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revista portuguesa de ciências do desporto

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Academic year: 2021

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A RPCD está indexada no SPORTDiscus do Tenista”: resultados parciais segundo o sexo

Marcos Balbinotti, Carlos Balbinotti, António Marques, Adroaldo Gaya

Níveis de aptidão física e perfil antropométrico dos árbitros de elite do Paraná credenciados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Alberto I. Silva, Ciro Rodriguez-Añez

Estatuto posicional, força explosiva dos membros inferiores e velocidade imprimida à bola no remate em futebol. Um estudo com jovens praticantes do escalão sub-17 Paulo Sousa, Júlio Garganta, Rui Garganta

Padronização de um protocolo específico para determi-nação da aptidão anaeróbia de nadadores utilizando cé-lulas de carga

Marcelo Papoti, Luiz Martins, Sergio Cunha, Alessandro Zagatto, Claudio Gobatto

Efeitos de restrições ambientais na habilidade rebater em crianças, adultos e idosos

Ernani Filho, Roberto Gimenez, Cássio Júnior As práticas físicas, em Portugal, no Antigo Regime José V. Ferreira, António G. Ferreira

Morphobiomechanical changes in quadriceps femoris muscle of schoolchildren during isometric and isokinetic exercises

G. Knipshe, L.Cupriks

M. Lúcia Silva, Katia Rubio

Aspectos biomecânicos da postura ereta: a relação entre o centro de massa e o centro de pressão Luis Mochizuki, Alberto C. Amadio COMENTÁRIO

A auto-organização da acção táctica: Comentário a Costa, Garganta, Fonseca e Botelho (2002) Duarte Araújo

EVOCAÇÃO DO ANDRÉ COSTA

20 anos = 2 x 10 anos: dez com o André Costa… dez sem ele João Paulo Vilas-Boas

O André... Zélia Matos

ABERTURA DO ANO LECTIVO 2003-2004

Desporto e jornalismo: abordagem de uma cumplicidade nem sempre pedagógica

Homero Serpa

Publicação semestral

Vol. 3, Nº 3, Julho·Dezembro 2003

A RPCD tem o apoio da FCT Programa Operacional Ciência, Tecnologia, Inovação

do Quadro Comunitário

tuguesa de ciências do desporto

Vol. 3, Nº 3

Julho

·Dezembro 2003

revista portuguesa de

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto Publicação semestral da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto

Vol. 3, Nº 3, Julho·Dezembro 2003, ISSN 1645-0523. Dep. Legal 161033/01 Director

Jorge O. Bento [jbento@fcdef.up.pt]

Editor

António T. Marques [amarques@fcdef.up.pt]

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Júlio Garganta [jgargant@fcdef.up.pt]

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Design gráfico e paginação

Armando Vilas Boas [avboas@fcdef.up.pt]

Capa

Fotografia de Armando Vilas Boas [www.avbdesign.com]

Modelo: Carla Barreira Impressão e acabamento Multitema [www.multitema.pt]

Assinatura Anual

Portugal e Europa: 25€, Brasil e PALOP: 30€ (USD 30), outros países: 35€ (USD 35)

Preço deste número

Portugal e Europa: 15€, Brasil e PALOP: 15€ (USD 15), outros países: 20€ (USD 20)

Tiragem 500 exemplares Copyright

A reprodução de artigos, gráficos ou fotografias só é permitida com autorização escrita do Director.

Endereço para correspondência

Revista Portuguesa de Ciências do Desporto

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto

Rua Dr. Plácido Costa, 91 · 4200.450 Porto · Portugal Tel: +351–225074700

Fax: +351–225500689

www.fcdef.up.pt expediente@fcdef.up.pt

A RPCD está indexada no SPORTDiscus.

Consultores

Adroaldo Gaya (Universidade Federal Rio Grande Sul) Alberto Amadio (Universidade São Paulo)

Alfredo Faria Júnior (Universidade Estado Rio Janeiro) Almir Liberato Silva (Universidade do Amazonas) Anthony Sargeant (Universidade Manchester)

Antônio Carlos Guimarães (Universidade Fed. Rio Grande Sul) António da Paula Brito (Universidade Técnica Lisboa) António Prista (Universidade Pedagógica Moçambique) Apolônio do Carmo (Universidade Federal Uberlândia) Carlos Carvalho (Instituto Superior da Maia) Carlos Neto (Universidade Técnica Lisboa)

Cláudio Gil Araújo (Universidade Federal Rio Janeiro) Dartagnan P. Guedes (Universidade Estadual Londrina) Duarte Freitas (Universidade da Madeira)

Eckhard Meinberg (Universidade Desporto Colónia) Eduardo Archetti (Universidade de Oslo)

Eduardo Kokubun (Universidade Estadual Paulista, Rio Claro) Francisco Camiña Fernandez (INEF Galiza)

Francisco Carreiro da Costa (Universidade Técnica Lisboa) Francisco Martins Silva (Universidade Federal Paraíba) Gaston Beunen (Universidade Católica Lovaina) Glória Balagué (Universidade Chicago) Go Tani (Universidade São Paulo)

Gustavo Pires (Universidade Técnica Lisboa)

Hans-Joachim Appell (Universidade Desporto Colónia) Helena Santa Clara (Universidade Técnica Lisboa) Hermínio Barreto (Universidade Técnica Lisboa) Hugo Lovisolo (Universidade Gama Filho)

Jaime Sampaio (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) Ian Franks (Universidade de British Columbia)

Jan Cabri (Universidade Técnica de Lisboa) Jean Francis Gréhaigne (Universidade de Besançon) Jens Bangsbo (Universidade de Copenhaga) João Abrantes (Universidade Técnica Lisboa) José Borges Gouveia (Universidade de Aveiro) José Gomes Pereira (Universidade Técnica Lisboa) José Luis Soidán (Universidade de Vigo)

José Manuel Constantino (Universidade Lusófona) Juarez Nascimento (Universidade Federal Santa Catarina) Jürgen Weineck (Universidade Erlangen)

Lamartine Pereira da Costa (Universidade Gama Filho) Luís Sardinha (Universidade Técnica Lisboa)

Manoel Costa (Universidade de Pernambuco) Manuel Patrício (Universidade de Évora)

Markus Nahas (Universidade Federal Santa Catarina) Margarida Matos (Universidade Técnica Lisboa) Maria José Mosquera González (INEF Galiza) Michael Sagiv (Instituto Wingate, Israel)

Pablo Greco (Universidade Federal de Minas Gerais) Paula Mota (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) Paulo Farinatti (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Paulo Machado (Universidade Minho)

Pilar Sánchez (Universidade Múrcia)

Robert Brustad (Universidade Northern Colorado) Robert Malina (Universidade Estado Michigan) Sidónio Serpa (Universidade Técnica Lisboa) Valdir Barbanti (Universidade São Paulo) Víctor Matsudo (CELAFISCS)

Víctor da Fonseca (Universidade Técnica Lisboa) Víctor Lopes (Instituto Politécnico Bragança)

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto Vol. 3, Nº 3, Julho·Dezembro 2003 ISSN 1645-0523 Dep. Legal 161033/01 A RPCD tem o apoio da FCT Programa Operacional Ciência, Tecnologia, Inovação do Quadro

Comunitário de Apoio III.

ARTIGOS DE INVESTIGAÇÃO

Estudo descritivo do “Inventário do Treino Técnico-des-portivo do Tenista”: resultados parciais segundo o sexo Marcos Balbinotti, Carlos Balbinotti,

António Marques, Adroaldo Gaya

Níveis de aptidão física e perfil antropométrico dos árbi-tros de elite do Paraná credenciados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Alberto I. Silva, Ciro Rodriguez-Añez

Estatuto posicional, força explosiva dos membros inferio-res e velocidade imprimida à bola no remate em futebol. Um estudo com jovens praticantes do escalão sub-17 Paulo Sousa, Júlio Garganta, Rui Garganta Padronização de um protocolo específico para deter-minação da aptidão anaeróbia de nadadores utilizando células de carga

Marcelo Papoti, Luiz Martins, Sergio Cunha, Alessandro Zagatto, Claudio Gobatto

Efeitos de restrições ambientais na habilidade rebater em crianças, adultos e idosos

Ernani Filho, Roberto Gimenez, Cássio Júnior As práticas físicas, em Portugal, no Antigo Regime José V. Ferreira, António G. Ferreira

Morphobiomechanical changes in quadriceps femoris muscle of schoolchildren during isometric and isokinetic exercises

G. Knipshe, L.Cupriks ARTIGOS DE REVISÃO

Superação no esporte: limites individuais ou sociais? M. Lúcia Silva, Katia Rubio

Aspectos biomecânicos da postura ereta: a relação entre o centro de massa e o centro de pressão Luis Mochizuki, Alberto C. Amadio COMENTÁRIO

A auto-organização da acção táctica: Comentário a Costa, Garganta, Fonseca e Botelho (2002) Duarte Araújo

EVOCAÇÃO DO ANDRÉ COSTA

20 anos = 2 x 10 anos: dez com o André Costa… dez sem ele

João Paulo Vilas-Boas O André...

Zélia Matos

ABERTURA DO ANO LECTIVO 2003-2004

Desporto e jornalismo: abordagem de uma cum-plicidade nem sempre pedagógica

Homero Serpa 7 18 27 36 43 56 64 69 77 87 97 99 103

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Nota editorial

Nova fase

Jorge Bento

A RPCD tem tido um desenvolvimento natural, alar-gando-se e diversificando sempre mais a panóplia de assuntos que lhe dão conteúdo e forma. Mantém-se assim fiel à pretensão de se afirmar como uma revista de ciências do desporto, ou seja, de ser um espaço de representação dos olhares múltiplos e distintos que se focalizam no fenómeno desportivo e nos seus agentes. O presente número configura bem esse objectivo, revelando até uma nova fase de abertura e abrangên-cia. Com efeito é manifesta a diversidade de temas e de autores, provando que a revista está a ganhar a atenção e a consideração das instituições e investiga-dores de ciências do desporto, com particular desta-que para o Brasil, sem ignorar desta-que ela suscita inte-resse e apreço em especialistas que comunicam em língua inglesa. Este relevante aspecto garante à RPCD um interessante e sólido perfil, possibilitando a inclusão de outros assuntos aparentemente estra-nhos por dizerem sobretudo respeito à vida da FCDEF-UP. Mas a verdade é que também se inscre-vem na matriz da missão que anima a revista e o seu corpo editorial.

Realmente a revista é expressão de um conjunto de preocupações, princípios e valores que congregam muitos investigadores e as respectivas instituições no espaço da língua portuguesa. Esse universo de interesses dá sentido a uma cultura de amizades e afectos que constitui o ponto de partida e de chega-da do movimento em que a RPCD se inclui. Por isso é perfeitamente natural que este número faça a evo-cação do André Costa, um companheiro que viu com paixão e entusiasmo delinear o caminho largo do futuro, mas que ele não logrou percorrer e concluir. Enfim, uns têm a sina de sonhar e semear a vida e outros de a colher.

Igualmente se inclui o texto da oração de sapiência proferida na cerimónia de abertura do ano lectivo 2003–2004 da FCDEF-UP. Como se sabe, a RPCD pauta-se por uma linha de entendimento e relaciona-mento com todos quantos contribuem para a confi-guração e interpretação do desporto como fenómeno polissémico e polimórfico. É este o caso presente, do autor e do jornal A Bola, onde o emérito jornalista sr. Homero Serpa pontifica há várias décadas. Um caso de excelência e exemplaridade no panorama mediáti-co nacional e internacional, pela profundidade, res-ponsabilidade e elevação imprimidas ao tratamento da coisa desportiva.

De resto a efeméride constituiu uma oportunidade para não deixar passar em claro uma nova e inquie-tante fase do neoliberalismo político e económico que se derrama por toda a parte. O ataque ao estado social, às suas instituições e pessoas é hoje por de mais evidente. As universidades públicas também não escapam a essa sanha persecutória: para elas são feitas leis que dificultam a sua vida e gestão; para as universidades privadas são feitas, à medida, de enco-menda e por compadrio, leis destinadas a facilitar-lhes a realização dos seus desígnios – nem sempre claros, transparentes e fidedignos.

Para o Mundo o ano de 2003 termina como começou e como decorreu. Com marcas de crime, de saque, sangue e morte. Oxalá 2004 não cheire ao podre de 2003! Nem seja prisioneiro dele, mas antes de com-promissos com mais verdade e com mais partilha e entrega às causas e ideais que enobrecem e dignifi-cam a humanidade. É também a este destino que o desporto se deve atrelar hoje e sempre, acordando as forças e virtudes que ele encerra. É nele que a União Europeia deposita grandes esperanças ao designar

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2004 como Ano Europeu da Educação pelo Desporto, isto é, ao convocá-lo para se posicionar inequivocamente do lado das carências e exigências educativas. O mesmo é dizer que a crença no des-porto continua em alta, ao mesmo tempo que se aprofunda a desilusão com a crise moral e social. Saibamos estar à altura do novo e aliciante desafio que se coloca ao desporto, às suas instituições e a todos nós!

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ARTIGOS DE

INVESTIGAÇÃO

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Estudo descritivo do «Inventário do Treino Técnico-desportivo

do Tenista»: resultados parciais segundo o sexo

Marcos Balbinotti1

Carlos Balbinotti2

António Marques3

Adroaldo Gaya2

RESUMO

O Inventário do Treino Técnico-desportivo do Tenista (ITTT) foi um instrumento elaborado por Balbinotti e Balbinotti (4) para auxiliar treinadores e/ou professores na formação de joga-dores de tênis. Estudos anteriores (5, 6) demonstraram que o ITTT é um instrumento válido e fidedigno, mas as qualidades descritivas do instrumento não foram avaliadas. Este estudo visa desenvolver o ITTT, incorporando comparações entre tenis-tas dos dois sexos. Uma amostra de 432 sujeitos, de ambos os sexos e da faixa etária de 13 a 16 anos, foi utilizada para res-ponder ao ITTT. Com o objetivo de encontrar os limites norma-tivos que auxiliam nas interpretações das respostas ao ITTT foi realizada uma análise descritiva, dividida em dois grupos: didas de tendência central (com dispersão e distribuição) e me-didas de tendência não-central. As meme-didas de tendência cen-tral (média aritmética, média aparada a 5%, moda e mediana), dispersão (desvio-padrão, amplitude e erro-padrão da média) e distribuição (normalidade e assimetria) indicaram homogenei-dade nos resultados, independente da existência de casos aber-rantes. As medidas de tendência não-central (percentis) revela-ram que as normas interpretativas do ITTT são independentes para cada sexo. Concluiu-se pela necessidade de se interpretar os resultados do ITTT conforme o sexo do jovem tenista.

Palavras-chave: estudo descritivo, normalidade, tênis, treino

téc-nico-desportivo.

ABSTRACT

A descriptive study of the “Technical Training Questionnaire for Tennis Players”: partial results according to gender. The Tennis Technical Training Questionnaire (TTTQ) was elaborated by Balbinotti and Balbinotti (4) to help coaches and/or instructors during the training of tennis players. Previous studies (5, 6) showed the validity of the TTTQ, but its descriptive qualities have not been validated. The main purpose of this study was to further develop the TTTQ, incorporating comparisons between male and female athletes. A sample of 432 subjects, males and females with ages ranging from 13 to 16 years, was selected to answer the TTTQ. A descriptive analysis aimed at finding the limits that help the interpretation of the TTTQ was performed, divided in two groups: measures of central tendency (with dispersion and distribution), and measures of non-central ten-dency. The measures of central tendency (mean, mode and median), dis-persion (standard deviation, amplitude and standard error) and distri-bution (normality and asymmetry) indicated homogeneity of the results, independently of some aberration in the results. The measures of non-central tendency (percents) revealed that the interpretation of results must be independent for each gender. It was concluded that the results of the TTTQ must be interpreted according to the gender of the tennis players.

Key Words: descriptive study, normality, tennis, technical training.

1Universidade do Vale do Rio dos Sinos

São Leopoldo, RS, Brasil

2Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre, RS, Brasil

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1. INTRODUÇÃO

O tênis é, atualmente, um dos esportes de maior crescimento e expansão no Brasil. A partir dos mag-níficos resultados obtidos nas competições interna-cionais nos últimos cinco anos pelo tenista Gustavo Kuerten, milhares de jovens aderiram à prática do esporte. Entretanto, o tênis não é diferente da maio-ria dos esportes no que tange ao treino técnico-des-portivo especializado precocemente (TTEP). A maio-ria dos treinadores adota, na prática diámaio-ria, uma abordagem de treino sustentada na reprodução de seu próprio modelo de formação (a maioria dos trei-nadores são ex-atletas) e, por vezes, baseada em modelos de tenistas adultos vencedores. Esta condu-ta, invariavelmente, leva jovens tenistas a submete-rem-se aos treinos objetivando unicamente a obten-ção de resultados imediatos em competições infanto-juvenis, sem a preocupação de uma carreira dura-doura e de resultados em longo prazo.

O TTEP é, na realidade, um dos graves problemas relacionados ao treino desportivo infanto-juvenil. Com o objetivo de investigar sua possível ocorrência no treino técnico-desportivo de jovens tenistas brasi-leiros, Balbinotti e Balbinotti (4) desenvolveram o Inventário do Treino Técnico-desportivo do Tenista (ITTT). Este estudo tem a finalidade de aprofundar os dados descritivos gerais, conforme o sexo do tenista, oferecendo a possibilidade de identificar os limites que determinam a predominância, ou não, de exercício dos principais golpes que integram o treino técnico-desportivo do tenista. O TTEP será identifi-cado quando ocorrer uma freqüência de treino des-proporcional de um grupo de jogadas em detrimento de outras (37). Num primeiro momento, apresenta-se uma baapresenta-se teórica que demonstra a necessidade do treino técnico-desportivo do tenista ser equilibrado, sem a predominância de apenas um grupo de golpes específicos. Em seguida, descrevem-se os procedi-mentos metodológicos referentes aos estudos descri-tivos em psicometria e em ciências humanas. Por fim, apresentam-se os resultados conforme o sexo do tenista. Dentre as conclusões, ressalta-se a neces-sidade de novos estudos que controlem outras variá-veis, tais como: idade, tempo de experiência de jogo, entre outras.

2. SOBRE O TREINO TÉCNICO-DESPORTIVO DO TENISTA Nos últimos anos, o interesse por diferentes formas de aprendizagem e refinamento da técnica desportiva tomou forma em vários trabalhos de pesquisa [para uma revisão de alguns desses trabalhos, aconselha-se os artigos de Gimenez (18) e Rink et al. (35). De acordo com Lamarche e Cayer (23), o treino técnico-desportivo do tenista, de 13 a 16 anos, deve ocorrer de forma equilibrada, ou seja, deve ser dirigida a mesma atenção para todas as jogadas que compõem a formação técnico-desportiva. Dessa forma, o jovem tenista estará instrumentalizado para enfrentar as diferentes situações de ordem técnica encontradas no jogo. Qualquer desequilíbrio na proposição do treino técnico-desportivo, em favor desse ou daquele grupo de jogadas, pode ser interpretado como TTEP. Segundo Gottfried (19), as conseqüências deste tipo de especialização acarretam deficiências técnico-des-portivas que deverão comprometer a performance nas futuras competições na fase adulta.

No tênis, precisamente, cada situação específica exige um golpe ou uma seqüência deles, com o obje-tivo de vencer o ponto em disputa. Vários autores (2, 9, 12, 19, 20, 36, 37, 40) referem que esses gol-pes podem ser divididos em dois grandes grupos: Golpes de Definição (GD) e Golpes de Preparação (GP). Os GD incluem todos aqueles utilizados pelo tenista com o objetivo de tornar sua jogada indefen-sável para o adversário. Os GP, por sua vez, caracteri-zam-se pela utilização de uma série de golpes prepa-ratórios para o início das ações ofensivas, que visam deslocar o adversário do posicionamento central da quadra. Esta cadeia de golpes sucessivos, na qual demonstra o domínio da quadra e do adversário, oportuniza espaços vazios para a definição dos pon-tos sem a necessidade de potência e/ou precisão exa-cerbada. Além disso, através da variação de golpes utilizada, o adversário poderá cometer vários erros, em virtude do grau de dificuldade imposto na execu-ção da seqüência de golpes.

Também é importante salientar que a dinâmica do processo de treino técnico-desportivo envolve a necessidade do desenvolvimento de várias capacida-des físicas, entre elas: a resistência, a força e a velo-cidade (25, 21). A comunidade científica preocupa-se, especialmente, com o treino especifico da força em crianças e adolescentes (16, 29, 10, 26, 27).

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Os ganhos de massa corporal magra associados com o aumento de força são observados de forma consis-tente após períodos de treino em pré-adolescentes e adolescentes (16). A velocidade de ganho em força é geralmente relacionada com o aumento da estatura de atletas jovens e, principalmente, com o estado maturacional (26).

Foi, basicamente, partindo desses pressupostos que Balbinotti e Balbinotti (4) elaboraram o ITTT. Cabe salientar que não existe na literatura portuguesa (e também não foi encontrado em nenhum outro idio-ma) um questionário ou inventário que se propuses-se a responder essas necessidades. Assim, não foi possível levantar outras análises, fazendo compara-ções com outros questionários ou inventários, o que poderia, sem dúvida, enriquecer estas análises. Balbinotti (8) aplicou pela primeira vez o ITTT num trabalho de pesquisa recente que visava conhecer a formação técnico-desportiva do jovem tenista brasi-leiro. Tendo em vista as excelentes qualidades psico-métricas demonstradas pelo ITTT, tanto em

Balbinotti (4) quanto em Balbinotti e Balbinotti (5, 6), este estudo poderá sanar uma necessidade que surgiu por decorrência das diferenças marcantes entre os programas de treino técnico-desportivo de-senvolvidos para tenistas do sexo masculino e femi-nino da faixa etária de 13 a 16 anos. Será possível ter interpretações diferentes nas respostas de tenis-tas de ambos os sexos ao ITTT? Essa e outras dife-renças entre os sexos serão abordadas neste estudo. 3. METODOLOGIA

Procedimento

O recrutamento dos sujeitos foi realizado durante as competições oficiais do calendário de 2001 da Confederação Brasileira de Tênis (CBT). O ITTT foi aplicado aos jovens no intervalo dos jogos, após detalhada apresentação dos objetivos deste estudo e a concordância formal assinada (consentimento informado) por parte dos jovens tenistas (ou respon-sáveis). Menos de 5% dos convidados se negaram a responder. Não houve qualquer forma de pressão para que eles o respondessem e, já que seus nomes não eram solicitados para registro, eles estavam assegurados do sigilo de suas respostas. O tempo necessário para responder ao inventário foi de apro-ximadamente 10 minutos.

Sujeitos

Considerando as colocações de Maguire e Rodgers (24) com respeito às problemáticas associadas à seleção dos elementos constitutivos de uma amostra aleatória em pesquisas de psicologia e/ou educação, uma amostra não probabilística – 266 meninos (61,57%) e 166 meninas (38,43%) com idades variando de 13 à 16 anos (X = 14,3; DP = 1,1); todos tenistas brasileiros, participantes do circuito nacional infanto-juvenil – foi convenientemente uti-lizada para responder aos objetivos desta pesquisa. Instrumento

Inventário do Treino Técnico-desportivo do Tenista (ITTT). Elaborado por Balbinotti e Balbinotti (4), o ITTT avalia a freqüência com que são exercitadas as 12 iniciativas de jogadas, ou combinações de golpes, consideradas fundamentais para o desenvolvimento equilibrado e harmonioso do treino técnico-desporti-vo dos jovens tenistas. Estas iniciativas de jogadas e combinações de golpes foram divididas em duas dimensões distintas, conforme a teoria preconizava. A primeira, Golpes de Definição (GD), consta de 6 itens que avaliam a freqüência do treino de golpes indefensáveis. A segunda, Golpes de Preparação (GP), consta de 6 itens que avaliam a freqüência do treino de golpes preparatórios para a iniciativa do ataque em busca da definição do ponto. Os jovens envolvidos na pesquisa responderam ao inventário conforme uma escala bipolar, de tipo Likert, em 5 pontos, sendo 1 “pouquíssima freqüência” e 5 “mui-tíssima freqüência” de treino.

Quanto às qualidades psicométricas deste inventá-rio, foram realizadas análises de itens (estudo da fidedignidade) e análises fatoriais (estudo da valida-de valida-de construto). Estes estudos povalida-dem ser pormeno-rizadamente observados em Balbinotti e Balbinotti (5, 6). Entretanto, com o objetivo de demonstrar os graus de fidedignidade e validade, apresenta-se aqui apenas os resultados mais significativos, a fim de garantir ao leitor que este instrumento apresenta qualidades psicométricas satisfatórias.

Quanto às questões de fidedignidade, realizou-se análises correlacionais (Correlação mediana 0,43 para a dimensão GD e de 0,42 para a dimensão GP), nas quais se pode garantir a homogeneidade das dimensões. Os resultados alpha de Cronbach

(12)

trados (0,81 para ambas dimensões) sustentam a hipótese da consistência interna do ITTT (17). Nenhum item, se retirado, aumentaria o alpha. Conforme estes resultados, pode-se concluir que o ITTT é um instrumento preciso em sua medida. Quanto às questões de validade de construto, foram realizadas, num primeiro momento, três análises que justificam a aplicação do modelo fatorial para esse conjunto de dados: matriz do determinante das correlações (0,00008), K-M-O (0,72) e o teste de esfericidade de Bartlett (821,76; p < 0,0001). Seus respectivos resultados garantem a adequação no uso do modelo fatorial para esse conjunto de dados. Sendo assim, foi conduzida uma análise fatorial de componentes principais, com rotação varimax, e seus resultados demonstram uma adequada interpre-tação em dois fatores (que explicam 53,2% da variância). Estes fatores estão perfeitamente em con-cordância com as dimensões teoricamente apresenta-das. A força encontrada das saturações fatoriais (Sat > 0,52) e das comunalidades (Com > 0,28) susten-tam as conclusões de estar se medindo o construto teórico que se desejou medir.

4. RESULTADOS

As análises descritivas realizadas estão conforme a sugestão de alguns dos principais e/ou atuais auto-res da área da psicometria e dos métodos quantitati-vos (1, 3, 11, 13, 14, 15, 22, 28, 30, 31, 32, 33, 34, 39). Assim, realizou-se uma série de estudos descri-tivos e seus resultados estão apresentados abaixo. Estudo dos casos extremos

Conforme os gráficos de bigodes (33) abaixo, pode-se notar que na dimensão GP (Figura 1) não há casos extremos. A presença de casos extremos ocor-re apenas na dimensão GD, para o sexo feminino (Figura 2). Na realidade, trata-se de quatro casos que estariam puxando a média para cima. Mesmo que os valores das médias com e sem casos extremos (Tabela 1) sejam nominalmente diferentes (e favorá-vel à média com casos extremos), aplicando um teste de comparação de médias (F(1, 430)=1,09; p=0,349)

para variâncias homogêneas (FLevene=1,49;

p=0,231), verificou-se que não há diferenças signifi-cativas (p > 0,05) entre elas. Tais resultados são estimações importantes e podem auxiliar a decisão

de não desconsiderar os casos extremos no restante das análises. Sendo assim, mesmo que a Tabela 1 apresente os resultados pormenorizados segundo a existência (ou não) de casos extremos, a partir de agora serão analisados apenas os casos “com”, inclu-sive porque na realidade, eles existem.

Figura 1: Demonstração gráfica dos casos extremos, por sexo, na dimensão GP.

Figura 2: Demonstração gráfica dos casos extremos, por sexo, na dimensão GD.

(13)

Tabela 1: Análises descritivas segundo a existência ou não de casos extremos, por sexo, para cada dimensão em estudo.

1Casos Extremos; 2Erro Padrão da média; 3Erro Padrão do Skewness; 4Erro Padrão da Kurtosis.

zou-se um ANOVA One-Way para a análise do GP (F(1, 430)=2,1; p=0,149) e do GD (F=9,7; p=0,002),

diagnosticando-se também os níveis de homogenei-dade das variâncias (p > 0,05; para ambas dimensõ-es). Os respectivos resultados indicam que não há diferenças significativas (p > 0,05) entre as médias, obtidas para cada sexo, na freqüência de treino da di-mensão GP. Entretanto, quando se analisa especifica-mente a dimensão GD, nota-se uma diferença signi-ficativa (p < 0,05) favorável ao grupo masculino (Ta-bela 1). Assim, pode-se constatar que (mesmo que as médias propriamente ditas sejam nominalmente próximas), em média, os tenistas (sexo masculino) treinam mais intensamente os GD do que as tenistas (sexo feminino). As implicações decorrentes desses resultados serão interpretadas oportunamente. Mantendo a variável “sexo” constante e verificando as diferenças entre os grupos de golpes (GP e GD), nota-se que, tanto no caso do grupo masculino (t = 6,6; gl=265; p=0,000) quanto no grupo feminino (t=10,6; gl=165; p=0,000), há diferenças altamente significativas (p < 0,01) em relação ao treino dos golpes técnico-desportivos. Essa diferença é em favor de GP para ambos os grupos (masculino e feminino). Isso significa que, em média, a maior parte do tempo da atividade de treino da técnica-desportiva do tenis-ta é dedicada aos GP. E isso vale tenis-tanto para o grupo masculino quanto para o grupo feminino.

Inventário do treino técnico-desportivo do tenista

Estudo dos cálculos de tendência central

Foram realizados diversos cálculos de tendência cen-tral (média, média aparada a 5%, mediana, moda). Todos com dados interessantes a serem descritos e analisados. Das quatro médias obtidas (consideran-do o fato de que aquela sem os casos extremos foi excluída das análises) pode-se notar que aquelas referentes à dimensão GD são nominalmente meno-res que as da dimensão GP (ver Tabela 1).

Considerando as diferenças nas médias gerais (não controlando a variável sexo) de GP (Xgp=20,65) e GD (Xgd=17,93), aplicou-se um teste t para amos-tras pareadas, a fim de verificar os níveis de signifi-cância desta diferença (t=11,47; gl=431; p=0,000). Mesmo com a constatação de uma correlação limí-trofe (r = 0,38) entre as duas dimensões estudadas, os resultados indicam uma diferença altamente sig-nificativa (p < 0,001) entre as médias da freqüência de treino dos dois grupos de golpes (favorável aos GP). Portanto, de maneira geral, e desconsiderando o sexo, existe uma aderência maior ao treino dos

Golpes de Preparação em detrimento dos Golpes de Definição. Trata-se, portanto, de um primeiro indício

real de TTEP.

Para aprofundar a análise inicial, é preciso verificar se há diferenças significativas entre as médias na fre-qüência de treino dos dois grupos de golpes (GP e GD) com a variável “sexo” controlada. Assim,

(14)

reali-Quanto às análises das médias aparadas a 5% e das medianas, pode-se dizer que são absolutamente comparáveis às médias aritméticas. Ainda, pode-se notar que a moda é absolutamente a mesma quando comparável às medianas da dimensão GP (para o grupo feminino) e GD (para o grupo masculino). Esta constatação irá reforçar o estudo dos cálculos de distribuição. Entretanto, a dimensão GP, para o sexo masculino, e a dimensão GD, para o sexo femi-nino, apresentam um certo distanciamento entre as modas e as outras estatísticas de tendência central estudadas. Sendo assim, torna-se necessário o estu-do pormenorizaestu-do das estatísticas de distribuição (assimetria e achatamento) para justificar os índices de normalidade. Porém, por uma questão de seqüên-cia regular, antes de se apresentar o estudo das esta-tísticas de distribuição, será apresentado o estudo das estatísticas de dispersão.

Estudo dos cálculos de dispersão

Os cálculos de dispersão realizados (desvio-padrão, amplitude, erro-padrão da média) servem para nos dar uma informação precisa sobre os níveis de varia-bilidade dos dados trabalhados nesse estudo. Embora a variância não tenha sido apresentada na Tabela 1, pode-se conhecê-la apenas multiplicando o desvio-padrão por ele mesmo (33). Inicialmente, sublinha-se que, independentemente da dimensão estudada, os desvios-padrão variaram de 3,7 a 4,9. Pode-se dizer, por um lado, que os desvios são abu-sivos (considerando as grandezas das médias aritmé-ticas), o que explica a homogeneidade das variâncias medidas anteriormente. Por outro lado, a análise dos desvios-padrão com e sem casos extremos (na dimen-são GD, para o sexo feminino) deixa claro que tais casos aumentavam a variabilidade dos dados. Com certeza não chega a ser uma diferença importante, mas pode ser nominalmente percebida.

No caso da amplitude, pode-se notar que a única dimensão onde se encontrou ao menos uma freqüên-cia máxima foi a GP, para o sexo feminino (o que significa que ao menos uma pessoa respondeu 5 nas 6 questões da dimensão). Não teve nenhum jovem do sexo masculino que valorou todas as questões em formato maximal, em nenhuma das duas dimensões estudadas. Mesmo as meninas, na dimensão GD não ousaram ir a tanto. Pode-se destacar ainda, mas ape-nas como curiosidade, que os casos extremos eram

constituídos (conforme a Figura 2) por casos onde a amplitude maximal atingia valores de 27 e 28 pon-tos. Possivelmente esse fato ocorre, pois se trata de tenistas do sexo feminino que treinam tanto os GD quanto os tenistas do sexo masculino, fato que as afasta, de forma importante, da média de seu pró-prio sexo; entretanto, também as aproxima do com-portamento dos dados do sexo oposto.

Estudo dos cálculos de distribuição

Os três cálculos de distribuição efetuados (normali-dade, assimetria e achatamento) servem para dar uma noção precisa da diagramação dos dados (fre-qüências) conforme a teoria da curva normal. Na realidade, deve-se atentar ao fato de que os níveis de significância apresentados pelo teste K-S (todos com p < 0,01) demonstram que as distribuições não são normais. Trata-se de um resultado pouco animador no sentido de que se esperavam distribuições nor-mais. No entanto, conforme Pestana e Gageiro (33), quando as amostras são grandes esse dado deixa de ser imprescindível, restando os cálculos de assime-tria e de achatamento. Estes parecem não serem influenciados pelo tamanho da amostra. Sendo assim, e conforme os dados apresentados na Tabela 1 e representados nas Figuras 3, 4, 5 e 6, não exis-tem maiores problemas de distribuição amostral. Isso significa não ser necessário nenhuma espécie de transformação dos dados brutos com o objetivo de normalizar os resultados.

Figura 3: Histograma com curva normal: GD, sexo masculino.

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Figura 4: Histograma com curva normal: GD, sexo feminino.

Figura 5: Histograma com curva normal: GP, sexo masculino.

Figura 6: Histograma com curva normal: GP, sexo feminino.

Estudo dos cálculos de percentis, decis e quartis Os autores (1, 3, 11) apontam a importância dos cál-culos de tendência não-central realizados (percentis, decis e quartis). Trata-se de uma importante ferra-menta de análise do pesquisador. Essa análise ajuda o pesquisador a decidir a localização (ou a posição) de um sujeito dentro de seu grupo (28) de pares. A Ta-bela 2 descreve, pormenorizadamente, diversas locali-zações possíveis de sujeitos conforme, por um lado, seus escores no ITTT e, por outro lado, seu sexo.

Tabela 2: Análises dos limites percentílicos.

Para interpretar corretamente os valores obtidos na Tabela 2, pode-se utilizar um exemplo. No caso de uma atleta que obtém um escore de 17 pontos na dimensão GD, sua posição é exatamente no segundo quartil (Percentil50). Isso significa que essa tenista

treina cerca de 50% mais freqüente que alguns de seus pares e, conseqüentemente, em torno de 50% menos freqüente que outras tenistas. Transpondo-se essa mesma pontuação para um atleta do sexo mas-culino (o que causaria uma baixa para Percentil40),

ainda na dimensão GD, significaria que 60% de seus pares treinariam com mais freqüência do que ele. Mantendo ainda o mesmo escore (17 pontos), no caso de atletas do sexo masculino, para a dimensão GP, este resultado estaria no limite de uma classifica-ção percentílica quase inferior (Percentil25). Tal

resul-tado significaria que 75% de seus pares treinariam mais do que esse jovem. Mas, sem dúvida, se fosse uma jovem atleta que obtivesse um escore de 17 na dimensão GP, ela já estaria dentro do limite inferior (Percentil20), o que seria um péssimo indicador de

treino quanto aos GP. Tais percentis baixos podem

(16)

constituir-se em possíveis preditores de resultados negativos. O inverso também pode ser verdadeiro, embora pesquisas específicas necessitem ser conduzi-das para confirmar (ou não) essa hipótese. Cabe salientar que, se verdadeira for essa hipótese, pode-se conhecer um dos preditores de resultados positivos, sem que se precise entrar no processo de TTEP. 5. DISCUSSÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Em nenhum grupo de idade investigado foi constata-do que as 12 jogadas incluídas no inventário são treinadas de forma equilibrada. Embora seja difícil avaliar a razão dessa falta de equilíbrio no exercício da atividade de treino técnico-desportivo, pode-se discutir algumas causas prováveis para os resultados observados na pesquisa.

Alguns tenistas jovens obtiveram resultados positi-vos quando estão jogando no fundo da quadra, enquanto outros atingem resultados mais significati-vos jogando com aproximação freqüente a rede. À medida que os resultados positivos surgem na car-reira dos atletas, a tendência dos treinadores é de potencializar as qualidades técnico-desportivas res-ponsáveis pelos melhores resultados.

Esta proposta pedagógica vai ao encontro de um tra-balho voltado para múltiplas repetições de um grupo restrito e específico de jogadas que poderão ser efi-cientes para os objetivos imediatos do treinador, mas que, certamente, não serão suficientes para a forma-ção técnico-desportiva integral do jovem.

No entanto, se houvesse equilíbrio no treino das jo-gadas importantes para a formação do jovem, mes-mo que o desempenho seja qualitativamente diferen-te, ainda assim, teríamos as jogadas mais deficientes em processo de aperfeiçoamento. Se desde a fase de formação, o tenista for estimulado a especializar-se tecnicamente, reproduzindo o modelo adulto, suas qualidades técnico-desportivas poderão ser suficien-tes para a obtenção dos resultados na fase infanto-juvenil; contudo, na fase adulta, em função da velo-cidade do jogo imposta pelo adversário, as deficiên-cias estarão mais vulneráveis e as dificuldades para esconder as deficiências surgirão nas competições. A investigação apresenta resultados extremamente surpreendentes com relação às diferenças encontra-das no treino técnico-desportivo dos jovens tenistas do sexo masculino e feminino: o treino dos GD

ocor-re com uma focor-reqüência significativamente superior nos tenistas do sexo masculino em comparação com os tenistas do sexo feminino; e, ainda, a maior parte do tempo dedicada a atividade de treino técnico-des-portivo é dedicado aos GP para ambos os sexos. O predomínio de treino dos GP é compreensível, já que os jovens tenistas de ambos os sexos devem procurar nesta faixa etária adquirir regularidade e consistência nas jogadas para construir as diversas formas de ataque com eficiência, no que diz respeito aos aspectos relacionados a precisão e a potência dos golpes. Além disso, é preciso considerar que a maio-ria dos tenistas que participa das competições do cir-cuito brasileiro treina e compete predominantemen-te em quadras de caracpredominantemen-terísticas lentas (quadra de saibro). Nessas condições, os melhores resultados competitivos são obtidos através de um jogo consis-tente no fundo da quadra, no qual um número signi-ficativo de pontos disputados é vencido por uma seqüência de golpes que levam o adversário ao erro; raramente, pela definição de golpes vencedores. É importante ressaltar que esses tenistas geralmente apresentam dificuldades quando competem em qua-dras com outras características.

No entanto, o resultado surpreendente deste estudo, reside no fato de que as tenistas (sexo feminino), diferentemente dos tenistas (sexo masculino), não treinam de forma significativa os GD. Ora, sabe-se que nessa faixa etária (de 13 a 16 anos) as tenistas não possuem potência muscular suficiente para defi-nir os pontos pela imposição de velocidade na bola. Porém, o exercício dessas jogadas deve começar cedo, sob pena do processo de formação técnico-des-portiva comprometer completamente a performance do tenista na fase adulta.

É provável que a dificuldade de competir na veloci-dade imposta pelas adversárias na fase adulta seja a razão do insucesso das tenistas brasileiras no circui-to profissional de tênis. Nos últimos dez anos, não foram raras as situações em que encontramos tenis-tas brasileiras do sexo feminino entre as vinte melhores colocadas no ranking internacional juvenil. Fato jamais observado no ranking do tênis profissio-nal feminino nos últimos 40 anos.

Isso nos leva a crer que, de fato, o treino técnico-desportivo especializado dos GP é extremamente efi-ciente apenas na fase infanto-juvenil. Neste período,

(17)

as tenistas (sexo feminino) que estão exercitando com freqüência os GD, talvez sejam derrotadas nas competições pela possível seqüência de erros come-tidos, considerando-se a dificuldade de acertar gol-pes com potência e precisão sem a potência e a maturidade dos gestos técnico-desportivos exigidos na execução dos golpes.

Portanto, para o domínio das técnicas desportivas av-ançadas, por ser principal característica do tênis adul-to masculino e feminino, é preciso obter consistência nos GP e GD. Para que isso ocorra é indispensável que na faixa etária entre 13 e 16 anos, todos os tenis-tas, independente de sexo, treinem com freqüência e equilíbrio as 12 jogadas que constituem o conteúdo mínimo do processo de treino técnico-desportivo do tenista. Desta forma, evitaremos que tenistas de grande talento desportivo limitem sua performance técnico-desportiva por equívocos ocorridos no pro-cesso de treino realizado na fase infanto-juvenil. 6. CONCLUSÃO

Conforme os resultados apresentados, conclui-se que os treinadores dos jovens tenistas brasileiros devem ter um cuidado especial no treino técnico-desportivo de atletas do sexo feminino, a fim de evi-tar o processo de TTEP. No caso dessas tenistas, constatou-se uma atenção especial no treino dos GP, que pode ser explicada pela eficiência deste grupo de golpes em relação à dificuldade em se obter eficiên-cia nos GD, na faixa etária de 13 a 16 anos. A carên-cia de uma maior freqüêncarên-cia de treino dos GD pode-rá implicar em sérias limitações na performance des-tes golpes na fase adulta. Assim, as possibilidades de obtenção de resultados expressivos, considerando que esses golpes são determinantes para a eficiência da performance técnico-desportiva na fase adulta, são supostamente minimizadas.

Apenas a título de ilustração, ressalta-se que não ocorrem, há muitos anos, resultados expressivos no tênis adulto feminino brasileiro no âmbito interna-cional. Já no caso de tenistas adultos masculinos, pode-se constatar a existência de um destacado número de casos.

Sabe-se que não é possível afirmar que há uma asso-ciação linear entre o TTEP e a inexistência de resul-tados expressivos no tênis adulto feminino, visto que com esse estudo objetivou-se apenas verificar as

diferenças entre a freqüência do treino técnico-des-portivo dos jovens tenistas, de 13 a 16 anos, segun-do o sexo, para caracterizar um possível TTEP de um grupo de jogadas em detrimento de outras. Novos estudos são necessários para que se possa verificar, efetivamente, a existência deste fenômeno.

CORRESPONDÊNCIA

Carlos Balbinotti

Escola Superior de Educação Física Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750

Jardim Botânico 90610 Porto Alegre, RS

balbijan@terra.com.br

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31 Pestana, M. H.; Gageiro, J. N. (2000). Análise de dados para

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32 Pestana, M. H.; Gageiro, J. N. (2001). Análise de dados para

ciências sociais – A complementaridade do SPSS. Lisboa:

Edições Sílabo.

33 Pestana, M. H.; Gageiro, J. N. (2003). Análise de dados para

ciências sociais – A complementaridade do SPSS. Lisboa:

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34 Reis, E. (2000). Estatística descritiva. Lisboa: Edições Sílabo. 35 Rink, J. E.; French, K. E.; Tjeerdsma, B. L. (1996).

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40 Van Frayenhoven, F. (1991). Match analisis and tactical evaluation. In: M. Crespo, D. Milley (Eds.) Monografic

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(19)

1 – pouquíssima freqüência 2 – pouca freqüência 3 – média freqüência 4 – muita freqüência 5 – muitíssima freqüência

01. ( ) Saque como golpe vencedor 02. ( ) Saque para aproximação à rede 03. ( ) Saque para o domínio do ponto

do fundo da quadra

04. ( ) Saque com variação de potência e rotação

05. ( ) Devolução de saque como golpe vencedor

06. ( ) Devolução de saque para aproximação à rede

07. ( ) Devolução de saque para o domínio do ponto do fundo de quadra 08. ( ) Devolução de saque com variações

de potência e rotação

09. ( ) Troca de bolas para um golpe vencedor

10. ( ) Troca de bolas para aproximação à rede

11. ( ) Troca de bolas para o domínio do ponto do fundo da quadra 12. ( ) Troca de bolas com variações

de potência e rotação

ANEXO

Inventário do treino técnico-desportivo do tenista Com os itens a seguir, pretende-se obter informa-ções com relação à freqüência de treino das diferen-tes jogadas realizadas pelos tenistas durante a tem-porada de 2001. Cada questão corresponde a um tipo de jogada específica no Tênis de Campo. Responda, dentro dos parênteses e de acordo com a escala abaixo, com que freqüência você tem treinado as

jogadas apresentadas. O valor 1 indica que você tem

treinado as jogadas com pouquíssima freqüência. Já o valor 5 indica que você tem treinado com muitíssi-ma freqüência. Os valores 2, 3, e 4 indicam graus intermediários de freqüência de treino. Note apenas que, à medida que aumenta o número, aumenta pro-porcionalmente a freqüência que você treina as joga-das. Não existem respostas certas ou erradas, o obje-tivo é apenas obter informações com relação a sua freqüência de treino.

(20)

Níveis de aptidão física e perfil antropométrico dos árbitros de elite

do Paraná credenciados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Alberto I. Silva1

Ciro Rodriguez-Añez2

1Unidade de Ensino Superior do Vale do Iguaçu

Uniguaçu, Brasil,

2Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Brasil.

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar o nível de aptidão física e a composição corporal dos árbitros de elite da Federação Paranaense de Futebol (FPF). A amostra foi constituída por 16 árbitros que se submeteram a provas de aptidão física na tem-porada de 2000. Todos os indivíduos eram do sexo masculino, apresentavam uma idade média de 34,5±4,8 anos, estatura de 177,8±7,4 cm e massa corporal de 78,7±8,0 kg. A bateria de testes utilizada para avaliar a condição física foi a padronizada pela FIFA, e inclui uma prova de corrida de 50 metros, outra de 200 metros e o teste de Cooper. Para avaliação da composição corporal foram mensuradas 9 dobras cutâneas (subescapular, tríceps, bíceps, peitoral, axilar média, abdómen, suprailíaca, coxa e panturrilha), 9 perímetros (antebraço, braço contraído, braço relaxado, tórax, abdómen, quadril, coxa superior, coxa média e panturrilha), e 4 diâmetros ósseos (biestilóide, biepi-condiliano, bicondiliano e bimaleolar) (17, 18, 19). A partir das variáveis antropométricas determinou-se a densidade corporal conforme equação de Jackson e Pollock (20) e o percentual de gordura, utilizando-se a equação de Siri (21). O peso da gordu-ra (PG) foi obtido multiplicando-se a massa corpogordu-ral (MC) pela fração do percentual de gordura (%G), PG=MC(%G/100). Para a determinação do peso ósseo (PO) e do peso residual (PR) foram utilizadas, respectivamente, as equações de Von Döblen e Würch citados por De Rose et. al. (22). O peso muscular foi obtido subtraindo-se da MC o PO, PR e PG. Os resultados dos testes são reportados como valores médios com o respectivo desvio-padrão e/ou erro-padrão. Comparações entre valores médios foram realizadas pela análise de variância (ANOVA). A comparação entre as idades dos grupos foi realizada pelo teste não paramétrico de Mann-Withtney-U. No estudo da correlação foi utilizado o coeficiente de Pearson. Significâncias estatísticas foram consideradas quando p≤ 0,05. Após a aplicação da bate-ria de testes padronizada pela FIFA, foi possível observar que em média o árbitro paranaense demora 6,81±0,31 s a percorrer os 50 metros e 28,85±1,57 s a percorrer os 200 metros. Estes valores são, em ambas as provas, melhores que os obtidos pelos árbitros que participaram no concurso para novos árbi-tros da FIFA em 1995 (15). O valor médio da corrida de 12 minutos foi de 2956±90,69 metros. Os dados antropométricos demonstram que os árbitros do nosso estudo possuem valores de estatura, massa corporal e componentes da composição cor-poral maiores do que os de árbitros de outros estudos, porém uma massa de gordura menor.

Palavras-chave: árbitro, futebol, aptidão física, testes.

ABSTRACT

Fitness levels and anthropometric profile of elite referees of Paraná certified by the Brazilian Football Confederation (CBF) The aim of this study was to evaluate the levels of physical fitness and body composition of elite referees from the Football Federation of Paraná (FPF). Sample size comprises 16 referees from the FPF, all males, that belong to the national board (certified by the Brazilian Football Confederation). Fitness evaluation was applied during the 2000 Soccer Season. Mean age was 34.5±4.8 years, height was 177.8±7.4 cm, and body weight was 78.7±8.0 kg. The FIFA’s stan-dardized test battery includes the following tests: a 50 meters and a 200 meters running test and the Cooper test. To assess body composi-tion we measured skinfolds (subscapular, triceps, biceps, pectoral, medi-um axillary, abdomen, suprailiac, thigh and calf), girths (forearm, con-tracted arm, relaxed arm, thorax, abdomen, hip, thigh, mid-thigh and calf) and breadths (biacromial, biiliocristal, biepicondylar humerus and maleolar) (17,18,19). From anthropometrical variables, body density was determined according to Jackson and Pollock’s (20) equation and the fat percentual using Siri’s (21) equation. Fat weight (PG) was cal-culated multiplying the body mass (MC) by the fraction of fat per-centual (% G), PG=MC(%G/100). Bone weight (PO) and residual weight (PR) were estimated using respectively Von Döblen´s and Würch’s equations mentioned in De Rose et. al (22). Muscular weight (PM) was obtained by subtracting to MC the PO, PR and PG. Tests results are ascribed as mean values (± standard deviation) and/or standard error of the mean. Comparisons between mean values were performed with analysis of variance (ANOVA). Comparison between age groups was performed with Mann-Withney-U test. In the correla-tion study Pearson’s r was used. Statistical significances were consid-ered when p≤ 0,05. Results showed that the referees from Paraná,

Brazil, cover the 50 meter running test in 6.81 ± 0.31 s., and the average time for the 200 meter running test is 28.85±1.57 s. These values are, for both running distances, better than those of the referees who apply to FIFA referee in 1995(15). Mean distance covered in the Cooper test was 2956±90.69 meters. Anthropometric data show that the referees in our study have higher values of height, body mass, and body composition components than referees in other studies. However they have a lower fat mass.

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INTRODUÇÃO

Em 1868, numa das várias modificações que o fute-bol sofreu ao longo da sua história, surge o árbitro (1). Contudo, é somente em 1881 que esta figura tão importante para o futebol aparece definitivamente (2). Nos primórdios, o árbitro dirigia as partidas de futebol sem uma regra que estipulasse quais eram seus direitos e deveres, só intervindo na jogada quan-do alguém de uma das equipes reclamasse. Em 1890 é regulamentada a sua função em campo, e em 1891 verifica-se uma revisão completa do código, passando o árbitro a ter dois assistentes que, ao contrário do árbitro, surgem com funções determinadas (2). No início, o árbitro não utilizava apito para inter-romper uma jogada (2). Quando entendia ter sido cometida uma falta, ele gritava para que os jogadores parassem. O apito somente começou a ser usado em 1878 no “Nottingham Forest Ground” (3).

O árbitro é tão importante para o futebol, que sem ele não pode ocorrer uma partida (4). Na realidade, para uma partida ser conduzida com eficiência deve-rão estar presentes no campo de jogo no mínimo três árbitros. Um atua como árbitro principal (aque-le que apita a partida) e os outros dois atuam como árbitros assistentes, sendo conhecidos popularmente como bandeirinhas.

Durante muito tempo o árbitro de futebol foi consi-derado uma figura secundária. Hoje, o seu papel é tão importante, que uma decisão equivocada pode retirar um campeonato a uma equipe que investiu milhões de dólares na compra e preparação de jogadores. Devido à importância do árbitro, a comunidade cien-tifica passou a considerá-lo como objecto de investi-gação para melhor compreender a sua intervenção e fundamentar a sua preparação. Entre os trabalhos mais recentes encontram-se os que descrevem as ações motoras do árbitro de futebol durante a partida, as distâncias percorridas por ele (5, 6, 7) e pelos árbi-tros assistentes (8), os parâmeárbi-tros antropométricos, a acuidade visual, o condicionamento físico (9), e os parâmetros relacionados com a intensidade da ativi-dade física do árbitro e do árbitro assistente durante a partida, mensurada pela freqüência cardíaca (10, 11). Estes trabalhos contribuem para a formulação de um treinamento especifico do árbitro de futebol. Visando melhorar o rendimento dos árbitros, o trei-namento físico deverá ser cada vez mais específico.

Para isto, faz-se necessário conhecer o maior número de variáveis que possam auxiliar na elaboração de programas de treinamento, que transfiram melhor seus efeitos para o esporte que se está treinando. A avaliação é um importante recurso que possibilita conhecer a situação e o desenvolvimento de determi-nado sistema energético ou de outras variáveis que influenciam o desempenho do árbitro, sendo a prin-cipal forma de retroalimentação do programa (12). A avaliação constitui-se assim como um meio e não como um fim em si mesma. Contudo, a avaliação de qualquer processo é uma tarefa muito difícil, pois requer conceitos bem definidos. Os testes de aptidão física diferenciam-se dos exames médicos, porque estes últimos servem para diagnosticar a condição de saúde ou doença de um indivíduo e para prever seu risco para desenvolver determinada patologia, enquanto que as avaliações de aptidão física servem para classificar as pessoas segundo sua aptidão física (13). O uso destes testes pelos profissionais de Educação Física pode ser justificado dos pontos de vista pedagógico e psicológico, já que os resultados permitem a avaliação objetiva de qualquer progresso (14). Os resultados de uma bateria de testes servem para verificar o potencial e as debilidades de um atleta, determinando assim a sua condição prelimi-nar, durante e após o treinamento; permitem verifi-car se o programa está alcançando os objetivos traça-dos; e, finalmente, concluir quanto o atleta ganhou com o treinamento. Além de servirem de apoio ao diagnóstico do nível de rendimento do atleta, estes dados podem ser empregados para estimular o seu interesse pelo treinamento (13, 14, 15).

Assim como houve uma grande evolução no treina-mento esportivo, ocorreu também uma grande evo-lução nas formas de medir os resultados obtidos durante um programa de treinamento. “A medida é uma determinação de grandeza que se constitui no primeiro instrumento para obter informação sobre algum dado pesquisado” (12). As medidas objetivas como a força e a velocidade são simples e diretas, produzindo freqüentemente resultados mais confiá-veis do que aquelas que envolvem a personalidade, a inteligência e as atitudes (12).

Poucos trabalhos falam das necessidades físicas, do perfil antropométrico e da composição corporal de árbitros de futebol. Para estabelecer programas

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cíficos de treinamento é necessário conhecer além das exigências físicas da atividade, o perfil antropo-métrico do atleta para saber se este está além ou aquém do perfil adequado para a função (16). Sabe-se ainda que quantidades elevadas de gordura corpo-ral prejudicam o desempenho dos indivíduos, além de constituirem fator de risco para diversas doenças, sendo portanto fundamental o controle adequado da adiposidade corporal.

Observa-se a necessidade de se investir em pesquisa para a melhora da performance física do árbitro de futebol evitando, desta maneira, que decisões equi-vocadas proequi-vocadas pelo esgotamento físico durante a partida tirem o brilho de um bom jogo de futebol. O objetivo deste trabalho foi caracterizar os níveis de aptidão física e o perfil antropométrico dos árbitros paranaenses pertencentes ao quadro da

Confederação Brasileira de Futebol (CBF). MATERIAL E MÉTODOS

A população deste estudo foi constituída por árbi-tros da Federação Paranaense de Futebol (FPF) que pertencem ao quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Estes árbitros apresentaram-se à Comissão de Avaliação da Aptidão Física da FPF para serem submetidos às provas de aptidão física durante a temporada de 2000. A amostra foi consti-tuída por 16 árbitros, todos do sexo masculino, com uma idade média de 34,5± 4,8 anos (tabela 1), esta-tura média de 177,8± 7,4 cm, e massa corporal média de 78,7± 8,0 kg. O número total de indivíduos avalia-dos correspondeu a 100% da população avalia-dos árbitros credenciados pela CBF no Paraná. Os árbitros foram divididos em dois grupos, integrando cada grupo 8 indivíduos. Um grupo integrava os indivíduos que estavam credenciados para atuar como árbitros e o outro os árbitros assistentes.

Tabela 1 – Média e mediana das idades dos árbitros e assistentes da CBF.

Idade N Média Mediana* Mínimo Máximo Média Geral Árbitros 8 36,11 37,15 25,25 44,63 N 16 Assistentes 8 32,93 33,92 29,18 35,17 34,5

Não há diferença entre as idades dos árbitros e assistentes da CBF (Teste de Mann-Withtney-U; U=20; Z= 1,26; p=0,207; N1=N2=8)

As provas utilizadas foram as recomendadas pela FIFA, até a presente data, para avaliação da aptidão física de árbitros de futebol. A bateria de testes foi constituída por: 2 piques de 50 metros, 2 piques de 200 metros e uma corrida de 12 minutos (teste de Cooper). Estas provas foram aplicadas na seguinte ordem: primeiramente, 2 piques de 50 metros; depois, 2 piques de 200 metros, seguidos da corrida de 12 minutos. O tempo de recuperação durante as provas não foi inferior a 5 minutos. Os testes foram aplicados em uma pista de atletismo. Após a realiza-ção dos mesmos os sujeitos permaneciam caminhan-do até o local da próxima prova. Após a execução dos testes de velocidade foi dado um intervalo de 15 minutos antes da realização do teste de Cooper. Para mensuração dos tempos em cada uma das provas foram utilizados cronômetros da marca Technos, modelo Cronus.

Todas as provas são eliminatórias, isto é, o árbitro que reprova em qualquer prova não pode continuar a avaliação. O tempo máximo estabelecido pela FIFA para a corrida de 50 metros é de 7,50 segundos e para a corrida de 200 metros, é de 32 segundos. A distância mínima estabelecida para a corrida de 12 minutos é de 2700 metros. O árbitro que, por exem-plo, não obtivesse o índice mínimo na primeira cor-rida de 50 metros, era eliminado dos testes. As pro-vas foram realizadas no período matutino.

Para avaliação da composição corporal foram mensu-radas 9 dobras cutâneas (subescapular, tríceps, bíceps, peitoral, axilar média, abdómen, suprailíaca, coxa e panturrilha), 9 perímetros (antebraço, braço contraído, braço relaxado, tórax, abdómen, quadril, coxa superior, coxa média e panturrilha), e 4 diâme-tros ósseos (biestilóide, biepicondiliano, bicondilia-no e bimaleolar) (17, 18, 19). A massa corporal, estatura e idade também foram determinadas. A par-tir das variáveis antropométricas determinou-se a densidade corporal conforme equação de Jackson e Pollock (20) e o percentual de gordura, utilizando-se a equação de Siri (21). O peso da gordura (PG) foi obtido multiplicando-se a massa corporal (MC) pela fração do percentual de gordura (%G),

PG=MC(%G/100). Para a determinação do peso ósseo (PO) e do peso residual (PR) foram utilizadas, respectivamente, as equações de Von Döblen e Würch citados por De Rose et. al. (22). O peso

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cular foi obtido subtraindo-se da MC o PO, PR e PG. Os resultados dos testes são reportados como valores médios com o respectivo desvio-padrão e/ou erro-padrão. Comparações entre valores médios foram realizadas pela analise de variância (ANOVA) modelo inteiramente casualisado. A comparação entre as ida-des dos grupos foi realizada pelo teste não paramétri-co de Mann-Withtney-U. Significâncias estatísticas foram consideradas quando p≤0,05. Para o teste de correlação foi utilizado o teste de Pearson, r, sendo que um valor de p≤0,05 foi considerado significativo. RESULTADOS

Os resultados obtidos pelos árbitros e pelos árbitros assistentes durante as provas de corrida de 50 metros estão listados na Tabela 2. Os resultados do teste de velocidade aos 200 metros e do teste de Cooper são apresentados nas Tabelas 3 e 4. Os resul-tados apresenresul-tados na Tabela 3 são apenas os relati-vos aos árbitros, pois, de acordo com as normas da CBF, os assistentes não realizam esta prova. Na Tabela 5 são apresentados os resultados referentes às mensurações das variáveis antropométricas e na Tabela 6 as correlações entre as variáveis da compo-sição corporal e os testes motores.

Tabela 2 – Duração (em segundos) dos piques de 50 metros dos árbitros e árbitros assistentes da CBF.

Não se encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os resultados dos árbitros e dos árbitros assistentes. Também não foram encontradas diferenças de resultados com significado estatístico entre

piques (Anova, p>0,05). N – número de dados; dp – desvio-padrão.

Tabela 3 – Duração (em segundos) dos piques em 200 metros dos árbitros da CBF.

N Média dp

Pique 1 8 28,10 (24,57 - 30,31) 1,66 Pique 2 8 29,59 (26,12 - 32,84) 1,90 Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas

entre as médias dos piques (Anova, p>0,05) N – número de dados; dp – desvio- padrão.

Tabela 4 – Distância percorrida no teste de Cooper pelos árbitros e pelos assistentes da CBF.

N Média dp

Árbitros 8 2883,75 (2700 – 3090) 147,84 Assistentes 8 3030,00 (2830 – 3150) 96,95 Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os resultados dos árbitros e os resultados dos assistentes (Anova p<0,05)

N – número de dados; dp – desvio-padrão.

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Tabela 5 - Estatística descritiva para as avaliações antropométricas dos árbitros e assistentes da CBF.

*Não há diferenças estatisticamente significativas entre os valores médios dos árbitros e dos assistentes (Anova p>0,05). dp – desvio-padrão; epm – erro padrão da média.

Tabela 6 – Correlações entre as variáveis da composição corporal e os testes motores.

O primeiro número é o coeficiente de correlação (r) o segundo a probabilidade (p). Não há correlações entre o desempenho e as variáveis da composição corporal. %G=Porcentagem de gordura, PG=Peso da Gordura, PO=Peso Ósseo, PR=Peso Residual, PM=Peso Muscular. t50 1= 1º pique de 50m; t50 2=2º pique de 50m; t200 1=1º pique de 200m; t200 2=2º pique de 200m.

Referências

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