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Sofá de interação para humanos e animais de estimação

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCEENG - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS CURSO DE DESIGN – HABILITAÇÃO PRODUTO

SOFÁ DE INTERAÇÃO PARA HUMANOS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

PATRÍCIA DEVES RIBEIRO

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SOFÁ DE INTERAÇÃO PARA HUMANOS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

Monografia apresentada no Curso de Design como requisito parcial para a obtenção do grau de

Bacharel em Design –

Habilitação Produto

Orientadora: Diane Johann, Me.

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova a monografia “SOFÁ DE NTERAÇÃO PARA HUMANOS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO” elaborada por Patrícia Deves Ribeiro como requisito parcial para obtenção do grau Bacharel em Design de Produto.

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________________ Diane Meri Weiller Johann – Orientadora

_____________________________________________ José Paulo Medeiros da Silva - Banca

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“Na ciência e no coração humano, não há limites, nem falhas, só quando você desiste.” (Bono Vox)

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Dedico ao meu esposo Rafael Dalepiane da Silva, pela paciência, apoio e amor incondicional. Você não me deixou desistir, e contribui para que esse sonho torna-se realidade. Sem você essa conquista não seria completa.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela minha vida, por me presentear com o dom que me encaminhou ao curso de Design, por me conceder a força, a garra e a fé que não me fizeram desistir. Aos meus pais, por me ensinarem os valores que carrego. Por me incentivarem desde cedo a seguir essa carreira, sempre me fazendo acreditar que eu era capaz. Pelo carinho, pelo amor, pela ajuda nos inúmeros trabalhos da faculdade, inclusive em minha monografia, e principalmente pela motivação. Ao meu irmão, por me dar a certeza de que sempre terei alguém do meu lado, meu melhor amigo, meu companheiro, meu protetor, obrigada pelo carinho e pela paciência. A minha madrasta, por estar sempre ao meu lado quando preciso, pelo carinho, motivação e dedicação. Agradeço também aos meus sogros Cláudia e Marcos, por me adotarem como filha, dando-me cuidado, carinho, amor e auxilio.

Aos meus chefes Márcia e Edson, e meu companheiro de trabalho Cleon por suportarem meu stress, minhas crises de desespero ao longo da faculdade, pela paciência, e pelo apoio e auxilio em todos os momentos que precisei. Aos meus amigos companheirismo, por me ouvirem quando precisei, pela força quando desanimava, por aguentarem nos momentos stress, por compreenderem minha ausência, e por me proporcionarem momentos de alegria e diversão durante essa jornada. Aos professores Fabiane, José Paulo, Diane, Juliana, e Viviane pela dedicação, compreensão, e carinho muito obrigada.

Aos meus filhos de quatro patas Marilyn, Led Zeppelin e Dinho, pela companhia, pela dedicação, pelo amor verdadeiro e incondicional. Por tornarem meus dias mais fáceis e alegres

E principalmente ao meu esposo Rafael, por todo apoio e motivação. Por toda a dedicação, auxilio e companheirismo. Obrigado por não me deixar cair, ou fraquejar, por me fazer acreditar que meus sonhos eram possíveis, e por me ajudar a conquistar cada um deles. Você me fez crescer como mulher, profissional e a melhorar como pessoa. Agradeço pelos abraços, pela proteção, pelos cuidados, pelo auxilio em todos os trabalhos da faculdade, e por sempre me dizer: “Calma, tudo vai dar certo. A gente vai conseguir!” Agradeço todos os dias por poder dividir minha vida e minhas conquistas contigo. Amo-te eternamente.

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo a criação de um sofá de interação entre humano e animal de estimação, voltado para pessoas que possuem cães e/ou gatos dentro de suas residências. Além de seu objetivo inicial, busca também agregar funções, com nichos laterais para o acondicionamento de objetos e caixas que viram puff e/ou mesa de centro. Possui além de tudo, um espaço especial para o animal de estimação descansar, assim como um labirinto para entretenimento de gatos. A partir disso, realizou-se entrevistas com pessoas que convivem com animais, para buscar solucionar suas necessidades. O desenvolvimento do produto efetuou-se através da Metodologia de Gui Bonsiepe que incluiu no processo de trabalho análises, definições e reprodução de ideias por meio de esboços, desenhos e protótipos, resultando na criação de um móvel confortável, funcional e atraente, proporcionando benefícios através de sua utilização.

Palavras-chave: Sofá, Projeto, Funcionalidade, Criatividade, Materiais, Cores, Cães, Gatos, Psicológicos, Ergonomia.

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ABSTRACT

This research aims to create a couch of interaction between human and pet, geared toward people who have dogs and / or cats inside their homes. In addition to their initial purpose, it also seeks to aggregate functions with side cabinets and boxes that puff viewed and / or coffee table. It has after all, a special space for the pet to rest, as well as a maze for entertaining cats. From this, we carried out interviews with people who live with animals, to seek to solve their needs. Product development is carried out through the methodology Gui Bonsiepe that included in the analysis work, definitions and reproduction of ideas through sketches, drawings and prototypes process resulting in creating a comfortable, functional and attractive mobile, providing benefits through its use.

Keywords: Sofa, Design, Functionality, Creativity, Materials, Colors, Dogs, Cats, Psychological, Ergonomics.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Problematização ... 67

Tabela 2 - Características do Lshape Sofa... 71

Tabela 3– Características do Sofá Ek-f300. ... 72

Tabela 4 - Características do Sofá Cama Puff. ... 73

Tabela 5 - Características do Dog House Sofa ... 75

Tabela 6 - Características do Cat Tunnel Sofa. ... 76

Tabela 7 - Análise estrutural. ... 77

Tabela 8 – Microanálise ... 79

Tabela 9 - Macroanálise ... 80

Tabela 10 - Configuração Externa ... 82

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Terapia em Hospitais com Cães ... 20

Figura 2: Anatomia Ocular ... 32

Figura 3: Formato dos Cones e Bastonetes ... 33

Figura 4: Conexão entre células receptoras ... 33

Figura 5: Espectro da Visão Canina e Humana ... 35

Figura 6: Metragens mínimas para sala de estar ... 40

Figura 7: Estrutura do MDF ... 41

Figura 8: Courvin ... 44

Figura 9: Sofá revestido com Acquablock ... 45

Figura 10: Círculo Cromático ... 48

Figura 11: Ciclo Ergonomico ... 49

Figura 12: Dimensões Avaliadas em Sofás ... 51

Figura 13: Valores recomendados para altura do assento ... 51

Figura 14: Valores recomendados para largura do assento individual ... 52

Figura 15: Valores recomendados para largura do assento individual ... 52

Figura 16 - Gráfico 1... 54 Figura 17 - Gráfico 2... 54 Figura 18 - Gráfico 3... 55 Figura 19 - Gráfico 4... 56 Figura 20 - Gráfico 5... 56 Figura 21 - Gráfico 6... 57 Figura 22 - Gráfico 7... 58 Figura 23 - Gráfico 8... 58 Figura 24 - Gráfico 9... 59 Figura 25 - Gráfico 10 ... 60 Figura 26 - Gráfico 11 ... 61 Figura 27 - Gráfico 12 ... 61 Figura 28 - Gráfico 13 ... 62 Figura 29 - Gráfico 14 ... 63 Figura 30 - Gráfico 15 ... 63 Figura 31 - Gráfico 16 ... 64

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Figura 32 - Gráfico 17 ... 65

Figura 33 - Lshape Sofa... 70

Figura 34 - Sofá Ek-f300 peças separadas ... 71

Figura 35 - Sofá Ek-f300 gaveta ... 71

Figura 36 - Sofá Ek-f300 frontal ... 72

Figura 37 – Sofá Cama Puff ... 73

Figura 38 – Dog House Sofa ... 74

Figura 39 – Dog House Sofa ... 74

Figura 40 – Cat Tunnel Sofa ... 75

Figura 41 – Cat Tunnel Sofa ... 75

Figura 42: Esboço 1 ... 85

Figura 43: Esboço 2 ... 85

Figura 44: Esboço 3 ... 86

Figura 45: Esboço 4 ... 86

Figura 46: Esboço 5 ... 87

Figura 47: Render do esboço 5 ... 87

Figura 48: Esboço para estudo dos ângulos ... 88

Figura 49: Esboço final vista superior ... 88

Figura 50: Esboço do labirinto para gatos ... 89

Figura 51: Esboço final vista frontal ... 89

Figura 52: Esboço final vista lateral direita ... 90

Figura 53: Esboço com valores da escala 1:5 para o protótipo ... 90

Figura 54: Protótipo Foto 1 ... 92

Figura 55: Protótipo Foto 2 Puffs em uso ... 93

Figura 56: Protótipo Foto 3 Lateral esquerda ... 93

Figura 57: Protótipo Foto 4 Espaço para animais ... 94

Figura 58: Protótipo Foto 5 ... 94

Figura 59: Protótipo Foto 6 Lateral Direita ... 95

Figura 60: Protótipo Foto 7 Porta ... 95

Figura 61: Protótipo Foto 8 Vista Superior... 96

Figura 62: Protótipo Foto 9 Módulos Separados ... 96

Figura 63: Protótipo Foto 10 Escada Guardada ... 97

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 A PRESENÇA DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NA VIDA DOS SERES HUMANOS ... 15

2.1 Efeitos psicológicos da convivência com animais de estimação ... 17

2.2 Cuidados com a saúde humana ... 20

2.3 Características dos animais de estimação e as influências do ambiente ... 22

2.4 Requisitos e limitações dos animais em ambientes residenciais ... 24

3 A PERCEPÇÃO DO AMBIENTE PELOS SERES HUMANOS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO ... 26

3.1 A função da sala de estar ao longo da história ... 26

2.1 Como cães, gatos e seres humanos percebem as cores e suas reações psicológicas ... 31

4 CRIANDO O AMBIENTE IDEAL PARA O SER HUMANO E ANIMAIS ... 35

4.1 Área de circulação: Qual o tamanho necessário para a circulação de homem e animal no ambiente? ... 39

4.2 Material ideal para estrutura do móvel ... 41

4.3 Materiais para revestimento de estofado ... 42

4.4 As cores e o ambiente ideal ... 45

4.5 A ergonomia do Sofá ... 48 4.5.1 Dimensões recomendadas ... 51 6 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO ... 66 6.1 Problematização ... 66 6.2 Análises ... 67 6.2.1 Lista de verificação ... 68

6.2.1.1 Informações sobre atributos do produto ... 68

6.2.1.2 Eventuais aspectos que podem representar problemas... 69

6.2.2 Análise Sincrônica ... 70 6.2.3 Análise Estrutural ... 76 6.2.4 Análise Funcional ... 77 6.2.4.1 Microanálise ... 78 6.2.4.2 Macroanálise ... 79 6.2.5 Análise Morfológica ... 81

6.2.6 Análise do produto com relação ao uso ... 82

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6.3.1 Estrutura e hierarquização dos requisitos ... 83 6.4 Geração de Alternativas... 84 6.4.1 Esboços ... 84 5.4.2 Seleção ... 91 6.4.3 Desenho Ilustrativo ... 91 6.4.4 Desenho Técnico ... 91 6.4.6 Protótipo ... 91 6.4.7 Produto Final ... 97 APÊNDICES ... 104

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1 INTRODUÇÃO

O tema desta pesquisa é a criação de um mobiliário para sala de estar, adaptado para o convívio com animais de estimação. Através do Design de Produto, e de todos os conhecimentos através dele, procurar uma solução de como a criação de mobiliário residencial adaptado para o convívio com animais de estimação pode melhorar o dia-a-dia do ser-humano e do animal, além de melhorar o aproveitamento de espaço do ambiente.

A busca pela solução do problema deverá acontecer através de pesquisas teóricas e práticas, essa última fundamentada através da opinião e experiências vividas por pessoas que possuem ou possuíram animais de estimação em suas respectivas residências, além da contribuição de profissionais especializados na área de comportamento animal, especificamente de pequeno porte, como cães e gatos.

Tal estudo prático deverá ser executado no município de Ijuí, no estado do Rio Grande do Sul, com possibilidade de contribuição de alunos e professores do Curso de Medicina Veterinária da Unijuí e de outras entidades.

A viabilidade econômica para execução do projeto e do protótipo final deverá ser considerada como requisito para o seu desenvolvimento.

O objetivo do projeto, é atender as necessidades desse público que cresce cada vez mais: o de moradores de residências pequenas que possuem animal de estimação dentro de casa. Por esse motivo o móvel deverá acomodar confortavelmente através do conceito de ergonomia, tanto o humano como o animal, além de agregar função com armários e algum apoio para os pés, diminuindo o espaço que seria ocupado por outro móvel específico para a função.

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2 A PRESENÇA DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NA VIDA DOS

SERES HUMANOS

Há muitos anos a convivência diária entre seres humanos e animais de estimação, é algo muito presente na sociedade. De acordo com Berzins (2000), estudos apontam para essa convivência já na pré-história. Em alguns sítios arqueológicos desta época foram encontrados o que se acredita serem animais domésticos, enterrados em posição de destaque ao lado do provável dono.

O relacionamento humano com animais domésticos é muito antigo, e as pessoas precisam dos animais em suas vidas. Até recentemente, a maioria dos especialistas acreditava que os seres humanos e os cães já viviam juntos, mas uma pesquisa mais recente do DNA dos cães provou que seres humanos e cachorros podem estar convivendo há mais de cem mil anos. Os cães não matam seres humanos porque em cem mil anos de evolução eles desenvolveram sua capacidade de inibir a agressividade contra os seres humanos, e os seres humanos desenvolveram sua capacidade de cuidar da agressividade do cão [...] (GRANDIN; JOHNSON, 2006, p. 185-186).

Assim como Johnson menciona em sua bibliografia, Berzins (apud Uyehara, 2000) também aponta o fato de que em muitos sítios arqueológicos de por volta 12 mil anos antes de cristo, foram encontrados ossos de animais domésticos enterrados em posição de destaque ao lado de seu provável dono. Ainda segundo Berzins, havia já uma distinção social entre cães e os outros animais, imposta pelos homens e, no século XVIII, o cão já era conhecido como “o mais inteligente de todos os quadrupedes conhecidos” e adorado como “o servo mais fidedigno e a companhia mais humilde do homem” (Berzinz, 2000:57).

De acordo com Belotto (2004), recentemente foi descoberta a mais antiga prova de coabitação entre gatos e humanos, na ilha mediterrânea de Chipre, datada de 9500 anos atrás. Até então, a prova mais antiga da domesticação dos felinos, era de 4 ou 5 mil anos no antigo Egito. O gato atingiu importância cada vez maior nessa civilização, foi honrado e adorado como um Deus. Considerado animal sagrado, era mumificado e colocado em sarcófago durante os funerais de famílias ricas e era proibido matá-lo. É desta época a representação da deusa Bastet, fêmea do deus sol Rá. Quando morriam gatos, seus donos demonstravam seus sentimentos raspando as sobrancelhas em sinal de luto.

Ainda de acordo com Belotto (2004), os gregos e os romanos reconheceram mais tarde o valor do gato como caçador de camundongos e isto foi o início de sua conquista por mais territórios. Porém na Idade Média, os gatos perderam sua boa popularidade, novamente foram

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associados à adoração, mas, desta vez associado ao mal, ao maligno, à bruxaria. Essa associação custou a vida de milhares de gatos e, sendo que muito dessa superstição persiste até hoje, e ainda é comum presenciar o medo do gato preto e do azar que ele possa causar.

Gatos são animais sociais e há sinais de cooperativismo entre eles, um dos mais evidentes são os cuidados com filhotes. Interagem bem com humanos demonstrando sociabilidade e afeição. O ronronar, tão característico, expressa seu contentamento ou submissão frente a uma pessoa ou a outro gato. Podem fazer parte de uma família sem tomar demasiado tempo de seus donos, são animais menos dependentes e de porte menor se comparados a determinadas raças de cães. São territoriais, exploram muito bem seu espaço, observam, patrulham e o defendem. (BELOTTO, 2004).

Esse apego entre humano e animal é bastante complexo, e cada vez mais forte, graças a sentimentos que ainda não foram totalmente desvendados pela ciência, e causam curiosidade e interesse por parte da maioria da população. Ainda é muito difícil entender como acontece esse elo emocional, mas já não é de hoje que os animais evoluíram de simples companhia para membros efetivos dentro da família humana, dividindo até o mesmo espaço em suas residências.

Para Fuchs (apud Bellinghini, 2003), tudo pode ter começado com um filhote de lobo mais manso que os demais, e a percepção que o homem obteve de que ele poderia ajudar, dando sinais de alarme, auxiliando nas caçadas e até mesmo, para o homem livrar-se do frio. O homem das cavernas podia dormir com o cão por exemplo, aquecer-se e como retribuição dar-lhe restos de comida. Na mitologia grega (apud Uyehara, 2000), acredita-se que “a alma do cão acompanha seu dono até a eternidade”. Isso pode até justificar a crença popular de que o cachorro espelha a personalidade de seu dono.

Segundo Starling (apud VACCARI & ALMEIDA 2007, p. 112): Desde os primórdios, a humanidade já convivia com animais. Os cães ofereciam resguardo territorial ao protegerem as cavernas contra invasores, além de ajudarem nas caçadas. Hoje, além de segurança, essa relação pessoa-animal adiciona outras necessidades psicológicas.

No Brasil esse relacionamento já foi avaliado através de inúmeras pesquisas estatísticas que indicam o crescimento considerável da existência de cães e gatos como animais de estimação. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado que mais gasta com animais de estimação é São Paulo, sendo que de R$ 3 gastos no país, R$ 1 é desembolsado pelos paulistas. Segundo o mesmo estudo, só neste ano (2014), os brasileiros deverão gastar por volta de R$ 5,92 bilhões com animais de estimação, sendo que

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32% desse montante será movimento no Estado de São Paulo. Esse estudo pode justificar a utilização de animais para fins terapêuticos, pois nesse mesmo Estado, existem 503.971 pessoas que vivem sozinhas, em 14,1% dos lares da cidade, segundo o último Censo do IBGE. O número de pessoas que moram sozinhas é maior do que a população inteira de capitais como Florianópolis, em Santa Catarina. De acordo com o Secovi (Sindicato Intermunicipal das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e Condomínios Residenciais e Comerciais no Rio Grande do Sul - Sindicato da Habitação), o número de lançamentos de apartamentos de um dormitório cresceu 450% nos últimos quatro anos.

Em uma pesquisa realizada pelo IBGE (2013), foi possível constatar que devido à correria do dia-a-dia e/ou alto investimento de se ter um filho atualmente, cada vez mais casais optam por ter um animal dentro de casa ao invés de uma criança. De acordo com dados do IBGE, mais de 10 milhões de casais brasileiros não tem filhos, enquanto o número de casais que possuem animais de estimação só cresce no país. De acordo com a última pesquisa realizada no ano de 2013, o número de casais sem filhos aumentou de 13,3% para 17%.

Enquanto isso, segundo a Eromonitor International (2012), empresa especializada em pesquisa de mercado para a indústria, o Brasil tem hoje mais de 48 milhões de animais de estimação.

Outra pesquisa realizada pelo IBOPE procurou contabilizar a quantidade de animais de estimação presentes na residência dos brasileiros, e pode constatar que 80% dos entrevistados possuem algum tipo de animal de estimação.

Os números observados comprovam ainda mais, que a vida humana compartilhada com animais tem sido primordial para a busca de inúmeros benefícios e atendendo a diferentes necessidades de determinados grupos de pessoas, instituindo-se assim uma nova forma de constituição familiar.

2.1 Efeitos psicológicos da convivência com animais de estimação

Os animais de estimação desempenham diversos papéis para os seres humanos, tanto para o indivíduo, como para a família, ou até mesmo para a sociedade, além de representarem uma fonte de apego e afeto, consolidando um elo emocional às vezes mais forte do que os que acontecem entre muitas pessoas, diminuindo o sentimento de solidão.

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Entre os muitos papéis representados pelos animais estão os mais óbvios e conhecidos como: cão para caça, para guarda, pastores de rebanhos, no trabalho policial, guia de portadores de necessidades especiais e outros papéis, ainda objetos de estudos e discussões (SERPEL, 1993).

As mudanças na sociedade e nos valores humanos motivaram a falta de confiança e a diminuição de envolvimento sentimental entre as pessoas, o que levou o ser humano a buscar nos seus animais de estimação uma relação sincera de amizade e lealdade. Essa convivência com animais faz parte de todas as culturas, e segundo Manucci (2005) é também um elo com o passado recente em que os seres humanos trocaram o campo pela cidade. Outro motivo que estimulou a necessidade de se ter animais de estimação em casa foi o aumento da expectativa de vida, e por mais pessoas estarem morando sozinhas, adiando então o plano de ter filhos,

vendo nos animais a substituição da solidão.

“Eles podem representar a única ponte de ligação do homem com um mundo autêntico, sem hipocrisias, corporativismo ou mediocridade” (ODENDALL, 2000).

A convivência com eles pode auxiliar o homem a buscar a sua própria identidade, conhecer suas próprias aspirações e a definir seus princípios. Pesquisas realizadas recentemente mostraram que essa relação entre homem e animal de estimação resulta em uma significativa melhora psicológica e emocional nas pessoas. Os próprios donos de cães e gatos afirmaram que sua qualidade de vida melhorou após adotarem essa convivência, sendo demonstrada uma diminuição do stress causado pela rotina e problemas diários, melhorando a afinidade entre os membros da família através da diminuição das tensões entre eles, além de elevar o sentimento de compaixão no convívio social. (ALMEIDA et all, 2009)

As características psicológicas dos animais ainda precisam ser amplamente estudadas, porém, já é comprovado que cães e gatos são capazes de captar os sentimentos humanos, compreender mudanças de comportamento e perceber suas expectativas e intenções, através do tom de voz e linguagem corporal do homem. Além de identificar alterações de humor, saúde e estado emocional, através de mudanças químicas no corpo humano, as quais a própria pessoa não consegue perceber, já que a audição e o olfato desses animais são extremamente mais apurados que os de qualquer pessoa.

Quando ouve a voz de um amigo, você imediatamente o imagina, mesmo que não possa vê-lo. E pelo tom de voz, você consegue avaliar se ele está feliz ou triste. Podemos fazer tudo isso porque o cérebro humano tem uma área especializada, responsável pelo reconhecimento de voz. Agora, depois de fazer experiências com ressonância magnética e um grupo de cães, cientistas chegaram à conclusão de que o melhor amigo do homem também possui essa área. (CALDAS, 2014)

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Segundo matéria publicada na Revista Super Interessante:

Num ranking de inteligência emocional, os cães seriam os campeões, de longe. O segredo deles é o contato visual. Eles são os únicos bichos que sabem o que você está pensando: olhando nos olhos eles podem detectar o nível de atenção dos donos e atuar de acordo com ele. Essa habilidade é um atributo evolutivo: cães são descendentes de lobos que trocaram a matilha pelas aglomerações humanas há 13 mil anos. Os que melhor emulavam o comportamento humano (incluindo aí a habilidade de ler a mente do outro olhando nos olhos) cresceram e se multiplicaram porque viraram os preferidos dos humanos. Os que não tinham esse dom ficaram pelo caminho. E hoje todo cão é um expert em contato visual. Como eles sabem aplicar essa habilidade inata para resolver desafios (identificar seus potencias colaboradores entre os humanos da casa), não há como negar sua inteligência. (SZKLARZ E VERSIGNASSI, 2011)

Os estudos científicos voltados a procura dos benefícios que os animais de estimação trazem aos seres humanos começaram por volta da década de sessenta. As experiências eram realizadas com diversos públicos, variando suas situações especiais (deficientes físicos e mentais, prisioneiros, entre outros), condição emocional (separação, viuvez, etc.), como em diversas etapas da vida (infância, velhice, etc.). (COUTINHO et all, 2004). Estudos tem demonstrado que a interação do homem com animais de estimação pode ter efeitos positivos na saúde e comportamento humano e que, em alguns casos, esses efeitos são relativamente duradouros. (SERPELL, 1993)

Um amplo conhecimento a respeito desse assunto foi acumulado desde então, abordado o significado dos animais de estimação na vida humana. Eles podem ser utilizados como co-terapeutas em terapias individuais e familiares, relaxamento, zooterapia e até mesmo os serviços prestados a deficientes físicos. Tudo isso baseado apenas nos benefícios que o carinho que o animal de estimação oferece as pessoas pode causar.

Estudos publicados no American Journal of Cardiology, traduzidos e republicados por Vicária (2003), por exemplo, revelam que pessoas que convivem com animais de estimação tem menor chance de desenvolver problemas cardíacos, pois apresentam níveis de estresse e pressão arterial mais controlados. Esses estudos explicam também o porque vítimas de ataque cardíaco, e que possuem um animal de estimação, viverem mais de um ano após os problemas de saúde, fato que não ocorre na maioria dos outros casos. Pesquisadores observam até mesmo uma redução no tempo de recuperação das doenças e uma maior expectativa de vida para pessoas que mantem uma convivência com animais de estimação, pois além do significado emocional, a sua própria presença já induz a realização de atividades físicas, que são essenciais para a saúde. Segundo Flores:

Atualmente, os princípios dessa terapia mediada por animais são utilizados em todo o mundo. O trabalho é realizado através da utilização de cães, gatos, cavalos, peixes, tartarugas, coelhos, em hospitais e escolas especializadas no tratamento de pessoas que apresentam problemas psicológicos e na reabilitação de portadores de

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deficiências múltiplas. O vínculo afetivo que o paciente logo estabelece com o animal é o primeiro passo para o sucesso da terapia, pois abre caminho para a comunicação com o terapeuta. (FLÔRES, 2009).

Figura 1: Terapia em Hospitais com Cães1

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/

2.2 Cuidados com a saúde humana

É comprovado que os benefícios que os animais de estimação trazem aos seres humanos são inúmeros, porém ainda é preciso tomar certos cuidados com alguns detalhes que podem prejudicar a saúde das pessoas.

Para essa convivência não causar problemas de saúde, é importante que a saúde do animal também esteja em boas condições, como assiduidade com vacinas, vermifugação e a prevenção de parasitas, que podem ser trazidos para dentro de casa até mesmo na roupa das pessoas. Deve-se ressaltar que o animal não é um ser tão higiênico quanto o humano, por possuírem hábitos que não são compatíveis com a higiene e saúde das pessoas. Por esse motivo deve se ter um cuidado maior em relação aos locais onde o animal está, desde a limpeza do ambiente, quanto ao tecido que reveste os estofados.

Segundo Teixeira e Ferreira (2014), é recomendado que o animal mantenha sua higiene sempre em dia, sendo que um dos processos importantes é banho, preferencialmente em dias quentes, e nas horas mais quentes do dia, com água quente e sabonete ou xampu próprios para animais, pois alguns produtos para humanos podem causar alergias. Deve-se

1

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/saude/conteudo_249000.shtml, acesso em 30 de abril de 2014

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tomar cuidado com os ouvidos, pois caso haja acumulo de água nesse orifício pode causar inflamação e proliferação de fungos que causam doenças. Após o banho o animal deve ser secado, para evitar que sinta frio.

Os banhos devem ser dados uma vez por semana. Não se devem usar perfumes, já que o faro dos animais é muito mais sensível, incomodando-os o cheiro forte. Animais muito peludos precisam ser mantidos tosados ou com os pelos cortados bem baixos. O Brasil é um país de clima predominantemente quente, e determinadas raças estrangeiras sofrem por inadequação à temperatura. (TEIXEIRA E FERREIRA, 2014).

Os animais estão suscetíveis á contaminação de parasitas como pulgas. Elas causam muito incômodo tanto para eles como para humanos, e podem transmitir verminoses, além de provocarem alergias, predispondo-os a infecções de pele. Segundo Teixeira e Ferreira (2014) é recomendado o uso de produtos específicos, que são encontrados nas clínicas veterinárias e lojas especializadas. No caso de a infestação já existir, é necessário dedetizar a residência, e todos os ambientes onde o animal costuma ficar.

Segundo o infectologista Caio Rosenthal em entrevista ao g1.globo.com/bemestar, além de manter a vacinação em dia, é necessário que os cuidados com a higiene sejam sempre lembrados. Cães e gatos devem estar limpos e sem parasitas, mas também é preciso uma rígida limpeza do ambiente, pois em caso de parasitas, por exemplo, se o animal estiver higienizado e o ambiente não a contaminação volta a acontecer.

A falta de higiene traz além de uma queda na qualidade de vida, uma grande influência a uma série doenças, em especial as doenças parasitárias através da presença dos ectoparasitas (pulgas, piolhos e carrapatos) como dos endoparasitas (verminoses intestinais) que direta ou indiretamente também provocam outras doenças. (FERNANDES, s.d).

Apesar da convivência com eles trazer inúmeros benefícios ao ser humano, ainda existem algumas doenças que podem ser transmitidas através deles, como zoonoses, lombriga, toxoplasmose, entre outras. Como menciona a veterinária Taíza Sanna em entrevista ao site delas.ig.com.br/comportamento: os gatos, por exemplo, enterram suas fezes, e por esse motivo possuem as unhas extremamente contaminadas. Os brinquedos que os animais utilizam, podem não ser distinguidos por uma criança, e esse caso é outra forma onde pode haver contaminação, já que a criança normalmente leva à boca tudo o que pega na mão.

Para essa interação não causar problemas, a saúde do cão tem que estar em perfeita ordem. As principais medidas, tanto para cães quanto para gatos, é cumprir o calendário de vacinas obrigatórias e vermifugação a cada seis meses ou a cada

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quatro, no caso de animais com bastante acesso à rua. É necessário cuidar da prevenção de parasitas, como pulgas e carrapatos também, que podem vir inclusive pelas roupas do dono, na volta de um passeio na rua. (MAMBRINI, 2011)

De acordo com a Lei nº 314, de 17 de Dezembro de 2003: Artigo 1º: O presente diploma aprova o Programa Nacional de Luta e Vigilância Epidemiológica da Raiva Animal e Outras Zoonoses (PNLVERAZ), constituído pelo conjunto de ações de profilaxia médica e sanitária destinadas a manter o estatuto de indemnidade do país relativamente à raiva e o desenvolvimento de ações de vigilância sanitária com vista ao estudo epidemiológico e combate às outras zoonoses, e estabelece as regras relativas à posse e detenção, comércio, exposições e entrada de animais susceptíveis à raiva em território nacional. [...] Artigo 3º: Detenção de cães e gatos - O alojamento de cães e gatos em prédios urbanos, rústicos ou mistos, fica sempre condicionado à existência de boas condições do mesmo e ausência de riscos hígio-sanitários relativamente à conspurcação ambiental e doenças transmissíveis ao homem. Nos prédios urbanos podem ser alojados até três cães ou quatro gatos adultos por cada andar, não podendo no total ser excedido o número de quatro animais, exceto se for autorizado pelo médico veterinário municipal e pelo delegado de saúde.

De acordo com Dukes (1996), uma boa interação entre homem e animal traz benefícios não só para o homem, mas também para o animal, com relação a sua alimentação, moradia, lazer e condições sanitárias. Porém, existem situações que essa interação é maléfica para ambos, principalmente, por despreparo do proprietário, que não sabe como lidar com um animal de estimação. Esse fato resulta em consequências como: comportamentos estereotipados, desespero comportamental e agressividade do lado do animal. E do lado humano, insatisfações com o comportamento do animal, que pode acarretar em uma possibilidade de sofrer agressões por parte do animal e transmissão de zoonoses, principalmente a raiva (Lantzman, 2000).

2.3 Características dos animais de estimação e as influências do ambiente

O Design de Interiores interfere diretamente com o comportamento humano, e muito além de relacionar-se com o lado psicológico de cada pessoa, ele demonstra a cultura e os avanços tecnológicos de uma época.

O bem estar do ser humano é muito influenciado pelas características do ambiente em que vive, e assim também acontece com os animais. O conforto ambiental depende

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principalmente de aspectos térmicos, acústicos, visuais e funcionais. Essa sensação de bem-estar não são apenas reações fisiológicas do corpo, pois também são associadas a reações de conforto psicológico, do se sentir bem ou não em um determinado local. As sensações de abrigo e proteção são influenciadas pelas sensações térmicas. A percepção quanto a luminosidade e aos sons é avaliada de acordo com as experiências acumuladas na memoria, e associadas a experiências vividas no ambiente, contribuindo para essas identificações. Percebe-se então o quanto o projeto do ambiente afeta o modo de vida das pessoas, influenciando os seus sentimentos, seu bem estar, agindo diretamente no equilíbrio psicológico de cada um. Os aspectos a serem priorizados no Design de Interiores são conforto, funcionalidade, ergonomia e estética, aplicando os conhecimentos desenvolvidos no quesito artístico, cientifico, técnico e psicológico.

O grande desafio de desenvolver um ambiente que atenda a todos esses requisitos é a introdução de conhecimentos a respeito de fatores comportamentais no processo criativo. A área do conhecimento voltada ao Design de Interiores que se preocupa com conceitos psicológicos é chamada de Psicologia Ambiental, e é definida segundo Gifford (1977), como a interação entre indivíduos e suas condições físicas. Para que esse estudo seja completo e compreendido, é necessário que sejam identificados os comportamentos típicos de cada pessoa nos diferentes espaços e situações sociais.

Os animais por sua vez possuem características particulares, onde é possível encontrar algumas semelhanças e diferenças com os seres humanos. Sensibilidade a linguagem corporal, sentir uma emoção de cada vez (exceto medo e curiosidade que podem ser sentidos ao mesmo tempo), são algumas características deles. Eles nunca esquecem um grande trauma, e assim como nos humanos varia-se a personalidade de cada um, nos animais também existem aqueles que são mais medrosos, e normalmente esses também são os mais curiosos. Quanto às emoções, nos animais a raiva é a última defesa a qual eles recorrem quando suas vidas são expostas ao perigo. (DUKES, 1973)

Os grupos em que os animais vivem são formados por hierarquias dominantes, uma “sociedade” um tanto quanto organizada, o que diminuem as brigas entre eles. Quando eles convivem desde o inicio com os humanos, a família humana passa a ser sua matilha, e a pessoa com mais poder de comando será o líder. No caso de ninguém adotar esse poder de liderança, o animal poderá crescer mimado e desobediente. Assim como as crianças, eles também precisam ser socializados desde filhote, pois isso faz com que eles não se tornem adultos medrosos, conforme menciona Belloto:

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Mesmo depois de domesticados, os cães, conservam determinados comportamentos dos seus ancestrais, os lobos. Como precisavam viver em grupos (matilhas) desenvolveram uma hierarquia social bem definida. Na matilha, há sempre um líder que os conduz, impondo regras ao grupo por meio de sinais e atitudes, como marcar o território através da urina, por exemplo. Ao integrarem a família humana, os cães a reconhecem como sua matilha e necessitam obrigatoriamente de um líder, caso não encontrem essa liderança entre os humanos, tentarão sempre que possível, assumir essa dominância. (BELOTTO, 2004).

Apesar de a família humana representar para o animal a sua própria família, há necessidade de mantê-los em contato com sua própria espécie, para que eles não percam a sua própria identidade, e possam aprender de que forma devem se alimentar, socializar, acasalar e respeitar seus semelhantes. Esse hábito é importante também para evitar comportamentos agressivos nos animais de estimação.

2.4 Requisitos e limitações dos animais em ambientes residenciais

Em gerações mais antigas a convivência entre animais de estimação e humanos dentro das residências era limitada, pois para pessoas mais antigas o lugar dos animais era fora de casa. Hoje em dia, eles já são considerados membros da família, e possuem acesso irrestrito as dependências da casa. Nos apartamentos e casas com espaços menores, esses laços se estreitam, tornando obrigatória a divisão de espaço entre ambas as espécies. Em muitas residências cães e gatos sobem nos móveis, circulam pelos cômodos, e estão lado-a-lado com os humanos, mas assim como o homem, o animal também precisa de regras para obter uma vida saudável.

Um dos principais cuidados com a saúde do animal é o fornecimento de água limpa e alimentos em doses corretas para a necessidade do mesmo. Não há uma regra de quantidade ou frequência de alimentação a ser seguida igualmente para todos, pois as necessidades de cada animal são individuais e não devem ser generalizadas, pois eles possuem características físicas variadas, porém, a água deve ser fornecida à vontade, em uma vasilha que esteja sempre ao seu alcance, devendo ser trocada duas vezes ao dia para manter o frescor. As vasilhas de água e comida precisam ser lavadas diariamente com esponja e sabão. (TEIXEIRA E FERREIRA, 2014).

Outro detalhe a ser ponderado é o de manter o próprio animal emocionalmente estável, pois ele precisa de atenção, brincadeiras e exercícios, caso contrário ele mesmo pode apresentar problemas de comportamento, estresse e dificuldade em se relacionar. Por isso, é importante que a pessoa quando decidir conviver com o

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animal em sua casa deve analisar o espaço físico que será compartilhado entre eles, a disposição dos móveis, a acessibilidade dele as suas necessidades fisiológicas, a adaptação a rotina da família e a própria segurança dele quanto aos perigos de se machucar dentro de casa.(TEIXEIRA E FERREIRA, 2014).

O Design de Interiores consiste na união de três fatores: social, serviços e íntimo. Desde o início do século XX, a medida que os laços sociais foram se estreitando na Europa civilizada, os aposentos de área social foram aumentando. O ambiente da casa onde o tempo de convivência é mais longo entre ambos, portanto é a sala de estar, pois tem justamente a finalidade de servir como um espaço de socialização entre a família e visitas. (PUTTINI et all, 2008)

Sofá, tapete, mesa de centro, tudo é dividido entre humano e animal. Por muito tempo não houve uma preocupação para que esses móveis fossem divididos de forma correta entre eles, mas o fato de cada um possuir seu cantinho especial em cada móvel pode auxiliar no comportamento adequado de ambos, pois haverá um respeito mútuo, onde cada um irá respeitar o espaço do outro.

Conforme Teixeira e Ferreira (2014) todo animal precisa ter um local quente, macio e protegido para dormir. Normalmente cães de pequeno porte e gatos de raça são mais beneficiados com camas, cobertores, agasalhos e casinhas, mas os cães de porte médio e grande não. A diferença de tamanho e características não deve ser justificativa para submeter um animal a tratamento inferior ou insuficiente, pois todo tipo de cão é gato é passível de domesticação e convivência dentro de residências.

Para evitar contaminações, odores desagradáveis e proliferação de pelos, é importante um cuidado ao se escolher o tecido de revestimento dos estofados e tapetes onde os animais tem acesso. Em alguns tecidos os pelos e poeiras se aderem mais fácil, fazendo com que o estofado fique constantemente sujo. Além da sujeira seca, os animais podem molhar os móveis, após beberem água ou fazerem suas necessidades, situações em que se faz necessário um tecido mais fácil de secar. São diversos detalhes que devem ser considerados, mas que podem facilitar muito a convivência e a higiene de uma residência com animais de estimação.

Segundo Allan, para evitar rasgos, arranhões e odores desagradáveis, o ideal é investir em tecidos de tramas fechadas ou impermeáveis. “Uma boa ideia é investir no couro, brim, sarja, vinil, chenile e lona. Evite móveis com tecidos como algodão, linho e seda”, explica. Se você prefere tecidos mais refinados, a dica é fazer uma capa resistente que pode ser retirada quando for receber visitas. “No caso do animal urinar no estofado, não causará estragos maiores. Pode-se ainda aplicar impermeabilizante nos tecidos para garantir maior durabilidade. Materiais mais lisos também são mais práticos e resistentes à escovação, feitos para retirar os pelos”, completa o arquiteto. (ZAMBONI, 2013)

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3 A PERCEPÇÃO DO AMBIENTE PELOS SERES HUMANOS E

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

3.1 A função da sala de estar ao longo da história

Durante o inicio da colonização brasileira as moradias não eram divididas em ambientes, pois um só cômodo atendia as necessidades dos colonizadores, que mantinham um hábito de vida nômade, precisando apenas de moradias temporárias.

Inicialmente, como o mais simples de nossos abrigos humanos, encontramos a cobertura única, [...] o que de mais simples pode haver em matéria de proteção. Construção precária, própria do viajante, só foi usada, porém, em emergências rápidas. (VASCONCELLOS, 2004, p. 24).

Com o passar do tempo os colonizadores passaram a fixar-se em um só lugar, e assim em um primeiro momento passaram a adaptar suas moradias de acordo com os rigores do clima, como menciona LEMOS em seu livro sobre a Arquitetura Brasileira: “[...] a adoção de profundos alpendres [...] com a providência de se deixarem as paredes internas baixas e os cômodos sem forro, o que possibilitava ampla ventilação de todo o interior” (LEMOS, 1979).

A relação do homem com sua casa também mudou, e elas começaram a contar com mais de um cômodo, principalmente nas moradias mais privilegiadas financeiramente. A sala de estar, já no período colonial, localizava-se sempre em frente as casas, e servia como um salão de visitas. E quando ela se localizava em um andar a cima, servia como área de circulação exclusiva. A função básica desse ambiente era receber visitantes, sendo essa recepção era quase um ritual. Justamente nesse período os encontros ocorriam normalmente em locais públicos, com o objetivo principal de as mulheres não ficarem sozinhas. Algranti (1997) cita em seu livro Cotidiano e vida privada na América portuguesa, por exemplo, “[...] confinamento doméstico das mulheres de elite, que em geral só saíam para as missas e mesmo assim sempre acompanhadas de mucamas ou parentes do sexo masculino”.

Naquele período, as casas brasileiras tanto de pobres como de ricos priorizavam o tamanho dos ambientes ao invés de sua funcionalidade, pois a dimensão ampla dos cômodos tinha como objetivo refletir o poder do proprietário. Em referencia as casas daquela época, LEMOS cita em seu livro:

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[...] umas eram simplesmente maiores que as outras, com menos superposições de funções da habitação, mas falando a mesma linguagem. Aliás, naquele tempo de colônia, não se progredia qualitativamente e sim quantitativamente. (LEMOS, 1979, p. 104).

Com o passar dos anos as casas foram sendo remodeladas. Em um primeiro momento por volta do século XVII, a casa foi planejada com o intuito de proteger e isolar a família, mantendo a rotina em segredo, enquanto os estranhos tinham acesso somente ao quarto de hospedes com a porta virada para o lado de fora, e no máximo chegavam até a varanda, conforme menciona Donato:

[...] ponto de gente estranha e mesmo parentes somente serem admitidos no alpendre ou varanda. Nos primeiros contatos, no máximo chegavam até a sala-de-fora, sem a presença de mulheres. A escrava é que levava à sala o pouco a ser oferecido ao visitante. (DONATO, 2005).

Já no século XVIII os desconhecidos ainda eram recepcionados com receios e certo isolamento, porém as salas de visita começavam a tornar-se mais adornadas, a modo de impressionar os visitantes. Segundo Almeida (1975, apud DONATO, 2005, p. 200): “[...] o espelho em moldura dourada no centro da parede, quase sempre fronteiro à janela, e nessa direção o tapete com sofá, e cadeiras em jacarandá e sola com pregaria dourada [...]”.

No século XIX a família real chegou ao Brasil, e junto com ele novos comportamentos foram implantados na sociedade. Um deles foi o ato de receber visitas. Os estranhos já não podiam ser recebidos com desconfiança e frieza, mas com cordialidade. Esse ato foi incentivado pela corte, alterando hábitos que já estavam enraizados na vida social dos brasileiros. A própria família começou a mudar, e tornar-se mais “liberal”. Segundo Veríssimo & Bittar (1999, p. 61), a casa dos membros da corte “[...] introduz grandes salões de festas, papéis franceses nas paredes, parquets no piso, rodapés altos, bandeiras com ramicelos de delicados desenhos, ferragens elegantes e importadas, manufaturados importados oriundos da Abertura dos Portos”.

As salas firmaram-se ainda mais como o cômodo destinado a convivência. Em algumas residências mais privilegiadas, existiam salas com funções especificas para os hábitos sociais, servindo para receber convidados, ouvir música, entre outros. Os ambientes passaram a refletir o resultado das mudanças dos espaços públicos e privados, reservando ainda os ambientes para as atitudes privadas da família, mas ampliando ainda mais o espaço social. Surgiram então áreas sociais, sala de estar, sala de jantar, sala de jogos, sala de música, escritório, gabinete, biblioteca, entre outros, movidos pela especialização dos ambientes, onde cada um era destinado a uma atividade específica.

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[...] enquanto a cidade assistia aos movimentos da progressiva modernização do espaço público, a população familiarizava-se, cada vez mais, com os novos padrões de consumo e hábitos das sociedades europeias, que ditavam a reformulação do espaço doméstico (BRITO, 2001, p. 174).

Junto com a mudança de hábitos, veio alterações nas prioridades da sociedade, e o conforto mais a adquirir ênfase no projeto da casa, e a população passou a priorizar a comodidade diária no interior da casa ao invés do tamanho do imóvel, passando a considerar a funcionalidade com um requisito básico de bem estar.

[...] os princípios de conforto também passam a se associar à questão do tamanho da casa, pois uma casa menor, além da economia de dinheiro e de tempo na construção, proporciona também maior facilidade de manutenção e uso e, por esse motivo, maior conforto. (BRITO, 2001, p. 179).

Os hábitos patriarcais ainda eram rigorosos, porém eram as donas de casa que definiam a organização interna do ambiente. Existiam até materiais impressos que as auxiliavam nessa atividade, informando sobre o posicionamento adequado dos móveis, novas tecnologias, e até mesmo a invenção de mobiliários específicos como armários, bancadas, entre outros, pois agora o design do ambiente passava a ser sinônimo de status na sociedade, então merecia uma atenção redobrada. Segundo Freire (2000), a própria disposição dos móveis refletia a hierarquia patriarcal, predominante no século XIX. “É importante lembrar que o arranjo hierárquico dos sofás e cadeiras atravessou todo o século XIX” (FREIRE, 2000).

Ainda segundo Freire (2000, p. 249), é importante ressaltar a simetria com que os móveis eram dispostos: “[...] o sofá no meio, de cada lado uma cadeira de braço, e em seguida, várias das cadeiras comuns. Às vezes, uma mesa, com um castiçal grande em cima”.

A partir do século XIX, foram-se realizando modificações que perduram até o dia de hoje, como a sala de estar, que sofreu alterações, decorrentes das mudanças sociais, e do novo plano de construção residencial, buscando o aperfeiçoamento da arquitetura: “[...] criaram um tipo de casa: [...] que se tem conservado até nós quase sem modificação, apesar dos melhoramentos que tem tido a cidade e do aperfeiçoamento da disposição arquitetônica da fachada, que se nota ultimamente”. “A sala antes fechada, abre-se para o espaço externo através de amplas e arejadas janelas, articulando-se com o alpendre-corredor lateral que permite comunicação direta com o jardim.” (VERÍSSIMO & BITTAR, 1999, p. 62).

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Freire (2000) também faz referências à decoração das salas de visitas das residências citando descrição de Saint-Hilaire:

Nas salas das casas mais antigas, viam-se pintadas figuras e arabescos; nas das casas novas, a pintura imitava papel pintado. As mesas faziam às vezes das chaminés das casas da Europa: eram nelas que se colocavam os castiçais com as mangas de vidro, as serpentinas, os relógios. (FREIRE, 2000, p. 249).

Até o século XIX diversas mudanças sociais afetaram a estrutura das residências e seus cômodos. A sala de estar mesmo teve sua função alterada graças ao conhecimento de novas culturas e a implementação de novos costumes.

Ao longo do século XX as mudanças não são tão grandes em relação a estrutura, mas sim na questão dos adornos e decoração, que alteravam-se de acordo com a moda, e

informações que vinham de outros países, e até mesmo, através de uma reformulação da própria cultura brasileira. O acúmulo de funções em um único ambiente voltou com tudo, acompanhando a evolução cada vez mais rápida da tecnologia.

As funções acumuladas incorporam mais uma: o trabalhar em casa, realizado por profissionais liberais ou prestadores de serviços, que utilizam [...] o microcomputador, individualizando cada vez mais o ex-social-homem (VERÍSSIMO & BITTAR, 1999, p. 86).

A preocupação com a segurança da família voltou a ser priorizada, e as residências já não recebiam mais estranhos, e sim pessoas conhecidas e mais íntimas dos moradores. Por esse motivo a casa passou a ter menos ambientes e adornos formais, preocupando-se em ser um lugar mais aconchegante e prático para a família.

Nos anos 50 já começava a ser imposta certa racionalização dos espaços, algo que já era comum no norte da América, onde muitos aposentos tornavam-se mais compactos. Naquela época já existia uma tentativa de se incorporar a cozinha a sala de estar, porém ainda não era possível, em função da ineficiência do sistema de exaustão.

Neste mesmo período, a televisão estava sendo lançada no mercado nacional. Era uma tecnologia ainda de custo alto, por ser importada, mas o inicio de sua utilização já trazia ao país, profundas mudanças de hábitos nos ambientes residenciais, que acompanhariam a sociedade até os dias atuais. A sala de estar tornou-se o lugar mais adequado a sua implementação, tornando esse ambiente o mais privilegiado da residência, algo muito mais forte do que ocorrera com o surgimento do rádio, que ficava preferencialmente na sala de jantar. A televisão trouxe consigo o novo hábito de reunir a família para assisti-la, impondo a necessidade de se ter um ambiente confortável para se acomodar, pois como o principal

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diferencial da televisão era o contato visual, as pessoas não poderiam realizar outras atividades ao mesmo tempo em que prestigiavam os programas de TV.

A televisão determinou nas moradias ricas e de classe média o desaparecimento da copa como principal local de reunião, unindo a sala de jantar à sala de estar e popularizando um novo tipo de mobília de sala, mais moderno (BRITO, 2003, p. 294).

Conforme Brito (2003, p.294) menciona, a televisão constituía o centro das atenções, reunindo até famílias e amigos em sua volta, pois como muitos ainda não possuíam esse aparelho, aproveitavam da hospitalidade dos mesmos para usufruir dessa tecnologia.

Uma das mudanças mais impactantes ocorridas naquela época e que hoje é algo cada vez mais presente na vida dos brasileiros foi a criação das quitinetes, que surgiu por influencia norte americana (em inglês Kitchenette). Nos Estados Unidos eram pequenas cozinhas, porém no Brasil tornaram-se apartamentos de pequenas proporções, sendo formado geralmente por dois cômodos, sendo sala, quarto e cozinha conjugados e um banheiro separado, conforme menciona Verissimo:

Também, grandes conjuntos habitacionais foram produzidos, mas foram comprometidos pelo uso dado e o seu tamanho exíguo, onde num único compartimento comungavam sala-quarto-jantar associados a dois cubículos que faziam às vezes de cozinha e banheiro. (VERÍSSIMO & BITTAR, 1999).

O interior das casas sofreu poucas alterações até chegar à década de 90, onde os espaços integrados foram incentivados, voltados principalmente para pessoas que moravam sozinhas ou casais que não possuíam filhos. Surgiu então o conceito de loft, também uma influencia norte-americana, onde grandes galpões eram utilizados para moradia, sendo que não existiam divisões, com exceção do banheiro. Aqui no Brasil a aplicação do conceito mudou um pouco, pois não é feito através da apropriação de galpões, pois possui uma estrutura semelhante a de um apartamento. “[...] pensada para possibilitar alterações do espaço interno, de acordo com a vida dos moradores. Um casamento, a chegada dos filhos, uma separação, talvez um novo casamento são fatos previstos tecnicamente na construção” (ISTO É, 19 jun.1997).

A partir do século XXI, o mercado imobiliário passou a investir cada vez mais nos espaços integrados, aplicando o conceito de loft (espaços maiores) e quitinetes (espaços menores), a fim de atender as novas demandas por espaços mais práticos, onde os lofts visam atingir um grupo mais sofisticado, e as quitinetes um público que procura por economia. Os anúncios divulgados já chamavam a atenção para esses espaços como uma nova proposta de

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moradia. “Sinônimo de sofisticação, conforto, comunidade e modernidade (que) abriga jovens empresários, pessoas de meia idade, solteiros, gente que optou por viver sem família e tem um bom padrão de vida” (LOFTS, 2008).

Os ambientes reduzidos ganharam seu espaço no país, e todas as alterações residenciais foram em decorrência da mudança de hábitos do povo brasileiro. Inicialmente as residências não tinham divisões de ambiente em decorrência do hábito de vida nômade da população no período colonial e a simples necessidade de uma moradia provisória. Após esse período as casas começaram a ter ambientes divididos, graças a influencia da corte portuguesa que mantinha o costume de socializar e receber convidados, dando grande importância a sala de estar, mas sendo criado outros ambientes semelhantes com diversas especificações, como sala de jantar, sala de música, entre outros.

Por fim mais especificamente no século XXI, os ambientes começaram novamente a integrar-se em função da alteração das necessidades da sociedade, o pouco tempo que os moradores passam em casa com a rotina de trabalho aumentada, pessoas morando sozinhas, casais sem filhos e o pouco tempo para realizar tarefas domésticas. Porém, a sala de estar ainda continuou sendo o centro das atenções, pois o ambiente de integração não perdeu seu valor, mesmo em residências menores.

2.1 Como cães, gatos e seres humanos percebem as cores e suas reações psicológicas

Assim como aconteceu com os seres humanos e animais de diversas espécies, a visão foi adaptando-se e evoluindo de acordo com a modificação das suas maneiras de sobrevivências, e por esse motivo as diferentes espécies possuem formas diferentes de enxergar o mundo. Com os cães e os gatos acontecem da mesma forma, e seus sentidos foram adaptados a sua necessidade de caçar, pois são animais predadores.

Segundo o Centro de Oftalmologia Veterinária Visão Vet, 2010, a visão é o resultado de uma combinação de diversos fatores como: Campo visual e percepção de profundidade, acuidade visual (capacidade de focar objetos), percepção do movimento e diferenciação da cor.

A diferenciação de cor depende de algo que na fisiologia da medicina veterinária é chamada de: Geração do Potencial Receptor (DUKES, 1973). Em relação a anatomia ocular, a

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visão é o resultado da união de diversas “peças” que preenchem nosso globo ocular e possuem ligação ao cérebro:

 Córnea: É a primeira estrutura do olho que a luz atinge;

 Íris: Possui a função de aumentar ou diminuir a pupila, com o intuito de que o olho possa receber mais ou menos luz, conforme as condições de luminosidade do ambiente;

 Pupila: É a abertura central da íris, por onde a luz entra para atingir o cristalino;

 Cristalino: Tem a função de ajustar a retina ao foco da luz que vem atrás da pupila. Consegue discretamente aumentar ou diminuir sua superfície curva anterior, a fim de se ajustar às diferentes necessidades de focalização das imagens que estão mais próximas ou mais distantes;

 Retina: É a membrana que preenche a parede interna em volta do olho, que recebe a luz focalizada pelo cristalino. Contém fotorreceptores que transformam a luz em impulsos elétricos, que o cérebro pode interpretar como imagens. Na retina existem dois tipos de receptores que são os bastonetes e os cones;

 Nervo óptico: É responsável por transportar os impulsos elétricos do olho para o centro de processamento do cérebro, para a devida interpretação;

 Esclera: É o nome da capa externa que envolve o olho, e continua com a córnea. É ela que da forma ao globo ocular.

Figura 2: Anatomia Ocular

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Os fotorreceptores localizados na retina são denominados bastonetes e cones. Segundo Dukes (1973), os Bastonetes são sensíveis à baixos níveis de iluminação, chamada de visão escotópica, sendo responsáveis por distinguir os tons de cinza. Já os cones recebem estímulos luminosos brilhantes, sendo sensíveis a altos níveis de iluminação, chamado de visão fotópica, responsável pela visão em cores. “Os bastonetes são adaptados a visão noturna. [...] Os cones, encontrados em muitos animais, são adaptados para a visão em cores diurna intensa.” (CUNNINGHAM, 1997).

Figura 3: Formato dos Cones e Bastonetes2

Fonte: http://otcjosealves.blogspot.com.br/

Figura 4: Conexão entre células receptoras3

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Fonte: http://cienciadiaria.com.br/

A geração do potencial receptor dos bastonetes e cones é resultado de reações iniciadas pela luz absorvida por substâncias químicas denominadas pigmentos visuais. Cada pigmento visual absorve apenas a luz de alguns comprimentos de onda.

Thomas Young no século XIX, através de suas pesquisas e experimentos com superposição de luzes, conseguiu provar que todas as cores visíveis poderiam ser representadas com uma soma de três cores primárias. Ele chegou a conclusão que isso acontecia não em função das características do raio luminosos, mas da composição do sistema visual humano. Ele concluiu então que o raio luminoso era transportado ao cérebro através de três diferentes tipos de nervos, que transportavam respectivamente a cor vermelha, verde e azul-violeta.

Mais tarde o cientista alemão Hermann Von Helmholtz (apud CUNNINGHAM, 1997) continuou os estudos da teoria de Thomas Young, e propôs que o olho humano continha apenas três tipos de receptores de cor que respondiam mais intensamente a três comprimentos de onda que viriam a ser o vermelho (em inglês Red), o verde (em inglês Green) e o azul-violeta (em inglês Blue), o que viria a ser o R:G:B. Ele propôs ainda que cada tipo de receptor deveria possuir grande sensibilidade a incidência luminosa, porém com diferentes pontos máximos. Exemplificou então que exposta a certo nível de comprimento de onda a resposta média do R:G:B poderia dar uma sensação de azul-ciano, e quando aumentado o comprimento de onda poderia dar uma sensação de amarelo. A teoria tricromática de Young-Helmholts foi mais tarde verificada por James Clerk Maxwell, com seus discos rotativos.

De acordo com a Teoria de Young-Helmholtz, animais com visão em cores herdaram no mínimo dois, e em mamíferos superiores, três tipos diferentes de cones. Cada um deles é sensível de modo máximo a umas três cores primárias: vermelho, verde e azul. Qualquer cor percebida pode ser interpretada como composta de alguma proporção destas três cores primarias. (CUNNINGHAM, 1997)

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Fonte: http://cienciadiaria.com.br/2010/10/07/conexoes-entre-neuronios-e-celulas-receptoras-na-retina-sao-mapeadas-pela-primeira-vez/

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Figura 5: Espectro da Visão Canina e Humana4

Fonte:http://holywestie.com.br/

De modo semelhante aos humanos, os cães e gatos possuem apenas dois tipos de receptores de cor, e são capazes de discriminar comprimentos de onda diferentes. Acredita-se que estes animais são capazes de diferenciar as cores violeta e azul, e que enxergam um tom de amarelo ao olharem para as cores vermelha, verde e amarelo, não conseguindo então diferenciar as mesmas.

Com relação à percepção de cores, animais como cães e gatos têm visão bicromática, no entanto eles discriminam centenas de tonalidades de cinza que, para nós, humanos, nos parecem apenas um tom. Típica característica da visão de animais especializados para a visão em penumbra. (PEREIRA, s..d.).

4 CRIANDO O AMBIENTE IDEAL PARA O SER HUMANO E

ANIMAIS

Vendo o crescimento do índice de convivência do ser humano com animais de estimação, e ainda mais os animais que passaram a viver dentro de casa com seus donos, que se observa a necessidade de projetar e organizar um ambiente que seja voltado a adaptação de ambos.

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Os animais e o ser humano possuem cada um suas necessidades, fazendo-se extremamente importante um design que transpõe a simples preocupação com a estética, mas indo muito mais além, buscando uma melhor qualidade de vida e um ambiente ergonômico para se viver.

Segundo Mancuso (2011), a maior preocupação em se projetar um ambiente é as necessidades de seu próprio cliente, suas aspirações e sua personalidade. De nada adianta seguir padrões de Design e Arquitetura se não souber compreender o que o próprio cliente precisa.

Didaticamente expressando-se, precisamos ordenar passos a serem dados do percurso do processo. O cliente é o ponto de maior importância, sendo o mesmo o motivo-chave da existência do espaço, daí sabemos compreender suas aspirações para só então transformá-las em projeto. (MANCUSO, 2011)

Muitas vezes o próprio cliente não percebe quais são suas reais necessidades, cabendo muitas vezes ao projetista compreender de acordo com os dados que serão colhidos em seu

briefing o que será preciso projetar para que o ambiente se adeque ao seu cotidiano e hábitos

de vida.

Como já colocamos, o cliente é o fator mais importante do processo, pois será sua personalidade que será expressa através de nossa habilidade e criatividade. Todo arquiteto e decorador deveria ter algumas aulas de psicologia para melhor entendimento das personalidades dos clientes com os quais vão lidar. (MANCUSO, Clarice)

É com esse objetivo que é extremamente importante se realizar um briefing de projeto, para coletar todas as informações necessárias para o projeto de Design e Arquitetura, assim como é primordial haver um conhecimento sobre o assunto que se está trabalhando.

Cada projeto tem uma necessidade principal, nesse caso o foco são ambientes pequenos e o convívio com animais de estimação, portanto é importante conhecer as necessidades de ambos, além de saber o espaço necessário para o fluxo dos moradores no ambiente, sendo que o restante será destinado aos móveis. O briefing e pesquisa de campo ficam então com o papel de obter todas essas informações. “Se não souber o porquê de fazer determinadas coisas, provavelmente poderei cometer erros. Considerando que o design se propõe a solucionar problemas, preciso saber exatamente quais são esses problemas”. (PHILLIPS, Peter L).

O espaço físico de uma residência envolve muitas questões. É muito mais que um simples local, pois a sua percepção por parte dos moradores passa pelos sentidos, registra estímulos e os envolve psicologicamente.

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Segundo Aubert (2007), quando uma pessoa entra em um ambiente ela é atingida não somente por um aspecto do mesmo, mas por toda sua Gestalt5, composta por diversos

estímulos. O estudo desse impacto do ambiente sobre a pessoa e da pessoa no ambiente, é algo que abrange a ligação recíproca entre esses dois elementos, envolvendo quatro conceitos para espaços físicos: Espaço Pessoal, Territorialidade, Privacidade e Densidade, e Apinhamento.

O Espaço Social segundo Sommer (1969): “É uma área com limites invisíveis cercando o corpo de uma pessoa, na qual intrusos não são permitidos”.

Territorialidade segundo Gifford (1997): “É o conjunto de comportamentos e atitudes por parte de um indivíduo ou grupo, baseados em controle percebido, tentado ou real sobre o espaço físico definível, objeto ou ideia, que pode implicar em ocupação habitual, defesa, personalização e demarcação”.

Privacidade segundo Altman (1975): “É o controle seletivo do acesso a si ou ao seu grupo”. Ainda de acordo com Castro (2012) a Densidade trata do número de indivíduos por unidade de espaço, e o Apinhamento trata do estado psicológico desses indivíduos e inclui o estresse e motivação de sair de uma situação percebida subjetivamente como densa.

Todos esses conceitos exceto o de privacidade possuem cada um dois parâmetros, sendo o primeiro referente ao espaço físico, que pode ser analisado de uma forma objetiva e o outro é uma avaliação subjetiva pessoal e social, do individuo e dele com o restante do grupo.

O homem e suas extensões constituem um sistema inter-relacionado. É um erro agir como se os homens fossem uma coisa e suas casas, suas cidades, sua tecnologia, ou sua língua, fossem algo diferente. Devido a inter-relação entre o homem e suas extensões é conveniente prestarmos uma atenção bem maior ao tipo de extensões que criamos (...). (E. HALL, 1966)

Outro conceito importante e que deve ser levado em conta é a denominada Dimensão Temporal, que abrange a projeção do futuro e a referência ao passado do individuo, ou seja, trabalha toda a sua história. Segundo Castro (2012) a relação do indivíduo com o tempo é extremamente importante na relação do espaço físico com o espaço social. O ciclo de vida de cada um tem uma relação direta com o tempo, mas o mesmo é diferente para cada indivíduo.

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Gestalt é um termo da psicologia que significa "todo unificado". Refere-se às teorias de percepção visual desenvolvidas por psicólogos alemães na década de 1920. Essas teorias tentam descrever a forma como as pessoas tendem a organizar os elementos visuais em grupos ou conjuntos unificados quando certos princípios são aplicados. http://graphicdesign.spokanefalls.edu/tutorials/process/gestaltprinciples/gestaltprinc.htm

Referências

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