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CAPÍTULO II METODOLOGIA

2.1 Área de Estudo

A delimitação da área de campo ocorreu através de um recorte espacial no estuário do rio Vaza-Barris, do qual se optou, como representante para o estudo, uma comunidade de cada um dos três municípios que banham o estuário. A escolha se deu mediante a produção bibliográfica, aspectos históricos dessas comunidades não-urbanas, que detinham fortes laços culturais e tem na pesca a principal fonte de renda (EMBRAPA, 2007).

O rio Vaza-Barris nasce na região nordeste da Bahia, nasce no município de Uauá, fazendo limite com o rio São Francisco (norte e oeste) e o rio Itapicuru (sul). Sua extensão total é em torno de 16.787,47 kMc dos quais apenas 3.100 kMc estão presente em território sergipano. Seu baixo curso abriga uma área de 115 kMc e abrange os municípios de Aracaju, Itaporanga D’Ajuda e São Cristóvão (FONTES et al, 2010). O rio Vaza-Barris atravessa o estado e deságua no Oceano Atlântico, formando um amplo estuário, próximo ao povoado Mosqueiro, separando os municípios de Aracaju e Itaporanga D’Ajuda (SANTOS; ANDRADE, 1998).

Seu sistema estuarino possui cerca de 20 km de extensão, sendo alimentado por dois afluentes, pela margem direita o rio Tejupeba e os riachos Água Boa e Peru e pela margem esquerda o rio Santa Maria (CRA, 2010). Parte de sua área passou a integrar a APA Litoral Sul, Unidade de Conservação criada através do Decreto n°13.468 de 22 de janeiro de 1993, que define a estrutura de ocupação da área compreendida entre a foz do rio Vaza-Barris e a desembocadura do Rio Real, com aproximadamente 55,5 km de costa e largura variável de 10 a 12 km, do litoral para o interior.

O estuário do rio Vaza-Barris abriga várias ilhas que predispõem a formação de mangues (ADEMA, 1984), duas destas ilhas, a Ilha da Paz e a Ilha do Paraíso, são consideradas área de preservação permanente de acordo com a Lei n° 2.975 de 30 de março de 1990, do Estado de Sergipe. Porém Alcântara (2000) afirma que a Ilha da Paz foi erodida por processos naturais e a Ilha do Paraíso foi incorporada ao continente. Outras ilhas mais antigas como a Ilha do Novo Mundo passou a fazer parte do continente, não sendo possível mais identificá-las.

O estuário do rio Vaza-Barris é subdividido em: a) inferior: marcante pela influência marinha com o vale bastante amplo, ocupando toda a seção estuarina. A hidrodinâmica somada à ação de ondas e das correntes litorâneas e de maré inibe o desenvolvimento dos

manguezais, acarretando mobilização dos bancos arenosos (FONTES et al, 2010). b) superior: região bastante assoreada devido ao aumento dos processos deposicionais. A passagem de um regime fluvial para uma zona de maré dinâmica e de salinidade provoca modificações importantes nas condições hidrodinâmicas que vão influenciar na dinâmica sedimentar. c) mediana e superior: os canais fluviais ficam mais estreitos e rasos, adquirindo formas mais estabilizadas em resposta ao maior preenchimento sedimentar típico do padrão tidal.

O estuário do rio Vaza-Barris em território sergipado é dividido em três partes que se distinguem pelo componente climático que influenciam fortemente a questão hídrica, entre eles temos os municípios que tem mais de 75% de seu território no Polígono das Secas e não recebem influência estuarina formando o alto curso do rio (Carira, Frei Paulo, Pedra Mole, Pinhão, Simão Dias e Macambira). Os municípios com menos de 75% de seu território no Polígono da Seca e que também não recebem influência do estuário fazem parte do médio curso (Lagarto, São Domingos, Itabaiana, Campo do Brito e Areia Branca) e os municípios que estão fora do Polígono e que recebem influência do estuário estão inseridos no baixo curso do rio, formando pelos municípios de Aracaju, Itaporanga d’Ajuda e São Cristóvão.

Portanto, a presente pesquisa foi realizada em três comunidades no litoral sul do estado de Sergipe: o Povoado Pedreiras, no município de São Cristóvão; o Povoado da Ilha Mem de Sá, no município de Itaporanga D’ Ajuda e do Povoado Mosqueiro, no município de Aracaju. Todos estes estão inseridos no litoral de Sergipe e fazem parte do estuário do rio Vaza-Barris (Figura 2.1).

Parte dessa área está inserida na Unidade de Conservação – UC através da APA do Litoral Sul (Decreto n° 13. 468 de 22 de janeiro de 1993) questão sob gestão do Governo do Estado de Sergipe e esta, define a estrutura de ocupação da área compreendida entre a foz do Rio Vaza Barris e a desembocadura do Rio Real, com cerca de 56 km de costa e largura variável de 10 a 12 km, do litoral para o interior. Abrange os municípios de Itaporanga d’Ajuda, Estância, Santa Luzia do Itanhy e Indiaroba. Inserem-se nesta APA as praias Caueira, Abais e Saco, com áreas de restingas arbustivo-arbóreas, dunas, manguezais, lagoas perenes e enclaves de Mata Atlântica (SEMARH).

Figura 2.1 - Ilustração dos três povoados propostos para realização da pesquisa (Fonte: GoogleEarth).

O interesse por este ambiente surgiu a partir de um pesquisa anterior realizada por este autor (FOPPEL; FERRARI, 2010) no período de 2005 e 2009, cujo foco era à presença de um único exemplar da espécie de peixe-boi marinho (Trichechus manatus) que reside entre os estuários do rio Vaza-Barris e o Complexo Real/Piauí desde 1998, quando migrou de sua área de reintrodução no litoral norte de Alagoas, permanecendo até os dias atuais no litoral sul de Sergipe. A pesquisa de mestrado (FOPPEL, 2010) buscou determinar que atributos ecológicos fossem favoráveis para a permanência do peixe-boi numa região em que historicamente é considerado extinto (LIMA, 1997; LUNA, 2013). Sendo assim, o autor já realizou pesquisa participativa com residentes no estuário que obtém dos recursos ecológicos da região sua principal fonte de subsistência.