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Área 2 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.2. Área 2 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade

Segundo as Normas Orientadoras do EP12, a Participação na Escola e Relação com a Comunidade “engloba todas as atividades não letivas

realizadas pelo estudante estagiário, tendo em vista a sua integração na comunidade escolar e que, simultaneamente, contribuam para um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um melhor conhecimento das condições locais da relação educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio” (p.6). Esta área apresenta como principal objetivo “Contribuir para a promoção do sucesso educativo, no reforço do papel do professor de EF na escola e na comunidade local, bem como da disciplina de EF, através de uma intervenção contextualizada, cooperativa, responsável e inovadora.” (p.6).

Neste sentido, o estudante-estagiário, deve procurar integrar-se na escola, junto do corpo docente e não docente, no sentido de perceber o importante papel do professor na escola para o sucesso educativo. Segundo Brunet (1992)

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Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP, 2013-2014. Porto: Faculdade de Desporto. Matos, Z.

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o sucesso escolar é favorecido pelas boas relações residentes entre os diferentes atores escolares (professores, alunos, diretores, funcionários). Neste sentido e segundo o mesmo autor, “São os atores no interior de um sistema

que fazem da organização aquilo que ela é.” (1992, p.125).

Esta integração do professor na comunidade escolar potencia a sua atividade, pois cria uma ligação com todos os membros pertencentes à mesma, não se ficando apenas pelos laços criados com a turma residente, com o professor cooperante e com o NE.

A primeira fase da minha integração junto da comunidade escolar surgiu no momento em que fomos apresentados aos professores que integram o grupo de EF. Desde cedo, percebi que se tratava de um grupo acolhedor, disponível para nos ajudar e ansiosos por um sinal de evolução da nossa parte. Sentir este conforto e apoio foi muito importante neste início de atividade na escola. Estava a chegar a um ambiente novo, reticente com a aventura que me esperava e o facto de aquelas pessoas se mostrarem disponíveis para ajudar, fez com que me sentisse realmente à vontade. Esta atitude simpática que marcou a nossa chegada manteve-se ao longo do ano, ocorrendo reflexos no acréscimo de confiança nos encontros informais no bar ou na sala dos professores. Uma vez que passávamos muitas horas na escola, também foi rápida a integração junto dos funcionários e restantes professores. Inicialmente, éramos as estagiárias da FADEUP e, a dada altura, já éramos tratadas pelos nossos nomes próprios. As pessoas começavam a conhecer- nos e a fazer-nos sentir, cada vez mais, profissionais importantes na escola.

No 1º período, a experiência a destacar relativamente à minha participação na escola e que se estendeu ao longo do ano, foi a minha integração no desporto escolar de voleibol. Inicialmente, era minha vontade integrar também o desporto escolar de natação, mas não foi possível devido à incompatibilidade de horários. Ainda assim, estive presente numa das provas deste grupo que se realizou próximo da escola e senti que realmente foi uma grande perda não ter assumido uma presença regular nesta equipa. Na verdade, era frequente falar com a professora responsável pelo desporto

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escolar de natação acerca de competições, porque sentia sempre curiosidade em saber como tinham corrido os treinos e os resultados das provas. Relativamente ao desporto escolar de voleibol, foi uma experiência fantástica. Talvez por ter alguma experiência nesta área de treino, senti-me confortável e segura no momento de trabalhar com estas atletas. Na verdade, o contacto com o desporto escolar desta escola foi uma descoberta incrível e que foi além do expectável. Aqui, as alunas funcionam como verdadeiras atletas e o grupo atua como uma equipa. Embora pensasse que por ser treinadora já não tinha muito a aprender nesta experiência (reflexão do desporto escolar de voleibol da semana 11), este grupo revelou-se uma surpresa que enriqueceu a minha aprendizagem, uma vez que queriam realmente aproximar o desporto escolar a um contexto de treino.

“Se, no princípio, pensava que o desporto escolar não me ia trazer grandes conquistas uma vez que já dou treinos num clube de voleibol, percebi que estava muito enganada. Da mesma forma que aprendo com todos os meus atletas, estas alunas também se estão a tornar parte fundamental do meu crescimento enquanto professora mas acima de tudo enquanto treinadora pois o desporto escolar já aparece sobretudo num contexto de treino” (Reflexão do

desporto escolar de voleibol – semana 11)

Esta disponibilidade e empenho notava-se pelo facto de muitas das atletas serem de longe e não terem a oportunidade de treinar a nível federado, o que as motivava a superarem-se no desporto escolar treino após treino.

O facto de existirem algumas atletas federadas a representar a escola nesta modalidade e, tanto eu como o professor responsável sermos treinadores de voleibol, também ajudou a criar este ambiente de equipa. Os treinos decorriam normalmente em conjunto, embora os exercícios fossem maioritariamente propostos pelo professor responsável. Isto significa que, embora o professor responsável me dissesse antes do treino os exercícios a executar pela equipa, no momento do treino, tal como ele, podia intervir junto da equipa. O meu papel singrava, maioritariamente, nas correções e nos

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outra oportunidade para gerir o treino sozinha o que potenciou algumas das minhas capacidades, especialmente, ao nível da distinção de treino federado e treino de desporto escolar. É importante referir que aquelas meninas que se apresentam à nossa frente, são mais do que alunas, pois existe uma ligação diferente entre nós treinadores e elas enquanto atletas do desporto escolar, mas também não as podemos tratar com a mesma exigência e tom autoritário que, por vezes, utilizamos no treino num clube fora da escola. Na verdade, temos de encontrar um equilíbrio que nos permita estabelecer esta ligação.

No 2º período, a atividade mais marcante e que foi organizada pelo nosso NE, em conjunto com o grupo de EF e com a colaboração do professor responsável pelo desporto escolar de dança da escola, foi o 3º encontro de Atividades Rítmicas e Expressivas. Este encontro exigiu uma organização meticulosa da nossa parte, pois era uma fase regional do campeonato nacional do desporto escolar de dança e contava com a participação de várias escolas e alunos. Aqui, estava em questão o bom nome da nossa escola e tudo tínhamos de fazer para que esse se mantivesse. Assim, a semana anterior ao evento foi um período frenético, que nos obrigou a estar ainda mais horas na escola, mas que acabou por valer a pena. Não só pelo espetáculo em si, mas pela grandiosidade do evento e da nossa experiência:

“A nossa semana foi inteiramente dedicada à organização deste encontro de desporto escolar. É um encontro que concentra muitas pessoas na nossa escola e que tem bastante visibilidade a nível regional. Embora tenhamos pensado em tudo com a devida antecedência, a quinta e sexta-feira foram dias loucos. Na quinta-feira à tarde e na sexta-feira de manhã tratamos da maior parte dos papéis e impressões e, na sexta-feira à tarde foi hora de montar tudo. Contamos com o apoio de alguns alunos do 11º ano do Curso Profissional de Desporto e essa ajuda foi crucial.” (Reflexão da semana 23)

Embora no final fossemos parabenizadas por todos, pelo desempenho nesta organização, nem sempre tudo correu bem. Entre nós existiram divergências normais provenientes de um trabalho em grupo, que iam sendo

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resolvidas nos momentos em que aconteciam. A verdade é que não podíamos deixar que alguns desacordos colocassem em causa aquilo para o qual andávamos há tanto tempo a trabalhar. Contudo, esses não foram, de todo, os principais problemas. No próprio dia também fomos surpreendidas:

“Tínhamos tudo planeado, a maior parte dos ajudantes já estava na escola quando o primeiro problema aconteceu. A funcionária da escola, acabou por só vir abrir a escola às oito o que nos tirou alguma margem de manobra. Apressamo-nos a montar as coisas que faltavam e que não podiam estar feitas no dia anterior e, quando demos por ela, já estavam escolas a chegar. Tudo o que tínhamos planeado como os guias para cada equipa foi por “água abaixo” pois alguns guias estavam atrasados e eram precisamente das escolas que chegaram primeiro!” (Reflexão da semana 23)

Estes contratempos uniram ainda mais o grupo, pois tínhamos de tomar decisões rápidas e acertadas. Estes acontecimentos, não só contribuíram para um desenvolvimento da capacidade de cooperação, como também para a nossa capacidade de improviso e resolução de problemas. Se pararmos para pensar, a verdade é que isto também acontece nas nossas aulas. Muitas vezes, preparamos uma aula e quando damos por nós temos de a restruturar de modo a não prejudicar a aprendizagem dos nossos alunos. Sinto que, o facto de termos que resolver os problemas de um evento desta grandeza, deu- nos alguma destreza para resolvermos problemas que nos foram surgindo durante o restante tempo de estágio, com a calma e segurança que até ao momento não possuíamos.

Esta foi uma experiência com toda a comunidade escolar e não apenas com a turma residente, tendo proporcionado momentos de grande aprendizagem, tanto a nível pessoal como a nível profissional. A verdade é que para além das aprendizagens acima referidas, o facto de termos outras turmas que não as nossas a colaborar, permitiu-nos conhecer outros alunos e melhorar a nossa integração junto da comunidade escolar:

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“Para esta organização e para as coisas também correrem assim foi imprescindível a colaboração de alguns alunos do 11º e 12º ano do Profissional de Desporto, da turma de uma das estagiárias e do 12º ano de Técnico de Recepção. O empenho destes alunos foi fundamental para nós não termos de no próprio dia andar a colmatar falhas humanas.” (Reflexão da semana 23)

No final do encontro a nossa escola arrecadou um primeiro e um segundo lugar no nível avançado, o que acabou por ser como “ouro sobre

azul”, ou seja, a recompensa do nosso trabalho.

No 3º período destaco como um dos momentos altos da participação na escola, a colaboração na organização da “Escola da Minha Vida”. Este é um evento organizado pela Câmara Municipal, que se dedica a distinguir os melhores alunos em áreas como o desporto, a escrita, a pintura e a escultura. Neste evento, todas as escolas do concelho apresentam uma pequena coreografia de dança/ginástica nos intervalos das entregas de prémios. Este ano, a nossa escola participou com uma coreografia que juntava mais de 250 alunos. Para mim, esta participação foi algo que me enalteceu enquanto pessoa e profissional, pois sempre quis perceber o outro lado do projeto, uma vez que apenas tinha participado como aluna em anos anteriores. Passar agora para o outro papel, permitiu-me perceber a importância que o professor de EF tem nestes momentos, porque por nós passam os ensaios, o guarda- roupa, a organização dos alunos, entre outras tarefas. Além disto, este não é um trabalho feito em dois ou três dias. É um trabalho de algumas semanas que exige um desdobramento do professor, pois tem de se repartir entre ensaios, aulas e componentes não letivas que constituem o seu horário. Nestes momentos, percebemos claramente que o trabalho do professor não se resume apenas às horas estipuladas no seu horário. O professor acaba por dispensar horas da sua vida pessoal em prol dos alunos, para que tenham as melhores experiências possíveis.

Ainda neste 3º período, mesmo não fazendo parte da organização da Gala de Desporto Escolar, estive presente na escola nos dias em que foi necessário preparar a atividade. Este é um evento interno cujo objetivo é

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destacar os grupos/equipa de desporto escolar pelos feitos regionais, nacionais e internacionais que alcançaram. A verdade é que exige a colaboração de todos aqueles que estiverem disponíveis para ajudar. A minha principal função acabou por ser cortar um rolo de 120 metros para fazer cortinas e panos necessários à decoração do pavilhão. Valeu a pena olhar para o gimnodesportivo no dia da gala e perceber que todo aquele trabalho tivera um resultado brilhante.

Estive presente na gala com o meu NE, com a minha professora cooperante, com o grupo de estágio do Instituto Superior da Maia e a sua professora cooperante numa só mesa. Estávamos de frente para o palco para aplaudirmos aqueles que fantasticamente representaram a nossa escola. Subi ao palco com a minha equipa de desporto escolar, mas penso que todos os alunos/atletas acabaram por ter uma recompensa merecida por todo o esforço. Esta foi uma atividade que não me ocupou tanto tempo quanto as anteriores, mas que fiz questão de estar presente em todos os tempos livres que tinha durante essa semana. Esta vivência ajudou-me mais uma vez a perceber a dinâmica de uma escola, no que diz respeito à organização de eventos, que não fazem parte da componente letiva do professor. A verdade é que foi nestes momentos que tive oportunidade de conviver com outros alunos que não os meus e com outros funcionários que não os do bar ou os do pavilhão. Aliás, foram estes momentos, e todo o trabalho de organizações que me trouxeram experiências e aprendizagens que por si só o processo de lecionação não traz. O processo de lecionação remete-nos apenas para o convívio com a professora cooperante, o NE e a turma residente. Contudo, considerei fundamental o convívio e a ligação que estabeleci com outros professores da escola, outros alunos e restantes funcionários, pela partilha de vivências, de experiências, pelos conselhos e pelas histórias que iam além da escola. Estes agentes, que foram aparecendo ao longo do ano letivo, trouxeram-me novas visões e fizeram-me muitas vezes esquecer a pressão que senti ao longo deste ano, relativamente ao EP. Estes agentes ajudaram- me a crescer enquanto profissional, e a compreender que o trabalho de equipa e as boas relações são deveras importantes numa organização.

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Como conclusão deste ponto, resta-me acrescentar que me sinto realizada por toda a participação na comunidade escolar. Envolvi-me nas atividades que me foram possíveis desenvolver, ajudei sempre, mesmo não fazendo parte da organização, e desenvolvi competências que me podem ajudar num futuro pessoal e profissional. No final, senti-me sempre uma parte integrante do desenvolvimento dos alunos. Senti que, de certa forma, deixei mais uma vez a minha marca nesta escola. Esta era também uma das minhas metas no EP e sinto que a conclui com sucesso.

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