Ao longo dos seus 37 anos de vida, a CGTP-IN tem constituído para
os trabalhadores e trabalhadoras portugueses um valioso e
indis-pensável instrumento de acção para a defesa dos seus direitos e
inte-resses profissionais e para a melhoria das suas condições de vida.
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O mundo está a viver um processo de globalização marcadamente capitalista e de cariz
neoliberal, comandado pelos interesses hegemónicos do capital financeiro, que
pro-cura impor-se como solução única para o futuro da humanidade,
provocando
impõe contornos novos e perigosos na divisão social e internacional do trabalho, desregula os mercados de trabalho,
aumenta o desemprego,
aprofunda as condições de exploração dos trabalhadores.
Mas será a vontade e a acção dos
trabalha-dores e dos povos que, abrindo caminhos de
mudança de políticas, conduzirão também à
resolução destes problemas.
graves desequilíbrios e contradições no desenvolvimento entre países, um clima generalizado de inseguranças,
um forte agravamento das injustiças, desigualdades sociais e da pobreza, o aumento das ameaças à paz em diversas regiões do mundo.
Os
se postos ao serviço do ser humano, podiam propiciar extraordinárias possibilidades de desenvolvimento harmonioso e sustentado das sociedades.
Não é isso que se verifica! Antes pelo contrário, assiste-se:
grandes avanços científicos, o intenso desenvolvimento das tecnologias de informação e
comunicação, a par da riquíssima diversidade cultural existente e de uma boa utilização dos
recursos e capacidades específicas dos países e dos seus povos,
à institucionalização de um individualismo que isola as pessoas, para depois as responsabilizar pelos problemas com que se debatem,
à agudização de problemas como a fome e a pobreza,
ao aumento dos riscos e das catástrofes ambientais e de epidemias mundiais, à ameaça de escassez de recursos básicos.
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as prioridades ao desenvolvimento do mercado único, a livre circulação de capi-tais e a liberalização económica,
São evidentes os descontentamentos reais dos trabalhadores e dos povos, que se fundam na percepção
de que
Assim se colocam em causa valores sociais e humanos que, historicamente, fruto de dinâ-micas políticas e sociais amplas, internas e externas ao espaço da UE, enformavam, de forma diferenciada, o processo e o desenvol-vimento sustentado das sociedades dos paí-ses europeus.
O processo de integração europeia,
cor-respondendo à actual fase de
desenvolvi-mento do sistema capitalista na Europa,
incorpora crescentemente dinâmicas
neoliberais duras, canalizadas para
Impõe-se uma nova estratégia para a UE, assente em políticas económicas e sociais que promovam o desenvolvimento sustentável e que salvaguardem as várias componentes do modelo social europeu.
a Comissão Europeia tem promovido a desregulamentação, como o mostram as iniciativas sobre a directiva de serviços, o tempo de trabalho e a flexigurança. a UE tem impulsionado a liberalização e a privatização de serviços públicos; a Europa está mais liberal e
com mais acentuada
concentração do capital, com os mercados de trabalho mais desregulamentados e a segurança social e saúde mais enfraquecida; as desigualdades e a pobreza são elevadas e têm se acentuado;
o desemprego continua inaceitavelmente alto, os trabalhadores são
confrontados com a deslocalização de empresas para países onde os custos são menos elevados e os empregos criados são precários, não oferecendo a segurança e a estabilidade necessárias nas relações de trabalho e na
organização da vida das pessoas; a construção
europeia está divorciada dos interesses essenciais dos cidadãos;
a desregulação e flexibilização desequi-librada do mercado de trabalho.
A tem-se desen-volvido numa acção convergente do patronato e do poder político dominante.
Sem deixar de afectar os direitos individuais, tem o seu centro de gravidade nos direitos colectivos, pondo em causa o direito de contratação colectiva, através da caducidade de convenções colectivas e por restrições, directas e indirectas, ao livre exercício da actividade sindical.
O mercado de trabalho nunca esteve tão desregulado por via da precarieda-de, do falso trabalho independente e do não cumprimento impune das nor-mas legais e contratuais.
O Código do Trabalho assumiu um papel preponderante que, agora, patrona-to e Governo querem aprofundar, com uma revisão centrada no conceipatrona-to da . Este conceito significa facilitar o despedimento e embarate-cer os custos do trabalho pela redução das retribuições do trabalho, tornan-do-se elemento estruturante das relações de trabalho, com enfraquecimen-to do direienfraquecimen-to do trabalho e da contratação colectiva.
ofensiva contra os trabalhadores e trabalhadoras
flexigurança
num processo complexo de deslocalizações de empresas e de práticas organizacionais das multinacionais.
onde o desemprego mais cresce,
onde é mais acentuado o aumento da precariedade, onde mais se acentua a pobreza e os riscos de pobreza (designadamente entre os que estão empregados). onde a exclusão social e as desigualdades de rendimento são mais elevadas.
Portugal
não foge à tendência geral. Acentuam-se as implicações das políticas neoliberais prosseguidas, face aos atrasos estruturais e às fragilidades da economia. Daí que, nos últimos anos, se tenha alargado o fosso que separa o nível de vida do país do da média europeia. A economia portuguesa está a crescer menos de metade do que cresce a média europeia. Portugal é o país da União EuropeiaOs traços mais marcantes das políticas neoliberais que têm sido prosseguidas em Portugal, por sucessivos governos, incluindo o de José Sócrates, expressam-se
na ofensiva desreguladora e liberalizadora do mercado de trabalho que intensifica a exploração dos trabalhadores e baixa os custos do trabalho; no ataque ao papel do Estado, em particular do Estado Social visando que o mercado substitua funções sociais essenciais como a segurança social, a saúde e a educação;
na crescente fragilização dos direitos, liberdades e garantias, em confronto com o seu
enquadramento e conteúdo constitucional, sendo chocantes algumas expressões de não
cumprimento de direitos individuais nos locais de trabalho e os ataques em curso ao direito à greve e até ao direito de manifestação;
num forte movimento de privatizações e de reestruturação de espaços e actividades económicas e financeiras, concentrando progressivamente o capital;
As acções e as lutas dos trabalhadores e tra-balhadoras não espelham apenas descontenta-mentos pontuais face a problemas específicos em empresas, locais de trabalho, sectores ou regiões. São muito mais do que isso, pois mostram-nos que a capacidade de mobilização e acção do movimento sindical, que inclui a acção convergente e de coope-ração das comissões de trabalhadores, constitui um elemento fundamental
O desenvolvimento do país exige
Não se trata ape-nas da melhoria das condições de vida e de trabalho e do bem-estar da generalidade da população. Trata-se, sobretudo, de afirmar a dependência entre progresso social e desenvolvimento do país.
trabalho com di-reitos e um emprego de qualidade.
Emprego. Justa Distribuição da Riqueza. Mais Força aos Sindicatos –
organização sindical de base
são imprescindíveis para o desenvolvimento do país, através do progresso social e da melhoria das condições de vida de quem trabalha.
Reforçar a é uma das linhas de força essenciais do XI Congresso. São imperativos para a organização sindical:
Adoptar uma intervenção dinâmica e contínua nos locais de trabalho que aumente a participação dos trabalhadores na vida sindical e que corresponda às suas aspirações;
Dinamizar a acção reivindicativa nas empresas e servi-ços e aumentar a capacidade de luta dos trabalhado-res para defender e fazer aplicar a contratação colecti-va e os direitos;
Aumentar a sindicalização e fortalecer a organização de base com a eleição de representantes dos trabalha-dores, designadamente delegados sindicais jovens, bem como de representantes para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho e estruturar a sua organi-zação e acompanhamento regular;
Investir na formação sindical inicial e contínua, para melhorar a capacidade de resposta dos quadros, no-meadamente dos jovens, na sua intervenção cada vez mais exigente;
Fortalecer os sindicatos com medidas organizativas estru-turantes, assegurar a descentralização da acção sindical e prosseguir a inovação administrativa e de gestão interna.
5 Os êxitos alcançados mostram como é importante uma inter-venção sindical que se complete com o diálogo regular e con-sequente com as forças sociais e políticas, com reflexões e estu-dos especializaestu-dos, com práticas de permanente afirmação do valor e da dignidade que é necessário atribuir ao trabalho e desa-fiam-nos ao aprofundamento do debate sobre a participação ins-titucional, que se constitui como uma conquista dos sindicatos a não perder, mas que se apresenta quantas vezes vazia de conteú-do e de eficácia e subversora de compromissos assumiconteú-dos.
no combate à exploração e pela melhoria dos salários,
na defesa dos direitos sociais,
na construção das necessárias transformações sociais que conduzem ao progresso social e ao desenvolvimento da sociedade.
Os trabalhadores e trabalhadoras e os seus e as suas representantes devem
empenhar-se na reflexão e discussão dos temas e das propostas constantes do
Programa de Acção para os próximos 4 anos.
A situação actual tem causas e
respon-sáveis. A CGTP-IN considera ser
neces-sário e urgente uma mudança de rumo
nas políticas seguidas.
T I
o o tas e r
A CG P- N tem pr p s
espostas
ara s p
d r
p
o roblemas dos trabal
ha o es
As modificações estruturais da sociedade e da eco-nomia, incluindo os fenómenos gerados pela glo-balização, têm vindo a servir de justificação para um ataque violento ao visando descaracterizá-lo e,deste modo, enfraquecer a pro-tecção de quem trabalha.
direito do trabalho,
Políticas activas de promoção da igualdade de opor-tunidades e de combate às discriminações (em fun-ção do sexo, da idade, da deficiência, da nacionali-dade, da origem racial ou étnica, da religião, da ori-entação sexual, da toxicodependência, de doenças como o HIV/Sida ou na decorrência do exercício da actividade sindical ou por motivos ideológicos).
A efectivação do acesso à justiça e o reforço do papel, dos meios e da intervenção da Inspecção do Trabalho, de modo a pôr termo às crescentes infrac-ções à legislação laboral e aos conteúdos das con-venções colectivas.
A é hoje uma característica estrutural do mundo laboral. Centenas de milhar de trabalhadores vivem na insegurança económi-ca; vêem os seus direitos negados ou neutraliza-dos pelo risco de perda de emprego; têm restringi-do o seu acesso à formação e à segurança social. Os jovens e as mulheres constituem os grupos mais atingidos. A oferta de empregos de baixa qualida-de, as baixas preocupações das empresas com a formação, a menor capacidade reivindicativa dos jovens, o apelo ao consumo desenfreado tornando as pessoas dependentes e permanentemente endi-vidados, reforçam um processo que pode tornar os jovens em trabalhadores com direitos mínimos e cidadãos socialmente desprotegidos e com baixas expectativas de vida.
precariedade laboral
Neste contexto, a CGTP-IN inscreve a luta contra a precarie-dade e pelo emprego de qualiprecarie-dade entre as grandes priorida-des da acção sindical nos próximos anos e reclama:
a aplicação do princípio de que “a empregos perma-nentes devem corresponder contratos de trabalho permanentes”;
O investimento na formação inicial e na aprendiza-gem ao longo da vida, combatendo o insucesso e o abandono escolar precoce e concretizando o direito legal à formação continua.
O respeito pelos princípios básicos fundamentais que caracterizam o direito do trabalho, opondo-se a pro-postas que visem fragilizá-lo, designadamente, numa linha de reforço do interesse exclusivo do capital.
É neste quadro que se insere a revisão do e as questões relacionadas com a
que constituem as peças-chave dum processo que visa a descaracterização do direito do trabalho, transformando-o num mertransformando-o instrumenttransformando-o de ptransformando-olítica ectransformando-onómica netransformando-olibe- neolibe-ral, que defende a plena flexibilidade do uso do trabalho decorrente do livre funcionamento das leis do mercado.
Código do
Trabalho flexigurança
A CGTP-IN não tem uma visão estática do mundo do trabalho. Pelo contrário. Por isso exige:
Novas políticas e novas respostas face às mudanças em curso, o que implica, antes de tudo, o reforço da partici-pação, da negociação colectiva e da luta reivindicativa.
7 As diminuíram em Portugal em resultado das conquistas sociais decorrentes do 25 de Abril. Mas as políticas liberalizadoras de governos sucessivos, incluindo o actual, conduziram a importantes recuos. Portugal é hoje um país que apresenta a maior desigualdade na UE em termos de distribuição do rendimento entre pobres e ricos, que tem cerca de dois milhões de pobres e uma parcela significativa de pessoas em risco de pobreza.
desigualdades sociais
Os , associados à precariedade, constituem uma das causas fundamentais do agravamento da pobreza laboral. Lutar por uma sociedade mais igualitária, justa e democrática constitui prioridade essencial na sociedade portuguesa. Por isso
baixos salários
se impõem políticas salariais – e desde logo com reflexo no salário mínimo nacional – que enfrentem a alta do custo de vida e introduzam uma mais justa repartição da riqueza produzida,
e políticas mais solidárias de distribuição e redistribuição de toda a riqueza existente.
Os visam satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas e uma justa repartição da riqueza. O nosso sistema fiscal é injusto.
impostos
a correcção do sistema fiscal é um imperativo de justiça social.
As encontram-se sujeitas a uma grande pressão com vista à sua privatização. Desenvolver os serviços públicos e as funções sociais do Estado é um imperativo para tornar a sociedade mais justa. Por isso, impõe-se:
funções sociais do Estado
revitalizar o Serviço Nacional de Saúde como garante do direito universal e geral à saúde;
garantir um sistema de segurança social universal e solidário com prestações e benefícios sociais que permitam um elevado nível de bem-estar;
promover uma escola pública de qualidade e ensino obrigatório gratuito e democrático.
responda aos problemas criados pela globalização financeira
erradique a fome e a pobreza
promova o trabalho digno e a harmonização social no progresso
assegure a paz no mundo e a cooperação internacional O futuro do país exige uma
mobilizadora dos trabalhadores e dos cidadãos. A sustentabilidade incorpora o desenvolvi-mento económico, social, cultural e ambiental e implica compromissos geracionais de longo prazo para que a satisfação das necessidades presentes não ponha em risco as gerações vindouras.
estratégia de desenvolvi-mento sustentável
A constitui um instrumento essen-cial para responder aos problemas-chave do mundo do tra-balho e da sociedade portuguesa e para concretizar uma estratégia de desenvolvimento sustentável.
negociação colectiva
O XI Congresso reafirma a importância crucial da instrumento de progresso que permite:
negocia-ção colectiva,
afirmar o valor do trabalho na sua dignidade plena; fixar condições de trabalho mais favoráveis do que as da legislação geral;
obter a melhoria dos salários;
criar condições para generalizar ao conjunto dos traba-lhadores conquistas sectoriais, de empresa ou locais; intervir colectivamente, através dos sindicatos, na defi-nição das regras das condições de trabalho;
criar, no trabalho, as condições de estabilidade e segu-rança que permitam às famílias organizarem-se e a todos os trabalhadores serem cidadãos plenos.
A negociação colectiva pode ter um papel fundamental na modernização do país, na elevação da produtividade, na melhoria da organização do trabalho, na introdução das novas tecnologias e na inovação.
permite alcançar soluções negociadas propiciadoras da superação de conflitos e de salvaguarda dos direitos dos trabalhadores.
A CGTP-IN bate-se por uma que se afir-me, no contexto internacional, como um projec-to de paz, com justiça e progresso social, assen-te no desenvolvimento susassen-tentável, por uma Europa que constitua uma uma alternativa real ao neoliberalismo que marca o processo de glo-balização em curso.
Europa
A CGTP-IN luta por uma nova
assente numa estratégia de desenvolvimento econó-mico e social que:
ordem económica internacio-nal,
Todos os trabalhadores e trabalhadoras podem fazer propostas. Devem apresentá-las ao seu sindicato/CGTP, directamente ou através do seu Delegado Sindical.
A CGTP-IN decide manter e
apro-fundar o relacionamento com
todas as componentes do
movi-mento sindical internacional,
atentas as propostas de acção e
os papéis objectivos de cada
uma, na base da análise
con-junta dos principais problemas
comuns que afectam a vida dos
trabalhadores à escala global,
tentando perspectivar acções
concretas em defesa dos seus
direitos e interesses e para a
conquista do progresso social.
Tal relacionamento, sempre baseado no imprescindível confronto de posições, deve significar para a CGTP-IN, a partir dos seus princípios e objectivos, uma aferição constante das evoluções que se vão verificando no plano sindical, à escala global. Sendo uma realidade incontornável o facto de os espaços onde estamos filiados (Confederação Europeia de Sindicatos e, por consequência, acções de carácter paneuropeu e Comunidade Sindical dos Países de Língua Portuguesa) serem, de forma quase total, espaços de filiação na Confederação Sindical Internacional, é natural que a CGTP-IN siga com atenção a evolução desta.
Tal não exclui, antes exige, o acompanhamento atento das restantes componentes do movimento sindical internacional, Federação Sindical Mundial, organizações não filiadas e demais espaços de cooperação.
Partindo da análise da actual situação do movimento sindical internacional, é confirmado o estatuto de não filiação mundial da CGTP-IN, mantendo-se a decisão de que qualquer alteração neste estatuto é da exclusiva competência do Congresso.