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Machado estabelece o conceito de área de preservação permanente:

Área de preservação é a área protegida nos termos dos artigos 2º e 3º do Código Florestal, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações

humanas.44

Assim, no entanto, o doutrinador supramencionado constata:

A vegetação, nativa ou não, e a própria área são objeto de preservação não só por si mesmas, mas pelas suas funções protetoras das águas, do solo, da biodiversidade (aí compreendido o fluxo gênico da fauna e da flora), da paisagem e do bem-estar humano. A área de preservação permanente – APP não é um favor da lei, é um ato de inteligência social, e é de fácil adaptação às condições ambientais.45

Entretanto, existem dois grandes grupos das áreas de preservação permanentes, aquelas elencadas do artigo 2º e no artigo 3º, ambas do Código Florestal:

44 MACHADO, 2011, p. 821.

Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados „olhos d'água‟, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989). d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo.(Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989).46

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bem-estar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.47 (grifo do autor).

Assim, neste presente trabalho, o que traz profunda relevância, são as APPs do artigo 3º do Código Florestal, conforme já descrito, que discorrerá detalhadamente.48

Decorrente deste artigo 3º do Código Florestal,49 Figueiredo destaca:

O segundo grupo de APPs – aquelas dependentes de declaração por ato do Poder Público - está elencado no artigo 3º do Código Florestal e consiste nas florestas e demais formas de vegetação natural. No estágio atual do Direito Ambiental brasileiro, que conta inclusive com um Sistema Nacional de Unidades de

46 BRASIL. Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. Disponível:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm>. Acesso em: 20 abr. 2011. 47

BRASIL, loc .cit. 48 BRASIL, loc. cit. 49 BRASIL, loc. cit.

Conservação da Natureza, dificilmente justificar-se-á a criação de APPs com fundamento no art.3º. As restrições sobre propriedades privadas situadas em uma dessas áreas não poderão inviabilizar o exercício do direito de propriedade, mesmo porque, em sendo necessário, poderá o Estado desapropriar para criar unidade de

conservação de domínio público.50

Como já decorrido neste capítulo, as dunas, sendo uma área de preservação permanente descrita no artigo 3º, “b”, do Código Florestal,51

é o objeto em destaque deste trabalho monográfico, portanto, decorrer-se-á sobre este.

O Projeto de Lei n. 1197/03 assegura que as dunas e falésias são espaços territoriais protegidos, ou seja, visto como uma área de preservação permanente. Entretanto, este projeto foi aprovado por unanimidade na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na Câmara dos Deputados, estabelecendo regras e proibição para o seu uso.

A importância das dunas para com o meio ambiente é precisa, pois protege a costa nos momentos de maior energia, como por exemplo, nas ressacas, servindo de barreira natural à invasão da água do mar, assim como, protegem o lençol de água doce, evitando a água do mar. Contudo, ao teor deste trabalho, conforme a Lei Orgânica do Município de Laguna, esta proíbe a degradação das áreas de preservação permanente, conforme mostra o artigo 129, § 2º, XIII:

Art. 129. O Município coibirá qualquer tipo de atividade que implique em degradação ambiental e quaisquer outros prejuízos globais à vida, e ao meio ambiente: [...] § 2º. Constituem áreas de preservação permanente do Município non aedificandi, e sua utilização far-se-á na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais: [...] XIII - as praias e as dunas que as margeiam.52

No entanto, vê-se que a área de dunas localizada no Farol de Santa Marta, em Santa Catarina, são áreas de preservação permanente, onde visa a não degradação desta região para a conservação do meio ambiente, proibindo qualquer tipo de desmatação, construção ou edificação nesta área anteriormente mencionada.