e cruz (2009) apontam em seu estudo que nessa fase as ações são voltadas para manutenção da capacidade funcional e prevenção de perdas funcionais, sendo ainda interessante a prática de exercícios visando manter o equilíbrio, amplitude de movimento e coordenação motora, além de estimular funções sociais contribuindo para evitar a exclusão social da pessoa.

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Em estágios mais avançados da doença, de acordo com faria (2007) as dificuldades nas atividades aumentam, no qual a intervenção deve focalizar a independência e qualidade de vida do paciente e da sua família. Com a progressão da patologia, alterações na postura e na marcha contribuem para o elevado risco de quedas (SILVA et al, 2010). Adaptações no ambiente doméstico e em utensílios visam ainda segurança, conforto, interação e mobilidade, prevenindo a ocorrência de quedas e compensando sintomas como rigidez muscular, instabilidade postural e disfunção do equilíbrio (ALMEIDA; CASTIGLIONI, 2007).

Almeida e Cruz (2009) relatam em seu estudo que com pacientes em fases avançadas no leito, podem ser utilizados colchões de ar para aumentar o conforto noturno e adaptações para a troca de decúbito, e órteses nas mãos para evitar deformidades. Em outro estudo, Andrade e Ferreira (2009) abordam o uso da Tecnologia Assistiva (TA) como forma de permitir ao indivíduo desenvolver as atividades funcionais de vida diária com segurança, aumentando sua independência e autonomia, prevenindo comorbidades e, dessa forma, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida.

Para Almeida e Castiglioni (2007) dispositivos são indicados para minimizar a bradicinesia e a acinesia, por facilitar e agilizar as atividades do indivíduo. Além disso, os autores afirmam que o tremor pode ser atenuado com o uso de utensílios que tenham algum peso e sejam feitos de materiais inquebráveis. Faria (2007) afirma que o terapeuta ocupacional deve orientar o paciente para minimizar o desconforto do tremor, e para diminuir sua ocorrência o indivíduo deve segurar objetos, já que a atividade volitiva cessa o tremor, e ainda utilizar uma pulseira de chumbo sob a roupa.

Outra abordagem terapêutica ocupacional consiste na adoção de Recurso Terapêutico (RT). Nesse contexto, seu uso se liga ao exercício de funções específicas e à prática de atividades contextualizadas, o que pode concorrer para o resgate ou a preservação de uma vida cotidiana com significado (ALMEIDA; CASTIGLIONI, 2007). Em relação aos acometimentos cognitivos da DP, Almeida e Cruz (2009) colocam que embora a maioria não apresente declínio intelectual, podem ocorrer distúrbios como dificuldades de concentração e de memória para fatos recentes, dificuldades para cálculos e em atividades que requerem orientação espacial, podendo se intensificar com o avanço da doença. Esses distúrbios não são suficientes para gerar dependência, mas causam desconforto e preocupação, o que justifica a atenção para os sintomas cognitivos nesses pacientes.

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Segundo Almeida e Castiglioni (2007) para minimizar as dificuldades de memória podem ser utilizadas estratégias internas como associação, uso de múltiplos sentidos e categorização de informações. Também podem ser adotados dispositivos externos à memória como agenda, calendário, lembretes e bilhetes. Considerar os fatores cognitivos nessa doença minimizam as dificuldades causadas por ela, contribuindo com o bem estar do indivíduo.

Além das dificuldades cognitivas, outro fator associado à DP é a depressão. Almeida e Cruz (2009) trazem em seu estudo que a depressão é considerada uma enfermidade frequente nos consultórios e instituições diversas que atendem idosos com Parkinson, devendo receber atenção do terapeuta quanto à sua evolução. A depressão provavelmente acontece devido à mudança de rotina e das capacidades do indivíduo, afetando sua independência e autoestima.

De acordo com Silva et al (2010) os sintomas motores não são os únicos determinantes da qualidade de vida dos parkinsonianos, outros sintomas como desconforto emocional, cognição e até comunicação, podem se acentuar com a evolução da doença, pois surgem novas alterações que certamente levam ao com-prometimento de outras dimensões da qualidade de vida.

Quanto à questão da comunicação, Faria (2007) aborda como uma das formas de abordagem terapêutica ocupacional, nesses casos, são os exercícios para a musculatura facial, orientando o indivíduo a realizar o movimento de forma exagerada, facilitando a convivência do parkinsoniano com o déficit além de estimular a elasticidade da musculatura.

O suporte terapêutico, apesar de importante, não é suficiente para a qualidade de vida de pessoas com Parkinson, sendo interessante a aproximação do profissional também com a família. Segundo estudo Almeida e Cruz (2009) a atuação junto aos cuidadores e familiares é considerada fundamental no tratamento de indivíduos com DP. É importante essa orientação do cuidado, pois auxilia o indivíduo a manter o máximo de sua funcionalidade em seu cotidiano, e maior atenção no caso de fases mais avançadas. A proximidade da família traz também conforto emocional ao indivíduo.

São inúmeros os fatores que contribuem com a qualidade de vida de indivíduos com DP. O terapeuta ocupacional tem papel fundamental na independência das atividades cotidianas, porém o parkinsoniano necessita da atenção de outros profissionais de saúde para um tratamento efetivo da DP. É imprescindível também a apoio familiar e social. Além disso, reconhecer as necessidades dos idosos quanto à sua

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qualidade de vida, distanciando-se da concepção de que o envelhecimento está irremediavelmente associado apenas à doenças, já é um bom começo para a melhoria dessa população.

Conclusão

A Doença de Parkinson (DP) é neurodegenerativa e não tem cura, sendo importante o acompanhamento de profissionais da reabilitação a fim de minimizar os danos causados pela doença. O terapeuta ocupacional tem papel importante em indivíduos com DP, ao atenuar os sintomas para uma maior independência em suas atividades, colaborando assim com sua qualidade de vida.

O tratamento terapêutico ocupacional considera vários aspectos do sujeito com DP. A intervenção nas atividades cotidianas, a manutenção das capacidades físicas, cognitivas e sociais, exercícios de funções, abordagem grupal, utilização de dispositivos e de recursos terapêuticos e a adaptação ambiental são ações que o terapeuta ocupacional direciona a esses pacientes.

Os possíveis sintomas cognitivos que acompanham a doença em um número significante dos casos devem ser levados em consideração na intervenção com indivíduos com Parkinson. Os aspectos psicológicos e emocionais também são importantes no cuidado com esses sujeitos visto que a depressão é uma doença bastante associada à DP. O apoio familiar e de cuidadores é bastante importante no cuidado diário para manutenção da funcionalidade e no conforto emocional que isso proporciona. O convívio social também é bastante importante para evitar o isolamento do sujeito com DP.

Na literatura há uma escassez de estudos que abordem a atuação terapêutica ocupacional para a qualidade de vida de indivíduos com Parkinson. É interessante a discussão acerca da temática visto que o terapeuta ocupacional atua promovendo maior independência do sujeito nas atividades cotidianas, considerando suas necessidades específicas, podendo ser estas físicas, cognitivas, psicológicas ou sociais, colaborando diretamente com a qualidade de vida das pessoas, entre estas, àqueles com DP.

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Referências Bibliográficas

ALMEIDA, M. H. M.; CASTIGLIONI, M. C. Recursos tecnológicos: estratégia de promoção do autocuidado, atividades e participação para pessoas com doença de Parkinson. Rev. Ter. Ocup. Univ.São Paulo, v.18, n. 3, p. 152-157, 2007.

ALMEIDA, M. H. M.; CRUZ, G. A. Intervenções de terapeutas ocupacionais junto a idosos com doença de Parkinson. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 20, n. 1, p. 29-35, 2009.

ANDRADE, V.S.; PEREIRA, L.S.M. Influência da tecnologia assistiva no desempenho funcional e na qualidade de vida de idosos comunitários frágeis: uma revisão bibliográfica. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol, v.12, n. 1, p.113-122, 2009.

CHRISTOFOLETTI et al. Aspectos físicos e mentais na qualidade de vida de pacientes com Doença de Parkinson idiopática. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.16, n.1, p.65-9, 2009.

FARIA, I. Disfunções neurológicas. In: CAVALCANTI, A; GALVÃO, C. Terapia Ocupacional. Fundamentação e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 187-204. 2007.

LANA, R.C. Percepção da Qualidade de Vida de indivíduos com Doença de Parkinson através do PDQ-39. Rev. bras. fisioter., São Carlos, v. 11, n. 5, p. 397-402, 2007. MOREIRA, C.S. et al. Doença de Parkinson: como diagnosticar e tratar. Revista Científica da FMC. Vol. 2, n. 2, 2007.

SILVA, F.S. et al. Evolução da doença de Parkinson e comprometimento da qualidade de vida. Rev Neurocienc. v.18, n. 4, p. 463-468, 2010.

SOUZA, C.F.M et al. A Doença de Parkinson e o Processo de Envelhecimento Motor: Uma Revisão de Literatura. Rev Neurocienc, 2011.

WERNECK, A.L.S. Doença de Parkinson: Etiopatogenia, clínica e terapêutica. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. V. 9, n. 1, 2010.

Referências

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