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Reflexão 2.ª quinzena – História e Geografia de Portugal

Capítulo III – Apresentação e discussão de resultados

Apêndice 18 Reflexão 2.ª quinzena – História e Geografia de Portugal

Na primeira quinzena de intervenção, identifiquei algumas dificuldades que certamente eram provocadas pela inexperiência neste contexto educativo. Todavia, com o decorrer do tempo, o conhecimento adquirido pela própria prática e o desenvolvimento de destrezas de gestão de sala de aula têm consequências diretas na superação dessas dificuldades. Assim, nesta segunda quinzena de intervenção, registei alguns progressos ao nível da gestão da participação dos alunos, da gestão do tempo e da estrutura da aula. Contudo, reconheço que existem aspetos relacionados com o meu próprio desempenho, enquanto professora, que devo repensar, mais concretamente, no que concerne à adequação do meu discurso em sala de aula, visto que este fator interfere diretamente nas aprendizagens dos alunos. Posto isto e tal como se pretende numa reflexão de caráter pessoal e formativo, esta reflexão tem como ponto de partida o meu olhar sobre a minha própria ação, integrando também o parecer resultante da reflexão com a professora supervisora.

O processo de planificação das atividades para esta quinzena exigiu, da minha parte, muito investimento ao nível do aprofundamento do meu conhecimento científico sobre os conteúdos. Mas também ao nível da organização e planificação de uma sequência de ensino que possibilitasse aos alunos construírem conhecimentos de forma estruturada. Nesse sentido, as estratégias adotadas para a abordagem aos conteúdos e os recursos construídos revelaram-se adequados para cumprir as metas de aprendizagem que se pretendiam atingir. Ainda assim, após toda esta preparação científica e metodológica existem aspetos mais relacionados com a própria intervenção, nos quais, revelo algumas dificuldades. Estas dificuldades evidenciam-se no domínio da interação discursiva em sala de aula, nomeadamente, aquando da explicação dos conteúdos e do questionamento oral que dirijo aos alunos.

Dentro da sala de aula, o professor assume diversas funções, entre as quais o papel de modelo para os seus alunos. À medida que se movimenta pela sala e que estabelece interações verbais e não-verbais com a turma, o professor está permanentemente a ser observado pelos seus alunos que se assumem como sujeitos permeáveis à aquisição de comportamentos e de vocabulário utilizado pelo professor. Por esta razão, o professor deverá ter especial cuidado com a sua postura corporal e, neste caso, com a correção do seu discurso. Embora o discurso tenha de estar adequado à faixa etária do público para quem se dirige, para que os alunos obtenham a total compreensão do que o professor explica. O docente deve primar por ser rigoroso no emprego de cada vocábulo e por adotar um discurso formal e normalizado ao contexto de sala de aula. Pois, só desta forma, estará a ajudar os seus alunos a tornarem-se bons falantes da língua materna, no sentido de também serem claros e rigorosos no vocabulário que utilizam.

Ainda a respeito do discurso que o professor utiliza em sala de aula, Arends (2008) acrescenta que a clareza do professor influencia a aprendizagem dos alunos. Através dos vários estudos que apresenta, este autor comprova que a clareza de uma exposição feita pelo professor é um fator muito importante para a aprendizagens dos alunos.

Este breve enquadramento justifica a necessidade de melhorar as interações verbais que estabeleço em sala de aula com os alunos, designadamente, a correção científica do meu discurso e a forma como questiono os alunos. Relativamente à correção científica do discurso, em futuras intervenções deverei cuidar do rigor no vocabulário utilizado, pelas razões que anteriormente apresentei. No que diz respeito à forma como questiono os alunos, deverei prestar especial atenção à formulação das perguntas, evitando a ambiguidade e a imprecisão. A preparação prévia das perguntas é uma estratégia que devo continuar a pôr em prática, uma vez que formular as perguntas atempadamente, permite não só prever possibilidades de resposta, como também confirmar se a pergunta é adequada aos objetivos pretendidos. Ainda neste domínio do questionamento aos alunos, importa sublinhar que quando pretendo questionar um aluno em particular, devo evitar dirigir-lhe a pergunta antes de esta ser enunciada para toda a turma, para assegurar que todos os alunos estão atentos ao questionamento oral.

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A planificação do tempo é, sem dúvida, um elemento essencial da preparação de uma intervenção. Conseguir prever adequadamente o tempo para a realização de cada atividade, definir estratégias para rentabilizar o tempo ao longo da aula ou enquadrar os diferentes ritmos de trabalho dos alunos no tempo disponível para cada tarefa são algumas das competências que contribuem para uma gestão de aula mais eficaz. Embora reconheça que ainda não sou capaz de colocar em prática de forma plena todas estas competências. Já consigo, contudo, fazer um plano quinzenal mais estável, isto é, sem precisar de ser reformulado diariamente. Este progresso pode deve-se não só ao facto de conseguir antecipar com mais rigor o tempo previsto para cada atividade, como também se deve à própria gestão do tempo disponível no decorrer da própria aula.

Outro contributo para este progresso ao nível da gestão do tempo é a utilização de recursos que permitem rentabilizar o tempo, nomeadamente, a projeção do sumário e das respostas-modelo para a correção das atividades de trabalho de casa. Na tentativa de diminuir o tempo gasto com o registo do sumário da aula anterior, optei por adotar a estratégia de projeção do sumário da aula. Já a projeção da correção do trabalho de casa resultou de uma aprendizagem realizada a partir da observação da atuação minha colega. O recurso à projeção do trabalho de casa não inviabiliza a participação oral dos alunos e, por outro lado, torna-se uma estratégia de diferenciação pedagógica, porque alguns alunos necessitam de um registo escrito para conseguirem corrigir a sua resposta. Para além deste contributo, de um modo geral, o recurso à projeção permite rentabilizar o tempo que o professor está a escrever no quadro, podendo, em vez de estar “preso ao quadro”, circular pelos vários espaços da sala e verificar os registos que os alunos fazem. Mais ainda, a projeção evita que o professor deixe de ter contacto visual com a turma enquanto faz os registos no quadro.

As participações orais dos alunos constituem também um importante aspeto que o professor tem de gerir. Para que se estabeleça comunicação em sala de aula, de forma efetivamente produtiva, “é indispensável que o professor crie na aula um clima favorável ao estabelecimento do diálogo” (Proença, 1989, p. 124). Segundo Arends (2008), a criação desse clima favorável requer várias estratégias. Por um lado, o professor tem de estabelecer normas que orientem os alunos sobre quando e como podem intervir oralmente. Por outro lado, as oportunidades de participação oral têm de ser alargadas a todos os alunos. Posto isto, ao longo desta quinzena, reconheço que promovi uma participação organizada, adotando a estratégia de direcionar as intervenções, orientando os alunos para respeitarem a regra de só participarem ou questionarem quando eu lhes desse autorização para falar. Além disso, preocupei-me em distribuir a participação por todos os alunos, dirigindo as questões ou chamando a intervenção dos alunos que não participam voluntariamente. Para além disso, procurei promover o interesse dos alunos e integrar os seus conhecimentos prévios nos conteúdos abordados, propondo tarefas como a análise de documentos a partir daquilo que já conhecem ou encorajando os alunos a responderem às perguntas uns dos outros.

A gestão eficaz da aula também envolve a forma como o professor estrutura a aula. Este aspeto também se revelou um progresso na minha intervenção, uma vez que através da gestão mais eficaz do tempo e da adoção de estratégias como a projeção, promovi um início da aula menos instável e suscitador de comportamentos inadequados. Ao longo da aula, os momentos de transição entre as atividades são naturalmente períodos de maior agitação, contudo optei por explicar aos alunos os passos a seguir, como por exemplo, indicando os materiais que podiam guardar e aqueles que iriam utilizar na atividade seguinte. Desta forma, auxiliei os alunos a dirigirem a sua atenção para aquilo em que se deviam concentrar verdadeiramente. Além disso, planifiquei as atividades de modo que os alunos tenham tempo para fazer os seus registos no caderno, estabelecendo um tempo para esses registos, o que contribuiu também para uma eficaz gestão do tempo. Defini, ainda, um momento antes do encerramento da aula, destinado para os registos de trabalho de casa.

Concluindo, estes são alguns dos principais progressos registados ao nível da ação pedagógica, os quais serão considerados nas próximas intervenções, com vista a manter o sucesso da aprendizagem dos alunos. As

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dificuldades enunciadas constituem, por um lado, uma tomada de consciência para melhorar a minha atuação e, por outro lado, “dão-me pistas” para orientar a minha ação pedagógica na próxima quinzena, de forma a progredir na minha aprendizagem e nas estratégias adotadas, com vista à melhoria do processo de ensino- aprendizagem dos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Arends, R. (2008). Aprender a ensinar (7.ª ed.). Aravaca (Madrid): McGraw-Hill.

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