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1.ª reflexão – contexto de 4.º ano de escolaridade

Capítulo III – Apresentação e discussão de resultados

Apêndice 2 1.ª reflexão – contexto de 4.º ano de escolaridade

Reflexão: refletindo sobre as expectativas e sobre os primeiros contactos com o novo contexto educativo

O início deste segundo semestre do Mestrado em Ensino do 1.º e do 2.º CEB conduz ao recomeço da Prática Pedagógica, a qual pretende proporcionar a vivência de experiências em contextos diversificados e desenvolver atitudes e competências subjacentes ao exercício da função docente (Guião da Prática Pedagógica II, 2015). Esta Prática Pedagógica II realizar-se-á, ainda no contexto de 1.º CEB, contudo, desta vez o grupo de alunos frequenta o último ano deste ciclo de ensino – o 4.º ano de escolaridade – sendo este aspeto, desde já, o primeiro traço distintivo da Prática Pedagógica I e, consequentemente, do desafio que me é proposto. Além disso, esta Prática será realizada numa escola diferente, noutra localidade e pertencente a outro agrupamento, pelo que espero encontrar um contexto diferente do anterior, tanto ao nível das instalações, como ao nível das normas de funcionamento, como também ao nível das características da comunidade escolar e das particularidades dos alunos.

Inevitavelmente, o início de uma nova fase e as exigências que dela advêm provocaram algumas expectativas, não só, relativamente à minha receção por parte dos alunos e da Professora Cooperante, mas também no que respeita ao meu desempenho na seleção de estratégias e de tarefas adequadas à diversidade, aos requisitos e às características do grupo.

Como também não podia deixar de sentir alguma ansiedade, face à minha posição individual na Prática, tornando-me desprovida de um recetor para planear, discutir, refletir e avaliar a minha atuação. Por outro lado, esta situação de individualidade também se figura como uma expectativa, uma vez que me possibilita a observação direta de várias aulas lecionadas pela Professora Cooperante, à medida que vou efetuando as minhas intervenções, tendo a oportunidade de observar as estratégias de uma professora experiente e de contactar com os gestos didáticos que orientam a sua ação educativa. Dito por outras palavras, beneficio da posição de espectadora dos seus movimentos pedagógicos e da experimentação das minhas próprias estratégias, enriquecendo o meu processo de formação profissional, através da observação, da investigação e da ação.

Quando tomei conhecimento da instituição escolar e da turma que me iria acolher, também senti alguma ansiedade, uma vez que soube, desde logo, que a turma era constituída por algumas crianças com necessidades específicas, umas por possuírem limitações significativas ao nível da aprendizagem (encontrando-se referenciadas com Necessidades Educativas Especiais Permanentes), outras por serem oriundas de diferentes contextos culturais e sociais. Posto isto, tenciono colaborar para a inclusão de todos os alunos, perspetivando a minha atuação de modo a responder às necessidades educativas de cada um. Cada vez mais, esta realidade de heterogeneidade é uma constante na Educação,

a diversidade dentro das salas de aula deixou de ser uma questão de política, valores ou de referências pessoais. É um facto! Um dos mais importantes desafios que enfrentará enquanto professor, é o de compreender a diversidade dentro do grupo de alunos e perceber como estes aprendem (Arends, 2008, p. 41).

Assim, espero que desta experiência pedagógica resultem muitas estratégias, que me permitam perceber como promover aprendizagens junto de um grupo de alunos com características linguísticas, culturais ou religiosas diversificadas.

Importa enfatizar a importância destas semanas de observação, que contribuíram para que adquirisse um conhecimento pormenorizado sobre o ambiente educativo, o meio envolvente e também sobre as características específicas dos alunos, com o objetivo de desenvolver uma intervenção fundamentada e

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adequada às especificidades e à diversidade do público-alvo. De acordo com Estrela (1994, p. 26), “o professor, para poder intervir no real de modo fundamentado, terá de saber observar e problematizar (…). Intervir e avaliar serão acções consequentes das etapas precedentes”. Arends (2008, p. 43) acrescenta ainda que “ao mesmo tempo, os professores devem esforçar-se por obter uma boa base de conhecimentos, o que na realidade acontece às crianças com necessidades especiais e àquelas oriundas de diferentes culturas, quando frequentam a escola, assim como os melhores métodos para trabalhar com essas mesmas crianças e jovens”.

Segundo Estrela (1994), a observação desempenha um papel fulcral em toda a metodologia experimental, pelo que deverá ser a primeira e necessária etapa de uma intervenção pedagógica fundamentada. Deste modo, durante as primeiras três semanas, envolvi-me num processo de observação e de recolha de dados, que me permitiu construir uma “base de conhecimento” sobre o contexto onde intervirei. Para tal, realizei observação direta acompanhada de alguns relatos verbais da Professora Cooperante e da análise de alguma documentação dos processos individuais dos alunos, utilizando como instrumentos de registo algumas grelhas de observação e fichas estruturadas com os elementos de caracterização. A utilização destas estratégias permitiram-me levar a cabo uma observação metódica e rigorosa, fundada naquilo que Estrela (1994, p. 29) define como “a delimitação do campo de observação” e “a definição de unidades de observação”.

Antes de finalizar a reflexão, pretendo ainda considerar algumas experiências que se destacaram positivamente e me motivaram para integrar este novo contexto educativo. A minha receção na escola foi surpreendente e agradável! À entrada no recinto da escola, um aluno abordou-me para saber se era eu a nova estagiária da sua sala. Mais ainda, no primeiro contacto com a Professora Cooperante senti-me segura e amparada pela recetividade expressa nas suas palavras: “vamos trabalhar em equipa!”. E, por fim, à entrada na sala, vários alunos dirigiram-se para saberem o meu nome.

Além destes episódios, também me senti entusiasmada por observar que esta turma é diferente da outra onde realizei a Prática Pedagógica I, sendo este grupo de alunos mais reduzido e mais consciencializado sobre o respeito pelas regras e sobre seu comportamento dentro da sala de aula. Para além disso, sinto-me desafiada, por ter pela frente uma turma de quarto ano de escolaridade, que se prepara para progredir para um novo ciclo de ensino, na qual coexistem alunos com muitas capacidades e alunos com muitas dificuldades de aprendizagem, que ainda assim, se encontram perfeitamente integrados na turma.

Referências bibliográficas:

Arends, R. (2008). Aprender a Ensinar (7.ª ed.). Aravaca (Madrid): McGraw-Hill.

Estrela, A. (1994). Teoria e Prática de Observação de Classes – Uma estratégia de formação de professores. (4.ª ed.) Porto: Porto Editora.

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