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1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.2 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E OBESIDADE

1.2.1 – IMC

O índice de massa corporal é uma medida antropométrica que permite quantificar a obesidade, avaliar o estado nutricional do indivíduo e predizer o risco de doença, permitindo classificar o indivíduo (Mazo et al, 2004).

O índice de massa corporal (IMC) é igual à massa corporal em Kg, dividida pela estatura em metros ao quadrado (IMC = Peso Kg / (Altura m)².

A OMS (1990) classifica os resultados obtidos do IMC segundo quatro parâmetros:

• Peso baixo, para indivíduos com IMC inferior a 20; • Normal, para indivíduos com IMC entre 20 e 24,9; • Sobrepeso, para indivíduos com IMC entre 25 e 29,9; • Obesidade, para indivíduos com IMC superior a 30.

Lipschtz (1994) faz uma classificação diferente do IMC propondo três parâmetros:

• Desnutrido, considerado para indivíduos com IMC menor que 22; • Normal, considerado para indivíduos com IMC entre 22,1 e 27; • Obeso, considerado para indivíduos com IMC maior que 27,1.

Mais recentemente Powers e Howley (2000) fazem a seguinte classificação em relação ao IMC:

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• Obesidade, indivíduos com IMC acima de 30,0.

As variáveis a que o IMC está sujeito, peso e altura, não são constantes, variam com a idade. Fiatarone-Singh (1998), afirma que “uma das mais evidentes alterações que acontecem com o aumento da idade cronológica é a mudança nas dimensões corporais. Com o processo de envelhecimento existem mudanças principalmente na estatura, no peso e na composição corporal”.

Segundo Borms existem duas razões para a mudança da composição corporal com o aumento da idade: a acumulação de gordura e a perda significativa de massa corporal magra (Marques A., Bento J. e Constantino J., 1993).

Matsudo (2004) refere que a estrutura corporal do individuo, especialmente o peso, sofre alterações por volta dos 45/50 anos, estabilizando aos 70 e começa a declinar cerca dos 80 anos de idade. Sidney et al. (1998), citado por Salve (2005), considera que o peso corporal tende a aumentar progressivamente dos 20 aos 50 anos agravando ainda mais com níveis reduzidos de prática de AF.

Com as mudanças do peso e da estatura o IMC também se modifica com o envelhecimento. Um estudo elaborado por Spirduso (1995) revelou que os homens atingem os valores máximos de IMC entre os 45 e 49 anos, sendo seguido de um decréscimo ligeiro. As mulheres atingem o seu máximo de IMC entre os 60 e 70 anos de idade continuando a aumentar o seu peso por mais tempo que os homens. Em relação á altura, Berger (1995) afirma que, há uma

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redução devido ao encolher da coluna vertebral (de 1,2 a 5cm) que é causado pela osteoporose.

Segundo Matsudo (2004) o decréscimo ou perca de peso pode ser considerado “… um fenómeno multifactorial que envolve mudanças nos

neurotransmissores e factores hormonais que controlam a fome e a saciedade, a dependência funcional nas actividades diárias relacionadas com a nutrição, o uso excessivo de medicamentos, a depressão e o isolamento, o stress financeiro, as alterações na dentição, o alcoolismo, o sedentarismo, a atrofia muscular e o catabolismo associado a doenças agudas e a certas doenças crónicas”.

Revela Fiatarone-Singh (1998), que valores de IMC acima da normalidade estão relacionados com o aumento da mortalidade devido a doenças cardiovasculares, diabetes, osteoartrite do joelho, apeneia no sono, hipertensão, intolerância à glicose, acidente vascular cerebral, baixa auto- estima, intolerância ao exercício, alteração da mobilidade e níveis elevados de dependência funcional, enquanto que índices baixos de IMC aumentam a mortalidade por cancro, doenças respiratórias infecciosas, depressão, úlceras, fractura do quadril, disfunção imune, aumento de susceptibilidade de doenças infecciosas, prolonga o período de recuperação de doenças e hospitalização, promove a exacerbação de doenças crónicas e alteração na capacidade funcional.

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de diabetes, seis vezes mais risco de sofrer de hipertensão, duplo risco de sofrer de colesterol e quatro vezes mais risco de sofrer de uma saúde frágil.

É importante que os idosos mantenham os IMC na classificação normal para evitar que apareçam outras doenças provenientes do excesso de peso (Mazo et al., 2004).

1.2.3 - OBESIDADE

A obesidade, actualmente é reconhecida como “doença metabólica”, segundo Mazo et al (2004), caracteriza-se pelo excesso de tecido adiposo no indivíduo sendo classificada, quanto à localização, como subcutânea e visceral. A obesidade visceral, mais perigosa, leva o indivíduo a sofrer de doenças como a hipertensão arterial, diabetes, aumento de triglicerídeos e doenças cardiovasculares.

Para Pollock e Wilmore (1993) obesidade é o estado que enuncia uma grande quantidade de gordura corporal total, que representa um dos componentes do peso corporal, acima dos padrões normais.

Segundo Guedes e Guedes (1995) existe uma diferença entre excesso de peso e obesidade. Na obesidade o peso corporal como um todo excede a determinados limites e no segundo caso é a condição na qual apenas a quantidade de gordura corporal ultrapassa os limites desejados. Há casos em que os indivíduos podem ser considerados pesados e não obesos, devido ao desenvolvimento muscular e ósseo e não pelo excesso de gordura. Outros indivíduos com menos peso possuem uma certa quantidade de gordura que

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compromete o seu estado de saúde devido à fraca densidade muscular e óssea.

Segundo a OMS, um indivíduo com um IMC acima de 25 apresenta sobrepeso e acima de 30 é considerado obeso.

Segundo Mazo et al (2004), 95% dos indivíduos que sofrem de obesidade têm tecido adiposo em excesso devido à ingestão de calorias ser em maior quantidade do que as calorias gastas, os restantes 5% surgem devido a causas endócrinas e metabólicas, como: hipotiroidismo( falta de hormonas na tiróide) e tumores no pâncreas. Outros estudos referem que a hiperfagia, caracterizada pela grande ingestão de alimentos, ocorre devido a alterações funcionais de um sistema extremamente complicado.

Refere Vieira (2001) que as necessidades energéticas baixam com a idade devido á diminuição do metabolismo basal e diminuição da AF.

Nos Estados Unidos um estudo feito entre 1988 e 1991 pela National Health and Nutrition Examination Survey – NHANES verificou que o estado nutricional dos idosos requer especial atenção, pois ocorrem discrepâncias no que se refere ao peso, consumo de gorduras e outros micronutrientes (Ribeiro e Tirapegui, 2000 citado por Mazo et al., 2004).

De acordo com Berger (1995) a composição global do corpo sofre quatro alterações importantes:

1. Dos 20 aos 80 anos a massa magra do corpo diminui 17%. 2. Dos 20 aos 70 anos a proporção de gordura aumenta 25%.

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Segundo o autor estas alterações vão influenciar a distribuição de substâncias no organismo e provocar modificações na repartição do peso corporal. Mesmo que o peso estabilize entre os 65 e 75 anos qualquer ganho de peso será muito diferente do tempo de juventude. A gordura acumula-se mais na região do abdómen e nas ancas, e menos na cara e nos membros inferiores e superiores que perdem tecido celular subcutâneo.

During refere que existem mudanças na composição corporal que acompanham o envelhecimento e que reduzem o dispêndio energético total e a necessidade de uma grande ingestão alimentar. De acordo com o autor é provável que a massa esquelética e o conteúdo mineral do esqueleto diminuam e que a massa adiposa do corpo aumente. Refere ainda que ocorrem mudanças na gordura existente entre as camadas subcutâneas e nos tecidos adiposos do tronco sendo uma maior quantidade de gordura depositada nas regiões mais profundas nas pessoas idosas (Fox e tal, 1991).

Durante a velhice os elementos que compõem a massa corporal modificam-se devido a perdas ósseas e cálcicas, à diminuição dos tecidos musculares e orgânicos e ás percas de peso totais. Mesmo que o peso do idoso se mantenha estável, a proporção de tecidos gordos aumenta. As gorduras acumulam-se nas fibras musculares e em torno das vísceras, substituindo a massa magra do organismo. Para um peso igual, a percentagem de gordura é maior nos idosos (Berger, 1995).

Segundo Coutinho (1998), depois dos 60 anos de idade a massa muscular diminui e o tecido adiposo aumenta. O fenómeno de sarcopenia no idoso leva a uma perda importante de massa muscular enquanto que o tecido

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adiposo aumenta levando a uma maior predisposição de complicações metabólicas.

Refere Barra (200), que o ganho ponderal a partir da quarta década se deve a dois factores, manutenção da ingestão calórica e redução da massa muscular (sarcopenia), que levam à redução do metabolismo basal, balanço calórico positivo e acumulação de gordura corporal (Salve, 2005).

Vieira (2001), afirma que a perda de músculo é muito elevada nas mulheres pós-menopausiacas e depois dos 80 anos de idade em ambos os sexos. A perda de músculos provoca diminuição da força, da mobilidade e do equilíbrio.

A absorção de gordura mantém-se normal, quando o consumo é normal e diminui quando o consumo é elevado. Este mecanismo pode sugerir uma defesa contra a ingestão excessiva de energia, numa fase da vida na qual ela não é tão necessária. Em idosos é comum existir má absorção de gordura, quando ela acontece deve-se ao aumento no crescimento bacteriano no intestino delgado provocando a desconjunção dos sais biliares (Vieira, 2001).

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