• Nenhum resultado encontrado

No âmbito das ações foram reunidas as categorias sobre a oferta – atividades, iniciativas, instituições, etc – e sobre a pesquisa na área. Houve um total de 139 comentários sobre estas temáticas.

Categoria: Oferta

A categoria que reuniu as afirmações sobre a oferta juntou 119 citações. Estas foram divididas em 8 subcategorias que expressam diferentes aspetos da diversidade deste tema: panorama da oferta, quantidade de instituições e iniciativas, distribuição das infraestruturas, características das atividades e iniciativas, papel e características dos centros de divulgação, oferta na mídia, oferta e impacto do AIA 2009 e OBA. Em seguida descrevemos cada uma das subcategorias e apresentamos as principais ideias expressas pelos especialistas em cada uma delas. No final apresentamos um esquema resumindo os principais resultados desta categoria.

Subcategoria: Panorama da oferta

As opiniões sobre o panorama da oferta em ENF e DC de astronomia, incluindo sua situação atual, evolução, problemas e projeção no futuro foram incluídas nesta subcategoria, que conta com 22 citações de 20 especialistas.

O especialista E51 resume o panorama atual da área, afirmando que “a educação não-

formal em Astronomia e a divulgação dessa Ciência no Brasil ocorre hoje em diversos locais e de diversas maneiras. Desempenham um papel importante neste trabalho os planetários, com sessões de cúpula abordando temas diversos da Astronomia, tanto para um público escolar quanto para a comunidade em geral. Estão envolvidos nesta tarefa planetários fixos, mais estruturados, e também planetários portáteis, que conseguem alcançar o público mesmo em cidades mais afastadas dos grandes centros. Também há alguns observatórios astronômicos que promovem atividades de divulgação da Astronomia, possibilitando uma interação mais direta com a natureza, em observações a olho nu e com instrumentos óticos. Muitos planetários são vinculados a instituições de ensino, tais como Universidades, ou mantidos pelo poder público, sobretudo os que dispõem de uma estrutura fixa. No caso da divulgação da Astronomia mediante observações astronômicas, cabe destacar também a ação relevante de grupos amadores em vários pontos do país. Tanto as atividades em

planetários quanto as de observação do céu podem contribuir para o conhecimento da Astronomia e o interesse do público por essa Ciência, cada qual contribuindo com aspectos que se complementam. Em vários planetários e observatórios encontram-se ainda artefatos relacionados à Astronomia, tais como instrumentos astronômicos diversos, meteoritos, equipamentos interativos e painéis informativos, que também ajudam a ampliar as ideias e o entendimento sobre vários tópicos. A divulgação da Astronomia também é feita em alguns centros ou museus de Ciência que contam com objetos e equipamentos tais como os citados anteriormente” (E51).

A diversidade é grande, como pode ser visto, e também “há uma grande variação da

ação nacional, ou seja, as atividades são muito fechadas a grupos locais, em estados, cidades, que procuram trabalhar com a divulgação de astronomia” (E49). Ou seja, falta um

plano nacional, uma sistematização e profissionalização da área, como é sugerido por vários especialistas.

As opiniões dividem-se bastante quando os participantes avaliam a situação atual da área. Alguns pensam que a área evoluiu muito na última década, que “o contexto brasileiro é

efervescente” (E6) e que “o Brasil caminha em uma boa direção, com passos que por vezes são largos e por vezes miúdos” (E20), enquanto outros pensam que “a educação não-formal e divulgação de astronomia no Brasil ainda é tímida e conta com pouco alcance” (E43), que “o atual panorama do ensino não formal de astronomia não (…) parece muito promissor” ou

mesmo que “estamos anos-luz atrás de outros países quando o assunto é divulgação

científica” (E59).

Há ainda a sublinhar o reconhecimento de que a área “teve um grande impulso com o

Ano Internacional da Astronomia 2009” (E67).

Subcategoria: Quantidade de instituições e iniciativas

Nesta subcategoria, com 23 entradas de 15 participantes diferentes, há dois tipos de contribuições. Por um lado há quem descreva a situação atual da área, por outro há quem faça projeções para a sua melhoria. Em linhas gerais, os especialistas consideram que o número de espaços e iniciativas tem vindo a aumentar e “de alguns anos para cá entidades públicas e

particulares tem criado/disponibilizado mais espaços físicos e virtuais para atividades educacionais astronômicas, como planetários, páginas na web e observatórios”(E64). No

“Nossos espaços não formais de educação e divulgação de Astronomia são ainda muito

tímidos, diria raros. Muitos esforços são feitos, mas ainda são poucos” (E62).

Devido a essa constatação, são muitos os que “Gostaria[m] de ver uma multiplicação

de museus, centros de ciência, observatórios e planetários” (E43), para melhoria da área e

alcance de mais público.

Subcategoria: Distribuição das infraestruturas

Para além do número insuficiente de instituições dedicadas à ENF e DC de astronomia, os participantes também fizeram referências às assimetrias da sua distribuição. “São poucos os espaços que ensinam, divulgam e popularizam a Astronomia, posta a grande

extensão do território brasileiro. A maioria está concentrada nas regiões sudeste e sul, restando uma enorme lacuna desses espaços na região centro-oeste e norte do país”(E58). É

expressa, também pelos especialistas, a necessidade de se procurar contrariar essas assimetrias, por exemplo, “sugerindo a instalação de observatórios astronômicos municipais

(…). Outra coisa seria a instalação de planetários/observatórios em cidades estratégicas dentro de um planejamento geopolítico”(E1), ou ainda criando infraestruturas no espaço

público com “espaço dedicado a montagens de Astronomia, com instrumentos primitivos que

servem como introdução à Astronomia Moderna: gnomon, bússola, modelos planetários, etc.”

(E26). No total agruparam-se 12 citações de 8 respondentes nesta subcategoria.

Subcategoria: Características das atividades e iniciativas

Nesta subcategoria, com 15 entradas de 10 pessoas diferentes, juntamos as citações que de algum modo caracterizavam as atividades e iniciativas desenvolvidas. Há uma diversidade de descrições de atividades realizadas e outras tantas sugestões de iniciativas a implementar no futuro.

Algumas críticas incluem o fato das atividades de muitos grupos não se inserirem em um projeto mais amplo e com continuidade e a “tendência à ciência-espetáculo, o que é

interessante para a produção de grandes eventos, mas insuficiente para a formação de uma cidadania científica” (E6).

É sugerida a criação de programas específicos para diferentes públicos nos observatórios ou, em alternativa, como “os planetários em geral estão localizados em regiões

clubes de astronomia, com observação na rua, seguido/antecedido por sessões nos planetários, teriam um grande alcance, atingindo muitas pessoas de várias faixas etárias”

(E37).

Sugere-se também “aproveitar os fenômenos astronômicos para fazer divulgação de

forma uniforme” e “criar campanhas de observação em massa [...]” (E29).

Numa outra direção, é mencionada a produção nacional. “Encontram-se em português

livros, artigos em revistas e jornais, sites, vídeos e programas de TV dedicados à divulgação da Astronomia ao grande público, inclusive com a produção de autores nacionais, embora não com a intensidade e diversidade que se verifica em países com maior desenvolvimento científico. Existem também vídeos e programas de TV sobre assuntos astronômicos divulgados no Brasil, alguns destes produzidos no Brasil” (E51).

Finalmente, são expressos desejos de que a “divulgação da Astronomia explorasse

também as relações que o ser humano manteve com o céu em diversas culturas e que hoje já não são mais lembradas, salvo por pouquíssimos pesquisadores e divulgadores” (E66) e que

“a cultura popular e indígena (local, nacional e internacional) sobre coisas do céu, tais como

os mitos de criação, estivessem mais presentes e valorizadas nesses meios de divulgação não- formal de astronomia” (E85).

Subcategoria: Características dos centros de divulgação

Em relação às características dos centros de divulgação, incluindo aqui planetários, observatórios, centros e museus de ciências, foram encontradas 17 referências de 11 especialistas diferentes.

“Os planetários e observatórios não profissionais” são vistos “como locais

privilegiados para a divulgação de astronomia, por disporem de recursos que propiciam experiências únicas para o público” (E66). Mas especificamente em relação aos

observatórios, constata-se que “grande parte deles possui características similares que

impossibilitam, ou ao menos dificultam, a sua utilização por parte da comunidade escolar: não recebem visitantes, situam-se em locais de difícil acesso ou não são divulgados. São poucos aqueles efetivamente utilizados pelos professores mediante visitas escolares” (E58).

Sugere-se que “seria importante termos centros de divulgação de astronomia que

formação de professores. Estes centros deveriam estar espalhados em diversas cidades do país” (E20).

Em geral, há também várias críticas, referindo que os espaços estão subaproveitados e subutilizados - “No Brasil inteiro se repete a triste história de planetários e observatórios que

abrem e logo estão fechados por falta de gente, falta de manutenção ou ambos. Veja-se, por exemplo, o triste caso da capital financeira do país – São Paulo – com dois planetários de grande porte, com potencial de atendimento de dezenas de milhares de pessoas por mês, ambos inoperantes no presente momento” (E43), que “muitas instituições desenvolvem projetos com a única intenção de obter recursos financeiros” (E69) ou que “esses locais exploram pouco a capacidade de emocionar o público, muitas vezes se atendo apenas a aspectos técnicos da Astronomia” (E66)

As direções e gestões destas entidades são também alvo de comentários. Por um lado propõe-se que “estas entidades deveriam ser mantidas por empresas privadas ou

universidades para que não sejam influenciadas por variações políticas [...]” (E56), por outro

“importante seria, também, que a direção dessas instituições fosse oriunda de seus próprios

quadros funcionais bem formados e treinados, abandonando-se de vez a frequente prática das nomeações políticas para esses cargos” (E82).

Subcategoria: Oferta na mídia

Nesta subcategoria foram alocadas as referências, num total de 16 de 11 respondentes, sobre a divulgação de astronomia nas diferentes mídias.

Para vários especialistas o espaço dedicado à astronomia na mídia não é suficiente, mas “já é bastante comum a veiculação de notícias de Astronomia no rádio e na TV, ou a

exibição de documentários sobre o assunto, que há 20 anos era coisa bem rara” (E43). Em

relação à qualidade, a mídia “é pouco preparada para abordar temas relacionados à

Astronomia e chega a prestar um desserviço ao ensino e divulgação [...]” (E69). Mas com a

massificação da internet a veiculação de informações está a mudar e “enquanto a mídia

tradicional só auxilia na divulgação quando algo assusta ou deixa a população com alguma perplexidade, as redes sociais, blogs e outros veículos ligados à internet têm contribuído de forma significativa para que assuntos sobre o espaço chegue aos ouvidos e olhos das pessoas” (E29). Também “diversos astrônomos amadores e professores passaram a contribuir de modo mais regular com a grande imprensa e houve uma enorme proliferação

de blogs e posts na Internet. A qualidade da comunicação desses astrônomos amadores é geralmente de bom nível e bastante isenta do sensacionalismo que vemos na TV e em jornais”

(E67).

Ainda assim, muitos são da opinião que se devia tentar conquistar mais espaço nas diferentes mídias, de modo a veicular informação de qualidade e “seria também interessante

incentivar a ampliação da produção de materiais de divulgação da Astronomia, abrangendo livros, revistas, sites, vídeos e programas de TV, com a participação de autores nacionais, além da tradução de obras relevantes” (E51).

Subcategoria: Oferta e impacto do AIA2009

O Ano Internacional da Astronomia 2009 foi um marco na divulgação de astronomia em todo o mundo e é com alguma estranheza que encontramos apenas 7 especialistas a fazerem 9 referências a este evento e seu impacto na área, ainda mais quando se passaram poucos anos entre a realização do AIA2009 e o estudo Delphi realizado.

“A divulgação por vias não-formais teve grande impulso no Ano Internacional de

Astronomia 2009. Além da atividade em planetários, que cresceram muito em número, os grupos de astrônomos amadores cresceram e adquiriram maior experiência. Não se vê nada parecido em outras áreas de ciências no Brasil” (E67). É também elogiada a entidade de

apoio e coordenação do AIA 2009 e a rede de comunicação criada. É lamentada a sua não continuação, pois “quando terminou o Ano Internacional de Astronomia, houve a intenção,

por parte dos organizadores do Ano Internacional no Brasil, de continuar com os trabalhos de divulgação, mantendo todas as associações numa rede. Infelizmente a ideia não foi adiante e ficamos órfãos de uma entidade que compile e facilite os canais para a divulgação astronômica” (E29). Finalmente, é ainda de destacar a referência aos apoios excepcionais que

existiram nesse ano. Por exemplo, o “CNPq financiou projetos coordenados por pessoas que

não são por tradição pesquisadores científicos” (E19).

Subcategoria: OBA

A OBA foi referida em 5 citações. Esta atividade é vista como a de maior impacto e alcance no Brasil e que “têm contribuído bastante para essa expansão na divulgação da

astronomia mais antigos que estavam hibernando, e outros surgindo graças ao interesse de alunos que já participaram da olimpíada e de atividades vinculadas a ela” (E29).

No entanto há também críticas à linguagem muito técnica desta atividade ou, ao contrário da opinião de E29 acima transcrita, à sua eficácia, pois, como afirma E23: “tenho

visto um crescimento no número de inscritos, porém não percebo isto acompanhado por cursos ou atividades ligadas com a astronomia, então de certa forma ela não alcança todos os seus objetivos”.

Categoria: Pesquisa

Na categoria sobre pesquisa alocamos 20 referências divididas em duas subcategorias. Uma, mais expressiva, referente à pesquisa na área e em áreas afins e outra, com apenas 3 citações, falando dos encontros e congressos existentes para divulgação e partilha da pesquisa desenvolvida.

Subcategoria: Pesquisa na área e afins

Sobre a pesquisa na área e afins houve 17 comentários de 10 participantes distintos. É reconhecido que há um “(…) aumento no número de publicações em revistas especializadas” (E11), mas que “não é frequente ainda a realização de pesquisas relacionadas à Astronomia

e seu ensino nos espaços não-escolares brasileiros [...]” (E51). Mas “apesar de não serem tão numerosos, os trabalhos de END e DA são de muito boa qualidade, fornecendo detalhes importantes para quem (…) dá seus primeiros passos nestas atividades” (E20). Ainda assim,

mais pesquisas precisam ser feitas, para aprofundar os conhecimentos sobre a área, nomeadamente a atuação junto do público, a formação de equipes nas instituições, “as

práticas utilizadas nesses espaços e os efeitos produzidos sobre o público (…), o impacto dos materiais de divulgação” (E51), etc.

Várias ações são apontadas para uma melhoria da área, como aumento das bolsas de estudo para pesquisas na área, “intercâmbio entre estudantes e profissionais que trabalham e

pesquisam a educação em astronomia” (E57), aumento dos cursos de astronomia, criação de

“programas de pós-graduação voltados para a educação não-formal em ciência e

tecnologia” (E20) e organização de “foros nacionais e internacionais para divulgação de trabalhos de pesquisa em educação em astronomia” (E57).

Subcategoria: Encontros

As 3 referências a encontros mostram que este foi um tema muito pouco aflorado. São referidos o ENAST (Encontro Nacional de Astronomia), o EIA (Encontro Internacional de Astronomia), os EREAs (Encontro Regional de Ensino de Astronomia), a Reunião Anual da SAB e o SNEA (Simpósio Nacional de Educação em Astronomia), mas de maneira superficial, apenas são inumerados e é apontado a quem se destinam. Um dos especialistas chama a atenção para o fato de que a maior parte não está direcionada para a divulgação e ensino.

Figura 17: Esquema das principais ideias apresentadas sobre a categoria temática - Pesquisa.