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EMGEPRON: lições empresariais para a Base Industrial de Defesa Nacional

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Academic year: 2021

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Eng LUIZ ANTONIO DOS SANTOS FERNANDES

EMGEPRON: lições empresariais para a Base Industrial de

Defesa Nacional

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia

Orientador: Profa. Maria Leonor da Silva Teixeira

RIO DE JANEIRO 2011

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Este trabalho, nos termos da legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitida a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-lo, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG.

_________________________________

Luiz Antonio dos Santos Fernandes

Biblioteca General Cordeiro de Farias

DEDICATÓRIA

Fernandes, Luiz Antonio dos Santos

EMGEPRON: lições empresariais para a Base Industrial de Defesa Nacional / Eng Luiz Antonio dos Santos Fernandes. – Rio de Janeiro, 2011.

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Orientadora: Professora. Maria Leonor da Silva Teixeira

Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. (CAEPE), 2011

1. Defesa. 2. Indústria de Defesa. 3. EMGEPRON. 4. Tecnologia. I. Título.

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À minha querida esposa Sylvia Anna Borda Fernandes, pelo apoio diuturno, o amor, a amizade e a compreensão.

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Aos meus professores de todas as épocas por terem sido responsáveis por parte considerável da minha formação e do meu aprendizado.

Ao Corpo Permanente da ESG pelos ensinamentos e orientações que me fizeram refletir, cada vez mais, sobre a importância de se estudar o Brasil com a responsabilidade implícita de ter que melhorar.

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“O homem, como qualquer outro animal, é por natureza indolente, se nada o estimula, mal se dedica a pensar e se comporta guiado apenas pelo hábito, como um autômato.”

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O Brasil tem conseguido nos últimos anos atender a antiga promessa de conciliar o desenvolvimento econômico com uma democracia estável. Embora ainda faltem muitos passos a serem dados no caminho do desenvolvimento, tanto uma parcela considerável do seu povo como até organismos internacionais e governos estrangeiros reconhecem que o país finalmente encontrou o seu rumo.

Entre os vários desafios atuais, um deles tem um caráter estratégico, que é o desenvolvimento de uma Base Industrial de Defesa tecnologicamente avançada e independente.

Uma das iniciativas tomada pelo governo brasileiro no sentido de desenvolver a BID, com a participação da MB, foi a criação de uma empresa voltada para a promoção da indústria militar naval brasileira e atividades correlatas, a EMGEPRON, abrangendo, inclusive, a pesquisa e o desenvolvimento; para gerenciar projetos integrantes de programas aprovados pelo Ministério da Marinha; e promover ou executar atividades vinculadas à obtenção e manutenção de material militar naval. Este trabalho visa a analisar as lições empresariais que se podem extrair da história da EMGEPRON para a BID nacional, analisando inicialmente os resultados alcançados na sua atuação. Por esta razão, dedicamos as primeiras seções deste trabalho a uma descrição substanciada destes resultados.

Mais adiante, o principal questionamento sobre o papel da EMGEPRON passa a ser feito em relação ao seu futuro, que se caracteriza por uma participação fortemente estatal e pública, quando o futuro se desenha com traços cada vez mais fortes de uma base industrial dominada pela iniciativa privada.

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Brazil is achieving in recent years a long standing promise to reconcile economic development and a stable democracy. Though there is yet a long way to bring economic development to its entire people, a majority of the population, as well as international organizations and foreign governments agree the country has finally found its way.

Among the many challenges the country still faces, the development of a technologically advanced and independent defense industrial base has a strategic character.

One particular Brazilian government initiative to develop the national defense industrial base was the creation of a state owned company known as EMGEPRON having as objectives the promotion of military naval industry and correlated activities. The company´s objectives also include research and development activities, the technical and financial management of Brazilian Navy approved programs and the promotion and execution of other activities related to military naval material acquisition and maintenance.

The objective of this research paper is to study business related lessons that can be taken from EMGEPRON’s history to help national defense industrial base development. In order to do so, a detailed description of EMGEPRON achievements is given in the first sections of this work.

Further on, questions about EMGEPRON’s future role in the national defense industrial base are made, as a state-owned company acting on an increasingly privately owned market.

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1 INTRODUÇÃO... 9

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EMPRESA... 13

3 EMGEPROM - CONSTRUÇÃO NAVAL... 18

3.1 CONSTRUÇÃO NAVAL NO ARSENAL DE MARINHA... 18

3.1.1 Construção de Navios de Superfície... 19

3.1.2 Construção de Submarinos... 21

3.2 CONSTRUÇÃO NAVAL EM ESTALEIROS PRIVADOS... 22

4 ENGEPROM - REPARO NAVAL... 24

5 ENGEPROM – ESTUDOS DO MAR... 27

6 ENGEPROM – MUNIÇÃO... 29

7 ENGEPROM – APOIO LOGISTICO... 30

8 ENGEPROM – SISTEMAS NAVAIS... 32

9 ENGEPRON – ENERGIA NUCLEAR... 38

10 QUESTIONAMENTOS SOBRE POSSÍVEIS DIREÇÕES... 40

11 CONCLUSÃO... 43

REFERÊNCIAS... 45

APÊNDICE A – ENTREVISTA COM O DIRETOR TÉCNICO-COMERCIAL... 47

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil nas duas últimas décadas deu passos importantes no sentido de se firmar como uma democracia estável e de construir uma economia forte e autossustentável. Coincidentemente, pode-se observar que os temas mais abordados pelas mídias, pela classe política e pelos mais variados tipos de organizações sociais, tratam da melhoria da qualidade de vida da população e da preservação do meio ambiente. Isto é compreensível, pois quem precisa tem pressa.

Estas melhorias, contudo só podem ser alcançadas através de um desenvolvimento econômico apoiado em um complexo industrial competitivo e tecnologicamente independente.

Um desenvolvimento apoiado, simplesmente, em “comodities” tais como petróleo, minérios e produtos agrícolas não é sustentável a longo prazo.

Um país com a extensão territorial do Brasil, com enormes recursos naturais, com sua população que representa um grande mercado consumidor potencial e com uma enorme extensão costeira, possui todas as condições para se tornar alvo da cobiça de outras nações.

Assim como se passa com todos os países desenvolvidos, surge para o Brasil a necessidade de se preocupar com sua defesa, através do desenvolvimento de suas Forças Armadas. Neste caso, mais do que no caso do desenvolvimento econômico civil, uma estratégia de defesa precisa apoiar-se em uma Base Industrial de Defesa que seja simultaneamente competitiva, tecnologicamente avançada e independente. Tal visão já é contemplada pela Estratégia Nacional de Defesa (END). No Brasil, em particular, costuma-se discutir a questão da participação do setor privado e do setor estatal no esforço de desenvolvimento do país. Este é um problema característico de países ainda em desenvolvimento, como o Brasil. É fácil compreender que nenhum país em desenvolvimento pode passar de uma forma de economia mais incipiente para uma forma mais complexa, dinâmica e autossustentável, sem um esforço bem sucedido e coordenado de políticas públicas aplicadas tanto aos setores privados como aos setores públicos da economia. Em particular, estas políticas devem contemplar tanto a participação bem vinda do capital e “expertise” estrangeiras como o desenvolvimento e a garantia da sobrevivência de empresas privadas genuinamente nacionais. O caminho para chegar a tais objetivos não é fácil e não existem receitas universais. De qualquer

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forma, a mais simples sabedoria diz-nos que os objetivos devem ser claros, devem ser perseguidos com perseverança e não podem ser esquecidos no meio do caminho.

O Brasil já presenciou muitas experiências, tanto bem sucedidas como mal sucedidas, no seu esforço de desenvolvimento econômico. Alguns dos casos recentes mais emblemáticos são a EMBRAER, a PETROBRAS, a VALE, a ENGESA, a AVIBRAS e tantas outras. Cada caso tem suas especificidades, que dependeram da sua época, das pessoas que dele participaram, do ramo de negócios e da abordagem utilizada. Seus resultados podem ser analisados das maneiras mais díspares, evidenciando as contradições de posições críticas e de posições favoráveis. De uma maneira ou de outra, a sucessão das iniciativas vai formando a trilha pela qual o país avança no seu desenvolvimento.

A Marinha do Brasil tem uma história de grandes contribuições ao desenvolvimento científico e tecnológico do país. Destaca-se a participação da MB nas pesquisas sobre a energia nuclear, começando ainda na segunda metade da década de 1940, com o primeiro Programa Nuclear Brasileiro. Mais recentemente, a MB tem conduzido o programa de desenvolvimento de um submarino com propulsão nuclear, além de já ter conduzido programas de construção e nacionalização de fragatas, corvetas, submarinos com propulsão diesel-elétrica e vários tipos de equipamentos eletrônicos de uso militar.

No início da década de 1980, a MB conduziu a iniciativa, levada a termo pelo Congresso Nacional e pelo então Presidente João Figueiredo, de criar uma empresa pública, a EMGEPRON, com a finalidade de promover a indústria militar naval brasileira e atividades correlatas, para “contribuir com o esforço coordenado de políticas públicas aplicadas ao desenvolvimento de uma Base Industrial de Defesa competitiva, tecnologicamente avançada e independente”.

As atividades da EMGEPRON têm sido exercidas em vários campos, desde a produção de munição a convênios de pesquisa com universidades, do fornecimento de pessoal e mão de obra especializada a projetos, ao que possivelmente tem sido sua principal atividade: o gerenciamento de projetos.

Uma das técnicas atuais de gerenciamento de empresas que busca o seu aperfeiçoamento é conhecida como “benchmarking”. De acordo com a Wikipédia, benchmarking é:

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a busca das melhores práticas na indústria que conduzem ao desempenho superior. É visto como um processo positivo e proativo por meio do qual uma empresa examina como outra realiza uma função específica a fim de melhorar como realizar a mesma ou uma função semelhante. O processo de comparação do desempenho entre dois ou mais sistemas é chamado de benchmarking.

Neste sentido, o desempenho da EMGEPRON poderia ser comparado ao de outras empresas ou fundações de origem pública, como por exemplo, a EMBRAER ou a COPPETEC, da UFRJ. Quando se fazem estas comparações, é preciso, contudo estar atento à diversidade das condições, do ecossistema econômico, dos objetivos e do retorno que pode realisticamente ser obtido em cada um dos casos. Uma empresa como a EMBRAER, por exemplo, pode almejar produzir e vender 200 ou 600 unidades de um modelo de avião e ocupar uma fatia do mercado mundial de aviação. Uma empresa como a EMGEPROM não pode pretender produzir e vender 200 corvetas da Classe Barroso. Uma fundação como a COPPETEC, por exemplo, pode justificar-se pela realização de mais de quinhentos projetos de pesquisa e desenvolvimento por ano, com algumas centenas de milhões de Reais de receita, pois, por um lado, sua atividade atende uma demanda por recursos que se revertem para a melhoria das condições de ensino, e por outro lado, motiva os próprios docentes a assumirem uma atitude empreendedora, devido à remuneração adicional que estes recebem.

De toda a maneira, é bastante evidente que, considerando-se as condições muito específicas da indústria naval militar, os resultados alcançados pela EMGEPRON são extremamente significativos. Por esta razão, dedicamos os primeiros capítulos deste trabalho a uma descrição substanciada destes resultados.

Por outro lado, talvez o principal questionamento sobre o seu papel não seja em relação às suas realizações, mas sim em relação ao futuro de uma participação que atualmente é fortemente estatal e pública, quando o futuro se desenha com traços cada vez mais fortes de uma base industrial dominada pela iniciativa privada.

Um componente complicador desta equação é a tendência à globalização das empresas privadas. Isto cria uma contradição, uma vez que, no ramo da indústria de defesa, a independência de interesses estrangeiros é fundamental.

A complexidade desta conjuntura e a sua importância estratégica para o país é que justificam, a nosso ver, o interesse do tema deste trabalho.

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a) Na seção 1, descreve-se a evolução histórica da Empresa;

b) Nas seções de 2 a 9, descrevem-se as principais realizações da EMGEPRON; c) Na seção 10, colocamos alguns questionamentos sobre as possíveis direções futuras da Empresa;

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2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EMPRESA

No final da década de 70, a Marinha do Brasil iniciava estudos visando projetar e construir no Brasil uma nova classe de corvetas, que veio a ser chamada de classe “INHAÚMA”, com a previsão de que as duas primeiras seriam construídas no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, visando implementar todas as alterações necessárias ao Projeto de Contrato a ser desenvolvido pela Diretoria de Engenharia Naval. Após a materialização da primeira corveta, e com o projeto aperfeiçoado, as demais unidades seriam então licitadas para serem construídas por estaleiros privados no país. Esse empreendimento pioneiro exigia a captação de elevados recursos financeiros para a sua execução. Desta forma, para facilitar a obtenção de recursos necessários, a Marinha do Brasil teve a ideia de criar uma empresa publica com o objetivo de facilitar a obtenção desses recursos.

O Congresso Nacional decreta a Lei 7000, de 9 de junho de 1982, a seguir sancionada pelo Presidente da República, João Figueiredo, tendo com Ministro da Marinha o Almirante-de-Esquadra Maximiano da Fonseca, autorizando a constituição de uma empresa publica denominada Empresa Gerencial de Projetos Navais – EMGEPRON, vinculada ao então Ministério da Marinha.

A empresa criada tem por finalidade promover a indústria militar naval brasileira e atividades correlatas, abrangendo, inclusive, a pesquisa e o desenvolvimento; gerenciar projetos integrantes de programas aprovados pelo Ministério da Marinha; e promover ou executar atividades vinculadas à obtenção e manutenção de material militar naval.

O § 4º do Art. 2º da referida Lei prevê que o Ministério da Marinha estabeleceria um programa de transferência, por etapas das instalações, áreas e serviços que passariam a esfera de atividades da EMGEPRON ou de suas subsidiárias.

Em 7 de julho de 1982, o então Presidente da Republica, João Figueiredo, tendo também como Ministro da Marinha o Almirante-de-Esquadra Maximiano da Fonseca, aprova o Estatuto da EMGEPRON, através do Decreto nº 87.372.

A empresa criada, conforme consta do Art. 1º do Capítulo I de seu Estatuto, é uma empresa pública com personalidade jurídica de direito privado, com

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património próprio e autonomia financeira nos termos do artigo 5º, item II, do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967.

Em 21 de setembro de 1989, o então Presidente da Republica, José Sarnei, tendo também com Ministro da Marinha o Almirante-de-Esquadra Henrique Saboia, aprova um novo Estatuto para a EMGEPRON, através do Decreto nº 98.160, que se encontra vigente até a presente data, cuja principal alteração é a inclusão dos seguintes itens no artigo 6 do Capitulo III:

1º O Ministro de Estado da Marinha especificará os recursos que devem ser levados a conta capital na forma da legislação em vigor.

2º A fim de estimular a promoção da indústria militar naval, os dividendos atribuídos à União terão a destinação prevista neste artigo pelo prazo de 10 (dez) anos.

Como empresa publica de direito privado a EMGEPRON se caracteriza por:

 recolher dividendos ao acionista controlador, a União;

 pagar os impostos devidos;

 admitir empregados através de concursos públicos;

 ter seus empregados regidos pelo regime trabalhista da CLT;

 adquirir bens e serviços em consonância com a Lei 8666;

 ser regida pela Lei das sociedades anônimas; e

 pertencer 100% à União.

A visão corporativa dada à EMGEPROM é definida por uma Missão e uma Visão.

Atendendo às premissas constantes no decreto de sua criação, a Missão da EMGEPRON é:

Gerenciar projetos de interesse da Marinha do Brasil, executar atividades vinculadas à obtenção e manutenção do material militar naval e promover a Indústria Militar Naval Brasileira a fim de apoiar as atividades e o desenvolvimento da MB.

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Para atender seus objetivos, sua Visão é:

Ser reconhecida por sua eficiência no atendimento das necessidades da Marinha do Brasil e ser, também, reconhecida como parceira da Indústria Militar Naval Brasileira no desenvolvimento, divulgação e comercialização de seus produtos.

Atualmente, após a reestruturação ministerial de meados 1999, a EMGEPRON passou a estar vinculada ao Ministério da Defesa por intermédio do Comando da Marinha. A sua localização na estrutura do Comando da Marinha é mostrada na figura 1

Figura 1 – Localização da EMGEPRON na estrutura do CM

Como pode ser visto no organograma acima, a EMGEPRON está diretamente subordinada ao Comandante da Marinha (CM), o que lhe assegura uma independência em relação às Diretorias Gerais e aos demais Comandos.

MD

MD

MD

MD

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O organograma que define a direção da EMGEPRON é mostrado na figura 2.

Figura 2 – Organograma da EMGEPRON

A EMGEPRON tem sede no Edifício Almirante Raphael de Azevedo Branco, localizado na Ilha das Cobras e filiais em Campo Grande (RJ), onde localiza-se a Fábrica de Munição da Marinha, em Niterói (RJ), na Base de Hidrografia da Marinha, e em Iperó (SP), no Complexo de Aramar, responsável pelo desenvolvimento de tecnologia nuclear.

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Atualmente a Empresa conta com aproximadamente 2600 funcionários distribuídos em diversas Organizações Militares da Marinha. A evolução ao logo do tempo pode ser observada na figura 3.

O gráfico abaixo demonstra o crescimento constante do faturamento da EMGEPRON, oscilando em torna de 10% ao ano, dos últimos seis anos anteriores ao ano de 2008. Embora não tenhamos os números, em reais, relativos a 2009 e 2010 sabemos que o faturamento do ano de 2010 foi em torno de 130 milhões de dólares. 68012 78304 99367 122395 135681 169233 182974 0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000 180000 200000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Faturamento Anual

Figura 4 – Evolução do faturamento anual

Os gráficos abaixo mostram as evoluções do lucro líquido e as informações patrimoniais da empresa.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 482 6543 4794 9225 9367 9421 9413

Evolução do Lucro Líquido em R$1.000

0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000 180000 200000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 39639 42797 45959 52106 54737 60858 66471 55356 57919 98469 125105 162901 164080 187403

Patrimônio Líquido Total Ativo

em R$1.000

Informações Patrimoniais

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3 EMGEPROM - CONSTRUÇÃO NAVAL

3.1 CONSTRUÇÃO NAVAL NO ARSENAL DE MARINHA

O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro - AMRJ, fundado em 1763, é o principal estaleiro da Marinha do Brasil e é um órgão da administração direta subordinado à Diretoria Geral de Material da Marinha.

Atualmente situado na Ilha das Cobras, o AMRJ dispõe do maior dique de reparo da América do Sul, com capacidade de docar navios de até 80.000 DWT, com comprimento de 254 metros, altura de 15 metros e largura de 33 metros. Possui dois outros diques secos, sendo um com 165 metros de comprimento, altura de 11 metros e largura de 19 metros e o outro com 88 metros de comprimento e ainda um dique flutuante de 100 metros de comprimento.

Para construção de embarcações, ele possui duas carreiras, uma com comprimento de aproximadamente 224 metros e largura de 40 metros e outra com 116 metros de comprimento e largura de 25 metros.

O AMRJ durante sua histórica trajetória de construção de meios para a Marinha do Brasil construiu mais de uma centena de navios e embarcações. Entretanto, trataremos apenas dos meios construídos após a criação da EMGEPRON.

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3.1.1 Construção de Navios de Superfície

A EMGEPRON gerenciou o projeto e a construção dos seguintes navios de superfície:

 Navios de Assistência Hospitalar “CARLOS CHAGAS” e “OSWALDO CRUZ”:

Estes navios foram inteiramente projetados e construídos no AMERJ. Eles possuem características específicas para desempenhar missões de caráter assistencial de saúde em rios de pouca profundidade. Eles contam com excelentes recursos hospitalares, boa capacidade de transporte e de alojamento de pessoal. Eles também podem receber um helicóptero e duas lanchas, o que os possibilita atingir locais de difícil acesso.

 Navio Patrulha Fluvial NPa FLU “ITAIPU”, exportado para o Paraguai O navio conta com um sistema especial de proteção para os hélices e leme, calado pequeno, além de outras facilidades para operação em vias fluviais de pouca profundidade. A embarcação é dotada de um centro de assistência médico-odontológica e tem capacidade para transporte de material e pessoal, podendo alojar fuzileiros navais em operações ribeirinhas. Também pode receber um helicóptero e conduzir duas lanchas. Este navio foi exportado para o Paraguai, sendo a primeira exportação da EMGEPRON.

 Corveta “INHAUMA” e Corveta “JACEGUAI”

Estes navios foram concebidos na década de 1980 para defender áreas próximas e afastadas do litoral. Esta concepção prevê que eles atuem em conjunto com outras unidades de superfície e unidades aéreas, em um ambiente de múltiplas ameaças, com ênfase para o emprego em missões de escolta a forças navais e comboios em áreas em que a ameaça submarina seja preponderante. As corvetas estão equipadas com sensores eficientes, com um sistema de processamento de dados táticos e de controle de tiro e dispõem ainda de modernos equipamentos para a guerra eletrônica. Elas também possuem ótimas características de comportamento no mar e condições favoráveis de assinaturas acústica e magnética.

 Navios de Patrulha “GRAJAÚ” e “GUAÍBA”

Tratam-se de embarcações versáteis, projetadas para operações de patrulhamento em águas territoriais e costeiras, para a proteção de plataformas “offshore”, para o combate ao tráfico de drogas, ao contrabando e à pesca ilegal, além de realizar missões de busca e salvamento. Destacam-se pela facilidade de

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operação, ótima manobrabilidade, alto desempenho e confiabilidade de seus sistemas de armamento, composto por um canhão de 40 mm e metralhadoras de 20 mm. Os motores permitem que estes navios desenvolvam velocidade de 27 nós, permitindo o patrulhamento ágil e eficiente.

 Projeto Corveta “BARROSO”

Após uma exaustiva avaliação operacional e de engenharia das Corvetas da Classe “INHAÚMA”, verificou-se a necessidade de modernizar o projeto original dessas Corvetas, para que pudessem ser instalados equipamentos mais atualizados e fossem introduzidas alterações que garantissem um melhor desempenho e aumentassem o índice de nacionalização dos sistemas e equipamentos.

O novo projeto muito se beneficiou dos conhecimentos tecnológicos adquiridos pela MB nos últimos anos, principalmente no que diz respeito aos requisitos de choque, ruído, vibração, emissão infravermelho, “seção reta radar”, sistemas de controle de avarias, sistemas de controle da propulsão e sistemas de combate.

O início desse novo projeto ocorreu em 1990 e já em 21 de dezembro de 1994 foi batida a quilha da Corveta “Barroso”, marco de partida da sua construção.

A restrição de recursos financeiros forçou uma grande alteração no cronograma de construção da Corveta “Barroso”, inicialmente prevista para ser incorporada em 1998. Apesar dessas dificuldades, a MB envidou todos os esforços para prosseguir, mesmo em ritmo lento, com esse empreendimento, o que garantiu a manutenção, no AMRJ, da capacitação e qualificação tecnológica de uma massa crítica de pessoal especializado, necessária à construção de modernos navios de guerra.

No dia 20 de dezembro de 2002, foi realizado o lançamento da Corveta Barroso ao mar, e sua incorporação ocorreu em 19 de agosto de 2008.

A figura abaixo mostra a Corveta “Barroso” realizando as provas de mar ocorridas antes de sua incorporação.

Este é um excelente exemplo de um caso em que um desafio de desenvolvimento de novas tecnologias nacionais foi enfrentado em um ambiente de grandes dificuldades econômicas. A sinergia das ações do comando da MB, da EMGEPRON e do AMRJ pode mostrar que a persistência em uma visão acertada produziu dividendos que compensam em muito o esforço dispendido.

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Figura 8 – Corveta Barroso em Prova de Mar

3.1.2 Construção de Submarinos

A construção de submarinos no AMRJ é um outro exemplo de desafio tecnologicamente ainda mais complexo do que o desenvolvimento das corvetas da classe BARROSO. Este primeiro programa de construção de submarinos teve como marco inicial a inclusão, no Programa de Reaparelhamento da Marinha, de uma estratégia de longo prazo com o objetivo de obter o domínio dessa tecnologia.

Tal estratégia consistia das seguintes fases:

 a construção no exterior de um submarino de projeto estrangeiro com acompanhamento guiado, de modo a capacitar os operários, técnicos e engenheiros para a construção de outras unidades no AMRJ. Já tendo esta fase sido materializada,

 a construção no AMRJ, por operários, técnicos e engenheiros brasileiros, de submarinos de projeto estrangeiro e num prazo bem mais longo,

 a construção de submarinos de projeto brasileiro.

A implantação desta estratégia iniciou-se a partir de 1982, quando foram assinados diversos contratos entre a Marinha do Brasil e o consórcio Ferrostaal/HDW. Os contratos permitiram a construção do submarino Tupi no estaleiro alemão HDV, enquanto os submarinos Tamoio, Timbira e Tapajó, todos da Classe Tupi, foram em seguida construídos no AMRJ. Além destes, um outro

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submarino de uma nova classe, ainda de projeto alemão e batizado de Tikuna, foi construído no AMRJ.

A construção desses cinco submarinos perdurou por aproximadamente vinte anos, de 1987 a 2007, e permitiu a formação de um contingente de pessoas altamente especializadas em tecnologias essenciais e que viriam a ser necessárias anos depois.

Destaca-se que o primeiro submarino construído no Brasil veio a ser também o primeiro submarino construído no hemisfério Sul.

3.2 CONSTRUÇÃO NAVAL EM ESTALEIROS PRIVADOS

A EMGEPRON também tem gerenciado a construção de meios navais em estaleiros privados nacionais, tanto para a Marinha do Brasil como para Marinhas de países amigos, dos quais podemos destacar:

 a construção de três Navios Patrulha de 200 toneladas, da classe “Grajau”, construídos no estaleiro INACE, no Ceará, sendo dois para a Marinha do Brasil e um exportado para Namíbia;

 a construção de dois Navios Patrulha de 500 toneladas, da classe “Macaé”, construídos no estaleiro INACE, no Ceará, para a Marinha do Brasil;

 a construção de dois Navios Patrulha de 500 toneladas, da classe “Macaé”, construídos no estaleiro EISA, no Rio de Janeiro, para a Marinha do Brasil;

 a construção de seis Avisos de Patrulha Classe “Marlim” ”, construídas no estaleiro INACE, no Ceará, para a Marinha do Brasil;

 a construção de duas Lanchas de Patrulha em alumínio, construídas no estaleiro INACE, no Ceará, para a Namíbia; e

 a construção de várias embarcações de pequeno porte, tais como a Lancha de Ação Rápida – LAR, a Lancha de Patrulha Fluvial – LPF, a Lancha de Transporte Escolar – LTE e a Lancha de Apoio Médico – LAM, em diversos estaleiros.

Se por um lado a construção, gerenciada pela EMGEPRON, de meios navais em estaleiros privados não representou um desafio tecnológico tão grande como a construção das corvetas, fragatas e submarinos, ela permitiu a obtenção de dois dividendos importantes: por um lado, a capacitação das próprias empresas privadas para participar da BID (Base Industrial de Defesa) e por outro, permitir que

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a própria EMGEPRON desenvolva sua experiência de contratação e gerência de trabalhos com empresas privadas.

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4 ENGEPROM – MODERNIZAÇÃO DE MEIOS E REPARO NAVAL

Assim como na construção naval a EMGEPRON tem realizado a modernização dos meios e os reparos navais tanto no AMRJ como em estaleiros da iniciativa privada

Como as modernizações exigem a utilização de tecnologias mais sofisticadas elas são quase sempre realizadas no AMRJ.

A EMGEPRON, na sua condição de empresa pública e sendo obrigada a atender a legislação que exige a realização de licitações para a contração de serviços, elabora os editais adequando as suas especificações, que ora são elaboradas pela Diretoria de Engenharia Naval (DEN), ora pelo Centro de Projetos de Navios (CPN), à complexidade e às exigências técnicas do empreendimento. Como as licitações são normalmente realizadas na modalidade de menor preço e muito mais raramente na modalidade de melhor técnica e ou técnica e preço, a EMGEPRON convive com a já reconhecida dificuldade de gerenciar contratos com empresas vencedoras de licitações com capacidade técnica aquém da necessária. Essa situação, imposta pela legislação, acaba afetando o desempenho na realização de vários projetos.

Um dos projetos que apresentou um dos maiores níveis de capacidade tecnológica foi a modernização das seis Fragatas da Classe Niterói. Esta modernização incluiu a alteração de diversos sistemas de bordo, tais como, a adição de um sistema de tratamento de esgoto sanitário e principalmente a modernização do sistema de armas. A modernização do sistema de armas incluiu a troca de algumas armas e sensores fazendo com que a classe Niterói conte agora com os novos sensores de bordo MSA “ASPIDE”, com os canhões de 40 mm Mk3 e com o sistema de Controle Tático SICONTA MKII, desenvolvido pelo IPQM. Devido ao elevado de nível de complexidade tecnológico, este projeto necessitou contar com a participação de diversas empresas privadas, pessoal de várias Diretorias Especializadas da Marinha, além do pessoal da EMGEPRON.

Atualmente está em curso um outro projeto de modernização para as quatro Corvetas da Classe Inhaúma, visando atualizar seus sistemas de bordo assim como seu sistemas de armas.

Pelas razões já apresentadas anteriormente, que envolvem tecnologias avançadas, a maior parte dos reparos navais são também realizados no AMRJ.

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O reparo de submarinos é, por exemplo, um caso em que se exige a mais elevada capacidade técnica, principalmente no reparo de meia vida, em que o casco do submarino é cortado, todos os equipamentos são retirados e revisados pelo fabricante, e depois de colocados, o casco é soldado novamente.

O AMRJ acumula a experiência de já ter realizado o reparo de meia vida em todos os quatro submarinos da classe TUPY, realizando inclusive em dois deles a operação conhecida como “load-in-load-out”, em que o submarino é retirado da água e levado para um prédio coberto, de forma a minimizar o tempo de reparo.

O AMRJ também realizou este tipo de reparo, com participação da EMGEPRON, no submarino “Santa Cruz” da Armada Argentina.

Outro tipo de reparo que apenas pode ser realizado no AMRJ são os reparos que exigem a docagem do NAe São Paulo. Por suas dimensões, somente o dique Almirante Régis do AMRJ pode receber um navio deste porte.

Figura 9 – NAe São Paulo docado. Figura 10 – Vista aérea do NAe São Paulo

Meios navais mais modernos, como as Fragatas e as Corvetas da MB, que possuem elevados níveis de complexidade tecnológica, também têm seus reparos feitos no AMRJ.

Devido à sua personalidade jurídica e à legislação atual, é permitido à EMGEPROM participar de empreendimentos conjuntos com o AMRJ, sem a necessidade de contratação de serviços através licitação. Graças a isto, vários empreendimentos complexos, como os descritos acima, foram realizados com sucesso.

Por outro lado, os empreendimentos que a EMGEPRON realiza com a iniciativa privada são na maioria das vezes obras de menor vulto ou de menor complexidade tecnológica.

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Contudo, no período de 2009/2010 a EMGEPRON realizou, através uma empresa privada, um reparo de grande monta no NT Marajó, porém utilizando as instalações do AMRJ. Tal empreendimento teve uma relação custo/benefício que pode ser considerada favorável.

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5 ENGEPROM – ESTUDOS DO MAR

A EMGEPRON também oferece serviços relativos aos Estudos do Mar através da Diretoria de Hidrografia e Navegação e do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira.

A Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) é o órgão da Marinha do Brasil que tem como propósitos apoiar a aplicação do Poder Naval, por meio de atividades relacionadas com a hidrografia, oceanografia, cartografia, meteorologia, navegação e sinalização náutica, assim como garantir a qualidade das atividades de segurança da navegação que lhe couberem na área marítima de interesse do Brasil e nas vias navegáveis interiores. Além disto, ela ainda contribui para projetos nacionais de pesquisa em águas jurisdicionais brasileiras e de outros projetos resultantes de compromissos internacionais.

A trajetória da Hidrografia no Brasil remonta, praticamente, aos primórdios da história Brasileira. Ela é efetivamente marcante, no século XIX, na integração dos trabalhos de hidrografia às atividades da Marinha do Brasil. Os levantamentos realizados naquela época, essencialmente na segunda metade do século XIX, constituem a estrutura básica das realizações hidrográficas que, sem descontinuidade, passaram a contar com a participação da EMGEPRON.

A atuação da Marinha, através dos vários setores sob a responsabilidade da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), tem contribuído, substancialmente, para o aproveitamento econômico de regiões desconhecidas e inexploradas. Os trabalhos hidrográficos, nos últimos cem anos, principalmente em países com as características do Brasil, tornaram viável a navegação comercial e estimularam a integração de áreas imensas de nosso território, de valor inestimável para o desenvolvimento socioeconômico.

Além de realizar a sua vocação de contribuir para a defesa da soberania nacional, apoiando as operações das Forças Navais, a DHN mantém levantamentos hidrográficos corretamente realizados, cartas náuticas bem elaboradas, sinalização náutica eficiente e de previsões meteorológicas confiáveis e oportunamente divulgadas, o que têm influência direta na segurança da navegação, representando uma efetiva contribuição da Marinha para o desenvolvimento do País.

Os principais serviços prestados e produtos oferecidos pela DHN, através a gerência da EMGEPRON são:

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 Cartas náuticas, eletrônicas e convencionais;

 Informações ambientais (climatologia, parâmetros oceanográficos, previsões de alcances sonar e radar, dinâmica de praias etc.);

 Previsão numérica (modelos atmosféricos de alta resolução e ondas);

 Serviço meteorológico marinho (boletins de previsão e cartas sinóticas);

 Cartas especiais para Operações Navais;

 Publicações náuticas variadas (catálogo de cartas e publicações, roteiros, regulamento para sinalização náutica etc.).

A outra instituição que trabalha em conjunto com a EMGEPRON na área de Estudos do Mar é o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM). Criado em 26 de abril de 1984, como Instituto Nacional de Estudos do Mar, o atualmente denominado IEAPM é diretamente subordinado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha.

Compete ao IEAPM planejar e executar as atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico nas áreas de Oceanografia, Meteorologia, Hidrografia, Geologia e Geofísica Marinhas, Instrumentação Oceanográfica, Acústica Submarina e de Engenharia Costeira e Oceânica; promover, estimular, participar e apoiar a realização de pesquisas de interesse da Marinha do Brasil (MB), no âmbito de universidades, instituições e entidades governamentais e privadas, relacionadas às atividades de sua área de atuação; manter intercâmbio técnico com as demais Forças e com universidades, instituições e entidades governamentais e privadas no Brasil e no exterior, acompanhando a evolução científica e tecnológica; e preservar, manter atualizada e ampliar a capacitação necessária para a execução de suas tarefas.

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6 ENGEPROM – MUNIÇÃO

A Fábrica Alte. Jurandyr da Costa Muller de Campos, subordinada à Diretoria de Armas da Marinha, desde 1996 é totalmente gerenciada pela EMGEPRON, operando integralmente duas atividades industriais, comerciais e administrativas.

Essa fábrica é a única na América Latina com capacidade para fabricação de munição de artilharia de grosso e médio calibres, produzindo toda a munição empregada nos navios da Marinha do Brasil.

Possui certificações ISO 9001 e ISO 14001 avalizando a administração e os processos de produção.

Os seguintes tipos de munições são fabricados pela Fábrica Alte. Jurandyr da Costa Muller de Campos: 4.5”, 105 mm M101, 105 mm Light Gun L118RO, 3” L/50, 5” L/38, 40 mm L/70, 40 mm L/60, e salva de 47 mm e de 105 mm, além de estopilhas, traçadores, petardos, bolsas de demolição e serviços de carregamento de explosivos em diversos tipos de artefatos e cabeças de combate.

A Empresa tem realizados constantes investimentos em tecnologia, qualidade e capacitação de pessoal visando à elevação do desempenho e da confiabilidade das munições nela fabricadas.

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7 ENGEPROM – APOIO LOGÍSTICO

A EMGEPRON, através de convênio com a Escola Técnica do Arsenal de Marinha – ETAM, tem oferecido cursos de qualificação profissional e reciclagem para empresas da área naval. A ETAM, criada em 1923, localizada no Rio de Janeiro, dispõe de modernos recursos instrucionais, contando com 15 salas de aula, 7 laboratórios, biblioteca e auditório. Seu corpo docente, com perfil técnico profissional especializado, também utiliza as oficinas e laboratórios do Arsenal de Marinha como suporte para treinamento técnico. A estrutura dos cursos permite que os currículos e cargas horárias sejam adaptados às necessidades específicas dos clientes, com possibilidade de serem realizados “in company”.

A EMGEPRON em conjunto com o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval-CIAAN, com sede no Estado do Rio de Janeiro, tem participado da oferta de cursos de especialização e aperfeiçoamento em Aviação para militares da Marinha do Brasil. O CIAAN possui moderna infraestrutura e acessórios de ensino de última geração, destacando-se o Simulador do Helicóptero Bell Jet Ranger III e o Treinador da aeronave AF-1 (SkyHawk), a Unidade de Treinamento de Escape para Aeronaves Submersas (UTEPAS), os Laboratórios de Aviônica e Línguas, Treinador LYNX, Pátio de Combate a Incêndio operado com GLP, réplica do convés e vôo e hangar das Fragatas classe “NITERÓI”, para treinamento de manobras de aeronaves, e uma biblioteca com sala para Ensino a Distância e acesso a Internet que o tornam referência na Marinha, no Brasil e na América Latina. Os cursos ministrados no CIAAN são oferecidos também para as demais Forças Armadas do Brasil e de Nações Amigas, Polícias Federal, Militar, Civil e Ambiental, Corpos de Bombeiro e Defesa Civil.

A EMGEPRON também tem fornecido apoio logístico ao Laboratório Farmacêutico da Marinha (LFM), criado em 1906. O LFM promove a pesquisa, a produção e a comercialização de medicamentos para a Marinha do Brasil e para órgãos públicos federais, estaduais e municipais. Este laboratório é dotado de moderna infraestrutura industrial-farmacêutica e conta com profissionais altamente especializados, com vasta experiência no desenvolvimento e na produção de medicamentos. Os medicamentos do LFM são fabricados sob rigorosos padrões de qualidade, com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (ANVISA). Entre seus medicamentos, destacam-se a

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Mefloquina, a Pirazinamida, o Ofloxacino e a Prednisona, medicamentos de grande uso na medicina.

A EMGEPRON participa ainda do Sistema Militar Brasileiro de Catalogação (SISMICAT). O SISMICAT é um sistema para identificação e codificação de itens de suprimento das Forças Armadas Brasileiras, concebido pelo Centro de Catalogação das Forças Armadas do Ministério da Defesa e pela Fundação COPPETEC da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O SISMICAT, ao adotar conceitos, normas e procedimentos compatíveis com o SOC, Sistema OTAN de Catalogação, permite total interação com esse importante canal mundial de informações logísticas de material. A EMGEPRON, que atua como Agência de Catalogação da Marinha do Brasil, está credenciada a catalogar itens fabricados no país no SIMICAT, os quais passam a ser identificados, no Sistema, pelo “NATO Stock Number” - NSN, com informações técnicas sobre o produto e sobre a empresa fabricante. O Sistema pode ser acessado pelos países membros da OTAN e seus aliados, sendo ferramenta eficaz para a busca e compra de itens militares.

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8 ENGEPROM – SISTEMAS NAVAIS

O Instituto de Pesquisas da Marinha - IPqM, com sede na cidade do Rio de Janeiro, tem como missão o desenvolvimento de várias tecnologias necessárias à Marinha. Dentre todas estas tecnologias, as principais competências do IPqM são as relacionadas a:

 Armamento;

 Guerra Eletrônica;

 Acústica Submarina;

 Sistemas de Controle e Monitoração;

 Materiais; e

 Sistemas Inerciais.

Devido à complexidade dos temas de suas pesquisas e desenvolvimentos, o IPqM baseia sua atuação em um tripé composto por recursos humanos, recursos financeiros e uma infraestrutura apropriada.

Para a consecução deste propósito, o IPqM tem, entre suas tarefas, a responsabilidade de manter intercâmbio com o setor industrial, com as outras Forças e com o setor universitário e técnico-científico, nas atividades de pesquisa e desenvolvimento de interesse da Marinha.

No setor industrial, a principal parceira do IPqM tem sido a PETROBRAS, enquanto no setor universitário as principais parceiras têm sido a UFF (Universidade Federal Fluminense) e a COPPE da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O IPqM está organizado em cinco grupos e um núcleo:

 Grupo de Guerra Eletrônica;

 Grupo de Armas;

 Grupo de Sistemas Digitais;

 Grupo de Materiais;

 Grupo de Sonar; e

 Núcleo de Sistemas Inerciais.

A EMGEPRON tem sido parceira do IPqM na realização de vários projetos de pesquisa e desenvolvimento referentes aos sistemas navais. Tais projetos caracterizam-se por emprego de tecnologias eletrônicas e computacionais avançadas e necessitam a participação de equipes altamente treinadas e especializadas. Estas equipes são basicamente constituídas por pessoal próprio do

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IPqM, contando ocasionalmente com a participação de especialistas de empresas privadas ou de pesquisadores das universidades.

A participação da EMGEPRON tem se dado principalmente nas atividades de compra de materiais e contratação de serviços especializados, assim como o gerenciamento de atividades especiais.

Nos últimos anos, foram desenvolvidos pelo IPQM uma série de sistemas navais de tecnologia avançada e empregados em uma série de meio navais.

Serão descritos suscintamente a seguir alguns dos projetos mais significativos.

a) Grupo de Guerra Eletrônica:

O Grupo de Guerra Eletrônica desenvolveu dois projetos de destaque. O primeiro deles é conhecido como MAGE DEFENSOR. Trata-se de um equipamento de Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica (MAGE ET/SLR-1X) capaz de detectar e classificar até 100 emissões de ondas eletromagnéticas na faixa de 2 a 18 GHz. Este equipamento permite ainda o acompanhamento automático ou manual de ameaças fornecendo as características da emissão para o CME (Equipamento de Contramedidas Eletrônicas). Na figura 12 é mostrada uma ilustração do MAGE instalado na Corveta BARROSO.

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O segundo projeto de destaque é um equipamento de Medidas de Ataque Eletrônico (MAE), conhecido como um equipamento de Contramedidas Eletrônicas, o CME-2 ET/SLQ-2X. Este é um equipamento avançado de CME que, integrado ao MAGE Defensor ET/SLR-1X, é capaz de exercer o bloqueio eletrônico contra até oito ameaças simultâneas (quatro por bordo cobrindo 360º em azimute). Ele foi projetado com a tecnologia “phased-array” e opera com múltiplas válvulas TWTs (Travelling

Wave Tubes) e fontes de alta voltagem, obtendo alta confiabilidade mesmo em

situações de eventuais avarias das válvulas. O sistema baseia-se em DRFM (Digital

Radio Frequency Memory) e inclui técnicas de polarização cruzada e transmissão

com multipolarização.

Este equipamento também foi instalado na Corveta BARROSO, como pode ser visto na figura 13.

Figura 13 – O CME-2 ET/SLQ-2X instalado na Corveta BARROSO

b) Grupo de Armas:

O Grupo de Armas desenvolveu um Sistema de Lançamento de Despistadores de Mísseis (SLDM) que é um sistema de lançamento de foguetes que tem por missão prioritária a defesa de um navio de superfície contra mísseis anti-navio. Para tal, ele utiliza o lançamento coordenado de foguetes despistadores de mísseis, podendo, ainda, ser utilizado para o lançamento de dispositivos despistadores de torpedos. O sistema pode ser configurado para ter de um até quatro lançadores com até doze tubos cada, dependendo do porte do navio onde será instalado.

Outros projetos do Grupo de Armas incluem o desenvolvimento de vários tipos de minas navais e de um Sistema de Aquisição de Dados Acústicos, Magnéticos, de Pressão e Elétricos (SAAMPE), cuja finalidade é dotar a MB de capacidade de levantamento de assinaturas acústicas, magnéticas, de pressão e de campo elétrico para utilização como massa de dados para aprimoramento dos

PROA

POPA

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algoritmos da Mina de Fundeio de Influência (MFI) e da Mina de Fundo (MF), assim como para monitoração de área marítima.

c) Grupo de Sistemas Digitais:

O Grupo de Sistemas Digitais desenvolveu três sistemas de destaque que já foram comissionados em vários navios da MB.

O primeiro deles é o Sistema de Monitoração e Controle de Avarias – SICAV. O SICAV foi projetado para emprego em embarcações militares, civis ou plataformas “off-shore” e tem por finalidade o uso eficiente e confiável das informações dos sensores de alagamento, fumaça, temperatura e abertura de portas estanques, podendo incluir um subsistema de apoio à decisão orientado por inteligência artificial.

O segundo deles é o Sistema de Controle e Monitoração – SCM. Trata-se de um sistema de controle de propulsão que pode ser integrado ao SICAV. Assim, o SCM pode ser composto de três subsistemas: o Controle e Monitoração de Propulsão e Auxiliares, o Controle de Avarias e o sistema de controle Manual Remoto. A arquitetura em subsistemas independentes garante flexibilidade e escalabilidade, permitindo a instalação de um ou mais subsistemas ou do sistema completo em qualquer tipo de embarcação ou plataforma marítima, constituindo-se uma poderosa ferramenta para a segurança da navegação.

O terceiro sistema é o Sistema de Controle Tático – SICONTA. O SICONTA é um sistema de controle tático e de armas que possui elevado grau de modularidade, sendo configurável para instalação em praticamente qualquer tipo de navio ou submarino, conforme especificações do cliente. É ume equipamento de porte compacto e de grande simplicidade que, aliadas à tecnologia de ponta utilizada em seu projeto, fazem do SICONTA um dos melhores sistemas de sua categoria. O outro sistema que completa o conjunto é o Terminal Tático Inteligente – TTI 2900. O TTI 2900 é um sistema de controle tático, baseado em arquitetura PC robustecida e de baixo custo, projetado para ser empregado em plataformas de superfície e aéreas. Ele tem como finalidade o uso mais eficiente dos sistemas embarcados em tarefas como a compilação do cenário tático, a avaliação de ameaças e a resposta tática. O TTI pode operar tanto em modo “stand alone”, quando todas as entradas de dados e comandos são processadas por uma única CPU, quanto integrado em um sistema distribuído, com vários consoles TTI 2900 conectados entre si ou com outros sistemas, através de uma rede local.

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A figura 14 mostra o SCM instalado na Corveta BARROSO.

Figura 14 – SCM instalado na Corveta BARROSO.

d) Grupo de Materiais:

O Grupo de Materiais desenvolve pesquisas em Absorvedores de Radiação Eletromagnética, Cerâmicas Piezoelétricas e Estruturais, Propelentes e Pirotécnicos e Caracterização de Materiais.

e) Grupo de Sonar:

O Grupo de Sonar tem desenvolvido dois projetos importantes:

 Um Sistema de Deteção, Acompanhamento e Classificação de Contatos Submersos (SDAC-SUB); e

 Um Módulo de Previsão de Alcance Sonar Ativo (MODPRES) f) Núcleo de Sistemas Inerciais:

O Núcleo de Sistemas Inerciais desenvolve os seguintes projetos:

 Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT): Desenvolvido em conjunto entre as três Forças e a empresa Avibrás. Trata-se de um protótipo de veículo aéreo não tripulado para aplicações civis e militares.

 Plataforma Inercial para o Míssil Anti-Navio Nacional;

 Sistema Integrado de Navegação Inercial para Veículos Submarinos Autônomos (SINVSA)

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Como pode ser visto pela descrição acima, tratam-se de sistemas de tecnologia de ponta cujo desenvolvimento, teste e comissionamento em meios navais exigiram grandes competências técnicas e competências gerenciais, de várias especialidades diferentes da construção naval propriamente dita.

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9 EMGEPROM – ENERGIA NUCLEAR

O Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) é uma Organização Militar que trabalha em pesquisa e desenvolvimento, com o objetivo de desenvolver sistemas nucleares e energéticos para serem aplicados na propulsão de navios da Marinha do Brasil (MB).

O CTMSP atua em diversas áreas tecnológicas, tais como o desenvolvimento de sistemas térmicos, químicos e eletromecânicos, de processos químicos e projeto, fabricação e testes de componentes. Conta, para isto, com o suporte de diversas instalações laboratoriais.

O CTMSP está instalado no campus da Universidade de São Paulo (USP), onde se encontram outros importantes centros de pesquisas nacionais.

O CTMSP foi criado pelo decreto n. 93.439, de 17 de outubro de 1986, sob o nome de Coordenadoria para Projetos Especiais. Sua denominação foi alterada para CTMSP em 1995.

Para atender às necessidades experimentais do programa de pesquisa e desenvolvimento do CTMSP, funciona em Iperó, no interior de São Paulo, o Centro Experimental Aramar. Este Centro abriga Instalações de testes, laboratórios de validação experimental e algumas oficinas especiais.

Em palestra proferida em 04 de agosto de 2011, pelo Vice-Almirante Engenheiro Naval Carlos Passos Bezerril para a turma de estagiários do CAEPE 2011 foi mostrado que aproximadamente 40% do custo do Programa Nuclear da MB, desde o seu início até dezembro de 2010 foi dispendido com pessoal da EMGEPRON. Este número mostra a importância dos serviços prestados pela EMGEPRON em uma atividade tecnologicamente avançada e do maior valor estratégico. Um gráfico com a distribuição dos percentuais de custos do Programa é apresentado na figura 15.

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Figura 15 – Demonstrativo percentual dos gastos no Programa Nuclear da MB

O Programa Nuclear da MB, hoje em dia reconhecido pelo governo como o Programa Nuclear Brasileiro, atravessou várias fases desde o seu início, mas encontra-se atualmente em uma posição prestigiada, graças ao reconhecimento de sua importância assim como dos resultados alcançados. É esta posição de prestígio que tem garantido um fluxo de recursos suficiente para o bom andamento do Programa

Nesta mesma palestra, o Vice-Almirante adiantou aos estagiários que encontra-se em fase adiantada de estudos junto ao Ministério do Planejamento a criação de uma nova empresa estatal que teria entre seus objetivos a finalidade de contratar e administrar a mão de obra empregada no projeto, de forma a permitir uma melhor remuneração do pessoal.

Esta nova iniciativa afetará a participação da EMGEPRON neste programa, podendo provavelmente, até elimina-la.

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10 QUESTIONAMENTOS SOBRE POSSÍVEIS DIREÇÕES

A análise das atividades da EMGEPRON evidencia a sua vocação como sendo sobretudo a de uma empresa de gerenciamento de projetos. Por este fato, ela se apoia nas atividades de outras organizações e empresas com as quais ela realiza os projetos.

Ao longo da sua existência a EMGEPRON desenvolveu suas atividades principalmente através parcerias com o AMRJ, com o IPqM, com CTMSP e com outros órgãos da Marinha e em menor grau com empresas privadas.

As lições empresariais que podemos tirar da história da EMGEPRON podem servir para preparar a empresa para o futuro. Assim sendo, podemos identificar dois aspectos críticos contidos nestas lições:

a) O primeiro é o futuro do AMRJ, já que é com este que a EMGEPRON realiza a maior parte dos projetos de maior vulto e maior complexidade tecnológica.

b) O segundo é a eventual participação crescente de empresas privadas genuinamente nacionais na BID.

Todos estes dois aspectos estão relacionados com a existência de dois novos projetos: o PROSUB e o PROSUPER.

O PROSUB, Programa de Desenvolvimento de Submarinos, visa retomar a construção de submarinos convencionais de uma nova geração, tecnologicamente mais avançados, visando a posterior construção de um submarino de propulsão nuclear. Para isto, foi criada a ICN – Itaguaí Construções Navais, uma parceria entre a empresa francesa DCNS – “Direction des Constructions Navales et Services”, detentora da tecnologia, e a construtora Norberto Odebrecht, com a participação da MB, que detém o direito a veto, também chamado de “goldenshare”.

Um programa similar, o PROSUPER – Programa de Desenvolvimento de Navios de Superfície, também deverá ser implementado em breve com a finalidade de desenvolver navios de escolta.

Nestes dois programas, destaca-se a preocupação do governo com a participação da iniciativa privada nacional. Esta nova direção imprimida pelo governo parece indicar que novos projetos de grande porte não mais serão realizados pelo AMRJ.

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Como a EMGEPRON não está participando do PROSUB e como também não deverá participar do PROSUPER, assim como o AMRJ, a EMGEPRON e o AMRJ devem preparar-se para rever suas atividades na área de construção naval.

No caso do AMRJ, existe um agravante, pois a aludida participação deste no PROSUB está se dando pela cessão de mão de obra altamente qualificada para a construção dos submarinos. Esta mão de obra, que foi treinada na construção dos primeiros submarinos com tecnologia alemã, não é disponível em nenhum outro lugar no país e é fundamental para a execução deste projeto.

Por outro lado, uma boa parte do pessoal técnico mais qualificado do AMRJ encontra-se próximo da aposentadoria e não parece existir qualquer programa de treinamento que vise substitui-los em números suficientes.

A conjuntura que está se desenhando levanta dúvidas sobre a importância futura do AMRJ nos programas de construção e reparos navais e consequentemente sobre as opções e sobre o próprio papel da EMGEPRON nestes programas.

Mesmo para os que defendem a ideia de uma maior participação das empresas privadas na BID, existe sempre uma incerteza quanto à disposição destas, uma vez que estas empresas são naturalmente condicionadas pela existência de lucratividade e não são imunes a operações de compra e fusões com multinacionais, o que poderia afetar os requisitos de independência.

Não se pode deixar de observar um fato irônico: a empresa francesa que foi escolhida para fazer a parceria com a Norberto Odebrecht, a DCNS, é uma empresa estatal francesa.

O PROSUPER é um programa que talvez siga a mesma estratégia do PROSUB. Quer-se dizer com isto que o Governo talvez continue a fazer a opção por uma “joint-venture” de uma empresa privada nacional com alguma empresa estrangeira detentora da tecnologia. Também é de se supor que o Governo faça exigências de algum tipo de transferência de tecnologia, que no caso da construção de navios de superfície é mais crítica no tocante a armamentos e dispositivos eletrônicos. A tecnologia de construção da plataforma em si, quer dizer o navio propriamente dito, já foi dominada no passado recente e acredita-se que seria possível atualiza-la para incluir aspectos mais modernos da arquitetura naval.

Esta opção, somada a opção feita no caso do PROSUB, colocaria todas as esperanças de desenvolvimento independente dos meios navais num único tipo

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de estratégia, pois devido à escassez de recursos, é de se esperar que tanto a EMGEPRON como o AMRJ, o CPN e o IPqM, além de outros órgãos de Marinha, sofreriam um processo de atrofia que dificilmente poderia ser revertido a curto prazo, se necessário.

Uma alternativa que já foi discutida no passado, foi a possibilidade de transformar o AMRJ em uma empresa estatal. Além disto, como já consta da END, discute-se sobre a liberalização da legislação que rege as compras do setor estatal, notadamente a Lei 8.666. Argumenta-se que a construção da “Corveta Barroso” poderia ter sido mais eficiente em quase todos os aspectos: econômico, de tempo e de qualidade se esta legislação fosse modificada.

Hoje em dia, esta alternativa poderia ser contemplada pela incorporação, ou fusão, do AMRJ com a EMGEPRON e a adoção de uma estratégia mais estatal para o desenvolvimento de um programa importante de desenvolvimento de meios navais.

A existência de duas estratégias diferentes, uma tendo como base a participação da iniciativa privada nacional e outra desenvolvida principalmente com base em uma instituição estatal, mas contando também com a participação de empresas privadas, na medida do seu interesse, daria ao governo e à MB a opção de adaptar, no caso de necessidade, um dos seus programas à estratégia alternativa, sem criar uma solução de continuidade por falta recursos humanos, técnicos, de infraestrutura e outros.

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11 CONCLUSÃO

A Indústria Brasileira de Defesa nos próximos anos enfrentará alguns desafios extraordinários.

Por um lado, existe uma preocupação recente com uma aparente desindustrialização do país. Entretanto, na área naval, não se observa esta desindustrialização, pois as encomendas devidas ao aquecimento da indústria do petróleo e às perspectivas do pré-sal têm crescido significativamente. Este aquecimento da indústria naval poderá afetar o interesse da iniciativa privada em participar de programas de desenvolvimento de meios navais para a MB.

Por outro lado, existe a sempre presente preocupação com a independência tecnológica e com os altos custos de desenvolver meios navais avançados. Soluções simplistas de compra de tecnologia não resolvem o problema, já que não é realista supor que algum país venda a tecnologia de uma forma aberta para a construção de um submarino nuclear ou de sistemas eletrônicos e de armas avançados.

As lições empresariais que se podem tirar da história da EMGEPRON são de mais de uma natureza.

Se forem analisadas as realizações da EMGEPRON, é indiscutível a importância destas. A construção de submarinos diesel-elétricos, a construção das corvetas, a modernização das fragatas, o desenvolvimento de sistemas eletrônicos avançados e o Programa Nuclear da MB são exemplos marcantes.

Por outro lado, se for analisada a contribuição para a definição de um paradigma sustentável para o desenvolvimento da BID na área naval talvez se possa observar um hiato. Vive-se hoje um período em que o futuro da BID nesta área está para ser escrito e o papel da EMGEPRON e de outros órgãos como o AMRJ não está definido, levando em conta a existência do PROSUB, da possibilidade do PROSUPER e da criação da nova estatal que cuidaria do Programa Nuclear Brasileiro.

Embora o assunto fuja ao escopo deste trabalho, é impossível não comparar o desenvolvimento da BID na área naval com o desenvolvimento da indústria aeronáutica, com a história da EMBRAER e a recente criação da EMBRAER DEFESA E SEGURANÇA. O desenvolvimento da BID na área

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aeronáutica tem seguido um caminho que é cada vez mais o de empresas de direito privado, mesmo que com participação estatal.

Em vista de tudo o que foi exposto e a despeito das importantes contribuições feitas à BID, acredita-se que a EMGEPRON se encontra hoje numa situação delicada, pois as principais atividades que ajudaram a justificar a sua existência quase certamente não serão mais realizadas por ela. Além disto, face à inexistência de ativos, tais como uma infraestrutura própria de oficinas e pessoal treinado para mantê-las funcionando, acreditamos que a EMGEPRON terá dificuldades de enfrentar os novos desafios e manter um desenvolvimento crescente.

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REFERÊNCIAS

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6.703, de 18 de dezembro de 2008. Brasília, DF, 2008.

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BRASIL. Presidência da Republica. Estatuto da Empresa de Projetos Navais

(Alteração) – Emgepron. Decreto Nº 98.160, de 21 de setembro de 1989. Brasília,

DF, 1988.

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Referências

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