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Ética na comunicação em saúde

No documento Ética na Comunicação em Saúde (páginas 48-51)

2.Conduta ética em comunicação social na saúde

2.3 Ética na comunicação em saúde

Ao longo dessa pesquisa sobre a conduta ética tanto de assessoria de imprensa na área da saúde, quanto da mídia na divulgação de informações e imagens na área, nos deparamos com poucas obras que de fato falem sobre ética na comunicação em saúde, ética do profissional de comunicação em saúde, comunicação e saúde, jornalismo e saúde, etc.; a maior parte das obras relata a comunicação em saúde como a relação entre médicos, enfermeiros e demais profissionais para com os pacientes. Ruão, Lopes & Marinho ressaltam que o estudo da comunicação em saúde, para além da linha médico-paciente, é um campo que se expandiu nos últimos 30 anos, “na procura de explicações para o poderoso papel desempenhado pela comunicação no melhoramento das condições de saúde das populações” (Ruão, Lopes & Marinho, 2012, p. 277). E complementam da seguinte forma:

A comunicação mediática passou a ser entendida como o meio privilegiado para aumentar o conhecimento e a consciência das populações sobre os assuntos de saúde, bem como para influenciar as suas percepções, crenças e atitudes, muito para além do clássico modelo de comunicação médico-paciente. Neste contexto, cresceu o interesse dos media pelos temas da saúde e desenvolveu-se a proactividade das organizações especializadas, em matéria de assessoria de imprensa. (Ruão, Lopes & Marinho, 2012, p. 277)

O que de fato queremos mostrar nessa pesquisa é a importância do profissional de comunicação social, e de sua reflexão ética, como agente fundamental na propagação da responsabilidade social das empresas, no caso aqui específico, hospitais, e como esses profissionais atuam perante a comunidade na divulgação de informações para o combate a epidemias, ações de profilaxia e tornar os cidadãos aptos para cuidarem da própria saúde. Autores como Guttman & Thompson comentam sobre ética na área da comunicação em saúde, mas se referem ao tema que abordamos como “ética da informação em saúde” ou “ética nas campanhas de cuidados com a saúde” (Guttman & Thompson, 2011, p.294). Entretanto, muitos dos temas e valores defendidos na ética da comunicação em saúde, na perspectiva anteriormente citada de médico-paciente, podem servir de base para a reflexão ética na divulgação de informações pelos profissionais da comunicação em saúde. Temos como um dos exemplos a “confidencialidade” que é exigida em uma relação entre médico e paciente. Se analisarmos o direito à dignidade humana e o valor da vida humana, defendidos na maior parte dos códigos de conduta e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, podemos destacar que os profissionais da comunicação devem respeitar o direito da paciente ao zelo pela sua imagem, pela sua saúde e pelo seu direito à privacidade. E assim como os médicos, os profissionais da comunicação em saúde também enfrentam o dilema de informar ou não, quando ferir o direito à privacidade, mas ao mesmo tempo essa privacidade colocar

em risco a saúde de outras pessoas. Nesse caso, parece caber mais uma análise dos valores morais do paciente, da reflexão ética desse paciente e não dos profissionais em si.

It has become more common among various healthcare provider and insurance organizations to propose, and some have actually created what they call “patient charters” regarding patient responsibilities, Specified in these charters are such things as the obligations of people to maintain, improve, and restore their health and contribute to the efficient operation of healthcare services. (...) Some of the charters include responsibility toward others, for example, to use condoms to prevent the spread of infection and to take care of children. (Guttman & Thompson, 2011, p. 297) Outros valores da ética existentes no relacionamento entre médico e paciente que podem ser adotados na ética do profissional de comunicação em saúde são: a obrigação para com a verdade (truth-telling), o cuidado com a comunicação de risco (risk communication) e a manipulação de informações e não só isso, para Guttman & Thompson a ética na comunicação social da saúde - mídias na saúde - também precisa levar em consideração o pluralismo e a diversidade dos contextos em que se insere. Além disso, como já mencionamos anteriormente, há pouca literatura sobre a conduta dos profissionais da comunicação na área da saúde, especificamente assessores de imprensa que atuem em hospitais, clínicas ou centros de saúde, os quais possam ser analisados de acordo com a sua postura ética profissional ou se agem de acordo com um código deontológico específico do setor. As nomenclaturas sobre ética na saúde também variam, não existindo uma “ética do profissional da comunicação em saúde”, mas sim, como já dito, “ética da informação em saúde” e a “ética das campanhas sobre cuidados em saúde”.

Mesmo com certa dificuldade, é possível deliberarmos alguns valores que um profissional atuante na comunicação empresarial na área da saúde deve avaliar perante decisões do que informar ao público, tendo em consideração o seu papel na orientação desse público sobre como prevenir doenças, cuidar da própria saúde e de seus próximos, sem deixar de lado a autonomia que essas pessoas devem ter na tomada de decisões. Valores como a confiabilidade e precisão das informações, sem exageros ou apelos ao medo e ao pânico generalizado, informar com responsabilidade e respeitando a dignidade humana dos envolvidos - como os doentes e familiares durante o surto de Legionella em Vila Franca de Xira - para que não sejam vítimas de preconceito ou marginalizados pela sua condição, não utilizar a informação como meio de manter o controle sobre aqueles que não possuem essa informação e, assim, os manipular. Embora na prática alguns profissionais justifiquem o uso da comunicação, de maneira oposta à citada acima, como sendo a única forma de incentivar o público, outros dizem o contrário e apontam questões éticas sobre a manipulação de informações, uso de práticas persuasivas, uso do medo e da ansiedade. Para Guttman & Thompson (2011), por exemplo, é moralmente errado manipular emocionalmente as pessoas porque ao fazê-lo negamos a essas pessoas o direito de se engajar de forma autônoma na

prevenção de doenças e propagação da saúde. Além disso, os autores apontam que o provocar o medo ao divulgar informações pode fazer com que essas sejam compreendidas de forma equivocada.

3. Conduta de uma assessoria de imprensa

No documento Ética na Comunicação em Saúde (páginas 48-51)