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O âmbito fluxos reúne todas as unidades de registro relacionadas com as conexões que o sistema estabelece, ou seja, com as trocas que o sistema faz com o exterior, sejam elas de matéria ou de energia. Consideramos aqui também as trocas imateriais, como as trocas culturais ou de conhecimento. Os fluxos destes elementos trocados podem ocorrer em ambos os sentidos – de dentro para fora e de fora para dentro do sistema.

Sinalizamos também, sempre que pertinente, aquilo que consideramos fluxos ideais, distinguindo-os dos fluxos reais. Os fluxos reais são aqueles que existem no sistema no seu estado atual. Os fluxos ideais são aqueles que, na opinião dos especialistas, deveriam existir mas ainda não existem. Uma vez que os especialistas comentam bastante os problemas da área e possíveis soluções para estes, é natural que muitas referências a fluxos sejam fluxos desejados, fluxos que existiriam na situação ideal do sistema.

No final da descrição de cada categoria apresentamos um esquema resumindo os principais fluxos de entradas e saídas do sistema. As setas e conectores com cores mais claras ou tracejado indicam que os fluxos representados são ideais.

Categoria: Conhecimento

Sendo o sistema em estudo um sistema educativo e de divulgação, um dos fluxos mais importantes envolvidos na sua dinâmica é o fluxo de conhecimento e informação. Nesta categoria juntaram-se todas as respostas referentes às trocas de conhecimentos e informação entre o sistema e seu entorno. No total encontramos 25 referências a fluxos de conhecimento nas respostas de 14 dos especialistas. As situações em que estas referências aparecem são diversas e, em linhas gerais, as agrupamos em 4 subcategorias: alterações ao fluxo de conhecimento (casos pontuais de aumento ou diminuição dos fluxos), características do fluxo de conhecimento (descrições dos fluxos), proliferação do fluxo de conhecimento (referências a situações que potenciam a existência de fluxos) e meios de comunicação (referências específicas à mídia). Para além disso, ainda sinalizamos os intervenientes envolvidos nos fluxos e a direção destes, ou seja, se são fluxos de entrada ou saída de conhecimento do sistema. Chamamos a atenção para o fato de termos encontrado situações em que o comentário se referia a um fluxo de saída, mas no sentido da falta dele. Por essa razão os classificamos como “não saída”. O quadro seguinte (quadro 4) reúne todas as unidades de

registro pertencentes a esta categoria, assim como as classificações referidas. É um quadro extenso, mas pensamos ser útil também para ilustrar o processo de análise.

Quadro 4: Fluxos de conhecimento e sua caracterização.

Figura 25: Esquema das principais ideias apresentadas sobre a categoria – Fluxos de Conhecimento.

Categoria: Material

Nesta categoria reuniram-se todas as unidades de registro relacionadas com entradas e saídas de material do sistema. Incluem-se aqui materiais de divulgação, instrumentos óticos, entre outros.

No quadro 5 estão reunidos excertos representativos das 15 unidades de registro, de 9 participantes distintos, que se enquadram nesta categoria. Todos os fluxos identificados são de entrada, ou ausência dela, não havendo referências a saídas de material do sistema. As unidades de registro foram agrupadas em diferentes subcategorias. Na subcategoria aquisição de recursos, que foi a mais referida, encontram-se os comentários que abordam o fato de a área precisar de mais instrumentos ou outros materiais, relatam casos de aquisição desses recursos ou apontam medidas para que tal seja possível. Na subcategoria distribuição de recursos centralizada alocamos os comentários sobre a distribuição de materiais feita por uma entidade, como aconteceu no AIA 2009. Na falta de recursos ficaram as referências à carência de recursos pela qual a área passa e em recursos próprios dos divulgadores estão reunidas as referências às entradas no sistema de materiais pessoais dos divulgadores. Finalmente houve um comentário sobre renovação de equipamentos em instituições, que ficou na subcategoria renovação de equipamento.

A maior parte dos comentários se refere a fluxos ideais, ou seja, situações de entrada de material e equipamentos que deveriam ocorrer, mas não ocorrem na atual situação em que a área se encontra. Além disso, há críticas a algumas situações e chamadas de atenção para o fato de ser muitas vezes necessário que os divulgadores utilizem seus telescópios e outros equipamentos nas atividades que desenvolvem. Assim, podemos resumir que nesta categoria de fluxos de material os fluxos de entrada identificados são, em sua maioria, de carácter negativo, ora porque são ideais, não existindo ainda na prática, ou porque são fluxos de entradas que não deviam ocorrer.

Quadro 5: Unidades de registro referentes aos fluxos de material agrupadas por subcategorias.

Fonte: Própria pesquisa.

Figura 26: Esquema das principais ideias apresentadas sobre a categoria - Fluxos de Material.

Categoria: Pessoas

Nessa categoria agrupamos todas as referências a público, divulgadores e outros, sempre que estas apareceram explicitamente na forma de circulação de pessoas para dentro ou fora do sistema. Por exemplo, referências a contratações ou a desistências, referências a pessoas que transitam de outras áreas, etc. No total identificamos 40 referências, de 21 especialistas diferentes, que agrupamos em 5 subcategorias distintas. De todos os comentários, apenas um é um fluxo de saída, referente aos profissionais que “acabam

deixando as instituições pelos baixos salários oferecidos para funções tão específicas” (E82).

Cinco referem-se a falta de pessoal. Os consideramos aqui porque pensamos serem referências a fluxos de entrada negativos, ou seja, fluxos em falta. Há também três comentários sobre entradas de outras pessoas que não divulgadores ou público. Um se refere a “intercâmbio entre estudantes e profissionais que trabalham e pesquisam a educação em astronomia” (E57), outro menciona outros profissionais necessários para realizar, em colaboração com os divulgadores, a “produção de conteúdos áudio visuais para planetários e outras mídias”, e um terceiro que trata de críticas a nomeações políticas para os cargos de direção das instituições. Os restantes se dividem entre entradas de divulgadores (21) e entradas de público (10).

Quadro 6: Unidades de registro referentes aos fluxos de pessoas agrupadas por subcategoria.

Nas entradas de divulgadores agruparam-se referências específicas a profissionais e amadores e referências genéricas. Incluem-se comentários sobre as condições de entrada, alterações do fluxo, como por exemplo, o aumento do número de divulgadores, parcerias, distribuição dos divulgadores e características de pessoas que entram no sistema.

Nas entradas de público há referências ao aumento ou diminuição do fluxo de público, a entraves a esses fluxos, a medidas para alterá-lo e, também, caracterizações do público. Excertos de algumas unidades de registro alocadas às diferentes subcategorias encontram-se no quadro 6 e um resumo dos resultados pode ser visto no esquema da figura 27, abaixo.

Figura 27: Esquema das principais ideias apresentadas sobre a categoria - Fluxos de Pessoas.

Categoria: Recursos financeiros

As referências aos recursos financeiros que entram ou saiem do sistema ficaram reunidas nesta categoria. Nestas estão incluídas referências diretas a dinheiro, verbas, fomento, financiamento, etc., e indiretas como apoios, investimento, bolsas ou recursos. Encontramos 47 unidades de registro, pertencentes a 25 especialistas diferentes, referentes a esta categoria. Há uma prevalência dos comentários sobre entradas de recursos no sistema, mas também há algumas referências a saídas, 5 no total, principalmente no que diz respeito a custos dos equipamentos, como telescópios e sua compra. Dentro das entradas consideramos 7 “não entradas”. À semelhança do que tem sido feito em outras categorias, as “não entradas” são referências a “não fluxos” que deviam existir. No caso específico desta categoria, incluem referências a falta de verbas e recursos ou casos de não obtenção desses recursos. Dividimos também as unidades de registro em reais e ideais, distinguindo quando a referência era a uma situação existente ou a uma situação ideal, desejada ou no futuro. Em relação a esta categorização obtivemos cerca de metade das respostas reais (22) e metade ideais (25).

Para facilitar a análise e sua apresentação, dividimos ainda as unidades de registro em 12 subcategorias diferentes que podem ser consultados no quadro 7, juntamente com alguns excertos de unidades de registro. O financiamento público, englobando as categorias sobre agências de fomento e investimento/ financiamento público, foi o mais referido pelos respondentes com 21 unidades de registro. Ressaltamos que algumas das unidades de registro pertencem a mais do que uma subcategoria.

Na figura 28 encontra-se o esquema resumindo os resultados para esta categoria.

Quadro 7: Unidades de registro referentes aos fluxos de recursos financeiros.

Fonte: Própria pesquisa.

Figura 28: Esquema das principais ideias apresentadas sobre a categoria - Fluxos de Recursos Financeiros.

Categoria: Socioeconômicos

Na categoria dos fluxos socioeconômicos agrupamos todas as referências a características sociais, econômicos e políticas do ambiente no qual o sistema se situa e que o podem influenciar e ser influenciados por ele. Necessidades sociais, intervenções políticas e carências econômicas são algumas das situações que têm impacto no sistema e que entram nesta categoria. Uma vez que na rede sistêmica complexa que usamos já existe uma categoria referente a recursos financeiros, aqui não repetiremos a categorização das unidades de registro já incluídas nessa categoria. Os únicos comentários incluídos foram os referentes a emprego.

Dividimos, então, as unidades de registro em 3 subcategorias referentes às características políticas, sociais ou econômicas do ambiente.

Todas as unidades de registro que agrupamos nesta categoria, num total de 54 de 21 especialistas, são fluxos de entrada, ou seja, características do ambiente que influenciam o sistema ENF e DC de astronomia no Brasil. Houve comentários dos especialistas sobre as influências do sistema no meio, mas apenas em resposta à questão 3 do questionário que analisamos. Essas considerações serão apenas analisadas no âmbito das funções do sistema. Em relação aos fluxos serem reais ou ideais, nesta categoria a distribuição não é tão equilibrada. Temos 36 referências reais e apenas 18 ideais. Esta situação parece-nos justificada pelo fato desta categoria ser uma caracterização do ambiente econômico, político e social em que a ENF e DC de astronomia se insere e não do sistema em si. Sendo assim, é natural que se encontrem mais comentários descrevendo esse ambiente e sua influência no sistema, do que uma projeção do que poderia ser, visto que não se trata do sistema em si. É interessante ainda constatar que apenas 3 dos fluxos ideais são referentes a questões sociais. Todos os outros 15 são de cariz político, sendo que 3 são simultaneamente econômicos também. Esta diferença se atenua olhando para os valores absolutos de cada subcategoria, mas mesmo assim é significativa. Podemos inferir que as preocupações dos especialistas, quer ao nível do presente da área, quer ao nível de sua projeção de melhoria, são mais de caráter político do que social. Uma vez que as referências econômicas foram em parte alocadas noutra categoria, não consideramos essa subcategoria nesta comparação. Ao todo houve 39 unidades de registro sobre a subcategoria política, 18 sobre a subcategoria social e 4 sobre a econômica. Uma vez que são muitas as unidades de registro, as agrupamos e apresentamos resumidas com alguns exemplos no quadro 8, abaixo. Algumas unidades foram classificadas em duas subcategorias.

Quadro 8: Resumo das unidades de registro referentes aos fluxos socioeconômicos.

Figura 29: Esquema das principais ideias apresentadas sobre a categoria - Fluxos socioeconômicos.

Categoria: Culturais

Nesta categoria entram as referências ao ambiente cultural em que o sistema se situa e que o influencia. No total agrupamos 32 unidades de registro de 17 especialistas distintos. Incluem-se aqui referências a hábitos culturais e de consumo, por exemplo, hábitos de ida a museus, conhecimento prévio das pessoas sobre a área, visão e valorização da ENF e DC de astronomia, caracterização da sociedade brasileira, entre outros.

De todas as referências apenas 7 foram classificadas como ideais, mostrando que houve mais uma descrição da situação atual e real do entorno cultural da ENF e DC do que comentários projetando uma situação ideal.

Houve comentários de naturezas diferentes, que agrupamos em 8 subcategorias, caracterizando o conhecimento da população, sua visão da área, suas expectativas e interesse e também referências à mídia, à valorização da área e dos conhecimentos regionais e características da sociedade brasileira. Exemplos de excertos das unidades de registro agrupadas por subcategoria podem ser consultados no quadro 9.

Quadro 9: Unidades de registro referentes aos fluxos culturais.

Figura 30: Esquema das principais ideias apresentadas sobre a categoria - Fluxos Culturais.

Categoria: Ambientais

As referências à poluição luminosa, às condições meteorológicas e a outros fatores ambientais que influenciam o sistema ficam agrupadas nesta categoria. Inclui-se aqui também o ambiente urbano, como por exemplo, referências a espaços públicos onde se possam realizar atividades, e os fenômenos astronômicos. Esta categoria teve apenas 12 referências de 6 especialistas diferentes. Todas se encontram agrupadas por subcategorias no quadro 10 e esquematizadas na figura 31.

Figura 31: Esquema das principais ideias apresentadas sobre a categoria - Fluxos Ambientais.

Quadro 10: Unidades de registro referentes aos fluxos ambientais.

Fonte:

Própria pesquisa.

Categoria: Relação com o sistema formal

O sistema de ENF e DC de astronomia está intimamente relacionado com o sistema formal de ensino havendo múltiplas influências e inúmeros fluxos de entrada e saída entre os dois sistemas. Devido à importância desta relação separamos todas as referências aos fluxos entre estes dois sistemas nesta categoria. Encontramos 34 referências diretamente relacionadas com fluxos entre os dois sistemas, pertencentes às respostas de 18 dos 34 especialistas e organizamos estes comentários em 10 subcategorias. Do total, 14 são comentários sobre a situação real e 20 sobre a situação ideal. Esta é a única categoria dentro do âmbito dos fluxos que reúne mais comentários projetando a situação ideal do que a situação presente. Há, portanto, muitos comentários que se referem a melhor maneira como se poderia dar a relação entre estes dois sistemas – o formal e o não-formal.

Dentro das respostas distinguimos também as unidades de registro focadas na escola básica ou no ensino superior. Aqui a distribuição é equilibrada, com 17 comentários sobre o ensino superior e 15 sobre a escola básica. Há ainda 3 comentários genéricos.

Em termos de temáticas das subcategorias, identificamos referências a diferentes tipos de fluxos entre os dois sistemas. Fluxos relacionados com formação de professores, de divulgadores, alunos e do público. Fluxos sobre atividades em escolas e também em universidades. E ainda outros, sobre tutela das universidades, pesquisa na área, parcerias e condições de melhoria dos sistemas. Na figura 32 pode ser consultado o esquema de resumo dos resultados desta categoria e no quadro 11 encontram-se excertos de algumas das unidades de registro identificadas separadas pelas subcategorias.

Quadro 11: Unidades de registro referentes aos fluxos com a Educação Formal.

Categoria: Conexões com outros sistemas

Finalmente, nesta última categoria se alocaram as referências a conexões que o sistema de ENF e DC de astronomia estabelece com outros sistemas não contemplados ainda nas categorias anteriores. Apesar de alguns destes intervenientes já terem sido referidos, achamos importante destacá-los aqui, uma vez que nos ajuda a traçar o retrato do entorno com que a ENF e DC de astronomia no Brasil estabelece relações e se desenvolve. Assim, para além do sistema formal, quer ensino básico quer universidade (incluindo aqui a pesquisa em educação e astronomia), identificamos que os principais sistemas referidos, com os quais há comunicação, são a astronomia amadora, a comunicação social, a sociedade civil, e as entidades privadas em particular, e o turismo. Criamos uma subcategoria para as referências a fluxos com cada um destes sistemas. Alguns excertos exemplificativos das 21 unidades de registro pertencentes a estas subcategorias, encontram-se agrupadas no quadro 12, abaixo. Todas as unidades referentes à comunicação social foram classificadas como fluxos de saída, todas as outras são entradas no sistema. Houve tantos comentários sobre o presente da área como projeções de situações ideais.

Quadro 12: Unidades de registro referentes aos fluxos de conexão com outros sistemas.

Figura 33: Esquema das principais ideias apresentadas sobre os fluxos de Conexão com outros Sistemas.