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4.ª reflexão – contexto de 4.º ano de escolaridade

Capítulo III – Apresentação e discussão de resultados

Apêndice 8 4.ª reflexão – contexto de 4.º ano de escolaridade

Reflexão: refletindo sobre a intervenção

Ao refletir sobre a minha intervenção, surgem aspetos relacionados com o processo de ensino-aprendizagem que quero elencar e repensar no sentido de afinar as atuações seguintes. Através da avaliação das atividades realizadas pelos alunos, foram percetíveis algumas das suas dificuldades, as quais evidencio em seguida.

A atividade em que os alunos tiveram mais dificuldade foi, no âmbito do estudo do meio, designadamente, na compreensão do conceito de atividade económica e, sobretudo, na identificação das atividades económicas pertencentes aos setores primário, secundário e terciário, respetivamente.

Durante a resolução de uma atividade de caça ao intruso sobre os conteúdos designados, observei erros na identificação do intruso e nas justificações insinuadas pelos alunos (fotografias 1 e 2).

Posto isso, constatei que os objetivos planeados não tinham sido atingidos e, consequentemente, que a aprendizagem não se tinha efetuado, pelo que optei por promover uma discussão a partir de um exemplo desta ficha, com o intuito de consciencializar os alunos dos seus erros. Através da participação oral, os alunos compararam as atividades económicas do primeiro conjunto e referiram a justificação da exclusão de uma delas e da inclusão das restantes no mesmo setor. Depois, de forma explícita, referi as diferenças entre as atividades económicas de cada setor e os alunos retomaram a resolução da ficha individualmente.

No final do tempo de resolução, recolhi a ficha para verificar novamente as resoluções dos alunos, tendo constatado que as suas dificuldades prevaleciam (fotografias 3 e 4).

Fotografia 1 – Resposta do aluno, que selecionou o motorista como intruso deste

conjunto, considerando ser esta a única profissão pertencente ao setor terciário.

Fotografia 2 – Justificação do aluno, que considera a profissão de guarda-florestal

pertencente ao setor primário.

Fotografia 3 – Justificação do aluno, que considera as profissões de pescador, vendedora, motorista e jornalista pertencentes ao setor secundário.

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Perante a persistência destas dificuldades, no dia seguinte informei individualmente alguns alunos que as suas respostas poderiam ser melhoradas, solicitando-lhes que repensassem na sua resolução. No diálogo que estabeleci, tornou-se percetível que, no caso de alguns alunos, as suas dificuldades não só têm que ver com a correspondência das atividades económicas aos setores, como também com a identificação das ações subjacentes a cada profissão.

Assim, comprovadas estas dificuldades, surge a necessidade de planear uma nova sequência de ensino, com tarefas diversificadas e diferentes das anteriores, que possibilitem a todos os alunos uma nova oportunidade de atingir os objetivos de aprendizagem pretendidos (Lopes & Silva, 2012).

Outro aspeto que pretendo também evidenciar nesta reflexão concerne às dificuldades que senti no momento de planificação, suscitando a necessidade de aprofundar os meus conhecimentos sobre a obra literária de Luísa Dacosta e também sobre estratégias de compreensão do texto.

Nesta intervenção e conforme combinei com a Professora Cooperante, as atividades no âmbito do português centraram-se na abordagem à “História com Recadinho” de Luísa Dacosta. Este conteúdo revelou-se um grande desafio para mim, por um lado, pelo facto de esta ser a minha primeira experiência no que diz respeito à abordagem de uma obra literária com os alunos desta turma, por outro lado, pela própria resistência oferecida por esta narrativa, devido ao vocabulário, à densidade poética e à linguagem estilística que impõe, cujos aspetos poderiam representar um obstáculo para a compreensão do texto pelos alunos, sob prejuízo destes se desmotivarem.

De que forma posso tornar este conteúdo acessível aos meus alunos? Quais as estratégias mais adequadas para abordar este texto literário? Eram interrogações que permanentemente emergiam na minha cabeça, ao longo da elaboração dos planos de atividades. Por esse motivo, senti necessidade de efetuar leituras de várias obras de literatura para a infância de Luísa Dacosta, de análises ensaísticas da obra em questão e também de rever estratégias de ensino-aprendizagem que desenvolvam competências de compreensão de textos.

Além disso, investi na previsão de cada questão colocada aos alunos e de todas as etapas de exploração do livro, tanto ao nível textual, como naquilo que respeita aos elementos paratextuais, os quais, neste livro, assumem um papel preponderante e uma oportunidade excelente para discutir e refletir com os alunos sobre os objetivos da leitura, a definição pessoal do objeto livro, a utilidade dos livros e sua importância.

Esta atividade de reflexão baseou-se na leitura da epígrafe, onde a autora define o que é para ela um livro e ocorreu, em primeira instância, através de uma atividade de escrita individual de um texto orientado pelas seguintes questões: na tua opinião, o que é um livro? Para que serve um livro? Os livores são importantes? Justifica.

Num momento posterior, a partir da seguinte questão apresentada pelo aluno A6: “estas perguntas são apenas relativas aos livros de textos narrativos como este ou são também para outros textos?” iniciou-se a partilha de ideias e à reflexão coletiva. Nesta ocasião, os alunos tiveram a oportunidade de apresentar e justificar as suas opiniões, baseando-se nas respostas que já tinham formulado para as questões enunciadas anteriormente. Na

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minha perspetiva, foi por esta razão que a discussão/reflexão se tornou tão estruturada e baseada fundamentalmente nas opiniões dos diferentes alunos, que ocuparam um papel ativo e construtivo na discussão. Posto isto, verifiquei que todos os alunos conseguiram dar o seu contributo, mesmo os mais inseguros, uma vez que se tinham antecipadamente preparado, através dos textos escritos para esta reflexão.

Este foi o momento que mais me surpreendeu, uma vez que pude conhecer a consciência dos alunos sobre a importância e as utilidades dos livros, que justificaram a sua opinião enunciando as possibilidades criativas, imaginativas e construtivas de vários tipos de conhecimentos que os livros nos oferecem (quadro 1).

Quadro 1 – Registo das respostas dos alunos à reflexão escrita sobre os livros, as suas utilidades e a sua importância.

Pergunta: a) Na tua opinião, o que é um livro?

aluno A4 “Na minha opinião um livro é um caderno cheio de imaginação” aluno A6 “Na minha opinião um livro é um sonho escrito”

aluno A9 “Um livro é o mundo do «nada é impossível» nas páginas há fantasia sem acabar, quando os abrimos é como se fosse um sonho e quando fechamos isso tudo acaba”

aluno A13 “Na minha opinião um livro é uma história com frases, que contam histórias que os autores nos querem transmitir e sonhamos com os livros”

Pergunta: b) Para que serve um livro?

aluno A2 “Um livro serve para cada vez aprendermos mais sobre tudo” aluno A4 “Um livro serve para soltarmos a imaginação”

aluno A13 “Um livro serve para ler e com ele podemos aprender palavras e a escrever tipos de texto”

Pergunta: c) Os livros são importantes? Justifica.

aluno A2 “(…) em livros encontram-se coisas do passado da família das pessoas.” aluno A6 “Os livros são importantes porque fazem a imaginação mais fértil (…)”

aluno A8 “Os livros são importantes porque nós falamos sobre o autor e falamos sobre o livro”

aluno A11 “Os livros são importantes porque nos ajudam a sonhar e a compreender as nossas dificuldades.

Após a atuação considero que alteraria os meus planos, uma vez que algumas estratégias que adotei comprometeram o envolvimento dos alunos na atividade, a fluência das atividades e também compreensão dos conteúdos. Mais concretamente, a atividade de exploração dos elementos paratextuais do livro, em vez de efetuar somente o questionamento oral, poderia ter proposto aos alunos fazerem um registo escrito das suas respostas, de forma a motivá-los e a envolvê-los em atividades de identificação, de caracterização e de diálogo sobre estes conteúdos.

Além disso, na atividade no âmbito do estudo do meio, embora apresentasse questões bem definidas para a exploração do vídeo, o tempo seria rentabilizado de forma mais eficaz, se tivesse distribuído uma tira de papel com esse questionário, em vez de projetar as perguntas para os alunos copiarem para o caderno. Também nessa atividade, foi evidente, pelas evidências que apresentei anteriormente, que o recurso escolhido e a respetiva estratégia de ensino não promoveram aprendizagens. Por esse motivo, na próxima planificação irei estruturar uma atividade que permita uma abordagem mais concreta dos conteúdos e com mais significado para os alunos.

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Ao longo desta intervenção recolhi informações sobre as aprendizagens realizadas pelos alunos que me indicaram, não só as suas possíveis dificuldades, como também me encaminharam para uma análise sobre as práticas de ensino que adotei. Por consequência, à medida que atuava e operacionalizava o meu plano, senti a necessidade de fazer abrandamentos, recuos, adaptações e de tomar decisões, sujeitando o meu plano a modificações e a adaptações, comprovando, desta forma, o caráter dinâmico e flexível deste instrumento de trabalho do professor.

Referências bibliográficas:

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