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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gab Des Rildo Albuquerque Mousinho de Brito

Avenida Presidente Antonio Carlos 251 - 10º andar - Gab.17 Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ

PROCESSO: 0070800-06.2008.5.01.0039 - RTOrd Acórdão

3a Turma

EMENTA: PEDIDO DE DEMISSÃO. GRATIFICAÇÃO NATALINA E FÉRIAS PROPORCIONAIS. SÚMULAS 157 E 171 DO TST. PROCEDÊNCIA. O pedido de

demissão formulado pelo empregado em nada prejudica o seu direito ao pagamento do 13º salário proporcional e das férias proporcionais, nos termos das Súmulas 157 e 171 do TST.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de

recursos ordinários interpostos em face da sentença de fls. 58/61, complementada

pela decisão em embargos de declaração de fls. 66/68, proferidas pela Exma. Sra. Juíza Adriana Maria dos Remédios B. M. Tarazona, da 39ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro/RJ, em que são partes MARIA NILZA DOMINGOS ALVES e MAURICE

CAZES, recorrentes e recorridos.

A decisão recorrida acolheu parcialmente o pedido, condenando o reclamado a proceder à anotação do contrato de trabalho na CTPS da autora, bem como ao pagamento do vale-transporte, tendo concluído que a rescisão decorreu de pedido de demissão da empregada.

A reclamante busca a reforma da sentença, por meio do apelo de fls. 70/73, sustentando que lhe são devidas as verbas resilitórias, a multa do art. 477, § 8º, da CLT, e uma indenização a título de dano moral.

O reclamado, por sua vez, interpõe recurso adesivo às fls. 85/94, insurgindo-se contra a decisão de origem no que tange ao pagamento de vale-transporte, data da rescisão contratual, correção monetária, assim como pretende ver afastada a multa que lhe foi aplicada por embargos protelatórios.

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Oferecidas respostas pelo demandado, às fls. 78/84, e pela autora, às fls. 102/103, ambos pugnando pela manutenção da sentença recorrida naquilo que os beneficia.

Não houve remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, por não se vislumbrar quaisquer das hipóteses previstas no anexo ao Ofício PRT/1ª Região 27/08-GAB, de 15.01.2008.

É o relatório.

VOTO

CONHECIMENTO

Porque presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço dos recursos.

RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO DO RECLAMADO

Procedo primeiro ao exame do apelo patronal, por conter questões prejudiciais em relação ao recurso obreiro.

A DATA DO TÉRMINO DO CONTRATO

O recorrente insiste no argumento de que o vínculo empregatício terminou em 21/03/2008, e não em 24/04/2008, como postulado pela reclamante e reconhecido pela sentença.

De acordo com a única testemunha inquirida, Margarida Nunes, foi da empregada a iniciativa de pedir demissão (cf. folha 56), de modo que, à míngua de razão para desacreditar referido depoimento, deve ele prevalecer, e isso terá repercussão em outros momentos desta decisão.

E, já que se levou em conta o testemunho da Senhorita Margarida para se concluir pelo pedido de demissão da reclamante, nada mais justo do que se louvar no mesmo depoimento para se fixar a data do término do vínculo empregatício em 21/03/2008 (sexta-feira santa), ponto em que a prova oral coincide com a evidência documental fornecida pela própria autora-recorrida, que compareceu ao sindicato em 14/04/2008 para tratar dos seus direitos (ver folha 16), e não pode, por isso, pretender a extensão do seu contrato até 24/04/2008.

Portanto, dou provimento para definir o período contratual no interregno de 01/07/2003 a 21/03/2008, cabendo ao empregador anotar a CTPS da obreira.

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VALE-TRANSPORTE

Neste item, a irresignação recursal se limita ao pedido de exclusão dos períodos em que a reclamante gozou férias (o que ocorria todo mês de julho, conforme esclarecido pela testemunha), pretensão que se mostra justa, visto que, durante tais descansos, não havia deslocamento entre casa e trabalho.

Dou provimento.

CORREÇÃO MONETÁRIA

Busca o recorrente a exclusão da correção monetária no que se refere ao vale-transporte, sob a alegação de que os valores apresentados na inicial a esse título já se encontram atualizados.

Considerando-se que a quantia indicada na peça vestibular se refere ao preço da passagem no tempo da propositura da demanda, dou provimento ao recurso para determinar que as importâncias deferidas, no particular, observem os preços históricos dos bilhetes de ônibus, sendo corrigidos monetariamente a partir das épocas próprias.

MULTA POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS

O reclamado-recorrente pede, por fim, a reforma da decisão com relação à condenação ao pagamento das multas de 1% e 10%, aplicadas por ocasião da sentença de embargos de declaração. Aduz que a oposição de tais embargos não teve intuito procrastinatório.

Da análise das razões expendidas nos embargos de fls. 62/64, ainda que tenham sido rejeitados, verifica-se a existência de dúvida fundada da parte, ausente, assim, o caráter protelatório.

Dessa forma, não se afiguram cabíveis as referidas penalidades, motivo por que se impõe o provimento do recurso também quanto a esse aspecto.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE

VERBAS RESCISÓRIAS

O apelo obreiro quer reverter a decisão quanto à natureza da rescisão contratual (dispensa sem justa causa ao invés de pedido de demissão) e, em conseqüência, obter a condenação do reclamado ao pagamento dos títulos rescisórios.

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que foi a empregada quem pediu demissão, fato que torna descabido o pleito de aviso prévio. No entanto, não obstante se tenha concluído que foi sua a iniciativa de deixar o emprego, isso em nada prejudica a recorrente no seu direito ao pagamento do 13º salário proporcional (3/12), consoante o disposto na Súmula 157 do TST, e das férias proporcionais (9/12), nos termos do art. 146, parágrafo único, da CLT, e da Súmula 171 do TST. Porém, o perseguido saldo de salário de abril de 2008 não é devido, porque, como dito alhures, o contrato foi encerrado em 21/03/08.

Registre-se, por oportuno, que não há recibo de quitação desses títulos rescisórios, e o depoimento da testemunha, quanto a esse assunto, dizendo que a reclamante lhe teria confessado que “...o reclamado havia pago tudo certinho...” (folha 56), não pode ser considerado prova de quitação, uma vez que, além de a testemunha não haver presenciado esse suposto pagamento, a empregada não teria a obrigação de saber se esse pretenso pagamento estava ou não correto. Incide, na espécie, o adágio de que “quem paga mal, paga duas vezes”. Cabia ao empregador ser diligente e colher o competente recibo de quitação, o que não fez.

Por conseguinte, dou provimento parcial ao recurso, para deferir à recorrente a gratificação natalina proporcional e as férias proporcionais.

FÉRIAS

No seu depoimento, a reclamante-recorrente reconheceu haver gozado dois períodos de férias, o que já contradiz a petição inicial, segundo a qual ela jamais teria gozado férias, e retira a credibilidade dos fatos ali narrados nesse ponto.

Por seu turno, a testemunha informou que a reclamante gozava férias em julho e que ela, testemunha, ficava no seu lugar na cozinha, afirmação que merece crédito, como, aliás, sucedeu para efeito de prova da natureza da rescisão.

Nesse contexto, as férias não são devidas. Entretanto, não há prova de pagamento dos respectivos adicionais de 1/3, verba que, por isso, é concedida quanto aos três últimos períodos aquisitivos, como postulado em grau de recurso.

Dou provimento parcial.

MULTA MORATÓRIA

Como resultado da falta de quitação das verbas rescisórias deferidas anteriormente, deveria se seguir a inarredável conclusão de que é devida a multa estipulada pelo art. 477, § 8º, da CLT. Entretanto, a maioria dos membros desta Turma julgadora não estende tal penalidade ao contrato de trabalho do doméstico. Desse modo, ressalvando a minha posição pessoal, nego provimento ao recurso no particular.

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DANO MORAL

Finalmente, a reclamante-recorrente pretende a reforma da sentença na parte em que indeferiu o pedido de indenização por danos morais.

Para a configuração, tanto do dano moral como do material, é necessária a ocorrência de dano, de um ato ilícito e do nexo de causalidade entre aqueles dois fatores, à luz dos arts. 186 e 927 do Código Civil.

O alegado abalo sofrido pela recorrente, em razão da falta de anotação da CTPS, não pode ser presumido. O simples descumprimento de obrigações decorrentes do pacto laboral não caracteriza, por si só, dano extrapatrimonial, sendo indispensável a prova de que tal fato causou ao empregado transtornos que excedam o grau de tolerância esperado do homem médio. Na ausência de semelhante prova, nego provimento ao recurso.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, conheço e, no mérito, dou provimento parcial ao apelo do reclamado para (1) declarar que o término do contrato de trabalho se deu em 21/03/2008, devendo o empregador anotar a CTPS da empregada observando esse parâmetro; (2) excluir da condenação em vale-transporte o mês de julho dos anos 2004, 2005, 2006 e 2007; (3) determinar que o valor do vale-transporte observe o preço histórico da passagem de ônibus e que a respectiva correção monetária incida a partir das épocas próprias, e (4) absolvê-lo das multas impostas pela decisão dos embargos de declaração.

Por outro lado, conheço e, no mérito, dou parcial provimento ao recurso da reclamante, a fim de acrescer à condenação férias proporcionais (9/12), 13º salário proporcional (3/12) e adicionais de férias (1/3) dos três últimos períodos aquisitivos.

Mantenho as custas fixadas pela sentença.

ACORDAM os Desembargadores que compõem a 3ª

Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer

e, no mérito, dar provimento parcial ao apelo do reclamado para (1) declarar que o término do contrato de trabalho se deu em 21/03/2008, devendo o empregador anotar a CTPS da empregada observando esse parâmetro; (2) excluir da condenação em vale-transporte o mês de julho dos anos 2004, 2005, 2006 e 2007; (3) determinar que o valor do vale-transporte observe o preço histórico da passagem de ônibus e que a respectiva correção monetária incida a partir das épocas próprias, e (4) absolvê-lo das multas impostas pela decisão dos embargos de declaração. Por outro lado, conhecer e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso da reclamante, a fim de acrescer à condenação férias proporcionais (9/12), 13º salário proporcional (3/12) e adicionais de férias (1/3)

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dos três últimos períodos aquisitivos. Mantêm-se as custas fixadas pela sentença.

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2010.

DESEMBARGADOR RILDO ALBUQUERQUE MOUSINHO DE BRITO

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