• Nenhum resultado encontrado

A Verdade no Local do Crime: Uso de Técnicas Científicas na Investigação Criminal

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "A Verdade no Local do Crime: Uso de Técnicas Científicas na Investigação Criminal"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

A Verdade no Local do Crime:

Uso de Técnicas Científicas na Investigação Criminal

Ivan Chamil Abibo Mestre em Ciências Jurídicas Público – Forense Docente do ISCTAC, Delegação da Beira Criminalista e Técnico Jurídico no IPAJ

O presente artigo tende a realçar os aspectos preliminares sobre a co - relação entre o local do crime e o local

em que foi encontrado o corpo, como também, a relevância da presença de peritos (formados e dotados de

conhecimento científico) ligados à área de Entomologia Forense e de Medicina-Legal no local de sucesso

acompanhados pela Polícia de Investigação criminal (PIC) como meio de prossecução das investigações e que

tem demonstrado ultimamente uma presumível falha na base fundamental (métodos investigativos) para que

as investigações em torno de um delito sejam de facto investigações criminais no nosso país, e provavelmente

a cadeia de custódia esteja a ser afectada pela insolvência da parte de quem de direito deste factor primordial

na percussão das reais intenções que levaram a morte de um cidadão. Do caso reportado no Diário de

Moçambique do dia 09 de Fevereiro de 2015, é um dos exemplos dessa realidade, que dava conta que um

corpo que foi encontrado “achado” no bairro da Passagem de nível, na cidade da Beira, com um pé

decepa-do, o que suscitou a preocupação de se debater esses factos, onde se afirma que segundo a opinião da Polícia

da República de Moçambique de que pode ter ocorrido por acidente ferroviário e descarta – se a possibilidade

de ser por tentativa dos meliantes de encobrimento involuntário de provas e que se realmente leva – se a cabo

uma minuciosa investigação no local do crime, poderia – se levantar certas indagações sobre como realmente

ocorreu o caso, onde a peritagem seria exaustiva e de forma correcta. A própria reportagem esclareceu o facto

de que enquanto o corpo do malogrado se encontrava no local, nenhuma equipa da PIC se fez lá presente,

somente um grupo de agentes da corporação ligados a tranquilidade e ordem pública é que foi ao local após

horas de exposição do cadáver a varias intervenções da população na tentativa de preservar o que restava do

cidadão ora encontrado (contaminação do local de crime), esse aspecto sem duvida preocupa, pois, sabe – se,

que varias ciências forenses poderiam contribuir para o esclarecimento desse e de outros casos que estão

ocor-rer em outras regiões do território nacional.

Introdução

E

studos a nível mundial sobre a Entomologia Forense descrevem que essa área da investigação criminal que usa a biologia dos insectos e outros artrópodes, como

tam-bém técnicas baseadas em estudos científicos em processos criminais e cíveis, podem ajudar a desvendar se um corpo foi transferido de um local para outro, onde os peritos ligados à área estudam aspectos ligados a externalida-de da pessoa após a sua morte (post

ISSN: 2519-7207

Vol. 3, Nº 08, Ano III, Abril - Junho de 2016

(2)

mortem), através da determinação do intervalo post mortem (IPM) e outros aspectos, como a correlação do local onde foi encontrado o cadáver com o local da morte deste cadáver, onde é possível determinar se o corpo de uma pessoa foi, por exemplo, assassinada (Homicídio) num certo local (local do cri-me ou de sucesso) e de seguida deposi-tado num outro local (Local de consu-mação do acto) ou exposto a outros agentes físicos (manobras de encobri-mento involuntário do crime). Esta técni-ca revela qualquer tentativa de encobrir involuntariamente os chamados locais relacionados com o mesmo crime.

1. Uso da Entomologia Forense na

Investigação Criminal

Casos semelhantes ao que acima citou-se já aconteceram e acontecem no nosso país e podem no futuro breve voltar a acontecer novamente, tendo em conta que o crime organizado tende a ter novos contornos e a serem mais vio-lentos e sofisticados e como já foi com-provado, a força de protecção do País está longe de actuar segundo a capaci-dades normais exigidas e necessárias, não deixando de frisar de que principal-mente a Polícia de Investigação Criminal (PIC) esta a ser vítima da arrogância, nepotismo e favoritismo dos que dirigem o sector de ainda não saberem para que serve uma PIC. O mais agravante é saber que a peritagem no local de sucesso pode apresentar lacunas porque simplesmente ignoram – se a regra ele-mentar para o efeito que é o uso da ciência a partir dum raciocínio lógico extraído dos factos encontrados no local do crime e isso deve – se pelo não uso ou desconhecimento das técnicas, tra-zendo e tornando as provas ou as con-clusões (Laudos e Autos) susceptíveis de não apresentar os detalhes chaves e

cru-ciais para uma decisão que deveria ser justa e juridicamente aceitável. Por isso preocupa-nos o facto da contínua observância de relatos proferidos pelos órgãos de informação e de debates de índole popular, que referem a forma como os agentes do crime se compor-tam diante da preservação do local de sucesso e a não preocupação com des-coberta de vestígios dos seus actos.

Não é e nem será a primeira vez que indivíduos "amigos do alheio" ferem o artigo 40 da CRM de 2004 e que acredi-tam de que a melhor forma de recorrer ao encobrimento do crime é jogando o corpo em algum ponto nas linhas férreas existentes no país ou enterrando os cor-pos, por falta de guarnição das vias ou mesmo com o pensamento de que não tem como se desvendar o autor do cri-me se o corpo for enterrado, contudo, mesmo tendo placas no local que de princípio indicam de que a região está a ser guarnecida, esta via que se tornou "costume" segundo os casos reportados na imprensa revelam per si só que talvez por ser perto do local de sucesso é a melhor alternativa para se conseguir o intentos desejados e o objectivo a alcan-çar que se presume em eliminar qual-quer suspeita iminente ao caso em apreenso ou em fase de investigação. Culpam-se pessoas que de princípio pre-sumem-se inocentes, como se deles se tratassem dos reais autores do crime, expõe – se a imagem deste individuo ao público se tratando de um cadastrado de longa data e altamente perigoso a sociedade e no entanto se esquece de que faz parte de um princípio já plasma-do na constituição o direito a dignidade e ao bom nome. Contudo para se fazer face a situação de despreparo em ter-mos de conhecimentos sólidos de como investigar, acha – se de que os conheci-mentos adquiridos durante a guerra de libertação e a guerra dos 16 anos em

ter-Vol. 3, Nº 08, Ano III, Abril - Junho de 2016

(3)

mos de combate e preparo militar para o efeito servem como ferramenta de investigação criminal, faz-se a um local do crime com pensamentos adquirido por experiencia pessoal e não porque lhe foi treinado para o efeito com ferra-mentas essenciais. Agarra – se a ideais que são estático enquanto o Direito e a investigação criminal devem seguir um rumo diferente, serem dinâmicos como a sociedade em si é. Por isso, é previsíveis a continua tentativa de se criar cenários arranjados para encobrir crimes hedion-dos, porque se pós na consciência de que o país não possui pessoas capazes de desvendar mistérios num local de sucesso. A intenção de encobrimento de um crime também revela um ponto importante que as vezes passa desper-cebido, por exemplo, levar corpos e enterrar, colocar em linhas férreas, atirar em valas ou em regiões não habitáveis sem dúvida é uma forma de encobrir o que se sucedeu, mas nenhum crime é perfeito, sendo assim, só pelo facto de se encontrar um corpo nestas circunstan-cias deve – se levantar uma hipótese chave, a pessoa não morreu naquele local, pode ser que o facto ocorreu nas redondezas como também distante daquele local e que de principio existe alguém próximo da vitima que tinha intenção de ajuste de contas, quando se trata de alguém que nada tem a ver com a pessoa ou as circunstâncias parte – se do princípio que essa pessoa não terá o pensamento de encobrir o crime, pois não há ligação directa entre a víti-ma e o praticante do crime, todo o cor-po achado em circunstancias que reve-lam um encobrimento, ditam a regra de que a investigação deve começar por se descobrir quem muito próximo da víti-ma tinha intenção de o eliminar.

Generalizando com outros casos já reportados, existe uma tendência crimi-nal de se usar os métodos para encobrir

involuntariamente "esconder" o motivo da morte usando mecanismos de desvio de atenção. Subjectivamente a inten-ção é de dificultar a investigainten-ção crimi-nal por parte da polícia de investigação criminal, só que, por ser frequente a prá-tica deste acto em todo o país a polícia por "costume", não precisa investigar até ao fundo, entende-se logo de partida de que o corpo foi morto num outro local e jogado na linha férrea, no mar, enterra-do, para encobrir os motivos reais que levaram a morte, para começar a inves-tigar basta saber quem esteve com a vítima horas antes do incidente para par-tir dum ponto, bem como quem convi-veu com o malogrado também será considerado suspeito, a prova dos factos revela -se no exemplo dado, que acon-teceu no Bairro da Passagem de Nível na cidade da Beira, onde populares resi-dentes naquele bairro, encontraram na manhã do dia 08 de Fevereiro de 2015, um corpo sem vida e trucidado e que pela mera coincidência do destino do mesmo, foi deixado pelos malfeitores a escassos metros de uma esquadra poli-cial.

Pessoas que ali passavam identifica-ram junto com as autoridades de que se tratava de um rapaz de nome Ivan Antó-nio, que alegam ser morador do bairro do Macurungo, que vinha com frequên-cia para o Bairro de Passagem de nível para conviver com os seus amigos. O que pode se tratar de um assalto, ou ajuste de contas.

Este não é um caso isolado, esta a ser frequente este tipo de abordagem o que faz com que as diligências que são tomadas por parte da PIC – PRM em ter-mos de investigação criminal podiam ser melhores, já que existem técnicas espe-cíficas de investigação em todo mundo, as mesmas já são usadas em países em vias de desenvolvimento como Moçam-bique e que possibilitam a aproximação

Vol. 3, Nº 08, Ano III, Abril - Junho de 2016

(4)

real do facto criminoso. Lamentavelmen-te, o uso dessas técnicas específicas e com explicação científica e que pode-riam de certa forma contribuir para o melhoramento da investigação criminal ainda esta a quem do desejado.

Dirigentes aparecessem em órgãos de comunicação social a revelar que esta faltar algo na polícia, conhecimen-to. Conhecimento de que aquele tipo de cenário não termina pelo facto de se pensar num acidente, mas sim, sempre deve se levantar a suspeita de se tratar de um mecanismo de encobrir o que realmente aconteceu.

A Entomologia Forense através do estudo de insectos e outros artrópodes encontrados no corpo ou no local onde ocorreu o facto e traduzidos num con-texto legal pode contribuir junto com a biologia de insectos como a mosca na descoberta da verdade material de um ilícito criminal.

Essa ciência tem inúmeras aplica-ções, mas a mais frequente ou principal é na determinação do tempo mínimo desde a morte (Intervalo Post - Mortem, ou IPM, mínimo) na investigação de mor-tes suspeitas. Para isso, determina-se a

idade dos insectos presentes num cadá-ver humano, o que permite uma estimati-va relatiestimati-vamente precisa em circunstân-cias em que os patologistas apenas con-seguem fazer aproximações. O principal pressuposto é que o corpo não está mor-to há mais tempo do que o necessário para os insectos chegarem ao cadáver e se desenvolverem. Assim, a idade dos insectos mais velhos presentes no corpo determina o IPM mínimo (Oliveira; Costa, 2003).

A mosca se desenvolve em períodos já definidos em termos de tempo desde a fase ovárica até um individuo adulto. Estes estudos ajudam a descrever o IPM, a tabela abaixo apresenta esses perío-dos ou intervalos de tempo (horas):

Tabela 1: Estudo realizado no Laboratório Multiuso do ISCTAC – 2015 ESPÉCIE: Mosca OVO 0h – 8h LARVA I 6h – 48h LARVA II 48h – 72h LARVA III 72h – 144h PUPA 144h – 168h ADULTO 168h – 840h

(5)

O estudo começa primeiro por se identificar e recolher no corpo os ovos, larvas, ou ao redor do corpo as pupas, dependendo do tempo que o corpo foi deixado em exposição ao ambiente, de seguida, faz se um estudo em torno de três fases de trabalho, identificar o está-gio de decomposição do corpo para se saber presumidamente quanto tempo a pessoa esta morta, de seguida a fase de desenvolvimento que se observou no cadáver, após ter identificado a espécie de mosca que teria depositado os ovos, por fim faz-se a comparação do que se encontrou no local, por exemplo, se um individuo esteja na fase de putrefação (a partir de 48h de exposição do corpo ao ambiente após morte) que é interme-dia a fase inicial de livor mortis ou deca-dência inicial e a fase butírica, normal-mente deve - se encontrar as larvas no primeiro estádio, contudo, encontra – se no cadáver ovos e larvas no primeiro estádio da mesma espécie de mosca, se isso acontecer é, porque esse corpo esteve exposto em dois lugares diferen-tes, o que disso pode se tirar conclusões sobre a existência de dois locais onde o mesmo corpo esteve exposto ao mesmo tipo de mosca.

Com esta técnica fica comprovado de que por exemplo o corpo do malo-grado Ivan António foi morto no local X as tantas horas foi ou não transportando para a Linha Férrea e não subestimar por presunção o que aconteceu no momen-to em que foi encontrado o corpo. Em termos de prova pericial, ficará incom-pleto o corpo de delito citado no artigo 170º do CPP, pois acredita-se que o lau-do pericial apresente argumentos subs-tantivos da falta de investigação ligada à área que esta em debate. É como se servisse um chá sem açúcar, pode se beber, mas o seu sabor não se compara a um chá com açúcar ou adoçante.

Fere-se desta forma a cumplicidade

apresentada nos artigos 175º e 176º do CPP, onde muitas vezes nem fotografias são apresentadas num relatório policial de investigação criminal, quanto mais uma diligência a fim de se encontrar um presumível local da morte. Em Moçambi-que, a prática da Criminologia cinge-se meramente na parte académica, julga-se improcedente a não exigência da efetivação do cumprimento obrigatório de uma investigação mais rígida e efi-caz.

É evidente de que não são esses só os elementos que desacompanham, já havia-se citado o caso do laboratório de toxicologia para efeitos de estudos no cadáver da presença de sinais de toxi-codependência de drogas ou de álcool no organismo. Será que fizeram isso ao Ivan António para se saber donde partiu a conversa com os amigos?

Vão indiciar certos indivíduos da prá-tica do crime por meio de suposições? Senhores, "É melhor absolver um culpado do que condenar um inocente" já dizia o Fabrício Moreira, Do jeito como vai a nos-sa forma de investigar, deixa de desejar o seu fim único e põe em risco de certa forma o fim das penas.

Investigar a cena do crime onde foi achado o cadáver não é feito de forma correcta, com exatidão e não se precisa no nosso país de resultados a partir de uma investigação que são completa-mente viáveis, por isso, esta forma de proceder demonstra-se que o não uso das técnicas de investigação pode levar a resultados falsos ou incertos. A imple-mentação na PIC dos métodos e de peritos formados na área de Medicina Legal e seus ramos como a Entomologia Forenses, pode ser uma hipótese de solu-ção deste problema, pois separar a polí-cia da ciênpolí-cia é como tentar separar as duas faces da mesma moeda.

A criminalística encontra-se intima-mente ligada à produção científica,

Vol. 3, Nº 08, Ano III, Abril - Junho de 2016

(6)

enquanto o crime adquire uma face sofisticada e procedimentos complexos de actuação. A aplicabilidade da Ento-mologia Forense à perícia criminal depende de alguns factores.

O primeiro deles é reconhecer que os insectos presentes em um local de cri-me são vestígios e que a morte é um pro-cesso de transformação que pode con-tribuir na descoberta de mistérios jamais revelados.

Outras questões devem ser de conhecimento dos policiais que frequen-tam o local de crime, como o que fazer (ou não fazer), o que e como colectar e preservar, que tipo de informação os insectos podem fornecer. Isso significa a aplicação do estudo dos insectos aos procedimentos legais.

2. Entomologia Forense versus

Labo-ratório de Toxicologia e Medicina

Legal

Foi dito anteriormente por exemplo que pode ser que um indivíduo morreu por overdose devido a uma falha médi-ca e consequentemente para incumbir a cena do crime o médico conseguiu fazer com que o corpo fosse enterrado sem se saber ao certo a causa da morte, pois conseguiu manobrar (encobrir) todas as evidências no momento da autópsia. Contudo, não existe um crime perfeito neste mundo. O mesmo médico comete outros erros e acaba por ser des-coberto e há suspeitas tanto quanto pos-síveis de provar de que o indivíduo que foi enterrado possa ser mais uma das víti-mas do crime, víti-mas pela negligência do médico que fez a autópsia não se des-cobriu na altura dos trabalhos. Como provar agora?

Se o corpo já está enterrado e pro-vavelmente numa fase muito avançada de decomposição, para esse e outros

casos a Entomologia Forense, concreta-mente no estudo da biologia de insectos e outros artrópodes em processos crimi-nais, pode muito bem trazer mecanismos de poder descobrir (Entomologia – Medi-co – Forense). É só fazer a exumação do corpo e procurar por larvas, fazer as aná-lises necessárias e se for comprovado de que existe vestígios da droga administra-da pelo médico, pode-se suspeitar e se calhar provar de que houve erros na autópsia e automaticamente abrir-se uma nova investigação no sector da Medicina Legal na morgue do hospital que efectuou a autópsia e responsabili-zar os possíveis cúmplices ou autores, pois também recai a responsabilidade de responder pelo acto criminal o médi-co que efectuou a autópsia se for médi- com-provado de que não prestou melhor atenção em relação a respectiva autóp-sia.

Não se descarta a possibilidade de se encontrar larvas provenientes do local onde foi enterrado os cadáveres, pois, há moscas e outros insectos capazes de perfurar o solo ao encontro do cadáver e há moscas parasitas, que gostam de se aproveitar do trabalho de outras moscas ou insectos de espécie diferente, essas aproveitam os furos produzidos por outra mosca também para depositar os seus ovos no cadáver enterrado. Porém, no cadáver existe as larvas de ovos de mos-cas que foram depositadas no primeiro local onde os corpos perderam a vida, as larvas do local onde foram achados e larvas do local onde estão enterrados, o importante é saber distinguir e conhecer quais são as moscas típicas e predomi-nantes de cada região da Província de Sofala, para isso, é simples, já existe data-do bases de dadata-dos de cada espécie de moscas predominantes de cada região, como sabemos, existe mais de 10 famílias diferentes de moscas e cada uma pre-domina uma determinada região

dife-Vol. 3, Nº 08, Ano III, Abril - Junho de 2016

(7)

rente da outra, não se descarta a pos-sibilidade de se achar larvas de moscas de outras regiões mas serão em menor quantidade em relação as que predo-mina a região e chega uma fase de evolução que as larvas predominantes no cadáver começam a se alimentar das larvas de outras espécies, permitin-do que somente se desenvolve larvas de um tipo somente de moscas.

É desses e outros casos como os que acontecem com frequência no país e que se assiste em programas televisivos, em jornais e outros órgãos de informação, o caso Panda (Província de Sofala), cadáveres crava-dos de balas, que foram enterracrava-dos sem uma previa investigação e que por falta, não uso ou desconhecimento da Entomologia Forense acaba por se dizer que já não será possível fazer algo em torno do assunto e fica –se com a impressão de que onde foram achados os corpos é o local do crime, as vezes, incrível que pareça pode-se notar de que o mesmos não morreram naquele local, pois juntando outras informações acabam sabendo dum outro possível local onde possa ter sido mortos e transportados para aquele local justa-mente no dia em que os jornalistas por lá iriam passar, quem sabe que vai receber visitas, limpa a casa.

O auxílio da Entomologia Forense permitiria clarificar de facto onde foi morto os tais indivíduos. Mas sabemos que em nosso país nem laboratórios simples de toxicologia existem o que não possibilita o uso de práticas toxico-lógicas na base desta ciência entomo-lógica com eficiência, teria que enviar amostras para outros países e isso requer custos. Para desenvolver esta arte requerem-se investimentos e for-mação por parte das universidades ou mesmo órgãos do estado ligados a investigação criminal assim como dos

seus recursos humanos.

Mas faz-se uma auto-crítica em tor-no desse dilema que afecta sem dúvi-da alguma a investigação criminal, o que se nota não é a falta de financia-mento, pois isso pode-se conseguir. Basta ter força de vontade e fortificar os nossos interesses neste sentido. Mas fortificar a nossa PIC pode de certa maneira prejudicar as redes que exis-tem no nosso país, de criminosos prote-gidos por altas individualidades, logo, o aspecto falta de vontade também cai por terra, haver pode haver, mas fica na gaveta e nunca desenvolvemos essa ciência arte, tão necessária para o avanço da investigação criminal em nosso país.

Está claro que existem muitas difi-culdades para se lidar com o crime no nosso país, pois, mexe com todos os sectores inclusive com alguns dirigen-tes, alguns que nem o nome se deve mencionar e quando existe este tipo de situação, para isso requer tempo e pressão tanto nacional como interna-cional para fazer com que os docu-mentos arquivados possam ser resgata-dos da gaveta e se por em prática. Certamente é lamentável!

Casos como os de presumível afo-gamento, onde na verdade somente lançaram o corpo nas águas pluviais somente para que este possa assim ser

identificado como um simples

“afogamento” poderiam ser esclareci-dos e tomarem outros contornos investi-gativos. Por isso, recomenda – se o uso das técnica mencionadas nesse artigo.

Conclusão

É sem dúvida um insólito e rígido processo, mas processa-se, embora lento, murcho, vagaroso, mas lá che-gar-se-á. Hoje já se fala desta arte nas universidades e institutos superiores, já

Vol. 3, Nº 08, Ano III, Abril - Junho de 2016

(8)

se defendem dissertações e monogra-fias com esta ciência-arte, apresentam -se palestras e dão-se lições, falando da Entomologia Forense. Sem dúvida em alguma amanhã essa matéria vai despertar a quem de direito o interesse em ter um laboratório CSI em todas as províncias e se calhar os formandos do ISCTAC em investigação criminal e das outras universidades que tencionam ou estão a leccionar o Direito e introduzi-ram- na componente de investigação criminal, possam ser designados como detectives dos CSI nesses laboratórios. Até lá, continuar-se-á a transmitir o conhecimento nesta área, demons-trando o quão é relevante o estudo da mesma e quais as suas especificações e mecanismos de trabalho. Porém, fica a ideia de que a aplicabilidade da Entomologia Forense à perícia criminal depende de alguns factores, não se esquecendo de que ate a Medicina – Legal que é indispensável se faz dis-pensável sempre que há uma investi-gação criminal. O primeiro deles é reconhecer os insectos presentes em um local de crime como um vestígio. Algumas outras questões devem ser de conhecimento dos policiais que fre-quentam o local de crime, como o que fazer (ou não fazer), o que e como colectar e preservar, que tipo de infor-mação os insectos podem fornecer. É impressionante a quantidade e diversi-dade de informações que um insecto pode trazer à investigação criminal. Como ultima analise, é importante refe-rir de que mesmo em fase de julga-mento, é sabido que há advogados que na sua fase de formação não tive-ram a Disciplina de Medicina Legal, o que se espera dos mesmos em termos de leitura dos Autos e Laudos, sempre, sempre, repito, sempre necessitarão de uma breve explicação do conteúdos dos mesmos por quem produziu,

por-que não o inverso.

Referências Bibliográficas

Código do Processo Penal e Legislação Com-plementar (2006), Almedina, Lisboa.

Constituição da Republica de Moçambique (2004), Imprensa Nacional, Maputo

Oliveira-Costa, J. (2003), Entomologia Forense, Editora Millennium, Campinas, São Paulo. Oliveira-Costa, J. (2008), Entomologia

Forense-Quando os Insetos são os Vestígios, Editora

Mil-lennium, Campinas – São Paulo.

Oliveira-Costa, J., et al. (1999), A relevância da

Entomologia Forense para a Perícia Criminal na elucidação de um caso de suicídio. Entomolo-gia y Vectores, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, PP.

203-209.

Imagem

Tabela 1: Estudo realizado no Laboratório Multiuso do  ISCTAC – 2015 ESPÉCIE: Mosca  OVO  0h – 8h  LARVA I  6h – 48h  LARVA II  48h – 72h  LARVA III  72h – 144h  PUPA  144h – 168h  ADULTO  168h – 840h

Referências

Documentos relacionados

Ante o exposto, pode-se verificar que a interceptação telefônica é um meio de investigação que viola o direito fundamental à intimidade, sendo necessária a autorização

Os novos paradigmas da cooperação jurídica internacional na investigação criminaL.... A Polícia Criminal Internacional-

Crítico do regime de Paul Kagame, o jornalista Cassien fugiu da prisão de Kigali em 2017 onde cumpria uma pena de 25 anos, após ter sido condenado por crimes de conspiração contra

RESULTADO CLÁSSICO INTERNACIONAL: AUSTRÁLIA (AUS) Google images Celestine Under The Louvre Google images ANUNCIE NESTE INFORMATIVO. Informações: info@apfturfe.com.br

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

) Neste caso, o nico que dever fazer ser colocar o termmetro em contacto com a parede do recipiente. O valor mostrado no ecr ser a temperatura do lquido contido em tal recipiente.

A finalidade do projeto é interessan- te, é preciso reciclar mediadores e relatores, as informações dos ór- gãos federais e estaduais envolvidos foram interessantes,

• The definition of the concept of the project’s area of indirect influence should consider the area affected by changes in economic, social and environmental dynamics induced