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Mapeamento e valoração de bens e serviços ecossistêmicos no semiárido brasileiro.

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS

ALDAIR DOS SANTOS GOMES

MAPEAMENTO E VALORAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

CAMPINA GRANDE 2019

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ALDAIR DOS SANTOS GOMES

MAPEAMENTO E VALORAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Recursos Naturais.

Área de concentração: Sociedade e Recursos Naturais

Linha de pesquisa: Meio ambiente, Sociedade e Desenvolvimento Orientador: Dr. José Dantas Neto

CAMPINA GRANDE 2019

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G633m Gomes, Aldair dos Santos.

Mapeamento e valoração de bens e serviços ecossistêmicos no semiárido brasileiro / Aldair dos Santos Gomes. – Campina Grande, 2019.

86 f.

Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais) – Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, 2019.

"Orientação: Prof. Dr. José Dantas Neto". Referências.

1. Mapeamento participativo. 2. Identificação dos serviços ambientais. 3. Gestão baseada em ecossistemas. 4. Classificação de bens e serviços ecossistêmicos. I. Dantas Neto, José. II. Título. CDU 910.27(043)

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‘’ Quando a última árvore cair, derrubada; quando o último rio for envenenado; quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro é coisa que não se come.’’

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado a capacidade de questionar realidades e propor sempre um novo mundo de possibilidades, pela fé que sempre tive e foi o que me sustentou diante de tantos desafios.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de mestrado sem a mesma eu não teria tido condições de cursar o mestrado.

Ao professor doutor José Dantas Neto pela paciência, compreensão e confiança depositada em me pelo conhecimento transferido e pelos conselhos profissionais e pessoais.

Aos meus colegas do Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais-PPGRN pela troca de conhecimento em especial a doutora Lucianna pela importante contribuição na realização do workshop e elaboração dos mapas sem você talvez eu não tivesse condições de desenvolver esta metodologia.

Aos meus professores, que ao longo do curso tiveram paciência e dedicação para nos passar o conhecimento e sempre foram abertos para a construção do conhecimento mutuo em especial a Viviane pelas dicas valiosas na elaboração da dissertação.

A minha família, por sua capacidade de acreditar em me e sempre me motivar a correr atrás de realizar meus sonhos independente dos desafios.

A Rafaella, pessoa com quem partilho a vida. Com você tenho me sentido mais vivo de verdade. Obrigado pelo carinho, a paciência e por sua capacidade de me trazer paz na correria de cada semana.

A todas as pessoas que disponibilizaram um pouco do seu precioso tempo para participar do workshop, em especial os professores muitos inclusive que contribuíram com a minha formação básica.

Aos demais funcionários do Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais-PPGRN, pela presteza profissional e conhecimento partilhado.

Enfim a todos que participaram direto ou indiretamente dessa conquista o meu muito obrigado!

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GOMES, A. S. Mapeamento e valoração de bens e serviços ecossistêmicos no semiárido brasileiro [Dissertação]. Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais-PPGRN, Universidade Federal de Campina Grande-UFCG. Campina Grande-PB, 2019.

RESUMO

O processo de degradação ambiental destacou-se a partir da revolução industrial atrelado ao processo de urbanização tem provocado a perda de bens e serviços do ecossistema sendo os bens e serviços ecossistêmicos indispensáveis para o bem-estar humano e manutenção da vida no planeta terra. Esta pesquisa foi realizada objetivando mapear e valorar os bens e serviços ecossistêmicos disponíveis no trecho da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá situada no semiárido brasileiro compreendendo os açudes Carnaubinha, Jeremias e a zona urbana do município de Desterro, Paraíba, Brasil, o Rio Taperoá é de grande relevância para o estado da paraíba visto que é um dos principais efluentes do Rio Paraíba. A identificação dos bens e serviços ecossistêmicos se deu a partir da realização do mapeamento participativo, em um workshop sobre bens e serviços ecossistêmicos os grupos de interesse (Comunidade, Gestores e Especialistas) mapearam os bens e serviços ecossistêmicos em um mapa impresso tamanho A3 e atribuíram um nível de importância (valoração social) para cada bem ou serviço, após a realização do mapeamento os dados foram interpolados em um software para elaboração de mapas digitais onde foi realizada a álgebra de mapas. Apesar da acentuada degradação ambiental ao longo do rio Taperoá provocado pelo processo de urbanização, agricultura extensiva e pecuária, foi identificado no trecho estudado a oferta de 170 áreas que ofertam Bens e Serviços Ecossistêmicos (BSE), deste total 10% equivale ao serviço agricultura tendo sido o mais citado pelo grupo comunidade, seguido pela a caça e pesca. No entanto o destaque é para a pesca levando em consideração que a caça é irrisória nos dias atuais para a comunidade local. Foi possível identificar a partir da distância euclidiana que não há semelhança de percepção acerca dos bens e serviços ecossistêmicos entre os grupos ou seja cada subgrupo teve percepções diferentes. O mapeamento participativo, foi realizado a partir do Projeto Valoração de Serviços Ambientais Aplicados à Vulnerabilidade Costeira. Os dados obtidos a partir desta pesquisa são de grande importância para serem usados como ferramenta para a construção de um modelo de gestão baseado em ecossistemas pelos tomadores de decisão. A forma de abordagem potencializa a importância da construção de um modelo de gestão baseado em ecossistemas pelo fato de durante todo o processo ter sido levado em consideração a percepção dos grupos de interesse formado em sua maioria por pessoas da comunidade.

Palavras-chave: Degradação ambiental, Mapeamento participativo, Valoração ambiental, percepção ambiental, classificação de serviços ecossistêmicos.

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GOMES, A. S. Mapping and valuation of ecosystem goods and services in the Brazilian semiarid. [Dissertation]. Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais-PPGRN, Universidade Federal de Campina Grande-UFCG. Campina Grande-PB, 2019.

ABSTRATCT

The process of environmental degradation that gave strength from the industrial revolution was linked to the process of urbanization and resulted in the loss of ecosystem goods and services, with ecosystem goods and services being indispensable for the well-being and maintenance of life in the planet Earth. This research identified a risk and semi-characteristic alert in the stretch of the Taperoá River Basin in the semi-arid that comprises the Carnaubinha, Jeremias and the urban zone of the municipality of Desterro, Paraíba, Brazil, the Taperoá River of great importance for the state of Paraíba since it is one of the main effluents of the Paraíba River. The identification of goods and ecosystem characteristics was based on participatory mapping, a workshop on Goods and the ecosystem characteristics of interest groups (Community, Managers and Specialists) mapped the values and beneficial effects on a map produced size A3 and assigned a level of importance for each service unit, after the realization of the data mapping was interpolated in a software for the elaboration of digital maps where a map algebra was performed. Despite the marked environmental degradation along the river, the process was introduced in a total of 170 areas that are considered as ecologically correct was the most cited by the community, set for hunting and fishing. However, the highlight is for fishing taking into consideration that hunting is derisory these days for the local community. It was possible to identify the Euclidean distance that there is no similarity between the acidity and the ecosystem factors between the groups or that each subgroup had different perceptions. The participatory mapping was carried out from the Valuation Project of Environmental Services Applied to Coastal Vulnerability. The data obtained for this research are of great importance to be used as a tool to build a model of ecosystem management by decision makers. Way of addressing the potential of building a thematic ecosystem management model of the whole process was taken into account by stakeholders.

Key words: Environmental degradation, Participatory mapping, Environmental valuation,

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização da Bacia do Rio Taperoá e Destaque da Área de Estudo, Paraíba, Brasil - 32

Figura 2. Número de participantes do workshop. --- 42

Figura 3. Nível de escolaridade dos participantes do workshop. --- 44

Figura 4. Renda familiar dos participantes do workshop. --- 45

Figura 5. Local onde reside os participantes do workshop. --- 46

Figura 6. Quantidade e classificação de Bens e Serviços Ecossistêmicos identificados a partir da percepção do grupo comunidade. --- 47

Figura 7. Áreas geográficas que disponibilizam bens e serviços ecossistêmicos e classificação. 48 Figura 8. Quantidade e classificação de bens e serviços ecossistêmicos identificados a partir da percepção do grupo de gestores. --- 50

Figura 9. Áreas geográficas que disponibilizam bens e serviços ecossistêmicos e a classificação de acordo com a percepção dos gestores --- 51

Figura 10. Áreas geográficas que disponibilizam bens e serviços ecossistêmicos e a classificação de acordo com a percepção do grupo de especialistas---53

Figura 11. Quantidade e classificação de bens e serviços ecossistêmicos identificados a partir da percepção de especialistas sem o auxílio da tabela CICES. --- 53

Figura 12. Quantidade e classificação de bens e serviços ecossistêmicos identificados com o auxílio da tabela CICES pelo grupo de especialistas. --- 56

Figura 13. Áreas geográficas que disponibilizam bens e serviços ecossistêmicos e a classificação de acordo mapeados pelo grupo de especialistas com auxílio da tabela CICES. --- 56

Figura 14. Número e classificação dos bens e serviços ecossistêmicos mapeados pelos grupos de interesse (comunidade, gestores e técnicos). --- 61

Figura 15. Realização do workshop sobre bens e serviços ecossistêmicos---62

Figura 16. Localização dos bens e serviços ecossistêmicos identificados no trecho da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá-Desterro-PB --- 66

Figura 17. Localização de ambiente com nível de importância de bens e serviços ecossistêmicos no trecho da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá (Paraíba, Brasil). Realizado pelo Grupo Comunidade. --- 68

Figura 18. Localização de ambiente com nível de importância de bens e serviços ecossistêmicos no trecho da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá (Paraíba, Brasil). Realizado pelo Grupo de Gestores. --- 69

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Figura 19. Localização de ambiente com nível de importância de bens e serviços ecossistêmicos no trecho da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá (Paraíba, Brasil). Realizado pelo Grupo de especialistas---69 Figura 20. Dendrograma resultante da análise de agrupamento utilizando a distância Euclidiana, ligação completa sem ponderação como coeficiente de similaridade entre as partes interessadas na Microbacia Hidrográfica do Rio Taperoá-PB C= comunidade; T= técnico; e E= especialista ESP=especialista sem planilha. --- 71

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação dos serviços ecossistêmicos segundo a Avaliação do Milênio.--- 22 Tabela 2. Classificação de bens e de serviços ecossistêmicos adaptado do projeto VALSA. --- 34 Tabela 3. Atributos adicionados em cada pixel do mapa de bens e serviços ecossistêmicos da BHRT. --- 41 Tabela 4. Faixa etária dos participantes do workshop. --- 44 Tabela 5. Nivel de importância (valoração social) dos bens e serviços ecossistêmicos de acordo com a percepção do grupo comunidade. --- 48 Tabela 6. Nivel de importância (valoração social) dos bens e serviços ecossistêmicos de acordo com a percepção do grupo de gestores. --- 51 Tabela 7. Nivel de importância (valoração social) dos bens e serviços ecossistêmicos de acordo com a percepção do grupo de especialistas. --- 54 Tabela 8. Nível de importância (valoração social) dos bens e serviços ecossistêmicos de acordo com grupo de gestores com o auxílio da tabela CICES. --- 57 Tabela 9. Bens e serviços ecossistêmicos mapeados pelos grupos de interesse (comunidade, gestores e especialistas) contendo seção classe e tipos. --- 58 Tabela 10. Áreas geográficas que ofertam bens e serviços ecossistêmicos de acordo com os grupos de interesse. --- 61 Tabela 11. Nivel de importância atribuído pelos grupos de interesse (comunidade, gestores e especialistas) aos bens e serviços ecossistêmicos mapeados. --- 67

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Sumário 1 INTRODUÇÃO ... 14 1.1 JUSTIFICATIVA ... 16 1.2 OBJETIVOS ... 17 1.2.1 Objetivo geral ... 17 1.2.2 Objetivos específicos ... 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 18

2.1 Conceito de serviços ecossistêmicos ... 18

2.1.1 Funções ecossistêmicas ... 19

2.2 Classificação dos serviços ecossistêmicos ... 21

2.2.1 Mapeamento de serviços ecossistêmicos ... 23

2.3 Mapeamento participativo ... 25

2.3.1 Serviços ecossistêmicos em bacias hidrográficas ... 27

2.4.1 Valoração de serviços ecossistêmicos ... 28

3 MATERIAL E MÉTODOS ... 32

3.1 Localização e caracterização da área de estudo ... 32

3.1.1 Procedimentos metodológicos para a identificação e classificação da importância de bens e serviços ecossistêmicos ... 33

3.2.1 Tratamento dos dados e análise estatística ... 40

3.3.1 Álgebra de mapas ... 40

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 42

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4.1.1 Análise do mapeamento e valoração de bens e serviços ecossistêmicos por grupo de

interesse ... 46

4.2 Grupo 01 – Comunidade ... 46

4.2.1 Grupo 02 – Gestores... 49

4.2.2 Grupo 03 – Especialistas sem o auxílio da tabela CICES ... 52

4.3 Grupo 03 – Especialistas com a disponibilidade da planilha ... 55

4.3.1 Mapeamento e valoração de bens e serviços ecossistêmicos na bacia hidrográfica do rio Taperoá ... 57

4.3.2 Disposição dos bens e serviços ecossistêmicos nos mapas ... 63

4.3.3 Percepção dos Grupos de Interesse Sobre Bens e Serviços Ecossistêmicos ... 71

4.4 Contribuição dos achados da pesquisa para a gestão de políticas públicas ambientais ... 71

5 CONCLUSÃO ... 73

6 REFERENCIAS ... 74

APÊNDICE A – Modelo de tabela para que as partes interessadas identifiquem os bens e serviços ecossistêmicos, o ambiente em que são encontrados e o seu nível de importância (valoração social) ... 83

ANEXO I – Questionário técnico ... 84

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14 1 INTRODUÇÃO

A conscientização acerca dos problemas ambientais surge como uma questão importante a respeito do crescimento material e econômico bem como da qualidade de vida. A qualidade de vida para alguns é alcançada a partir da limitação da produção de bens materiais, já para outros está intimamente ligada à abundância de bens materiais o que resulta na necessidade de aumento da produção consequentemente exercendo uma pressão maior sobre os recursos naturais (MOTTA, 1998). A crise ambiental global é uma questão que gera inúmeras discussões, no entanto ainda não se alcançou uma solução plausível. As estratégias suficientes para enfrentá-la concentram-se nas esferas econômicas, sociais, políticas e institucionais (RABELO, 2014).

Os impactos gerados pela ação antropogênica nos diversos sistemas biológicos é crescente produzindo desta forma graves consequência em rios e lagos. Segundo Tundisi (1999) tem-se constatado que as águas são degradadas devido às inúmeras atividades humanas que tem sido desenvolvidas intensamente em suas bacias hidrográficas.

Ao analisar a atual crise social, econômica e ambiental, é de fundamental importância compreender a influência das ações econômicas na dinâmica dos ecossistemas. Porém é primordial que se entenda as funções ecológicas, que posteriormente se traduzem em bens e serviços ecossistêmicos, os quais são relevantes para a existência e para a manutenção da vida, e o bem-estar humano, bem como para o desenvolvimento de atividades econômicas (NICHOLSON et al., 2009; DERISSEN; LATACZ-LOHMANN, 2013; HAILS; ORMEROD, 2013). É valido destacar que a ecossocioeconomia corresponde a perspectiva de um modelo de desenvolvimento onde o crescimento econômico, o aumento igualitário do bem-estar social e a preservação ambiental são indissociáveis (SACHS, 2007).

Com a finalidade de tornar estas relações mais perceptíveis e quantificáveis, fazendo comque as questões de influência e dependência possam ser melhor manejadas, apresenta-se a ferramenta de valoração ambiental (BEDER, 2011; GÓMEZ-BAGGETHUN; PÉREZ, 2011). Esta ferramenta, possibilita a identificação de valores econômicos único cálculo proposto pela Economia Ambiental (ELLIOT, 2005; NOBRE; AMAZONAS, 2002), mas também ecológicos e socioculturais tal ampliação foi proposta pela Economia Ecológica (COSTANZA et al., 2014; MARTÍNEZ-ALIER et al., 1998) dos recursos naturais. Devidamente mensurado, tais “valores”, podem apresentar-se de forma quantitativa e qualitativa, poderão ser utilizados nas tomadas de decisão que envolvem, dentre várias questões, a temática ambiental (AMAZONAS, 2009; COSTANZA, 2003).

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15 A valoração dos serviços ecossistêmicos é muito discutida, porém ainda muito criticada principalmente quando se trata de questões intangíveis, ou seja, quando não estão passiveis da estipulação de um valor monetário, como a vida, o ar que respiramos ou regiões sagradas (ANDRADE et al., 2012). Porém, fazemos isso todos os dias e a todo o momento. Quando é decidido construir um determinado empreendimento, uma rodovia, criar um parque nacional ou permitir a visitação de uma praia, é perceptível a ponderação da importância de inúmeros elementos de acordo com o objetivo. De certo modo além de estar sendo valorado os bens e serviços ecossistêmicos (BSE), está se levando em consideração questões de outras ordens, como mobilidade, oferta de empregos e entretenimento.

O ato de possibilitar todo este processo de ponderação e denominá-lo de valoração é somente tornar mais evidente o que já é feito corriqueiramente. É deixar mais claro, por uma perspectiva diferente, o que está sendo levado em conta para a tomada de decisão, bem como as importâncias relativas, quem está envolvido e quais são as perdas e ganhos (COSTANZA, 2003; KUMAR; KUMAR, 2007), para tanto se faz necessário o mapeamento participativo que consiste na obtenção de informações primárias específicas e contextuais de uma área geográfica delimitada, o fornecimento destas informações é realizado por grupos de interesse, que são responsáveis por indicar em um mapa o local que fornece determinado bem ou serviço ecossistêmico, sendo possível identificar espacialmente a heterogeneidade de valores e de preferências das partes interessadas (WOLFF et al., 2015). Diante do exposto este trabalho teve a pretensão de responder as seguintes perguntas: A) Quais os bens serviços ecossistêmicos disponíveis na Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá (BHRT)? B) Qual o valor nível de importância atribuído pelos grupos de interesse inseridos na (BHRT)?

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16 1.1 JUSTIFICATIVA

No ano de 2010, o estudo denominado The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB), também patrocinado pelas Nações Unidas, concluíram que a cada ano é perdido entre US$ 2 trilhões e US$ 4,5 trilhões do capital natural mundial. Esta iniciativa teve como principal objetivo possibilitar a apresentação da importância dos serviços ecossistêmicos por meio de valores monetários que pudessem ser melhor compreendidos pelos tomadores de decisão. Desse modo, tentou-se mostrar a necessidade de se manter a continuidade dos serviços ecossistêmicos em uma perspectiva econômica e diante deste contexto se evidência de forma clara a importância da valoração dos bens e serviços ecossistêmicos pelas comunidades locais.

Apesar da crescente demanda de pesquisas que abordem os serviços ecossistêmicos e da riqueza da biodiversidade brasileira, percebe-se que no Brasil, existe uma carência com relação ao real entendimento sobre as bases teóricas e práticas que o regem. A disponibilidade de literatura no país acerca de serviços ecossistêmicos, é bastante limitada e também as experiências concretas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), estando estas presente somente em duas regiões do Brasil que são elas (sudeste e norte). Estas experiências fundamentam-se prioritariamente em bases teóricas da Economia Neoclássica, deixando de lado os avanços da Economia Ecológica.

Diante do exposto, é notório que o Brasil avançou de forma desigual e ainda tímida nos estudos sobre serviços ecossistêmicos, principalmente na região Nordeste, na qual predomina o clima semiárido percebe-se que os dados disponíveis que possam subsidiar estudos experimentais são escassos. Outra justificativa pode se basear na necessidade de enxergar a importância dos serviços ecossistêmicos, tendo como base uma abordagem interdisciplinar, para a promoção do bem-estar humano, um requisito essencial para a construção de saberes e metodologias que possam ser avaliadas e melhoradas.

Desta forma, pesquisas científicas que abordem a identificação e a valoração de bens e serviços ecossistêmicos, utilizando Sistemas de Informação Geográficos e métodos de identificação (Método do Projeto VALSA- Valoração de Serviços Ambientais Aplicados à Vulnerabilidade Costeira) e de valoração de serviços ecossistêmicos (Método de Valoração Contingente), são relevantes para entender a complexa relação entre os fatores sociais, ambientais e econômicos da (BHRT), bem como fornecer subsídios técnicos e científicos para os governantes avaliarem bens e serviços ecossistêmicos sob a ótica ecossocioeconômica e auxiliar na tomada de decisões.

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17 1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Mapear e valorar os bens e serviços ecossistêmicos no semiárido brasileiro, através do caso da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá- BHRT, Paraíba, Brasil.

1.2.2 Objetivos específicos

 Analisar a percepção de grupos de interesse acerca da disponibilidade de bens e serviços ecossistêmicos na Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá;

 Realizar mapeamento participativo de bens e serviços ecossistêmicos na Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá;

 Verificar o nível de importância dos bens e serviços ecossistêmicos disponíveis na BHRT;

 Apontar as contribuições dos dados dessa pesquisa para o processo de tomada de decisões acerca das questões ambientais.

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18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Conceito de serviços ecossistêmicos

O conceito de serviços ecossistêmicos tornou-se imprescindível para facilitar a compreensão da maneira como o ser humano interage com o meio natural (THORSEN et al. 2014). O conceito de serviços ecossistêmicos é relativamente recente, tendo sido utilizado pela primeira vez no final da década de 1960 (KING, 1966; HELLIWELL, 1969), mas só em 1997 teve as atenções voltadas para o tema, devido as publicações de Gretchen Daily, Nature Services: Societal Dependence on Natural Ecosystem (DAILY 1997), e de Robert Costanza, The value of the wold`s ecosystem services and natural capital (COSTANZA et al. 1997).

Em mais de três décadas, cresceu consideravelmente o número de publicações focadas nesta temática surgindo desta forma inúmeros trabalhos que discutem o conceito objetivando torna-lo mais claro e coeso (FISHER et al. 2009). Mesmo diante da enorme quantidade de trabalhos publicados sobre serviços ecossistêmicos, o conceito continua em evolução encontrando-se na literatura diversas definições. As diversas definições utilizadas apontam que embora exista uma acentuada semelhança sobre a ideia central do que seja serviços ecossistêmicos, não existe uma padronização do conceito sendo aplicados vários e distintos conceitos, a depender da origem ecológica ou econômica da abordagem (OJEA et al. 2012, HÄYHÄ & FRANZESE 2014). Sendo assim, independente da definição em se, a conceituação do termo serviços ecossistêmicos apresenta conjectura consensual que permite um maior entendimento do mesmo.

Os serviços ecossistêmicos podem ser definidos como sendo as condições e os processos a partir dos quais os ecossistemas naturais, e as espécies que os constituem, sustentam e permitem a vida humana. Para Daily, os serviços ecossistêmicos estão correlacionados com as condições e processos e demostram uma interação entre a ecologia e o bem-estar humano. A definição de Daily já apresentava uma perspectiva econômica na medida em que o conceito proposto se converge no bem-estar humano (DAILY, 1997).

Costanza et al. (1997) evidencia pela primeira vez a estimativa do valor econômico de vários serviços ecossistêmicos em diversos biomas do mundo, definindo-os como “os benefícios que as sociedades obtêm, direta ou indiretamente, das funções dos ecossistemas”. Mais adiante, a iniciativa Millennium Ecosystem Assessment (ALCAMO et al. 2003) utilizando como base os trabalhos desenvolvidos por (COSTANZA et al. 1997 e DAILY,

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19 1997), simplifica o conceito e define serviços ecossistêmicos como sendo “os benefícios que as sociedades obtêm dos ecossistemas”.

Diversos autores, como Boyd & Banzhaf (2007), Bateman et al. (2011) e Haines-Young & Potschin (2013), propõem uma definição mais prática baseada numa perspectiva econômica inserindo no conceito de serviços ecossistêmicos somente os produtos finais da natureza diretamente consumidos ou utilizados para produzir bem-estar na sociedade. Para estes autores, serviços ecossistêmicos são os elementos da natureza diretamente utilizados ou consumidos para a produção de bem-estar humano. Correspondem a serviços finais na medida em que são as saídas dos ecossistemas. Tal abordagem faz com que os serviços ecossistêmicos possam ser contabilizados, avaliados e reconhecidos pelos mercados e agentes envolvidos na tomada de decisão, sem correr o risco da duplicidade durante a contabilização (BOYD & BANZHAF 2007, BATEMAN et al. 2011).

Baseando-se na abordagem de Boyd & Banzhaf (2007), Fisher et al. (2009) definem serviços ecossistêmicos como sendo os elementos dos ecossistemas utilizados, ativa ou passivamente, para produzir bem-estar humano. Contrariando Boyd & Banzhaf (2007), Fisher et al. (2009) consideram que os processos e as funções dos ecossistemas podem ser considerados serviços ecossistêmicos se forem consumidos ou utilizados, direta ou indiretamente, pelo ser humano. Portanto, existe serviço sempre que existir benefício para a sociedade.

O conceito de serviços ecossistêmicos é, no entanto totalmente antropocêntrico e é resultante de uma visão utilitarista da natureza. Este aspecto, se por um lado provoca críticas porque a natureza não é valorizada pelo seu valor intrínseco mas sim pelo seu valor de utilidade, por outro torna a utilização do conceito de serviços ecossistêmicos atraente e complexa, na medida em que ajuda a relatar as diferentes e complexas formas como as sociedades humanas estão intimamente ligadas e dependentes da natureza (HAINES-YOUNG & POTSCHIN 2013).

2.1.1Funções ecossistêmicas

A compreensão do funcionamento dos ecossistemas exige um esforço de mapeamento das funções ecossistêmicas, as quais podem ser definidas como as constantes interações existentes entre os elementos estruturais de um ecossistema, incluindo transferência de energia, ciclagem de nutrientes, regulação de gás, regulação climática e do ciclo da água (DALY; FARLEY, 2004). Essas funções, são consideradas um subconjunto dos processos

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20 ecológicos e das estruturas ecossistêmicas possibilitando uma verdadeira interação sistêmica no interior dos ecossistemas, constituindo um todo maior que a soma das partes individuais (DE GROOT et al., 2002).

O conceito de funções ecossistêmicas se torna relevante, pois é por meio deles que acontece a produção dos chamados serviços ecossistêmicos, que são os benefícios diretos e indiretos conseguidos pelo homem a partir dos ecossistemas. Dentre eles pode-se citar a provisão de alimentos, a regulação climática e do ciclo da água a formação do solo, etc. (DAILY, 1997; COSTANZA et al., 1997; DE GROOT et al., 2002; MA, 2003). São, em última instância, fluxos de materiais, energia e informações resultantes dos ecossistemas naturais e cultivados que, combinados com os demais tipos de capital (humano, manufaturado e social) produzem o bem-estar humano.

Geralmente, uma função ecossistêmica produz um determinado serviço ecossistêmico quando os processos naturais subjacentes estimulam uma série de benefícios direta ou indiretamente apropriáveis pelo ser humano, agregando a noção de utilidade antropocêntrica. Em outras palavras, uma função passa a ser considerada um serviço ecossistêmico quando ela possui possibilidade/potencial de ser utilizada para fins humanos (HUETING et al., 1998). Os processos (funções) e serviços ecossistêmicos nem sempre tem uma relação biunívoca, sendo que um único serviço ecossistêmico pode ser o produto de duas ou mais funções, ou uma única função pode gerar mais que um serviço ecossistêmico (COSTANZA et al., 1997; DE GROOT et al., 2002).

A reciprocidade das funções ecossistêmicas faz com que a análise de seus serviços requeira a compreensão das interconexões existentes entre os seus componentes, preservando a capacidade dinâmica dos ecossistemas em realizar seus serviços (LIMBURG; FOLKE, 1999). A ocorrência das funções e serviços ecossistêmicos pode ocorrer em várias escalas espaciais e temporais tornando sua análise uma missão ainda mais complexa. Além disso, embora todos os serviços ecossistêmicos sejam derivados de funções ecossistêmicas nem todos os processos produzem serviços ecossistêmicos. Alguns processos podem não ser úteis para os seres humanos, mas isso não prejudica sua importância, para o meio natural certamente terá utilidade (MONONEN et al., 2016).

A vida no planeta Terra está profundamente coadunada à contínua capacidade de provisão de serviços ecossistêmicos (SUKHDEV, 2008; MEA, 2005). A demanda humana por serviços ecossistêmicos vem crescendo rapidamente, ultrapassando em muitos casos a capacidade de os ecossistemas fornecê-los. Desta forma, faz-se necessário não somente o

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21 esforço de compreensão no sentido da dinâmica inerente aos elementos estruturais dos ecossistemas, mas também é de crucial relevância compreender quais são os mecanismos de interação entre os fatores de mudança dos ecossistemas e sua capacidade de geração dos serviços ecossistêmicos, e seus impactos adversos sobre o bem-estar humano.

2.2Classificação dos serviços ecossistêmicos

A classificação dos serviços ecossistêmicos é uma tarefa complexa e técnica. Tal complexidade ocorre por vários fatores dentre eles pode-se citar a inexistência de um conceito único, preciso disseminado, capaz de captar toda variedade de formas pelas quais os ecossistemas sustentam e contribuem para a vida humana o bem-estar humano, outro fator agravante é a existência de uma ampla gama de propósitos ou aplicações com diferentes requisitos em termos de níveis de resolução espacial e temática (DE GROOT et al. 2010, HAINES‐YOUNG & POTSCHIN 2013).

A classificação dos serviços ecossistêmicos tem evoluído, disponibilizando na literatura diversas propostas de sistemas de classificação (COSTANZA et al., 1997, ALCAMO et al., 2003, WALLACE 2007, FISHER et al., 2009, DE GROOT et al., 2010, HAINES-YOUNG & POTSCHIN 2013 e VALLÉS-PLANELLS et al., 2014). Diante destes fatos, a categorização dos serviços ecossistêmicos tentou tornar mais compreensíveis seus conceitos e identificar a sua real importância para o bem-estar humano perante a complexidade desta relação. Dentre as categorizações mais difundidas, destaca-se a da Avaliação do Milênio (MEA, 2005) como a mais citada. Nela os serviços ecossistêmicos estão agrupados em quatro categorias: de provisão, de regulação, culturais e de apoio (Tabela 1).

O sistema de classificação mais difundido, nos dias atuais, principalmente na Europa, é a Classificação Comum dos Serviços Ecossistêmicos (The Common Classification of Ecosystem Services - CICES) (COSTANZA et al., 2017), que foi criada pela Agência Europeia do Ambiente (European Environment Agency - EEA) e surgiu no contexto da contabilização ambiental e econômica; hoje está sendo conduzida pela Divisão de Estatística das Nações Unidas (United Nations Statistical Division - UNSD) (HAINES-YOUNG; POTSCHIN, 2018). O sistema CICES almeja desenvolver uma classificação internacional comum, com o objetivo de facilitar a valoração, mapeamento e avaliação de bens e serviços ecossistêmicos, bem como a comparação de dados, o referido sistema agrupa os bens e

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22 serviços ecossistêmicos em três seções: serviços de provisão; de regulação e culturais (HAINES-YOUNG; POTSCHIN, 2018)

Tabela 1. Classificação dos serviços ecossistêmicos segundo a Avaliação do Milênio.

Serviços Provisão Produtos obtidos do Ecossistema - Alimento - Água doce - Combustível - Fibras - Bioquímicos Serviços de Regulação Benefícios obtidos da regulação dos processos dos ecossistemas - Regulação do clima - Regulação de enfermidades - Regulação da água - Purificação da água Serviços Culturais

Benefícios intangíveis obtidos dos ecossistemas - Espirituais e religiosos - Recreativos e ecoturísticos - Estéticos/Inspiradores - Educacionais Serviços de Apoio

Serviços necessários para a produção de todos os outros serviços dos ecossistemas - Formação do solo - Ciclo de Nutrientes - Produção Primária Fonte: Adaptado do (MEA, 2005), por Gomes, (2018)

Os serviços de provisão são aqueles com capacidade de fornecer bens, como água potável para o consumo humano e/ou para a dessedentação de animais de produção e nativos, alimentos (frutos, sementes, raízes, mel, caça, pescado etc.), matéria-prima para geração de energia, fitofármacos, entre outros (COSTANZA et al., 1997; DE GROOT; WILSON; BOUMANS, 2002; MEA, 2005; TALLIS et al., 2013).

Os serviços reguladores correspondem a processos ecossistêmicos que regulam as condições ambientais essenciais para manter a vida, exemplo: diluição de águas residuais, controle de enchentes e de erosão, regulação do clima, purificação da atmosfera, decomposição de resíduos orgânicos e controle de pragas e de doenças. Os serviços de suporte são processos ecossistêmicos fundamentais para a existência de outros serviços fornecidos pela natureza, como: serviço de habitat, que corresponde ao espaço adequado para a sobrevivência de plantas e de animais selvagens, auxiliando na manutenção da diversidade biológica, funcional e genética. Os serviços culturais compreendem os benefícios oferecidos pela dinâmica ecológica com fins educacionais, recreativos, espirituais e beleza cênica (COSTANZA et al., 1997; DE GROOT; WILSON; BOUMANS, 2002; MEA, 2005; TALLIS et al., 2013).

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23 As áreas urbanas disponibilizam de uma capacidade reduzida para manter e produzir bens e serviços oriundos da natureza, desta forma estão em constante dependência da integridade de serviços ecossistêmicos de áreas rurais para sustentar o crescimento econômico, a dinâmica ecológica e a qualidade de vida dos cidadãos (HAILS; ORMEROD, 2013). Ainda é pertinente destacar que estudos sobre serviços ecossistêmicos demonstram os visíveis esforços da comunidade científica em pesquisar métodos para internalizar o que antes era considerado externalidade (dimensão ambiental) nas decisões políticas e para o sistema mercantil (DE GROOT et al., 2012; HAILS; ORMEROD, 2013; WILLEMEN et al., 2015). Desta maneira, a perspectiva de serviços ecossistêmicos pode se configurar como um dos instrumentos facilitadores do processo de transformação da sociedade vigente (COSTANZA et al., 2014; HÄYÄ et al., 2015), sendo capaz de auxiliar na promoção de sustentabilidade entre as relações humanas e o meio ambiente (ABSON et al., 2014; LUEDERITZ et al. 2015).

2.2.1 Mapeamento de serviços ecossistêmicos

O crescimento exponencial pelo interesse em pesquisas sobre serviços ecossistêmicos expôs de forma explicita a necessidade crescente de demonstra-los através do mapeamento, desta forma os estudos que abordam está temática vem registrando um aumento bastante significativo (EGOH et al. 2012, MAES et al. 2013).

O mapeamento dos serviços ecossistêmicos constituem-se em colocar a capacidade, fluxo ou benefício dos mesmos em um mapa de forma clara e abrangente (MAES et al. 2013). Segundo Madureira et al. (2013) a capacidade corresponde a eficiência do ecossistema em fornecer o serviço (stock); sendo assim o fluxo seria a quantidade que é disponibilizada em um determinado intervalo de espaço e tempo, o benefício está relacionado com a conquista de valor do lado da oferta ou da procura, o resultado econômico da venda de uma certa quantidade do serviço ou o bem-estar resultante da provisão.

O mapeamento dos serviços ecossistêmicos é considerado uma ferramenta de grande utilidade, portanto é primordial que a mesma seja elaborada de forma clara e coesa, possibilitando desta maneira a identificação e priorização de problemas, sinergias e trade-offs entre as diferenças dos serviços ecossistêmicos e entre os serviços ecossistêmicos e a biodiversidade (MAES et al., 2013, HÄYHÄ & FRANZESE 2014). A elaboração dos mapas simplifica a comunicação entre as partes interessadas, devido a possibilidade da visualização dada a capacidade dos ecossistemas em produzir serviços. Sendo assim, o mapeamento pode

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24 contribuir para a identificação, planejamento e gestão de áreas de conservação e consequentemente, dos serviços ecossistêmicos disponíveis e auxiliar na recuperação de serviços importantes que deixaram de existir devido ao uso inadequado (MAES et al. 2013).

A necessidade de mapeamento tornou primordial o desenvolvimento de indicadores robustos que permitam mapear e modelar os serviços de ecossistema. Na revisão de literatura efetuada por Egoh et al. (2012), relativa ao período de 1997 a 2011, foram identificados os indicadores utilizados com maior frequência para mapear e modelar serviços do ecossistema.

Usando como elemento norteador a classificação de serviços ecossistêmicos proposta pela abordagem The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB), os autores identificaram 67 estudos que recorreram ao mapeamento, os serviços de regulação e os serviços de aprovisionamento foram os serviços que receberam maior atenção dos especialistas, vindo em seguida os serviços culturais e, por último, os serviços de suporte. Desta forma foi identificado uma vasta variedade de indicadores utilizados para mapear os serviços de regulação e culturais, no entanto para os serviços de aprovisionamento e suporte os autores identificaram uma diversidade de indicadores bastante inferior se comparada aos demais serviços (RODRIGUES, 2015).

Atualmente está disponível inúmeras estratégias metodológicas para quantificar e mapear os serviços ecossistêmicos. Eigenbrod et al. (2010) dividiram as metodologias de mapeamento de serviços ecossistêmicos entre as que utilizam alguns dados primários da área de estudo e as que recorrem somente a indicadores proxy. A revisão realizada por Egoh et al. (2012) identifica as metodologias mais utilizadas para o mapeamento de serviços ecossistêmicos, para isto dividiram em três grupos: I) coleta de dados obtidos a partir de observações diretas; II) método proxy (indiretos) onde um único indicador, ou indicadores combinados, são utilizados para definir os serviços ecossistêmicos; III) modelos baseados em processos que utilizam indicadores como variáveis de uma equação.

Segundo Egoh et al. (2012) a maioria dos estudos recorre a métodos proxy para quantificar e mapear os serviços ecossistêmicos. Um indicador proxy é uma medida substituta utilizada para extrair conhecimento de uma determinada área de interesse quando não é possível mensurar o que se pretende de forma direta. A ausência de dados é o maior desafio para a obtenção do sucesso na avaliação dos serviços (MADUREIRA et al., 2013) e por este motivo acaba os métodos proxy sendo utilizados predominantemente como ferramenta de mapeamento e quantificação de serviços ecossistêmicos (MAES et al, 2013). Devido a utilização de diversos métodos proxy em serviços de regulação, ressalva-se que pode ocorrer

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25 diferenças bastante significativas na quantificação e consequentemente, na valoração monetária dos serviços ecossistêmicos.

Os dados diretos são habitualmente usados na quantificação de serviços de provisionamento enquanto os modelos são usados, sobretudo, para quantificar serviços de regulação, devido a sua complexidade e impossibilidade de ser descritos por métodos proxy (EGOH et al., 2012). Alguns modelos recentemente desenvolvidos para este efeito são o InVEST (Integrated Valuation of ESS and Trade-offs), o MIMES (The Multi-scale Integrated Models of Ecosystem Services) e o ARIES (Artificial Intelligence for Ecosystem Services).

Diante do exposto se faz necessário mais dados primários para mapear diretamente os estoques e os fluxos reais de serviços ecossistêmicos e desta forma possibilitar a validação dos modelos atuais de mapeamento de serviços ecossistêmicos. Ocorre que muitas vezes, os dados utilizados nos métodos proxy não foram gerados no contexto de serviços ecossistêmicos, porém estão sendo reutilizados corriqueiramente para mapear serviços ecossistêmicos devido à ausência de informações primárias. Por exemplo, as relações de área de espécies (SAR) são um proxy biogeográfico utilizados na literatura científica para estimar um mecanismo para a adição de espécies Eigenbrod et al (2010 ), enquanto Nelson et al. (2009) utilizou pontuações de SAR para quantificar um serviço ecossistêmico de apoio da adequação do habitat de um ecossistema de água doce para espécies de vertebrados.

2.3 Mapeamento participativo

Segundo Brown & Fagerholm (2015) o mapeamento participativo é um método relativamente novo, devido ao mesmo disponibilizar uma abordagem complementar ao mapeamento baseado em especialistas. Os grupos de interesse identificam em mapas impressos ou digitais, os serviços disponíveis que os ecossistemas disponibilizam para o seu bem-estar, sendo também possível a mensuração do grau de importância de cada serviço disponível (BROWN & FAGERHOLM, 2015; GARCÍA et al., 2015; PALOMO et al., 2013, 2014).

A referida abordagem é importante principalmente para o mapeamento de serviços de provisão e culturais, por dois motivos primeiro por utilizar como base o conhecimento local dos participantes, e o segundo devido ao fato de serem caraterizados pela sua intangibilidade, desta forma estando claramente dependentes do relacionamento dos indivíduos com a natureza (BROWN & FAGERHOLM, 2015; CHAN et al., 2012; FAGERHOLM et al., 2012;

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26 NAHUELHUAL et al., 2014). Para Brown & Fagerholm (2015), tais serviços podem ser mapeados em workshops pequenos e interativos, os referidos eventos possibilitam um aumento significativo do capital social, no entanto o poder inferencial dos dados mapeados para o apoio a tomada de decisão poderá ser reduzido.

Este mapeamento demonstra as percepções dos agentes locais envolvidos, desta maneira se torna ainda mais importante o envolvimento dos grupos de interesse, devido ocorrer diferentes expressões e padrões durante a seleção e mapeamento dos serviços ecossistêmicos, possibilitando assim a partilha do conhecimento e o empoderamento dos agentes locais (FAGERHOLM et al., 2012; GARCÍA-NIETO et al., 2015). De acordo com Klain & Chan (2012), esta metodologia pode ser aplicada para mensurar os valores monetários e não-monetários dos serviços, e também das pressões a que os serviços ecossistêmicos estão sujeito em uma determinada localidade.

Brown & Kyttä (2014) identificaram quatro prioridades para o mapeamento colaborativo no sentindo de qualificar e tornar a metodologia mais consistente: a elevação do número de grupos de interesse, uma abordagem estratégica que possibilite a fidelidade dos dados, a melhoria do componente de participação que apresentara como consequência uma melhora na colaboração da comunidade e por último a avaliação da eficiência do mapeamento.

Portanto os métodos de mapeamento necessariamente devem ser priorizados e escolhidos de acordo com o objetivo e o nível de exigência do seu objetivo final (BROWN & FAGERHOLM, 2015; SCHRÖTER et al., 2015). É preciso levar em consideração durante a escolha da metodologia a possibilidade da mesma de gerar o aumento do nível de aceitação na sociedade, durante o período em que se torna relevante para os agentes locais (BROWN & FAGERHOLM, 2015; WILLEMEN et al., 2015). O engajamento dos agentes locais no processo de mapeamento, bem como os problemas de imprecisão dos métodos e da cartografia e, a inconsistência das metodologias e indicadores são os maiores desafios a serem vencidos nesta temática do mapeamento dos serviços ecossistêmicos (CROSSMAN et al., 2013; HOU et al., 2013; MAES et al., 2016; MARTÍNEZ-HARMS & BALVANERA, 2012; SCHÄGNER et al., 2013; WILLEMEN et al.,2015).

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27 2.3.1Serviços ecossistêmicos em bacias hidrográficas

As bacias hidrográficas podem ser consideradas como uma área físico-territoriais que tem um papel estratégico no sentido de contribuir com a gestão ambiental (com foco nos recursos hídricos), importantes destacar ainda que as bacias hidrográficas desempenham uma importante função como espaço de identificação dos impactos causados pela ação antrópica as paisagens naturais, bem como seus desdobramentos sobre o funcionamento dos fluxos de serviços ecossistêmicos e seus resultantes finais sobre o bem-estar humano. Sob a ótica da economia ecológica, as bacias hidrográficas podem ser destacadas como “ativos” naturais que produzem bens e serviços para a comunidade, estes serviços podem ser denominados de serviços ecossistêmicos (POSTEL; THOMPSON JR., 2005).

Dentre os serviços ecossistêmicos disponibilizados pelas bacias hidrográficas, deve ser dada atenção especial aos serviços hidrológicos, que são compostospelos seguintes serviços: purificação e filtragem da água, regulação dos fluxos estacionais, controle da erosão e dos sedimentos e preservação de hábitats naturais. As bacias hidrográficas possuem um percentual elevado de áreas com floresta consequentemente tem capacidade de moderação de escoamento superficial maior, e performance de purificação dos recursos hídricos mais elevada (POSTEL; THOMPSON JR., 2005).

Evidencia-se os benefícios gerados por bacias hidrográficas a partir dos resultados do estudo realizado por Ernst (2004), onde o mesmo analisou 27 regiões americanas que fornecem água e chegou à conclusão que os custos de tratamento em bacias que apresentam ao menos 60% de suas áreas cobertas por florestas demandou metade dos custos verificados em bacias com 30% de cobertura florestal e um terço do custo identificado em bacias com 10% de áreas florestadas.

É oportuno destacar que o aumento da população humana e as consequentes pressões para o desenvolvimento industrial têm se transformado nos principais fatores de ameaça de supressão das funções ecológicas das bacias hidrográficas. Mesmo que os múltiplos usos da terra possam fornecer bens que satisfaçam as necessidades humanas, tais usos estão passivos de comprometer o funcionamento de uma diversidade de processos ecológicos que acontecem dentro das bacias. Os impactos causados ao ecossistema devido as mudanças na cobertura vegetal depende do contexto ecológico e do processo de uso do solo, a geração de efeitos podem ocorrer no âmbito local e até global podendo ser de curto e longo prazo (DEFRIES et al., 2004).

(28)

28 Mesmo considerando-se as bacias hidrográficas como importantes espaços básicos de análise e proposição de políticas ambientais (foco em gestão de recursos hídricos), ainda é pouco frequente pesquisas acerca da orbita dos fluxos de serviços ecossistêmicos que utilizem está escala como referência. Nota-se que menos comum ainda é estudos sobre a provisão de serviços ecossistêmicos em bacias hidrográficas devido as mudanças constantes do tipo de cobertura de suas terras. É valido destacar que a transmutação de áreas de florestas para áreas de uso agrícola, realidade que tem se destacado nas regiões tropicais úmidas (DEFRIES et al., 2004) essa transmutação cada dia mais frequente tem gerado efeitos negativos comprometendo desta forma a capacidade de provisão de serviços.

2.4.1Valoração de serviços ecossistêmicos

Sob a perspectiva da valoração dos serviços ecossistêmicos, são poucas as pesquisas que ousaram abordar a correlação existente entre a dinâmica do uso do solo em bacias hidrográficas bem como o rumo dos serviços ecossistêmicos. Uma experiência realizada nesta perspectiva pode ser vista a partir de estudos realizados por Kreuter et al. (2001), que buscou avaliar as alterações nos valores dos serviços ecossistêmicos em três bacias hidrográficas do condado de Bexar (Leon Creek, Salado Creek e Santo Antônio River), Estado do Texas (EUA), a mudança de valores ocorreu função das alterações no uso do solo entre os anos de 1976 e 1991.

A metodologia usada por Kreuter et al. (2001) baseou-se nos valores atribuídos por hectare dos serviços ecossistêmicos (US$.ha/ano) e por tipo de uso do solo (conhecidos por coeficientes de valores dos serviços ecossistêmicos) calculados por Costanza et al. (1997). Os resultados obtidos constataram que a variação estimada para o valor dos serviços ecossistêmicos nas três bacias foi relativamente baixa devido a diminuição das áreas de pastagens (rangelands), no qual o coeficiente é de US$ 232 ha-1.ano-1, foi balanceado pelo crescimento das áreas de bosques (woodlands), onde o coeficiente é de US$ 302 ha-1.ano-1.

Além das vertentes que são identificadas nos estudos de Costanza et al. (1997), onde valores foram usados na metodologia executada por Kreuter et al. (2001), é preciso evidenciar o desafio que é a transferência de valores. Para que uma transferência seja plausível é importante que a mesma tenha como base uma análise das semelhanças físicas dos locais de valoração, apesar da necessidade de se perceber as semelhanças se faz necessário levar em consideração também as características especificas dos ecossistemas em estudo. Porém mesmo diante dessas dificuldades, pode-se considerar que a utilização desta metodologia é

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29 uma atividade que ilustra os impactos causados pelas transmutações de uso do solo sobre os fluxos de serviços ecossistêmicos e seus valores.

A existência de pouca informação científica e econômica dificulta a construção de estratégias eficazes que sejam capaz de contribuir para a proteção das bacias hidrográficas. Tal fato ocorre devido a necessidade da integração de várias disciplinas no sentido de entendimento da compreensão do funcionamento ecológico de uma determinada bacia, desta forma percebe-se a necessidade de um esforço conjunto das diversas habilidades no sentido de desenhar, de mapear as funções ecológicas presentes, sua trajetória em função da dinâmica do uso do solo e as alterações nos fluxos de serviços ecossistêmicos (ANDRADE, 2012).

É oportuno destacar os possíveis benefícios econômicos que podem ser adquiridos a longo prazo pela preservação/restauração de áreas de florestais devido ao crescimento exponencial da provisão de serviços ecossistêmicos pelas bacias hidrográficas. Ou seja, um conhecimento importante para a construção de políticas ambientais é a clareza do trade-off que existe no âmbito do crescimento de áreas agrícolas e urbanas e a preservação/restauração de áreas de florestais com relação a serviços gerados (ANDRADE, 2012).

A valoração pode ser considerada como sendo uma importante ferramenta no auxílio da proteção do capital natural, a valoração dos serviços fornecidos pela natureza apresenta nos dias de hoje um consenso relativamente plausível, no entanto ainda encontra-se resistência ou controvérsias entre os ecólogos mais radicais. Este fato só é possível devido o reconhecimento da existência de “valores” correlacionados aos benefícios provenientes dos processos naturais contidos na dinâmica ecossistêmica e pelo fato de o ser humano encontrar-se constantemente com trade-offs, onde os quais os conduz à indispensabilidade de se fazer escolhas e, no final, à imposição de atribuição de valores (HERENDEEN, 1998; COSTANZA et al., 1998; BARBIER; HEAL, 2006; AMAZONAS, 2009).

A valoração tem se evidenciado como uma estratégia efetiva no sentido da compreensão dos benefícios produzidos pelos ecossistemas bem como sua importância na perspectiva na preservação para manutenção dos bens e serviços produzidos (GUO et al., 2001). As políticas que tem por finalidade ir para o embate sobre os trade-offs associados ao uso dos recursos naturais, se faz necessário, em último grau, compreender de que forma possíveis mudanças nos fluxos de serviços ecossistêmicos impactam o potencial humano em conseguir seus objetivos finais referentes às suas necessidades que sejam materiais ou não.

Atualmente, abordagens acerca da valoração dos serviços ecossistêmicos tem crescido substancialmente. No que se refere a ações práticas sobre valoração, se faz necessário

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30 perceber que apesar de inúmeros avanços na economia ecológica ainda é predominante o uso do aparato neoclássico em pesquisas de valoração econômica dos serviços ecossistêmicos. Isto se deve, primordialmente, ao fato de existir grupos heterodoxos como a Economia Ecológica no entanto pouco ainda foram as contribuições para essa temática, mesmo este tema estando no eixo central de suas agendas de pesquisas (AMAZONAS, 2009).

Segundo Costanza (1998), as discussões sobre os serviços ecossistêmicos ainda são recentes bem como o valor que eles têm para a sociedade, ou seja, as pessoas ainda não perceberam o quão valoroso são os serviços ecossistêmicos para a garantia do bem estar humano. Para que se possa atingir a sustentabilidade é necessário que ocorra a integração entre os bens e serviços do ecossistema e capital natural, no sistema de decisões por meio dos sistemas de contabilidade nacional e outros procedimento (COSTANZA, 1998; DAILY E MATSON, 2008). De acordo com Defra (2007) existe uma possibilidade latente para a valoração dos serviços ecossistêmicos, que é a possibilidade de contribui para o processo de tomada de decisão. Em outras palavras, a valoração tem a possibilidade contribuir para a tomada decisões políticas que levem em consideração os custos e os benefícios que poderão ter para o ambiente natural.

Segundo Daily e Matson (2008) é crescente o reconhecimento que os líderes tem dado no sentido de perceber a importância dos ecossistemas naturais como bens de capital e que os bens e serviços ecossistêmicos de suporte à vida têm um valor muitas vezes incalculável. Porém, é perceptível que ainda falta orientação no sentido de transformar esse reconhecimento em investimento na preservação e restauração do capital natural em grande escala. A aspecto que dificulta tal ação está entorno do pouco conhecimento das funções de produção do ecossistema.

Para Costanza (1994), a concessão de valores aos bens e serviços ambientais deve ser comparáveis aos valores atribuídos dos bens e serviços econômicos. No entanto, a questão da valoração é indissociável das opções, tomadas de decisões, dificuldades e incertezas sobre o sistema ecológico. Devido a isso, alguns dizem que é impossível fazer a avaliação bens e serviços intangíveis. Desta maneira, bens como a vida humana, o ar que respiramos, a beleza estética da natureza e outros, é impossível ou improvável a sua valoração monetária, pois esta abordagem se concentraria a acerca da ressignificação. Outro pressuposto que vale ser destacado é o fato de achar que a proteção dos ecossistemas, pode se dar por questões meramente moral ou por estética, e que sendo assim existe necessidade da valoração. Outros defendem a ideia de que “valorar os bens e serviços ambientais não é necessário nem

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31 suficiente para a adoção de escolhas coerentes e consistentes acerca do meio ambiente” (VATN e BROMLEY, 1995).

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32 3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Localização e caracterização da área de estudo

A área de estudo está localizada no trecho da bacia hidrográfica do rio Taperoá (BHRT) que compreende os açudes Carnaubinha, Jeremias e também todo o perímetro urbano da cidade de Desterro, conforme (Figura 1). O referido rio nasce no município de Teixeira sertão paraibano e deságua no rio Paraíba, no município de Cabaceiras, a montante do Açude Presidente Epitácio Pessoa (DANTAS NETO et al., 2009).

A bacia hidrográfica do rio Taperoá (BHRT) está localizada na parte central do Estado da Paraíba na região semiárida, entre as coordenadas geográficas 35º00’00’’ e 37º15’00’’ de longitude Oeste e 6º50’00’ e 7º35’00’’ de latitude Sul. Engloba um total de 25 municípios. O rio principal é o Taperoá, cujo regime é intermitente, nasce na serra do Teixeira e deságua no açude público Epitácio Pessoa (ALMEIDA; CUNHA; NASCIMENTO, 2012).

Figura 1. Localização da Bacia do Rio Taperoá e Destaque da Área de Estudo, Paraíba, Brasil

Fonte: Gomes (2018)

O clima da bacia, segundo a classificação de Köeppen, é do tipo BSwh’, isto é, semiárido quente. Os índices pluviométricos mostram que a região apresenta precipitação média anual que varia entre 350 e 600mm, com maior concentração em um período aproximado de dois a quatro meses, correspondendo a 65% do total das chuvas anuais

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33 (PARAÍBA 2000). As temperaturas mínimas variam de 18 a 22ºC nos meses de julho a agosto, e as máximas situam-se entre 28 e 31ºC durante os meses de novembro e dezembro (PARAÍBA 1997).

A geologia apresenta uma estrutura predominantemente cristalina que compõe o Escudo pré-cambriano do Nordeste. Situada geomorfologicamente, está bacia está contida na escarpa oriental do Planalto da Borborema, nas extensas áreas pediplanadas sertanejas. O relevo apresenta setores planos, suave ondulado, ondulado, forte ondulado e montanhoso (LACERDA 2003). Correlacionando a pedologia com o processo de erosão, é perceptível que na bacia predominam solos rasos, com alto grau de vulnerabilidade à erosão, com presença de pedregosidade e rochosidade e também altos riscos de salinização, (SOUZA, 1999).

A vegetação é praticamente uniforme, sendo a caatinga, tipo regional de savana estépica (IBGE, 1991). A formação natural predominante apresenta-se, às vezes, baixa e densa e, outras vezes, baixa e esparsa. As espécies vegetais, em sua maioria, perdem as folhas durante os períodos de estiagens, (DUQUE, 1973). As áreas desmatadas e utilizadas para agriculturas são em geral, ocupadas pelas culturas de palma forrageira, agave, algodão, milho e feijão; os solos são do tipo: Bruno não Cálcico de pouca espessura, que cobre todo o cristalino existente na área de limite da sub-bacia, Litólicos, Solonetz Solodizado, Regossolos e Cambissolos (AESA, 2006).

3.1.1 Procedimentos metodológicos para a identificação e classificação da importância de bens e serviços ecossistêmicos

A identificação de pontos geográficos que oferecem bens e serviços ecossistêmicos e a classificação do nível de importância (valor social) dos mesmos pelos grupos de interesse da (BHRT) foi realizada a partir de adaptações do procedimento metodológico, que é baseado no mapeamento participativo, desenvolvido pelo Projeto Valoração de Serviços Ambientais Aplicados à Vulnerabilidade Costeira, VALSA (ESTEVES, 2014), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em parceria com a Universidade de Bournemouth (BU) e com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O mapeamento participativo consiste na obtenção de informações primárias específicas e contextuais de uma área geográfica delimitada, o fornecimento destas informações foi realizado por grupos de interesse, estes grupos foram responsáveis por indicar em um mapa o local que fornece determinado bem ou

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34 serviço ecossistêmico, sendo possível identificar espacialmente a heterogeneidade de valores e de preferências das partes interessadas (WOLFF et al 2015).

O sistema de classificação de bens e serviços ecossistêmicos que foi utilizado neste estudo foi adaptado do Projeto VALSA, de maneira que o código 39 do Projeto VALSA (serviço de polinização e dispersão de sementes) foi subdividido para melhor distinguir a contribuição do ecossistema para o bem-estar humano Tabela 2. É valido destacar que a classificação do projeto VALSA inclui bens e serviços ecossistêmicos disponibilizados pela biota, pelo meio físico e por ecossistemas; deste forma diferencia claramente o bem ou o serviço final possibilitando a eliminação da dupla contagem; e foi baseada e adaptada do The Common Classification of Ecosystem Services (CICES) versão 4.3 (2017), que é organizada a partir da estrutura de cascata, em 5 subdivisões objetivando esclarecer a via de benefícios oriundos dos ecossistemas ao ser humano (HAINES-YOUNG; POTSCHIN, 2013).

Tabela 2. Classificação de bens e de serviços ecossistêmicos adaptado do projeto VALSA.

Seção Divisão Grupo Classe

Código da classe Tipos Provisão Nutrição Biomassa

Aquicultura 1 Camarão, ostras, peixes etc.

Agricultura 2 Cereais, frutas, saladas, tubérculos

etc.

Pecuária 3 Carne, laticínios, mel, entre outros

Caça e pesca 4 Caranguejo, peixe, mexilhão etc.

Flora silvestre 5 Algas, frutas silvestres etc.

Água

Água de

subsolo 6 Aquíferos, lençol freático etc.

Corpos d'água

de superfície 7

Rios, mar (dessalinização), entre outros.

Mineral Sais 8 Sal de cozinha, entre outros.

Materiais Biomassa Material genético - uso farmacêutico, uso bioquímicos (fermentação) e bioengenharia

9 Remédios, chás, entre outros.

Material para

uso ornamental 10

Flores, plantas ornamentais, conchas, madeira para artesanato etc.

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35 Continuação da Tabela 2. Fibras e outros materiais de plantas, algas e animais para uso direto ou processado 11

Seda, algodão, lã, esponjas, ossos, celulose, borracha, óleos, resinas, calcário etc. Material de plantas, algas e animais para uso na agricultura

12 Forragem, fertilizantes etc.

Terrígeno s/mineral

Não-Metálico

14

Pigmentos, joalheria, cerâmica etc.

Material de

construção 15

Areia para aterro, cascalho, pedras de revestimento etc.

Água

Água de

subsolo 16

Aquíferos, lençol freático para uso doméstico ou industrial, irrigação etc. Água corpos

d'agua de superfície

17 Rios e outros corpos d'água para usos

que não sejam consumo humano.

Energia Biomassa Biomassa de animais, plantas ou algas 18

Carvão vegetal, lenha, biodiesel, óleos e gorduras de origem animal para combustão e produção de energia. Combustíveis

fósseis 19

Petróleo, carvão mineral, gás natural, entre outros.

Mecânica Mecânica de

animais 20

Força mecânica feita por animais (equinos, elefantes, bovinos etc.) na agricultura e transporte.

Radiação Solar 24 Produção de eletricidade.

Espaço Terrestre Pode-se fazer subdivisões se necessário, quanto ao tipo de ambiente (fluvial, montanhoso etc.) 25

Ocupação urbana, uso de espaço para colocar antenas, estacionamento de barcos, transporte fluvial etc.

Marinho

Pode-se fazer subdivisões se necessário

26 Transporte de navios, ancoragem de

barcos, entre outros.

Aéreo

Pode-se fazer subdivisões se necessário

(36)

36 Continuação da Tabela 2. Regulaçã o Mediação de resíduos, contaminações e outros problemas Mediação

pela biota Bioremediação 28

Decomposição, mineralização e

desintoxicação bioquímica no solo e em ecossistemas de água doce e

marinhos, incluindo sedimentos;

Decomposição/desintoxicação de

resíduos e materiais tóxicos

(purificação de águas marrons,

degradação de manchas de óleo por bactérias marinhas, (fito)degradação, (rizo)degradação etc. Mediação por ecossiste mas Filtração, sequestro e acumulação 29 Processos biofisicoquímicos de

filtração, sequestro, acumulação de poluentes no solo e em ecossistemas de agua doce e marinhos, incluindo sedimentos; adsorção e retenção de metais pesados e compostos orgânicos em ecossistemas. Diluição por ecossistemas atmosféricos, aquáticos e marinhos 30

Diluição de contaminantes gases, fluidos e sólidos por processos biofisicoquímicos na atmosfera, lagos, rios, mar e sedimentos.

Mediação de cheiros, ruídos e impactos visuais

31 Redução de ruídos de estradas por

árvores, infraestrutura verde etc.

Regulaçã o Mediação de fluxos Fluxos de massa Estabilização de taludes e controle de taxas de erosão 32

Controle de fluxos gravitacionais, deslizamentos e erosão; neste serviço a cobertura vegetal é o fator principal

estabilizador - protegendo

ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos; vegetação em encostas

prevenindo avalanches; proteção

contra erosão costeira por mangues, macroalgas, gramíneas marinhas etc.

Amortecimento e atenuação de fluxos de massa

33

Similar ao anterior, mas sem a atuação da vegetação; envolve o transporte, a distribuição e estoque de sedimentos em rios, lagos e no mar;

exemplos: proteção costeira por

pontal arenoso, por recifes e

promontórios. Fluxos de líquidos Manutenção do ciclo hidrológico e fluxos de águas 34

Manutenção dos fluxos básicos para o suprimento de água por cobertura e uso do solo adequado; regulação de escassez de água e seca.

Proteção contra

inundações 35

Proteção contra inundações por

cobertura e uso do solo adequado (por manguezais, dunas, etc.).

Referências

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